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PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TSUNETO, Erick Seiti; SILVA, Maílson José da. Planejamento e Controle da Produção. Erick Seiti Tsuneto; Maílson José da Silva. Reimpressão Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 262 p. “Graduação - EaD”. 1. Planejamento. 2. Controle. 3. Produção. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0532-5 CDD - 22 ed. 658.7 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Márcia Fernanda Pappa Lideranças de área Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Ana Claudia Salvadego Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Ana Carolina Martins Prado Revisão Textual Yara Martins Dias Ilustração Marta Kakitani Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Graduado em Engenharia de Produção com ênfase em Agroindústria pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialista em Qualidade e Produtividade pelo Centro Universitário de Maringá (UniCesumar). Link:http://lattes.cnpq.br/0786750058100155 Professor Esp. Maílson José da Silva Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (2010), especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e cursa o Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá. Atualmente, é professor mediador do Centro de Ensino Superior de Maringá e elaborador de provas de concursos públicos. Tem experiência na área de Engenharia de Produção. Link:http://lattes.cnpq.br/2624890823247854 SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Planejamento e Controle da Produção. É com grande satisfação que apresentamos a você o nosso livro. Somos os professores Erick Seiti Tsuneto e Maílson José da Silva e preparamos este material especialmente a você, aluno(a), com muita pesquisa, empenho e dedicação. O nosso objetivo com este material é apresentar conhecimento relevante para você que está em um curso de graduação e que necessita de informações para a construção de sua própria formação profissional e intelectual. Este livro está dividido em cinco unidades e, em cada uma delas, os assuntos foram subdivididos em tópicos. A disciplina de Planejamento e Controle da Produção é su- perimportante para a formação básica de qualquer Engenheiro de Produção. Assim, há bastante conteúdo a ser discutido e, com certeza, precisará de mais profundidade e muito mais pesquisa, caso você necessite utilizar os conceitos em sua vida profissional, acadêmica, científica ou até mesmo pessoal. Na unidade I, apresentaremos a você uma breve introdução a respeito da área de Plane- jamento e Controle da Produção, com seus principais conceitos, características, classifica- ções, técnicas e métodos. Já na unidade II, estudaremos os diversos planejamentos que compõem essa área e que são essenciais e fundamentais para qualquer organização.Seguindo para a unidade III, a abordagem estará mais voltada à gestão de estoque, ou seja, você verá que existem tipos de classificação, formas de controle e indicadores para acompanhamento. Dentro da unidade IV, os conteúdos a serem apresentados são os conceitos de sequen- ciamento de ordens de uma produção, conceitos relacionados à programação puxada de uma produção, apresentação de ordens de produção, formas de acompanhamento e as técnicas de sequenciamento de projetos. Por fim, a unidade V tratará, especificamente, sobre o conteúdo da Teoria das Restrições, conhecendo seus conceitos e os princípios básicos da manufatura sincronizada. Esperamos que aproveite muito este material e, também, o conteúdo, o qual está sendo disponibilizado a você com o intuito de despertar o seu interesse em adquirir novos co- nhecimentos. Ou seja, ainda há muita informação a ser lapidada a respeito dessa área, por isso, não se acomode em apenas uma única informação ou ponto de vista. Explore mais conhecimentos e ótimos estudos! APRESENTAÇÃO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 15 Introdução 16 Classificação dos Sistemas de Produção 25 Sistemas de Informação 30 O PCP no Contexto Estratégico e os Níveis Hierárquicos de Planejamento 35 Operações Enxutas e Just-In-Time 40 Previsão de Demanda 59 Considerações Finais 65 Referências 66 Gabarito UNIDADE II O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO 71 Introdução 72 Planejamento da Capacidade 79 Planejamento Agregado 93 Planejamento de Vendas e Operações 98 Planejamento Mestre da Produção 105 Planejamento das Necessidades de Materiais SUMÁRIO 10 118 Considerações Finais 125 Referências 126 Gabarito UNIDADE III GESTÃO DE ESTOQUES 131 Introdução 132 A Função dos Estoques 135 Padrão Descritivo dos Materiais 141 Classificação de Estoques 151 Modelos de Controle de Estoques 165 Indicadores de Desempenho 168 Considerações Finais 173 Referências 174 Gabarito UNIDADE IV O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO 179 Introdução 180 Sequenciamento e Programação da Produção 190 Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban SUMÁRIO 11 201 Ordens de Produção e Acompanhamento da Produção 207 Sequenciamento de Projetos 219 Considerações Finais 227 Referências 228 Gabarito UNIDADE V TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY 235 Introdução 236 Princípios Gerais da TOC 240 Indicadores de Desempenho 242 Os Cinco Passos da TOC 246 Os Princípios Básicos da Manufatura Sincronizada 251 Considerações Finais 260 Referências 261 Gabarito 262 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a classificação dos sistemas de produção. ■ Mostrar a importância da tecnologia da informação no Planejamento e Controle da Produção. ■ Descrever o papel do PCP na estratégia da empresa e os níveis de planejamento. ■ Dar uma visão geral das operações enxutas e compará- las com os sistemas de produção convencional. ■ Apresentar técnicas de previsão de demanda utilizadas pelo PCP. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Classificação dos Sistemas de Produção ■ Sistemas de informação ■ O PCP no contexto estratégico e os níveis hierárquicos de planejamento ■ Operações Enxutas e Just-in-Time ■ Previsão de demanda INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Apresento a você a primeira unidade do nosso livro de Planejamento e Controle da Produção. Tenho certeza que você já vivenciou ou vivencia no dia a dia do seu trabalho o conteúdo que abordaremos neste livro, porém muitas pessoas realizam algumas técnicas e métodos e não sabem tal teoria. Nesta unidade, haverá apenas uma apresentação geral do que realmente é o Planejamento e Controle da Produção. Você sabe o que é? Você realiza algum tipo de planejamento para a realização de suas atividades? Se você realiza, existe alguma forma de acompanhamento para analisar e controlar os resultados? Muitos já se questionaram ou ainda podem vir a perguntar qual a impor- tância do Planejamento e Controle da Produção. Aos poucos, com o decorrer do conteúdo, a aplicabilidade ficará mais clara em sua mente. Ainda poderá até pensar: “eu realizo isso”, “eu utilizo isso”, “eu já fiz isso”, “eu já vi isso”. A ideia é essa! Vamos te ajudar nessa empreitada a entender e compreender a teoria do Planejamento e Controle da Produção. As atividades envolvidas nessa área, inicialmente, são bem abrangentes e, com o decorrer do tempo de maturidade da operação, do processo ou do pro- jeto, tornam-se cada vez mais específicas e objetivas. E isso pode ser aplicado para qualquer tipo de organização, tanto para empresas que produzem bens de serviços, quanto para empresas que prestam serviços. Vale ressaltar que a informação também sofre transformação durante um processo de produção, por isso que a palavra produção em si não necessaria- mente estará relacionada a uma indústria, compreendido? E tudo o que verá daqui para frente é muito importante para atingir os objetivos, ter o máximo de controle possível sobre as atividades, obter resul- tados mínimos de perdas e máximos em otimização. De qualquer maneira, a tomada de decisão sempre estará presente e precisará ser a mais assertiva possí- vel. Preparado? Esperamos que sim. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 ©shutterstock SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), de uma forma geral, é definido que as empresas realizem processos de transformação, ou seja, adquirem uma matéria bruta e, nela, reali- zam um processo de transformação de agregação de valor, assim, obtém-se um novo produto. Então, podemos denominar de sistema produtivo, conforme o esquema a seguir: Inputs (insumos ou matéria-prima) → Transformação → Outputs (pro- duto acabado) Esse conceito de Planejamento e Controle da Produção ficou mais evidente junto com a Revolução Industrial, pois foi quando houve a possibilidade de pro- dução para que as pessoas pudessem consumir em massa determinado produto. Então, no início do século XX, o assunto começou a ser estudado e aperfeiçoado. Alguns dos nomes importantes sobre esse assunto foram: Frederick Taylor, Henri Fayol, Henry Gantt e Henry Ford. Conforme os anos foram se passando, a tecnologia também foi evoluindo. Só o cérebro humano já não supria a necessidade de realizar tantos cálculos, então, mais alguns nomes importantes se destacaram, Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 como: Joe Orlicky, Oliver Wight e G. W. Possl. No entanto não podemos deixar de citar a grande influência japonesa com o sistema Toyota de produção. Mas o que é Planejamento e Controle da Produção (PCP) para você? Vamos ao verbo planejar, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa ([2016], on-line) apresenta-nosos seguintes significados: fazer um plano, definir antecipadamente um conjunto de ações ou intenções ou ter algo como intenção. Entenda que o projeto em questão é qualquer situação que será analisada e estu- dada com a finalidade de melhorias, resolução de problemas, minimização de perdas, padronização, desenvolvimento e inovação, entre outros, normalmente relacionada com a função de trabalho de uma empresa. Acerca disso, lembre-se, caro(a) aluno(a), que o planejamento gera um plano, em que serão registrados as principais atividades, ações, problemas e objetivos, resumindo, as expectativas com relação a determinado projeto. Todo plano pode ser alterado a qualquer momento, devido aos diversos fatores internos e exter- nos que o cerca, ou seja, não é possível garantir que todo o planejamento seja executado conforme se espera. Agora, analisaremos o verbo controlar. O verbo controlar significa exami- nar, inspecionar, fiscalizar, exercer o controle de algo, ter sob o seu domínio, ter sob a sua vigilância, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa ([2016], on-line). Já temos um plano, correto? Então, podemos realizar a ação de controle sobre esse plano. Conforme dito anteriormente, o planejamento pode ser alterado a qualquer momento, contudo o ato de controlar exercerá um papel fundamen- tal nessa situação para que o seu plano não pegue um atalho ou um desvio no seu caminho. Para que isso não aconteça, as intervenções precisarão ser reali- zadas, ou seja, ações devem ser implementadas em um determinado momento de forma corretiva ou de ajuste a fim de que o objetivo do projeto seja atingido. Tubino (2007) relaciona o planejamento e controle da produção como ações que integram as informações do setor produtivo com os outros setores e depar- tamentos de uma empresa. Lustosa et. al. (2008) dizem que o PCP influencia na melhoria contínua, sendo que as empresas precisam ter como objetivo o aten- dimento das necessidades do cliente. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Já Corrêa e Corrêa (2008) alertam que o processo de planejamento é contí- nuo, sendo necessário ter noção da situação no momento atual, visão de situações futuras, objetivos claros e entender como essas ações planejadas afetam as deci- sões que precisam ser tomadas no presente. Diante do conceito de planejamento e controle, precisamos entender tam- bém sobre a produção. Conforme dito anteriormente, o sistema produtivo pode ser representado, em geral, por: Entradas → Processo de Transformação → Saídas. Mas qual é o papel da função produção? Slack, Chambers e Johnston (2009) respondem a esse questionamento citando três itens: • Implementação da estratégia. • Apoio a estratégia. • Impulsionar a estratégia. Ainda Slack, Chambers e Johnston (2009) finalizam dizendo que a função produção agrega competitividade para sua empresa, pois possui a habilidade de resposta ao consumidor e desenvolve capacitação que coloca a empresa à frente de concorrentes. Por isso, enfatizam que “a administração da produção pode ‘fazer ou quebrar’ qualquer empresa” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 36). Alguns autores tratam o assunto como PPCP, que quer dizer Planejamento, Programação e Controle da Produção. O conceito é o mesmo, porém adicionam a palavra programar que, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa ([2016], on-line), quer dizer: estabelecer um plano para fazer algo, fornecer ins- truções a uma máquina para um procedimento automático, submeter a uma rotina ou aprendizagem para reagir de determinada maneira. Por que alguns autores consideram o PCP, comparado ao organismo do ser humano, como o pulmão ou o coração de uma empresa? Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Vamos entender como podemos enxergar tecnicamente os sistemas de pro- dução. O sistema se constitui de uma combinação de elementos (recursos humanos, recursos materiais, recursos físicos, informações, conhecimento etc.) que proporcionam a produção de bens e serviços. Sem os sistemas de produção, provavelmente, o desenvolvimento econômico que temos hoje não seria possível. É preciso que o homem organize vários sistemas de produção para atender as suas necessidades ilimitadas. Porém, do ponto de vista de um profissional que trabalha com os sistemas de produção, essa infinidade (indústrias químicas, alimentícias, têxteis, empresas de serviços, indústria automotiva, indústria de produtos da chamada “linha branca” etc.) gera uma complexidade e um desafio para que as funções de planejamento e controle sejam executadas, pois, con- forme muda o sistema produtivo, muda-se as abordagens. Assim, para não ficarmos perdidos na variedade de sistemas produtivos, buscou-se fazer a sua classificação. De acordo com Lustosa et al. (2008), o sis- tema de produção pode ser classificado de acordo com suas características, em cinco tipos diferentes, conforme segue 1. Grau de padronização: é possível visualizar o grau de controle que é exercido sobre a produção, pois, quanto maior a padronização, o pro- cesso será menos flexível e mais confiável. Por isso, é dividido em: • Produtos Sob Medida - é elaborado e produzido conforme as espe- cificações e necessidades do cliente, ou seja, será exclusivo. Assim, o processo de produção dificilmente será padronizado, a presença de automação industrial é pouca, haverá tempo ocioso, portanto custo elevado e produtos mais caros. Por exemplo: alta costura, móveis planejados, construção civil, alimentos orgânicos. • Produtos Padronizados - é produzido em larga escala. O processo de produção é mais organizado e, devido a padronização, existe um alto grau de uniformidade nos produtos. Também há a redução do tempo ocioso e a presença de automação industrial é grande, havendo maior controle. Por exemplo: automóveis, componentes eletrônicos, alimentos industrializados. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 2. Fluxo de processo: • Linha: apresenta uma sequência de tarefas bem definidas, sendo que uma tarefa depende da atividade realizada anteriormente e a pró- xima operação dependerá da tarefa atual. Nesse tipo de processo, poderemos identificar dois tipos de operações: em massa e contínuo. Processo 1 Processo 2Fluxo A tividades A tividades A tividades Fluxo Processo 3Fluxo Processo �nalFluxo Fluxo Figura 1 - Fluxo do processo em linha Fonte: os autores. • Lote: apresenta um fluxo descontínuo, ou seja, há interrupções no processo de produção, por isso, há intervalos entre a produção de um lote e outro. Cada produto possui uma sequência específica de tarefas, assim, você conseguirá observar que sempre haverá mais de um fluxo produtivo. Existe a flexibilidade nas operações, porém o descontrole é mais fácil de ocorrer. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Processo 1 Processo 3 Fluxo Prod. A Fluxo Prod. A Fluxo Prod. A Fluxo Prod. C Fluxo Prod. C Fluxo Prod. B Fluxo Prod. B Fluxo Prod. B Flu xo Pr od . B Fluxo Prod. C Fluxo Prod. A Fluxo Prod. B Fluxo Prod. C A tividades A tividades A tividades A tividades Processo 5 Processo7 Processo 2 Processo 4 Processo 6 Processo 8 Fluxo Prod. B Fluxo Prod. A Fluxo Prod. A Fluxo Prod. A Fluxo Prod. C Figura 2 - Fluxo de processo por lote Fonte: os autores. • Projeto: apresenta a característica de produção de apenas um único produto. A sequência de processos é definida de acordo com o produto. 3. Ambiente de produção: essa classificação refere-se a como o sistema de produção faz os seus estoques finais e intermediários para impactar no tempo de resposta de um pedido. Existem empresas que produzem para estocar como, por exemplo, fabricantes de itens plásticos, fabricantes de livros etc. Quando o cliente faz um pedido, o prazo de entrega é medido pelo tempo de processar o pedido e fazer sua expedição (tal ambiente de produ- ção é denominado Make-to-Stock). SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Outras empresas fabricam módulos ou em partes e os estocam. Quando o cliente faz um pedido, o tempo de entrega se concentra em montar o produto final e fazer sua expedição (tal ambiente de produção é denominado Assemble-to-Stock). Há ainda as empresas que não possuem módulos ou partes pré-fabricadas e, quando recebem um pedido do cliente, elas precisam fabricar, montar e fazer a expedição, sendo que o tempo de resposta se concentra nessas fases (tal ambiente de produção é denominado Make-to-Order). Por fim, caro(a) aluno(a), existem ambientes de produção em que não se sabe exatamente qual vai ser a demanda e os requisitos do cliente. Assim, quando rece- be-se um pedido, inicia-se o processo de engenharia do produto, faz-se a aquisição da matéria-prima, realiza-se a fabricação e montagem e, depois, a expedição do produto. Observe que o tempo de resposta a um pedido nesse ambiente tende a ser maior (tal ambiente de produção é denominado Engineering-to-Order). 4. Tipo de operação: • Contínuo: nesse tipo de operação, poderemos observar facilmente a utilização da automação, pois a demanda do produto é alta ,e consequentemente, o lote de produção deve ser grande. É possí- vel identificar que a padronização é bem definida, os produtos são uniformes, há sincronia entre as atividades desempenhadas, o lead time produtivo é baixo e a flexibilidade também é baixa. Por exem- plo: produção de petróleo e produtos químicos. Na área de serviços, podemos citar: serviços fornecidos via internet (sites de busca) e sistemas de monitoramento. • Discreto: ■ Em massa: a produção em grande escala é uma de suas carac- terísticas, assim como a sua padronização bem definida. Uma das diferenças com a operação contínua é que existe a necessi- dade de ter uma equipe especializada participando do processo de transformação. O lead time produtivo também é baixo e a demanda dos produtos é estável. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 A B C Produto acabadoMaterial Processos Processos Processos Figura 3 - Operação em massa Fonte: os autores. Por exemplo: abate e beneficiamento de aves e suínos, monta- doras de automóveis e eletrodomésticos. Na área de serviços, destaca-se a editoração de jornais e revistas. ■ Em lote: o volume e a variedade de produção é mediano e os processos também são padronizados, porém em lotes. O lote apresenta uma quantidade limitada de um produto que será produzido a cada vez. Deve existir uma flexibilidade considerável para se ajustar aos diferentes pedidos de clientes e flutuações de demanda. Cada lote possui uma sequência de opera- ções que deve ser programada e realizada. Por causa dos tempos de espera dos lotes produzidos entre uma operação e outra, acaba ocasionando o lead time pro- dutivo intermediário (o responsável deve estar atento a esse fator). A B C Matéria-prima Estoque Estoque Processo Estoque Estoque produto acabado Figura 4 - Operação em lote Fonte: os autores. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Como exemplo, citamos: tecelagens e departamentos de usinagem e solda. Já na área de serviços, temos os restaurantes, laborató- rios de análises químicas e oficinas de reparo para automóveis. Há dois tipos de movimentação que podemos citar: programa- ção puxada e programação empurrada. Sobre o conceito desses dois tipos de movimentação, comentaremos ainda nesta unidade. ■ Sob encomenda: as características desse tipo de operação é a baixa demanda e baixo volume de produção, alta flexibilidade e variedade de produto. Já que é necessário a realização de um projeto específico para atender as necessidades especiais e espe- cíficas de cada cliente, acaba-se gerando um lead time produtivo altíssimo. Como exemplos, citamos a construção de navio, avião e usinas hidrelétricas. Os escritórios de advocacia e agências de publicidade são exemplos de prestadoras de serviços. 5. Natureza do produto: é o resultado do sistema produtivo. Esse resul- tado nada mais é do que: um bem material (produto), quando há a transformação de algo tangível, ou um serviço, quando há a transfor- mação de algo intangível. Caro(a) aluno(a), agora é a sua vez, vá até as atividades propostas no final da uni- dade e preencha a tabela diferenciando os tipos de operações quanto a alguns fatores e dê outros exemplos. ©shutterstock Sistemas de Informação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Caro(a) aluno(a), como vimos anteriormente, para que haja a aplicação do Planejamento e Controle da Produção, é necessário obtermos informações gerais e específicas sobre o nosso sistema produtivo. É muita informação que deve ser analisada, concorda? Então, precisaremos de uma ajuda. Por isso, é necessário estudarmos os con- ceitos e práticas dos sistemas de informação que auxiliam o PCP e que integram com os demais setores. O sistema de informação é um conjunto de recursos de dados, pessoas, sof- twares, hardwares e redes de comunicação que se organizam para realizar as atividades de coleta, transformação e disseminação de informações para um setor específico ou para a organização de um modo geral, segundo Lustosa et. al. (2008). Diante do alto volume de informações que uma organização recebe e emite, é importante que essas informações sejam agrupadas. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), o setor PCP deve informar as decisões do SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 planejamento e controle, por exemplo: quando uma atividade precisa ser reali- zada, em qual local, se existe uma capacidade definida, quem executará, entre outras informações relevantes. Para isso, apresento a vocês o Planejamento de Recursos da Empresa, mais conhe- cido como ERP - Enterprise Resource Planning. Lustosa et. al. (2008) definem o ERP como um sistema que consegue rea- lizar as seguintes atividades: receber, controlar e processar dados relacionados aos processos de negócios internos de uma organização. São realizados de forma estruturada e on-line, integrando todas as áreas da empresa em uma única base de dados, permitindo, assim, a troca de informações e a interação dos setores. Martins e Laugeni (2005) afirmam que oERP é um modelo de gestão cor- porativo tendo como base o sistema de informação, em que há a integração entre processos da organização e o fornecimento de dados para a tomada de O programa Teoria & Prática apresentou uma entrevista sobre o assunto Sis- temas de Informação nas Empresas com os professores Rogério Cardoso e Adalberto Zorzo. Nessa entrevista, apresenta-se o seguinte: O sistema de informação é um processo de captação e de transformação de dados em informações. Antigamente, os dados eram apenas guardados no setor “Arquivo” e a emissão de relatórios eram por meio de processos simples e básicos. Atualmente, esses dados são registrados em sistemas de informações. Na prática, é importante que as pessoas alimentem os dados corretamente e saibam interpretar os relatórios que o sistema emite. Essa interpretação é importante, pois é a partir dela que as decisões serão tomadas. Assista na íntegra no link: <https://www.youtube.com/watch?v=5Rn2HF- dGNWY>. Fonte: os autores. Sistemas de Informação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 decisão estratégica. Ainda citam que o ERP surgiu a partir da evolução dos sis- temas MRP e MRPII. E, agora, o que são esses sistemas MRP e MRPII? Na década de 1970, com a utilização de computadores nos setores de produção das empresas, houve, também, a necessidade de utilizar os sistemas computa- cionais. Devido a necessidade de manipulação e controle de lista de materiais, surgiu o MRP (Material Requirement Planning). O Material Requirement Planning é um sistema que realiza o planejamento das necessidades de materiais, o qual integra os planos da produção com o estoque. Na década de 1980, o MRP passou por uma evolução e tornou-se o MRPII (Material Resource Planning). O Material Resource Planning é um sistema de planejamento dos recursos da manufatura, ou seja, segundo Chiavenato (2008) esse sistema funciona a partir do plano mestre em que são definidos os estoques e lista de materiais, mão de obra e equipamentos disponíveis para, então, obter informações como as ordens de compra e de produção O MRPII foi desenvolvido para também atender a demanda dos setores de engenharia, vendas, finanças, suprimentos e recursos humanos, pois, nessas áreas, há as funções de previsão de vendas, controle e acompanhamento da produção, contabilização de custos, compras, manutenção da infraestrutura de informação industrial e planejamentos: empresarial, dos recursos produtivos, da produção e das necessidades de produção. Segundo Hollmann et al. (2013), a partir do MRPII, houve a necessidade de incluir o plano de vendas, haja vista que, na época, alguns artigos acabavam referindo o S&OP ao Plano de Produção Agregado. S&OP (Sales and Operations Planning): conhecido também como Planejamento de Vendas e Operações, o S&OP é um método que tem como objetivo balan- cear a oferta e a demanda de determinada empresa, fazendo a interligação do planejamento estratégico com o planejamento operacional. Assim, será possí- vel verificar e analisar os desempenhos e propor melhorias. Vocês ouvirão falar, também, de dois métodos do caminho crítico que são um conjunto de técnicas utilizadas para o gerenciamento de tempos, custos e avaliação dos níveis de recursos necessários para o desenvolvimento de um pro- jeto. De acordo com Martins e Laugeni (2005), são eles: SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 PERT (Program Evaluation and Review Technique): na prática, sua utiliza- ção é bastante restrita e os seus resultados podem não ser muito corretos. Para cada atividade, deve ser atribuída três durações distintas (A - otimista, M - mais provável e B - pessimista). Aplicando-se a um algoritmo, determina-se a dura- ção média da atividade por meio da equação: (1) T = [(A + 4) . (M + B)] ______________ 6 A determinação desse cálculo leva em consideração a hipótese de que a dura- ção não é fixa, mas sim uma variável aleatória. • CPM (Critical Path Method): nesse método, é necessário determinar apenas uma única duração para cada atividade e, a partir disso, aplicar o algoritmo do caminho certo. Temos, também, os sistemas em que os computadores são as peças centrais e fun- damentais para a sua execução. Segundo Martins e Laugeni (2005) são: • CIM (Computer Integrated Manufacturing): chamado de manufatura integrada por computador, é um software que possui um sistema com- putadorizado que comanda os equipamentos de armazenagem e coleta. • CAD (Computer Aided Design): chamado de projeto auxiliado por com- putador, é um software que oferece suporte à função de projeto, ou seja, os arquivos técnicos de desenho são armazenados por meio eletrônico, podendo ser impressos por meio de plotters ou impressoras convencio- nais, ou ainda enviados para locais distantes por meio da transferência de dados. • CAM (Computer Aided Manufacturing): chamado de manufatura auxi- liado por computador, é um sistema que permite que os equipamentos realizem operações de acordo com instruções de atividades já determina- das no computador. Por meio de dispositivos, o computador determina Sistemas de Informação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 e controla a velocidade, realiza medição dimensional, informa a profun- didade de corte, quantidade de força aplicada, entre outros. Existem três tipos de máquinas: ■ Controle Numérico: quando os dados são armazenados em fitas ou cartões perfurados. ■ CNC (Computer Numerically Controlled): quando os dados são armazenados em chips ou outro meio eletrônico e, conforme a necessidade, podem ser programados e reprogramados, pois cada equipamento possui seu próprio computador. ■ DNC (Direct Numerically Controlled): quando os equipamentos são controlados por um computador central. Corrêa e Gianesi (1993) explicam outras técnicas, conforme a seguir: • OPT (Optimized Production Technology): é uma técnica de gestão da pro- dução baseada em procedimentos heurísticos. De acordo com o termo, a tradução seria Tecnologia de Produção Otimizada, mas não é uma téc- nica otimizante literalmente, já que, após sua aplicação, não é possível garantir que as soluções ótimas serão efetivamente atingidas. O objetivo de maximização dos lucros leva em consideração três elementos: fluxo de materiais, estoque e despesas operacionais, pois esses elementos melhoram o desempenho da empresa no objetivo de aumentar o lucro líquido, o retorno de investimentos e do fluxo de caixa. • JIT (Just in Time): é considerado mais como uma filosofia do que como um conjunto de técnicas de administração da produção. Surgiu no Japão, na década de 70, e tem como objetivo fundamental a melhoria contí- nua dos processos. Atualmente, os três principais sistemas de planejamento e controle da produção utilizados são: Just in Time (JIT), Manufacturing Resources Planning (MRPII) e Optimized Production Technology (OPT). Esses assuntos serão abordados em outras unidades também. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 O PCP NO CONTEXTO ESTRATÉGICO E OS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DE PLANEJAMENTO Caro(a) aluno(a), dando continuidade ao nosso estudo sobre os sistemas produ- tivos e sua relação com o planejamento e controle da produção, vamosapresentar neste tópico como o PCP apoia a empresa em sua estratégia competitiva. No Brasil, a partir dos anos 90, as empresas começaram a sentir fortemente os impactos da globalização na sua competitividade. Assim, foi imperativo que tais empresas reagissem e melhorassem seu desempenho em 5 áreas: qualidade, confiabilidade, flexibilidade, velocidade e custos (LUTOSA et al., 2008). Quadro 1 - Objetivos de desempenho QUALIDADE A empresa deve buscar atender os requisitos dos clientes e eli- minar os defeitos de produtos. CONFIABILIDADE A empresa deve ter processos confiáveis. Maior confiabilidade proporciona o atendimento de pedidos dentro do prazo e a redução de estoques. FLEXIBILIDADE A empresa deve ser flexível para responder às variações. Existe a flexibilidade de expansão, flexibilidade de volume, flexibili- dade de processos, flexibilidade de operações, flexibilidade de roteamento, flexibilidade de produto, flexibilidade de mix de produção e flexibilidade de maquinário. © sh ut te rs to ck O PCP no Contexto Estratégico e os Níveis Hierárquicos de Planejamento Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 VELOCIDADE A empresa deve ter um processamento veloz, reduzindo tem- pos de entrega (lead time) e custos com material em processo. CUSTOS Esse objetivo é influenciado pelos quatro objetivos anteriores. A empresa perceberá o resultado da melhoria nos demais ob- jetivos pela minimização de custos. Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). Para a empresa atingir e priorizar esses objetivos, é preciso que ela defina sua estratégia produtiva. Por exemplo, caro(a) aluno(a), pense no caso de uma rede de fast-food. O obje- tivo de desempenho velocidade é realmente importante e impacta diretamente na competitividade de um restaurante fast-food. Já para um fabricante de reló- gios, a qualidade e ausência de defeitos dos produtos pode ser o fator chave para o destaque da empresa no mercado de relógios. Na elaboração da estratégia organizacional, deve-se identificar os fatores críticos de sucesso, listando as variáveis internas e externas que influenciam na competitividade. Pode-se usar a técnica denominada SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), também chamada de FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças). Fonte: Lustosa et al. (2008). Por que uma maior confiabilidade proporciona a redução de estoques? SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Assim, ao elaborar uma estratégia produtiva, a organização deve pensar em uma série de questões referente a fatores externos e internos, conforme as carac- terísitcas de seu mercado de atuação. A título de exemplo, listamos os seguintes fatores: • Fatores externos: ■ Quais são as exigências legais? ■ Qual é a situação política atual? ■ Qual é a disponibilidade dos recursos que serão necessários nas operações? • Fatores internos: ■ Quais são os custos operacionais? ■ Qual é a capacidade da planta? ■ Como capacitar e qualificar a mão de obra? Como o PCP troca informações com diversos departamentos e atua como media- dor de interesses, proporcionando o atendimento das necessidades dos clientes com a melhor utilização dos recursos (humanos, físicos e financeiros), os pro- fissionais que atuam nesse setor, como Assistentes de PCP, Analistas de PCP e Supervisores de PCP, precisam fazer essa integração com os outros departamentos. Essa integração permite que a empresa seja competitiva no mercado global e local. Por meio das técnicas de planejamento e controle, o PCP apoia a empresa no alcance dos objetivos de desempenho. Como ocorre o planejamento e controle ao longo do tempo? O PCP planeja em basicamente três horizontes de tempo: longo prazo, médio prazo e curto prazo. O PCP no Contexto Estratégico e os Níveis Hierárquicos de Planejamento Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Planejamento de longo prazo Planejamento de médio prazo Planejamento de curto prazo Planejamento de curtíssimo prazo Execução e Controle • Planejamento Agregado: plano de produção agregado • Planejamento Mestre da Produção • Planejamento da Capacidade - RCCP • Planejamento das Necessidades de Materiais (MRP) • Plano detalhado de materiais e capacidade - CRP • Programação detalhada da produção • Programa detalhado de fabricação e montagem • Compras - Programa de recebimento de fornecedores • Fabricação - Controle de Chão de Fábrica • Distribuição - Programa detalhado de distribuição Marketing e vendas: - Previsão de demanda - Previsão de demanda desagregada -Pedidos �rmes Planejamento estratégico - Políticas de estoque, políticas de atendimento a demanda, políticas de mão de obra, política de investimento Gestão de estoques - Estoque de produtos acabados -Registro de estoques Projeto de produto/Projeto de processo - Desenhos de produtos e especi�- cações, lista técnica (BOM), roteiros e tempos de fabricação, lista de centros produtivos Figura 5 - O PCP no contexto da empresa e os níveis de planejamento Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). Assim, podemos afirmar que há uma hierarquia nas atividades do PCP que irão sustentar a estratégia produtiva da empresa. O PCP toma decisões no horizonte de longo prazo que irão impactar nas decisões de médio prazo e que, por sua vez, irão refletir nas decisões de curto prazo. Podemos destacar uma série de perguntas que são respondidas pelo PCP, auxiliado pelas informações de outros departamentos da empresa, dentro de cada nível hierárquico da estratégia de produção: • No nível estratégico: ■ Qual é a demanda do mercado? ■ Qual será a capacidade da planta instalada para atender essa demanda? ■ Quais recursos tecnológicos, humanos, financeiros e materiais serão necessários? SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 • No nível tático: ■ Qual é a política de produção? Volume constante, variação da mão de obra, minimização de estoques, aceitação de atrasos, aceitação de vendas perdidas? ■ Quais serão os nossos fornecedores? ■ Como implementar processo de inovação? • No nível operacional: ■ Qual será o tamanho dos lotes? ■ Quando deve ser produzido? ■ Em qual máquina produzir? Assim, por meio do PCP, a empresa poderá sustentar uma vantagem competi- tiva no mercado. ©shutterstock Operações Enxutas e Just-In-Time Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 OPERAÇÕES ENXUTAS E JUST-IN-TIME Caro(a) aluno(a), a forma que o sistema de produção é gerenciado irá influen- ciar em seu desempenho, por exemplo, gerando desperdícios de tempo, material e trabalho humano. Iremos estudar as técnicas de planejamento e controle da produção para justamente evitar tais desperdícios e gerar um programa de produção com resul- tados satisfatórios. No entanto, antes de entrarmos nas técnicas de planejamento e controle da produção, é preciso entender as duas formas de produção possí- veis: produção empurrada e produção puxada. Classicamente, na produção em massa realizada pela Ford Motor Company noinício do século XX, a produção seguia a ideia de empurrar a quantidade produ- zida para o mercado absorver. A produção empurrada, gerando altos volumes de estoque tanto final como entre as estações de trabalho, obteve resultados positivos. Contudo, conforme observado ao longo dos anos, a necessidade por pro- dutos diversificados e o poder do mercado regular o preço das mercadorias fizeram com que a produção empurrada não obtivesse mais resultados posi- tivos. Assim, com esse problema e outros advindos da escassez de recursos, a SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 empresa japonesa Toyota Motor Company, em meados da década de 70, come- çou a desenvolver uma filosofia de produção diferenciada. Era preciso produzir conforme a necessidade do mercado, evitando estoques e modificar o tipo de produção: de empurrada para a puxada. A produção puxada é diferente, pois produz-se somente o necessário para o momento, evitando a formação de estoques. Para realizar a produção puxada é necessário que a empresa desenvolva os conceitos da produção enxuta. Conforme o próprio nome sugere, a produção enxuta busca trabalhar somente com o neces- sário, combatendo os desperdícios no processo produtivo. Os desperdícios podem ser ocultados pelos estoques. Altos níveis de estoque com baixo giro são, muitas vezes, consequências de problemas não resolvidos. Por exemplo, quando um produto passa pelas esta- ções de trabalho A e B e observamos uma pilha de estoques a ser processada na estação B, poderíamos avaliar que:a) A estação B possui uma alta taxa de defei- tos, portanto a estação A necessita produzir uma quantidade extra para cobrir a deficiência causada pelos defeitos. b) A estação A não consegue produzir lotes econômicos menores, portanto é menos flexível. c) A estação B está com capacidade abaixo do necessário para gerar um fluxo constante na produção. d) A estação B sofre paradas constantes para manutenção etc. Assim, em meados da década de 70, começou-se a conceituar as técnicas JIT, Just-in-Time. Você se lembra que já introduzimos esse termo lá no início da unidade? Esse termo significa “na hora certa”, “oportuno”. Por meio da JIT, redu- z-se estoques e elimina-se os desperdícios. Você pode estar se perguntando: se tal filosofia proporciona tantos resul- tados possíveis, por que todas as empresas não a adotam? Bem, para praticar a filosofia JIT, é preciso que as empresas atendam alguns pressupostos básicos, conforme mostra o Quadro 2. Operações Enxutas e Just-In-Time Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 Quadro 2 - Pressupostos básicos do JIT Redução dos tempos de preparação Padronização das operações Reorganização dos layouts da fábrica Força de trabalho altamente capacitada Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). Quando falamos na filosofia JIT e, consequentemente, no conceito de operações enxuta e empresa enxuta, há princípios fundamentais que precisam ser conside- rados, conforme apresenta o Quadro 3. