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C a m i l a M e d e i r o s | B i o m e d i c i n a | 1 Toxoplasma gondii e a toxoplasmose OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 1. descrever as formas morfológicas do T. gondii 2. descrever o seu ciclo biológico e o mecanismo de transmissão INTRODUÇÃO ▪ Protozoário intracelular obrigatório ▪ Cosmopolita em humanos ▪ Prevalência mundial entre 10% a 68% da população ▪ Hospedeiro definitivo: felinos. ▪ Hospedeiro intermediário: os demais animais O TOXOPLASMA É um parasita eurixeno, que infecta mamíferos e aves. Seu mecanismo de transmissão pode ser por contato com fezes de gatos infectados e a ingestão de carne crua ou mal passada. A fase de reprodução sexuada, ocorre exclusivamente no epitélio intestinal de gatos e de outros felinos, resultando na produção dos oocistos que estes animais eliminam em suas fezes. MORFOLOGIA ▪ O T. gondii possui três formas morfológicas: oocisto: apenas encontrado nos felinos, sendo eliminados nas fezes dos gatos. No gato ocorre a reprodução sexuada do T. gondii. taquizoítos: tem a capacidade invadir células, os macrófagos, e se multiplicar rapidamente. Ocorre por reprodução assexuada com divisões binárias. (endodiogenia). bradizoítos: são morfologicamente semelhante ao taquizoítos, no entanto multiplicam-se lentamente devido a ativação do sistema imune. Quando o sistema imunológico é ativado, os bradizoítos migram, através da corrente sanguínea, para os tecidos. Nos tecidos, saem do interior do macrófago e secretam uma membrana cística. Começam a se reproduzir lentamente, formando um cisto. Podem estar nos tecidos: nervoso, muscular estriado e esquelético, ocular Os taquizoítos multiplicam-se por endodiogenia, um processo de reprodução assexuada que resulta na formação de duas células-mãe, que finalmente se degenera. Novos taquizoítos são liberados quando se rompe a célula hospedeira repleta de parasitas, algumas vezes chamada de pseudocisto, estes podem invadir células vizinhas ou se disseminar por via hematogênica. A célula parasitada pode eventualmente ser envolta por uma membrana espessa, formando um cisto tecidual. Em seu interior, encontram-se dezenas até milhares de parasitas que continuam se reproduzindo, porém de OBS: Os carnívoros podem adquirir toxoplasmose pela ingestão de carne com cistos contendo bradizoítos, que invadem células do intestino do novo hospedeiro e se transformam em taquizoítos. ENDODIOGENIA: Uma reprodução assexuada, rápida e múltipla. O toxoplasma divide-se várias vezes. C a m i l a M e d e i r o s | B i o m e d i c i n a | 2 forma mais lenta. São conhecidos como bradizoítos. os bradizoítos estão alojados em cistos no citoplasma de células epiteliais, musculares e nervosas. Os taquizoítos convertem-se em bradizoítos em decorrência da ativação da imunidade do hospedeiro. A produção de intermediários reativos de nitrogênio por macrófagos pode ser um dos estímulos para esta conversão. CICLO Os gatos e outros felinos alimentam-se de um roedor que contêm cistos teciduais repletos de bradizoítos, servindo como hospedeiros definitivos para o parasita. No epitélio intestinal dos felinos, o T. gondii realiza um ciclo assexuado (esquizogonia) e um ciclo sexuado em que se formam gametas (gametogonia) que se fundem, formando um zigoto que se encista. Na luz intestinal dos felinos, a parede dos cistos teciduais é digerida, liberando os bradizoítos. Estes penetram nas células epiteliais do intestino delgado e sofrem várias etapas de divisão celular, resultando na formação de uma célula multinucleada conhecida como esquizonte. Ao romper-se, a célula hospedeira libera dezenas de merozoítos, que invadirão novas células e sofrerão novo ciclo de esquizogonia. Depois de alguns ciclos, os merozoítos podem originar formas sexuadas, os macrogametócitos (femininos) e microgametócitos (masculinos). A fertilização dos macrogametócitos pelos microgametócitos, sempre no interior das células epiteliais, dará origem aos oocistos. Com a ruptura das células hospedeiras, os oocistos caem na luz intestinal e são eliminados nas fezes dos felinos. Os oocistos recém-eliminados requerem entre um e cinco dias para sua esporulação no solo (processo conhecido como esporogonia) que resulta na formação de dois esporozoítos. Ao final deste período, os oocistos tornam-se infectantes. Outra via importante de infecção é a passagem transplacentária de taquizoítos durante a infeção aguda em gestantes. O risco de toxoplasmose congênita é maior em infecções contraídas no terceiro trimestre da gestação, mas o risco de malformação fetais graves, uma vez contraída a infecção, tende a ser tanto maior quanto mais precoce for a gestação. ASPECTOS CLÍNICOS Em pacientes imunocompetentes, a grande maioria das infecções primárias adquiridas após o nascimento é assintomática. Em pacientes imunocomprometidos, particularmente entre aqueles infectados pelo HIV, ocorre frequentemente a reativação de infecções crônica latentes. A transmissão congênita de toxoplasmose pode