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Fisiologia 1 Fundamentos Legais e Normativos da Educação Líbia Maria Serpa Aquino Ruth Ramiro 2ª e di çã o DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Líbia Maria Serpa Aquino Revisão do Conteúdo: Ruth Ramiro Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Universo - Campus Niterói Bibliotecária: Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Fundamentos Legais e Normativos daEducação Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Fundamentos Legais e Normativos daEducação 4 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 5 Sumário Apresentação da disciplina ...................................................................................................... 7 Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 8 Unidade 1 - Conceitos Básicos das Normativas da Educação........................................ 11 Unidade 2 - Políticas e Reformas Educacionais a Luz da LDB 9394/96........................ 27 Unidade 3 - LDB 9394/96: Os Fins da Educação Nacional e Os Níveis da Educação no Brasil ............................................................................................................... 47 Unidade 4 - Ensino Fundamental e Ensino Médio na Educação Básica ...................... 71 Considerações finais ................................................................................................................ 93 Conhecendo a autora .............................................................................................................. 94 Anexos......................................................................................................................................... 99 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 6 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 7 Apresentação da disciplina A disciplina de Fundamentos Legais e Normativos da Educação integra um conjunto de estudos e atividades que constituem a chamada formação pedagógica. Nela estudam-se os conceitos básicos do direito para entender a hierarquia das normas jurídicas e o emaranhado legislativo que cerca a educação, isto é, a legislação educacional, seu histórico no Brasil, a educação nas constituições passadas e na Constituição Federal de 1988, desembocando na lei que rege a educação no Brasil. O conteúdo dessa disciplina visa proporcionar aos futuros professores uma visão global do funcionamento do sistema educacional brasileiro, analisando-o de forma crítica nos seus aspectos pedagógicos e administrativos. Dessa forma serão analisadas as mudanças que foram incorporadas à educação a partir da promulgação da Constituição Federativa de 1988 e da implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Esta obra está organizada em quatro unidades, cada uma delas estruturadas, a partir da introdução, do desenvolvimento e do ponto final em que consta o fechamento da unidade com atividades de fixação do conteúdo nele apresentado. Bons estudos! Fundamentos Legais e Normativos daEducação 8 Plano da Disciplina Unidde 1 – Conceitos Básicos das Normativas da Educação Nesta unidade estudaremos os conceitos básicos das normativas da Educação para entender a hierarquia das normas jurídicas e o emaranhado legislativo que cerca a educação. Isto é, a legislação educacional, seu histórico no Brasil, a educação nas constituições passa- das e na atual Constituição Federal de 1988, que origina a lei que rege a educação no Brasil. Objetivo da unidade: O objetivo desta unidade inicial é apresentar o significado dos termos legais utilizados comumente na área do direito educacional, tanto nos textos específicos como na aplicação cotidiana, sempre que houver necessidade. Unidade 2 – Políticas e Reformas Educacionais a luz da LDB 9394/96 Esta unidade traz informações para a análise compreensiva das políticas educacionais em seus aspectos sociopolíticos e históricos. Nela são abordados aspectos como qualidade versus quantidade na educação brasileira; as reformas educacionais que aconteceram em nosso país; o Plano Nacional de Educação e seus diferentes aspectos. Objetivo da unidade: Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, bem como os Planos e Diretrizes Nacionais para a Educação Brasileira. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 9 Unidade 3 - LDB 9394/96: Os Fins da Educação Nacional e os níveis da Educação no Brasil Esta unidade aborda os fins da educação nacional que se encontram no artigo segundo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com o seguinte teor: “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, considerando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania, sua qualificação para o trabalho”. A ênfase está na educação básica, com destaque para temas relevantes, como a evasão escolar, os órgãos administradores e normatizadores que se ocupam em gestar e legislar para a educação, com destaque para os diferentes sistemas de ensino. Objetivo da unidade: O objetivo desta unidade é explorar os aspectos legais que trazem em