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Quadro 3 - Princípios fundamentais para implantação da JIT PRINCÍPIO DESCRIÇÃO Priorização do mercado A empresa enxuta produz apenas para atender a necessidade do momento sendo que produções adicionais são consideradas desperdício. Garantia da qualidade A falta de qualidade é um problema grave e deve ser severamente combatido. Minimização de estoques Estoques tendem a ser usados como pro- teção das incertezas do sistema produtivo. Eles devem ser reduzidos ou até zerados. Ao reduzirmos os estoques, conseguimos identificar problemas ocultos. Redução dos tempos de setup Devemos produzir lotes cada vez menores e, para isso, é preciso reduzir os tempos de preparação de máquinas. Com lotes reduzi- dos, reduzimos os volumes de estoque e a empresa se torna mais flexível. Trabalhador multifuncional A mão de obra deve ser altamente capacita-da para operar máquinas diversas. Manutenção produtiva total Um sistema de produção é saudável quan-do não há paradas e atrasos. Desenvolvimento de fornecedores É preciso eliminar incertezas na cadeia de produção, melhorando a qualidade e a pre- visão de demanda com fornecedores mais confiáveis. Padronização de operações É preciso aproveitar-se dos ganhos de eficiência obtidos pela padronização de operações. Layout do posto de trabalho É preciso minimizar os tempos de transpor-te e movimentos desnecessários. Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). Operações Enxutas e Just-In-Time Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 A produção enxuta busca a eliminação de sete desperdícios (LUSTOSA et al., 2008): superprodução, estoque desnecessário, transporte excessivo, movimentação desnecessária, espera e produtos defeituosos. Com a eliminação dos desperdí- cios, a empresa ganha em termos de qualidade, flexibilidade e entregas rápidas. A produção enxuta apoia o trabalho de qualidade, personalizado e o uso de trabalhadores polivalentes conforme o modelo de produção artesanal. E, por outro lado, as operações enxutas buscam a padronização de produtos, a organi- zação de layout e busca a automatização de algumas operações. Para o Planejamento e Controle da Produção, as operações enxutas trarão novas ferramentas e técnicas de controle, como o Kanban, formação de super- mercados de mercadorias entre etapas do sistema produtivo, mapeamento do fluxo de valor, Kaizen e layout celular. Para finalizar nosso estudo sobre a produção enxuta, apresentamos o Quadro 4 que resume alguns dos benefícios da produção enxuta. Quadro 4 - A produção enxuta em termos de “mais” e “menos” LEAN PRODUCTION EM TERMOS DE “MAIS” E “MENOS” MAIS MENOS Mais delegação de poderes para os funcionários Menos desperdício Mais flexibilidade Menor tempo de projeto Mais capacidade produtiva Menos níveis hierárquicos Maior qualidade Menor quantidade de fornecedores Fonte: os autores. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 PREVISÃO DE DEMANDA Caro(a) aluno(a), para você, o que é a demanda? Podemos conceituar a demanda como sendo a disposição que os clientes têm para consumir determinado pro- duto ou serviço. Como podemos saber qual é essa disposição dos clientes? A demanda é influenciada por uma série de fatores, como disponibilidade de crédito, promo- ções, publicidade, preço, disponibilidade, ações da concorrência etc. Além disso, na visão de uma empresa, a demanda pode seguir determinados padrões, con- forme ilustrado pela figura a seguir. Padrões de demanda Pontual Repetitiva Dependentes Independentes Ciclo de vida do produto Sazonalidade Matéria prima, componentes Maturidade: estacionária Declínio: estacionária Crescimento: tendência © sh ut te rs to ck Figura 6 - Padrões de demanda Fonte: os autores. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Basicamente, para a empresa, a demandapode ser pontual ou repetitiva. Demandas pontuais são aquelas que ocorrem esporadicamente. Por exemplo, para uma nova vacina, haverá um período de alta demanda pontual e, depois, a demanda redu- zirá drasticamente. Já as demandas repetitivas ocorrem regularmente ao longo dos dias, meses e anos. Podemos, ainda, visualizar essas demandas repetitivas em dois grupos: as demandas dependentes e independentes. Quando dizemos que uma demanda é dependente significa que o seu valor depende da demanda de outro produto. Por exemplo, se uma fábrica de bicicle- tas tem uma demanda de 20 bicicletas por dia, a demanda de pneus será de 40 unidades, pois a demanda de pneus depende do número de bicicletas a serem produzidas. Por outro lado, temos a demanda independente. Essa é geralmente a demanda dos produtos acabados. Essa demanda é influenciada pelo ciclo de vida do pro- duto, ou seja, um produto possui um ciclo de vida em que sua demanda se comporta de forma diferente conforme sua fase que pode ser: introdução, cres- cimento, maturidade e declínio. Portanto, considerando os fatores apresentados no parágrafo anterior, pode- mos concluir que prever a demanda pode ser uma atividade complexa. Porém, por meio de um modelo de previsão adequado, podemos obter previsões que irão gerar resultados úteis. Antes de explicarmos como elaborar um modelo de previsão de demanda, é importante entender o porquê de precisarmos da previsão de demanda. Pense nas seguintes questões: ao iniciar uma empresa, como saber quantas máqui- nas serão necessárias para atender todos os clientes de forma satisfatória, sem atrasos e sem subutilização de recursos? Quantos funcionários devemos contra- tar? Qual é a quantia de dinheiro necessária para o fluxo de caixa da empresa? Qual é o espaço necessário para estocar produtos acabados, intermediários e matéria-prima? SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 Caro(a) aluno(a), observe que as perguntas anteriores estão relacionadas com a demanda, pois a resposta dependerá da demanda pelo seu produto e/ou serviço. Assim, fica fácil concluir que precisamos da previsão da demanda, pois não sabemos exatamente qual será o seu comportamento, contudo se tivermos com a previsão adequada, minimizaremos os erros de planejamento e de pro- dução (em excesso ou em falta). Assim, dada a importância da previsão de demanda, vamos entender o que é um modelo de previsão de demanda. Esse modelo é ilustrado pela figura a seguir. 1. Identi�car o objetivo de deman- da 2. Coletar dados (série histórica e eventos) 3. Construir grá�cos para identi�car padrões 6. Avaliar o precisão com uma ou mais medidas de erro 7. A precisão está adequada ao propósito da revisão 5. Gerar previsões para um período determinado da série 8b. Veri�car parâmetros do modelo utilizado ou selecionar outro modelo 4. Selecionar um método adequadro de previsão 8a. Gerar as previsões para o horizonte de planejamento 9. Ajustar previsões com base em informações qualita- tivas adicionais 10. Monitorar resultados e medi- das do erro de previsão Sim Não Figura 7 - Modelo de previsão de demanda Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 Na etapa de identificação do objetivo da previsão de demanda, iremos estabele- cer o que iremos prever e por que iremos fazer uma previsão. Devemos definir os produtos e/ou família de produtos que terão suas demandas previstas e para que iremos utilizar os dados da previsão. Conforme o objetivo da previsão, tere- mos a necessidade de uma acurácia maior ou menor da previsão de demanda. Na segunda etapa, vamos coletar os dados disponíveis sobre a demanda dos produtos definidos no nosso objetivo. Vamos examinar os registros de venda e as solicitações de pedidos não atendidas. Devemos definir, também, conforme nosso objetivo, quais períodos de tempo iremos examinar, ou seja, se os dados passados de um ano, dois anos, três meses ou seis meses anteriores, por exemplo. Após obter a série histórica de demanda para cada produto e/ou família de produto, devemos fazer a análise desses dados para identificar padrões de demanda, ou seja, vamos estudar o comportamento da demanda. Uma ferra- menta visual muito útil para isso é o gráfico. Observe as figuras a seguir. Demanda - Água Mineral (L) 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 Figura 8 - Demanda de água mineral Fonte: os autores. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Demanda - Sorvete (L) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 jan /15 fev /15 ma r/1 5 ab r/1 5 ma i/1 5 jun /15 jul /15 ag o/1 5 se t/1 5 ou t/1 5 no v/1 5 de z/1 5 jan /14 fev /14 ma r/1 4 ab r/1 4 ma i/1 4 jun /14 jul /14 ag o/1 4 se t/1 4 ou t/1 4 no v/1 4 de z/1 4 Figura 9 - Demanda de sorvete Fonte: os autores. Demanda - Tablet 120 100 80 60 40 20 0 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 Figura 10 - Demanda de tablet Fonte: os autores. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Na figura sobre a demanda de água mineral, temos os dados de demanda de um hipotético vendedor de água mineral. Pela análise do gráfico, observamos que as vendas, na maioria dos meses, estão no intervalo de 3000 a 4000 litros por mês. Porém, em agosto e setembro, houve um aumento expressivo na demanda. Como podemos entender o comportamento desse gráfico? A demanda que gira em torno de um valor médio sempre irá variar devido a dois fatores: causas aleatórias e causas não aleatórias. As causas aleatórias causam variações regu- lares em torno de um valor médio. Já as causas não aleatórias causam variações irregulares. Por exemplo, o aumento da demanda nos meses de agosto e setembro pode ter ocorrido devido à falta de água na cidade, o que obrigou mais pessoas a com- prarem água mineral naqueles meses. Esse é um exemplo de causa não aleatória. Gostaríamos de ressaltar que as vendas dos meses de agosto e setembro, realmente, não são representativas da venda média de água mineral. É importante observar isso, pois esses dois dados podem influenciar o modelo de previsão de demanda. Talvez, teríamos que desconsiderar esses dois valores, conforme nosso objetivo. Na figura sobre demanda de sorvete, temos o gráfico com os dados de demanda de sorvete por um período de dois anos. Conseguimos observar pelo gráfico que existe sazonalidade. Isso significa que, em determinados períodos do ano, a demanda de sorvete é maior ou menor do que um valor médio. A demanda cresce e decresce regularmente. Já na figura sobre a demanda de tablet, conseguimos observar que a demanda cresceu ao longo dos meses. Portanto, a demanda não variou em torno de um valor médio e também não é sazonal. Após construirmos os gráficos da demanda dos produtos e identificarmos seu padrão, partimos para a quarta etapa que consiste em selecionaro método adequado para fazer a previsão de demanda. Basicamente, temos dois tipos de técnica de previsão: a qualitativa e a quantitativa. As técnicas qualitativas estão baseadas em opinião de especialistas sobre o produto. Destacamos como técnicas qualitativas: pesquisa de mercado, método Delphi e simulação de cenários. Nosso foco será nas técnicas quantitativas. Essas técnicas estão baseadas nas seguintes premissas: SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 1. Considera-se que os fatores que afetam a demanda continuarão a exis- tir nos períodos de previsão. 2. As previsões não serão perfeitas, pois é impossível eliminar as causas aleatórias que afetam a demanda e sempre haverá erros de previsão. 3. Conforme aumentamos o período de previsão, perdemos a sua acurácia, pois usamos dados históricos mais distantes para prever dados futuros. 4. A previsão de demanda para produtos individuais gerará mais erros do que previsão de demanda para grupos ou famílias de produtos. Vamos apresentar as seguintes técnicas quantitativas de previsão: média móvel, previsão da tendência e previsão da sazonalidade. MÉDIA MÓVEL Na técnica da média móvel, nós conseguimos prever a demanda do próximo período, calculando a média de demanda de períodos anteriores. Pode-se basear a média em dois períodos anteriores ou três períodos anteriores ou cinco perí- odos anteriores etc. Como o próprio nome diz, a média é móvel, ou seja, cada previsão é base- ada na média de determinados períodos que vão se alterando para cada nova previsão. Para calcular a média móvel, usamos a seguinte equação: (2) Mn = ∑ni=0 Di ___________ n Em que: Mn: média móvel de n períodos. n: número de períodos. Di: demanda do período i. i: índice do período. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 Também, para calcularmos o erro de previsão, utilizamos a equação: (3) Ei = Di − Pi Em que: Ei: erro da previsão para o período i. Di: demanda real no período i. Pi: previsão da demanda para o período i. Considere a tabela a seguir que representa a demanda por água mineral de um determinado vendedor. Tabela 1 - Dados de demanda de água mineral PERÍODO DEMANDA (L) PERÍODO DEMANDA (L) 1 3300 7 4000 2 3500 8 7000 3 3200 9 5000 4 3700 10 4000 5 3400 11 3800 6 3500 12 3500 Fonte: os autores. Calculando a média móvel para 3 e 4 períodos obtemos os seguintes resultados: SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 Tabela 2 - Cálculo da média móvel PERÍODO DEMANDA - ÁGUA MINERAL (L) M3 ERRO M4 ERRO 1 3300 2 3500 3 3200 4 3700 3333 367 5 3400 3467 -67 3425 -25 6 3500 3433 67 3450 50 7 4000 3533 467 3450 550 8 7000 3633 3367 3650 3350 9 5000 4833 167 4475 525 10 4000 5333 -1333 4875 -875 11 3800 5333 -1533 5000 -1200 12 3500 4267 -767 4950 -1450 Erro acumulado do período 5 ao 12: 367 925 Erro absoluto médio (EAM): 971 1003 Erro percentual abso- luto médio (EPAM): 0,20 0,21 Fonte: os autores. No Quadro 6, há, também, três parâmetros que podemos usar para verificar a acurácia da técnica de previsão escolhida. O primeiro é o erro acumulado. Para calculá-lo, basta somar o erro da previsão para cada período. O segundo parâme- tro é o erro absoluto médio (EAM). Ele representa o quanto as previsões erraram na média, em termos de valores absolutos e é calculado pela seguinte equação: (4) EAM = ∑ni=0 |Di – Pi | ____________ n Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Em que: EAM: erro absoluto médio. Di: demanda real no período i. Pi: previsão da demanda para o período i. n: número de períodos considerados. O terceiro parâmetro é o erro percentual absoluto médio que representa a média de erro em termos percentuais do valor da demanda real. Ele pode ser calcu- lado pela seguinte equação: (5) Em que: EPAM: erro percentual absoluto médio. Di: demanda real no período i. Pi: previsão da demanda para o período i. n: número de períodos considerados. A partir dos resultados, observamos que a média móvel com 3 períodos apre- sentou o melhor desempenho, pois o erro acumulado e o erro absoluto médio foram menores. Utilizando a técnica da média móvel, podemos prever a demanda para o período 13. Caro(a) aluno(a), observe novamente no Quadro 6 que nós geramos as previ- sões para vários períodos da série de dados passados. Essa foi a etapa 5 do modelo de previsão. Em seguida, nós fizemos a avaliação da precisão do modelo, com- parando os três parâmetros EAM, EPAM e erro acumulado, e verificamos se a precisão está adequada ou não. Depois, podemos gerar a previsão da demanda para o período 13. Sendo assim, essas foram as etapas 6, 7 e 8 do modelo de SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E50 previsão. Em seguida, quando formos prever a demanda do período 13, pode- mos, também, ajustar a previsão com base em informações qualitativas (etapa 9). PREVISÃO DA TENDÊNCIA A existência de tendência na demanda de um produto pode ser observada grafica- mente. A tendência pode ser positiva ou negativa. A demanda cresce ou decresce expressivamente ao longo do tempo. Assim, por meio de métodos matemáti- cos adequados, podemos encontrar uma equação que descreve a demanda em função do tempo. A equação pode ser linear ou não linear (exponencial, para- bólica, logarítmica etc.). Neste subtópico, vamos apresentar um método para obter uma equação linear relacionada à variável dependente “demanda” com a variável indepen- dente “tempo”. A equação linear é da seguinte forma: (6) y = a + bx Em que: y: previsão de demanda para o período x. a: intersecção com o eixo y. b: coeficiente angular da reta. x: período para a previsão. Para encontrarmos os valores de a e b, fazemos os seguintes cálculos: Além da técnica de média móvel, pode-se fazer a previsão da demanda uti- lizando-se a técnica da média exponencial móvel. Fonte: os autores. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Em que: n: número de períodos observados. Tais cálculos podem ser feitos manualmente ou com a ajuda de softwares. Podemos utilizar o Microsoft Excel® para calcular tais valores. A seguir, apresentamos os dados de demanda para o produto Tablet, cujo gráfico já foi apresentado anteriormente. Tabela 3 - Dados para o cálculo dos coeficientes da equação linear de tendência PERÍODO (X) DEMANDA - TABLET (Y) X² XY 1 20 1 20 2 25 4 50 3 40 9 120 4 30 16 120 5 30 25 150 6 45 36 270 7 50 49 350 8 70 64 560 9 75 81 675 10 76 100 760 11 80 121 880 12 100 144 1200 Somatórios 78 641 650 5155 Fonte: os autores. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N ID A D E52 Calculando os valores de a e b por meio das equações 8 e 9, obtemos: (9) b = n(∑xy) – (∑x)(∑y) ______________ n(∑x2) – (∑x)2 b = 12(5155) – (78)(641) = 6,91 _________________ 12(650) – (78)2 ~ (10) Assim, a equação da previsão de demanda é dada por y = 8,48 +6,91x. Substituindo os valores de x para os períodos de 1 a 12, obtemos os seguintes dados de previsão: Tabela 4 - Previsão de demanda utilizando equação de tendência PERÍODO (X) DEMANDA - TABLET (Y) PREVISÃO ERRO 1 20 15 5 2 25 22 3 3 40 29 11 4 30 36 -6 5 30 43 -13 6 45 50 -5 7 50 57 -7 8 70 64 6 9 75 71 4 10 76 78 -2 11 80 85 -5 12 100 91 9 Erro acumulado 0 EAM 6,19 Fonte: os autores. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 A obtenção da equação de tendência gerou dados satisfatórios, tendo um baixo erro acumulado. Para verifi carmos a aderência dos dados da previsão com os dados de demanda real, podemos verifi car o valor do coefi ciente de determi- nação dados de demanda real, podemos verifi car o valor do coefi ciente de determi- . Por meio da análise de dados, por regressão, do Microsoft Excel®, calculamos o valor de . Por meio da análise de dados, por regressão, do Microsoft Excel®, e obtemos o valor de 0,92. Quanto mais próximo de 1, melhor serão os resultados do modelo de previsão. PREVISÃO DA SAZONALIDADE Não é difícil de perceber que as vendas de sorvete caem signifi cativamente na época do inverno e aumentam signifi camente na época do verão. Esse padrão se repete ano após ano. Assim, dizemos que a demanda por sorvetes possui sazo- nalidade, ou seja, conforme a época do ano, a venda é maior ou menor e esse padrão se repete em anos seguintes. Existem demandas que apresentam apenas sazonalidade e existem demandas que apresentam simultaneamente sazonalidade e tendência. Vamos ver a seguir os métodos matemáticos para prever a sazonalidade sem a tendência. SAZONALIDADE SEM TENDÊNCIA Na sazonalidade sem tendência, a demanda varia regularmente em um determi- nado período de consolidação (ano, mês ou dia, por exemplo). Ela não apresenta uma tendência de crescimento ou decrescimento ao longo dos períodos. Podemos visualizar o comportamento da demanda com sazonalidade e sem tendência na fi gura apresentada anteriormente sobre a demanda de sorvete. Observamos nessa fi gura que o ciclo de sazonalidade é de 12 períodos ou 12 meses. Isso signifi ca que, a cada 12 meses, o comportamento geral da demanda se repete. Para calcular o índice de sazonalidade de cada um desses 12 perío- dos, devemos calcular a média móvel centrada. A tabela a seguir apresenta os resultados. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E54 Tabela 5 - Cálculo do índice de sazonalidade ÍNDICE DE SAZONALIDADE PERÍODO DEMANDA - SORVETE (L) MMC ½ MMC IS 1 3100,00 2 3200,00 3 3100,00 4 2800,00 5 2200,00 6 1500,00 2258,33 7 800,00 2254,17 0,355 2250,00 8 1000,00 2116,67 0,472 1983,33 9 1300,00 2106,25 0,617 2229,17 10 2300,00 2222,92 1,035 2216,67 11 2800,00 2210,42 1,267 2204,17 12 3000,00 2197,92 1,365 2191,67 13 3000,00 2185,42 1,373 2179,17 14 3100,00 2172,92 1,427 2166,67 15 2950,00 2160,42 1,365 2154,17 16 2650,00 2147,92 1,234 2141,67 Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 17 2050,00 2135,42 0,960 2129,17 18 1350,00 2122,92 0,636 2116,67 19 650,00 20 850,00 21 1150,00 22 2150,00 23 2650,00 24 2850,00 Demanda média: 2169,44 Fonte: os autores. Na tabela anterior, primeiro calculamos a MMC ½, que é a média móvel centrada no meio do ciclo de sazonalidade de 12 períodos. Temos que calcular esse valor, uma vez que o ciclo de sazonalidade é um número par (12 períodos). Assim, a média móvel centrada é dos 6 períodos anteriores (de 1 a 6, por exemplo) e dos 6 períodos posteriores (de 7 a 12, por exemplo). Depois, calculamos a MMC, que é a média móvel centrada para cada período, fazendo a média da MMC ½ dos períodos imediatamente anteriores e posteriores a cada período considerado. Em seguida, calculamos os índices de sazonalidade de cada período, dado por: SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E56 (11) IS = D ______ MMC Em que: IS: índice de sazonalidade do período. D: demanda do período. MMC: média móvel centrada do período. Para obtermos a previsão de demanda, fazemos o seguinte cálculo: (12) Previsão = Demanda média ✳ IS Em que: Previsão: previsão de demanda do período considerado. Demanda média: demanda média dos períodos considerados na obtenção do índice de sazonalidade. IS: índice de sazonalidade do período. A tabela a seguir apresenta os resultados. Previsão de Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 Tabela 6 - Previsão da demanda com sazonalidade PERÍODO DEMANDA MÉDIA IS PREVISÃO DEMANDA REAL ERRO 1 2169,44 1,3727359 2978,074 3100 121,926 2 2169,44 1,4266539 3095,046 3200 104,954 3 2169,44 1,3654773 2962,327 3100 137,673 4 2169,44 1,2337536 2676,56 2800 123,440 5 2169,44 0,96 2082,667 2200 117,333 6 2169,44 0,6359176 1379,588 1500 120,412 7 2169,44 0,3548983 769,9322 800 30,068 8 2169,44 0,4724409 1024,934 1000 -24,934 9 2169,44 0,6172107 1339,004 1300 -39,004 10 2169,44 1,0346767 2244,674 2300 55,326 11 2169,44 1,2667295 2748,099 2800 51,901 12 2169,44 1,3649289 2961,137 3000 38,863 13 2169,44 1,3727359 2978,074 3000 21,926 14 2169,44 1,4266539 3095,046 3100 4,954 15 2169,44 1,3654773 2962,327 2950 -12,327 16 2169,44 1,2337536 2676,56 2650 -26,560 17 2169,44 0,96 2082,667 2050 -32,667 18 2169,44 0,6359176 1379,588 1350 -29,588 19 2169,44 0,3548983 769,9322 650 -119,932 20 2169,44 0,4724409 1024,934 850 -174,934 21 2169,44 0,6172107 1339,004 1150 -189,004 22 2169,44 1,0346767 2244,674 2150 -94,674 23 2169,44 1,2667295 2748,099 2650 -98,099 24 2169,44 1,3649289 2961,137 2850 -111,137 Erro acumulado: -24,087 EAM: 78,401 Fonte: os autores. SISTEMAS PRODUTIVOS E A NATUREZA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E58 MONITORAMENTO DO MODELO DE PREVISÃO Caro(a) aluno(a), após escolhermos a técnica de previsão de demanda mais adequada para o padrão de demanda que estamos prevendo e para realizar as previsões, devemos realizar a etapa 10 do modelo de previsão, que consiste em monitorar os resultados e medidas do erro de previsão. Devemos fazer isso pois pode ocorrer: 1. Mudança no padrão da demanda. 2. Causas não aleatórias que estão alterando a demanda radicalmente. 3. Mudança nas causas aleatórias. 4. Ações da concorrência que estão diminuindo ou até aumentando a demanda. O monitoramento consiste em verificar se os erros sãoaceitáveis e se deve- mos alterar algum parâmetro da técnica de previsão. Considerando que os desvios seguem uma distribuição normal e que a previsão não é tendenciosa, podemos afirmar que, segundo Lustosa et al. (2008), o erro de uma nova previsão seria: • ±1 EAM em relação à média, com 60% de probabilidade. • ±2 EAM em relação à média, com 90% de probabilidade. • ±3 EAM em relação à média, com 98% de probabilidade. Assim, podemos identificar se os erros do modelo estão dentro do intervalo de ±3 EAM, o que seria algo aceitável. Caso haja valores fora desse intervalo, sig- nifica que a previsão, como um processo, está ficando fora de controle estatístico. Ações deverão ser tomadas, como escolher outra técnica de previsão, ajustar os parâmetros ou verificar a existência de causas não aleatórias de variação. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, introduzimos os conceitos chave do PCP: planejamento e controle da produção.Estudamos o que são os sistemas de produ- ção e como podem ser classificados. Em seguida, compreendemos a importância dos sistemas de informação para as atividades do PCP. Para que uma empresa seja competitiva, ela precisa ter uma vantagem competitiva no mercado que é sustentada por uma estratégia. Assim, compreendemos como o PCP faz a estratégia produtiva e visua- lizamos as interfaces do PCP com os demais departamentos da empresa. Tal integração entre departamentos é fundamental para a eficácia competitiva da empresa. Depois, apresentamos uma visão geral do modelo de produção enxuta, destacando suas características e como ele se diferencia do modelo de produ- ção empurrada tradicional. Por fim, mostramos como elaborar um modelo de previsão de demanda cuja variável é de extrema importância para o dimensionamento dos recursos físi- cos, humanos e financeiros. Esperamos que, ao final desta unidade, você tenha percebido a importância do PCP para todas as organizações, sejam as produtoras de bens ou prestado- ras de serviço. Há, basicamente, duas maneiras de aumentar o lucro de uma operação: pelo aumento da receita ou pela redução de custos. A empresa consegue aumentar a receita se aumentar o volume de vendas ou se aumentar o preço de venda. Dependendo das condições do mercado, o aumento do preço de venda pode ser impossível, mas a redução dos custos sempre é possível. Sempre podemos elabo- rar planos para a minimização de custos. E, nesse sentido, uma empresa com o seu PCP funcionando adequadamente conseguirá reduzir e controlar seus custos. Na próxima unidade, iremos abordar o planejamento da produção nos níveis estratégico e tático. Entraremos em detalhes sobre como desenvolver as ativi- dades do PCP. Você verá que as atividades seguem uma hierarquia sendo que o planejamento estratégico irá impactar no planejamento tático que, por sua vez irá impactar no planejamento operacional. Até lá! 60 Tipo de operação Deman- da de produ- ção Volume de pro- dução Varie- dade de produ- tos Flexibi- lidade Lead Time Produ- tivo Custo de produ- ção Natureza do Produto Exemplo de bens Exemplo de servi- ços Contínua Discreta Massa Lote Sob Enco- menda 1. De acordo com a classificação do sistema produtivo, diferencie os tipos de ope- rações quanto a alguns fatores e dê exemplos, preenchendo a tabela a seguir: 2. Sobre os princípios fundamentais para a implantação da JIT em uma empresa, assinale V para verdadeiro ou F para falso: ( ) A produção enxuta busca a minimização dos custos pela produção de grandes lotes. Assim, produções adicionais não são consideradas um desperdício. ( ) Um problema de qualidade no setor de pintura não se constitui em um problema grave, sendo que os demais setores não sentirão o seu impacto. ( ) Evita-se usar mão de obra especializada, dando preferência à mão de obra mul- tifuncional. ( ) A padronização das operações faz parte dos princípios fundamentais para a im- plantação da JIT. ( ) O layout da fábrica não pode ser alterado com frequência, pois a alteração de layout não proporciona a redução de transporte e movimentos. 3. Escolha um tipo de operação que você tenha conhecimento ou tenha afinida- de, seja uma produção de bens ou de serviços. Em seguida, como parte da ela- boração da estratégia produtiva, utilize as perguntas relacionadas aos fatores externos e internos apresentadas no tópico “PCP no contexto estratégico e os níveis hierárquicos de planejamento” e as responda. 61 4. Sobre os padrões de demanda, considere as seguintes afirmativas: I. A demanda por lâmpadas de natal pode ser considerada uma demanda pontual. II. Para um fabricante, a demanda por motores de carro é considerada deman- da independente. III. Um item pode ter simultaneamente demanda dependente e demanda independente. Por exemplo, há um item que é dependente da venda do produto acabado e há uma parte que independe da venda do produto aca- bado, como as peças de reposição. IV. A fase atual do produto em seu ciclo de vida não possui relação com a de- manda do mesmo. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas I e III estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 5) A empresa X está realizando a previsão de demanda para seus itens. Utilizando os dados a seguir, calcule a previsão de demanda e calcule o erro acumulado e o EAM utilizando a média móvel com 3 períodos. PERÍODO DEMANDA PERÍODO DEMANDA 1 10 6 22 2 20 7 23 3 15 8 40 4 18 9 25 5 35 62 PCP: DO CHÃO DA FÁBRICA PARA O CENTRO DAS DECISÕES DA EMPRESA Não é só cuidar do dia a dia da fábrica. A empresa que envolve o profissional de PCP nas suas decisões estratégicas ganha muito. Afinal, ele é o cara que sabe tudo sobre como a sua produção funciona. Não é segredo para ninguém que a logística é uma parte fundamental da operação de uma empresa, que pode ser um grande diferencial competitivo – atribuindo agilidade, economia e mais qualidade aos processos – ou o extremo oposto. Mais do que estabelecer o formato adequado dos processos de produção, o PCP tam- bém tem uma função muito estratégica dentro da empresa. Fazer PCP não se trata de uma tarefa exclusivamente operacional, muito pelo contrário, o gestor dessa atividade deve estar constantemente em contato com outros setores da administração da empre- sa. É o profissional de PCP que domina o processo de produção, ele tem uma visão sistêmi- ca de toda a cadeia logística. Ele sabe tudo sobre a rotina produtiva, sobre as matérias primas, sobre os equipamentos produtivos, rendimento de maquinários e gargalos do seu sistema de produção. A rotina no PCP está diretamente ligada a outras funções estratégicas muito importan- tes. A previsão da demanda é uma delas. A partir dessa previsão, é possível programar a compra de insumos, gastos e a mão de obra necessária para atender à produção. O planejamento da demanda também envolve muitas outras coisas, como a contratação (ou demissão) de pessoas, uso de horas-extras e subcontratação, além dos contratos de fornecimento e demais serviços ligados à sua logística. Outra tarefa do profissional de PCP: programar e listar os recursos e o tempo necessários para cumprir metas produção a curto prazo e, até mesmo, diariamente. É o profissional de PCP que define como a fábrica vai operar no dia a dia. Algumas ferramentas que podem ser úteis na rotina do seu PCP: O Seis Sigma (ou Six Sigma, em inglês) é uma ferramenta utilizada para identificar e implementar melhoriasnos processos internos de uma empresa, garantir custos de ope- ração menores e, consequentemente, aumentar os lucros. A metodologia Kaizen prevê que o trabalho coletivo deve prevalecer sobre o individual; que o ser humano é visto como um dos bens mais valiosos de uma organização, e que deve ser incentivado a direcionar seu trabalho para as metas compartilhadas da empre- sa, sem que deixe de atender às suas necessidades pessoais. O Poka Yoke é uma técnica absolutamente consagrada de gestão em processos indus- triais, mas não só: a lógica da ferramenta se ampliou, assim ela pode ser aplicada a qual- quer situação que envolva riscos de falhas ou defeitos. 63 Kanban: é um termo de origem japonesa que significa, literalmente, “cartão” ou “sinaliza- ção”. Propõe o uso de cartões (ou do famosos post-it) para indicar e acompanhar a ma- neira visual, prática e utilizando poucos recursos, o andamento dos fluxos de produção nas empresas. Munido dessas ferramentas e sabendo que o PCP é muito mais estratégico do que você pensava, chegou a hora de rever seus processos e implementar mudanças positivas. Fonte: adaptado de PCP… (2015, on-line)1. MATERIAL COMPLEMENTAR Manual Planejamento e Controle da Produção Dalvio Ferrari Tubino Editora: Atlas Sinopse: esse livro busca apresentar e descrever as diferentes funções executadas pelo planejamento e controle da produção (PCP) para apoiar os sistemas produtivos. Para tanto, o autor divide o tema segundo funções de longo, médio e curto prazos. Como função de longo prazo é introduzido o conceito de planejamento estratégico da produção, em que são hierarquizadas as estratégias corporativa, competitiva e de produção, gerando planos de produção de longo prazo, fonte de partida para as demais ações do PCP. No médio prazo, é descrito como montar um plano-mestre de produção para os produtos acabados, que itens devem compô-lo, que períodos empregar e como avaliar sua viabilidade produtiva. A previsão da demanda para montagem dos planos de longo e médio prazos é tratada em detalhe. Estabelecido o plano-mestre de produção, passa-se a descrever as funções de curto prazo do PCP, conhecidas como programação e acompanhamento da produção. Nesse ponto, divide-se o tema em quatro capítulos distintos - administração dos estoques, sequenciamento e emissão de ordens, acompanhamento e controle da produção e o sistema kanban. REFERÊNCIAS 65 CHIAVENATO, I. Planejamento e Controle da Produção. Barueri: Editora Manole Ltda., 2008. CONTROLAR. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <http:// https://www.priberam.pt/DLPO/controlar>. Acesso em: 14 out. 2016. CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Edi- tora Atlas S.A., 2008. CORRÊA, H.; GIANESI, I. Just in Time, MRP II e OPT: Um enfoque estratégico. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1993. HOLLMANN, R. et al. Resultados obtidos com a aplicação do processo de planeja- mento de vendas e operações (S&OP). In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). Anais Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABE- PRO). Salvador, 2013 LUSTOSA, L. et. al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008. MARTINS, P. G.; Laugeni, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Editora Sarai- va, 2005. PLANEJAR. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <http:// https://www.priberam.pt/DLPO/planejar>. Acesso em: 14 out. 2016. PROGRAMAR. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <http:// https://www.priberam.pt/DLPO/programar>. Acesso em: 14 out. 2016. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. TUBINO, D. Planejamento e Controle da Produção - Teoria e Prática. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2007. WOMACK, J. P. et al. A máquina que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Editora Cam- pus/Elsevier, 1992. REFERÊNCIA ON-LINE 1 Em: <https://endeavor.org.br/pcp/>. Acesso em: 14 out. 2016. GABARITO Tipo de operação Deman- da de produ- ção Volume de pro- dução Varie- dade de produ- tos Flexibi- lidade Lead Time Produ- tivo Custo de produ- ção Natureza do Produto Exemplo de bens Exemplo de servi- ços Contínua Alto Alto Baixo Baixo Baixo Baixo Produ- ção de energia elétrica Siste- ma de rastrea- mento Discreta Massa Alto / Estável Alto Baixo Baixo Baixo Baixo Abate- douro de bovinos Trans- porte aéreo Lote Médio Médio Médio Médio Médio Médio Ali- mentos indus- trializa- dos Conser- to de apa- relhos eletrôni- cos Sob Enco- menda Baixo Baixo Alto Alto Alto Alto Platafor- mas de petróleo Correto- ras 1. Quadro a seguir: 2. F, F, V, V, F. 3. Sua resposta dependerá do tipo de empresa que você escolheu analisar. O tipo de operação dessa empresa e as perguntas referente aos fatores internos e ex- ternos devem ter coerência com o exemplo escolhido e podem apresentar vari- áveis diferentes de uma resposta para outra. 4. D. 5. Utilizando a média móvel com três períodos obtemos os seguintes resultados: GABARITO 67 PERÍODO DEMANDA PREVISÃO ERRO 1 10 2 20 3 15 4 18 15,00 3,00 5 35 17,67 17,33 6 22 22,67 -0,67 7 23 25,00 -2,00 8 40 26,67 13,33 9 25 28,33 -3,33 Erro acu- mulado 27,67 EAM 6,61 U N ID A D E II Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Entender a conciliação entre capacidade de produção e a demanda do mercado. ■ Realizar o planejamento da produção a nível estratégico. ■ Realizar o planejamento da produção a nível tático. ■ Entender o funcionamento do MRP. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Planejamento da Capacidade ■ Planejamento Agregado ■ Planejamento de Vendas e Operações ■ Planejamento Mestre da Produção ■ Planejamento das Necessidades de Materiais Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), após entendermos o que é um sistema de produção e as filosofias de produção (puxada e empurrada), bem como as tecnologias e estratégias asso- ciadas ao planejamento e controle da produção, passamos para o detalhamento das atividades do PCP. Por isso, nesta segunda unidade do livro, abordaremos os tipos de planejamentos envolvidos e necessários ao PCP. Para atender uma determinada demanda por um produto ou serviço, é preciso saber se a empresa possui os recursos necessários para produzir em quan- tidade e qualidade, dentro dos prazos acordados. Iremos entender como medir a capacidade de um sistema produtivo. Você irá entender que, para uma determi- nada máquina ou equipamento, pode-se calcular diferentes tipos de capacidade. Precisamos conhecer cada tipo de capacidade de nossos equipamentos para fazer as melhorias necessárias de modo que eles atendam a demanda de produção. Em seguida, devemos elaborar um Plano de Produção em longo prazo para atender a demanda prevista. Tal plano é fundamental para que a empresa planeje e monitore seus resultados. Por meio do Plano de Produção, pode-se dimen- sionar os recursos da empresa e tomar decisões que irão impactar as demais atividades do PCP. Após obter o plano de produção, será necessário um planejamento de ven- das e operações para que haja uma interligação direta com o planejamento estratégico, feito anteriormente, e com o planejamento operacional, o qual será realizado posteriormente. Como o plano deprodução trabalha com dados agregados e pedidos ainda não firmes, será preciso fazer o seu desmembramento por meio do Plano Mestre de Produção (PMP). Esse plano trabalha com um período de médio a curto prazo, considerando pedidos firmes e a demanda prevista. Alinhado ao PMP, desenvolve-se o Planejamento das Necessidades de Materiais (MRP - Material Requirement Plan, em inglês). Por meio da árvore de produto, esse planejamento irá gerar as demandas dependentes dos componen- tes e matéria-prima do produto final. Vamos em frente. Bons estudos! ©shutterstock O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E72 PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE Caro(a) aluno(a), pense na seguinte situação: você possui um hotel na sua cidade, e, na próxima semana, haverá um grande evento internacional de executivos de várias empresas. A organização do evento lhe consulta sobre a sua disponibilidade para acomodar todos os participantes. Como você irá verificar sua disponibili- dade? Você precisa conhecer a capacidade produtiva de seu hotel. Segundo Slack et al. (1997, p. 346), a capacidade pode ser definida como sendo “o máximo nível de atividade de valor adicionado em determinado perí- odo de tempo, que o processo pode realizar sob condições normais de operação”. Planejamento da Capacidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 MEDINDO A CAPACIDADE Podemos medir a capacidade de duas maneiras: medir a capacidade dos insu- mos ou medir a capacidade de volume de produção. O quadro a seguir apresenta alguns exemplos de medidas de capacidade. Quadro 1 - Medidas de capacidade de insumos e volume de produção OPERAÇÃO MEDIDA DE CAPACIDADE DE INSUMOS MEDIDA DE CAPACIDADE DE VOLUME DE PRODUÇÃO Fábrica de celulares Horas máquina disponí-veis Número de unidades vendidas por mês Creche Número de vagas Crianças educadas por ano Fonte: adaptado de Slack et al. (2009). OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE A capacidade de produção vai depender de cinco itens: demanda, capacidade instalada dos equipamentos, disponibilidade de mão de obra, disponibilidade de matéria-prima e disponibilidade de recursos financeiros. O planejamento da capacidade está relacionado com o planejamento agre- gado. Nas situações reais dos sistemas produtivos, uma empresa produz uma gama diversificada de produtos, com variações de modelos. Assim, fica complexo definir a capacidade de produção para cada produto. Para lidar com isso, nós agregamos a demanda dos produtos conforme suas caracte- rísticas similares. Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E74 A finalidade do planejamento da capacidade é obter os melhores resultados de eficiência e eficácia. Queremos ter bons resultados em termos de eficiência para não deixar os recursos da empresa ociosos, obtendo, assim, melhor lucra- tividade e menores custos. E precisamos ter eficácia para atender a demanda de forma satisfatória. Assim, é preciso planejar a capacidade para evitar basicamente duas situações: recursos ociosos e recursos sobrecarregados, com problemas no atendimento da demanda. O planejamento da capacidade afeta os objetivos de desempenho da empresa, conforme mostra o Quadro 2. Quadro 2 - Situação dos objetivos de desempenho conforme a situação da capacidade produtiva OBJETIVO DE DESEMPENHO O QUE ACONTECE SE HÁ CAPACIDADE OCIOSA O QUE ACONTECE SE HÁ SOBRECARGA DOS RECURSOS Custo O custo aumenta, pois houve um grande investimento nos recursos mas eles não estão sendo totalmente usados. Pode ocorrer custos com vendas perdidas devido ao não atendimento de pedi- dos; custos com qualidade (defeitos) pode aumentar. Receitas É assegurado o atendimento de todos os pedidos, man- tendo a receita. A receita pode diminuir devi- do vendas perdidas. Capital de giro A formação de estoques de produtos acabados exigirá que a empresa financie o estoque até sua venda. Não há necessidade de financiar os estoques pois serão consumidos rapida- mente. Fonte: adaptado de Slack et al. (2009). Planejamento da Capacidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 As situações apresentadas pelo Quadro 2 exploram dois extremos da situação da capacidade produtiva: de um lado, recursos produtivos ociosos e, do outro, recurso produtivos sobrecarregados. Para termos resultados ótimos em termos de eficiência e eficácia, é preciso ter uma carga de trabalho entre os limites mínimos e máximo da capacidade de produção. No planejamento da capacidade total de uma operação, é preciso buscar o balanceamento das diversas estações de trabalho. TIPOS DE CAPACIDADE Podemos tratar da capacidade em três definições: 1. Capacidade de projeto. 2. Capacidade efetiva. 3. Capacidade operacional. A capacidade de projeto representa a quantidade máxima que uma máquina ou equipamento pode produzir nas condições em que foi projetado. É a capa- cidade de produção máxima, sem considerar paradas para manutenção, troca de lotes, perdas, programações, falta de material etc. Uma perfiladeira (uma máquina que produz perfis metálicos) pode ter uma capacidade de projeto de 50 peças/hora, ou seja, ela foi projetada para produzir até 50 peças em uma hora. Utilizando a capacidade de projeto, nós conseguimos calcular o índice de utili- zação. Ele é calculado pela seguinte expressão: (1) Utilização = quantidade real produzida _______________________________________ quantidade de�nida pela capacidade de projeto O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E76 Já a capacidade efetiva é menor que a capacidade de projeto. Isso porque ela é o resultado da capacidade de projeto com os descontos das paradas pre- vistas. No nosso exemplo da perfiladeira, podemos prever que será necessário realizar a parada da máquina para fazer o abastecimento de material, troca de lotes e manutenções. Assim, ela irá produzir menos que 50 peças em uma hora. Utilizando a capacidade efetiva, nós conseguimos calcular a eficiência. Ela é cal- culada pela seguinte expressão: (2) E�ciência = quantidade real produzida _____________________________________ quantidade de�nida pela capacidade efetiva Com a informação de eficiência, conseguimos determinar a capacidade ope- racional. Ela é a capacidade real de uma máquina, equipamento ou processo. No nosso exemplo da perfiladeira, a capacidade efetiva pode ser de 30 peças/hora, devido às paradas para manutenção, para fazer o abastecimento de material e troca de lotes. Porém a máquina não irá produzir 30 peças, visto que haverá para- das para investigação de falhas de qualidade, falta de material e falta de pessoal. A produção pode ser baixa, chegando a 15 peças. Nesse caso, aplicando a equa- ção 2, a eficiência seria de 50%. ETAPAS DO PLANEJAMENTO E POLÍTICAS DE CAPACIDADE O planejamento da capacidade de produção ocorre em três etapas: (i) definição da demanda a ser atendida; (ii) levantamento das políticas de produção dispo- níveis; (iii) seleção da política de produção a ser implantada. Sobre as políticas de produção, há, basicamente, três opções: política de capa- cidade constante; política de acompanhamentoda demanda; política de atuar sobre a demanda. Na política de capacidade constante, não há variação da capacidade ao longo do período, conforme a demanda altera. Um fabricante de garrafas térmicas pode manter sua capacidade ao longo do ano sem fazer demissões e contratações para Planejamento da Capacidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 77 atender uma demanda variável. Assim, nos períodos de baixa demanda, o fabri- cante aproveita a capacidade extra para formar estoques e, nos períodos de alta demanda, ele utiliza o estoque acumulado. As vantagens dessa política é que se pode reduzir os custos, manter a mão de obra contratada, evitar demissões, manter a qualidade com a mão de obra fixa, desenvolver a equipe de trabalho fixa e melhorar o índice de utilização. De outro lado, há uma maior necessidade de financiar os estoques formados nos períodos de baixa demanda. Na política de acompanhamento da demanda, procura-se variar a capacidade para responder às variações da demanda. Para alterar a capacidade de produção, aumentando-se as horas-máquina e horas-homem disponíveis. Pode-se fazer: horas extras; contratação e demissão de pessoal; contratação de pessoal tempo- rário; subcontratação;e investimentos em novas instalações. Caro(a) aluno(a), horas extras podem aumentar a capacidade da planta indus- trial, porém a eficiência e a qualidade podem decair. A contratação de novos colaboradores irá requerer um período de aprendizagem até que eles consigam produzir na capacidade efetiva. Novos empregados, também, estão mais sujei- tos a acidentes de trabalho, o que pode ocasionar paradas e custos. Deve-se considerar que incrementos na capacidade a partir de grandes inves- timentos tomam um tempo maior até que a capacidade desejada seja atingida. Assim, deve-se planejar adequadamente um investimento para que a capacidade esteja disponível no momento em que houver a demanda. Na política de atuar sobre a demanda, a empresa irá desenvolver ações para aumentar a demanda nas épocas em que normalmente os recursos ficam ociosos. Qual é a sua avaliação da política de acompanhamento da demanda toman- do o ponto de vista de um empregado? O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E78 Por meio de promoções e campanhas de marketing, o consumo é aumentado nas baixas temporadas. Outra forma de alterar a demanda é aproveitando a capa- cidade ociosa para produzir outros produtos fora da linha normal da empresa. Por fim, muitas empresas adotam políticas mistas de capacidade. É impor- tante saber quais objetivos de desempenho a empresa deseja priorizar, uma vez que ela terá que planejar sua capacidade para atender tais objetivos. Podemos visualizar os objetivos de desempenho em três grupos: os qualificadores, os ganhadores de pedidos e os indiferentes. Por exemplo, se o mercado em que a empresa atua prioriza o custo, a empresa deve planejar e desenvolver sua capa- cidade visando a redução de custos, criando um sistema de produção em massa. Precisamos definir o melhor tipo de sistema de produção conforme a carac- terística “demanda” em termos de quantidade e variedade. Por exemplo, para a demanda em grande volume e baixa variedade, o sistema de produção contínuo/ em massa é mais eficaz que os sistemas repetitivos em lotes ou sob encomenda. No planejamento da capacidade, deve-se tomar decisões em algumas áreas relacionadas à produção que garantirão o atendimento aos objetivos de desem- penho. O quadro a seguir apresenta algumas dessas áreas. Quadro 3 - Áreas de decisão no planejamento da capacidade ÁREA DE DECISÃO DESCRIÇÃO Instalações Localização geográfica, tamanho, mix de pro- dução, grau de especialização, arranjo físico, forma de manutenção Capacidade de produção Qual o seu nível e como obtê-la e aumentá-la? Tecnologia Qual o grau de automatização, quais equipa-mentos e qual o sistema de transporte? Integração vertical De todos os componentes dos produtos acaba-dos, quais serão produzidos internamente? Recursos humanos Como recrutar, contratar, avaliar, desenvolver, motivar e remunerar a mão de obra? Fonte: adaptado de Tubino (2009). Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 79 PLANEJAMENTO AGREGADO Caro(a) aluno(a), imagine-se na situação de planejar as operações de uma indús- tria. Por onde começar? Quantas pessoas contratar? Quanto de estoque produzir? Quanto de matéria-prima comprar? É nesse momento que entra em cena o planejamento agregado. Ele busca definir, a partir das decisões estratégicas tomadas pela empresa no planejamento da capacidade, conforme discutidas no tópico anterior, qual será o nível de pro- dução ao longo do tempo, ajudando a responder as perguntas do parágrafo anterior. O tempo abrangido pelo planejamento agregado é de meses a anos. É um planejamento geral, sem entrar em detalhes. No planejamento agregado, vamos lidar com as seguintes variáveis: nível de produção normal; nível de pro- dução em turno extra; nível de produção terceirizada; níveis de estoque inicial e final em cada período; número de contratações e demissões em cada período; nível de produtividade do pessoal; quantidade de vendas perdidas. Todas essas variáveis serão tratadas em um plano denominado Plano de Produção. Paralelo a esse plano, podemos desenvolver um Plano de Produção Financeiro e um Plano de Compras. Por meio desses planos, teremos informações ©shutterstock O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E80 extremamente úteis para a tomada de decisão, prevendo qual será o desempe- nho da empresa. Podemos elaborar o plano de produção de duas maneiras: por meio da ten- tativa e erro, determinando os valores das variáveis e comparando o resultado final com o resultado de outras alternativas; ou por meio de métodos matemá- ticos, utilizando, por exemplo, a programação linear (essa técnica é vista na disciplina de Pesquisa Operacional). Neste tópico, vamos abordar o planeja- mento por intermédio da tentativa e erro. Vamos considerar a elaboração de um plano de produção para uma fábrica de sacolas ecológicas. Para fins didáticos e de simplificação, algumas informações não foram inseridas no exemplo. A figura a seguir descreve o sistema produ- tivo da fábrica. Tecidos Crus Lonas PET TNT Tecidos Algodão Corte MontagemCostura Perfuração Serigra�a PA Figura 1 - Sistema produtivo da fabricação de sacolas ecológicas Fonte: os autores. As sacolas ecológicas são fabricadas a partir de 4 tipos de matéria-prima: tecidos crus (juta e algodão), lonas PET, TNT (tecido-não-tecido) e tecidos de algodão. Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 81 Esses materiais são cortados no setor de corte que possui uma máquina de corte para tecidos. Em seguida, as peças são costuradas em dois tipos de máquina de costura industrial: overlock e reta. As peças são estampadas no setor de serigra- fia que se utiliza de uma bancada de silk screen para realizar a estampagem. As peças são, também, furadas em uma perfuradora de alças e montadas, formando o estoque de produto acabado (PA). Para elaborar o plano de produção,devemos identificar as famílias de pro- duto, obtendo uma demanda agregada, conforme apresentado no tópico 1. Para o nosso exemplo, a fábrica produz três famílias de sacolas: 1. Família “Rústica”: são as sacolas produzidas apenas com tecidos crus e sem serigrafia. Os produtos dessa família passam pelos processos de corte, costura, perfuração e montagem. 2. Família “PET”: são as sacolas estampadas produzidas com lonas PET e TNT. Os produtos dessa família passam pelos processos de corte, cos- tura, serigrafia, perfuração e montagem. 3. Família “Luxo”: são as sacolas estampadas produzidas com tecidos algo- dão e TNT. Os produtos dessa família passam pelos processos de corte, costura, serigrafia, perfuração e montagem. Em seguida, precisamos identificar a demanda por cada família de produto. A tabela a seguir, mostra a previsão de demanda para cada produto, obtido com as técnicas de previsão, apresentadas no tópico 1. Tabela 1 - Previsão de demanda de sacolas ecológicas (unidades) FAMÍLIA JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Rústica 400 500 700 1000 1100 1200 PET 600 600 600 800 800 800 Luxo 100 130 150 120 100 90 Fonte: os autores. Para sabermos o quanto a empresa pode produzir por mês de cada família de produto, é preciso saber a capacidade de produção obtida pelo planejamento da capacidade. A capacidade de produção será determinada pela capacidade de produção de cada recurso, conforme a Tabela 2. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E82 Tabela 2 - Capacidade de produção de cada recurso produtivo RECURSO CAPACIDADE DE PROJETO (H) CAPACIDADE EFETIVA (H) CAPACIDADE OPERACIONAL (H) Máquina de corte 176 154 132 Máquina de costura Overlock 176 154 132 Máquina de costura Reta 176 154 132 Bancada de serigrafia 176 154 110 Perfurador de alça 176 165 154 Linha de montagem 352 286 220 Fonte: os autores. A partir dos dados da Engenharia, obtemos o consumo unitário, em horas, de cada recurso por família de produto, mostrado pela Tabela 3. Tabela 3 - Consumo horário de recursos por família de produtos RECURSO FAMÍLIA Rústica PET Luxo Máquina de corte 0,08 0,07 0,13 Máquina de costura Overlock 0,07 0,07 0,08 Máquina de costura Reta 0,03 0,03 0,05 Bancada de serigrafia 0,00 0,10 0,17 Perfurador de alça 0,02 0,02 0,02 Linha de montagem 0,04 0,04 0,07 Fonte: os autores. Com esses dados, podemos prever a capacidade de produção necessária para aten- der exatamente cada mês, multiplicando a demanda do mês de cada família pelo consumo horário de recursos de cada família. Em seguida, somamos o consumo horário de cada família, para cada recurso. A Tabela 4 apresenta os resultados. Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 83 Tabela 4 - Comparação entre capacidade necessária e capacidade operacional disponível para atender exatamente a demanda prevista RECURSO QUANTIDADE DE HORAS NECESSÁRIAS - MÊS CAPACIDADE OPERACIONAL (H) JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Máquina de corte 87 99 118 152 157 164 132 Máquina de costura Over- lock 78 87 103 136 141 147 132 Máquina de costura Reta 35 40 47 60 62 65 132 Bancada de serigrafia 77 82 86 100 97 95 110 Perfurador de alça 22 25 29 38 40 42 154 Linha de montagem 47 53 63 80 83 86 220 Fonte: os autores. A empresa pode seguir basicamente três tipos de estratégia de capacidade de pro- dução: produção constante, produção acompanhando a demanda e agir sobre a demanda. Ainda, a empresa pode fazer uma combinação dessas três estratégias. Vamos elaborar o plano de produção utilizando a estratégia de produção constante, conforme os dados a seguir. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E84 Tabela 5 - Informações do Plano de Produção FAMÍLIA DO PRODUTO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Previsão de deman- da (1) Inserir a previsão de demanda para cada mês. Produção normal (2) Inserir a quantidade a ser produzida para cada mês. Produção extra (3) Inserir a quantidade a ser produzida com horas extras. Produção terceiriza- da (4) Inserir a quantidade a ser produzida em terceiros. Estoque inicial (5) Calcular o estoque inicial de cada período. Estoque inicial = Estoque final do período anterior. Estoque final (6) Calcular o estoque final de cada período. Estoque final = (2) + (3) + (4) + (5) - (1). Estoque médio (7) Calcular o estoque médio de cada período. Estoque mé-dio = [(5) + (6)] / 2. Atrasos (8) Informar o total de vendas perdidas em cada período devido à falta do produto para atender a demanda. Fonte: os autores. Realizando os cálculos apresentados no quadro anterior e determinando a pro- dução constante de 800 unidades, 700 unidades e 110 unidades para os produtos das famílias “Rústico”, “PET” e “Luxo”, respectivamente, obtemos os seguintes resultados. Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85 Tabela 6 - Plano de Produção da família “Rústica” FAMÍLIA: RÚSTICA JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Previsão de demanda 400 500 700 1000 1100 1200 Produção normal 800 800 800 800 800 800 Produção extra 0 0 0 0 0 0 Produção terceirizada 0 0 0 0 0 0 Estoque inicial 0 400 700 800 600 300 Estoque final 400 700 800 600 300 -100 Estoque médio 200 550 750 700 450 100 Atrasos 0 0 0 0 -100 Fonte: os autores. Tabela 7 - Plano de Produção da família “PET” FAMÍLIA: PET JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Previsão de demanda 600 600 600 800 800 800 Produção normal 700 700 700 700 700 700 Produção extra 0 0 0 0 0 0 Produção terceirizada 0 0 0 0 0 0 Estoque inicial 0 100 200 300 200 100 Estoque final 100 200 300 200 100 0 Estoque médio 50 150 250 250 150 50 Atrasos 0 0 0 0 0 0 Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E86 Tabela 8 - Plano de Produção da família “Luxo” FAMÍLIA: LUXO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Previsão de demanda 100 130 150 120 100 90 Produção normal 110 110 110 110 110 110 Produção extra 0 0 40 0 0 0 Produção terceirizada 0 10 0 10 0 0 Estoque inicial 0 10 0 0 0 10 Estoque final 10 0 0 0 10 30 Estoque médio 5 5 0 0 5 20 Atrasos 0 0 0 0 0 0 Fonte: os autores. Paralelamente ao desenvolvimento do Plano de Produção, realizamos os planos de Compras e de Produção Financeiro. Em relação aos materiais principais, a composição de cada família de produto é: 1. Família “Rústica”: tecido cru (juta ou algodão): 0,25m2/sacola. 2. Família “PET”: lonas PET: 0,50m2/sacola; TNT: 0,10m2/sacola; Tinta Serigráfica: 0,02L/sacola. 3. Família “Luxo”: tecido de algodão: 0,50m2/sacola; TNT: 0,10m2/sacola; Tinta Serigráfica: 0,02L/sacola. Com esses dados, podemos fazer o Plano de Compras para cada material, conforme mostrado pelas seguintes tabelas. Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 87 Tabela 9 - Plano de Compras de Tecido Cru PLANO DE COMPRAS - TECIDO CRU (M2) CONSUMO PREVISTO = CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “RÚSTICA” X PRODUÇÃO PLANEJADA PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIOJUN. Consumo Previsto 200 200 200 200 200 200 Consumo Real Estoques Iniciais 0 200 0 200 0 200 Compras Planejadas 400 0 400 0 400 0 Compras Reais Compras de Emergên- cia Estoques finais proje- tado 200 0 200 0 200 0 Estoques finais reais Fonte: os autores. Tabela 10 - Plano de Compras de Lona PET PLANO DE COMPRAS - LONAS PET (M2) CONSUMO PREVISTO = CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “PET” X PRODUÇÃO PLANEJADA PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Consumo Previsto 350 350 350 350 350 350 Consumo Real Estoques Iniciais 100 Compras Planejadas 250 350 350 350 350 350 Compras Reais Compras de Emergência Estoques finais projetado 0 0 0 0 0 0 Estoques finais reais Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E88 Tabela 11 - Plano de Compras de TNT PLANO DE COMPRAS - TNT (M2) CONSUMO PREVISTO = [CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “PET” X PRODUÇÃO PLANEJADA (“PET”)] + [CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “LUXO” X PRODUÇÃO PLANEJADA (“LUXO”)] PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Consumo Previsto 81 82 85 82 81 81 Consumo Real Estoques Iniciais 0 19 37 52 70 89 Compras Planejadas 100 100 100 100 100 0 Compras Reais Compras de Emergência Estoques finais projetado 19 37 52 70 89 8 Estoques finais reais Fonte: os autores. Tabela 12 - Plano de Compras de Tinta Serigráfica PLANO DE COMPRAS - TINTA SERIGRÁFICA (L) CONSUMO PREVISTO = [CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “PET” X PRODUÇÃO PLANEJADA (“PET”)] + [CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “LUXO” X PRODUÇÃO PLANEJADA (“LUXO”)] PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Consumo Previsto 16,2 16,4 17 16,4 16,2 16,2 Consumo Real Estoques Iniciais 0 1,8 0,7 0,8 0,6 0,6 Compras Planejadas 18,00 15,30 17,10 16,20 16,20 16,20 Compras Reais Compras de Emergência Estoques finais projetado 1,8 0,7 0,8 0,6 0,6 0,6 Estoques finais reais Fonte: os autores. Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 89 Quadro 13 - Plano de Compras de Tecido de Algodão PLANO DE COMPRAS - TECIDO DE ALGODÃO (M2) CONSUMO PREVISTO = CONSUMO UNITÁRIO FAMÍLIA “LUXO” X PRODUÇÃO PLANEJADA PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAI JUN. Consumo Previsto 55 60 75 60 55 55 Consumo Real Estoques Iniciais 0 0 0 0 0 0 Compras Planejadas 55 60 75 60 55 55 Compras Reais Compras de Emergência Estoques finais projetado 0 0 0 0 0 0 Estoques finais reais Fonte: os autores. Observe que, para alguns materiais, como o tecido cru, TNT e a Tinta Serigráfica, a compra deve ser feita em lotes de 400 m2, 100 m2 e 0,90mL. Esses lotes têm esses tamanhos devido a uma exigência da embalagem ou porque são os lotes econômicos de compra. Para elaborar o Plano de Produção Financeiro, precisamos conhecer os custos e o preços de venda: Lote econômico é o tamanho de lote de compra ou de produção que apre- senta a melhor relação de custos de armazenagem e de pedido. Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E90 1. Custo unitário produção normal: a. Família “Rústica”: R$ 2,00 b. Família “PET”: R$ 2,50 c. Família “Luxo”: R$ 3,00 2. Custo unitário produção terceirizada: a. Família “Rústica”: R$ 2,50 b. Família “PET”: R$ 3,00 c. Família “Luxo”: R$ 3,50 3. Custo unitário produção extra: a. Família “Rústica”: R$ 2,20 b. Família “PET”: R$ 2,70 c. Família “Luxo”: R$ 3,20 5. Custo de vendas perdidas: a. Família “Rústica”: R$ 2,20 b. Família “PET”: R$ 2,70 c. Família “Luxo”: R$ 3,20 6. Custo médio de estoque: a. Família “Rústica”: R$ 2,00 b. Família “PET”: R$ 3,00 c. Família “Luxo”: R$ 4,00 7. Preço de venda: a. Família “Rústica”: R$ 10,00 b. Família “PET”: R$ 15,00 c. Família “Luxo”: R$ 25,00 4. Custo unitário de matéria prima: a. Tecido cru: R$ 14/m² b. Lona PET: R$ 12/m² c. TNT: R$ 2/m² d. Tinta Serigrá�ca: R$ 14/l e. Tecido de Algodão: R$ 16/m² Figura 2 - Dados de custo e preço de venda para elaboração do Plano de Produção Financeiro Fonte: os autores. Caro(a) aluno(a), utilizando esses valores e o resultado do Plano de Produção, podemos elaborar o Plano de Produção Financeiro que conterá as seguintes informações: Planejamento Agregado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 91 Tabela 14 - Informações do Plano de Produção Financeiro PLANO DE PRODUÇÃO FINANCEIRO (1)Custo Produção Normal = somatório do produto entre o custo unitá-rio produção normal x produção normal. (2)Custo Compra M.P. = somatório do produto entre o custo uni- tário de cada M.P. x compras planejadas de cada M.P. (3)Custo Estoques = somatório do produto entre o custo médio de estoque x estoque médio de cada família. (4)Custo Terceirização = somatório do produto entre o custo unitário produção terceirizada x produção terceirizada. (5)Custo Vendas Perdidas = somatório do produto entre custo unitário de vendas perdidas x atrasos. (6) Custo produção extra = somatório do produto entre custo unitário de produção extra x produção extra. (7)Custo Total = (1)+(2)+(3)+(4)+(5)+(6). (8)Receita Vendas = somatório do produto entre preço de venda de cada família x demanda. (9)Resultado Operacional = (8)-(7). (10)Resultado Operacional Acu- mulado = (9) + (10) do período anterior. Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E92 Realizando os cálculos, obtemos o seguinte Plano de Produção Financeiro. Tabela 15 - Plano de Produção Financeiro da fábrica de sacolas ecológicas PERÍODO JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. Custo Produção Normal (R$) 3.680,00 3.680,00 3.680,00 3.680,00 3.680,00 3.680,00 Custo Compra M.P. (R$) 10.346,00 5.926,10 11.832,70 5.959,40 11.479,40 5.679,40 Custo Estoques (R$) 570,00 1.570,00 2.250,00 2.150,00 1.370,00 430,00 Custo Terceirização (R$) - 35,00 - 35,00 - - Custo Vendas Perdidas (R$) - - - - - 2.000,00 Custo Total (R$) 14.596,00 11.211,10 17.762,70 11.824,40 16.529,40 11.789,40 Receita Vendas (R$) 15.500,00 17.250,00 19.750,00 25.000,00 25.500,00 26.250,00 Resultado Operacional (R$) 904,00 6.038,90 1.987,30 13.175,60 8.970,60 14.460,60 Resultado Operacional Acumulado (R$) 904,00 6.942,90 8.930,20 22.105,80 31.076,40 45.537,00 Fonte: os autores. Caro(a) aluno(a), podemos considerar outras estratégias de produção e refa- zer os cálculos dos Planos de Produção, de Compras e de Produção Financeiro, comparando os resultados, para escolher a melhor opção. Planejamento de Vendas e Operações Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 93 PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES O planejamento de vendas e operações (PVO), também conhecido como Sales and Operations Planning (S&OP), é um dos principais processos de planejamento dentro da gestão de uma organização devido a sua interligação direta com o pla- nejamento estratégico e com o planejamento operacional. Deacordo com Corrêa e Corrêa (2008), o PVO possui como características as revisões mensais e ajus- tes contínuos nos planos da empresa. Isso é necessário por causa das flutuações de demanda e disponibilidade de materiais e serviços. Corrêa e Corrêa (2008) citam que, se os objetivos a seguir forem efetivados e alcançados, então, o PVO está sendo executado corretamente e com eficiên- cia. Os objetivos são: • Suportar o plano estratégico. • Dar garantia de que os planos estejam dentro da realidade. • Mudanças gerenciadas de maneira eficaz. ©shutterstock O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E94 • Administrar os estoques finais e os pedidos para garantir o bom nível de serviço nas entregas. • Avaliação de desempenho. • Treinamento e desenvolvimento de equipe. Assim, caro(a) aluno(a), utilizaremos o planejamento agregado (visto ante- riormente) no planejamento de vendas e operações. Isso deve-se ao fato de que é mais prático analisarmos um grupo de produtos ou a taxa de produção do que analisarmos item por item, produto por produto ou ordem de serviço por ordem de serviço. Algumas informações são importantes serem destacadas, como o histórico de desempenho, o estado atual, os parâmetros utilizados, as previsões e as res- trições externas. As informações precisam estar claramente especificadas para o momento de tomada de decisão, mas não é necessário uma ferramenta muito complexa ou sofisticada, ou seja, as empresas utilizam planilhas eletrônicas de acordo com a sua necessidade particular. Um estudo de caso foi aplicado em uma indústria do ramo alimentício e teve o intuito de analisar o gerenciamento da cadeia de abastecimento, mostrando que há melhora na eficiência operacional e redução de custo ao aplicar o planejamento de vendas e operações. Para saber mais acesse o link: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_ STP_177_014_22630.pdf>. Fonte: os autores. Planejamento de Vendas e Operações Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 Observe o exemplo: A empresa View (fictícia) produz esquadrias em alumínio para atender cons- truções de casas e edifícios (residenciais e empresariais). Na tabela a seguir, a empresa apresentou o Planejamento de Vendas e Operações para ser analisado mensalmente durante o total de 6 meses. Quadro 16 - Exemplo de planilha para PVO da empresa View HISTÓRICO PLANEJAMENTO MESES OUT/15 NOV/15 DEZ/15 JAN/16 FEV/16 MAR/16 ABR/16 MAI/16 JUN/16 Plano de Vendas Plano Atual 700 500 400 400 600 700 700 700 Novo Plano 710 515 403 420 602 700 710 710 700 Diferença 10 15 3 Diferença Acumulada 10 25 28 Plano de Produção Plano Atual 750 520 480 500 550 720 700 710 Novo Plano 735 515 475 500 500 750 730 700 700 Diferença -15 -5 -5 Diferença Acumulada -15 -20 -25 Estoque Final Plano Atual 150 50 50 100 100 120 150 130 Novo Plano 100 20 30 80 90 115 120 120 95 Diferença -50 -30 -20 Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E96 800 700 600 500 400 300 200 100 0 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16dez/15 Estoque Vendas Produção Figura 3 - Exemplo de gráfico para PVO da empresa View Fonte: os autores. Caro(a) aluno(a), analisando esses dados da empresa View, podemos constatar que a planilha está dividida em: plano de vendas, plano de produção e estoque final. Dentro desses três itens, verificamos, também, que existem dois planos, o primeiro é o plano atual que informa as decisões do PVO do ciclo anterior e o segundo é o novo plano que informa as decisões do PVO no ciclo atual. Podemos, portanto, avaliar que as vendas estão maiores que o planejado, a produção está com dificuldades em atingir as metas estabelecidas e houve uma redução não planejada no estoque do produto final. Seguindo a lógica do PVO, o desempenho de vendas da empresa durante o período analisado não atendeu às expectativas planejadas. O diferente do espe- rado é ruim, independente se for para mais ou para menos, já que foi elaborado um plano e o objetivo era cumprí-lo. Tudo o que não é planejado gera, automa- ticamente, custos não planejados, interferindo no lucro da empresa. Então, deve-se analisar e avaliar as causas desses desvios da produção e das vendas, fazendo os seguintes questionamentos: podemos eliminar essas causas? Os dados utilizados são reais ou irreais? Qual é o desempenho esperado para o futuro? Existe mercado ainda para esses produtos? Podemos aprimorar a previ- são de vendas? E o plano de produção precisa ser adequado? Planejamento de Vendas e Operações Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 Aperfeiçoando o PVO, o retorno que ele lhe apresentará é uma melhor inte- gração entre as áreas funcionais de uma organização. Segundo Vollmann et al. (2006), quando o plano de operações e vendas for consistente entre os altos níveis das áreas funcionais da organização, poderemos obter planos detalhados que resultarão em objetivos comuns e, além disso, haverá a melhoria na comu- nicação e apresentarão um sistema mais transparente. Vollmann et al. (2006) ainda afirma que existem muitas empresas que não possuem o planejamento de vendas e operações, o que é muito ruim, por mais que as expectativas sejam atendidas, mas sempre haverá um preço a se pagar. E esse preço será a crise organizacional (estoque extra, atendimento ao cliente fraco, excesso de capacidade, prazos de entrega grandes, respostas ineficientes e operações descontroladas). O processo de Planejamento de Vendas e Operações possui cinco etapas, de acordo com Corrêa e Corrêa (2008). Quadro 4 - Etapas do PVO Levantamento de dados Apresentar dados históricos e atuais (vendas, produção e estoque). Planejamento de demanda Apresentar a gestão das previsões e a elaboração do plano de vendas. Planejamento de Materiais e Capacidade Apresentar se há restrições de mate-riais e de capacidade. Reunião Preliminar de PVO Envolver demais setores para análise dos planos, identificar problemas e dar alternativas. Reunião Executiva de PVO Envolver a alta direção, mensalmente, para validação dos planos. Fonte: os autores. Então, o resultado é um plano de operações atualizado que deve atender às demandas até o próximo ciclo, todavia, para transformar em um plano mes- tre de produção é necessário desagregar, conforme veremos no próximo tópico. ©shutterstock O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E98 PLANEJAMENTO MESTRE DA PRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), vamos, agora, estudar o Planejamento Mestre da Produção, conhecido, também, na língua inglesa, como Master Production Schedule (MPS). Segundo Tubino (2009), o Planejamento Mestre da Produção realiza a liga- ção entre o planejamento tático e o planejamento operacional, ou seja, haverá o desmembramento de planos produtivos a longo prazo (estratégico) em planos detalhados de produtos acabados. O resultado do planejamento mestre da produção é conhecido como Plano Mestre de Produção (PMP). Esse plano direcionará as etapas de programa- ção e execução de atividades relacionadas ao setor operacional, como linha de montagem, fabricação e compras. Ainda, formalizará todas as decisões que foramtomadas no que diz respeito à necessidade de produto acabado durante determinado período. Portanto assume-se o compromisso em fabricar produto intermediário interno, produtos finais e compra de matéria-prima externa. Vollmann et al. (2006) diz que o PMP é uma tradução do PVO em bens produzíveis, visto que será um plano para produção de produtos específicos em que será determinada quantidade e momento de produção. Ou seja, sobre Planejamento Mestre da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 determinado objetivo da empresa, o PVO nos informará um relatório agregado do volume de produção necessário e o PMP nos informará os produtos especí- ficos que compõem esse volume de produção. De acordo com Lustosa et al. (2008), o PMP é subdividido em quatro está- gios temporais, no qual podemos analisar a seguir. Porém vale lembrar que a duração de cada estágio irá variar de acordo com o tipo de produção. 1 CONGELADO FIRME CHEIO ABERTO 2 3 4 6 7 95 8 10 11 12 Figura 4 - Estágios temporais do PMP Fonte: os autores. 1º estágio: a programação está congelada e refere-se aos primeiros perío- dos, entre dois a quatro períodos. Geralmente é proibido realizar qualquer tipo de alteração devido ao custo de alteração na programação e consequências. 2º estágio: a programação está firme durante três períodos, aproximada- mente. As alterações realizadas ainda são perturbadoras, porém em um grau menor de extensão e complexidade. 3º estágio: a programação está cheia, pois a capacidade que estava disponí- vel foi alocada. Mudanças realizadas serão bem absorvidas sem consequências. 4º estágio: a programação está aberta, ou seja, não há o menor problema ao realizar alterações na programação. Existem grandes áreas de decisões que devem ser tomadas na gestão inter- mediária, a qual fica encarregada em desenvolver planos mais detalhados a curto prazo por estar entre os planos estratégicos e a execução no nível tático. Então, o papel do PMP será desagregar o PVO e, junto com outros setores (é um desafio!), planejar as operações (execução) de forma que atenda a todas as necessidades da demanda, tentando manter a estabilidade das taxas de produção com o mínimo de estoque possível considerando sempre os custos envolvidos (CORRÊA; CORRÊA, 2008). O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E100 Existem alguns softwares que realizam o registro de dados do PMP, mas, ini- cialmente, você pode utilizar planilhas simples de cálculos e, de acordo com a necessidade da empresa, evoluir para esses softwares mais complexos. Vamos analisar um exemplo? Em uma empresa que fábrica lustres para ambien- tes internos de residências, o estoque inicial é de 50 unidades, e a produção dos lustres é feita em lotes de 150 unidades. Temos as seguintes informações para um mês (4 semanas): Tabela 17 - Dados iniciais PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Fonte: os autores. Você pôde verificar que a equipe de vendas possui uma previsão de vendas dos lustres para cada semana. Também já existem pedidos confirmados em todas as semanas analisadas, mas ainda precisam atingir a previsão de vendas nas sema- nas 2, 3 e 4. O estudo de caso sugerido agora desenvolveu e implementou técni- cas de planejamento e controle da produção, sendo uma delas o plane- jamento mestre da produção, em uma pequena empresa de bolsas. Para saber mais, acesse o link: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_ STO_206_221_26527.pdf>. Fonte: os autores. Planejamento Mestre da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 Agora, teremos que calcular o estoque projetado para cada período. Esse esto- que projetado é calculado da seguinte maneira: (3) = + – Para o primeiro período, utilizaremos as seguintes informações a serem aplica- das na fórmula: o estoque projetado anterior = estoque inicial = 50 unidades, o recebimento do PMP = 0 e o consumo esperado é o maior valor entre a previsão de demanda e os pedidos em carteira, ou seja, nesse caso, consumo esperado = 45 unidades. Agora, faça o cálculo para o segundo período. Tabela 18 - Cálculo do estoque projetado PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Estoque projetado 5 -45 Fonte: os autores. Observe que o estoque projetado do segundo período apresentou um número negativo, isso quer dizer que será necessário adquirir material para atender o consumo esperado. Então, deve-se somar o valor correspondente ao lote de pro- dução. Veja: 5 + 150 - 50 = 105. Agora, dê continuidade aos cálculos. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E102 Tabela 19 - Cálculo estoque projetado com recebimento do PMP PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Estoque projetado 5 105 40 130 PMP 150 150 Fonte: os autores. Portanto, caro(a) aluno(a), você pôde perceber que, além do segundo período, houve a necessidade em receber do PMP, também, no quarto período. Conforme Lustosa et al. (2008), os itens interessantes ao PCP são “rece- bimento do PMP” e “Início do PMP”, haja vista que informam o tempo e a quantidade de produção. Já para o setor de vendas, é interessante saber, baseado no PMP, o quanto de material há disponível para vender, ou seja, o item “dispo- nível para promessa”. O início do PMP serve para que o PCP saiba quando deve ser liberada a ordem de fabricação ou ordem de produção, por isso, incluímos na tabela a seguir. Assim, verifique que o lead time de produção, nesse caso, é de uma semana. Tabela 20 - Identificação do início do PMP PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Estoque projetado 5 105 40 130 PMP 150 150 Início do PMP 150 150 Fonte: os autores. Conforme o tempo vai passando, novos pedidos em carteira são fechados pelo setor de vendas, assim, cada vez mais se aproximará da previsão. Por isso, é necessário que a equipe de vendas tenha o conhecimento do momento futuro que poderá prometer a entrega total dos produtos aos clientes. Planejamento Mestre da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 Agora, conseguiremos determinar o estoque disponível para promessa. Esse item, porém, só deve ser calculado no momento inicial e nos períodos em que ocorre o “recebimento do PMP”. Para o primeiro período, vamos lá, basta pegar o valor do estoque inicial e subtrair o valor do pedido em carteira. Nesse caso, teremos 50 - 45 = 5. Qual é o período que há “recebimento do PMP”? No segundo período, correto? Então, no segundo período, vamos utilizar o valor do recebimento do PMP e subtrair os valores dos pedidos em carteira apresentados no segundo e terceiro períodos, visto que, no quarto período, ocorrerá um novo recebimento. Veja: Tabela 21 - Cálculo da disponibilidade para promessa PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Estoque projetado 5 105 40 130 PMP 150 150 Disponível para pro- messa 5 95 148 Fonte: os autores.Podemos verificar, por meio das tabelas, que a maior parte do estoque está com- prometida a curto prazo, havendo mais disponibilidade para vendas futuras. Vale destacar que essas informações são de grande importância, tanto para o setor de produção quanto para o setor de vendas, por isso, deve haver uma grande sinto- nia e comunicação entre diversas áreas da mesma organização. A tabela a seguir mostra o resultado final do plano mestre de produção. À medida que a empresa vai recebendo os pedidos, a planilha deve ser atualizada para que todos fiquem cientes de como está o andamento do planejamento, de quanto é possível prometer produtos aos clientes para que não haja insatisfação dos clientes e problemas com atrasos ou falta de material. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E104 Tabela 22 - Cálculo da disponibilidade para promessa acumulada PERÍODOS 1 2 3 4 ... N (SEMANAS) Previsão de demanda 40 50 65 60 Pedidos em carteira 45 37 18 2 Estoque projetado 5 105 40 130 PMP 150 150 Início do PMP 150 150 Disponível para pro- messa 5 95 148 Disponível para promessa acumulado 5 100 100 248 Fonte: os autores. Sendo assim, o processo de revisão deve ser constante e, de acordo com Lustosa et al. (2008), o PMP deve estar viável com relação aos fatores custos, capacidade e prazo, para que seja autorizado e para que ocorra a transferência de dados para o MRP. O próximo passo é repassar as informações desse plano para os níveis opera- cionais para garantir que as matérias-primas e a capacidade de produção estejam disponíveis. E é o que veremos no próximo tópico. Se, por acaso, o PMP não esteja viável, deve-se trabalhar novamente em cima dele e, se for necessário, o planejamento agregado precisará passar por uma nova revisão. ©shutterstock Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 PLANEJAMENTO DAS NECESSIDADES DE MATERIAIS Caro(a) aluno(a), estamos chegando ao último tópico desta unidade, o Planejamento das Necessidade de Materiais, mais conhecido como Materials Requirement Planning (MRP). O MRP (Materials Requirements Planning, traduzindo, Planejamento das Necessidades de Materiais) é um modelo de controle de estoque direto que se baseia em cálculos de quantidade de material necessário para que possa ocor- rer a produção durante determinado período, utilizando ou não equipamentos computacionais avançados e softwares de planilha de dados, de acordo com Tubino (2006). É necessário considerar se os recursos produtivos terão capacidade suficiente para executar o MRP gerado, pois leva-se em consideração um carregamento infinito de recursos, porém muitos desses recursos possuem capacidades finitas. A demanda, analisada lá no Planejamento de Capacidade, é um item essencial- mente importante na modelagem de um sistema de gerenciamento de materiais, pois a instabilidade pode acarretar a falência e ruptura do sistema de produção da organização (LUSTOSA et. al., 2008). O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E106 Slack et al. (2002) afirmam que esse sistema auxilia os cálculos da empresa quanto à determinação da quantidade de material para que seja providenciada a tempo. Após surgir a tecnologia dos computadores que revolucionaram os cálcu- los em termos de rapidez e facilidade, o conceito também foi expandido, assim, as informações específicas somente a um setor integrou-se aos outros setores da empresa, surgindo o MRP II (Manufacturing Resource Planning, traduzindo, Planejamento dos Recursos de Manufatura). O MRP II, além de realizar o controle das matérias-primas e produtos acaba- dos, realiza, também, o controle de mão de obra, insumos, equipamentos, espaços disponíveis para armazenagem, instalações estruturais da empresa, entre outros. Porém, com o aumento da capacidade de processamento dos computadores devido às novas tecnologias que estão surgindo, a atividade de controle também cresceu, ou seja, aumentou os recursos analisados envolvidos no controle do pro- cesso produtivo (MARTINS; LAUGENI, 2005). Segundo Corrêa e Corrêa (2008), o MRP possui uma lógica conhecida como backward scheduling, ou seja, possui uma visão futura da necessidade de mate- riais (produto acabado), assim, a partir dessa visão futura, encontra-se, para trás (no tempo), as necessidades de componentes nível por nível. Por isso, é conhe- cido como programação para trás. Para que as empresas fiquem à frente dos concorrentes e sobrevivam à exi- gente competitividade do mercado, a necessidade de estoque de segurança é muito importante para que haja um atendimento eficiente e eficaz quando solicitado, por meio de pedidos, pelo cliente, deixando-o com satisfação e boa impressão quanto ao atendimento. Levando isso em conta, a otimização do fluxo de mate- riais é fundamental para manutenção do estoque, tendo influência nos custos logísticos da empresa (SOLON; FINOTTI, 2010). Argenton, Prudenciato e Rodrigues (2008) identificam dois objetivos princi- pais do MRP: saber o que, quanto e quando encomendar e para quando receber; e manter as prioridades atualizadas relacionadas à oferta e demanda. Também possui insumos básicos, que são: Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 107 • Programa mestre de produção: o qual deve identificar prazos e o que será produzido. • Registro de estoque: saber o quanto de produto está disponível para produção. • Conta de materiais: ficha na qual se encontram informações sobre os materiais utilizados na produção. A lista de materiais é um conjunto de informações e dados quantitativos que determinam o que é necessário, em relação a peças, componentes, insumos e matérias-primas para se produzir uma unidade de produto acabado, de acordo com Stevenson (2001). Já Lustosa et al. (2008) apresenta alguns tipos de cons- trução de uma lista de materiais, como, por exemplo, lista endentada, matriz de classificação cruzada, lista modular e árvore de prazos. Martins e Laugeni (2005) dizem que a montagem de uma lista de mate- riais é a parte mais difícil e trabalhosa, uma vez que todos os produtos a serem fabricados devem ser “explodidos” a fim de identificar seus componentes, sub- componentes, entre outros. Outra dificuldade é a manutenção e atualização dessa lista de materiais, por isso, existem as ECO’s (engineering change order), ou seja, são esses softwares que realizam as alterações, facilitando as programa- ções e constantes mudanças de datas. Para a montagem do MRP, após conhecimento da lista de materiais, deve- -se definir a estrutura do produto ou árvore do produto. A árvore do produto possui, em sua composição, os elementos itens filhos e itens pais. Os itens filhos são os componentes necessários para se produzir um produto intermediário ou o produto final, o qual é chamado de item pai, conforme Corrêa e Corrêa (2008). Stevenson (2001) diz que a árvore de estrutura do produto mostra uma melhor visualização dos conjuntos e subconjuntos necessários para a produ- ção de determinado produto. É útil para ilustrar como deverão ser utilizados os dados constantes na lista de materiais para determinar as quantidades de com- ponentes para obtenção do número desejado de produtos acabados. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICODA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E108 Soro �siológico Caseiro Água Sal Açucar Recipientede vidro Tampa Figura 5 - Exemplo árvore de produto Fonte: os autores. De acordo com Slack et al. (2002), a forma da estrutura do produto está intima- mente ligada ao projeto. Essa forma é definida pelo número de componentes de cada nível, ou seja, quanto maior o número de itens, mais larga será a estrutura do produto. Então, se a maioria dos itens for comprada pronta, a estrutura será mais horizontal, sem muitos níveis. Caso haja itens filho que são produzidos na produção, então, a estrutura do produto será mais vertical, com vários níveis. A seguir, quatro formas típicas de estrutura de produto: • Em forma de A: quando existe somente um produto final, sendo que esse produto acabado é formado por diversos componentes, deixan- do-a bem horizontal. • Em forma de T: quando a variedade de matéria-prima é pequena, porém alta variedade de produto final, ou seja, os produtos a serem produzidos são personalizados, específicos a um cliente. • Em forma de V: quando se tem pouca variedade de matéria-prima e grande variedade de produtos e subprodutos, dependendo de pequenas mudanças na composição do conjunto de matérias-primas. • Em forma de X: quando existe um pequeno número de módulo-padrão. Esses módulos padronizados são representados pelo X e são combinados com uma seleção específica de acessórios, resultando em uma grande quantidade e diversificados de produtos finais. Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 109 Em forma de “A” Em forma de “T” Em forma de “V” Em forma de “X” Figura 6 - Diferentes formas de estrutura de produto Fonte: Slack et al. (2009). O cálculo das necessidades líquidas, segundo Corrêa e Corrêa (2008), é conhe- cida como “explosão das necessidades líquidas”, ou seja, é a quantidade em estoque deduzida das necessidades brutas calculadas, para sugerir a ordem de compra e produção. Segundo Stevenson (2001), no processamento do MRP, reúnem-se informa- ções constantes no programa mestre de produção e na lista de materiais. Assim, durante a execução do MRP, observa-se os seguintes passos: Necessidade bruta: é a quantidade da demanda esperada total para deter- minado produto ou para algum produto intermediário em cada período, sem considerar as quantidades disponíveis em estoque. Recebimentos programados: são os pedidos já programados que estão em aberto. Estoque disponível projetado: é a quantidade de estoque que deverá estar disponível no início de cada período. Calcule-se como a soma do estoque dis- ponível do período anterior com os recebidos programados. Necessidades líquidas: é a quantidade real necessária de material para pro- dução em um determinado período. Recebimento de ordens planejadas: é a quantidade que se espera receber no início de cada período. Assim, qualquer excedente será adicionado ao pró- ximo período. Emissões de ordens planejadas: são os mesmos valores dos recebidos de ordens planejadas, mas estarão defasados pelo lead time, ou seja, indicando a quantidade planejada a receber num determinado período. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E110 Caro(a) aluno(a), vamos analisar um exemplo com as informações estudadas até o momento. Uma empresa produz canetas, e você possui a informação de que se precisa produzir 1000 canetas de cor azul. Primeiro, deve-se montar a árvore do produto. Tampa Corpo Caneta azul Tubo interno Plástico 100g Plástico 100g Corpo do tubo Plástico 10g Tinta azul 1,5 ml Ponteira de metal Plástico 5g Tampa �nal Figura 7 - Árvore do produto - exemplo caneta azul Fonte: os autores. O objetivo apresentado nesse estudo de caso foi verificar e identificar a im- portância do MRP em uma empresa metalmecânica. Os resultados do estu- do mostraram: agilidade no cálculo das necessidades de materiais, prazos de entrega dos produtos atendidos, acuracidade dos estoques, programa- ção da produção com flexibilidade, redução de custos, redução de desper- dícios e aumento da produtividade fabril. Fonte: Guerra, Silva e Tondolo (2014)1. Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 111 Agora, vamos colocar os materiais necessários explodidos em uma lista e aprovei- taremos para analisar a quantidade que será necessária para atender a demanda total. Tabela 23 - Lista de materiais e explosão do produto ITEM QTD. É COMPRADO OU PRODUZIDO? TEMPO DE AQUISIÇÃO OU PRODUÇÃO Caneta Azul 1000 un. Produzido 1 semana Tampa 1000 un. Produzido 1 semana Corpo 1000 un. Produzido 1 semana Tubo interno 1000 un. Produzido 1 semana Tampa final 1000 un. Produzido 1 semana Plástico (tampa) 10 kg Comprado 1 semana Plástico (corpo) 100 kg Comprado 1 semana Corpo do tubo 1000 un. Produzido 1 semana Tinta azul 1,5 L Comprado 1 semana Ponteira de metal 1000 un. Comprado 2 semanas Plástico (tampa final) 5 kg Comprado 1 semana Plástico (tubo interno) 10 kg Comprado 1 semana Fonte: os autores. Você pôde observar que já incluímos na tabela o item “Tempo de aquisição ou produção” para conseguirmos realizar o planejamento das necessidades de mate- riais. Atualmente, as empresas querem ficar com o mínimo de estoque possível em seu processo de produção. Por isso, conforme Corrêa e Corrêa (2008, p. 551), “a lógica mais desejável seria a de se comprar os materiais não no momento mais cedo, mas no momento mais tarde possível”. Agora, vamos representar esses tempos, conforme a Figura 8. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E112 Plástico Plástico Plástico Ponteira de metal Tampa Caneta azul Corpo Tinta azul Plástico Corpo do tubo Tubo interno Tampa nal Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Figura 8 - Representação do tempo Fonte: os autores. Podemos, portanto, verificar que a caneta demora 5 semanas para ser produ- zida. Supondo que esse pedido de 1000 canetas azuis tenha que ser entregue na semana 28 desse ano, então, para que a empresa possa atender o cliente no prazo, temos que iniciar a produção desse pedido na semana 24. Por isso que as ações a serem tomadas devem ser: Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 113 Tabela 24 - Ações a serem tomadas SEMANA AÇÃO Semana 23 Nenhuma. Semana 24 Liberar ordem de compra de 10 kg de plástico (tubo interno). Liberar ordem de compra de 1000 un. da ponteira de metal. Semana 25 Liberar ordem de compra de 10 kg de plástico (tampa). Liberar ordem de compra de 100 kg de plástico (corpo). Liberar ordem de compra de 1,5L de tinta azul. Liberar ordem de produção de 1000 un. do corpo do tubo. Liberar ordem de compra de 5 kg de plástico (tampa final). Semana 26 Liberar ordem de produção de 1000 un. de tampa. Liberar ordem de produção de 1000 un. de corpo. Liberar ordem de produção de 1000 un. do tubo interno. Liberar ordem de produção de 1000un. da tampa final. Semana 27 Liberar ordem de produção de 1000 un. da caneta azul. Semana 28 Entregar 1000 un. de caneta azul. Fonte: os autores. É certo que sempre haverá estoque nas empresas, nem que seja o estoque mínimo. Então, a lógica do MRP é chamada de “programação para trás”, vejamos o por- quê (CORRÊA; CORRÊA, 2008). Para que possamos entregar 1000 canetas azuis na semana 28, temos que ter a disponibilidade dos componentes na semana 27. Caso você consiga obter a informação sobre a quantidade de estoque desses componentes na semana 27, então, o MRP fará o seguinte cálculo: O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E114 Tabela 25 - Cálculo das necessidades líquidas na semana 27 ITEM NECESSIDADE BRUTA DE DISPONIBILIDADE PARA A SEMANA 27 ESTOQUE PROJETADO DISPONÍVEL NA SEMANA 27 NECESSIDADE LÍQUIDA DE OBTENÇÃO EFETIVA PARA A SEMANA 27 Tampa 1000 un. 420 un. 580 un. Corpo 1000 un. 0 un. 1000 un. Tubo interno 1000 un. 630 un. 370 un. Tampa final 1000 un. 2000 un. 0 un. Fonte: os autores. E para as semanas 26 e 25? O que acontece? Vamos observar? Tabela 26 - Cálculo das necessidades líquidas na semana 26 ITEM NECESSIDADE BRUTA DE DISPONIBILIDADE PARA A SEMANA 26 ESTOQUE PROJETADO DISPONÍVEL NA SEMANA 26 NECESSIDADE LÍQUIDA DE OBTENÇÃO EFETIVA PARA A SEMANA 26 Plástico (tampa + corpo + tampa final) 5,8 kg + 100 kg + 0kg = 105,8 kg 214,3 kg 0 kg Ponteira de Metal 370 un. 200 un. 170 un. Tinta azul 0,555 L 4,2 L 0 L Corpo do tubo 370 un. 0 un. 370 un. Fonte: os autores. Tabela 27 - Cálculo das necessidades líquidas na semana 25 ITEM NECESSIDADE BRUTA DE DISPONIBILIDADE PARA A SEMANA 25 ESTOQUE PROJETADO DISPONÍVEL NA SEMANA 25 NECESSIDADE LÍQUIDA DE OBTENÇÃO EFETIVA PARA A SEMANA 25 Plástico (tubo inter- no) 3,7 kg 108,5 kg 0 kg Fonte: os autores. Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 Traduzindo as informações para a figura a seguir, observamos que ainda deve- -se ter uma programação de 5 semanas antecipadas em relação à semana da entrega, porém existem materiais disponíveis, ou seja, não há necessidade em adquirir mais matéria-prima. Plástico Plástico Plástico Ponteira de metal Tampa Caneta azul Corpo Tinta azul Plástico Corpo do tubo Tubo interno Tampa nal Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Figura 9 - Representação do tempo com estoque Fonte: os autores. Ao elaborar um MRP, considera-se informações determinísticas em relação ao suprimento, demanda e capacidade de produção. Contudo sempre existirão flu- tuações (LUSTOSA et al., 2008). Então, sugere-se algumas medidas, como: • Determinar uma margem de segurança em relação à demanda. • Definir uma margem de segurança em relação ao prazo de processa- mento (lead time), ou seja, realizar um estoque de tempo. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E116 Esse sistema é uma programação para avaliar e determinar a quantidades de materiais necessárias em um curto período de tempo, assim, oscilações não previstas acontecerão, por isso, deve ser controlado e revisado constantemente. Uma forma de atender essa variação é utilizando o MRP regenerativo, ou seja, determina novos planos a partir do plano original. Constantes mudanças no plano de produção e nas ordens de produção fazem com que o sistema se torne instável. Lustosa et al. (2008) propõe a solu- ção de verificar se o sistema está adequado ao plano de produção para atender da melhor maneira a produção da empresa. Também é preciso verificar se o plano gerado pelo MRP poderá ser execu- tado, considerando a capacidade de produção e a taxa de ocupação das unidades de produção (LUSTOSA et al., 2008). Assim, deve-se fazer o planejamento da capacidade dos recursos (Capacity Resource Planning). A tabela seguinte apresenta a capacidade operacional da estação de traba- lho que produz as tampas do nosso exemplo de caneta. Ele mostra a capacidade operacional, em horas-máquina disponíveis, para cada turno de trabalho e a pro- gramação de produção de cada lote de tampa. Tabela 28 - Capacidade operacional e carregamento de estação que fabrica tampa de caneta PERÍODO LOTE 1 2 3 4 01VM 40 02AZ 20 03PT 80 04AZ 120 05PT 30 06AZ 50 Capacidade operacional 130 130 130 130 Fonte: os autores. Planejamento das Necessidades de Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 117 Caro(a) aluno(a), por meio da tabela, observamos que, para o turno 3, há uma sobrecarga de capacidade (estão disponíveis 130 horas-máquina e a carga é de 150 horas-máquina). Assim, o PMP e seu MRP não serão exequíveis. Embora o planejamento de capacidade em longo prazo busca anteceder e lidar com essas situações de falta de capacidade, ainda pode existir pequenos desbalanceamen- tos, por isso, é preciso tomar uma das seguintes ações (LUSTOSA et. al., 2008): • Terceirizar a produção ou processar em paralelo (overlapping): consiste em produzir um ou mais lotes em outra planta da empresa ou em um ter- ceiro. Por exemplo, o lote 05PT poderia ser produzido em outra empresa. • Dividir o lote: divide-se um grande lote em lotes menores, processando cada parte em um turno de trabalho. Por exemplo, o lote 04AZ pode- ria ser dividido em lotes de 100 e 30 unidades. A primeira parte do lote 04AZ, de 100 unidades, seria produzida no turno 3, juntamente com o lote 05PT; a segunda parte do lote, de 30 unidades, seria produzida no turno 4, juntamente com o lote 06AZ. Nesse caso, a programação do PMP será alterada e deve ser avaliada com o cliente a possibilidade de entrega parcial dos lotes em data diferente da originalmente acordada. • Remanejar o lote: consiste em produzir um lote antes ou depois da data originalmente programada. Por exemplo, para “aliviar” o carregamento do turno 3, o lote 05PT poderia ser produzido no turno 1 ou 2. Nesse caso, é preciso verificar os efeitos dessa antecipação nos custos de arma- zenagem. O lote 05PT poderia, ainda, ser produzido no turno 4. Nesse caso, a programação do PMP será alterada e deve ser avaliado com o cliente a possibilidade de entrega atrasada do lote. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E TÁTICO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E118 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final da nossa segunda unidade do livro de Planejamento e Controle da Produção. Você pôde perceber que haverá sempre uma relação entre cada um desses planos. Há uma dependência que deve ser acompanhada de perto e constan- temente para que os gestores da empresa possam ter dados coerentes com a realidade, informações precisas, corretas e, principalmente, para que as decisões sejam tomadas a favor do crescimento e melhoria da organização. O tempo gasto com os planos, com certeza, pode ser (e deve ser) conside- rado como um investimento, haja vista que um plano adequado com a realidade da empresa e do mercado diminuirá mudanças de última hora. O objetivo dos planos é prever o acontecimento da produção o mais próximo da realidade. Pode-se, então, adquirir antecipadamente os recursos e tomar as decisões em níveis estratégicoe tático para atenderem, da melhor maneira, a demanda por produtos e serviços. São passos básicos e pequenos que são dados de acordo com o tempo, pre- parando-se para o futuro por meio de planejamentos organizados com metas e objetivos definidos. Tenha certeza de que, sem a aplicação e atualização cons- tante do planejamento, onde quer que se aplique, fará uma enorme diferença nas tomadas de decisão, em comparação a erros e acertos, custo versus benefício. Portanto, para que a melhoria contínua esteja intrínseca no seu cotidiano e nas suas atividades, todos os planejamentos estudados compõem o planeja- mento e controle da produção (PCP) a fim de sempre otimizarem os processos e minimizar perdas. Destacamos que os conceitos aqui apresentados podem ser adaptados para a realidade e necessidades de cada empresa, sendo aplicados especificamente para uma determinada situação, independente se a produção são bens de consumo ou prestação de serviços. Por exemplo, softwares para o planejamento e controle da produção são baseados em tais conceitos e permi- tem a análise de mais informações sobre a produção. 119 1. Para as seguintes unidades de operação, defina uma unidade de capacidade em termos de volume de produção. a. Um metrô. b. Uma aciaria (unidade produtiva onde o ferro-gusa é convertido em aço). c. Uma empresa de manutenção de sofás. d. Montadora de caminhões. e. Centro cirúrgico de um hospital. 2. Qual é o impacto de capacidade de produção ociosa no custo, receita, capital de giro, qualidade, velocidade, confiabilidade e flexibilidade de uma empresa? 3. Elabore o plano de produção utilizando a planilha a seguir, a partir dos seguin- tes dados: • Previsão de demanda - próximos 6 meses: 200, 200, 300, 300, 400 e 200. • Política de produção: manter a produção constante em 250 unidades por mês. • Produção extra: mês 4 - 40 unidades e mês 5 - 40 unidades. • Custo unitário de produção em turno normal: R$ 8,00. • Custo unitário de produção em turno extra: R$ 12,00. • Custo unitário do produto terceirizado: R$ 16,00. • Custo médio de estoque: R$ 4,00. • Custo unitário por item atrasado no período: R$ 24,00. • Estoque inicial no primeiro período: 50 unidades. • Não é possível terceirizar a produção. • Pode ser atrasada a entrega, desde que no final dos 6 meses toda a deman- da seja atendida. 120 VALORES INICIAIS MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 TOTAL Previsão de deman- da Produção normal Produção extra Terceirizado Estoque inicial Estoque final Estoque médio Atrasos Custo de produção normal Custo de produção extra Custo de produção terceirizada Custo de estoque médio Custo de atraso Custos totais 4. Suponha que você possui uma empresa de estamparia para camisetas e nos apresentou as seguintes informações de previsão de demanda e pedidos em carteira referente a camiseta mais vendida. Considerando o valor do lote de produção de 800 unidades e o valor do estoque inicial de 1200 unidades, com- plete a tabela do plano mestre de produção. 121 PERÍODOS 1 2 3 4 5 6 7 8 Previsão de demanda 550 630 785 690 750 810 700 615 Pedidos em carteira 1000 745 683 650 401 220 187 35 Estoque projetado PMP Início do PMP Disponível para promessa Disponível para promessa acumulado 5. Sobre as políticas de produção, considere as seguintes afirmativas: I. Na política de capacidade constante, há formação de estoques durante os períodos de demanda inferior à capacidade de produção. II. Realizar promoções para estimular a demanda é uma ação da política de acompanhamento da demanda. III. Na política de acompanhamento da demanda, realiza-se contratações e demissões conforme o nível de demanda. IV. Políticas mistas de produção podem trazer melhores resultados que as po- líticas de capacidade constante e de acompanhamento da demanda. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas III e IV estão corretas. d. Apenas I, III e IV estão corretas. e. Apenas II, III e IV estão corretas. 122 POLITRON - BUSINESS GAME PARA TREINAMENTO EM MRPII / ERP A Corrêa & Associados é uma empresa criada por engenheiros, administradores e eco- nomistas que identificaram uma demanda clara e específica por consultoria e treina- mento em cinco grandes áreas: 1. Supply Chain Management - melhorias no projeto e gestão de redes de suprimento. 2. Estratégia de Operações - gestão estratégica de operações de manufatura e serviços. 3. Sistemas MRP II/ERP - apoio integral à escolha, treinamento e implantação. 4. Avaliação econômica de empreendimentos. 5. Qualidade de Serviços - gestão das operações e atividades geradoras de servi- ços ao cliente. O POLITRON é um Jogo de Empresas. Durante as simulações, os participantes são soli- citados a: • Prever as vendas por família de produtos a partir de dados históricos e conside- rações sobre o desempenho futuro. • Avaliar erros de decisões e recalibrar previsões para períodos futuros. • Planejar a produção agregada de famílias de produtos no longo prazo (PP). • Planejar a produção de produtos finais no médio prazo (MPS), decidindo níveis de estoques de segurança estratégicos. • Parametrizar o cálculo de materiais (MRP) em termos de lead times, estoques de segurança e tamanhos de lotes, verificando a influência desses parâmetros no desempenho do sistema. • Analisar mensagens de ação (ou exceção) do sistema, tomando as medidas neces- sárias para obter um plano viável em termos de materiais. • Analisar carga de trabalho na fábrica, gerando um plano de produção viável em termos de capacidade (CRP). • Liberar ordens definindo a melhor sequência de fabricação (SFC). • Analisar o desempenho do planejamento, identificando os aspectos que podem ser aprimorados para o período seguinte. 123 Nos 9 anos que vem sendo realizado, esse treinamento já foi feito por cerca de 2.000 pessoas entre estudantes e profissionais da área. O material disponível para Download contém uma versão de Demonstração do Jogo e todo material de apoio utilizado no treinamento. Para treinar com a planilha de demons- tração, faça o download dos seguintes arquivos: a. Apresentação do Politron: descreve o exercício, o processo de simulação e mos- tra a ferramenta. b. Estudo de Caso: descreve, em detalhes, a empresa que será gerenciada, seus produtos e todo o contexto em que a empresa está inserida. c. Planilha de Planejamento: ferramenta utilizada para fazer o planejamento da produção nos diferentes níveis hierárquicos da empresa. d. Tutorial da Planilha: esse tutorial explica como a planilha deve ser utilizada. e. Planilha de Planejamento com exemplo: utilize este arquivo para ajudá-lo a compreender a Planilha de Planejamento. Esse arquivo contém dados-exemplo. Fonte: adaptado de Corrêa e Associados ([2016], on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR A contratação de trabalhadores temporários pode ser uma opção, mas o em- presário deve fi car atento para evitar a contratação ilegal que pode acarretar em risco ao seu negócio. Veja como contratar temporariamente de forma legal. Disponível em: <http:// www.sebraesp.com.br/index.php/76-noticias/multissetorial/10906-emprego- -temporario-como-contratar-dentro-da-lei>. Sistema de Planejamento e Controle da Produção para o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Thomas Vollmann e William Berry Editora: Bookman Sinopse: Antes de uma empresa de� nir qual software é o mais adequado, é preciso adquirir uma visão abrangente do planejamento e controle da produção, dos seus objetivos e de como alcançá- los. Acompanhando a evolução do conhecimento na área de planejamento e controle da produção (PCP), esse livro aborda umaampla gama de assuntos, aprofundando-se adequadamente em cada um deles de modo que possam ser aplicáveis no desenho dos sistemas de PCP. O livro mostra que o planejamento e controle da produção tem um escopo maior e está estreitamente ligado ao sucesso dos empreendimentos. A implementação desses sistemas é especialmente importante para o pro� ssional de PCP, que encontrará nesse texto questões pragmáticas aliadas a uma excelente consistência teórica. REFERÊNCIAS 125 ARGENTON, M. A.; PRUDENCIATO, W.; RODRIGUES, J. S. Desenvolvimento de um Sistema de Reposição de Estoques em uma Empresa de Pequeno Porte. In: En- contro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP: Rio de Janeiro, 2008. CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Edi- tora Atlas S.A., 2008. GUERRA, R. M. A.; SILVA, M. S.; TONDOLO, V. A. G. Planejamento das necessidades de materiais: ferramenta para a melhoria do planejamento e controle da pro- dução. Revista GEPROS/UNESP - Gestão da Produção, Operações e Sistemas. Bauru, 2014. Disponível em: <http://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFi- le/1075/588>. Acesso em: 22 set. 2016. LUSTOSA, L. et. al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008. MARTINS, P. G.; Laugeni, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Editora Sarai- va, 2005. RUSSOMANO, V. H. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Editora Pio- neira, 2000. SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo:Editora Atlas S.A., 1997. _______. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2002. _______. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. SOLON, A. S.; FINOTTI, M. S. Desenvolvimento e Implantação do MRP – Um Estu- do de Caso. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP: São Carlos, 2010. STEVENSON, W. J. Administração das Operações de Produção. Rio de Janeiro: Edi- tora LTC, 2001. TUBINO, D. Manual de Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2006. _______. Planejamento e Controle da Produção - Teoria e Prática. São Paulo: Edi- tora Atlas S.A., 2007. VOLLMANN, T. E. et al. Sistemas de Planejamento & Controle da Produção para Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman Editora, 2006. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: <http://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/1075/588>. Acesso em: 14 out. 2016. 2 Em: <http://www.correa.com.br/treinamentos/politron.htm>. Acesso em: 14 out. 2016. GABARITO 1. De forma geral, o aluno pode definir outras unidades de capacidade de volume de produção, desde que envolvam a unidade de volume por período. Como referência, propomos as seguintes unidades: PODEMOS ESCREVER DA SEGUINTE FORMA: A unidade de capacidade de volume de produção deve envolver a unidade de volume por período, assim, temos: a. Número de passageiros transportados por dia. b. Número de toneladas de aço produzidas por semana. c. Clientes atendidos por dia. d. Caminhões produzidos por ano. e. Operações cirúrgicas realizadas por semana. 2. A capacidade ociosa é algo que deve ser combatido pelo planejamento e con- trole da produção. Ela possui, porém, efeitos negativos e positivos sobre cada um dos objetivos de desempenho citados. Com capacidade ociosa, o custo da operação aumenta, pois o custo fixo por unidade produzida aumenta. Sobre a receita, como há uma maior disponibilidade dos recursos, há menos vendas perdidas por falta de capacidade. Capacidade ociosa pode motivar a formação de estoques, o que diminuirá o capital de giro da empresa. Já a qualidade pode ser melhor trabalhada quando não há sobrecarga dos recursos. Máquinas e equipamentos ociosos proporcionam maior velocidade no atendimento dos pedidos e possíveis interrupções poderão ser contornadas com a capacidade extra, o que aumenta a confiabilidade do sistema. Por fim, há maior flexibilida- de de volume, pois há recurso com disponibilidade de uso. 3. Uma possível configuração do plano seria a seguinte: VALORES INICIAIS MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 TOTAL Previsão de deman- da 200 200 300 300 400 200 1600 Produção normal 250 250 250 250 250 250 1500 Produção extra 40 40 80 Terceirizado Estoque inicial 50 100 150 100 90 490 Estoque final 50 100 150 100 90 30 470 GABARITO 127 Estoque médio 75 125 125 95 45 15 480 Atrasos 20 20 Custo de produção normal 8 2000 2000 2000 2000 2000 2000 12000 Custo de produção extra 12 480 480 960 Custo de produção terceirizada 16 Custo de estoque médio 4 300 500 500 380 180 60 1920 Custo de atraso 24 480 480 Custos totais 50 2300 2500 2500 2860 3140 2060 15360 4. A resposta ficou da seguinte forma: PERÍODOS 1 2 3 4 5 6 7 8 Previsão de demanda 550 630 785 690 750 810 700 615 Pedidos em carteira 1000 745 683 650 401 220 187 35 Estoque projetado 200 155 170 280 330 320 420 605 PMP 800 800 800 800 800 800 800 Início do PMP 800 800 800 800 800 800 800 Disponível para promessa 200 55 117 150 399 580 613 765 Disponível para promessa acumu- lado 200 255 372 522 921 1501 2114 2879 5. Alternativa D. U N ID A D E III Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva GESTÃO DE ESTOQUES Objetivos de Aprendizagem ■ Entender os motivos de se manter estoque. ■ Aprender como descrever e identificar materiais. ■ Compreender os modelos de classificação de estoques. ■ Entender os modelos de controle de estoques. ■ Calcular os indicadores relacionados à gestão de estoques. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A Função dos Estoques ■ Padrão Descritivo dos Materiais ■ Classificação de Estoques ■ Modelos de Controle de Estoques ■ Indicadores de Desempenho INTRODUÇÃO Olá, caro(a), aluno(a). Na presente unidade, vamos discutir um assunto funda- mental dentro dos sistemas produtivos: gestão de estoques. Eles sempre estarão presentes nos ambientes de produção de produtos e prestação de serviços. Na verdade, os estoques estão presentes em várias atividades humanas. Vamos responder algumas perguntas que auxiliarão na tomada de decisão sobre estoques: quais são os princípios básicos da existência dos estoques? Como obter uma comunicação clara entre os departamentos da empresa para que todos saibam identificar um material no estoque? No primeiro tópico, vamos entender as causas, finalidades e consequências dos estoques. Vamos ver, também, dois indicadores que todo gestor de materiais luta diariamente para mantê-los com resultados satisfatórios. Em seguida, vamos apresentar alguns conceitos sobre padronização de descrição e agrupamento de itens no estoque. Saber pedir o material correto implica em saber descrevê-lo completamente, sem que restem dúvidas sobre suas especificações. No tópico seguinte, iremos apresentar critérios para fazer a classificação de estoques. A classificação permite que aloquemos os recursos disponíveis con- forme a importância relativa de cada material em estoque. Para um engenheiro de produção, fazer a classificação dos materiais, indicando os itens mais impor- tantes, faz parte dos trabalhos de melhoria nos ambientes de produção. No quarto tópico, trataremos dos modelos de controle de estoque. Aqui entra as regras de controle que serão estabelecidas para cada item, com a finalidade de determinar: o que, quando e quanto repor no estoque. Ainda, apresentaremos os modelos para as demandas dependentes e independentes. No quinto e último tópico, discutiremos alguns indicadores de desempenho que podem ser usados para avaliar o desempenho da gestão de estoques em uma organização. Vamos começar? Bons estudos! Introdução Re pr od ução p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 131 ©shutterstock GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E132 A FUNÇÃO DOS ESTOQUES Caro(a), aluno(a), iniciaremos nossa unidade entendendo um dos elementos fundamentais presente nas atividades de todo engenheiro de produção: os esto- ques. Talvez, pela sua experiência profissional e pessoal, já tenha percebido a seguinte situação: existe estoque, em excesso, de um determinado item enquanto falta estoque de outro item que é necessário para o momento. Realmente isso acontece com frequência em todas as organizações produtoras de bens e servi- ços, bem como nos pontos de venda e distribuição. Vamos deixar claro aqui: essa é uma situação que todo gestor de materiais irá passar. E por que acontece esse desbalanceamento? Há dois indicadores que toda boa gestão de estoques deve se atentar: o capital de giro empregado nos estoques e o nível de serviço. O primeiro indicador se refere ao valor monetário aplicado nos estoques e o segundo indicador se refere ao número de solicita- ções atendidas dentro do prazo em relação ao número de solicitações totais. Ou seja, temos uma quantidade de recurso financeiro restrita para ser aplicada em estoques, e, quando diminuímos a quantidade de estoques, o nível de atendi- mento dos clientes baixa. Esse é um eterno dilema de todo gestor de materiais. A Função dos Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 133 Por que mantemos estoques? O que implica a manutenção dos estoques? As respostas estão ligadas aos princípios relacionados aos estoques, que são fun- damentos que regem os estoques. Podemos destacar 7 princípios fundamentais (GASNIER, 2002). O primeiro é o princípio da causa. Todo estoque tem uma causa, entre as mais comuns, estão as incertezas na demanda e na oferta. Eventos imprevisíveis, como quebra de máquinas e atrasos de fornecedores nos fazem formar estoques. Há, também, a falta de flexibilidade que causa os estoques. Os estoques possuem diversas causas. O segundo princípio é o da consequência. Todo estoque trará uma con- sequência para a empresa: menor liquidez, menor capital de giro disponível, necessidade de instalações físicas para o armazenamento, custos com seguros, custos operacionais para a movimentação e manutenção dos estoques, custos administrativos relacionados aos estoques e risco de obsolência. O terceiro princípio é o de estoque como pertencente a um sistema. Ou seja, o estoque é o resultado de movimentações de entrada e saída de material em um determinado ponto. Por exemplo, o estoque de pneus em um depósito é o resultado da soma das movimentações de entrada de pneus com o estoque passado de pneus menos as saídas de pneus do depósito. O quarto princípio é o da finalidade. O estoque serve basicamente para três finalidades: ser estoque pulmão, estoque estratégico ou estoque especulativo. Por meio dos estoques, há a independência entre processos antecessores e sucesso- res. Em outras ocasiões, as empresas formam estoques prevendo uma eventual deficiência de fornecimento pelo mercado, ou para aumentar o nível de aten- dimento dos clientes. Por fim, algumas empresas formam estoques quando o preço está baixo para poder revender quando o preço está alto, fazendo, assim, estoques especulativos. O quinto princípio é o de fluxos independentes. Como comentado ante- riormente, o fluxo da produção pode manter-se constante com a formação de estoques. O sexto princípio é o do estoque dinâmico. Ele mostra que todo estoque não é estático, possuindo variações ao longo do tempo, o que exige sistemas de con- trole dinâmicos. Estoque parado pode ser comparado a água parada que serve GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E134 como meio de nascimento de mosquitos. É preciso fazer a renovação constante de estoques. Por fim, o sétimo princípio é o da administração dos estoques. Ou seja, todo estoque demanda a correta administração. Havendo estoques, sempre haverá necessidade de administração, pois eles possuem consequências não desejáveis às empresas que precisam ser gerenciados. Ao iniciar o trabalho em uma empresa como gestor de materiais em um setor de PCP, por exemplo, você precisa identificar quais são os envolvidos com os estoques e quais são suas necessidades. É preciso que o gestor de materiais atenda esses envolvidos dando um bom atendimento e mantendo a produtivi- dade dos recursos. Uma organização pode usar diversos termos para se referir aos seus estoques: produto acabado, matéria-prima, componentes, material de limpeza, material de embalagem, material para manutenção etc. Toda essa terminologia existe, pois é útil fazer a diferenciação de estoques. Aliás, é fundamental que, além de dife- renciar os estoques por grupos, haja a sua correta descrição. Vamos tratar desse assunto no tópico a seguir. Um gestor de materiais pode ser um comprador, mas um comprador, é sem- pre um gestor de materiais? Padrão Descritivo dos Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 135 PADRÃO DESCRITIVO DOS MATERIAIS Para diferenciar os itens de estoque e não ter itens em duplicidade, cada item em estoque é denominado como sendo uma SKU (abreviatura para Stock Keeping Unit). Cada SKU é um item diferente em estoque. As SKUs são diferenciadas por suas características, como marca, modelo, tipo, características físicas, peso específico, dimensões, cheiro, cor, aroma etc. Se uma determinada caracterís- tica é importante para diferenciar um material do outro, deve ser criada uma nova SKU para o material. Cada SKU deve receber uma descrição que permite fazer a identificação cor- reta do produto. Conforme Gasnier (2002), sugere-se que a descrição deve conter, basicamente, quatro informações: nome básico, nome modificador, caracterís- tica técnica e característica adicional: • Nome básico: refere-se ao nome da SKU relativo ao grupo que ela pertence. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E136 • Nome modificador: refere-se ao nome da SKU que a difere dos demais itens do grupo que ela pertence. • Característica técnica: refere-se ao nome da SKU que dá os detalhes técnicos do item, podendo especificar: formato, dimensão, tamanho, material, acabamento, encaixe, fabricante, referência etc. • Característica adicional: refere-se às características que diferenciam um item de uma mesma especificação técnica. Essa parte do nome da SKU pode ser omitida. No quadro a seguir, apresentamos algumas descrições de SKU fazendo a dis- tinção dessas 4 partes da descrição. Quadro 1 - Exemplos de descrição de materiais ITEM DESCRIÇÃO ESTRUTURA DA DESCRIÇÃO CHAPA ALUMÍNIO 3000MM X 1250MM X 3MM Nome básico: CHAPA Nome modificador: ALUMÍNIO Características técnicas: 3000MM X 1250MM X 3MM Características adicionais: não possui. CHAPA ACRÍLICO CRISTAL 1000MM X 500MM X 8MM EXTRUDADA Nome básico: CHAPA Nome modificador: ACRÍLICO Características técnicas: CRISTAL 1000MM X 500MM X 8MM Características adicionais: EXTRUDADA BARRA AÇO CA-50 12M X 12,5MM Nome básico: BARRA Nome modificador: AÇO Característicastécnicas: CA-50 12M X 12,5MM Características adicionais: não possui. Fonte: os autores. Padrão Descritivo dos Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 137 Caro(a), aluno(a), no descritivo de materiais, precisamos fornecer informações claras que permitam a identificação inequívoca do item. A padronização da des- crição em uma estrutura que comporte, por exemplo, quatro partes do nome, exigirá que a descrição seja única para cada item, evitando cadastros em dupli- cidade e facilitando a busca de um item em estoque. Além de especificar o nome do material, devemos determinar sua unidade de medida, que será a unidade usada para fazer os controles de estoque e uso do material. Além da descrição da SKU, é preciso associar um código a cada uma delas. Por meio do código, teremos vários benefícios. Com o código, a comunicação entre diferentes sistemas de informação será facilitada, permitindo o intercâmbio eletrônico de dados (EDI). Poderemos realizar a automação no apontamento de dados, por meio de códigos de barra ou de etiquetas inteligentes (transponders). Para empresas que desejam atuar em autosserviço e e-commerce, é funda- mental a identificação inequívoca do item. Conforme Gasnier (2002), alguns dos requisitos de um sistema de codificação são: • Unicidade: cada item possui um código e esse código é exclusivo do item. • Simplicidade: códigos simples são mais fáceis para compreender e usar. • Formato padronizado: como na descrição de materiais, os códigos devem possuir uma estrutura padronizada, de tal forma que um número ou conjunto de números do código tenham uma lógica para sua formação. • Concisão: deve ser objetivo e curto. • Classificável: deve ser estruturado de maneira a permitir a formação de classes. • Expansividade: o código deve suportar o crescimento da organização. • Operacionalidade: quando em uso, o código deve ser robusto e prático. • Versatilidade: deve permitir o uso em várias aplicações. • Estabilidade: o código deve ser criado para durar por um longo perí- odo de tempo. • Confiabilidade: deve assegurar o uso na qualidade esperada, sem neces- sidade de modificações. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E138 Os códigos podem ser gerados por processos de códigos numéricos, alfabéticos ou alfa-numéricos. Conforme Martins (2005), a codificação numérica de mate- riais pode seguir a seguinte lógica. XX.XX.XX.XXX-X Digito de auto controle Número sequencial Classe Subgrupo Grupo ou família Figura 1 - Exemplo de estrutura de código numérico Fonte: adaptado de Martins e Laugeni (2005). Caro(a) aluno(a), além da descrição e codificação de materiais, um padrão descritivo de materiais deve seguir uma classificação lógica de materiais. Nos sistemas de informação empresariais, essa classificação é feita por meio do cadas- tro de grupos, subgrupos e famílias de produtos. O objetivo é agregar os itens de A GS1 Brasil é uma organização que quer a implementação, disseminação e utilização de padrões de identificação de produtos a partir de códigos de barra. Um sistema de código de barras pode seguir diversos padrões, mas o propósito sempre será a melhoria na cadeia de suprimentos, automação de processos com mais eficiência, maior controle e confiabilidade. Entenda um pouco mais sobre o padrão utilizado nos códigos de barras dos produtos comercializados no varejo, acessando o link: <https://www.gs1br.org/codi- gos-e-padroes/entenda-como-funciona-o-codigo-de-barras>. Fonte: os autores. Padrão Descritivo dos Materiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 estoque em classes semelhantes, permitindo análises agregadas e informações gerenciais. Ao final da classificação, teremos uma estrutura hierárquica como a apresentada na figura a seguir. Materiais Não cadastrados Cadastrados Uso transitório Uso permanente Não estocáveis Estocáveis Não controlados contabilmente Controlados contabilmente Matérias-primas Insumos Material em elaboração Produtos acabados Equipamentos Veículos Serviços Figura 2 - Exemplo de estrutura de classificação de materiais Fonte: adaptado de Gasnier (2002). A classificação é feita, geralmente, com, no mínimo, dois níveis: • Grupos: é o nível que determina o principal critério de categorização do item. Como exemplo, em uma indústria metalúrgica, podem existir os grupos: matéria-prima, materiais em elaboração e produtos acabados. • Subgrupos: após classificar o item dentro de um grupo, faz-se a diferenciação de itens do mesmo grupo conforme o segundo critério de categorização. Como exemplo, em uma indústria metalúrgica, dentro do grupo matéria-prima, podem existir os seguintes subgrupos: chapas, tubos, perfis e colas. Dentro do grupo materiais em elaboração, podem existir os seguintes subgrupos: tubos cortados e chapas cortadas. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E140 • Chaves adicionais: conforme a necessidade de cada organização, são incluídos novos níveis de classificação. Por exemplo, no varejo, pode- se fazer a seguinte classificação: departamento (bebidas), categoria (refrigerante), subcategoria (água tônica) e segmento (água tônica diet). Ao final da identificação e classificação dos materiais, a organização terá à disposição um catálogo de materiais unificado que proporcionará uma busca ágil de itens em estoque e agilizará os processos de suprimentos de materiais (arma- zenagem, processamento e distribuição). ©shutterstock Classificação de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 141 CLASSIFICAÇÃO DE ESTOQUES Caro(a) aluno(a), em uma organização, você poderá verificar e identificar diver- sos tipos de estoques, conforme veremos a seguir. Segundo Vollmann e al. (2006), há quatro tipos: 1. Estoque em trânsito: é aquele estoque que depende do tempo de desloca- mento de um local a outro. Outros autores chamam de estoque do canal. 2. Estoque de ciclo: é quando determinado produto, por ser produzido em lote, é fabricado uma quantidade maior do que a necessidade instantâ- nea com a finalidade em atender a demanda de um período pré-definido, pois um novo lote será produzido. 3. Estoque de segurança: é aquele estoque que serve como proteção às irregularidades e incertezas do mercado. 4. Estoque por antecipação: é quando o produto possui como padrão de demanda a sazonalidade, ou seja, apenas em um determinado perí- odo, o volume de pedidos desse produto é tão grande que não é possível produzir a tempo, por isso, é necessário ter o estoque por antecipação. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E142 Slack, Chambers e Johnston (2009) ainda afirmam que há um quinto tipo de estoque, o estoque de desacoplamento. Quando uma determinada opera- ção é planejada para usar um arranjo físico, os recursos seguem um caminho na direção de áreas especializadas e o intuito é programar essas áreas para tra- balhar de maneira independente, a fim de maximizar a utilização do locale a eficiência dos trabalhadores e dos equipamentos. A seguir, iremos apresentar classificações de estoque baseadas em alguns critérios de interesse para a gestão de materiais. Com esse conhecimento, você poderá estabelecer políticas de gestão de estoque adequada que gere bons resulta- dos em termos de nível de serviço e capital de giro em estoque, além de melhorar outros indicadores como a utilização de espaço físico para o estoque. CLASSIFICAÇÃO ABC Considere a situação: uma papelaria comercializa três modelos de caneta cujos preços são diferentes. O modelo mais caro vende menos, enquanto que os mode- los com padrão e qualidade inferior vendem mais. Qual desses modelos merecem maior atenção na gestão de seu estoque? Para responder a essa pergunta, pode- mos utilizar a classificação ABC de estoques. Essa classificação faz a divisão dos itens em estoque em três grupos deno- minados A, B e C. Para ser classificado dentro de cada um deles, os itens são analisados quanto ao seu valor econômico. Encontra-se o valor econômico de cada item por meio da multiplicação de seu consumo médio, em determinado período, pelo seu custo de reposição. Itens com maior valor econômico são deno- minados de itens A, seguidos pelos itens de médio valor econômico do grupo B e, depois, pelos itens de menor valor econômico do grupo C. O quadro a seguir apresenta um resumo da classificação ABC. Classificação de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 143 Quadro 2 - Classificação ABC de estoques CLASSE SIGNIFICADO A Itens prioritários: itens com maior valor econômico. Apesar de serem pou- cos itens do total da lista de itens em estoque da empresa (cerca de 20%), representam, geralmente, cerca de 80% do valor econômico do estoque. Eles merecem tratamento especial. B Itens intermediários: são itens de valor econômico precioso, porém são classificados logo depois dos itens A. Merecem cuidados medianos. C Itens secundários: representam a grande maioria dos itens em estoque juntamente com os itens classe B. São tão importantes como os itens das outras classes, porém têm um impacto econômico menor. Fonte: Gasnier (2002). Vamos exemplificar a classificação ABC de estoques. Considere uma organiza- ção que lida com 10 itens distintos em seu estoque. A tabela a seguir apresenta o consumo médio anual de cada item, bem como seu custo médio e o percentual de participação de custo total em relação ao custo total dos itens. Tabela 1 - Lista de itens para fazer a classificação ABC CÓDIGO DO ITEM DEMANDA ANUAL (UNIDADES) CUSTO MÉDIO (R$/ UNIDADE) VALOR ANUAL DOS ITENS DEMANDADOS (R$/ ANO) % DA SOMA DOS VALORES DOS 10 ITENS 1 2000 11 22000 44% 2 1000 8 8000 16% 3 1000 1 1000 2% 4 1500 1 1500 3% 5 1000 10 10000 20% 6 300 3 900 2% 7 1700 1,2 2040 4% 8 150 10 1500 3% 9 220 3 660 1% 10 5000 0,5 2500 5% Total 50100 Fonte: os autores. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E144 Para fazer a classificação ABC, temos que determinar critérios de corte. Assim, para os itens A, determinamos que eles irão representar até 80% do custo total; os itens B estarão entre 80% e 90% do custo total; os itens C estarão entre 90% e 100%. Esses critérios podem variar conforme a organização. Ordenando a porcentagem da soma dos valores dos 10 itens, em ordem crescente, podemos encontrar os itens ABC conforme a tabela a seguir. Tabela 2 - lista de itens da classificação ABC CÓDIGO DO ITEM DEMANDA ANUAL (UNIDADES) CUSTO MÉDIO (R$/ UNIDADE) VALOR ANUAL DOS ITENS DEMANDADOS (R$/ANO) % DA SOMA DOS VALORES DOS 10 ITENS % ACUMULADA DA SOMA DOS VALORES DOS 10 ITENS CLASSE 1 2000 11 22000 44% 44% A 5 1000 10 10000 20% 64% A 2 1000 8 8000 16% 80% A 10 5000 0,5 2500 5% 85% B 7 1700 1,2 2040 4% 89% B 4 1500 1 1500 3% 92% C 8 150 10 1500 3% 95% C 3 1000 1 1000 2% 97% C 6 300 3 900 2% 99% C 9 220 3 660 1% 100% Fonte: os autores. CLASSIFICAÇÃO XYZ Imagine a seguinte situação: certo fabricante possui 5 tipos diferentes de maté- ria-prima em estoque para a fabricação de seus produtos acabados. Uma das matérias-prima é essencial para o processo de todos os produtos acabados, se fal- tar essa matéria-prima, o processo produtivo será parado completamente. Duas outras matérias-prima fazem parte dos produtos acabados, porém sua falta não Classificação de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 irá paralisar a linha de produção. As outras duas matérias-prima são itens que podem ser trocados, por exemplo, na falta de uma pode-se usar a outra. Desses 5 materiais, qual deles é o mais crítico para a produção? Para res- ponder a essa pergunta, podemos utilizar a classificação XYZ de estoques. Essa classificação faz a divisão dos itens em estoque em três grupos denominados X, Y e Z. Para ser classificado dentro de cada um deles, os itens são analisados quanto ao impacto de sua falta no estoque. Itens ordinários são aqueles com baixa criticidade e, quando ocorre sua falta, não há grandes consequências, eles são denominados itens X. Os itens Y são itens críticos, cuja falta retém produtos inacabados na linha de produção, segurando o faturamento. Os itens Z são itens vitais, cuja falta irá acarretar consequências desastrosas, comprometendo a integridade de equipamentos e interrompendo processos da empresa. O quadro a seguir apresenta um resumo da classificação XYZ. Quadro 3 - Classificação XYZ de estoques CLASSE SIGNIFICADO X Itens ordinários: sua falta na produção irá prejudicar usuários internos e externos, mas não trará maiores consequências como a parada de linha da produção. Às vezes, o item pode ser substituí- do por outro item Y Itens críticos: a sua falta irá acarretar no aumento de custos, sendo que alguns produtos não poderão ser faturados e despachados. Z Itens vitais: a sua falta irá paralisar a linha de produção. São itens fundamentais para a continuidade do processo de produção. A falta poderá comprometer a integridade de equipamentos e o cumprimento de contratos de fornecimento. Fonte: Gasnier (2002). CLASSIFICAÇÃO 123 Considere a seguinte situação: um distribuidor de produtos comercializa 10 tipos de produtos diferentes. Dois deles são originários da China com um tempo de entrega de 30 dias. Outros cinco tipos de produtos são fornecidos por apenas GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E146 um fornecedor que, ultimamente, está apresentando atrasos na entrega. Os três outros produtos originam-se de dez fornecedores, alguns deles localizados pró- ximos do distribuidor. Qual desses produtos merece maior atenção na gestão de seu estoque devido a sua dificuldade de obtenção no mercado? Para responder a essa pergunta, podemos utilizar a classificação 123 de estoques. Essa classificação faz a divisão dos itens em estoque em três grupos denominados 1, 2 e 3. Para ser classificado dentro de cada um deles, os itens são analisados quanto a sua complexidade de fornecimento. Itens de complexa obtenção (classe 1) possuem fatores com- plicadores como longos setups, lead-times, distâncias, variabilidade de oferta, sazonalidade e poucas fontes de obtenção. Itens de difícil obtenção (classe 2) pos- suem apenas alguns dos fatores complicadores. Já itensde fácil obtenção (classe 3) possuem apenas alguma complexidade no fornecimento, mas que pode ser resolvida facilmente. São produtos de fornecimento rápido e com várias alter- nativas de fornecedores no mercado. O quadro a seguir apresenta um resumo da classificação 123. Quadro 4 - Classificação 123 de estoques CLASSE SIGNIFICADO 1 Itens de fornecimento complexo: são itens que apresentam uma com- plexidade de fornecimento devido a: altos setups ou lead-times de en- trega; distâncias; atrasos recorrentes de fornecedores; falta de opção de fornecedores no mercado; problemas de qualidade; e sazonalidade na oferta. 2 Itens de fornecimento difícil: esses itens possuem apenas alguns fatores complicadores dos itens classe 1. 3 Itens de fornecimento fácil: são itens que não possuem complicadores de fornecimento e são facilmente encontrados em mercados próxi- mos e distantes do ponto de consumo. Possuem entregas rápidas e pontuais. Fonte: Gasnier (2002). Classificação de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 CLASSIFICAÇÃO PQR Em um supermercado, há sempre aqueles produtos que possuem mais saída do estoque. Eles são regularmente requisitados pelos consumidores e, consequente- mente, sempre estão sendo repostos nas prateleiras. Outros produtos apresentam retiradas menores por dia. Às vezes, podem ficar na prateleira por mais de um mês sem serem requisitados. Podemos utilizar a classificação PQR de estoques para identificar os itens com baixa popularidade e fazer sua correta gestão. Essa classificação faz a divisão dos itens em estoque em três grupos denominados P, Q e R. Para ser classificado dentro de cada um deles, os itens são analisados quanto a sua popularidade. Ela é medida pelo número de transações do item no estoque durante o ano. Faz-se a contagem de quantas vezes no ano determinado item entrou e saiu do estoque. Itens com várias transações são mais populares (classe P). É o caso dos itens que apresentam, no mínimo, uma saída ou entrada no estoque durante um dia. Itens que apresentam, no mínimo, uma saída ou entrada no estoque durante o mês possuem uma popularidade média (classe Q). Já os itens que não possuem transações durante o mês (classe R) são itens de baixa popularidade e tendem a acumular poeira em prateleiras. Às vezes, são itens que não possuem nenhuma movimentação durante o ano. O quadro a seguir apresenta um resumo da classificação PQR. Quadro 5 - Classificação PQR de estoques CLASSE SIGNIFICADO P Muito popular: são itens que apresentam, por exemplo, no míni- mo, uma transação de saída ou entrada no estoque durante um dia. São itens que estão sendo manuseados diariamente. Q Popularidade média: são itens que, apesar de não possuirem uma transação de saída ou entrada por dia, mas há, no mínimo, uma transação por mês. R Baixa popularidade: são itens que não possuem transações durante o ano ou que apresentam transações esporádicas. Por exemplo, itens que a cada três meses entram ou saem do estoque. Fonte: Gasnier (2002). GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E148 Para encontrarmos a popularidade de um item, pode-se calcular o tempo médio entre apanhes (TMEA) e o tempo médio entre reposições (TMER): (1) TMEA = 12 meses por ano ✳ 30 dias corridos por mês ________________________________________ popularidade de despacho (qtd. de vezes por ano) (2) TMER = 12 meses por ano ✳ 30 dias corridos por mês __________________________________________ popularidade de recebimento (qtd. de vezes por ano) Por exemplo, para uma indústria de confecções, o tecido plano B apresen- tou 720 despachos no ano. Ou seja, em um ano, a produção fez a solicitação do tecido B 720 vezes no almoxarifado. Assim, o TMEA é de: (3) TMEA = 360 ____ = 0,5 dias 720 Isso significa que, a cada meio dia de trabalho, o tecido B era solicitado uma vez no almoxarifado. Assim, observa-se que esse tecido possui duas saídas do almoxarifado por dia, sendo, portanto, um item classe P (muito popular). OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Outros tipos de classificação de materiais podem ser utilizados conforme os obje- tivos da organização. Pode-se utilizar critérios como: volume, peso, consumo, classe de risco, importância estratégica, cuidados especiais, natureza química, valor imobilizado, saldo em estoque, tipo de demanda, localização, entre outros. Classificação de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 UTILIZANDO AS CLASSIFICAÇÕES DE ESTOQUES NA PRÁTICA A aplicação das classificações de estoques propostas no presente tópico requer que exista uma base de dados com as informações dos parâmetros de cada clas- sificação. Alguns sistemas de informação fazem, automaticamente, a classificação dos materiais e, em outros é possível determinar manualmente. Destacamos que as classificações ABC e PQR são obtidas com mais facilidade, pois podem ser calculadas a partir dos valores de consumo, custo médio, número de transações de saída e de entrada. Já as classificações XYZ e 123 dependem muito de uma análise criteriosa de cada item por parte dos diversos envolvidos na gestão de materiais. Muitas vezes, requer que os envolvidos se reúnam para discutir se a classificação de determinado item está de acordo com o ponto de vista de cada um deles. Após classificar os itens conforme as classificações apresentadas, pode-se determinar os encaminhamentos que devem ser feitos para cada item, com- parando sua classificação dentro de cada tipo. A figura a seguir apresenta uma árvore de encaminhamentos. C B A A A 1 1 1 1 A A 1 1 Z Z Z Z Z P Q R ? Z T1: havendo previsão, puxar pelo programa. T2: ponto de reposição com alto nível de serviço. T3: ponto de reposição com médio nível de serviço. T4: ponto de reposição com baixo nível de serviço. T5: periodicamente, repor até saldo máximo T6: havendo previsão, puxar pelo programa. T7: puxar contra encomenda Figura 3 - Árvore de encaminhamentos Fonte: Gasnier (2002). GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E150 Por exemplo, um determinado fabricante de roupas pode classificar seus tecidos e malhas em estoque conforme as regras ABC, XYZ, PQR e 123. Digamos que um determinado tecido possui uma alta popularidade (classe P) e que seja vital para a produção (classe Z). E, se o seu fornecimento for complexo (classe 1) e possuir alto valor econômico (classe A), o encaminhamento usual será: fazer a reposi- ção pelo ponto de reposição com baixo nível de serviço (baixo nível de estoque). Se o item tivesse as mesmas características anteriores, exceto pelo seu valor econômico intermediário (classe B), o encaminhamento usual seria o de fazer a reposição pelo ponto de reposição com médio nível de serviço. No caso do item possuir as mesmas características anteriores, exceto o de valor econômico secundário (classe C), o encaminhamento usual seria o de ponto de reposição com alto nível de serviço. ©shutterstock Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 151 MODELOS DE CONTROLE DEESTOQUES Caro(a) aluno(a), conforme vimos anteriormente, a utilização da classificação ABC é a maneira mais comum, pois há a discriminação entre diferentes valores e diferentes importâncias que estão relacionadas ao estoque analisado (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Devemos levar sempre em consideração se existe ou não correlação entre os diferentes itens com os diferentes tipos de demanda. No caso da demanda dependente, é necessário considerar os itens que possuem demanda estatistica- mente correlacionadas. Por exemplo, os componentes de determinado produto estarão relacionados com a demanda do produto acabado. Sendo assim, a fer- ramenta mais indicada para obter a melhor gestão é o MRP. Já no caso da demanda independente, como a demanda de um item não está diretamente ligada à demanda de outro item, então, permite-se a avaliação individual. Por isso que Lustosa et al. (2008) dividem em dois grupos: os que utilizam e os que não utilizam a previsão de demanda. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E152 O grupo que utiliza a previsão de demanda como base possui a capacidade de antecipar as variações existentes, por exemplo, a época dos ovos de Páscoa. Portanto podemos afirmar que há um melhor desempenho ao utilizar a previ- são de demanda quando ela é sazonal ou que possui tendência não estacionária. No entanto o grupo que não utiliza a previsão de demanda como base, cha- mado de reativos, apresenta melhor desempenho quando ela é estacionária durante determinado (longo) período de tempo. As decisões são tomadas a par- tir de parâmetros pré-definidos no modelo e no nível de estoque. Portanto não há necessidade em antecipar o comportamento da demanda. Para que possamos aplicar o controle de estoque nesse grupo de reativos, princi- palmente duas questões precisam ser sempre levadas em consideração: quanto e quando?. Segundo Martins e Laugeni (2005), existem dois sistemas que res- pondem às questões citadas, são Sistema de Reposição Contínua e de Reposição Periódica. Nesse caso, estamos considerando só os modelos que possuem um único ponto de estocagem, ou seja, local único. Há modelos de gestão em múlti- plos locais que estarão relacionados aos problemas na logística de distribui- ção de produtos. Fonte: os autores. Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 153 Modelos de Estoque Demanda Dependente MRP Demanda Independente Baseado na Previsão Reativos Baseado na Previsão Reposição Contínua Reposição Periódica Figura 4 - Modelos de estoque Fonte: adaptado de Lustosa et al. (2008). O Sistema de Reposição Contínua, também conhecido como Estoque Mínimo ou Ponto de Reposição, define um nível mínimo de estoque e quando essa quan- tia for atingida, dispara-se um pedido. O nível mínimo, denominado de “ponto de pedido” deve ser uma quantidade suficiente que possa atender a demanda durante o período de reposição, ou seja, período de tempo que o fornecedor demora para entregar o pedido. Assim, podemos afirmar que o intervalo entre um pedido e outro é variável, porém a quantidade de cada pedido é fixa. Vamos aos cálculos? GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E154 ESTOQUE DE SEGURANÇA: (4) Es = FS ✳ σ ✳ √L Em que: Es é o estoque de segurança, σ é o desvio padrão da demanda, L é o tempo de reposição e FS é o fator de segurança (conforme o quadro a seguir ) em função do nível de serviço desejado (coeficiente de distribuição normal). Tabela 3 - Fatores de segurança NÍVEL DE SERVIÇO FATOR DE SEGURANÇA 50% 0,000 60% 0,254 70% 0,525 80% 0,842 85% 1,037 90% 1,282 95% 1,645 96% 1,751 97% 1,880 98% 2,055 99,00% 2,325 99,90% 3,100 99,99% 3,620 Fonte: adaptado de Corrêa e Corrêa (2008). Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 155 Considerando que o desvio padrão da demanda ( ) no tempo L é calculado por: (5) Em que: Di é a demanda do item no período i, Dm é a demanda média e n é o número de períodos. Por exemplo: um produto tem uma demanda média de 35 unidades por dia com desvio padrão de 5 unidades por dia. Sabendo que o tempo de reposição é constante e igual a 10 dias e que o produto possui um nível de serviço de 70%. Qual é o valor do estoque de segurança? Como sabemos, o nível de serviço, então, olhando no quadro de fatores de segurança, encontramos que FS = 0,525. Substituindo os valores do enunciado na equação (4), temos: (6) Portanto o estoque de segurança é 9 unidades. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E156 MODELO DE REPOSIÇÃO POR PONTO DE PEDIDO: (7) Em que: R é o nível de estoque, D é a demanda (constante) e L é o tempo de reposição (constante). Porém, se a demanda e o tempo de reposição foram variáveis, então, deve- mos utilizar a fórmula somando-se ao estoque de segurança, veja: (8) Em que: R é o nível de estoque, Dm é a demanda média, Lm é o tempo médio de reposi- ção e Es é o estoque de segurança. Vamos utilizar o mesmo exemplo anterior e dar continuidade: um produto tem uma demanda média de 35 unidades por dia com desvio padrão de 5 unida- des por dia. Sabendo que o tempo de reposição é constante e igual a 10 dias e que o produto possui um nível de serviço de 70%. Qual é o valor do nível de estoque? Como sabemos o nível de serviço, olhando no quadro de fatores de segurança, encontramos que FS = 0,525. E, conforme o exemplo anterior, encontramos que o estoque de segurança (Es ) é 8,3 unidades. Então, é só substituir na equação (8): (9) Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 157 Portanto o nível de estoque é 359 unidades. Assim, pelo modelo de repo- sição por ponto de pedido, quando o estoque chegar no nível de 359 unidades, deverá ser disparada a sua reposição. Modelo de reposição por lote econômico de compra: o custo com estoque é expresso pelas seguintes parcelas: Custo = custo do material comprado + custo da gestão de compras + custo de manter o estoque Transformando em uma equação, temos: (10) Manipulando e substituindo, teremos a seguinte equação: (11) Em que: Q(LEC) é o lote econômico, Cp é o custo para fazer o pedido de compra, D é a demanda do período, Cc é o custo unitário do material comprado e J é a taxa de juros do período. Sabemos também que: (12) GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E158 (13) Em que: N é o número de pedidos que devem ser produzidos no período para atender a demanda e Em é o estoque médio do período. Por exemplo: um determinado produto possui um consumo previsto de 12000 unidades ao ano. O setor de compras conseguiu um fornecedor que man- terá (constante por um ano) o valor unitário do produto em R$3,50. O setor financeiro está estimando que a taxa de juros anual estará situada em torno de 20% nesse período. Temos, também, como informação de que o custo de cada pedido é R$100,00. Calcule o valor do lote econômico. Apartir dos dados disponíveis no enunciado, é só substituir na equação (11): (14) Portanto o lote econômico de compra é de 1852 unidades por vez. Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 Modelo de reposição por lote econômico de compra com desconto: nesse caso, há a variação do preço de um determinado item de acordo com a quantidade, ou seja, são os chamados descontos no valor da aquisição de um produto devido à grande quantidade de aquisição. Lustosa et al. (2008, p. 88) afirmam que: “deve-se verificar se o aumento de custos por operar com lotes maiores que o econômico não supera a econo- mia decorrente da aquisição do item com desconto”. Martins e Laugeni (2005) apresentam três etapas para solucionar esse problema: a) determinar o lote eco- nômico relacionado ao menor custo unitário de compra, conforme a fórmula apresentada no “Modelo de reposição por lote econômico de compra”; b) o lote econômico será a solução de mínimo, somente se, o preço unitário de compra for válido para o lote calculado; c) caso a etapa anterior não seja validada, então, deve-se calcular os lotes econômicos para cada preço unitário e fazer uma aná- lise comparativa do custo total. O modelo de reposição por lote econômico de compra esteve sempre su- jeito a críticas. No início, questionava-se sobre a validade de algumas pres- suposições do modelo. Porém, recentemente, está sendo envolvida a razão subliminar da abordagem, dividida em quatro itens: os pressupostos desse modelo são simplistas; custos reais de estoque em operações não são como assumidos no modelo; é um modelo descritivo e não deveria ser utilizado como instrumento prescritivo; minimização do custo não é objetivo ade- quado a gestão de estoque. Em resposta, foi necessário assumir pressupostos, como estabilidade da demanda, existência do custo de pedido fixo, custo de manutenção do es- toque, entre outros, os quais podem ser expressos em uma função linear. Nenhum dos pressupostos são estritamente verdadeiros, mas podem, sim, aproximar-se aos valores reais. Fonte: adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E160 Modelo de reposição por lote econômico de fabricação: Transformando em uma equação, temos: (15) Manipulando e substituindo, teremos a seguinte equação: (16) Em que: Qf é o lote econômico de fabricação, Cp é o custo de preparação da produção, D é a demanda do período, Cf é o custo unitário do material fabricado, J é a taxa de juros do período, u é a taxa de utilização e p é a taxa de produção. Sabemos também que: (17) Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 161 (18) (19) Em que: Emáx é o nível máximo de estoque no período, T1 é o tempo de produção do lote, T2 é o tempo de consumo do Emáx e T é o tempo de ciclo. Por exemplo: uma determinada empresa produz durante 200 dias ao ano. Apenas um produto dessa empresa é fabricado em uma taxa de 2000 unidades por dia e esse produto possui uma demanda anual de 40000 unidades. Sabemos que o custo unitário de fabricação é R$0,90 e o custo de preparação da produ- ção é R$350,00 por lote. Considerando a taxa de juros anual de 20%, calcule o lote econômico. A partir dos dados do enunciado, é só substituir na equação (16): (20) Portanto o lote de fabricação é 13147 unidades. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E162 Modelo de reposição por meio do sistema de duas e três gavetas: de acordo com Corrêa e Corrêa (2008), é um modelo de sistema que utiliza mais a forma visual e é usado para itens mais simples, como, por exemplo, parafusos e outros componentes pequenos. É necessário definir uma quantidade para o ponto de reposição (demanda média + estoque de segurança). Inicia-se com ambas gavetas cheias, porém será utilizado os itens da primeira gaveta. Quando todos os itens da primeira gaveta forem utilizados e essa gaveta ficar vazia, então, é o momento de solicitar o ressuprimento. Assim, os itens da segunda gaveta passam a ser da primeira gaveta (para que possam ser utiliza- dos e para que a produção não seja interrompida), enquanto isso, a gaveta vazia (segunda gaveta, agora) aguarda o ressuprimento ser efetivado. Slack, Chambers e Johnston (2009) ainda citam que, algumas vezes, pode ocorrer a aplicação do sistema em três gavetas, conforme a figura que segue: Sistema de duas gavetas Sistema de três gavetas Itens sendo usados Itens sendo usados Nível do estoque de ressuprimento + estoque de segurança Nível de ressuprimento Estoque de segurança Figura 5 - Sistema de reposição, duas e três gavetas Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009). Modelos de Controle de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 163 Concluído o item sistema de reposição contínua, chegou a hora do Sistema de Reposição Periódica, também pode ser chamado como Reposição em Períodos Fixos ou Estoque Máximo. Nesse sistema, há a verificação do nível de estoque de um determinado item em um intervalo fixo, podendo ser semanalmente, quinze- nalmente ou mensalmente. Assim, será estimado uma quantidade que complete o nível de estoque máximo. Utilizamos a seguinte equação para o cálculo desse sistema: (21) Em que: M é o estoque máximo, Dm é a demanda média, Lm é o tempo médio de reposi- ção, I é o intervalo de revisão e Es é o estoque de segurança. Nesse sistema, o estoque de segurança deve seguir a seguinte equação: (22) Em que: FS é o fator de segurança (visto em Sistema de Reposição Contínua - Estoque de Segurança) em função do nível de serviço desejado (coeficiente de distribui- ção normal). Por exemplo: um produto tem uma demanda média de 35 unidades por dia, com desvio padrão de 5 unidades por dia. Sabendo que o tempo de repo- sição é constante e igual a 10 dias, que o intervalo de reposição é 7 dias e que o produto possui um nível de serviço de 70%, qual é o valor do estoque máximo? Como sabemos o nível de serviço, então, olhando no quadro de fatores de segurança, encontramos que FS = 0,525. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E164 Substituindo os valores na equação (22), do estoque de segurança, temos: (23) Agora, precisamos substituir os valores na equação (21) para encontrar o esto- que máximo: (24) Portanto o estoque máximo é 606 unidades. Segundo Lustosa et al. (2008), ainda há o Modelo do Estoque Base, pois trata-se do modelo de ponto de pedido junto com o modelo de reposição peri- ódica. Nesse modelo, o parâmetro “estoque base” funcionará como a quantidade máxima mantida no sistema (como na reposição periódica), porém a revisão do estoque será contínua (como no ponto de pedido). A aplicação desse modelo está sendo direcionado para os produtos de alto valor e demanda reduzida. Como, por exemplo, peças de reposição na indústria aeronáutica, joias, relógios e automóveis. Indicadores de Desempenho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e Lei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 165 INDICADORES DE DESEMPENHO Caro(a), aluno(a), indicadores de desempenho são índices específicos de um determinado processo ou produto que devem ser medidos em uma grandeza (por exemplo: tempo, peso, frequência, entre outros) para avaliação e controle do processo fabril ou administrativo. Ou seja, são valores mensurados que nos informam se o processo está acontecendo de acordo com o planejado ou não, se está dentro dos padrões aceitáveis pela empresa ou não. Se, porventura, o indicador de desempenho mostrar que há algo errado no processo, os responsáveis devem tomar medidas de correção para que o processo fique enquadrado ao plano. Os principais indicadores de desempenho, segundo Martins e Laugeni (2005), são: Produtividade: • Armazenamento: valor de itens estocados por área ocupada. Valor de itens estocados por número de pessoas. Valor de itens estocados por número de equipamentos. ©shutterstock GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E166 • Recebimento: número de notas fiscais recebidas por número de pessoas. • Compras: número de pedidos colocados por número de pessoas. Qualidade do serviço: • Armazenamento: número de itens entregues por quantidade de itens pedidos. Tempo médio de entrega após solicitação de material. Deterioração dos itens estocados (percentual). • Recebimento: tempo médio de recebimento por carga recebida. • Compras: tempo médio para colocação do pedido junto ao fornecedor. Tempo médio para obter o material. A gestão de estoques precisa ser alinhada com as táticas e estratégias de uma organização, por isso, uma de suas principais atividades é manter o equilí- brio entre o custo de pedido, armazenagem e falta de material. Contudo a gestão não trabalha diariamente com os custos, mas sim com quantidades e prazos. Lembra-se das perguntas utilizadas: quanto e quando?. Os indicadores mais utilizados devem estar ligados ao fluxo de materiais, ou seja, precisam corresponder ao que entra e ao que sai do estoque. Lustosa (2008) nos apresenta dois indicadores: Cobertura de estoque que é a medição do tempo médio quanto à duração do estoque na organização, se não houver nenhuma reposição nova. (25) Cobertura de estoque = estoque médio do período _______________________ demanda média do período Giro de estoque que é a medição do fluxo de itens que passam pelo esto- que da organização. (26) Giro de estoque = demanda do período _____________________ estoque médio do período Indicadores de Desempenho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 167 O desempenho de uma gestão de estoque não deve ser baseada apenas nessas duas fórmulas apresentadas anteriormente. Recomenda-se, também, monitorar outros fatores, como: nível de atendimento da demanda, qual é dado em porcen- tagem de pedidos dos clientes atendidos diretamente do estoque (sem atraso) e nível de serviço. (27) Nível de serviço = número de itens entregues ______________________ número de itens pedidos A estratégia de gestão de estoque mais utilizada nas últimas décadas ba- seia-se na ideia do estoque zero. Conhecido como “just-in-time” possui o conceito de itens chegando na produção apenas no momento de utilização e na quantidade exata que é demandada, obtendo uma sincronia perfeita. Portanto a ideia é que não haja estoque ou que não seja necessário o esto- que, haja vista que os fluxos (antes e depois) são iguais. Porém a frequência de reposição aumentará, assim como aumentará o custo de pedido e o cus- to de operação. Fonte: os autores. GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E168 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade do nosso livro de Planejamento e Controle da Produção, ou seja, já ultrapassamos mais do que a metade do nosso conteúdo. Nesta unidade, vimos que a gestão de estoque faz parte das atividades do PCP e é realizada com o objetivo de reduzir o capital de giro em estoques e aumentar o nível de atendimento dos clientes internos e externos. Para melhorar a gestão, deve-se, primeiro, entender os reais motivos de man- ter determinado item em estoque. Podemos destacar sete princípios que sempre estarão relacionados ao estoque em uma organização: o de finalidade, de causa, de consequência, de estoque dinâmico, de administração de estoque, de fluxos independentes e o de sistema. Além de compreender os motivos de manter itens no almoxarifado, precisa- mos estabelecer um sistema de padronização de descrição e de grupos de itens. Tal sistema evitará erros de pedidos e especificações de materiais. Quando não sabemos pedir corretamente um material, há várias perdas. Como há limitação de recursos humanos e materiais, é preciso fazer a priori- zação de itens. Para tal finalidade, fazemos a classificação dos materiais conforme os objetivos da gestão. Podemos classificar os materiais conforme seu valor eco- nômico, criticidade para a produção, dificuldade de fornecimento, popularidade, peso, volume, classe de risco, gênero etc. Após classificarmos o estoque, deve-se analisar e definir o método de con- trole desse estoque. Vimos que há algumas considerações a serem realizadas, por exemplo se o estoque do item está inserido no contexto de demanda depen- dente ou independente. Além dos resultados e relatórios que teremos a partir do controle de estoque, é necessário definirmos alguns dados como indicadores de desempenho, para avaliarmos e acompanharmos se o processo está ou não atendendo às expecta- tivas do planejamento. 169 1. Quais são os dois indicadores que todo gestor de materiais deve balancear? 2. Faça a classificação dos itens a seguir considerando uma empresa que você te- nha conhecimento. Sua classificação deve basear-se nos tipos de classificação apresentados no tópico 3. SKU CLASSE ABC CLASSE XYZ CLASSE 123 CLASSE PQR Caneta de luxo Mont Blanc Lâmpada de LED Lâmpada incandes- cente 60W Caneta esfereográfi- ca simples Arroz Feijão Carne bovina de filé mignon Água 3. Determine o lote econômico de compra da seguinte situação: Você é um empreendedor e possui uma empresa com consumo anual de 2000 uni- dades de um único produto. O custo unitário desse produto é de R$ 4,50 por unida- de. De acordo com os seus relatórios, o custo para fazer o pedido é de R$ 45,00 e a taxa de juros estimada para o ano é de 16%. 4. A tabela apresentada a seguir informa que determinada matéria-prima possui a seguinte distribuição de consumo mensal e tempo de reposição. Encontre o estoque de segurança e o estoque máximo, sabendo que o nível de serviço é 70% e o intervalo de revisão é de 0,7 meses. Frequência relativa acumulada em porcentagem 10 30 50 70 90 100 Consumo mensal (unidades) 200 300 350 370 400 420 Tempo de reposição (mês) 0,3 0,4 0,5 0,7 1,0 1,3 170 Considere que o desvio padrão de consumo é 80 unidades por mês. 5. Analise as afirmativas que seguem: I. As empresas formam estoques entre máquinas, pois conseguem prever que determinada máquina ficará inoperante ao longo do tempo. II. Manter grandes quantidades em estoque pode aumentar o risco dos pro- dutos ficarem obsoletos. III. O objetivo de todo estoque é apenas garantir a independência entre pro- cessos e contornar as situações inesperadas, como atrasos de entrega. IV. Por meio dos estoques, o fluxo da produção pode manter-se constante, mesmoque uma máquina do processo fique parada por uma hora. V. Para ser um bom gestor de materiais, é preciso manter o estoque sempre cheio de todos os produtos comercializados pela empresa. Assinale a alternativa correta: a. I e II apenas. b. II e III apenas. c. I e III apenas. d. II e IV apenas. e. III e IV apenas. 