resultar em quadros clínicos de diferente gravidade. Algumas crianças OBS: Em geral, a reativação dessas infecções latentes ocorre na vigência de comprometimento imunitário do hospedeiro. Por outro lado, os cistos intactos não despertam resposta inflamatório no hospedeiro. FASE CRÔNICA: reprodução assexuada – cistos com bradizoítos nos tecidos. FASE AGUDA: reprodução dos taquizoítos rapidamente no interior dos macrófagos. C a m i l a M e d e i r o s | B i o m e d i c i n a | 3 apresentam a síndrome típica, em que se observam calcificações intracranianas, coriorretinite, hidrocefalia ou microcefalia, alterações psicomotoras e convulsões. As demais crianças infectadas apresentam distúrbios visuais leves ou moderados, ou são completamente assintomáticas ao nascer. Entre as crianças assintomáticas, sequelas neurológicas ou oculares podem desenvolver-se mais tarde, até mesmo na idade adulta. O tratamento das infecções primárias sintomáticas e de reativações é feito com a combinação sinérgica de sulfadiazina e pirimetamina. Uma alteração, em pacientes alérgicos, é a clindamicina. Na gravidez, emprega-se a espiramicina ou a clindamicina para o tratamento de infecções primárias e consequentemente prevenção da toxoplasmose congênita. O tratamento das infecções oculares pode requerer o uso de corticosteróides para reduzir a inflamação e o risco de necrose. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Na prática clínica, o diagnóstico laboratorial da toxoplasmose primária baseia-se na pesquisa de anticorpos específicos. Os testes sorológicos mais utilizados são a reação de imunofluorescência indireta, o ensaio imunoenzimático (ELISA) e a hemaglutinação. ▪ Diferentes padrões de resposta de anticorpos: perfil I: fase aguda. Caracteriza-Se pela presença de anticorpos das classes IgM, IgA, IgE, IgG. IgG na fase aguda são em geral de baixa avidez. perfil II: fase de transição. Encontra-se em alto títulos de anticorpos de classe IgG, com avidez crescente, na ausência das classes IgA e IgE. Anticorpo IgM podem estar presentes em baixos níveis. perfil III: fase crônica. Encontra- se baixos títulos de anticorpos IgG de alta avidez na ausência de anticorpos das demais classes. Em certas circunstâncias clínicas, especialmente gestantes, a diferenciação entre infecções agudas e crônicas é essencial. Não há risco de transmissão congênita de toxoplasmose em gestantes com perfil III, desde que elas sejam imunocompetentes, mas as gestantes soronegativas devem ser seguidas durante a gravidez, para a detecção precoce de eventual soroconversão. TOXOPLASMA GONDII C a m i l a M e d e i r o s | B i o m e d i c i n a | 4 ▪ Complexo apical é bem desenvolvido (em cores azuis, rosa e preto). ▪ Micronemas (em cor azul) tem a função de reconhecere permitir a adesão do toxoplasma a membrana plasmática do macrófago. ▪ Róptrias (em cor preta) permite a penetração, furando a membrana, até ser fagocitado. REPRODUÇÃO Assexuada Endodiogenia Taquizoítos e Cistos com bradizoítos. Sexuada Gametogonia Ocorre a união de gametas, formando os oocistos. ENDOGIOGENIA Inicialmente, os taquizoítos divide o seu núcleo várias vezes e depois o seu citoplasma, liberando os taquizoítos e destruindo a célula-mãe. CICLO DE TRANSMISSÃO Um oocisto do toxoplasma, quando liberado nas fezes do felino, chama-se oocisto não esporulado ou imaturo. Este irá sofrer um processo de amadurecimento, então tornando-se oocisto esporulado. No seu interior, tem dois esporocistos. E dentro de cada esporocisto, temos quatro esporozoíto. O oocisto tem dupla parede, pois ao ser ingerido pelo hospedeiro humano, necessita resistir a ação do suco gástrico (e também do meio ambiente). O oocisto pode ser ingerido por hospedeiros intermediários como suínos, caprinos, galinhas e bovinos através do solo contaminado, água e comida. Também pode contaminar o homem através de hortaliças ou carne contaminada. CICLO NO GATO O cisto com bradizoíto é ingerido pelo felino, após o processo de digestão e chegar no intestino delgado, começará a liberar os bradizoítos. Estes irá penetrar a célula do intestino, sofrendo divisões celulares, transformando-se em merozoítos. Os merozoítos saem, formando gametas sexuais: o gameta masculino (móveis) e gameta feminino (imóvel). Ocorre a fecundação, formando um zigoto e posteriormente um oocisto imaturo. Esse oocisto, quando entra em contato com o ambiente, começa o processo de amadurecimento. OBS: Os toxoplasmas nutrem-se através de carboidratos. C a m i l a M e d e i r o s | B i o m e d i c i n a | 5 RESUMO DO ASSUNTO FORMA MORFOLÓGICA LOCALIZAÇÃO HOSP. DEFINITIVO HOSP. INTERMEDIÁRIO REPRODUÇÃO FASE DA DOENÇA OOCISTO Fezes Felídeos - Sexuada - TAQUIZOÍTO Células do SFM, leite, esperma. Felídeos Bovinos, caprinos, ovinos, suínos, roedores, aves Assexuada Fase Aguda BRADIZOÍTO Cisto em diversos tecidos (musculares, esqueléticos, cardíaco, retina, nervoso) Felídeos Bovinos, caprinos, ovinos, suínos, roedores, aves Assexuada Fase crônica
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