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Toxoplasmose pt 4

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22/09/2016 
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Toxoplasmose 
 FAMÍLIA SARCOCYSTIDAE 
 
Toxoplasma gondii 
 
Toxoplasmose 
 
-É uma infecção, na maioria das vezes, assintomática, e mais raramente, uma 
doença causada por um protozoário Toxoplasma gondii. 
 
-Como infecção, é benigna, como doença, pode levar a alterações graves, como 
problemas cerebrais, cegueira, aborto. 
 
-Os gatos são os hospedeiros definitivos (completos) e o homem, outros 
mamíferos e as aves, hospedeiros intermediários (incompletos). 
O Toxoplasma gondii possui algumas características próprias: 
1)Cosmopolita – encontrado em quase todas as regiões do mundo. 
2)Grande incidência – grande parte da população mundial tem no seu soro 
anticorpos contra o Toxoplasma. 
3)Eurixeno – propriedade de adaptar-se a hospedeiros situados em posições 
bem distanciadas na escala zoológica. Infecta cães, gatos, porco, boi, carneiros, 
pombos, coelhos, ratos, macacos, etc. 
4)Patogênico aos animais – entre os animais espontânea ou experimentalmente 
infectados, nem sempre a infecção causa sintomatologia evidente ou morte, 
mas muitas vezes ocorre de forma inaparente. 
5)Características morfológicas próprias – em seu ciclo evolutivo o parasita 
adquire várias formas: 
-taquizoítos ou trofozoítas, ou formas proliferativas: São organismos de 
multiplicação rápida na infecção aguda (endodiogenias – tipo de divisão biná- 
ria onde se formam 2 formas filhas no interior da célula mãe). Estas formas 
vivem no interior das células, leucócitos, excreções e secreções (leite, urina, 
esperma), principalmente nos casos agudos. 
-Bradizoítos ou cistozoítos: são de multiplicação lenta e se desenvolvem num 
vacúolo citoplasmático cuja membrana transforma-se na cápsula do cisto 
quando já existem os mecanismos de defesa do organismo. 
-Macro e microgametócitos: nas células epiteliais do intestino dos gatos. 
-Oocistos: com 2 esporocistos e 4 esporozoítos, nas fezes do gato. Por via oral 
são altamente infectantes para os mamíferos, aves e ao homem. 
-Pancitotropismo: o T. gondii pode parasitar qualquer célula do organismo, 
menos as hemácias. 
 Oocisto de T.gondii Taquizoíto 
Ciclo evolutivo: 
 
-Os hospedeiros definitivos são os gatos e o hospedeiro intermediário, o homem. 
 
-Temos 2 fases distintas: assexuada e sexuada. 
 
-Fase assexuada: O homem, ao ingerir oocistos, ou ao entrar em contato com 
taquizoítos eliminados em urina, leite, esperma perdigotos; ou então, bradizoítos 
presentes em carnes cruas ou mal cozidas, pode adquirir o parasita e desenvol- 
ver a fase assexuada. O ciclo continua pela penetração das formas 
na mucosa oral, ou pela inalação dessas formas, pois as que forem deglutidas 
serão destruídas no estômago. 
 Cada taquizoíto penetrará em uma célula e se reproduzirá abundante- 
mente. Com a reprodução, a célula arrebenta-se , liberando novas formas que 
invadirão novas células. Esta disseminação de parasitas no organismo dá-se por 
taquizoítos linfáticos, sanguíneos, ou mesmo leucocitário. 
 Esta fase proliferativa é a fase aguda da doença, podendo evoluir até a 
morte do hospedeiro (raro), ou cessar com o surgimento de anticorpos específi- 
cos. 
 Com o surgir dos anticorpos, os parasitas extracelulares tendem a 
desaparecer dos órgãos viscerais e do sangue, diminuindo também sua multipli- 
cação intracelular. Os parasitos que sobrarem evoluem para a formação de cistos 
(fase cística). 
 Esta fase cística unida à diminuição dos sintomas caracteriza a fase 
crônica; fase esta que poderá perdurar por longo tempo ou poderá reagudizar –se 
com os mesmos sintomas de infecção inicial. 
 
 Formas infectantes 
 (taquizoitos, cistos ou oocistos) 
 ↓ ingestão 
 rompimento 
 Cisto ↔ Taquizoito ou Esporozoito 
 
 rompimento das ↕ penetração na célula ou 
 células feto e multiplicação. 
 Taquizoito ou Esporozoito 
 
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- Fase sexuada: Ocorre somente no epitélio intestinal de gatos ou outros felídeos. 
O gato infecta-se pela ingestão de oocistos, cistos ou taquizoítos . O tempo 
decorrido desde o aparecimento de oocistos em suas fezes dependerá da forma 
ingerida, que será de 3 a 5 dias (cistos), 9 a 11 dias (trofozoítos) e 21 dias 
(oocistos). 
 Os taquizoítos, ao penetrarem nas células epiteliais do intestino dos 
gatos, por um processo esquizogônico (onde os núcleos dividem-se várias 
vezes e o citoplasma permanece íntegro), dão origem a vários merócitos, que 
transformar-se-ão em gametas. 
 O macrogametócito (feminino) permanecerá dentro de uma célula epi- 
telial e o microgametócito (masculino) sairá de sua célula e irá fecundar o 
macrogametócito, dando origem assim, à célula ovo ou zigoto. Este irá evoluir 
dentro do epitélio, originando os oocistos, e em alguns dias a célula epitelial 
rompe-se, liberando os oocistos ainda imaturos. Estes serão eliminados 
através das fezes dos gatos, alcançando assim o meio exterior, e, após mais 
ou menos 3 a 5 dias, contendo no seu interior: 2 esporocistos e cada esporocisto 
conterá 4 esporozoítos. 
 Os gatos eliminam oocistos durante o período de 30 dias. 
 