seu interior diferentes abordagens explicativas sobre os fins da educação nacional, sob o olhar de diferentes autores reconhecidos. Unidade 4 – Ensino Fundamental e Ensino Médio na Educação Básica Nesta unidade estão contidas informações sobre o Ensino Fundamental, segunda etapa da educação básica, sua definição e as Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam esta etapa de ensino. Aborda, também, o Ensino Médio com a nova Lei 13.415/17, que faz alterações nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Plano Nacional de Educação, o Plano de Desenvolvimento da Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais do ensino Fundamental e as respectivas implicações destes instrumentos orientadores, com o Ensino Fundamental. Objetivo da unidade: Esta unidade objetiva centrar sua atenção na segunda etapa da educação básica: O Ensino Fundamental e as atuais alterações do Ensino Médio com a nova Lei 13.415/17 que faz alterações nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Vamos buscar na legislação da educação os fins e os objetivos dessa etapa de ensino. As Diretrizes Curriculares Nacionais que direcionam o ensino fundamental e as últimas orientações legais sobre o mesmo. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 10 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 11 1 Conceitos Básicos das Normativas da Educação Fundamentos Legais e Normativos daEducação 12 Nesta unidade, estudaremos os conceitos básicos do direito para entender a hierarquia das normas jurídicas e o emaranhado legislativo que cerca a educação. Isto é, a legislação educacional, seu histórico no Brasil, a educação nas constituições passadas e na atual Constituição Federal de 1988, que origina a lei que rege a educação no Brasil. Objetivo da unidade: O objetivo desta unidade inicial é apresentar o significado dos termos legais utilizados comumente na área do direito educacional, tanto nos textos específicos como na aplicação cotidiana, sempre que houver necessidade. Plano da unidade: Noções Fundamentais Hierarquia das Normas Jurídicas Constituição Federal de 1988 Bem-vindo à primeira unidade! Fundamentos Legais e Normativos daEducação 13 Inicialmente, estudaremos alguns conceitos básicos do direito para entender a hierarquia das normas jurídicas suas especificidades, direitos e deveres, embates legislativos acerca da educação. Assim, torna-se importante entendermos como a legislação educacional no Brasil se organiza, pois, a partir da constituição federal de 1988 e das leis em vigor, temos os diplomas normativos que regem atualmente a educação brasileira. Entretanto, uma lei não se encontra apartada das questões sociais, políticas e econômicas de um país. Para a interpretação e a aplicação das leis, obedecendo a uma estrutura hierárquica para o cumprimento do ordenamento jurídico. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 14 O Ordenamento jurídico é composto de conjunto de normas de um Estado expressas em lei. São através desse ordenamento jurídico que as leis são criadas e estabelecidas no país. Dessa forma, a Educação baseia todas as suas orientações, organizações estruturais fundamentadas no que está firmado pela Constituição Federal. Portanto, todos os documentos elaborados oficialmente pela educação, publicados como portarias, resoluções e atos normativos, devem estar de acordo com as leis e decretos publicados, que estão subordinados à Constituição. Vamos refletir! Essa pirâmide está relacionada à Teoria Pura do Direito para Hans Kelsen consistia em estudar o direito na essência, privado dos valores, ou seja, sem ser o Direito comunista, o nazista, o fascista, o espanhol ou o capitalista. Cada local tem sua lei. Se eu quero estudar o Direito de cada um – pensou Kelsen – então afastarei desse Direito o valor, como o valor humano que as Ciências políticas, morais e econômicas estudam. Buscarei, ao mesmo tempo, afastar os fatos. Na corrente de pensamento anterior, o que regia o estudo do Direito era o fato social. Logo, afastarei a Sociologia e a Psicologia de todo o meu pensamento. Só restou, para Kelsen, a lei, já que ela existe em todos os países. A partir daí, ele elaborou dois conceitos: um de norma fundamental e um de norma jurídica. Cada país deveria ter seu próprio ordenamento jurídico. O Código de Napoleão, por exemplo, era a identidade da França. Cada pais busca sua identidade por organizar o seu próprio ordenamento jurídico. Norma fundamental e a Pirâmide de Kelsen: no Brasil de hoje, temos uma norma fundamental: a Constituição Federal. A partir dessa vem uma série de novas normas que organizam o país. Dessa ideia vem o conceito de pirâmide jurídica. Apesar de fundamental, a norma maior, a Constituição, por ser apenas uma, ocupa o topo da pirâmide. Disponível: http://notasdeaula.org/dir1/ied_08-05-08.html Indicação de leitura: Teoria Pura do Direito Disponível: www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/487/456 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 15 A Legislação no âmbito educacional: Noções