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Desenvolvimento I p2 2

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1) Visão keynesiana do crescimento: 
- Harrod e Domar 
	Este modelo extremamente simples está baseado em uma concepção de fio da navalha do crescimento (qualquer movimento em falso para de crescer). O processo de desenvolvimento, nesses termos, é eminentemente instável Existe apenas uma taxa de crescimento dos investimentos e da renda que assegura o equilíbrio, e, dentro de uma perspectiva tipicamente keynesiana, não há nenhum mecanismo automático que garanta o crescimento àquela taxa.
	O sistema capitalista, segundo este modelo, é necessariamente dinâmico, para que haja equilíbrio, mas este só ocorrerá por simples acaso, já que os mecanismos de mercado não o garantem. O dinamismo do sistema decorre da dupla função do investimento: de um lado, determina a demanda agregada, via multiplicador, de outro, produz um aumento da oferta; através da função de produção. Se o investimento for positivo, mas não crescer, a economia deixará ociosa parte de sua capacidade produtiva crescente, já que a oferta agregada continuará a crescer (dada a acumulação líquida de capital positiva), enquanto que a demanda agregada permanecera estagnada (dada a manutenção do mesmo volume absoluto de investimentos). É preciso, portanto, que o investimento seja não apenas positivo, mas cresça sempre, à mesma taxa do crescimento da renda para que a economia encontre o difícil e único caminho do equilíbrio.
	O modelo Harrod-Domar faz, portanto, uma opção clara por um tipo de crescimento instável, em que as três variáveis básicas do modelo, a taxa natural de crescimento, ΔY/Y a propensão marginal a poupar e a relação produto-capital são determinadas independentemente. Além disso, estas duas últimas variáveis são consideradas constantes. Nada assegura que a economia cresça em equilíbrio.
	Dois tipos de crítica foram dirigidos a esta abordagem. De um lado, os economistas neo-keynesianos de Cambridge, e particularmente Kaldor, observaram que, se transformar a propensão marginal a poupar em uma variável endógena do modelo, dependente da distribuição de renda entre capitalistas e trabalhadores, a variação na distribuição da renda garantiria o equilíbrio a longo prazo do sistema. 
	A outra crítica teve origem nos economistas neoclássicos, para os quais o modelo keynesiano instável era inaceitável na medida em que o equilíbrio automático da economia via sistema de preços, constitui o ponto de partida e o necessário ponto de chegada de todos os raciocínios. 
- Kaldor (Furtado) e Robinson (Robinson)
Mecanismo keynesiano de distribuição de renda está por trás do modelo de crescimento de Kaldor (1956). A sua explicação, tal como em Robinson, baseia-se na hipótese básica que o investimento é a variável autônoma efetiva do sistema. A poupança agregada em relação á renda (s) não pode ser considerada uma constante, pois é uma média ponderada das propensões a poupar dos capitalistas e trabalhadores. Sendo e as poupanças agregadas a partir de salários e lucros. As críticas ao modelo concorrencial levaram à identificação do oligopólio como a forma mais típica de estrutura da indústria. 
 E. A. Robinson: A teoria assume nova dimensão ao deslocar o centro de interesse da questão do equilíbrio das condições de produção e de distribuição de bens e serviços para o estudo do comportamento e das interações entre produtores. Neste contexto, a firma passa a assumir o papel principal, dada a possibilidade de recorrer à diferenciação de produtos e a estabelecer uma política de vendas. Assim, incorporam-se à firma variáveis consideradas exógenas na teoria neoclássica, como a tecnologia e os preços. 
Kaldor
O problema da estabilidade do pleno emprego
No final dos anos 1930, sob a influência da publicação recente da Teoria Geral de Keynes, Kaldor acreditava que não existia uma tendência inerente do sistema econômico a uma situação de pleno emprego. 
