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FUNDAMENTOS EM VALIDADE DOS TESTES PSICOLÓGICOS Profa. Dra. Silvia Godoy 28/Fevereiro/2018 CURSO DE PSICOLOGIA3º SEMESTRE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Alves, G. A. S., Souza, M. S. & Baptista, M. N. (2011). Validade e precisão de testes psicológicos. Em R. A. M. Ambiel, I. S. Rabelo, S. V. Pacanaro, G. A. S. Alves e I. F. A. S. Leme (Eds.), Avaliação Psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia (pp. 109-125). São Paulo: Casa do Psicólogo. Urbina, S. (2007). Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed. p. 155-164. Há três características básicas: Validade; Precisão/Fidedignidade; Padronização/Normatização. PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS O QUE FUNDAMENTA CIENTIFICAMENTE UM TESTE PSICOLÓGICO? Problemática de ordem prática: qualidade psicométrica dos instrumentos; Necessidade de formação contínua e atualização profissional para o uso adequado dos testes; IMPORTÂNCIA DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS Uso limitado no trabalho cotidiano dos psicólogos devido aos déficits de conhecimento técnico-científico; Evidências ressaltam a importância dos estudos psicométricos das técnicas de avaliação psicológica. (Barroso, Scorsolini-Comin & Nascimento, 2015) Art. 14: “Os dados empíricos das propriedades de um teste psicológico devem ser revisados periodicamente não podendo o intervalo entre um estudo e outro ultrapassar: 15 anos para dados referentes à padronização; 20 anos para dados referentes à validade e precisão”. RESOLUÇÃO CFP Nº. 002/2003 Fundamentação teórica, com especial ênfase na definição do construto; Evidências empíricas de validade e precisão, justificando os procedimentos adotados; Informações sobre os procedimentos de correção e interpretação dos resultados; REQUISITOS MÍNIMOS E OBRIGATÓRIOS DOS INSTRUMENTOS PSICOLÓGICOS Informações sobre as características da amostra normativa brasileira e quando os dados foram coletados; Procedimentos de aplicação e correção, bem como as condições nas quais o teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade de procedimentos. (Ambiel et al., 2011) “Refere-se ao grau em que todas as evidências acumuladas corroboram a interpretação pretendida dos escores de um teste para os fins propostos.” (AERA, APA & NCME, 1999). O QUE É VALIDADE? Nesta definição estão implícitas três ideias que refletem a visão dos profissionais da testagem em relação ao conceito central de validade: 1. Resulta do acúmulo de evidências para possíveis interpretações dos escores e do uso dos testes. Sempre entendida como uma questão de grau; 2. Com o acúmulo dessas evidências, a validade das inferências (hipóteses) pode aumentar ou diminuir; 3. As interpretações dos escores dos testes podem ser derivadas de uma variedade de métodos. É fundamental para o desenvolvimento e avaliação de um teste; Validação é constituído por um conjunto de evidências que possam assegurar as interpretações do teste; Então, o que se valida, não é o teste em si, mas as interpretações propostas por ele; As interpretações dizem respeito ao construto que o teste se propõe a mensurar; É uma questão de julgamento no que diz respeito aos escores do teste, como são empregados para um determinado objetivo. Validade então refere-se à legitimidade das interpretações que são feitas, portanto, ao conjunto de evidências favoráveis às interpretações propostas obtidas em pesquisas destinadas a testar os pressupostos de tais interpretações; DEFINIÇÃO CONTEMPORÂNEA DE VALIDADE Se um instrumento não possui evidências de validade, não há segurança de que as interpretações sobre as características psicológicas das pessoas sugeridas pelas suas repostas sejam legítimas; Não se sabe o que o instrumento avalia realmente! Exemplo: Teste Wartteg. Técnica gráfica para avaliação da personalidade segundo a teoria dos arquétipos de Jung. A realização dos desenhos na ordem sequencial indica organização; A união das retas do Campo 6 indica boa capacidade de associação e síntese; A multiplicação do tema no Campo 1 é característica de pessoas inseguras; Desenho em pontilhado do Campo 7 indica imaturidade afetiva. Início um pouco ingênuo da utilização dos testes psicológicos no século XX; Utilização e desenvolvimento de testes psicológicos sem a contribuição e benefício da teoria