Fundamentais Compreender algumas noções fundamentais da legislação educacional envolve conhecer o significado da Norma Jurídica, das Fontes do Direito, da Hierarquia das Normas Jurídicas e o Arcabouço Legal da educação brasileira. Este primeiro encontro, portanto, tem o objetivo de apresentar o significado dos termos legais utilizados comumente na área do direito educacional, tanto nos textos específicos da educação como na aplicação cotidiana da vida escolar. Assim, você na escola enquanto docente ou gestor, torna-se imprescindível obter conhecimentos básicos sobre a legislação educacional para reflexão e no debate político pedagógico dos direitos e deveres de todos na sociedade. Portanto, a legislação educacional traduz um conjunto de preceitos legais sobre temas relacionados às questões da Educação. Dessa forma, ao usarmos a expressão legislação educacional, direito educacional ou legislação da educação estaremos nos referindo à legislação que trata da educação escolar em seus níveis e modalidades em contorno abrangente, à educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e à educação superior. Norma Jurídica Vamos à definição de Norma Jurídica. Conforme esclarece Paulo Dourado de Gusmão, norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica garantida pelo poder público, que pode disciplinar condutas e atos sendo coercitiva e provida de sanção, tendo como princípio basilar garantir a ordem e a paz social e internacional. A norma jurídica decorre de um ato do poder público, podendo ser poder cons- tituinte, legislativo, judiciário, executivo etc. Ressalta-se que nem todo poder é estatal, pois quaisquer instituições podem criar normas, além das normas gerais. Considera-se como norma geral de um país a Constituição Federal. À medida que o objeto em estudo pela instituição exige uma lei específica, esta pode vir a ser criada. Como exemplo, pode-se tomar uma instituição escolar que, frente à determinada situação, recorre ao estabelecido em seu regimento escolar, nesse caso, considera-se norma, além da norma geral da educação que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Fundamentos Legais e Normativos daEducação 16 Direito Educacional Cabe também esclarecer o conceito do Direito Educacional, considerando o utilizado por Renato Alberto Teodoro Di Dio, precursor do Direito Educacional Brasileiro, que afirma que o mais apropriado seria dizer Direito da Educação, Direito Educacional ou Direito Educativo. Os puristas optariam por Direito Educativo. Por outro lado, na linguagem comum, o termo educativo carrega a conotação de algo que educa, ao passo que educacional seria o direito que trata da educação. Norma Jurídica Vamos à definição de Norma Jurídica. Conforme esclarece Paulo Dourado de Gusmão, norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica garantida pelo poder público, que pode disciplinar condutas e atos sendo coercitiva e provida de sanção, tendo como princípio basilar garantir a ordem e a paz social e internacional. A norma jurídica decorre de um ato do poder público, podendo ser poder cons- tituinte, legislativo, judiciário, executivo etc. Ressalta-se que nem todo poder é estatal, pois quaisquer instituições podem criar normas, além das normas gerais. Considera-se como norma geral de um país a Constituição Federal. À medida que o objeto em estudo pela instituição exige uma lei específica, esta pode vir a ser criada. Como exemplo, pode-se tomar uma instituição escolar que, frente à determinada situação, recorre ao estabelecido em seu regimento escolar, nesse caso, considera-se norma, além da norma geral da educação que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Fontes do direito As fontes do direito são os meios pelos quais se formam as regras jurídicas. Como exemplo de fonte direta do direito, pode-se citar a lei e o costume; as indiretas são a doutrina e a jurisprudência. Podemos definir Lei como sendo a principal norma jurídica escrita e a fonte do direito. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 17 Costume Já o Costume é a reiteração constante de uma conduta, na convicção de ser a mesma, obrigatória, isto é, uma prática aceita como sendo direito, caso não exista lei sobre determinado assunto, pode o juiz decidir a questão conforme o costume. Doutrina Doutrina é a interpretação da lei realizada pelos estudiosos do assunto, tecendo comentários, tratados, pareceres, monografias. Jurisprudência A Jurisprudência, por sua vez, é a interpretação da lei feita pelos juízes e tribunais nas suas decisões. A jurisprudência está firmada quando uma questão já foi julgada e decidida reiteradamente. Hierarquia das Normas Jurídicas Há uma hierarquia das normas jurídicas. Foi visto que a norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica garantida pelo poder público, que pode disciplinar condutas e atos como coercitiva e provida de sanção, tendo como princípio basilar garantir a ordem e a paz social e internacional. Destaca-se ao ordenamento hierárquico das normas jurídicas organizadas como se uma