A instabilidade do pleno emprego
Poderiam retirar a economia da situação de pleno emprego. Estes fatores seriam: (i) uma restrição de crédito imposta pelo setor bancário que provoque um aumento das taxas de juros; (ii) uma situação de excesso de investimento que promova um aumento da taxa de juros; (iii) uma situação de excesso de poupança com uma insuficiência da demanda por bens de consumo; e (iv) um “desajuste entre equipamento e trabalho” provocado por uma escassez de força de trabalho que acabe redundando numa subutilização da capacidade produtiva existente. Todos estes fatores poderiam colocar um fim numa situação pleno de emprego. Qual deles o faria, depende, em boa medida, da habilidade e capacidade do governo na implementação e condução da política econômica. Demonstrando um certo pessimismo, Kaldor utiliza a seguinte imagem para caracterizar a situação de pleno emprego:
Então o boom [pleno emprego] é como uma peculiar corrida de obstáculos, onde o cavalo está fadado a cair em um dos quatro obstáculos. Se ele sobrevive ao primeiro, ele pode ser parado no segundo, no terceiro ou no quarto. Raro, provavelmente, é o cavalo que sobrevive até o último obstáculo. 
A teoria kaldoriana do crescimento em sua etapa madura
A tese central do artigo de 1938 – a instabilidade da situação de pleno emprego – foi abandonada posteriormente quando, a partir da segunda metade da década de 1950, o autor passou a desenvolver seus conhecidos modelos de crescimento. 
Como resultado dessa mudança de posição, Kaldor precisava explicar por que a economia tenderia para a situação de pleno emprego e por que essa situação seria mantida uma vez que tivesse sido alcançada. Para explicar a manutenção da economia em pleno emprego o autor utilizou sua teoria da distribuição da renda proposta originalmente. Essa teoria proveria o autor de um mecanismo automático (endógeno ao sistema econômico) de ajustamento da poupança de pleno emprego ao nível de investimento por meio de mudanças na distribuição de renda. 
2) Visão marxista e marxiana da dinâmica capitalista
- Luxemburg (Luxemburg) e Kalecki
É este o objeto da investigação de Rosa Luxemburgo: a reprodução do capital social enquanto processo de acumulação do capital, que possui algumas condições para sua efetivação. Segundo ela, essas condições exprimem a contradição interna existente entre a produção privada e o consumo, de um lado, e o elo social de ambos. Sendo assim, como a economia capitalista conseguiria realizar sua mais-valia, garantindo a acumulação? A solução proposta por Rosa Luxemburgo passa pelo abandono da hipótese de que capitalistas e operários são os únicos representantes no consumo social. Para ela, nenhuma sociedade capitalista esteve sob o domínio exclusivo da produção, isto é, no interior da sociedade capitalista existem mercados externos à reprodução capitalista. Esta é a única solução possível para que se realize a mais-valia destinada para acumulação; a demanda crescente por mercadorias, condição necessária para a acumulação, segundo a autora, é garantida pelos mercados externos.
Assim, se a realização da mais-valia é a questão vital da acumulação capitalista,a existência de compradores não capitalistas (mercados externos) é a condição vital para que a acumulação se processe. Esses mercados externos são definidos como fazendo parte de um contexto social não capitalista, que absorve os produtos do capitalismo e fornece meios de produção e força de trabalho para a produção capitalista. Não se trata pois de diferenciar os mercados por limites geográficos. O mercado externo pode ser constituído não só por países com uma economia natural pré-capitalista, mas também por parte dos países capitalistas que não está integrada a esta produção capitalista, assim como por grupos sociais e/ou instituições dentro do espaço capitalista, mas que não faziam parte do mercado consumidor. Esta é a solução que a autora acredita ser a única possível.
Mas, em que isto se relaciona com o fenômeno da crise? Interrupção violenta de um processo de acumulação. Para a autora, a crise é conseqüência da contradição imanente que existe entre a capacidade
ilimitada da produtividade e a capacidade de expansão limitada do consumo social, contradição esta ressaltada por Marx. Assim, o esquema de reprodução ampliada, analisado por Marx no livro II, entraria em contradição com essa concepção do processo de produção global capitalista, exposta no livro III. 
O que causa a crise? Ora, o processo de reprodução só é interrompido quando a mais-valia não pode ser realizada. Então, ocorre a crise quando o mercado externo não é capaz de realizar todo o valor produzido pela economia capitalista; quando ocorre uma insuficiência de consumo, que não permite realizar todo o valor ofertado. As crises, no pensamento de Rosa Luxemburgo, são inerentes à economia capitalista justamente porque o subconsumo é inerente ao processo de acumulação. 
Kalecki
O pensamento de Kalecki sobre o funcionamento do sistema econômico capitalista e a demanda efetiva tem influências de autores como Rosa Luxemburgo, além de Lênin e Marx, a partir da questão dos esquemas de reprodução, das teorias de transformação de valores em preços e das explicações marxistas sobre a causa das crises do capitalismo.