171 Gestão de estoque é uma das mais importantes atividades de administração da produ- ção na Manor Bakeries, o maior fabricante europeu de tortas e bolos embalados esto- cados no “ambiente” (ambiente, aqui, significa que podem ser estocados à temperatu- ra ambiente). Dentre suas marcas, encontram-se a Lyons e a Mr. Kipling. Sua frota de entrega reabastece rotineiramente as prateleiras de milhares de pequenos varejistas e, também, distribui para supermercados maiores, mas, nesses casos, o processo de rea- bastecimento é geralmente administrado pelos próprios sistemas de gestão de estoque dos supermercados. Os bolos são produzidos em quatro fábricas, em linhas de produ- ção, algumas das quais operam continuamente. Embora seja colocado esforço conside- rável para estimar as vendas de forma precisa, sempre há incerteza. Ainda assim, existem limites de quanto estoque pode ser usado para compensar flutuações de demanda, já que os supermercados exigem que os produtos estejam em suas prateleiras durante a maior parte do tempo de suas vidas úteis, deixando somente alguns poucos dias para a empresa transportar, estocar e entregar os produtos. O estoque de matéria-prima também necessita ser cuidadosamente gerenciado pelas fábricas. Ingredientes de alto volume, como farinha e açúcar, são entregues a silos de armazenagem gigantes, mas a gestão de centenas de outros ingredientes (manteiga, nozes, frutas secas, ovo pasteurizado etc.) é mais complexa. Alguns desses ingredientes não são caros, mas são usados em alto volume, enquanto outros são mais caros mas têm uso menor. Alguns ingredientes possuem tempo de prateleira curto e precisam ser estocados em condições especiais. Alguns são facilmente disponíveis, outros são importados e possuem longos lead-times, enquanto que ingredientes frescos de safra anuais, como frutas, podem variar em qualidade e disponibilidade. O empacotamento é frequentemente alterado para refletir novas promoções e mudanças de preço. Ainda as- sim, a falta de estoque é algo sério. Pode interromper a programação da produção e le- var à falta de produtos acabados, afetando tanto as vendas como o relacionamento com os clientes. Estoque também pode ocorrer pela forma como os produtos são fabricados nas linhas de produção. Embora alguns produtos vendam o suficiente para garantir suas próprias linhas de produção, a maioria das linhas foi desenhada para fabricar uma gama de produtos similares. Assim, produtos são feitos em lotes, em quantidade suficiente para durar até a próxima batelada de produção. A partir desse texto, tenter responder às seguintes perguntas: Quais são os fatores que constituem os custos de manutenção de estoque, custos de pedido e custos de falta de estoque para Manor Bakeries? O que torna seu planejamento e controle de estoque tão complexo? Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 381). MATERIAL COMPLEMENTAR O IMAM é um Grupo formado por diversos negócios. Sob o lema “A Arte e a Ciência do Fluxo de Materiais”, a IMAM desenvolveu-se valorizando os profis- sionais e as áreas de Supply Chain. Acesse o site e fique por dentro de diversos assuntos sobre gestão de estoques. Disponível em: <http://www.imam.com.br/>. REFERÊNCIAS 173 CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Edi- tora Atlas S.A., 2008. GASNIER, D. G. A dinâmica dos estoques: guia prático para planejamento, gestão de materiais e logística. São Paulo: IMAM, 2002. LUSTOSA, L. et. al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Editora Sa- raiva, 2005. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. VOLLMANN, T. E. et al. Sistemas de Planejamento & Controle da Produção para Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman Editora, 2006. GABARITO 1. Os indicadores de capital de giro empregado no estoque e nível de atendimen- to. Para alcançar um bom resultado em um indicador, há uma piora no outro indicador. Por exemplo, se reduzirmos o capital de giro investido em estoques (salvando os recursos fi nanceiros da empresa), o nível de atendimento dos clientes internos e externos irá diminuir, ocasionando falta de material. 2. A classifi cação do estudante deve basear-se nos critérios apresentados no tópi- co 3 para a empresa que ele tenha conhecimento. 3. O custo para fazer o pedido de compra ( ) é R$ 45,00 A demanda (D) é 2000 unidades O custo unitário do material comprado ( ) é R$ 4,50 A taxa de juros (J) é 16% ao ano, ou seja, 0,16 ao ano. 4. Frequência relativa acumulada em porcentagem 10 30 50 70 90 100 Frequência relativa em porcentagem 10 20 20 20 20 10 Consumo mensal (unidades) 200 300 350 370 400 420 Tempo de reposição (mês) 0,3 0,4 0,5 0,7 1,0 1,3 GABARITO 175 Atenção! Demanda média: somatório do consumo mensal vezes a frequência rela- tiva. Nível de Serviço: 70% = 0,525 Desvio padrão: 80 unidades por mês Intervalo de revisão: 0,7 meses Atenção! Tempo de reposição médio: somatório do tempo de reposição vezes a fre- quência relativa. 5. Alternativa D. U N ID A D E IV Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Entender os conceitos de sequenciamento de ordens de produção. ■ Entender os conceitos de programação puxada da produção. ■ Apresentar as funções de emissão, liberação e acompanhamento e controle da produção. ■ Sequenciar as atividades de um projeto. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Sequenciamento e Programação da Produção ■ Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban ■ Ordens de produção e Acompanhamento da Produção ■ Sequenciamento de Projetos Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 179 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), se acompanharmos um profissional que trabalha no setor de PCP, provavelmente, iremos observar que ele realiza seu trabalho ora dentro de um escritório, ora no chão-de-fábrica. E o que ele faz lá no chão-de-fábrica? Ele não é um operário que trabalha em uma máquina, por exemplo, mas ele vai até aquela área da fábrica para transmitir e receber informações. São nessas ativi- dades que ocorre o planejamento operacional da produção. Conforme explicado no início do livro, o planejamento e controle da pro- dução é realizado, basicamente, em três níveis hierárquicos. Já foram estudados os níveis estratégico e tático que envolvem o plano de produção e o plano mes- tre de produção. Agora, chegou a vez de estudarmos o planejamento e controle no nível operacional, ou seja, no nível mais próximo de planejamento e controle antes de, efetivamente, iniciar a produção. Talvez você se pergunte: mas é possível planejar as atividades quando a pro- dução já está acontecendo? A tendência é planejar menos no nível operacional, porém ainda é possível realizar atividades de planejamento, que envolvem o sequenciamento e programação da produção, acompanhamento da produção e sequenciamento de projetos, quando for o caso, mas o enfoque maior no nível operacional são as atividades de controle. Os planejamentosa níveis estratégico e tático darão suporte ao planejamento operacional. Nesses níveis, foram tomadas as decisões sobre a obtenção de recur- sos para que, no nível operacional, tudo ocorra da melhor forma possível. Porém, durante a execução da produção, é preciso fazer o ajuste fino de planejamento e controle, pois eventos não esperados podem ocorrer, como o cancelamento de pedidos, antecipação de pedidos por parte do cliente, falta de matéria-prima, falta de mão de obra, quebra de equipamentos, acidentes etc. Assim, é vital que o PCP realize o planejamento e controle a nível opera- cional para que a empresa obtenha bons níveis de atendimento ao cliente e de utilização de recursos. Vamos em frente. Bons estudos! ©shutterstock O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E180 SEQUENCIAMENTO E PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), a programação da produção acontecerá logo após o plane- jamento, sendo que, nesse momento, o objetivo não será mais a avaliação dos custos, mas sim de outros fatores, principalmente operacionais, como diminuir os atrasos, redução de estoque e minimização do tempo ocioso. Para que as tarefas da programação da produção sejam bem definidas, é necessário definir e decidir sobre as seguintes questões: quando, onde e por quem cada uma das tarefas serão executadas ou realizadas. Considerando que o produto precisa ser entregue ao cliente no tempo combinado, as tarefas preci- sam ser realizadas dentro do prazo planejado e, ao mesmo tempo, deve haver a redução dos estoques que estão em processo e a minimização do tempo ocioso. Você já deve ter percebido na sua rotina de trabalho algum desses pontos citados, não é mesmo? Ou até mesmo deve ter passado por essa situação. Sequenciamento e Programação da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 181 Sabendo que a programação da produção é uma atividade que envolve o nível tático de uma organização, ou seja, são atividades operacionais, isso não quer dizer que são atividades irrelevantes e que não haverá interferência no resultado ou apresentação da empresa. Muito pelo contrário, cada uma dessas ativida- des operacionais são extensões do plano estratégico definido pela organização. Vamos analisar o seguinte exemplo: você possui uma empresa de estamparia para camisetas e sua produção é considerada alta diariamente, porém você não trabalha com apenas um tipo de estampa, ou seja, há um mix de produtos que, ao final da produção, resultará em modelos de camisetas completamente dife- rentes, isto é, cada modelo de camiseta terá o seu próprio sequenciamento de produção. Isso é um ponto importante que deve ser destacado na sua estratégia. Como há uma variedade de modelos, o sequenciamento na linha de produção e a programação das ordens de produção são essenciais e acabam tornando-se muito mais complexas. Toda empresa visa a minimização dos custos, porém o objetivo estratégico, nesse caso, é oferecer variedade, então, para que não ocorra paradas desnecessárias na linha de produção ou para que não seja necessário ter um elevado estoque intermediário, precisa-se contar com um eficiente sistema de programação de ordem de produção. E se mudarmos o contexto do exemplo para uma empresa que possua a carac- terística de produção por projeto? Cada produto será um projeto, ou seja, haverá características exclusivas, especificações e recursos específicos etc. Normalmente, o projeto se inicia logo após o fechamento do contrato. Haverá um planejamento no qual os objetivos mais destacados serão: data de entrega e custo. Para que você possa atender esses objetivos, será necessário realizar a programação da produção por meio do cronograma e sequenciamento de ativi- dades (já que os projetos são compostos por fases), considerando sempre suas restrições técnicas e financeiras. Consegue pensar em um exemplo para esse caso? Se você pensou em obras de engenharia civil, projetos de arquitetura ou softwares complexos, está correto. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E182 Se, no item “Reflita”, você disse não, vamos ajudá-lo! Como o produto nas pres- tadoras de serviços não pode ser estocado, a utilização da capacidade deve ser obtida por meio da sincronização da demanda com a produção. Pense em um consultório médico. O agendamento de pacientes é uma ati- vidade comum, não é mesmo? Então, ao realizar esse procedimento, é possível sincronizar a demanda com o ritmo do serviço prestado, portanto minimiza- mos o tempo ocioso do profissional e tempo de espera do cliente. Tubino (2009) diz que as regras em tomadas de decisões poderão variar em um período específico ou serão decisões diferentes devido à mudança do objetivo ou da estratégia. Por exemplo, o PCP da sua empresa realiza o sequenciamento da produção, no início do mês, buscando a redução de estoques e a melhoria na eficiência das taxas de produção dos recursos. Após entrar na segunda quinzena do mês, o PCP altera a sua estratégia e toma a decisão em priorizar ordens que geram maior faturamento e carrega recursos que não são eficientes, mas que estão disponíveis para terminar rapidamente o lote, uma vez que gerarão fluxo de caixa. Corrêa e Corrêa (2008) afirmam que o conjunto de decisões poderá ser muito complexo quando se trata de gestão de produção e operações, uma vez que se obtém um problema combinatório tão grande que as soluções intuitivas tornam- -se inadequadas pela nossa limitação que temos em administrar informações. Por isso, definem que sequenciamento de operações é definir quais ativida- des são prioritárias baseadas nas atividades que devem acontecer em um sistema de produção, e programação é a alocação das atividades no tempo, considerando o sequenciamento já definido e todas as restrições envolvidas. Os exemplos citados são de empresas que produzem bens materiais. Você consegue pensar em uma empresa prestadora de serviço? Sequenciamento e Programação da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 183 Há alguns fatores que afetam o sequenciamento e programação da produção: Quadro 1- Fatores que afetam o sequenciamento e programação da produção Ordem de Produção • Datas de entrega divergentes. • Status. • Setups com tempos e atividades variáveis. • Roteiros alternativos. • Equipamentos alternativos. • Importância do cliente. Recursos • Equipamentos quebrados. • Matéria-prima indisponível. • Ferramentas indisponíveis. • Mão de obra indisponível. Operação • Retrabalho. • Demanda de tempo variável. • Definição do tamanho de lote. • Recursos gargalos. • Utilização simultânea de diversos recursos. Fonte: os autores. SISTEMAS DE SEQUENCIAMENTO Conforme dito anteriormente, deve-se definir qual tarefa será executada primeiro e qual será a próxima atividade e, assim, sucessivamente, ou seja, determinar as prioridades. Existem algumas regras que precisam ser levadas em consideração ao definir o sequenciamento de atividades. Tubino (2009) afirma que podemos classificá-las segundo diversas óticas: O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E184 Quadro 2 - Regras de sequenciamento 1. Regras estáticas Quando ocorrem mudanças no sistema produtivo e as prioridadesnão são alteradas. Regras dinâmicas Quando ocorrem mudanças no sistema produtivo e as prioridades são alteradas. 2. Regras locais Quando considera-se apenas a situação da fila de trabalho de um recurso. Regras globais Quando considera-se informações de outros recursos, principalmente do antecessor e do sucessor. 3. Regras de prioridades simples Baseia-se em uma característica específica do trabalho a ser executado. Combinação de regras de prioridades simples Aplica-se diferentes regras, conforme o conjunto de lotes que se pretende sequenciar num determinado momento. Regras com índices ponderados Adota-se pesos para diferentes regras que formam um índice composto definindo as prioridades. Regras heurísticas sofisticadas Determinam as prioridades as quais são incorporadas informações não associadas ao trabalho específico. Fonte: os autores. De acordo com Lustosa et al. (2008), as regras de sequenciamento mais utiliza- das na prática são: • FIFO - First In, First Out. Primeiro a Entrar será o Primeiro a Sair (PEPS). Conforme o próprio nome indica, a prioridade será dada para a primeira ordem de produção que chega à fábrica, depois, para a segunda ordem de produção, em seguida, será a terceira e, assim, sucessivamente. Essa regra busca minimizar a variância do tempo de permanência na fábrica. Podemos exemplificar essa situação com os produtos do ramo de alimentação, pois, devido ao prazo de validade, o primeiro lote pro- duzido será o primeiro lote vendido. • SPT ou SOT - Shortest Processing Time or Shortest Operating Time. Menor tempo de processamento (MTP). A prioridade dessa regra é dada para as ordens de menor tempo, assim, busca-se reduzir as filas e Sequenciamento e Programação da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 185 aumentar o fluxo. Nesse caso, por exemplo, podemos citar um processo de prestação de serviço que há nos supermercados, ou seja, os caixas rápidos que são para os clientes que possuem pequenos volumes. • EDD - Earliest Due Date. Menor data de entrega (MDP). De acordo com a data de entrega prometida ao cliente, nesse caso, é a prioridade da regra, visando a redução de atrasos. Como exemplo, temos a apli- cação dessa regra em uma oficina mecânica quando um cliente furioso liga na quarta-feira exigindo a entrega de seu veículo para o próximo final de semana. • LS - Least Slack. Menor folga (MF). A prioridade dessa regra é dada de acordo com as folgas (em ordem crescente). A folga é correspondente à data de entrega prometida menos o tempo total de processamento. • MFD - Menor folga dinâmica. Essa regra é parecida com a anterior (LS - Least Slack - Menor Folga), porém leva-se em consideração apenas o tempo total restante de processamento. • MFA - Menor fila adiante. Nessa regra, a prioridade é identificar a pró- xima ordem de produção que possui a menor fila naquele momento, buscando evitar a parada de um processo que virá na sequência. • CR - Critical Ratio - Razão crítica (RC: tempo remanescente). Essa regra é uma combinação das regras MDP (menor data de entrega) e MTP (menor tempo de processamento) que leva em consideração a data de entrega prometida e o tempo de processamento, respectivamente. A prioridade é dada pela execução da tarefa que possui o menor tempo remanescente (RC). Ressalta-se que, se o valor de RC for negativo, então, se executa a tarefa atrasada de menor tempo de processamento. Tubino (2009, p. 116) alerta que “cada uma das regras apresentadas tem sua apli- cabilidade restrita à determinada situação de fábrica, pois não existem regras de sequenciamento que sejam eficientes em todas as situações”. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E186 SISTEMAS DE PROGRAMAÇÃO Considera-se o sequenciamento de atividades definidas anteriormente e suas res- trições para, então, inserir cada uma dessas atividades no tempo ideal. Corrêa e Corrêa (2008) apresentam os diferentes sistemas de programação de operações: 1. Carregamento infinito dos recursos X carregamento finito dos recursos. Quadro 3 - Carregamento infinito versus carregamento finito CARREGAMENTO INFINITO DOS RECURSOS CARREGAMENTO FINITO DOS RECURSOS As atividades são programadas conside- rando que os recursos são infinitos, ou seja, não há restrições de capacidade e é baseada na necessidade de atender os prazos. As atividades são programadas consi- derando que os recursos são finitos, ou seja, há restrições de capacidade. Caso não haja recursos disponíveis em um de- terminado período, então, não haverá a programção da ordem ou a atividade será realocada. Fonte: os autores. 2. Programação para trás no tempo X Programação para frente no tempo. Quadro 4 - Programação para trás versus programação para frente PROGRAMAÇÃO PARA TRÁS NO TEMPO PROGRAMAÇÃO PARA FRENTE NO TEMPO Conhecido também como backward. A programação das atividades é definida de acordo com o último momento possí- vel para finalização dessas atividades, fa- zendo com que não haja folga e que não acarrete atraso. Conhecido também como forward. A programação das atividades é definida o mais cedo possível, fazendo com que haja uma possível folga e defina-se a sua data de término. Fonte: os autores. Vamos exemplificar. Considerando que você, caro(a) aluno(a), seja o responsável pela programação da produção de uma indústria. Para as ordens de produção das cinco próximas semanas, tem-se a seguinte situação: você possui a disponibili- dade de apenas 2 recursos por semana, ou seja, o limite da sua capacidade é de 2 pessoas por semana, sendo que cada atividade é realizada por, apenas, 1 pessoa. Sabendo que a atividade A possui duração de 3 semanas, a atividade B possui duração de 2 semanas, a C possui duração de 1 semana e a D possui duração de Sequenciamento e Programação da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 187 2 semanas. Considerando que a data de entrega prometida da atividade A é final da quarta semana. A data da atividade B é final da segunda semana. A data da atividade C é final da segunda semana. A data da atividade D é final da quinta semana. Com base nessas informações, se você utilizar o sistema de programa- ção por carregamento infinito, obtém-se o seguinte resultado: Atividade A Datas prometidas Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Tempo Limite de capacidade Atividade B Atividade C Atividade D Carregamento in�nito duração = 3 semanas 2 semanas 2 semanas 1 semana Carregamento excede capacidade B, C A D Figura 1 - Carregamento infinito Fonte: adaptado de Corrêa e Corrêa (2008). Repare que, na segunda semana, a sua programação não conseguirá atender as necessidades da produção devido ao limite excedido, visto que você tem, ape- nas, duas pessoas para realizar as atividades, porém sua programação exige três pessoas. Agora, se você utilizar o sistema de programação por carregamento finito, obtém-se o seguinte resultado: O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E188 Atividade A Datas prometidas Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Tempo Limite de capacidade Atividade B Atividade C Atividade D Carregamento �nito duração = 3 semanas 2 semanas 2 semanas 1 semana ACB DCarregamento nunca excede capacidade Figura 2 - Carregamento finito Fonte: adaptado de Corrêa e Corrêa (2008). Veja que, para esse sistema de programação, você consegue realocar ou reorga- nizar as suas atividades. Vamos supor que a 1ª semana já tenha se passado e que as atividades A e B já tenham sido iniciadas na 2ª semana. Então, você precisou reorganizar suas atividades devido a não-disponibilidade de capacidade, por isso, a atividade C passou para a 3ª semana, assim, você conseguirá atender a demanda com a quantidade de recursos disponíveis, mas não no tempo prometido. Vamos analisar o sistema de programação para trás, conforme ilustração que segue: Sequenciamento e Programação da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 189 Atividade A Datas prometidas De�ne data de início A partir da data de término “Desconta” para trás a duração da atividade Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Tempo Atividade B Atividade C Atividade D duração = 3 semanas 2 semanas 2 semanas 1 semana B, C A D 3 2 1 Figura 3 - Programação para trás Fonte: adaptado de Corrêa e Corrêa (2008). Observe que, nesse caso, a programação irá tomar como ponto de partida a data de entrega prometida. Acompanhe pelos números 1, 2 e 3 indicados. Veja na ilustração que segue o sistema de programação para frente: O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E190 Atividade A Datas prometidas De�ne data de término A partir da data mais cedo possível Acresce, para frente, a duração da atividade Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Tempo Atividade B Atividade C Atividade D duração = 3 semanas “folga” 2 semanas 2 semanas 1 semana B, C A D 3 2 1 Figura 4 - Programação para frente Fonte: adaptado de Corrêa e Corrêa (2008). Você percebeu a diferença? Acompanhando pelos números 1, 2 e 3 indicados, vemos que o ponto de partida é outra data, ou seja, é uma data bem antecipada. Nesse caso, quanto antes, melhor! PROGRAMAÇÃO PUXADA DA PRODUÇÃO - SISTEMA KANBAN Caro(a) aluno(a), não confunda Sistema Kanban com o Just-in-Time, haja vista que o JIT é uma filosofia que visa melhorar a produtividade e a qualidade total, proporcionando uma produção com custo efetivo, entrega apenas de produ- tos/materiais necessários com qualidade, na quantidade certa, no tempo certo e no local certo, considerando sempre a eliminação de perdas e minimização de recursos. Já o sistema Kanban é uma técnica de “puxar a produção” que é utili- zada dentro do conceito JIT. Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 191 Moura (2003) apresenta duas definições para o Kanban. Na definição geral, o autor diz que o Kanban é um método de redução do tempo de espera, diminui- ção de estoque, melhoria na produtividade e interligação de todas as operações envolvidas em um fluxo uniforme ininterrupto, por isso, o seu principal objetivo é transformar a matéria-prima em produto acabado com tempo de espera igual ao tempo de processamento, eliminando, então, o tempo em fila e estoque ocioso. Já na definição restrita apresentada por Moura (2003, p. 26), diz que “Kanban é um procedimento que utiliza cartões para operar um ‘sistema de puxar’ de con- trole de material”. Esse procedimento faz a interligação de todas as operações de suprimento envolvidas na linha de montagem final. De acordo com Moura (2003), a principal vantagem dos cartões Kanban no processo de produção de uma fábrica é que os funcionários não precisam adivinhar qual é o programa de produção, mas, sim, apenas seguir os pontos de partida e a sequência mostrada nos cartões. Mas de que forma o Sistema Kanban funciona? Antes, será necessário conhecermos a função de cada um dos componen- tes que fazem parte desse sistema que, geralmente, é aplicado nas indústrias: • Cartões Kanban: são os cartões de autorização. Existem dois tipos: o kanban de movimentação e o kanban de produção. O de movimenta- ção irá autorizar a transferência de uma quantidade definida de peças de um local a outro. Já o de produção irá autorizar a fabricação de uma quantidade também definida de peças. • Contenedor padrão: é um recipiente padronizado que possa estocar uma determinada quantidade de peças ou componentes. • Centro de trabalho (célula de produção): é o local ou o setor em que são realizadas as atividades específicas do produto. • Painel de Kanban ou Porta Kanban: é um painel que coleta e autoriza o processamento dos cartões Kanban de produção, apenas. • Área de entrada: é um espaço reservado em que são estocadas as peças em contenedores e que são fornecidas ao centro de trabalho para fabri- cação do produto necessário. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E192 • Área de saída: é um espaço reservado no qual são estocados os pro- dutos em contenedores, sendo que esses produtos já passaram pelo processo de transformação de determinado centro de trabalho. O con- tenedor será mantido nessa área até o momento em que for requisitado por outro processo. Segundo Moura (2003), os cartões de movimentação, em sua essência, realizam as atividades de processamento de informações. Um determinado processo não pode liberar nenhum contenedor sem o seu respectivo cartão de movimenta- ção, e o processo subsequente não poderá retirar nenhum contenedor sem que realmente seja necessário utilizar a peça. As principais informações (de acordo com cada empresa) que devem estar disponíveis nesses cartões de movimentação são: descrição da peça, tamanho do contenedor, número de liberação do Kanban, centro de trabalho anterior a movimentação e centro de trabalho seguinte a movimentação. Cód. do item Nome do item Tamanho do lote Nº de emissão Centro de trabalho fornecedor Centro de trabalho cliente Localização no estoque Localização no estoque Tipo de contenedor Figura 5 - Modelo de Cartão Kanban de Movimentação Fonte: Tubino (2009, p. 144). O cartão Kanban de Produção tem como finalidade autorizar o centro de tra- balho anterior a produzir um contenedor de peças para repor o que foi retirado do estoque, ou seja, o cartão serve como um dispositivo de controle da produ- ção. “Cada vez que um contenedor é transportado para o processo subsequente, ele pode começar a produzir um novo item tal como um kanban de produção independente”, afirma Moura (2003, p. 44). Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 193 As principais informações (de acordo com cada empresa) que devem estar disponíveis nesses cartões de produção são: descrição da peça, tamanho do con- tenedor, descrição do centro de trabalho, local de estocagem, necessidades de materiais e informações opcionais. Nome do item Nº do item Processo Nº de emissão Centro de trabalho Nº prateleira estocagem Tipo de contenedor Capacidade do contenedor Materiais necessários código locação Figura 6 - Modelo de Cartão Kanban de Produção Fonte: Tubino (2009, p. 143). É importante destacar que ocartão Kanban de movimentação deve apenas cir- cular entre duas estações de trabalho, já o cartão Kanban de produção é somente utilizado no determinado centro de trabalho, no qual estará disponível, tam- bém, o painel de kanban. Segundo Tubino (2009), o porta Kanban ou painel de Kanban são utilizados em conjunto com os cartões de produção para sinalizar e sequenciar as necessi- dades de reposição de determinada peça. Em cada painel de Kanban, podemos observar que em cada coluna é projetada a necessidade de produção de um item ou uma peça. Cada uma dessas colunas são subdivididas em linhas ou células em que serão fixados os cartões Kanban. Na capa do livro “Kanban - A simplicidade do Controle da Produção”, escrito por Reinaldo A. Moura, podemos observar que a ilustração é de um painel de cartões com alguns Kanban fixados. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E194 Figura 7 - Capa do livro Kanban Fonte: IMAM Livraria (on-line)1 . De acordo com a capa desse livro, é possível verifi car que são utilizadas 3 cores no painel, são elas: vermelha, amarela e verde. Como a necessidade de produ- ção de cada item irá variar de acordo com a demanda, já que a programação é puxada, você deve ter percebido que a cor branca indica que aquela célula, no momento, não é necessário ser utilizada. Já o signifi cado das demais cores é ilus- trado na imagem a seguir (vide versão colorida no AVA): Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4 Peça n Cor vermelha: indica urgência, pois o estoque de segurança está sendo utilizado. Cor amarela: indica atenção. É necessário produzir para que a produção consiga atender a demanda. Cor verde: indica que a produção da peça encontra-se em condições normais de operação. Figura 8 - Prioridade de cores Fontes: os autores. Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 195 Então, percebemos que o objetivo do painel é ser bem visual para todos os envol- vidos no processo, entendemos qual é a finalidade de cada uma das três cores e concluímos que, quanto mais perto da cor vermelha os cartões estiverem, a urgência de reposição desse item será prioritário. Mas como irá funcionar o fluxo dos cartões? Toda vez que alguém retirar um contendedor de determinado item do esto- que, o cartão correspondente será fixado (da cor verde para a cor vermelha) no painel de Kanban para informar que é necessário produzir mais um lote desse item que foi utilizado. O responsável pelo pelo centro de trabalho irá retirar o cartão (da cor ver- melha para a cor verde) do painel de Kanban de acordo com as prioridades de produção que cada item do painel estiver informando. É importante evitar que o cartão esteja na cor vermelha, contudo, caso isso aconteça, o senso de urgência e prioridade precisa ser maior, uma vez que o seu estoque de segurança já está sendo utilizado. Ou seja, se o estoque desse item não estiver preparado quando a próxima demanda puxar a produção, não será possível atender por falta de recursos. Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4 Peça n RETORNO DO CARTÃO AO PAINEL RETIRADA DO CARTÃO PARA PRODUÇÃO Figura 9 - Fluxo dos cartões no painel Fontes: os autores. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E196 Caro(a) aluno(a), agora, compreender o funcionamento do sistema Kanban por meio de um exemplo. Vamos supor a seguinte situação fictícia: você tem uma empresa que produz canetas esferográficas simples nas cores: azul, preto, verme- lho e verde. Vamos imaginar e analisar somente a linha de produção de canetas azuis, pois a sua demanda é a maior do que qualquer outra. Cada caneta é com- posta por: tampas plásticas (superior e inferior), corpo (tubo transparente), refil de tinta e ponteira. Para melhor compreensão, os itens tampas plásticas e refil de tinta são aque- les que sofrerão alterações por causa da cor do produto final, ou seja, se a minha produção atual for de caneta azul, então, as cores das tampas e do refil deverão ser azuis. Da mesma forma, acontecerá com as cores vermelha, preta e verde. O setor de planejamento definiu que o estoque de segurança desse produto acabado serão, apenas, 3000 unidades, ou seja, 3 contenedores com 1000 peças cada. Portanto, inicialmente, nosso painel está da seguinte forma: Caneta vermelha Caneta verde Caneta azul Caneta preta Outro Figura 10 - Painel de Kanban (início do exemplo) Fontes: os autores. Como a nossa produção é puxada, a análise começará do final para o início da produção. Certo? O setor de vendas efetuou a venda de 1000 canetas azuis para uma escola da cidade, e a entrega foi imediata. Ou seja, no estoque de produto acabado já não há 3000 peças, mas sim 2000 peças. Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 197 No momento que foi efetuada a venda, gerou-se uma ordem de produção de 1000 canetas azuis, e essa ordem de produção transformou-se em um cartão Kanban de produção, o qual foi disposto no painel, conforme a seguir. Caneta vermelha Caneta verde Caneta azul Caneta preta Outro Figura 11 - Painel de Kanban Fontes: os autores. Isso quer dizer que a demanda por canetas azuis está grande comparado ao nível de estocagem. A produção por esse item precisará suprir essa necessidade rapi- damente, já que foi atingido o estoque de segurança. Para iniciar a produção do item, basta retirar o cartão do painel, de acordo com os critérios já apresenta- dos (de cima para baixo). Agora, vamos observar como ficará o fluxo de movimentação do nosso exem- plo. Você pode reparar que o cartão Kanban de movimentação sempre estará acompanhado de um contenedor, seja ele cheio ou vazio. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E198 Vendas tampas plásticas re�l de tinta tubo plástico produto �nal ponteira tampas plásticas re�l de tinta tubo plástico ponteira Área de estocagem em processo (inicial) produto �nal Área de estocagem em processo (�nal) Almoxa- rifado Expedição Painel kanban Linha de montagem do centro do trabalho (imagem ilustrativa) (imagem ilustrativa) P Kanban deprodução M Kanban demovimentação A F Contenedor vazio (aberto) Contenedor cheio (fechado) M M A M A F M Pedido F P F P M Figura 12 - Fluxo de movimentação do exemplo Fontes: os autores. Provavelmente, alguém irá perguntar: professor, mas essa é a única forma de aplicar o sistema Kanban em uma empresa ou setor? A resposta é não! Como a tradução da palavra japonesa Kanban é cartão ou placa visível, temos como as seguintes definições do conceito desse sistema: a) cartões utilizados como um meio de comunicação e meio de transmissão de dados e informações; b) cartões utilizados para autorizar a movimentação de materiais ou a produção; c) cartões utilizados como um sistema de controle de fluxo de materiais e informações; d) cartões permitem que o sistema de controle de materiais funcionem adequada- mente a fim de que se obtenha melhorias nos métodos de produção. Por isso, podemos aplicar o Kanban ou os cartões em diversas situações, em diversoscontextos e de diversas maneiras. Moura (2003) apresenta, na próxima imagem, outros tipos de aplicações para o sistema Kanban. Programação Puxada da Produção - Sistema Kanban Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 199 1) Kanban Ordem de Produção (supermercado <-> painel) 2) Kanban de Movimentação (processo posterior ao anterior) 3) Kanban de Disparo (”pula” processos) 4) Kanban Expresso (falta de peças, Erros, etc.) 5) Kanban Extra (picos de demanda) 6) Kanban Descartável (peça não repetitiva) 7) Kanban “2 Quadrados” (sobre bancadas/esteiras ou no piso) 10) Kanban Contenedor (2 botijões) 11) Kanban Fone, Telex, FAX (entre fábricas ou com fornecedor) 12) Kanban Eletrônico (interruptor, código de barras, etc.) 7) Kanban de Gravidade (bola, pregador, etc.) 9) Kanban Rótulo (etiquetas ou embalagens) Calha ou �o para guia Tubo ou calha Calha ou �o para deslizar Caixa coletora ou (Embalagem vazia) Só �ui material quando há um quadrado vazio Figura 13 - Diversos tipos de Kanban Fonte: Moura (2003, p. 56). O sistema dos cartões Kanban foi apresentado somente para a área indus- trial em uma empresa, porém podemos utilizar esse mesmo conceito na nossa gestão de atividades pessoais? É possível aplicar a ferramenta no nos- so dia-a-dia? O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E200 Caro(a) aluno(a), se sua resposta for positiva para o último “Reflita”, você está certo! Podemos sim aplicar o conceito do Kanban de uma maneira bem visual e simples para controlar o nosso fluxo de atividades diários. Você poderá montar um quadro com as seguintes colunas: To do (ativida- des para fazer), Doing (atividades que você está fazendo) e Done (atividades já feitas, concluídas). To Do Doing Done Assim, você poderá definir suas atividades do dia a dia, preencher o seu quadro, acompanhar e controlar as atividades. Além disso, você poderá definir as priori- dades de acordo com as cores disponíveis. Que tal você tentar aplicar? Aluno(a), com o avanço da tecnologia, surgiram ferramentas on-line que aplicam essa metodologia. Para saber mais acesse os links a seguir: Kanban- Flow disponível em: <https://kanbanflow.com> e Trello disponível em: <https://trello.com>. Fonte: os autores. Ordens de Produção e Acompanhamento da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 201 ORDENS DE PRODUÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seguindo com a programação da produção a nível operacional, temos a etapa final para iniciar a produção. Trata-se da emissão e liberação das ordens de fabricação, montagem, produção, compras, entre outras, conforme a nomenclatura adotada pelo sistema de produção da empresa. Essa etapa é a que antecede o início da produção física de um item. É por meio de uma ordem de produção que o posto de trabalho está autorizado a iniciar a produção de deter- minado item, ou seja, a ordem de produção formaliza o início da produção física (TUBINO, 2000). Uma estação de trabalho pode iniciar a produção de determinado item caso ela tenha uma autorização. O meio de comunicação formal que autoriza a produção é a ordem de produção. Ela deve ser emitida pelo setor de PCP que direcionará as ordens para os responsáveis de sua execução. Podemos agrupar as ordens em três grupos: ordens de fabricação, para peças produzidas interna- mente; ordens de montagem, para a montagem de conjuntos e subconjuntos; e ordens de compra, para a aquisição de matéria-prima e componentes. Uma ordem pode ser impressa no papel e encaminhada para os setores da fábrica ou então ela pode aparecer em um terminal eletrônico dentro da fábrica. Ainda, a ordem pode ir diretamente para máquinas de comando numérico (TUBINO, 2000). Que informações devem existir em uma ordem? Ela deve conter, basica- mente, os dados necessários para que o setor realize as atividades sem erros e dentro do tempo e quantidade esperados. Assim, uma ordem de produção ou de compra pode conter: código e descrição do item a ser produzido ou comprado; datas de início e conclusão do lote; tamanho do lote; desenhos técnicos do item; procedimentos operacionais para a produção do item; materiais necessários para produzir a ordem de produção; outras informações que forem julgadas necessárias. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E202 Quadro 5 - Modelo de ordem de produção ORDEM DE PRODUÇÃO - CORTE AFIADO LTDA Nº 00100 / CÓDIGO DO ITEM:S01 / DESCRIÇÃO: PLACA LATERAL ESBOÇO: ESTAÇÃO DE TRABALHO: CORTE A LASER DATA DE EMISSÃO PRAZO DE ENTREGA QUANTIDADE UNIDADE 04/01/01 05/01/01 100 Unidade MATERIAIS NECESSÁRIOS CÓDIGO DESCRIÇÃO QUANTIDADE DEPÓSITO MP001 Chapa de aço inox AISI 304 2000x1000MM #6MM 15 kg ALM CENTRAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 01 - Programar máquina 02 - Cortar 03 - Conferir medidas 04 - Se corte for aprovado, estocar peças na caixa de madeira Fonte: os autores. Antes do PCP emitir as ordens, ele deve fazer uma análise da exequibilidade de cada ordem, verifi cando os materiais em estoque e disponibilidade de ferra- mentas. O material no estoque pode ser reservado para a ordem de produção ou então ele pode ser retirado do estoque no momento da produção. Particularmente para sistemas produtivos sob projeto ou repetitivos em lotes, com materiais bem específi cos para cada produto, a reserva de material no estoque pode fazer-se necessária para evitar que outras ordens de produção utilizem o material. Ordens de Produção e Acompanhamento da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 203 O sequenciamento e emissão de ordens e o consequente acompanhamento, possuem características distintas conforme o processo de produção, quais sejam: processos contínuos, processos repetitivos em massa, processos repetitivos em lotes e processos por projeto. Para os processos contínuos, nos quais há baixa variabilidade de produtos e grande volume de produção, o foco do acompanhamento pode estar na veloci- dade do processo e quantidade produzida. Devido aos altos custos das instalações, um pequeno período de tempo sem produção pode representar um grande pre- juízo para as operações. Assim, o acompanhamento da produção é feito quase em tempo real para identificar rapidamente quaisquer desvios em termos de qualidade, quantidade e volume. Para os processos repetitivos em massa, como linhas de montagem de veí- culos, a ênfase pode ser na manutenção da velocidade da esteira para atender à meta de produção. Os dados podem não ser coletados em tempo real, mas cole- tados de hora em hora. Os processos repetitivos em lotes possuem produtos mais variáveis e em volumes menores. A ênfase do acompanhamento pode ser dada na qualidade dos lotes e na manutenção de seu fluxo entre as estações de trabalho, coletando informações sobre início e término de lotes de produção. Já nos processos por projeto, cada produto irá utilizar um determinado recurso da empresa por um período geralmente maior de tempo. A ênfase do acompanhamento estará na utilização ótima dos recursos, evitando que máqui- nas e mão de obra fiquem subutilizados e que o tempo de execuçãodo projeto seja reduzido. Juntamente à emissão das ordens de produção para cumprir com o pro- grama de produção desejado, realiza-se a análise da exequibilidade das ordens. Analisa-se a existência de estoques, ferramentas, disponibilidade de máquinas, bem como de demais recursos auxiliares para a execução das ordens. Caso haja falta de algum deles, o PCP deve providenciar o seu suprimento e realizar a cor- reção do programa. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E204 Basicamente, as funções de acompanhamento da produção compreendem (TUBINO, 2000): coletar e registrar dados sobre o estágio das atividades pro- gramadas; comparar o programado e o executado; identificar desvios; tomar ações corretivas; emitir novas diretrizes baseadas nas ações corretivas; fornecer informações produtivas aos setores interessados dentro da empresa; e preparar relatórios de análise de desempenho do sistema produtivo. Vamos apresentar essas funções por meio de um exemplo de uma indústria que fabrica máquinas para a reciclagem de plástico. Um de seus produtos é um triturador de embalagens plásticas. Entre seus vários componentes, ele é com- posto de uma placa lateral feita em aço inoxidável. A peça é obtida por meio do corte de uma chapa de aço em uma máquina de corte a laser. Após o corte, a peça é encaminhada para o setor de montagem em que ela será unida com os demais componentes do triturador. Após emitir uma ordem de produção para 100 placas laterais, o PCP deve cole- tar e registrar os dados de produção. Essa coleta e registro podem ser realizados por meio de planilhas com preenchimento manual ou então pelo apontamento automatizado de dados. Os próprios operadores podem fazer o apontamento dos dados, informando, por exemplo, os tempos de início e término da ordem de produção, as quantidades produzidas, refugo de materiais, tempo para pre- paração da máquina etc. De posse dos dados coletados e registrados, o PCP pode verificar se a pro- gramação das 100 peças está sendo executada. Caso identifique algum desvio, seja de quantidades, problemas de qualidade, aumento do consumo de mate- riais, atrasos na execução da ordem e paradas não programadas, O PCP pode tomar as ações corretivas para permitir a execução do plano de produção. Por exemplo, o PCP pode identificar que, das 100 peças programadas, foram produ- zidas 98 peças boas e 2 peças com erro de medidas e a ordem de produção não foi finalizada dentro do prazo programado. A partir dessa informação, o PCP pode auxiliar na investigação das causas do erro de medida e propor novas dire- trizes de controle. Ordens de Produção e Acompanhamento da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 205 Na determinação das novas diretrizes de controle, pode-se utilizar os concei- tos do Controle Total da Qualidade, em inglês, Total Quality Control (TQC). Ele envolve ferramentas da qualidade, como o uso do diagrama de Ishikawa, ciclo PDCA (do inglês, Plan, Do, Check, Action, ou seja, Planejar, Executar, Verificar e Agir) e o 5W1H ( esponder às perguntas o quê, por que, quem, quando, onde e como) para realizar a atividade de acompanhamento. Estudamos essas ferra- mentas da qualidade em outra matéria específica do curso de Engenharia de Produção, mas podemos utilizá-las também no PCP. Para o caso de nosso exemplo, o PCP identificou as seguintes causas para o efeito de atraso na entrega da ordem de produção. Máquina Mão-de-obra Medida Matéria-prima Método Meio ambiente Atraso da ordem de produção Atraso na entrega da chapa no posto de trabalho Ausência de supervisor no setor Posto de trabalho desorganizado Baixa velocidade de corte Parada para manutenção corretiva Falta de motivação de trabalhadores Trabalhadores recém-contratados Regulagem da potência Figura 14 - Diagrama de Ishikawa para atraso de ordem de produção Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E206 O tempo de entrega da ordem de produção pode ser considerado um item de controle, ou seja, um item que o PCP quer controlar. Pode-se definir outros itens de controle relacionados à qualidade, entrega, serviço e custo. Cabe ao PCP da empresa definir os itens de interesse para serem controlados. Os itens de controle e medidas de desempenho do sistema produtivo devem ser estabelecidos conforme os objetivos de cada empresa. Cada tipo de sistema produtivo possui um enfoque maior em termos de cada dimensão de desem- penho. De forma geral, os itens de controle devem (TUBINO, 2000): ser fáceis de ser visualizados e interpretados pelo PCP e pelos demais setores da empresa; conter informações agregadas; apresentar valores mais oportunos do que exa- tos, suficientes para a tomada rápida de ações corretivas. O PCP também pode aplicar o ciclo PDCA para emitir novas diretrizes de controle. Para o nosso exemplo, o PCP pode realizar o seguinte ciclo PDCA. Figura 15 - Ciclo PDCA para controle do tempo de entrega das OP Fonte: os autores. • Identificação de novos fatores do atraso de ordens de produção • Verificação do tempo de entrega das ordens de produção e comparação com o planejado • Realizar organi- zação, motivação, treinamento e plano de manutenção • Meta: tempo máximo de atraso de 5 horas • Método: organizar posto de trabalho; reduzir distância do estoque até a máquina; treinar e motivar operadores; implantar manutenção preventiva e Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 207 Além de emitir novas diretrizes de controle, tanto para a solução de problemas identificados como para a melhoria de padrão da qualidade, o PCP precisa prepa- rar relatórios com a análise de desempenho do sistema produtivo. Esses relatórios fornecem informações para a tomada de decisão. Eles podem conter informações sobre tempo de entrega de ordens de produção, quantidade de itens fabricados, consumo de mão de obra e horas máquina para a execução das ordens, consumo de materiais por ordem de produção, tempo de setup, capacidade ocupada e dis- ponível de máquinas, custos de armazenagem, custos de setup etc. SEQUENCIAMENTO DE PROJETOS Caro(a) aluno(a), chegamos no último tópico da unidade IV que trata do sequen- ciamento de projetos. Separamos esse assunto, pois os sistemas de produção por projetos possuem características especiais devido aos próprios produtos que são praticamente únicos e diferentes uns dos outros. Os projetos possuem como características a alocação de recursos para cada atividade com possibilidades de aceleração e desaceleração conforme o total de recursos empregados. Assim, neste tópico, vamos apresentar uma técnica e metodologia para analisar os tem- pos de execução de um projeto, identificando oportunidades para acelerar ou desacelerar uma atividade com os melhores resultados em termos de tempo de conclusão do projeto e custo total. Para realizar a programação detalhada de processos produtivos por proje- tos, utilizamos as técnicas da rede PERT (do inglês, Program Evaluation Review Technique) e CPM (do inglês, Critical Path Method). Isso envolve as seguintes atividades (TUBINO, 2000): montagem da rede PERT/CPM; cálculo dos tem- pos para a conclusão da rede; adequação da rede aos fatores de custo; definiçãodos tempos probabilísticos da rede. A seguir, vamos detalhar as três primeiras atividades anteriores por meio de exemplo de uma empresa que fabrica elementos de comunicação visual para uma rede de shopping centers. O projeto em questão é referente à produção de três conjuntos de elementos: placas de sinalização interna feitas em aço galvanizado; letreiro em acrílico; pórtico de entrada em estrutura metálica com acabamento em alumínio composto. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E208 MONTAGEM DA REDE PERT/CPM Uma rede PERT/CPM representa as atividades para a execução de um projeto e a dependência entre elas. Utilizamos nós e setas para fazer a sua montagem. Cada nó significa um evento e cada seta significa uma atividade do projeto. Para montar uma rede, o primeiro passo é identificar as atividades. Para o nosso exemplo da empresa que fabrica comunicação visual para uma rede de shoppings centers, foram identificadas as seguintes atividades para a entrega final dos três conjuntos de elementos de comunicação visual. Tabela 1 - Lista de atividades e dependências ATIVIDADE DEPENDÊNCIA NÓS DURAÇÃO (DIAS) A - Especificação dos modelos de placas de sinalização interna - 1-2 10 B - Desenho das placas de sinalização interna A 2-5 2 C - Fabricação das placas de sinalização interna B 5-8 4 D - Especificação do letreiro em acrílico - 1-3 3 E - Desenho do letreiro em acrílico D 3-6 2 F - Fabricação do letreiro em acrílico E 6-8 2 G - Especificação do pórtico de entrada - 1-4 8 H - Desenho do pórtico de entrada G 4-7 4 I - Fabricação do pórtico de entrada H 7-8 9 J - Carregamento do material para as instalações do shopping center B, E e H 8-9 5 Fonte: os autores. Os tempos de cada atividade foram baseados com a experiência passada da empresa na execução desse tipo de projeto, juntamente com o total de recursos físicos, humanos e financeiros que a empresa possui no momento. De posse das atividades e dependências, bem como da duração prevista de cada atividade, podemos montar a rede, conforme mostrado na figura. Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 209 1 A 10 I 9 D 3 E 2 B 2 H 4 F 2 J 5 G 8 C 4 3 6 2 5 4 7 8 9 Figura 16 - Rede PERT/CPM para o projeto de comunicação visual Fonte: os autores. Na rede, escrevemos o nome da atividade sobre a seta e a sua duração na parte inferior. Os eventos são numerados da esquerda para a direita e de baixo para cima. Conforme vemos na figura, as atividades iniciais A, D e G partem do mesmo evento inicial número 1. Ou seja, essas atividades não dependem de outra para a sua realização, podendo ser realizadas simultaneamente. Já a atividade B, por exemplo, depende da realização da atividade A para iniciar. A atividade J depende da finalização das atividades C, F e I para iniciar. Pode existir, também, o caso em que duas atividades possuem o mesmo nó de início e o mesmo nó final. Ou ainda duas atividades possuem o mesmo nó final e uma atividade posterior possui dependência de apenas uma das duas atividades anteriores. Nesses casos, para representar esse tipo de de- pendência, utilizamos o conceito de atividade fantasma. Fonte: os autores. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E210 CÁLCULO DOS TEMPOS PARA CONCLUSÃO DA REDE Quando precisamos realizar uma atividade, podemos decidir quando devemos iniciar para terminar dentro do prazo. Por exemplo, se alguém pede a você para que você faça o almoço até às 12 horas, você pode avaliar qual é o melhor horá- rio para iniciar o preparo dessa refeição. Se você demora 2 horas para preparar todo o almoço, você deve então iniciar, no mínimo, às 10 horas. Você, ainda, pode iniciar às 8 horas, terminando o almoço às 10 horas (posteriormente, você poderia esquentar a comida próximo das 12 horas). Nesse caso, você teria 2 horas de folga. Existem, ainda, outras possibilidades para você iniciar o almoço, desde que às 12 horas tudo esteja pronto! No cálculo dos tempos para a conclusão do projeto, seguimos essa mesma lógica. Inicialmente, precisamos determinar os chamados cedos e tardes de cada evento. O cedo de um evento é o resultado da soma do cedo de um evento ini- cial da atividade de maior duração mais o valor do tempo de sua execução, ou seja, cedo = cedo inicial maior + duração da maior atividade que parte do evento. O tarde de um evento é igual ao último tempo em que uma atividade que parte desse evento pode iniciar sem atrasar a conclusão do projeto. Para deter- minar o seu valor, fazemos o seguinte cálculo: tarde = tarde do evento posterior - duração da atividade. Os valores de cedo e tarde de um evento são representados por meio de uma fração que é colocada próxima ao evento. O numerador indica o valor de cedo e o denominador indica o valor de tarde. A figura a seguir mostra a rede de nosso exemplo com os valores de cedos e tardes das atividades. Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 211 1 A 10 I 9 D 3 0 0 10 16 8 8 3 17 12 17 12 12 5 19 21 21 26 26 E 2 B 2 H 4 F 2 J 5 G 8 C 4 3 6 2 5 4 7 8 9 Figura 17 - Rede PERT/CPM com o cálculo dos cedos e tardes das atividades Fonte: os autores. A lógica do cálculo dos cedos de cada atividade é da esquerda para a direita. Inicialmente, consideramos que o tempo mais cedo para iniciar as atividades A, D e G é o tempo zero. Para calcular o cedo do evento 2, somamos o cedo do evento 1 com a duração da atividade A (0+10) resultando em 10. Para calcular o cedo do evento 3, somamos o cedo do evento 1 com a duração da atividade D (0+3), resultando em 3. Para calcular o cedo do evento 4, somamos o cedo do evento 1 com a duração da atividade G (0+8), resultando em 8. Para calcular o cedo do evento 5, somamos o cedo do evento 2 com a duração da atividade B (10+2), resultando em 12. Para calcular o cedo do evento 6, somamos o cedo do evento 3 com a duração da atividade E (3+2), resultando em 5. Para calcular o cedo do evento 7, somamos o cedo do evento 4 com a duração da atividade H (8+4), resultando em 12. Para calcular o cedo do evento 8, somamos o cedo ini- cial maior dos eventos 5, 6 e 7 com a duração da atividade que parte do evento com o maior cedo, considerando também o maior valor de duração (12+9), resultando em 21. Para calcular o cedo do evento 9, somamos o cedo do evento 8 com a duração da atividade J (21+5), resultando em 26. A lógica do cálculo dos tardes de cada atividade é da direita para a esquerda. Inicialmente, consideramos que o o tarde para a conclusão do projeto, ou seja, o tarde do evento 9 é igual ao seu cedo, isso porque queremos terminar o projeto O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E212 sempre o mais rápido possível. Para calcular o tarde do evento 8, subtraímos a duração da atividade J do valor do tarde do evento 9 (26-5) resultando em 21. Para calcular o tarde do evento 5, subtraímos a duração da atividade C do valor do tarde do evento 8 (21-4), resultando em 17. Para calcular o tarde do evento 6, subtraímosa duração da atividade F do valor do tarde do evento 8 (21-2), resultando em 19. Para calcular o tarde do evento 7, subtraímos a duração da atividade I do valor do tarde do evento 8 (21-9), resultando em 12. Para calcu- lar o tarde do evento 2, subtraímos a duração da atividade B do valor do tarde do evento 5 (17-2) resultando em 15. Para calcular o tarde do evento 3, subtra- ímos a duração da atividade E do valor do tarde do evento 6 (19-2), resultando em 17. Para calcular o tarde do evento 4, subtraímos a duração da atividade H do valor do tarde do evento 7 (12-4), resultando em 8. Para calcular o tarde do evento 1, obtemos o valor do menor tarde possível das três possibilidades de tar- des, que, nesse caso, seria de 0 (15-10=5; 17-3=14; 8-8=0). O cálculo dos tempos da rede PERT/CPM permite a visualização das pos- sibilidades de início e término das atividades de um projeto. Por exemplo, por meio da figura, podemos observar que a fabricação da sinalização interna (ati- vidade C) pode iniciar tanto no 12º como no 17º dia sem atrasar o projeto. Já quanto às atividades referentes ao desenho dos elementos de comunicação visual (atividades B, E e H), a prioridade é iniciar o desenho do pórtico de entrada (ati- vidade H) que possui o menor tarde (8) em comparação com as atividades B e E. Assim, por meio da rede, nós podemos encontrar o caminho crítico do pro- jeto. Ele é definido como sendo o caminho de atividades com o maior tempo de execução e ele determina o tempo de conclusão do projeto. Para o nosso exem- plo, o caminho crítico é o das atividades G-H-I-J, com tempo total de 26 dias. Além dos tempos referentes aos cedos e tardes de cada evento e atividade, nós podemos calcular outros tempos referentes às datas de início e término das atividades e as folgas em cada atividade. Sobre as datas de início e término das atividades, podemos calcular as seguintes datas: Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 213 • Primeira data de início (PDI): data mais cedo para iniciar, desde que as atividades precedentes iniciaram-se nas suas datas mais cedo. • Primeira data de término (PDT): data mais cedo para que uma ativi- dade seja concluída. • Última data de início (UDI): data mais tarde para iniciar uma ativi- dade sem atrasar a data de conclusão do projeto. • Última data de término (UDT): data mais tarde para terminar uma ati- vidade sem atrasar a data de conclusão do projeto Assim, quais são os valores de PDI, PDT, UDI e UDT da atividade F? Observando a nossa rede, é fácil ver que a PDI da atividade F é igual a 5 e a sua PDT é de 7 (5+2). Sobre as últimas datas, observamos que UDI é igual a 19 e UDT é igual a 21 (19+2). Ainda, definimos tempo disponível (TD) como sendo o intervalo entre a PDI e UDT. Por exemplo, para a atividade F, o TD é igual a 16 (21-5). Sabendo os valores das datas de início e término das atividades, podemos calcular as folgas possíveis das atividades: • Folga total (FT) = TD - duração da atividade. • Folga livre (FL) = (cedofinal - cedoinicial ) - duração da atividade. • Folga dependente (FD) = (tardefinal - tardeinicial ) - duração da atividade. • Folga independente (FI) = (cedofinal - tardeinicial ) - duração da atividade. Vamos, então, calcular as folgas para a rede do nosso exemplo utilizando as fór- mulas de folga. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E214 Tabela 2 - Cálculo de folgas das atividades ATIVIDADE T CEDO TARDE FT FL FD FI i f i f A 10 0 10 0 15 5 0 5 0 B 2 10 12 15 17 5 0 0 -5 C 4 12 21 17 21 5 5 0 0 D 3 0 3 0 17 14 0 14 0 E 2 3 5 17 19 14 0 0 -14 F 2 5 21 19 21 14 14 0 0 G 8 0 8 0 8 0 0 0 0 H 4 8 12 8 12 0 0 0 0 I 9 12 21 12 21 0 0 0 0 J 5 21 26 21 26 0 0 0 0 Fonte: os autores. Caro(a) aluno(a), por meio do cálculo das folgas, também conseguimos identifi- car o caminho crítico. Ele é formado pelo conjunto de atividades com folga total igual a zero (atividades G, H, I e J). Um atraso em qualquer uma dessas ativida- des irá acarretar no atraso do projeto. Porém alguns atrasos nas demais atividades são toleráveis, não impactando na data de conclusão do projeto. Por exemplo, se houver atrasos de até 5 dias nas atividades de especificação dos modelos de placas de sinalização interna (atividade A) e especificação do letreiro em acrí- lico (atividade D), o tempo de conclusão do projeto não será alterado. Assim, montar a rede e calcular os tempos e folgas é essencial para o PCP monitorar a execução do projeto, sabendo quais atividades poderão receber menos recursos para sua conclusão e quais atividades deverão ser priorizadas quanto à alocação de recursos. No subitem a seguir, vamos tratar da adequação da rede aos fatores de custo, tomando decisões para atrasar e adiantar algumas tarefas com o obje- tivo de obter melhor efetividade. Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 215 ADEQUAÇÃO DA REDE AOS FATORES DE CUSTO Para executar um projeto, precisamos de recursos. Os recursos físicos podem ser máquinas, equipamentos, ferramentas e instalações. Para a produção dos elementos de comunicação visual do nosso exemplo, os recursos físicos são os veículos dos engenheiros para ir ao local do shopping para fazer as medições e as máquinas da fábrica que produzem as placas de sinalização interna, o letreiro em acrílico e o pórtico de entrada. Os recursos humanos são representados pelos trabalhadores que participam do projeto: engenheiros, projetistas e operários da fábrica. Já os recursos finan- ceiros são representados pela total investido na execução do projeto. Quando queremos acelerar a execução de um projeto, é comum aumentar- mos a quantidade de recursos, seja comprando novos equipamentos, contratando novos trabalhadores, realizando horas extras e aumentando o número de turnos de trabalho. Quando aceleramos o prazo para realizar um projeto, há benefícios, como a proteção contra multas contratuais por quebra de condições de entrega, menos gastos com supervisão e disponibilidade de tempo para conduzir outros projetos. O aumento na quantidade de recursos tem um custo que irá ser con- trabalanceado pelos benefícios da aceleração do projeto. Assim, vamos ver como podemos acelerar um projeto de tal forma que haja uma compensação de custos. Inicialmente, precisamos determinar quais atividades poderiam ser realizadas de forma mais rápida com a inclusão de recursos, bem como quais são os custos extras por unidade de tempo reduzida na atividade. A tabela a seguir mostra os tempos e custos de aceleração para os dados do nosso exemplo. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E216 Tabela 3 - Tempos e custos de aceleração das atividades ATIVIDADE TEMPO NORMAL TEMPO ACELERADO CUSTO POR UNID. DE TEMPO REDUZIDO A 10 9 R$ 100 B 2 1 R$ 200 C 4 2 R$ 300 D 3 2 R$ 100 E 2 1 R$ 200 F 2 2 R$ 300 G 8 7 R$ 100 H 4 2 R$ 200 I 9 7 R$ 500 J 5 3 R$ 400 Fonte: os autores. Como o caminho crítico é formado pelas atividades G, H, I e J, começamos nosso trabalho de otimização do prazo de entrega do projeto avaliando a aceleração dessas atividades. Dentre elas, a atividade G é a de menor custo para a acelera- ção, e podemos acelerar uma unidade de tempo. Com essa aceleração, o tempo de conclusão do projetocai de 26 dias para 25 dias com um aumento de custo total de R$ 100. A seguir, podemos acelerar a atividade H em até duas unida- des de tempo. Com essa aceleração, o tempo de conclusão do projeto cai de 26 dias para 23 dias com um aumento de custo total de R$ 500. A seguir, podemos acelerar a atividade I em até duas unidades de tempo. Com essa aceleração, o tempo de conclusão do projeto cai de 26 dias para 21 dias com um aumento de custo total de R$ 1500. Com essa otimização inicial, o custo extra total é de R$ 1500 em recursos. Precisamos avaliar se as vantagens dessa aceleração compensam esse custo extra. Para isso, precisamos saber quanto se economizaria com a redução do prazo de entrega do projeto em uma unidade. Para o nosso exemplo, vamos consi- derar que, para cada unidade de tempo reduzida, há uma economia de R$ 200. Conforme apresentamos, quando aceleramos o projeto em 3 unidades (de 26 para 23 dias), o custo extra total foi de R$ 500. Como benefícios, teríamos uma Sequenciamento de Projetos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 217 economia de R$ 600 (3 x R$200). Assim, compensa fazer essa aceleração. Já para o caso de acelerar o projeto em 5 dias (de 26 para 21 dias), o custo extra total seria de R$ 1500, sendo a economia de R$ 1000 (5 x R$200). Portanto essa ace- leração não compensaria. Devemos observar que quando aceleramos um projeto reduzindo o tempo das atividades críticas (que pertencem ao caminho crítico), outros caminhos críticos podem surgir. Por exemplo, se acelerarmos as atividades G, H e I obte- ríamos uma nova rede, conforme a Figura 18. Figura 18 - Rede para o projeto com nova data de conclusão Fonte: os autores. Podemos observar na fi gura que, agora, existem dois caminhos críticos: A-B-C-J e G-H-I-J. Quando temos mais de um caminho crítico, signifi ca que necessita- mos reduzir uma unidade de tempo em cada caminho para obter a redução de uma unidade de tempo na conclusão do projeto. O PLANEJAMENTO E CONTROLE OPERACIONAL DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E218 Nos subtópicos anteriores, tratamos sobre o prazo das atividades como sen- do determinados, ou seja, consideramos que os tempos das atividades são determinísticos. Porém, de forma geral, as atividades possuem uma incer- teza quanto a sua duração. Assim, podemos utilizar tempos probabilísticos para montar a rede. Fonte: os autores. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 219 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), após o PCP realizar os planejamentos e controle a níveis estratégico (plano de produção) e tático (plano mestre de produção), é pre- ciso executar a produção, não deixando o planejamento e controle de lado. Os recursos já foram dimensionados para atender a uma demanda prevista, resta ao sistema produtivo executar a produção de forma operacional. Isso envolve a emissão das ordens de compra e produção. Vimos que, no sequenciamento e programação da produção, as decisões envolvidas estão relacionadas a sequenciar as ordens de produção e programar as datas de entrega. Conhecemos as regras de sequenciamento e os tipos de pro- gramação possíveis. Ao contrário da programação empurrada da produção, na qual cada setor ou estação de trabalho recebe uma ordem para fabricar e montar, a programa- ção puxada promove maior autonomia dentro dos setores de produção. No tópico sobre ordens de produção e acompanhamento da produção, vimos algumas das informações que devem ser transmitidas ao chão de fábrica para iniciar a produção. O acompanhamento é fundamental para que o plano de pro- dução seja cumprido. No tópico sobre sequenciamento de projetos, vimos que um projeto possui atividades com diferentes tempos de execução e que estão relacionadas entre si. Estudamos a rede PERT/CPM, que é usada para representar graficamente as atividades e a relação entre elas. Calculamos os tempos relacionados a cada ativi- dade. Por meio da rede e dos tempos de cedo e tarde, podemos calcular as folgas das atividades. Esse cálculo permite determinar o caminho crítico do projeto que é definido pelo conjunto de atividades que definem o tempo de conclusão do projeto. Vimos uma metodologia para acelerar o prazo de execução do pro- jeto, considerando os custos e benefícios da aceleração. Para obter bons resultados em termos de custo e tempo de entrega, o PCP utiliza técnicas e conceitos de sequenciamento e programação. No contexto atual, muitos softwares de gestão baseiam-se nesses conceitos. 220 1) Uma empresa de pequeno porte está lhe contratando para estruturar o setor de PCP. Em visita à empresa, você levantou as seguintes informações: • A empresa produz mais de 40 modelos de cintos de couro para diferentes grifes da moda, com lotes de tamanho médio de 20 peças. • Os clientes priorizam os fatores de qualidade do cinto e prazo de entrega, pois não podem atrasar os lançamentos de coleções de roupas. • Devido às irregularidades na matéria-prima do couro, há uma geração de resíduos relativamente grande no setor de corte. Com base nessas informações, responda às seguintes perguntas: a. Qual é o tipo de processo produtivo da empresa? b. Quais serão as prioridades na realização das atividades de acompanhamen- to e controle da produção? 2) Pedro e Marcos tiveram a ideia de realizar um churrasco com os ex-colegas de classe de um curso de engenharia. Atualmente, os 50 colegas moram em diferentes cidades e a ideia é reunir toda a turma em um salão alugado. Pedro levantou a se- guinte lista de atividades para a realização do churrasco: ATIVIDADE DURAÇÃO ESTIMADA A - Convidar todos os ex-colegas da turma 2 dias B - Alugar salão 4 dias C - Enviar opções de cardápio para os ex-colegas decidirem 2 dias D - Comprar os ingredientes 1 dia E - Realizar o churrasco 1 dia De posse dessa lista, Pedro a apresenta a Marcos. Esse logo conclui que a preparação e realização do churrasco terá uma duração total de 11 dias (ele somou a duração estimada de cada atividade). Mas Pedro contesta, dizendo que eles conseguem pre- parar e realizar o churrasco em menos de 11 dias. Sabendo também das seguintes informações adicionais: • Todas as atividades iniciarão só após a confirmação de presença dos cole- gas. 221 • A compra de ingredientes ocorrerá após a decisão dos colegas sobre o car- dápio do churrasco. • O aluguel do salão pode ser feito assim que os colegas confirmarem a pre- sença. Considerando todas as informações anteriores, responda: a. Qual será a duração de realização desse projeto, considerando o tempo de sua realização sendo a duração do caminho crítico? b. Que atividades não podem, de maneira alguma, atrasar de tal modo que o projeto seja concluído dentro da duração prevista no item a) ? c. Sobre a duração do projeto, quais dos dois colegas está correto? 3. Com a expansão da sua cidade, houve a necessidade de abrir uma empresa cuja produção é de portas e batentes. Atualmente, essa empresa não dispõe de mui- tos recursos. Considerando que você seja o responsável pela programação da produção e tem a seguinte situação para o próximo mês (4 semanas): • Há disponibilidade de apenas 6 recursos por semana, ou seja, o limite da sua capacidade é de 6 pessoas por semana, sendo que cada atividade é realizada por 2 pessoas. • A atividade A possui duração de 3 semanas, a atividade B possui duração de 2 semanas, a atividade C de 1 semanae a atividade D de 3 semanas. a. Suponha que a data de entrega prometida da atividade A é final da quarta semana, a data da atividade B é final da terceira semana, a data da C é final da segunda semana e a data de entrega da atividade D é final da terceira semana. Represente graficamente o carregamento infinito e comente se houve ou não excesso de capacidade. b. Considerando as mesmas datas de entregas que foram informadas na letra “a)”. Agora, represente graficamente o carregamento finito e faça duas pro- postas de readequação ao problema. 222 4. Diante da dificuldade da economia, Maria precisou complementar sua renda com trabalhos manuais. Então, ela se juntou com mais uma amiga para realizar essas atividades e, consequentemente, fazerem a divulgação. De acordo com as encomendas já recebidas, tem-se a seguinte situação para os próximos dois meses (8 semanas): • A atividade A possui duração de 4 semanas. • A atividade B possui duração de 2 semanas. • A atividade C possui duração de 5 semanas. • A atividade D possui duração de 2 semanas. • A atividade E possui duração de 3 semanas. • A atividade F possui duração de 1 semana. Suponha que: • A data de entrega prometida da atividade A é final da sexta semana. • A data de entrega prometida da atividade B é final da oitava semana. • A data de entrega prometida da atividade C é final da oitava semana. • A data de entrega prometida da atividade D é final da segunda semana. • A data de entrega prometida da atividade E é final da quarta semana. • A data de entrega prometida da atividade F é final da primeira semana. Represente graficamente a programação para trás e a programação para frente. Em sua opinião, qual é a melhor opção de programação? Quais fatores podem interferir na sua decisão? 5. (ENADE/2012) O sistema de programação Kanban utiliza o método de controle de estoque de ponto de pedido para determinar lotes padronizados de produ- ção-compra, funcionando com custos muito baixos de planejamento e tempos de reposição reduzidos. No que refere às características que garantem a eficiên- cia do Kanban como sistema just-in-time, avalie as afirmações abaixo. I. Os modelos no programa mestre de produção são repetidos continuamen- te e comparados com uma programação construída para tirar proveito das economias de escala. II. Os tempos de reposição tornam-se altamente previsíveis porque são cur- tos. 223 III. Os lotes de pedidos são pequenos porque os custos de preparação e obtenção são mantidos baixos. IV. Um alto nível de cooperação entre fabricante e fornece- dor surge para garantir a obtenção do desejado nível do desempenho do produto e da logística. São corretas as características: a. I e II, apenas. b. I e IV, apenas. c. II e III, apenas. d. III e IV, apenas. e. I, II, III e IV. 224 HOSPITAL WALFREDO GURGEL DESENVOLVE SOFTWARE QUE GERENCIA ATENDIMENTOS Continuando a incrementar seu parque tecnológico, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), desde novembro passado, vem aperfeiçoando a utilização do software Kanban, desenvolvido pela Divisão de Informática do Hospital. O programa, que ainda passa por pequenas modificações, já se tornou um instrumento essencial para o ge- renciamento, em tempo real, das demandas diárias de internações, altas e pacientes atendidos, por exemplo. Acessível por todos os setores assistenciais do hospital, o programa tem garantido tam- bém identificar os bairros e cidades de origem dos pacientes que dão entrada no Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS), além de identificar a demanda diária de cada especiali- dade. A diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, aponta o Kanban como uma ferramenta essencial para a gerência do hospital. “O primeiro modelo que utiliza- mos foi o proposto pelo Ministério da Saúde (MS), após a adesão do Walfredo Gurgel ao Programa SOS Emergências. A partir daí, nossa Divisão de Informática começou a melhorar essa ferramenta e adequá-la de acordo com nossas necessidades. Hoje é um instrumento essencial para enxergarmos o hospital e suas necessidades”, explicou. Um dos desenvolvedores do Kanban eletrônico, o consultor em tecnologia da informa- ção, Lucas Gurgel, explica que apesar de já estar em uso, o software sempre estará em constante processo de melhorias. “O Walfredo Gurgel é um hospital imenso e as necessi- dades mudam de tempos em tempos. A prova disso é que atualmente temos uma lista de pedidos para monitorar dados de interesse do hospital e que, gradativamente, serão devidamente implantados”. O consultor ainda diz que, levando em consideração essa perspectiva, o programa estará sempre em uso, porém, nunca realmente finalizado. Armazenado por meio da tecnologia em nuvem, no datacenter do próprio hospital, o sistema ainda pode ser acessado a partir de celulares, tablets ou de qualquer computa- dor conectado à internet. Essa facilidade permite que os gestores visualizem a situação do hospital, mesmo quando, por algum motivo, não puderem estar presentes na uni- dade. Outra vantagem do kanban é a visualização de gráficos que se atualizam, a cada cinco segundos, e mostram a taxa de ocupação nos setores assistenciais como Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), o número de internações por especialidade e o número de pacientes em cada setor, através de um sistema de cores (verde, amarelo e vermelho) que alerta para o tempo de permanência do paciente. 225 ”Dessa forma podemos identificar com mais agilidade o porquê de um paciente estar a três dias internado no hospital, ou se ele está esperando por algum exame fora do Walfredo, e tentar resolver com maior rapidez esse problema. Com isso, conseguimos melhorar a assistência ao paciente e aumentar a rotatividade dos leitos, refletindo inclu- sive na diminuição do número de pacientes no corredor”, afirma Fátima. Fonte: SESAP/ASSECOM (on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR O sistema Toyota de produção - Do ponto de vista da Engenharia de Produção Shigeo Shingo Editora: Bookman Sinopse: Shigeo Shingo propõe uma guerra sistemática, objetivando descobrir, analisar e eliminar as perdas nas fábricas. Mostra os aspectos conceituais básicos para a construção dos Sistemas Produtivos de forma geral e do Sistema Toyota de Produção de forma particular. REFERÊNCIAS 227 CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008. LUSTOSA, L. et. al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008. MOURA, R. A. Kanban - A simplicidade do controle da produção. São Paulo: Editora: Instituto IMAM, 2003. TUBINO, D. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. São Paulo: Edito- ra Atlas S.A., 2000. _______. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. REFERÊNCIA ON-LINE 1 Em: <http://www.imam.com.br/livraria/livros/lean-manufacturing-just-in-time/ kanban-simplicidade-controle-producao.html>. Acesso em 18 out. 2016. 2 Em: <http://www.idema.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=33132&AC- T=null&PAGE=null&PARM=null&LBL=Materia>. Acesso em: 18 out. 2018. GABARITO 1. a. Com base na informação que a empresa produz mais de 40 modelos dife- rentes de cinto e em pequenos lotes, podemos deduzir que ela possui um processo do tipo repetitivo por lote. b. Como o processo é do tipo repetitivo por lote e com base nas informações coletadas inicialmente, as atividades de acompanhamento e controle da produção devem priorizar o atendimento da qualidade do produto e lead time reduzido. O PCP deve criar e monitorar indicadores de qualidade e lead time de entrega dos lotes de produção, minimizando as esperas de lotes entre estações de trabalho. Como há uma taxa relativamente alta deresíduos gerados no setor de corte, o PCP deve programar os lotes conside- rando o melhor aproveitamento da matéria-prima. Pode-se criar um indica- dor de quantidade de cintos produzidos dentro da qualidade programada. 2. a. Para calcular a duração do caminho crítico, precisamos montar a rede PERT/CPM do projeto. De posse das informações, podemos montar, primei- ramente, a seguinte tabela: ATIVIDADE DEPENDÊNCIA DURAÇÃO (DIAS) A - Convidar todos os ex-colegas da turma - 2 B - Alugar salão A 4 C - Enviar opções de cardápio para os ex-colegas decidirem A 2 D - Comprar os ingredientes C 1 E - Realizar o churrasco B, D 1 Agora, podemos montar a rede PERT/CPM: 1 A 2 B 4 C 2 D 2 E 5 2 3 4 5 Por meio dessa rede, observamos que o caminho crítico é o A-B-E com duração total de 7 dias. Assim, a duração desse projeto é de 7 dias. GABARITO 229 b. Para que o projeto não atrase e termine dentro de 7 dias, não podem atra- sar as atividades pertencentes ao caminho crítico, ou seja, as atividades A, B e E. c. Pedro está correto, pois ele afirma que a preparação e realização do chur- rasco pode ocorrer em menos de 11 dias. Como vimos, a duração do pro- jeto é de 7 dias. Assim, Marcos pensou de forma linear, considerando que uma atividade é dependente da outra, enquanto Pedro considerou a possi- bilidade de realizar simultaneamente atividades independentes. 3. a. Resposta (vide versão colorida no AVA) ENTREGA: C B e D A Atividade A Atividade B Atividade C Atividade D ← Excesso Carregamento infinito ↑ Limite de capacidade Semana 1 2 3 4 Tempo b. Resposta: ENTREGA: C B e D A Atividade A Atividade B 2 → Atividade C ←1 3→ Atividade D ← Excesso Carregamento infinito ↑ Limite de capacidade Semana 1 2 3 4 Tempo GABARITO Opção 1: se nenhuma atividade foi iniciada, você poderá programar a atividade C para entregar no final da primeira semana, ou seja, a entrega será adiantada e pode- rá formar estoque de produto acabado (gera-se custo). ENTREGA: C B e D A Atividade A Atividade B Atividade C Atividade D ← Excesso Carregamento infinito ↑Limite de capacidade Semana 1 2 3 4 Tempo Opção 2: se as atividades da primeira semana já foram iniciadas, você poderá pro- gramar a atividade B para entregar no final da quarta semana, ou seja, a entrega será atrasada em uma semana. ENTREGA: C D A e B Atividade A Atividade B Atividade C Atividade D ← Excesso Carregamento infinito ↑ Limite de capacidade Semana 1 2 3 4 Tempo GABARITO 231 Opção 3: se as atividades da primeira e segunda semanas já foram iniciadas, você poderá programar a atividade C para entregar no final da quarta semana, ou seja, a entrega será atrasada em duas semanas. ENTREGA: B e D A e C Atividade A Atividade B Atividade C Atividade D ← Excesso Carregamento infinito ↑ Limite de capacidade Semana 1 2 3 4 Tempo Veja que, dependendo do contexto e da situação momentânea, você poderá ter várias opções de readequação, cabe ao responsável encontrar a melhor solução. 4. Resposta: programação para trás. ENTREGA: F D E A B e C Atividade A Atividade B Atividade C Atividade D Atividade E Atividade F Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo GABARITO Resposta: programação para frente. ENTREGA: F D E A B e C Atividade A Folga Folga Atividade B Folga Folga Folga Folga Folga Folga Atividade C Folga Folga Folga Atividade D Atividade E Folga Atividade F Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo 5. Alternativa E. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos>. U N ID A D E V Professor Esp. Erick Seiti Tsuneto Professor Esp. Maílson José da Silva TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Objetivos de Aprendizagem ■ Entender os princípios gerais da Teoria das Restrições. ■ Entender os indicadores de desempenho da Teoria das Restrições. ■ Entender os cinco passos essenciais da Teoria das Restrições. ■ Entender os princípios básicos da Manufatura Sincronizada. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Princípios Gerais da TOC ■ Indicadores de Desempenho ■ Os Cinco Passos da TOC ■ Princípios Básicos da Manufatura Sincronizada Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 235 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), uma fábrica possui equipamentos com tecnologia avançada e em número relativamente grande, porém existem muitos pedidos atrasados. Você já observou uma situação parecida? Possuir vários equipamentos e grande quantidade de mão de obra disponí- veis nem sempre é garantia de fluxo rápido na produção. Por quê? Porque, para melhorar o fluxo produtivo, deve-se pensar na melhoria do sistema global e não em melhorias individuais das partes que compõem o sistema. Tendo como pano de fundo esse princípio de melhoria global do sistema de produção, apresen- tamos a você, caro aluno(a), nesta última unidade do livro, o conteúdo sobre a Teoria das Restrições (TOC). A sua lógica foi constatada, inicialmente, como uma alternativa para encarar a gestão de operações, principalmente quando se referia à gestão de capacidade produtiva e ao fluxo processado por essa capacidade. Após a evolução e aperfei- çoamento desses conceitos, criou-se a TOC. O objetivo de maximização dos lucros que as empresas possuem e que é um dos objetivos da Optimized Production Technology leva em consideração três ele- mentos: fluxo de materiais, estoque e despesas operacionais. Esses elementos, quando corretamente gerenciados pela lógica da TOC, melhoram o desempe- nho global da empresa. Até que essa maximização de lucros aconteça e até que você consiga obter soluções ótimas no processo de gestão da produção e das ope- rações, com certeza, você se deparará com restrições no seu processo. Assim, iremos entender o que são essas restrições e o que é a Teoria das Restrições. No dia a dia do chão de fábrica, você poderá observar fluxos produtivos defi- cientes que geram atrasos na entrega de pedidos e aumento de custos com estoque e despesas operacionais. Assim, a proposta dessa unidade é ampliar sua visão sobre sistemas de produção no que diz respeito a como melhorar o fluxo produ- tivo. É preocupante a situação na qual se investe em recursos, mas não há lucro satisfatório ou pedidos entregues dentro dos prazos acordados. Bons estudos! ©shutterstock TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E236 PRINCÍPIOS GERAIS DA TOC Caro(a) aluno(a), você se lembra da técnica de planejamento das necessidades de materiais (MRP) estudada na unidade II? Talvez tenha percebido que o MRP não considera setores ou máquinas que possuem capacidade produtiva restrita, impedindo a execução total do plano. Com o objetivo de solucionar esse pro- blema, surge a Teoria das Restrições (em inglês, theory of constraints) por volta do ano de 1980. Ela é baseada, em especial, nas pesquisas de Goldratt e Fox (TUBINO, 2000). Para você, o que é uma restrição em um sistema produtivo? Uma restriçãoimpede que o fl uxo, por meio do sistema produtivo, atinja os níveis desejados. Da pesquisa sobre as restrições em um sistema produtivo, sur- giu um soft ware comercialmente conhecido como OPT (Optimized Production Technology, ou, em português, Tecnologia da Produção Otimizada). A lógica da programação da produção não é baseada somente na estrutura do produto (lista de materiais, tempos de processamento), mas também na estrutura do processo, ou seja, a programação da produção, por meio da teoria das restrições, analisa a capacidade produtiva e o sequenciamento do programa, encontrando as res- trições do sistema e atuando para otimizá-lo. A TOC tem por base o princípio de “gargalo”. Princípios Gerais da TOC Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 237 Você já presenciou, em um setor produtivo, alguma das situações a seguir? Grande quantidade de materiais ao lado de uma máquina para ser processada; uma máquina trabalhando em quase 100% de seu tempo disponível enquanto outra máquina permanece inativa por um tempo relativamente alto; clientes demandando mais produtos do que a empresa consegue produzir. A causa das situações apresentadas pode ser a existência de um recurso gar- galo ou então um recurso com capacidade restrita. Esses recursos impedem que a empresa atinja suas metas de: (i) ganhar dinheiro hoje e no futuro; (ii) satisfa- zer os empregados hoje e no futuro; (iii) satisfazer os clientes hoje e no futuro. A figura a seguir apresenta relacionamentos entre recursos gargalo e recursos não-gargalos. A restrição do fluxo de produção nem sempre é causada por um recurso gargalo. É preciso fazer a diferenciação entre gargalos e recursos com ca- pacidade restrita. O gargalo existe de forma estrutural, ou seja, são mais difíceis de serem eliminados e restringem o fluxo de forma mais consisten- te, independente da conjuntura da empresa. Já o recurso com capacidade restrita impede o fluxo desejado da produção conforme a variabilidade nos sistemas de produção. Fonte: os autores. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E238 Gargalo Montagem Tipo 1 Tipo 2 Tipo 4 GargaloNão-gargalo Não-gargalo Gargalo Gargalo Tipo 3 Não-gargalo Não-gargalo Figura 1 - Tipos de relacionamentos entre gargalos e não-gargalos Fonte: Tubino (2000, p. 165). No relacionamento tipo 1, o recurso gargalo não consegue suprir a demanda do recurso não-gargalo, e esse não consegue produzir em 100% de seu tempo dispo- nivel. No relacionamento tipo 2, pode existir a formação de estoque no recurso gargalo em função da produção fornecida pelo recurso não-gargalo ser maior que a capacidade do recurso gargalo. Quando ambos recursos gargalo e não-gargalo fornecem para uma linha de montagem, temos o relacionamento tipo 3 e a montagem opera em função da produção do recurso gargalo. Há o caso em que não há relacionamento entre o recurso gargalo e não-gargalo, porém a demanda que a empresa pode atender para determinada linha de produtos ficará restrita à capacidade do recurso gargalo. Além dos recursos gargalos dentro de uma empresa, que podem ser uma máquina, estação de trabalho ou setor produtivo, os gargalos podem estar na capacidade dos fornecedores ou na capacidade de venda da empresa. Para melhorar o desempenho dos sistemas produtivos com gargalo e atingir os objetivos globais de qualquer empresa (ganhar dinheiro, satisfazer clien- tes e empregados), a Teoria das Restrições se baseia em três princípios básicos (MACKNESS; RODRIGUES, 1994, apud ANTUNES et al., 2008): Princípios Gerais da TOC Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 239 1. Ser um processo de pensamento - para atingir os objetivos globais da empresa, utiliza-se o Método de Identificação, Análise e Solução de Problemas - MIASP. É preciso pensar na empresa como sendo um sis- tema e aplicar técnicas analíticas para resolver seus problemas. 2. Ser aplicada a um tópico de interesse - a TOC pode ser aplicada não somente na administração da produção, mas também nas áreas de marke- ting, recursos humanos, desenvolvimento de produtos, entre outras. 3. Ser desenvolvida com a educação de colaboradores por meio de ferra- mentas socráticas - para explorar os conceitos de gargalo, recurso com capacidade restrita, indicadores globais, indicadores operacionais e outros elementos da TOC, utiliza-se instrumentos práticos de ensino e aprendizagem, como jogos eletrônicos para verificar a influência da variabilidade da produção sobre os recursos. Também, livros, filmes e teatros são utilizados para explicar aspectos centrais da TOC. A Teoria das Restrições possui um caráter de processo contínuo de melho- ria. Ou seja, para eliminar as restrições de um sistema produtivo, é preciso um tomar ações de forma dinâmica, pois um recurso não-gargalo pode se transfor- mar em um recurso gargalo quando há um incremento de capacidade produtiva nos recursos gargalo. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E240 INDICADORES DE DESEMPENHO Caro(a) aluno(a), como saber se a empresa está atingindo seu objetivo de ganhar dinheiro? Segundo a TOC, pode-se utilizar indicadores de desempenho para quantificar o resultado da empresa. Também, por meio dos indicadores, pode- -se priorizar ações que trarão melhor retorno para a empresa no longo prazo (TUBINO, 2000). Os indicadores podem ser divididos em dois grandes grupos: indicadores operacionais e indicadores globais. Os indicadores operacionais são: 1. Ganho - é a diferença entre o total de produtos vendidos em determi- nado período e o total gasto com matéria-prima. Quando a empresa produz uma quantidade de produto maior do que a quantidade que ela vende, perde-se em ganho, pois o total produzido estocado é conside- rado como inventário ou investimento, ou seja, não geram ganho. 2. Investimento - é o valor investido em máquinas, equipamentos e em materiais. Esses recursos são necessários para a empresa vender seus produtos. 3. Despesas operacionais - é a soma do valor gasto para transformar todo o investimento da empresa em ganho. Assim, uma empresa investe em máquinas e materiais, porém necessita de mão de obra, energia e demais insumos diretos e indiretos para converter o investimento em produtos que possam ser vendidos e gerar ganho. Os indicadores globais estão mais ligados à meta da empresa e são: 1. Lucro líquido - é a diferença entre o ganho e as despesas operacionais. Dizemos que esse indicador é um indicador absoluto e não pode ser usado como referência para comparar a performance de duas empre- sas. Por exemplo, se uma empresa A possuir maior lucro líquido que uma empresa B, isso não significa que a empresa A tenha uma melhor performance, pois ela pode ter investido mais e nem todo investimento se converteu em ganho. Indicadores de Desempenho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 241 2. Retorno sobre o investimento - é um indicador relativo, pois relaciona o lucro líquido e o investimento empregado para obtê-lo. Pode ser defi- nido pela divisão entre o lucro líquido e o investimento. 3. Fluxo de caixa - é um indicador de sobrevivência.Empresas que neces- sitam constantemente de empréstimos, principalmente quando as taxas de juros estão altas, podem ter seu desempenho prejudicado em longo prazo. Assim, o objetivo desse indicador é mostrar se a empresa conse- guirá sobreviver, balanceando adequadamente as entradas e saídas de recursos financeiros. Definidos os indicadores, vamos entender prioridades de uma empresa para que ela atinja sua meta. A TOC prioriza as ações que reduzem a quantidade de investimento em um sistema de produção. Ou seja, ela visa o trabalho com níveis baixos de estoque em almoxarifados e na produção. Além disso, quando há a redução no investimento, pode-se obter redução nas despesas operacionais. Quando uma empresa trabalha com estoques reduzidos, a qualidade dos produtos é melhorada, os prazos de entrega são respeitados, o lead time dos pro- dutos é reduzido e a flexibilidade para alterar o mix de produção é melhorada (ANTUNES et al., 2008). Quando há um aumento nos indicadores “ganho” e “despesas operacionais”, há uma melhoria nos indicadores “lucro líquido”, “retorno sobre o investimento” e “fluxo de caixa”. Já a melhoria no indicador “investimento” não implica em uma melhoria direta no indicador “lucro líquido”. Porém, ao reduzir o investimento, há uma melhoria nos indicadores “retorno sobre o investimento”, “fluxo de caixa” e “despesas operacionais”. Quando as despesas operacionais forem reduzidas, haverá um aumento no lucro líquido. A TOC traz o conceito de “produzir mais com menos”, ou seja, obter maior lucro líquido com a menor quantidade de investimento possível. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E242 A priorização do chamado “mundo dos ganhos” é o que prega a Teoria das Restrições, ou seja, priorizar o aumento do lucro líquido em detrimento do aumento de investimento. É preciso buscar o ótimo global do sistema produ- tivo e não o ótimo local. Por exemplo, se uma máquina tem um custo fixo de R$ 100,00/hora e ela produz a uma taxa de 20 unidades/hora, o custo unitário seria de R$ 5,00 por unidade (100/20). Se a taxa de produção aumentar para 50 unidades/hora, o custo unitário reduziria para R$ 2,00 por unidade (100/50). Podemos concluir que houve um ganho? A resposta é talvez! O lucro líquido pode não aumentar se toda a quantidade produzida não for vendida, ou então se a quantidade produzida não fluir na mesma taxa de produ- ção nas outras máquinas ou estações de trabalho do sistema produtivo. OS CINCO PASSOS DA TOC Caro(a) aluno(a), definidos os indicadores de desempenho e os princípios gerais da TOC, vamos entender quais os passos devem ser dados para melhorar o fluxo da produção dentro da lógica da TOC. Para tanto, apresentaremos um sistema de produção composto por três estações de trabalho seguidos pelo setor de ven- das, conforme a figura a seguir. Estação 1 50 pçs/hora Estação 2 20 pçs/hora Estação 3 60 pçs/hora Vendas 40 pçs/hora Figura 2 - Sistema de produção exemplo Fonte: os autores. Os Cinco Passos da TOC Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 243 Observamos pela Figura 2 que a estação 2 é a que possui a menor capacidade de produção, com 20 peças/hora. Mesmo que a estação 1 produza 50 peças/hora, o fluxo é restrito para 20 peças/hora devido o gargalo na estação 2. Como pode- mos resolver essa situação e melhorar o fluxo da produção? Vamos seguir os cinco passos propostos pela TOC. PASSO 1 - ENCONTRAR AS RESTRIÇÕES DO SISTEMA As restrições são os recursos gargalos e elas podem ser internas ou externas. As restrições internas estão relacionadas a máquinas, equipamentos, setores e departamentos que estão dentro da empresa. No caso do nosso exemplo, pode- mos identificar que a estação 2 é a restrição do fluxo de peças. Porém a restrição poderia ser no mercado de atuação da empresa, o que iria impedir as vendas em uma taxa satisfatória. PASSO 2 - TRABALHAR DA MELHOR FORMA COM AS RESTRIÇÕES DO SISTEMA Após a identificação das restrições, é preciso melhorar a capacidade atuando sobre as causas do recurso gargalo. Desejamos melhorar o indicador de ganho, permitindo um maior fluxo na produção e, consequentemente, uma quantidade maior de produtos disponíveis para serem absorvidos pelo mercado, no nosso exemplo, pode absorver 40 peças/hora. A capacidade da estação 2 poderia ser melhorada atuando sobre o sequencia- mento adequado de ordens de produção; redução das paradas não programadas; alterações frequentes na demanda do cliente e no plano mestre de produção; manutenção; redução do tempo de setup; melhoria no fornecimento de matéria- -prima, componentes e materiais; melhoria na qualidade dos produtos; redução da variabilidade e sazonalidade da demanda. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E244 O objetivo desse passo é utilizar da melhor forma possível as restrições do sistema, focando as melhorias apenas nas restrições para obter um aumento da capacidade operacional. PASSO 3 - SUBORDINAR DEMAIS RECURSOS À CAPACIDADE DO GARGALO Se a capacidade do sistema de produção está restrita à capacidade do recurso gargalo, por que as demais estações de trabalho operariam a uma taxa de pro- dução maior gerando estoques e aumentando o investimento total? Esse passo consiste em restringir a capacidade das demais estações de traba- lho para operarem na mesma capacidade do recurso gargalo. No nosso exemplo, pode-se diminuir a capacidade das demais estações de trabalho, melhorando o indicador de desempenho “investimento”. Além disso, a estação de trabalho 2 não pode ficar desabastecida de materiais, pois uma hora de atraso nessa estação, por falta de material, terá consequências em todo o sistema. Assim, pode-se criar um estoque de segurança entre as esta- ções 1 e 2, também chamado de pulmão do gargalo. Além do pulmão do gargalo, existe o pulmão de espaço e o pulmão de mon- tagem. O primeiro consiste em reservar um espaço para o gargalo formar estoque, caso o processo posterior ao gargalo tenha paradas. O segundo é utilizado quando existe a conjugação de dois ou mais itens dos quais, pelo menos um, é fornecido pelo recurso gargalo. O objetivo do pulmão de mon- tagem é impedir que a linha de montagem pare por falta de itens produzi- dos pelo gargalo. Fonte: os autores. Os Cinco Passos da TOC Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 245 PASSO 4 - ELEVAR A CAPACIDADE DAS RESTRIÇÕES A aplicação dos passos 1 a 3 visa melhorar o ganho e reduzir o investimento do sistema de produção. O objetivo é melhorar ainda mais o ganho por meio de medidas que elevam a capacidade das restrições. No nosso exemplo, a estação de trabalho 2 pode ter sua capacidade de pro- dução elevada por meio da aquisição de mais uma máquina, contratação de pessoal, mudança na tecnologia do processo de fabricação, terceirização, sub- contratação e adoção de técnicas do Sistema Toyota de Produção, como a Troca Rápida de Ferramentas. Se a restrição fosse externa ao sistema, ações de marketing e inovação seriam úteis para eliminar a restrição de vendas: nova segmentação do mercado, novos produtos, novos processos etc. PASSO 5 - VOLTAR AO PASSO 1 E ENCONTRAR NOVAS RESTRIÇÕES A melhoria na capacidade de produção das restrições melhora o fluxo geral do sistema, porém novas restriçõesirão surgir. Por exemplo, caso consigamos aumentar a capacidade da estação 2 para 50 peças/hora a nova restrição seria o processo de vendas que possui uma capacidade de 40 peças/hora. O processo de melhoria deve ser contínuo para que os indicadores de desempenho do sis- tema sejam cada vez melhores. ©shutterstock TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E246 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MANUFATURA SINCRONIZADA A partir dos quatro tipos de relacionamentos entre os recursos gargalos e recur- sos não-gargalos e dos cinco passos da Teoria das Restrições apresentadas nos tópicos anteriores, agora, estudaremos os princípios básicos da manufatura sin- cronizada (UMBLE; SRIKANTH, 1990, apud ANTUNES et al., 2008). FAÇA O BALANCEAMENTO DO FLUXO E NÃO DA CAPACIDADE Parte-se do princípio de reconhecer que as plantas reais das fábricas são estru- turalmente desbalanceadas, ou seja, as capacidades individuais dos postos de trabalho não são balanceadas. Por isso, a ideia da manufatura sincronizada con- siste na necessidade de focar os esforços na sincronização do fluxo dos objetos de trabalho. Os Princípios Básicos da Manufatura Sincronizada Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 247 O TEMPO GANHO EM UM RECURSO GARGALO É O TEMPO GANHO PARA O SISTEMA GLOBAL A capacidade total da fábrica é igual à capacidade dos gargalos de produção. O desempenho econômico da indústria está relacionada, diretamente, aos recur- sos gargalos. Por isso que o ganho global da empresa será igual á margem (preço líquido menos custo variável) dos produtos que serão produzidos nesse tempo adicional de utilização dos gargalos. O TEMPO GANHO EM UM RECURSO NÃO-GARGALO É APENAS UMA MIRAGEM O tempo de recurso pode ser dividido em: processamento, preparação e ocioso. Nos recursos gargalos, os tempos ociosos são iguais a zero. Com isso, qualquer redução de tempo de preparação é convertido em tempo de processamento, ou seja, obtém-se ganho para a empresa. Já nos recursos não-gargalos, qualquer tempo ganho em operações, tanto de processamento quanto de preparação, implicará em aumento no tempo total de ociosidade. Sendo assim, os ganhos associados aos recursos não-gargalos pos- suem valor econômico que podem ser desprezados, em muitos casos. O NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DE UM RECURSO NÃO-GARGALO NÃO É DETERMINADO PELA DISPONIBILIDADE, MAS SIM CONTROLADO POR OUTRAS RESTRIÇÕES DO SISTEMA Existem interações entre os recursos que devem ser consideradas no momento da tomada de decisão sobre a utilização dos recursos não-gargalos. Por mais intuitivo que possa parecer, as empresas, geralmente, não levam em conta esse princípio. É comum observar a avaliação de desempenho por meio da métrica de comparação “quanto usou de recurso” com “disponibilidade de recurso”. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E248 O resultado disso, ao maximizar o seu desempenho, seria manter o recurso não-gargalo ativado, porém as consequências são que as despesas operacionais seriam maiores do que o necessário e o aumento dos inventários. Portanto a lógica ideal seria sincronizar a utilização dos recursos não-gargalos com o gargalo. OS RECURSOS DEVEM SER UTILIZADOS E NÃO ATIVADOS. LEMBRE-SE: UTILIZAÇÃO E ATIVAÇÃO DE RECURSOS NÃO SÃO SINÔNIMOS É importante saber que o conceito de ativação é empregado aos recursos dos cen- tros de trabalho para a transformação de materiais em produtos. Já o conceito de utilização é referente á ativação de recursos que contribuem para a perfor- mance da empresa de forma positiva, gerando ganhos a ela. Portanto pode-se dizer que a utilização é um subconjunto da ativação. Para que um recurso seja utilizado, ele deverá ser ativado, porém o contrário não é verdade. O LOTE DE TRANSFERÊNCIA NÃO PODE, E NÃO DEVE, SER IGUAL AO LOTE DE PROCESSAMENTO Lote de processamento corresponde à quantidade de produto processada em um recurso antes que haja a mudança para se produzir outro produto diferente. Lote de transferência corresponde à quantidade de unidades de um mesmo lote que são retiradas e movimentadas ao mesmo tempo de um recurso para outro. Portanto, ao utilizar lotes de transferência menores que os lotes de proces- samento, trarão as seguintes vantagens: ajuda a manter a sincronia da produção; quanto menor o lote de transferência, menor será o tempo que o produto atraves- sará a produção, após o gargalo; e, também, quanto menor o lote de transferência, a identificação de falhas e defeitos será mais rápida. Os Princípios Básicos da Manufatura Sincronizada Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 249 O LOTE DE PROCESSAMENTO DEVE SER VARIÁVEL Muitos sistemas tradicionais de programação da produção assumem que existe apenas um tamanho de lote para cada item, acarretando certa dificuldade. Porém, nesse caso, precisa-se levar em consideração que os ambientes são dinâmicos, existe a interação complexa entre recursos e há flutuações estatísticas. Corrêa e Corrêa (2008) ainda acrescentam mais dois princípios, são eles: OS GARGALOS NÃO DETERMINAM APENAS O FLUXO, MAS DEFINEM TAMBÉM OS SEUS ESTOQUES Como os gargalos limitam a capacidade de produção, então, eles definem o seu fluxo produtivo. Porém são os principais condicionantes do estoque devido a sua dimensão e localização em pontos que conseguem isolar os gargalos das flu- tuações estatísticas propagadas pelos recursos não-gargalos. Programa-se os materiais do estoque para chegar ao recurso gargalo em um certo tempo de segurança antes de realmente ser iniciado a operação. Assim, qualquer atraso que houver com os recursos que alimentam os recursos garga- los poderá ser absorvido nesse tempo de segurança. A PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES E A CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DEVEM SER CONSIDERADAS SIMULTÂNEAS E NÃO SEQUENCIAIS Considera-se que os tempos de fila são dependentes da programação das ativi- dades. Como esse tempo de fila é um dos principais componentes do lead time dos itens, pode-se perceber que os tempos serão diferentes, caso alguma ordem de produção ganhe prioridade comparada às outras que estão sequenciadas. Assim, aborda-se esse problema de forma distinta, considerando simultane- amente a programação de atividades e a capacidade de recursos, principalmente com relação aos recursos gargalos que são limitantes. TEORIA DAS RESTRIÇÕES E OPT - OPTIMIZED PRODUCTION TECHNOLOGY Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E250 Por mais que se aplique apenas alguns desses princípios na organização e obtenham-se melhores condições para a tomada de decisão, ainda assim as van- tagens oferecidas por eles não serão plenas, pois alguns desses princípios só serão colocados em prática com auxílio de um software. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 251 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, você pôde entender melhor os conceitos sobre a Teoria das Restrições. Esse conjunto de técnicas que compõe a TOC contribuem de forma significativa na resolução de problemas observados e ana- lisados por meio de gargalose não-gargalos. Além disso, é possível perceber que se criam ações voltadas à melhoria do desempenho do sistema de produção de uma organização, relacionadas aos aspec- tos operacionais e, também, econômico-financeiro da empresa. Sua filosofia considera que o objetivo básico do sistema produtivo é “ganhar dinheiro hoje e sempre”. E, a partir disso, só será possível atingir o objetivo por meio de altos níveis de desempenho que estão alinhados a três objetivos opera- cionais, que são: maximização do fluxo de produtos vendidos, redução nos níveis de estoque e redução de despesas operacionais. E, para que as empresas consigam um bom desempenho na implantação da teoria para a prática, foi apresentada a ferramenta OPT, o qual auxiliará o ges- tor nos diversos momentos de tomada de decisão. Com relação à função processo, vimos que há um ponto chave na necessi- dade de minimizar, ao máximo, a espera em processo. E, para que isso ocorra, é necessário ficar atento ao fluxo produtivo, mas deve-se analisar pontos de melhorias do sistema global e não apenas nos pontos de melhorias individuais. Não necessariamente o investimento constante em recursos (máquinas, equipamentos, mão-de-obra, materiais etc) será satisfatório e solucionará o seu problema, a fim de atingir o objetivo organizacional. Se mal analisado, os fluxos produtivos ficarão cada vez mais deficientes, ocasionando atrasos na entrega de pedidos e aumento de custos com estoque e despesas operacionais. Portanto, se bem aplicada, a Teoria das Restrições auxiliará as empresas a focar nas soluções dos problemas identificados a partir de gargalos a fim de maximizar o seu próprio desempenho. Esperamos que tenham gostado e com- preendido sobre este conteúdo e convidamos você a se aprofundar um pouco mais no assunto. 252 1. Uma organização possui duas fábricas de segmentos diferentes que produzem, especialmente, apenas dois produtos cada. Com o tempo, a expectativa é que o leque de produtos, assim como a demanda, se multiplique. O processo da fábrica I é o seguinte: Produto X R$ 300,00 por unidade 50 unidades/semana Produto Y R$ 100,00 por unidade 250 unidades/semana Matéria-prima 1 R$ 30,00 por unidade Matéria-prima 2 R$ 50,00 por unidade Matéria-prima 3 R$ 25,00 por unidade Fábrica I Recurso C 20 minutos/unidade Recurso C 10 minutos/unidade Recurso A 20 minutos/unidade Recurso B 10 minutos/unidade Recurso B 5 minutos/unidade Outras informações: • Disponibilidade: 3000 minutos por semana • Não há geração de defeitos, nem tempos de set-up. • A fábrica possui três máquinas: A, B e C. Cada máquina processa apenas uma unidade de matéria-prima por vez. Exemplo do Processo Fábrica I Fonte: os autores. 253 Já o processo da fábrica II pode ser considerado mais complexo, comparado ao an- terior e possui um pouco mais de equipamentos. Veja a seguir: Produto W R$ 30,00 por unidade 50 unidades/semana Fábrica II Recurso G 3 horas/unidade Recurso F 2 horas/unidade Recurso F 1 hora/unidade Matéria-prima 1 R$ 3,00 por unidade Matéria-prima 2 R$ 10,00 por unidade Produto Z R$ 50,00 por unidade 20 unidades/semana Recurso G 5 horas/unidade Recurso E 1 hora/unidade Matéria-prima 3 R$ 15,00 por unidade Recurso C 1 hora/unidade Recurso A 3 horas/unidade Recurso B 6 horas/unidade Recurso E 4 horas/unidade Matéria-prima 2 R$ 10,00 por unidade Outras informações: • Disponibilidade: 264 horas por semana • Não há geração de defeitos, nem tempos de set-up. • A fábrica possui sete máquinas: A, B, C, D, E, F e G. Cada máquina processa apenas uma unidade de matéria-prima por vez. Exemplo do Processo Fábrica II Fonte: os autores. Portanto, determine os gargalos, tanto da Fábrica I como da Fábrica II. 2. Sobre os indicadores globais e operacionais de desempenho relacionados à TOC (Theory of Constraints), é correto afirmar: a. O indicador de despesas operacionais é um indicador global, pois está rela- cionado com toda a empresa. b. O valor do indicador “investimento” é maior quando a empresa gasta mais dinheiro com energia elétrica para operar suas máquinas. c. O indicador de lucro líquido é um indicador operacional, pois está relacio- nado com o estoque da empresa. 254 d. Para uma empresa com despesas operacionais iguais a R$20.000, ganho de R$ 30.000 e investimento de R$50.000, o lucro líquido é de R$ 10.000. e. Para uma empresa com despesas operacionais iguais a R$20.000, ganho de R$ 30.000 e investimento de R$50.000, o retorno sobre o investimento é de 0,3. 3. Os estoques evitam a quebra do fluxo da produção devido à falta de material. Assim, utilizam-se estoques de segurança denominados de “pulmões” entre os processos produtivos. Sobre os tipos de pulmões, é correto afirmar: a. O pulmão do gargalo fica depois do recurso gargalo, no fluxo de produção. b. O pulmão de espaço fica antes do recurso gargalo, no fluxo de produção. c. O pulmão de montagem protege a linha de montagem contra paradas caso o recurso gargalo não produza os itens na quantidade necessária na montagem. d. O pulmão de montagem protege o sistema de produção caso o gargalo precise parar para a manutenção. e. O pulmão de espaço protege o sistema de produção caso uma máquina anterior ao gargalo precise parar para a manutenção. 4. Ao analisar o fluxo de produção em uma marcenaria, um engenheiro de produ- ção resolveu diminuir o horário de trabalho em uma das máquinas, pois a pro- dução da máquina estava gerando uma grande quantidade de estoques para ser processada em outras máquinas. É correto afirmar que essa ação pode ser relacionada com o seguinte passo da TOC (Theory of Constraints): a. Encontrar as restrições do sistema. b. Trabalhar da melhor forma com as restrições do sistema. c. Subordinar demais recursos à capacidade do gargalo. d. Elevar a capacidade das restrições. e. Voltar ao passo 1 e encontrar novas restrições. 255 5. Sobre os princípios básicos da manufatura sincronizada, complete as lacunas do conceito a seguir: “O lote de __________ deve ser __________ que o lote de __________, porque a quantidade do lote influenciará na sincronia da __________, na __________ de pro- blemas e no tempo.” Assinale a alternativa que completa corretamente a frase. a. processamento, menor, transferência, produção e identificação. b. transferência, menor, processamento, produção e resolução. c. transferência, maior, movimentação, logística e resolução. d. processamento, maior, transferência, produção e identificação. e. transferência, maior, processamento, programação e identificação. 256 APLICAÇÃO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES E DO INDICADOR DE EFICIÊNCIA GLOBAL DO EQUIPAMENTO PARA MELHORIA DE PRODUTIVIDADE EM UMA LINHA DE FABRICAÇÃO O objetivo principal deste estudo consistiu em mostrar a relevância e a vantagem na utilização do indicador de Eficiência Global do Equipamento – OEE, em conjunto com a TOC e o Kaisen, para direcionar ações de melhoria em linhas de fabricação. Este estudo teve como objeto as operações de usinagem em uma indústria automobi- lística, em que quatro dos componentes do motor são ali fabricados: bloco do motor, cabeçote, biela e virabrequim. Cinco operações de usinagem foram estudadas, as quais foram denominadas pelos números: 320; 325; 330; 350 e 370. Historicamente, o equipa- mento crítico da linha era aquele responsável pela Operação 370. A existência de estoques no ponto de uso era limitada, ou seja, quando o estoque no ponto de uso aproximava-se do fim, o operador do equipamento acionava o respon- sável pelo abastecimento da linha, que repunha o material, evitando a existência de inventário em excesso ao longo da planta. Para ilustrar o procedimento adotado, comenta-se as análises realizadassobre as cinco operações: *Operação 320: uma das primeiras operações da linha de usinagem de blocos de moto- res, realizava dois furos no bloco utilizando-se de duas ferramentas distintas. A operação realizava-se com elevadas perdas de tempo. Além disso, a necessidade de se usar duas ferramentas distintas elevava o número de peças a serem controladas e mantidas em estoque. Percebeu-se uma oportunidade de melhoria com a possibilidade da realização do furo utilizando-se apenas uma ferramenta, que seria responsável pelo desbaste e pelo acabamento do furo. No início dos estudos, resultou em um tempo padrão de 54,5 segundos, ou seja, uma capacidade bruta de produção de 66 peças por hora. Assim, a Operação 320 produzia, em média, 783 peças/dia de trabalho e a capacidade líquida era de 45 peças/hora. Pos- teriormente à aplicação das melhorias propostas, a média diária de produção de peças em conformidade com os padrões de qualidade foi de 835 peças, resultando em uma capacidade líquida de produção de 48 peças/hora. *Operação 325: responsável pela usinagem de diversos pontos da lateral do bloco. To- das as etapas nesta operação eram realizadas utilizando-se apenas uma ferramenta. Após alguns estudos, propôs-se a otimização dos dados de corte, visando à redução no tempo de ciclo de usinagem. O tempo de ciclo era de 65,4 segundos, resultando em uma capacidade bruta de pro- dução de 55 peças/hora. Assim, a máquina produzia uma média diária de 661 peças, resultando numa capacidade líquida de produção de 38 peças/hora e OEE de 69%. Após a ação de melhoria, o tempo de ciclo da máquina reduziu-se para 60 segundos, com capacidade bruta de produção de 60 peças/hora. A produção média diária do equipa- 257 mento subiu para 748 peças, com capacidade líquida de produção de 43 peças/hora e OEE de 73%. *Operação 330: realizavam diversas operações de usinagem na face superior do bloco simultaneamente. A ação foi o incremento na qualidade da usinagem, contudo, redu- ziram-se os indicadores de perda de peças por rejeição, os retrabalhos, as paradas da máquina para manutenção e as trocas de ferramentas, o que se refletiu no indicador de eficiência OEE e na capacidade líquida de produção. O tempo de ciclo deste equipamento antes era 65,3 segundos com uma capacidade bruta de produção de 55 peças/hora. A máquina produzia uma média diária de 661 pe- ças, resultando numa capacidade líquida de produção de 38 peças/hora e OEE de 69%. Após a implementação da ação de melhoria, o tempo de ciclo da máquina reduziu-se para 60 segundos com a capacidade bruta de produção de 60 peças/hora. A produção média diária do equipamento subiu para 748 peças, resultando em uma capacidade líquida de produção de 43 peças/hora e indicador de eficiência OEE de 73%. *Operação 350: executava o furo para a galeria de óleo no bloco do motor. Um dos pro- blemas principais era a constante quebra de ferramentas, elevando desta maneira o custo com a troca das mesmas. Outro grande problema era a quebra de ferramenta, res- ponsável por gerar perdas de produção e o tempo de ciclo da máquina extremamente alto que afetava sua capacidade bruta de produção. O equipamento apresentava um tempo de ciclo de 63,15 segundos e uma capacidade bruta de produção de 57 peças/hora; além de uma média diária de produção de 678.6 peças, resultando em uma capacidade líquida de produção de 39 peças/hora. Com as modificações sugeridas, a máquina passou a produzir uma média de 731 peças/dia, sua capacidade líquida apresentou um crescimento atingindo 42 peças/hora e seu indica- dor OEE passou para 75%. * Operação 370: historicamente, a operação gargalo da linha de usinagem de blocos de motores, considerada uma das máquinas mais críticas, devido às suas constantes que- bras e consequentes paradas na produção. Realizou-se um plano de revisão de manutenções preventivas analisando-se todos os seus parâmetros e adotando intervalos de manutenção extremamente rígidos, de ma- neira que fosse possível à Engenharia, a qualquer momento, conhecer a situação dos mesmos, para evitar a falha antes que ela ocorresse. Outras propostas foram efetivadas, como: implementação de ações que visassem incrementar a vida útil do mandril. O equipamento apresentava antes uma média diária de produção de 643,8 peças, com uma capacidade líquida de 37 peças/hora e OEE de 70%. Com as mudanças, o equipa- mento apresentou um maior tempo necessário para a execução de suas tarefas, apre- sentando um tempo de ciclo de 72 segundos e capacidade bruta de produção de 50 peças/hora, mas sua média diária de produção subiu para 670 peças/hora, resultando em uma capacidade líquida de produção de 38 peças/hora. 258 A existência de pulmões entre as operações penaliza a fábrica por acarretar inventário em excesso, entretanto, pode-se justificar sua adoção visando incremento na produtivi- dade da linha por meio do pleno uso dos equipamentos, mesmo em condições adversas. A TOC apresentou-se como uma proposta interessante para a análise de linhas de fabri- cação baseada nas operações ou atividades que demandem um maior tempo para sua execução, restringindo dessa maneira a produção como um todo. Como parte da gama de ferramentas oferecidas pela Engenharia de Produção, encontrou-se no OEE um mé- todo extremamente útil para a análise do desempenho de linhas de fabricação. Disponível em: IETEC ([2016], on-line)1 . Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A Meta: Um Processo de Melhoria Contínua Eliyahu M. Goldratt; Jeff Cox Editora: Nobel Editora Sinopse: Best seller consagrado, com mais de 2 milhões de exemplares vendidos no mundo e traduzido em mais de 20 idiomas, A Meta - Um Processo de Melhoria Contínua, adquirido pelo grande público e homens de negócios, foi adotado por mais de 200 faculdades. Escrito em forma de romance, o autor trata dos princípios de funcionamento de uma indústria, questionando o porquê de ela funcionar de determinada forma e como seria possível solucionar os problemas de empresas que estão com atrasos na produção e baixa receita. Com resultados alcançados na prática, o processo de melhoria contínua desenvolvido por Goldratt pode ser aplicado em outras organizações, como bancos, hospitais, seguradoras, e até no ambiente familiar. Nova edição revista e trazendo o texto Minha Saga, a história da vida de Eliyahu M. Goldratt, reúne, também, técnicas para aumentar a produtividade. REFERÊNCIAS ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e ges- tão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Edi- tora Atlas S.A., 2008. MACKNESS, J. R.; RODRIGUES, L. H. A review of the theory of constraints as thinking process. [S.l.]: Universidade de Lancaster, 1994. TUBINO, D. F. Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Edito- ra Atlas S.A., 2000. REFERÊNCIA ON-LINE 1 Em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1226>. Acesso em: 18 out. 2018. GABARITO 261 1. O gargalo da Fábrica I é o recurso C. DISPONIBILIDADE: 3000 MINUTOS/SEMANA RECURSO CÁLCULO RESULTADO A (50*20) 1000 B (50*10) + (250*10) 1750 C (50*20) + (250*10) 3500 Já os gargalos da Fábrica II são os recursos B e E. DISPONIBILIDADE: 264 HORAS/SEMANA RECURSO CÁLCULO RESULTADO A (50*3)+(20*3) 210 B (50*6)+(20*6) 420 C (50*1)+(20*1) 70 D (50*1) 50 E (50*4)+(20*5) 300 F (50*2) 100 G (50*3)+(20*5) 250 2. Alternativa D. 3. Alternativa C. 4. Alternativa C. 5. Alternativa D. CONCLUSÃO Prezado(a) aluno(a), estamos finalizando mais uma disciplina - a de Planejamento e Controle da Produção. Mais um conteúdo está sendo concluído e muitos ainda virão para complementar a sua formação. Apresentamos, na unidade I, o sistema de produção,sua classificação e os modelos de produção. Você deve ter percebido que nenhum setor consegue sobreviver so- zinho dentro de qualquer organização, ou seja, sempre deve ter um bom comparti- lhamento de informações. Com um sistema bem estruturado, a organização terá a sua vantagem competitiva e será sustentada por uma estratégia, o qual dará início aos planejamentos envolvidos no PCP. Na unidade II, aprendemos que os planejamentos estratégico e tático servirão para prever as situações o mais próximo da realidade e tentar, ao máximo, reduzir as fa- lhas. A melhoria contínua deve estar intrínseca no cotidiano da empresa, por isso que todos esses planejamentos foram estudados a fim de otimizar os processos e minimizar perdas. A partir da unidade III, pode-se perceber que a função do gestor que atua na área de PCP acaba tornando-se mais complexa do que se imagina. Reduzir os níveis de estoque e manter o nível de atendimento dos clientes internos e externos é um dos grandes dilemas a ser resolvido pelo setor de PCP. Já na unidade IV, vimos o quanto é importante a ação de sequenciar as atividades, programar os processos e controlar as operações. Todas essas atividades são basea- das no que foi definido no momento do planejamento. Finalizando, na última unidade, foi apresentado o conteúdo a respeito da Teoria das Restrições. Por meio da TOC, pode-se desenvolver ações voltadas à melhoria do de- sempenho do sistema de produção. Realmente, esperamos que você tenha aproveitado muito este material. Além disso, queremos que seja despertado a curiosidade de sempre buscar novos conhecimen- tos e experiências sobre os conceitos de PCP. A consulta em periódicos científicos e na literatura disponível em bibliotecas pode lhe auxiliar na atualização e aprofunda- mento de conceitos. Desejamos a você sucesso na sua caminhada!