psicométrica, princípios éticos e diretrizes práticas; DEFINIÇÃO CLÁSSICA/TRADICIONAL DE VALIDADE Altera o artigo 14 da Resolução CFP nº 002/2003 estipulando que estudos referentes à validade e à precisão dos instrumentos devem ser realizados de modo a não ultrapassar um período de vinte anos. Assim, nenhum teste é aprovado ou reprovado para sempre, sendo que apenas pode não haver naquele momento estudos que evidenciem e justifiquem seu uso de forma segura. A RESOLUÇÃO CFP 006/2004... Frente esta situação, começou-se a delinear como fazer para distinguir um teste “bom” de um teste “ruim”; Com isso, em 1921 surgiu a primeira definição de validade: “o grau que o teste mede o que propõe a medir”; “o que o teste mede e com que eficácia ele o faz” (Anastasi & Urbina, 2000); Tal definição foi muito propagada e até hoje, muitos profissionais tem essa visão; No entanto ela foi criticada pelos atuais Padrões de Testagem, uma vez que não é o teste que possui evidências de validade; São as interpretações feitas a partir dos resultados encontrados numa pesquisa com o teste em questão. Desta forma, a definição de validade passou a ser concebida como “o grau no qual as interpretações obtidas dos dados empíricos do teste encontram sustentação em base científica sólida.” (Urbina, 2007) Definição Clássica dos “Tipos de Validade” Validade de conteúdo: avaliar o conteúdo de itens de determinados instrumentos; Validade de critério: verifica a efetividade de um teste em predizer o desempenho de um sujeito em uma situação específica; Validade de construto: averiguar a extensão que um teste mede determinado construto. Validade de conteúdo: Tem o objetivo de avaliar o conteúdo dos itens de determinado instrumento, verificando se estão adequados ao propósito de representar um domínio de comportamento a ser mensurado. Exemplo: O ENADE Validade de critério: Demonstram o grau com que os escores do teste estão sistematicamente relacionados com um ou mais critérios externos; Avaliam a situação do sujeito em uma variável externa ao teste no futuro ou no presente. Escores do teste de Inteligência Sucesso escolar Criatividade Sucesso profissional A questão fundamental é: Quão efetivamente o critério pode ser previsto com base nos escores do teste? Existem dois delineamentos: Preditivo; Concorrente; Preditivo: a medida no critério é obtida no futuro. Exemplo: aplica-se um teste de inteligência no início do ano letivo e depois correlaciona-se com o desempenho dos alunos no final do ano. Concorrente: a medida no critério é obtida simultaneamente. Exemplo: aplica-se um teste de personalidade e paralelamente verifica-se o desempenho no trabalho para ver que “tipo de personalidade” se correlaciona com “bom ou mal” desempenho. Validade de construto: A validade de construto refere-se à extensão em que podemos dizer que o teste mede um construto teórico ou um traço e requer a acumulação gradual de informações de diversas fontes; Descreve o grau com que o teste mede a característica psicológica de interesse; A validade de construto pode ser verificada por meio dos seguintes métodos: Mudanças de desenvolvimento ou diferenciação por idades; Validação convergente e discriminante; Análise fatorial ou consistênciainterna. Mudanças de desenvolvimento: Escores de um teste variam de acordo com o aumento da idade ou diminuição da idade; Exemplos: 1. Testes de inteligência presumem que as habilidades aumentem durante a infância será considerado como evidência de validade se crianças mais velhas fizerem mais pontos. 1. Testes percepto-motor presumem que os erros diminuam com o maturação do organismo será considerado evidência de validade se os erros de cópia de um desenho diminuírem nas crianças mais velhas. Validação convergente-discriminante: É demonstrada pelo estudo da relação entre os resultados do teste e outras medidas que avaliam um construto diferente ou similar. Construtos similares validade convergente Exemplo: Reconhecimento de palavras e compreensão em leitura. Construtos distintos validade divergente ou discriminante Exemplo: Inteligência e criatividade. O que se espera em cada uma? Validade convergente – que as correlações sejam altas e significativas, mostrando a similaridade entre eles; Validade divergente - que as correlações sejam baixas, apesar de significativas, de forma que os construtos possam ser considerados