Assim como os keynesianos, Kalecki fala sobre as flutuações econômicas, relacionando-as com as oscilações no patamar da demanda efetiva da economia, enfatizando a importância da sobreacumulação e do subinvestimento na determinação do nível da demanda efetiva frente à demanda potencial, isto é, a variação do nível do estoque de capital e do investimento na determinação do nível de produto nacional da economia.
Kalecki também defende que no capitalismo as flutuações econômicas seriam em gerais cíclicas. O chamado ciclo econômico refere-se às flutuações recorrentes e periódicas da atividade econômica a longo prazo, determinadas pela variação do nível de lucro dos empresários e de investimento na expansão ou reposição do estoque de capital.
 - Mandel (Mandel)
O período conhecido como “30 anos gloriosos do capitalismo” - fim da segunda guerra até início dos anos 1970 – garantiu ao capital, segundo Mandel (1990), alguns anos de expansão. As políticas econômicas fundamentadas nas teorias de John Maynard Keynes, além dos avanços na estrutura produtiva (fordismo/taylorismo), contribuíram para um avanço significativo no processo de acumulação capitalista. Denominado por Mandel de “onda longa expansiva”, esse período permitiu um alto nível de concentração e centralização do capital. Durante três décadas o capital gozou de intensa reprodução.  Nas palavras do autor: 
No fim da década de 1960 e início dos 1970 a crise desponta. A lua de mel do capital com o Well fare-state chega ao fim, e com ela o retorno de todas as contradições e mazelas inerentes ao próprio sistema produtor de mercadorias (MANDEL 1990, p. 27). A crise de 1973/74 ressuscitou o conflito de classes. O capital se armou para enfrentamento com os trabalhadores, no sentido de revogar suas conquistas. Mas, o fortalecimento das instituições operárias reduziu o impacto das investidas do capital. Dessa maneira, a burguesia encontrou dificuldades para restabelecer um padrão de acumulação que fosse suficiente para sair da recessão. 
É nesse ponto que podemos perceber uma das contradições fundamentais do modo capitalista de produção, o antagonismo entre a produção de mercadorias voltada para a capacidade de consumo da sociedade – ou mesmo para além dessa capacidade – e a realização do consumo. A capacidade de produção de valores de uso – presentes no corpo das mercadorias - entra em contradição com a sua realização enquanto valores de troca.  É nesse contexto que a tendência de inversão de uma “onda longa expansiva” para uma “onda longa depressiva” aumenta, e a produção capitalista caminha para uma crise de superprodução.
 
3) Desenvolvimento sócio-econômico na América Latina:
CEPAL: conceitos importantes
Centro-periferia
CENTRO – Aqueles países que as técnicas capitalistas de produção penetraram primeiro, considerem-se técnicas tanto tecnológicas como organizativas. Sua estrutura produtiva é diversificada e homogênea. 
PERIFERIA – Parte-se de um atraso inicial no domínio das técnicas capitalistas de produção, esse domínio ocorre numa primeira fase chamada de “desenvolvimento para fora”, quando se desenvolve o setor exportador de produtos primário. Contrariamente aos centros possuem como traços característicos de sua estrutura a especialização e a heterogeneidade. 
-Diversificado e homogêneo (CENTRO) – Industrializado e com alto nível técnico-produtivo, abrangendo diversas áreas do comércio mundial, oferecendo também um mercado tecnológico. 
-Especializada e heterogênea (PERIFERIA) – Quando parte dos recursos (a maior parte) se destina a sucessivas ampliações do setor exportador de produtos primários, por isso especializada. Heterogênea porque a evolução das técnicas de produção é desigual, o que é ultrapassado e o que é novidade convivem. Por ex.: Setor exportador de soja no Brasil, de metais como cobre e alumínio na África. A convivência de técnicas rústicas de preparação do solo (como a queimada) e ao mesmo tempo o domínio de tecnologia de ponta na extração de petróleo. 
