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CASO 7 e 8 prat. sim. 2018

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CASO 7
PRÁTICA SIMULADA II - SEMANA 7
Descrição XVII EXAME OAB FGV (adaptado)
Você foi procurado pelo Banco Dinheiro Bom S/A, em razão de ação trabalhista nº XX, distribuída para a 99ª VT de Belém/PA, ajuizada pela ex-funcionária Paula, que foi gerente geral de agência de pequeno porte por 4 anos, período total em que trabalhou para o banco. Sua agência atendia apenas a clientes pessoa física. Paula era responsável por controlar o desempenho profissional e a jornada de trabalho dos funcionários da agência, além do desempenho comercial desta. Na ação, Paula aduziu que ganhava R$ 8.000,00 mensais, além da gratificação de função no percentual de 50% a mais que o cargo efetivo. Porém, seu salário era menor que o de João Petrônio, que percebia R$ 10.000,00, sendo gerente de agência de grande porte atendendo contas de pessoas físicas e jurídicas. Requer as diferenças salariais e reflexos. Paula afirma que trabalhava das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de 20 minutos. Requer horas extras e reflexos. Paula foi transferida de São Paulo para Belém, após um ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família. Por isso, ela requer o pagamento de adicional de transferência. Paula requer a devolução dos descontos relativos ao plano de saúde, que assinou no ato da admissão, tendo indicado dependentes. Requer, ainda, multa prevista no Art. 477 da CLT, pois foi notificada da dispensa em 06/02/2017, uma segunda-feira, e a empresa só pagou as verbas rescisórias e efetuou a homologação da dispensa em 16/02/2017, um dia após o prazo, segundo sua alegação. Redija a peça prático-profissional pertinente ao caso.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 99ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM - PA, 8ª REGIÃO
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Processo nº: XX
BANCO DINHEIRO BOM S.A., inscrito no CNPJ sob o nº..., representado por seu sócio gerente, cuja sede se localiza [endereço completo com CEP], por meio de seu advogado abaixo subscrito, nos termos do documento de outorga de mandato anexo (documento 01), vem, com base no artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), combinado com o artigo 336 do Código de Processo Civil (CPC), respeitosa e tempestivamente, perante Vossa Excelência, apresentar sua resposta em forma de
CONTESTAÇÃO
na Reclamação Trabalhista que lhe move Paula, já qualificada na inicial, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I. DO CONTRATO DE TRABALHO
Paula trabalhou por quatro anos para a Reclamada na função de gerente-geral de agência, cumprindo a jornada de segunda a sexta-feira das 08:00 às 20:00 horas, com intervalo de 20 (vinte) minutos para o almoço. Foi dispensada sem justa causa no dia 02/03/2015, percebendo o salário de oito mil reais, além da gratificação de função de 50% (cinquenta por cento) a mais que o cargo efetivo.
[Pular duas linhas]
II. DO CARGO DE CONFIANÇA/INAPLICABILIDADE DE HORAS EXTRAS
A Reclamante exercia a função de gerente-geral de agência bancária, sendo responsável por controlar o desempenho profissional e a jornada dos funcionários, bem como o desempenho comercial da agência. Percebia 50% (cinquenta por cento) como gratificação de função. Enseja, na inicial, receber horas extras durante o período laborado.
Ocorre que são indevidas horas extraordinárias quando o empregado exerce cargo de gestão e recebe 40% ou mais como gratificação de função, enquadrando-se na situação prescrita no art. 62, II e parágrafo único, da CLT. Esta situação é ratificada pela Súmula 287 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao lecionar que o gerente-geral de agência bancária presume-se em cargo de gestão, aplicando-se-lhe o que prescreve o art. 62 da CLT, não cabendo, assim, o pagamento de horas extraordinárias.
Portanto, a Reclamante não faz jus ao pagamento das horas trabalhadas além da jornada normal de trabalho, por exercer cargo de confiança e perceber 50% de gratificação de função, tampouco são devidos os seus reflexos.