 
- Formas infectantes 
 taquizoítos cistos oocistos 
 9 a 11 dias 3 a 5 dias 21 a 24 dias 
 ↓ ingestão ou inalação pelo gato 
 Tecido intestinal (taquizoitas) 
 ↗ ↓ esquizogonia 
 merozoitos 
 ↓ 
 Hospedeiro intermediário gametócitos ♀ ou ♂ 
 ↓ 
 ↑ gametas ♀ ou ♂ 
 
 ↓ 
 Oocisto infectante 
 ovo ou zigoto 
 Fecundação do 
 ↑ ↓ macrogameta ♀ pelo 
 Liberação nas fezes microgameta ♂ 
 oocistos imaturo ← oocistos 
Transmissão: 
 
-Oocisto: ingeridos dosolo, areia, terra, ou outros lugares onde os gatos defe- 
cam; ou disseminados mecanicamente por moscas e baratas. 
 
-Cistos: pela ingestão de carnes cruas ou mal cozidas contendo cistos; estes 
resistem ao frio por semanas, mas o congelamento a 0˚C e o aquecimento a 
60˚C os mata. 
 
-Taquizoitos: Pela ingestão de taquizoitos contidos no leite, saliva; pela depo- 
sição de taquizoitos no esperma. 
 
-Congênita ou transplacentária: cerca de 40% dos fetos podem adquirir o 
T. gondii, estando a gestante na fase aguda da doença. Mulheres com sorologia 
positiva antes da gravidez têm menor chance de infestarem seus fetos. As vias 
de infecção para o feto são: rompimento de cistos no endométrio e trofozoítos 
livres no líquido amniótico. 
 
Patogenia: 
Forma adquirida 
1) Assintomática: é o maior grupo, sua importância prende-se à possibilidade 
de transmissão ao feto. 
2) Toxoplasmose ganglionar ou linfadenite toxoplásmica: é a forma mais 
frequente. A linfadenopatia , com frequência é assintomática, sendo o seu 
achado frequente ao exame clínico. 
3) Toxoplasmose generalizada: forma pouco comum. Apresenta-se com 
febre, exantema máculo-papular generalizado, não pruriginoso, havendo ainda 
comprometimento de outros órgão e sistemas (pulmão, coração, fígado e 
encéfalo). 
4) Toxoplasmose ocular: a coriorretinite é a lesão mais frequentemente asso- 
ciada à toxoplasmose. Pode dever-se a uma infecção crônica ou aguda porém 
localizada. 
5) Toxoplasmose cérebro-espinhal ou meningoencefálica: também não muito 
frequente, o parasito ataca células nervosas, provocando alterações locais 
graves, que podem evoluir até a morte. 
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Forma congênita: 
 
-Para que tenhamos a instalação de uma toxoplasmose congênita, são necessá- 
rios 2 aspectos fundamentais. O primeiro, de que a toxoplasmose será transmi- 
tida ao produto conceptual na vigência da parasitemia. O segundo, de que a 
mesma pode causar um abortamento esporádico. 
 
-Dano fetal grave ocorreu quando a infecção materna coincidiu com os 2 
primeiros trimestres da gravidez. As infecções de 3º trimestre em geral, segui- 
ram-se de infecção fetal sub-clínica, ou os recém-nascidos não se infectaram. 
 
-A tétrade constituída por coriorretinite, macro ou microcefália com hidroce- 
falia, calcificações cerebrais e retardamento mental, é classicamente conside- 
rada como evidência de toxoplasmose congênita. Cerca de 20 a 30% de recém- 
nascidos em toxoplasmose tem a doença clinicamente severa. Cerca de 10% 
têm apenas lesões oculares. Os restantes 70% são portadores de infecção 
assintomática. 
Diagnóstico Laboratorial: 
1) Parasitológico 
1.1) Demonstração direta do parasito (biópsia e anatomo-patológico) 
1.2) Inoculação em camundongos 
 
2) Imunológico 
2.1) Imunofluorescência indireta 
2.2) Reação de fixação de complemento 
2.3) Reação de hemaglutinação indireta 
2.5) ELISA 
 
Profilaxia: 
- Não se alimentar de leite de cabra cru ou carne crua ou mal cozida de qual- 
quer animal. 
- Combater gatos. 
- Os criadores de gatos devem mantê-los dentro de casa e alimentá-los com 
carne cozida ou ração. 
- Examinar toda gestante com enfartamento ganglionar ou que tenha história 
de abortos. 
Tratamento: 
 
-Forma adquirida: sulfadiazima, pirimetamina (daraprin) e ácido folinico (leu- 
covorim) 
 
-Forma ocular: o esquema acima acrescido de predinisona. 
 
-Na gestante: Espiramicina (Rovamicina).

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