fosse pirâmide, a qual possui na base os atos normativos; no centro, as leis; e no topo a Constituição Federal. Assim, pela ordem de importância, classificam-se conforme a seguir: Fundamentos Legais e Normativos daEducação 18 Constituição Federal Constituição Federal, também conhecida como Carta Magna ou Carta Maior, é a lei fundamental do Estado. Contém o conjunto de normas básicas que compõem a estrutura jurídica, política, social e econômica do Estado. É a sua lei máxima. Lei Lei, segundo Paulo Nader, é a norma editada pelo Poder Legislativo. É a forma ju- rídica escrita emanada do Poder Público. Ou seja, é a norma escrita, elaborada por órgão competente, com forma estabelecida, por meio da qual as regras jurídicas são criadas, modificadas ou extintas. O autor esclarece, ainda, que as leis podem ser clas- sificadas como: Leis complementares No direito, a lei complementar tem como propósito acrescer, explicar, adicionar algo à Constituição. Ela diferencia-se da lei ordinária somente pelo quórum necessário para sua aprovação e possui seu âmbito material predeterminado pelo constituinte. Leis Ordinárias Leis ordinárias são leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional (área federal), pela Assembleia Legislativa (área estadual) ou pela Câmara de Vereadores (área municipal). Durante sua elaboração, a lei ordinária passa por cinco fases: Iniciativa, Aprovação, Sanção, Promulgação e Publicação e exige apenas maioria simples de votos para ser aceita. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 19 Leis delegadas Já com relação às Leis delegadas, nos artigos 59 e 68 da Constituição Federal, ficou estabelecido que elas sejam um ato normativo elaborado pelo Presidente da República, com a autorização do Congresso Nacional Brasileiro, para casos de relevância e urgência, quando a produção de uma lei ordinária levaria muito tempo para dar uma resposta à situação. Atos Administrativos Normativos Os Atos Administrativos Normativos contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. Têm por objetivo explicar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados. Eles expressam minuciosamente o mandamento abstrato da lei, têm a mesma normatividade da regra legislativa e a ela se equiparam para fins de controle judicial. Por outro lado, distinguem-se substancialmente das regras legislativas por estarem a elas submetidos, uma vez que estão em uma escala hierárquica inferior. Em hipótese alguma podem os atos administrativos normativos contrariar a regra legislativa ou sequer ir além dela. Vamos conhecer alguns exemplos de atos administrativos normativos, baseando-nos em Paulo Nader. Decreto É o ato do Poder Executivo (Presidente da República, Governador, Prefeito) que pode conter normas gerais dirigidas para todos que se encontrem na mesma situação ou dirigir-se à pessoa ou grupo de pessoas determinadas. O decreto também pode estabelecer as condições e a maneira como a lei deve ser cumprida ou fixar medida administrativa. No auge da Ditadura Militar, havia, ainda, o decreto-lei que foi abolido e, no seu lugar, passou-se a adotar as medidas provisórias que têm força de lei de acordo com o acordo com o artigo 62, da Constituição Federal. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 20 Medida Provisória No direito constitucional brasileiro, a Medida Provisória (MP) é adotada pela Presidência da República, mediante ato unipessoal, sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la em momento posterior. Este tema merece de nossa parte uma volta às ruas. A Medida Provisória, assim, embora tenha força de lei, não é verdadeiramente uma lei, no sentido técnico estrito deste termo, visto que não existiu processo legislativo prévio à sua formação. Portaria Já a Portaria é o ato normativo ou administrativo emanado de autoridade, que disciplina o funcionamento da administração e normatiza a conduta de seus agentes. Podem ter conteúdo individual ou geral, aprovando instruções, determinando providências, nomeando, demitindo, aplicando punições. Para Helly Lopes Meirelles, as portarias são atos administrativos internos, pelos quais os chefes de órgãos, repartições e serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos secundários. Parecer O Parecer é o ato pelo qual os órgãos consultivos da administração emitem uma opinião diante da análise de um caso sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência. É uma apropriação oriunda de uma ou mais pessoas, quando se pronunciam sobre dado assunto submetido a seu exame. O parecer serve de orientação sobre determinado assunto, podendo ser facultativo, isto é, fica a critério da Administração solicitá-lo ou não, sendo obrigatório quando a lei exigir como pressuposto para o ato final, mesmo não havendo obrigatoriedade de acolhimento por parte da autoridade ou ainda pode ser vinculante. Ou seja, quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e acatar sua decisão. Esse é o caso dos pareceres que são lavrados pelos conselhos de educação. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 21 Regulamento O Regulamento é o conjunto de regras destinadas a especificar, esclarecer e completar o texto da lei para facilitar sua execução. Estatuto e Regimento O Estatuto contém normas e explicações para o funcionamento de determinada organização ou instituição. O Regimento, por sua vez, é o ato administrativo normatizador de situação interna de um órgão ou instituição, isto é, tem como objetivo regular o funcionamento de determinado órgão. Em se tratando de educação, cada estabelecimento de ensino deve ter o seu próprio regimento. Por outro lado, o regimento interno regula o funcionamento e o serviço interno das câmaras legislativas, dos tribunais, dos órgãos da administração pública e, por vezes, de instituições ou organizações particulares. A educação brasileira, portanto, tem seu arcabouço na Constituição Federal de 1988, que exige uma lei complementar que estabeleça diretrizes e bases para a educação nacional. Dessa forma, surge a LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDBEN), exarada em 20 de dezembro de 1996, e que leva o número 9394/96. A partir da LDBEN, são elaboradas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), para todos os níveis e modalidades de ensino. Leitura complementar MOTTA, Elias de Oliveira. Direito educacional e educação no século XXI incluindo comentários à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Legislação Conexa e Complementar. Brasília: UNESCO, 1997. PERES, José Augusto de Souza. O direito educacional: de suas origens remotas a uma tentativa de sistematização. Salamanca: Universidade Pontifícia de Salamanca, 1997. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 22 Exercícios – Unidade 1 1. Podemos citar como fontes do Direito: a) Fontes diretas são a lei e o costume; indiretas são a doutrina e a jurisprudência. b) A doutrina e a jurisprudência. c) A doutrina e o costume. d) A jurisprudência e o costume. e) Exclusivamente os costumes. 2. A educação brasileira, tem seu arcabouço na Constituição Federal de 1988. Assim, a lei que estabelece os fins, os objetivos e diretrizes para educação: a) LDBEN. b) LDCN. c) PNE. d) PME. e) Constituição Federal. 3. O Ato administrativo normatizador de situação interna da escola que tem como objetivo regular o funcionamento: a) Proposta Pedagógica. b) Livro de Atas. c) Diário de Classe. d) Diretrizes Curriculares. e) Regimento. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 23 4. O Estatuto contém normas e explicações para o funcionamento de determinada organização ou instituição. EXCETO: a) Conjunto normas jurídicas. b) Regulamenta o funcionamento de uma pessoa jurídica. c) Normatiza uma associação ou uma fundação. d) Organiza um conjunto de leis do estado. e) Comum a todo o tipo de órgãos colegiados, incluindo entidades sem personalidade jurídica. 5. Com base nos conceitos de norma fundamental e da pirâmide de Kelsen, foi constituída a pirâmide jurídica brasileira. Partindo topo para a base, organize a estrutura hierárquica do ordenamento jurídico no Brasil. I - Leis, Decretos e Jurisprudência; II - Atos Normativos, Portaria, Resoluções, Portarias etc.; III - Constituição Federal; IV - Contratos, Sentenças Judiciais, Atos e Negócios Jurídicos. a) II, I, IV e III. b) I, II, III e IV. c) III, I, II e IV. d) IV, II, III e I. e) II, III, IV e I. 6. Segundo Paulo Dourado de Gusmão, a norma jurídica tem como princípio basilar garantir: a) O fim da fome e injustiça social. b) A ordem e o fim de conflitos étnicos. c) O desarmamento e uma moeda única. d) O fim das barreiras alfandegárias e a paz. e) A ordem e a paz social e internacional. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 24 7. Segundo o texto, uma das fontes diretas do direito é a jurisprudência. Marque a melhor definição desse termo. a) Análise de casos internacionais julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. b) Veredito do juiz tomando como base seu conhecimento pessoal; c) Interpretação da lei feita pelos juízes e tribunais nas suas decisões. d) Prática aceita como sendo direito, caso não exista lei sobre determinado assunto. e) Parecer realizado pelos estudiosos do assunto. 8. As Leis Ordinárias podem ser formuladas por órgãos de três instâncias. Esses são: a) Ministério Público, Congresso Nacional e Câmara do Vereadores. b) Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Secretaria de Educação. c) Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores. d) Câmara de Vereadores, Congresso Nacional e Ministério da Fazenda. e) Assembleia Legislativa, Ministério do Trabalho e Câmara de Vereadores. 9. Para que serve um parecer? Traga um exemplo de parecer. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Fundamentos Legais e Normativos daEducação 25 10. Traga um exemplo de Estatuto na Educação. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Fundamentos Legais e Normativos daEducação 26 ___________________________________________________________________ Fundamentos Legais e Normativos daEducação 27 2 Políticas e Reformas Educacionais a Luz da LDB 9394/96 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 28 Esta unidade traz informações para a análise compreensiva das políticas educacionais em seus aspectos sociopolíticos e históricos. Nela, são abordados aspectos como qualidade versus quantidade na educação brasileira; as reformas educacionais que aconteceram em nosso país; o Plano Nacional de Educação e seus diferentes aspectos. Objetivo da unidade: Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, bem como os Planos e Diretrizes Nacionais para a Educação Brasileira. Plano da disciplina Políticas Educacionais Qualidade x quantidade na educação brasileira Reformas Educacionais Diretrizes de Ensino Bem-vindo à segunda unidade! Fundamentos Legais e Normativos daEducação 29 Políticas Educacionais Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um desenvolvimento do ensino ja- mais registrado no país. A centralização/descentralização são categorias que estão vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo porque, desde o final do século XX, a descentralização vem atrelada aos interesses neoliberais de diminuir gastos sociais do Estado. Isso ficou evidente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9394/96 que centraliza no âmbito federal as decisões sobre currículo e sobre avaliação e repassa à sociedade responsabilidades estatais. Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, bem como Plano Nacional da Educação e Diretrizes Nacionais para a educação brasileira. Para abordar o tema Políticas Educacionais faz-se necessária uma análise das reformas educacionais em curso no mundo que constatam a existência de pontos comuns nas políticas educacionais, como a gestão da educação, o financiamento, o currículo, a avaliação e a formação de professores. Todavia, há aspectos que impregnam esses pontos e que, historicamente, caracterizam as políticas de educação, como sendo unicamente algo centrado entre o público e o privado, entre o ensino superior e a educação básica. Para a autora Regina Vinhaes Gracindo, no contexto atual, as políticas educacionais podem ser observadas pelas inúmeras contradições instituídas, resultantes de uma forma de pensar a sociedade, o Estado e a gestão da educação. Para vários pesquisadores na área das políticas educacionais, as consequências da inversão de prioridades estariam, por exemplo, no abandono da democratização do acesso e da permanência de todos na escola básica em nome da qualidade do ensino. Portanto, nas políticas educacionais são impressos alguns jargões progressistas, como a qualidade do ensino para diminuição dos altos índices de evasão e repetência, mas não consegue incluir efetivamente todas as crianças e os jovens na vida escolar. Outra consequência diz respeito ao descompromisso do Estado ao Fundamentos Legais e Normativos daEducação 30 descentralizar ações para a comunidade, desobrigando-se de manter políticas públicas, especialmente as sociais, e repassando encargos para outras instâncias administrativas institucionais, porém sem poder decisório. Exemplos disso são as ações assumidas pelo voluntariado em questões de responsabilidade do Estado. Pode-se usar como exemplo o Programa Amigos da Escola, que nada mais é do que passar adiante uma tarefa que é do Estado. Na busca de implantar sua política, o discurso neoliberal argumenta que a esfera privada é detentora de maior eficiência, enfraquecendo, assim, os serviços públicos e levando à privatização desenfreada de serviços educacionais, principalmente no ensino superior. Devido a essa prática, há uma redução de investimentos públicos na educação superior pública ocorrendo uma inserção maior de investimentos no Ensino Fundamental. O estudo do histórico das políticas educacionais possibilita identificar tais elementos de análise nos diferentes momentos da história da educação brasileira. De forma suscinta vamos abordar três aspectos importantes categorias importantes para o entendimento desse movimento histórico nas políticas educacionais que resultam em propostas atuais: Começamos pela centralização/descentralização que, na organização da educação brasileira, tem como fato histórico e marcante e que auxilia na compreensão deste primeiro item, a representação que obteve a Revolução de 1930. Ela representou a consolidação do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o consequente aparecimento de novas exigências educacionais. Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um desenvolvimento do ensino jamais registrado no país. A centralização/descentralização são categorias que estão vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo porque, desde o final do século XX, a descentralização vem atrelada aos interesses Dica de Vídeo! Para aprofundar o conhecimento Assista o vídeo: Pablo Gentili – Políticas Neoliberais Link: https://www.youtube.com/watch?v=oTimRbPmh-E Fundamentos Legais e Normativos daEducação 31 neoliberais de diminuir gastos sociais do Estado. Isso ficou evidente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9394/96 que centraliza no âmbito federal as decisões sobre currículo e sobre avaliação e repassa à sociedade responsabilidades estatais. Qualidade x Quantidade na Educação Brasileira Sobre a qualidade da educação e do ensino, os educadores têm caracterizado o termo qualidade com os adjetivos social e cidadã, isto é, qualidade social, qualidade cidadã, para diferenciar o sentido que as políticas dão ao termo. Salienta-se, assim, que qualidade social da educação significa não apenas diminuições da evasão e da repetência como entendem os neoliberais, mas refere- se à condição de exercício da cidadania que a escola deve promover. O embate entre defensores da escola pública e privatistas na educação brasileira significa que, compreender a educação pública no Brasil, supõe conhecer como se deu, historicamente, o embate com as forças privatista presentes em toda a história educacional brasileira, ora se apresentando com maior ou menor expressão, ora adquirindo características diferenciadas. Destacamos que na elaboração da Constituição de 1988, evidencia-se o favorecimento das instituições educacionais privadas, sinaliza Bonamino,2003, p.258, que: A nova Constituição adota uma concepção ampla de setor privado. Como observa Cury (1992), no art. 213, que trata da transferência de recursos e da liberdade de ensino, há uma inovação constitucional. Pela primeira vez, um texto legal faz distinção clara entre o público e o privado e entre diferentes modalidades de escola privada, com implicações diretas para as diferentes maneiras de qualificar os possíveis beneficiários dos recursos públicos. Assim, durante o processo de elaboração da Constituição de 1988, verificou-se novamente o confronto entre publicistas e privatistas. A partir de meados da década de 80, com a crise econômica internacional e o desemprego estrutural que levaram ao arrocho salarial, a classe média, pressionada Fundamentos Legais e Normativos daEducação 32 pelo custo de vida, buscou retirar do orçamento familiar o gasto com mensalidades escolares e foi à procura da escola pública. A inadimplência cresceu nas escolas particulares e nova ofensiva apresentou-se: a ideia do público não estatal. O público passou a ser entendido como tudo o que se faz na sociedade e nela interfere. Nessa perspectiva, haveria o público estatal e o público privado, definindo a gratuidade do ensino apenas em estabelecimentos oficiais, como assegurava o artigo 206 da Constituição Federal de 1988. Tal concepção deve-se à política neoliberal, que prega o Estado mínimo, ou Estado garantia, incluindo até mesmo a privatização ou a minimização da oferta de serviços sociais. Reformas Educacionais Ao abordar as reformas educacionais, pressupõe entender os multiplos sentidos que levaram a criação de certas legislações. Isso significa que deve ser constatada a existência de determinado problema para, então, buscar soluções para ele, formular uma política e um plano de implementação. Ocorre que um problema nacional, como problema governamental, só existe com uma percepção coletiva. Não basta, assim, somente algumas pessoas terem consciência do problema; é preciso que existam pressões sociais coletivas para que determinado aspecto da realidade seja considerado. Sobre isso, José Mário Pires Azanha afirma que somente quando essa consciência se generaliza e se difunde amplamente na sociedade é que se pode falar de um problema em termos nacionais e de governo. Para Shiroma (2004, p. 9) compreender o sentido de uma política pública demandaria conhecer e entender o significado do projeto social do Estado. Assim, para tornar compreensível o que seja uma política educacional, três perguntas são fundamentais: Qual é o projeto? Quem defende? Que política foi adotada? Fundamentos Legais e Normativos daEducação 33 Poderíamos também acrescentar mais uma: A quem interessa a efetivação de uma política educacional? Assim, torna-se importante lembrarmos que ao longo da história da Educação vários programas e projetos foram instituídos como forma de organização das politicas educativas, atendendo sempre ao projeto social do Estado. Manifesto dos pioneiros da Educação Nova Em 1932, um grupo de educadores apresentou o projeto educativo Manifesto dos pioneiros da Educação Nova, ligado à nova corrente da época, lançado nos Estados Unidos, que conquistava seguidores no Brasil. Esse documento pode ser considerado a primeira tentativa de elaboração de um plano de educação para o país. Atualmente, estaria existindo novamente essa consciência nacional, pela presença, constante, nos diferentes discursos, da importância da educação em um mundo competitivo, em uma sociedade em que o conhecimento é fundamental e o fantasma do desemprego só se combate com a educação. Essa consciência teria provocado, no final do século XX, a aprovação e implementação de reformas no ensino brasileiro por meio da LDBEN nº 9394/96 e, consequentemente, os Planos e Diretrizes por ela apontadas. Vejamos no quadro a seguir as tentativas feitas nos últimos 85 anos em relação à educação do nosso país. ANO/PERÍODO