III. EQUIPARAÇÃO SALARIAL/DIFERENÇAS SALARIAIS
A empregada aduziu que o seu salário era menor que o de João Petrônio, que percebia o valor de dez mil reais de salário efetivo como gerente de agência de grande porte atendendo contas de pessoas físicas e jurídicas. A agência de Paula era de pequeno porte e atendia somente pessoas físicas.
Verifica-se, assim, que há diferenças nas funções e tarefas desempenhadas por João Petrônio na sua agência, o que justifica a aplicação do art. 461, §1º, da CLT, corroborado pela Sumula 6, III, do TST.
Destarte, não prospera a pretensão da Reclamante em pleitear as diferenças decorrentes da equiparação salarial nem seus respectivos reflexos.
IV. DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
Paula foi transferida de São Paulo para Belém, após um ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família, requerendo o pagamento do adicional de transferência em forma de adicional mensal.
Vale destacar que há previsão de transferência para empregados que exercem cargo de confiança no art. 469, §1º, da CLT. Porém, a Orientação Jurisprudencial 113 da Seção de Dissídios Individuais, Subseção 1 (OJ-113-SDI-1) do TST, aduz que esta transferência está apta a legitimar a percepção do adicional de transferência, se for de forma provisória, o que não é o caso da situação em tela.
Sendo assim, requer a improcedência do pedido de adicional de transferência, pelas razoes acima expostas.
V. DO DESCONTO SALARIAL/PLANO DE SAÚDE
A empregada assinou, em sua admissão, autorização de desconto relativo ao plano de saúde, tendo indicado dependentes. No entanto, na inicial, está requerendo a sua devolução.
Deve-se esclarecer, entretanto, que os descontos salariais efetuados pelo empregador, autorizado pelo empregado por escrito, integrando planos de assistências médico-hospitalar, odontológicas, de seguro, de previdência privada, entre outras, aduzidas na Súmula 342 do TST, em beneficio do empregado e de seus dependentes, não afrontam a disposição do art. 462 da CLT, salvo se demonstrada a coação ou outro defeito praticado pelo empregador, o que não foi o caso.
Portanto, não pode prosperar o pedido de devolução dos descontos relativos ao plano de saúde.
VI. DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT
Requer a Reclamante a multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que as verbas foram pagas dia 12/03/2015, sendo que a dispensa se deu em 02/03/2015. Na ocasião do pagamento, se deu a homologação, segundo Paula, um dia após o prazo.
Verifica-se que o prazo de dez dias prescrito no art. 477, § 6º, b, da CLT, contado da notificação da demissão, exclui o dia da notificação e inclui o dia do vencimento, de acordo com o art. 132 do Código Civil (CC). Desta forma, o prazo terminou exatamente no dia 12/03/2015.
Neste sentido, a empregada não faz jus à multa do art. 477, § 8º, da CLT.
VII. DO PEDIDO
De acordo com os fatos e fundamentos acima explicitados, requer a Vossa Excelência o acolhimento da presente contestação, a fim de que as pretensões apresentadas na Reclamatória Trabalhista sejam julgadas totalmente improcedentes e a Reclamante seja condenada ao pagamento das custas processuais e demais cominações legais conferidas à presente causa.
VIII. DAS PROVAS
Protesta provar o alegado mediante todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal da Reclamante, que fica desde já requerido, sob pena de confissão, bem como pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícias e o que mais for necessário para elucidação dos fatos.
Nestes termos, pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
CASO 8
RESOLUÇÃO XVIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO - FGV
Peça Prático-Profissional
Nos autos da reclamação trabalhista 1234, movida por Gilson Reis em face da sociedade empresária Transporte Rápido Ltda., em trâmite perante a 15ª Vara do Trabalho do Recife/PE, a dinâmica dos fatos e os pedidos foram articulados da seguinte maneira:
O trabalhador foi admitido em 13/05/2009, recebeu aviso prévio em 09/11/2014, para ser trabalhado, e ajuizoua demanda em 20/04/2015.
Exercia a função de auxiliar de serviços gerais.