TERMOS DO INTERCÂMBIO CENTRO-PERIFERIA E OS FRUTOS DO PROGRESSO TÉCNICO 
As duas diferenciações acima se referem a conotações estáticas das economias de centro e periferia. O caráter dinâmico da relação centro-periferia é diretamente influenciado pela desigualdade do sistema, ele se reforça pelo fato de que no centro, a incorporação do progresso técnico ao processo produtivo é mais intensa. Esse fato se evidencia no alto ritmo da produtividade média nessas economias, por conseguinte a renda real média nessas economias é maior. 
 Teoria da dependencia (Marini)
A teoria da dependência é uma formulação teórica desenvolvida por intelectuais, como Ruy Mauro Marini, consistindo em uma leitura crítica e marxista dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial, em contraposição as posições marxistas convencionais ligada aos partidos comunistas ou a visão estabelecida pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A explicação da “dependência” e a produção intelectual dos autores influenciados por essa perspectiva analítica obtiveram ampla repercussão na a América Latina no final da década de 1960 e começo da década de 1970, quando ficou evidente que o desenvolvimento econômico não se dava por etapas, um caminho que bastaria ser trilhado para que os resultados pudessem ser alcançados.
Para a teoria da dependência a caracterização dos países em "atrasados" decorre da relação do capitalismo mundial de dependência entre países "centrais" e países "periféricos". Países "centrais", como centro da economia mundial será identificado nos espaços em que ocorrem a manifestação do meio técnico científico informacional em escala ampliada e os fluxos igualmente fluam com mais intensidade. A periferia mundial (países periféricos)se apresente como aqueles espaços onde os fluxos, o desenvolvimento da ciência, da técnica e da informação ocorram em menor escala e as interações em relação ao centro se dêem gradativamente. A dependência expressa subordinação, a ideia de que o desenvolvimento desses países está submetido (ou limitado) pelo desenvolvimento de outros países e não era forjada pela condição agrário-exportadora ou pela herança pré-capitalista dos países subdesenvolvidos mas pelo padrão de desenvolvimento capitalista do país e por sua inserção no capitalismo mundial dada pelo imperialismo. Portanto, a superação do subdesenvolvimento passaria pela ruptura com a dependência e não pela modernização e industrialização da economia, o que pode implicar inclusive a ruptura com o próprio capitalismo.
Desenvolvimento dependente: centro e periferia
Os teóricos da dependência, viam desenvolvimento e subdesenvolvimento como posições funcionais dentro da economia mundial, ao invés de estágios ao longo de uma escala de evolução das nações.
A teoria da dependência trata do relacionamento das economias dos países chamados
"periféricos" com as economias dos países chamados "centrais" ou "hegemônicos", e que estas relações econômicas "dependentes" por parte dos países periféricos em relação às economias centrais, criavam redes de relações políticas e ideológicas que moldavam formas determinadas de desenvolvimento político e social nos países "dependentes" ou "periféricos”
Dependência e divisão internacional do trabalho
Para a teoria da dependência a caracterização dos países em "atrasados" decorre da relação do capitalismo mundial de dependência entre países centrais (América do Norte, Europa Ocidental e Japão) e países periféricos (América Latina, África e Ásia).
A Dependência, não era forjada pela condição agrário-exportadora ou pela herança pré-capitalista dos países subdesenvolvidos mas pelo padrão de divisão internacional do trabalho do capitalismo moderno, dada pelo imperialismo. A divisão se dá entre países cujos seu capitais centralizam o processo de acumulação capitalista mundial e possuiu parques industriais baseados no que há mais avançado em tecnologia, e países que exportam mais-valia, são fornecedores de mão-de-obra e recursos naturais baratos e possuem parques industriais especializados em produtos de baixo valor agregado e/ou tecnologia.
Dependência e superxploração do trabalho
O conceito de superexploração do trabalho foi estabelecido no final da década de 1960, enfatizado sua relação com a gênese e funcionamento da acumulação capitalista. A partir da condição de dependência, a burguesia nacional dos países periféricos mesmo após a industrialização e modernizações do século XX, torna-se sócia minoritária do capital transnacional, tendo que repartir a mais-valia gerada internamente com eles.
Para compensar essa menor participação na repartição da acumulação gerada em seu próprio país, a burguesia nacional dos países periféricos utiliza-se de mecanismos extraordinários de exploração da força de trabalho, que visam ampliar a mais-valia extraída do trabalho, a superxploração do trabalho. Assim explicava-se a situação latino-americana de precariedade das condições de trabalho, baixos salários e longas jornadas.

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