como distintos. Análise fatorial ou consistência interna: A análise da estrutura interna do teste possibilita uma verificação das relações entre os itens e a estrutura teórica da construção; As evidências baseadas nessa análise permitem identificar as relações entre os itens do teste e os componentes do construto à luz do qual os resultados são interpretados; Para analisar a estrutura interna usa-se procedimentos estatísticos específicos, sendo a análise fatorial o mais comum verifica o agrupamento de itens, permitindo a inferência sobre o construto que se está medindo; Exemplo: Dois testes – um de personalidade e um de inteligência emocional. Verifica-se por meio da Análise fatorial o agrupamento de dois fatores, um de personalidade e um de inteligência emocional. Esforço dos profissionais da testagem para unificar o termo de uma forma que englobe todas as linhas de evidências; Integração de quase todas as formas de evidência de validade como aspectos da validade de construto; PERSPECTIVAS ATUAIS SOBRE VALIDADE: AS NOVAS TERMINOLOGIAS (STANDARDS, 1999) Nova conceituação para o termo validade; O conceito de validade de construto foi ampliado; A terminologia “tipos de validade” foi intencionalmente modificada para “fontes de evidência” de validade, o que reforça a validade como um conceito único. (APA, 1999) Fontes de evidências de validade: Evidências de validade baseadas no conteúdo; Evidências de validade baseadas nas relações com outras variáveis; Evidências de validade baseadas na estrutura interna; Evidências de validade baseadas no processo de resposta; Evidências de validade baseadas nas consequências da testagem. Evidências de validade baseadas no conteúdo: Nessa fonte, busca-se uma relação entre o conteúdo do teste (o que seus itens abordam) e o domínio que se quer avaliar; Exemplo: um teste para avaliação de depressão precisa conter itens que descrevam a depressão. Evidências de validade baseadas nas relações com outras variáveis: Nessa fonte, busca-se relações entre os escores do teste e outras variáveis que medem as mesmas características, podendo ser características relacionadas ou diferentes; As outras variáveis podem ser sexo, idade, desempenho acadêmico, critério diagnóstico e também outros testes; Exemplo: um teste que visa avaliar a inteligência de alunos do terceiro ano do ensino fundamental pode ser comparado ao desempenho acadêmico desses alunos nas disciplinas da escola (sucesso escolar). Evidências de validade baseadas na estrutura interna: Essa fonte busca relação entre o teste e seus itens. Com o uso de análises estatísticas, é possível saber a contribuição de cada item no resultado total do teste; Verifica-se o agrupamento de itens em fatores já previstos teoricamente; Exemplo: Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) – seus itens foram confirmados pelo procedimento estatístico de análise fatorial, com os fatores Extroversão, Socialização, Realização, Neuroticismo e Abertura. Evidências de validade baseadas no processo de resposta: Fornecer informações detalhadas do desempenho ou da resposta emitida pelo examinando e se esses processos tem relação com o construto que o teste propõe medir; São obtidas por análises individuais de respostas, de questionamentos aos respondentes sobre suas estratégias de resolução dos itens. Exemplo: Aplicou-se em uma sala de aula do terceiro ano do ciclo básico, um teste para avaliar a aquisição da leitura nas crianças, ou seja, verificar em qual fase da aquisição as crianças se encontram. Ao analisar as respostas ao teste pode-se identificar que a maioria das crianças já apresentam a leitura lexical, mas um pequeno grupo de crianças ainda estão na fase logográfica. Evidências de validade baseadas nas consequências da testagem: Examina as consequências sociais intencionais e não intencionais do uso do teste para verificar se sua utilização está surtindo os efeitos desejados de acordo com o propósito para o qual foi criado; A expectativa é a de que o teste contribua de maneira benéfica em contextos clínicos e escolares, em seleção de pessoal, etc. Exemplo: Um instrumento diagnóstico é aplicado num indivíduo e, se conseguir detectar precocemente uma doença e indicar uma intervenção adequada, é sinal que o efeito produzido foi benéfico (validade consequencial).
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