Requereu sua reintegração porque, em 20/11/2014, apresentou candidatura ao cargo de dirigente sindical da sua categoria, informando o fato ao empregador por e-mail, o que lhe garante o emprego na forma do Art. 543, § 3º, da CLT, não respeitada pelo ex-empregador.
Que trabalhava de segunda a sexta-feira das 5:00h às 15:00h, com intervalo de duas horas para refeição, jamais recebendo horas extras nem adicional noturno, o que postula na demanda.
Que o intervalo interjornada não era observado, daí porque deseja que isso seja remunerado como hora extra.
Contratado como advogado (a), você deve apresentar a medida processual adequada à defesa dos interesses da sociedade empresária Transporte Rápido Ltda., sem criar dados ou fatos não informados. (Valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 15ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE/PE
Processo nº 1234
TRANSPORTE RÁPIDO LTDA., qualificação e endereço completos, por intermédio de seu advogado que está subscreve (procuração anexa), endereço completo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 847 da CLT combinado com os arts. 336 e seguintes do CPC, oferecer CONTESTAÇÃO, nos autos da Reclamação Trabalhista em que contende com GILSON REIS, já qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I – DA PREJUDICIAL DE MÉRITO
1 – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL/PARCIAL
O Reclamante foi admitido em 13/05/2009, recebeu aviso prévio em 09/11/2014, para ser trabalhado e, ajuizou a demanda em 20/04/2015.
Nos termos do art. 7º, XXIX da CF, art. 11, I da CLT e Súmula 308, I do TST, estão prescritas as parcelas anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação, quais sejam, anteriores a 20/04/2010.
Diante do exposto, requer que seja acolhida a prescrição quinquenal/parcial das verbas trabalhistas, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II do CPC, quanto às parcelas anteriores a 20/04/2010.
II – DO MÉRITO
1 – DA REINTEGRAÇÃO
Em 20/11/2014, o Reclamante apresentou candidatura ao cargo de dirigente sindical da sua categoria, informando o fato ao empregador por e-mail, diante disso, requereu sua reintegração, na forma do art. 543, §3º da CLT.
Não assiste razão o Reclamante, pois nos termos da Súmula 369, V do TST, o empregado que se candidatar a dirigente sindical durante o cumprimento do aviso prévio, não terá direito a estabilidade provisória, desta forma, o Reclamante não faz jus a reintegração.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração.
2 – DAS HORAS EXTRAS
O Reclamante trabalhava de segunda a sexta-feira das 5:00h às 15:00h, com intervalo de duas horas para refeição, jamais recebendo horas extras, diante disso, requereu horas extras.
Não assiste razão o Reclamante, pois a jornada não excede o módulo constitucional, sendo indevidas as horas extras, nos termos do art. 7º, XIII da CF e art. 58 da CLT.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de horas extras.
3 – DO ADICIONAL NOTURNO
O Reclamante trabalhava de segunda a sexta-feira das 5:00h às 15:00h, diante disso, requereu adicional noturno.
Não assiste razão o Reclamante, pois de acordo com o art. 73, §2º da CLT, o adicional noturno é devido aos trabalhos realizados entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte. No caso em tela, o autor começava a laborar as 5 (cinco) horas, dessa forma, não fazendo jus a tal adicional.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de adicional noturno.
4 – DO INTERVALO INTERJORNADA
O Reclamante alega que o intervalo interjornada não era observado, razão pela qual requereu horas extras.
Não assiste razão o Reclamante, pois nos termos do art. 66 da CLT, o intervalo mínimo entre duas jornadas deve ser de 11 horas, e no caso em tela, o autor perfazia um interregno de 14 horas, dessa forma, não fazendo jus a horas extras.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de horas extras.
III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS
Por todo o exposto, requer o acolhimento da prejudicial de mérito de prescrição quinquenal, com a resolução de mérito quanto as parcelas anteriores a cinco anos da data do ajuizamento da ação e, no mérito, a improcedência de todos os pedidos.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data. Advogado
OAB nº...

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