OBJETO DA POLÍTICA EDUCACIONAL REPRESENTANTES 1932 Introdução da racionalidade científica Escolanovistas 1937 Controle político-ideológico Governo Getúlio Vargas – Estado Novo 1961 Lei 4024/61 - LDBEN Instrumento de distribuição de recursos para os diferentes níveis de ensino Governo João Goulart 1964 Racionalidade tecnocrática na educação Ditadura Militar 1986 Racionalidade democrática Governo Sarney 1991- 1995 Programa Setorial de Ação do Governo a meta era inserir o país na nova revolução tecnológica Collor na área de Educação Fundamentos Legais e Normativos daEducação 34 Em 1932, o objetivo do plano era o da introdução da racionalidade científica com os autores da tendência escolanovista. Em 1937, o objeto do plano era de controle politicoideológico, durante o Governo Vargas – Estado Novo. Em 1961, temos a Lei nº 4024, LDBEN, cujo objeto era o do Instrumento de distri- buição de recursos para os diferentes níveis de ensino. Em 1964, durante a Ditadura Militar, temos a racionalidade democrática. E, por fim, em 1990 até os dias de hoje, observamos a Racionalidade Financeira. ANO/PERÍODO OBJETO DA POLÍTICA EDUCACIONAL REPRESENTANTES 1992-1994 Plano Decenal de Educação para Todos 1993-2003 desdobramento da participação do Brasil na Conferência de Educação para Todos, em 1990, em Jomtien, na Tailândia, promovida pela UNESCO, pelo UNICEF e pelo BIRD. Itamar Franco 1996 LDB 9394/96 Organiza a educação brasileira e as instituições de ensino e pesquisa. Fernando Henrique Cardoso (Presidente) Paulo Renato Souza (Ministro da E ducação) 2001- 2010 LEI N° 10172, DE 9 DE JANEIRO DE 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE elevação global do nível de escolaridade da população; melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e democratização da gestão do ensino público. Aprovada pelo Congresso Nacional sancionada pelo Presidente da República 2014-2024 Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) I − erradicação do analfabetismo; II − universalização do atendimento escolar; III − superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV − melhoria da qualidade da educação; V − formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI − promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; Decretada pelo Congresso Nacional sancionada pelo Presidente da República Dilma Russef Fundamentos Legais e Normativos daEducação 35 Ao observar a planilha, a seguir, podemos perceber que a criação do diferentes projetos educativos são bem distintos, ocorrem a partir das mudanças sociais e econômicas do país e do mundo. Vejamos: ANO/PERÍODO PNE OBSERVAÇÕES 1962 1º Plano Nacional de Educação. Com vigência de dois anos, interrompido pela ditadura militar Oriundo da Constituição de 1946 e da LDBEN 4024/61. Sofreu duas alterações. A primeira em 1965 (salário – educação). A s e g u n d a e m 1966 (orientação para o tra- balho) 1993 Plano Decenal de Educação para Todos Não saiu do papel sendo abandonado em 1995 2001-2010 2º Plano Nacional de Educação Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE elevação global do nível de escolaridade da população; melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e democratização da gestão do ensino público. Lei 10.172/01 Aprovada pelo Congresso Nacional sancionada pelo Presidente da República 2014-2024 3º Plano Nacional de Educação Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) I − erradicação do analfabetismo; II − universalização do atendimento escolar; III − superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV − melhoria da qualidade da educação; V − formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI − promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 Aprovada pelo Congresso Nacional sancionada pelo Presidente da República Dilma Rousseff Fundamentos Legais e Normativos daEducação 36 Este segundo quadro trata da real aplicação de cada um dos Planos, inclusive reconhece a existência e aplicabilidade de apenas três deles. Em 1962, temos o 1° Plano Nacional de Educação. Em 1993, temos o Plano Decenal de Educação para todos, que não saiu do papel, sendo abandonado em 1995. E, em 2001, por meio da Lei n°10.172, tivemos outra versão do Plano Nacional de Educação. Atualmente, temos o PNE referente ao período 2014-2024 aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 Plano Nacional de Educação. O que é? Afirma Bordignon (2014, p.33) que se pode definir plano como a descrição, o desenho, o projeto do caminho a seguir, nele estão as metas e ações para ser alcançado um futuro desejado. Trata-se de um documento formal que consolida as decisões tomadas no processo de um planejamento. Assim, o plano é um registro escrito, sob a forma de um documento aprovado, na instância própria de competência legal. Neste sentido, O Plano Nacional de Educação sempre será aprovado pelo Congresso Nacional e transforma- do em Lei com uma duração prevista para dez anos. Em consequência, os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem elaborar também seus Planos Decenais correspondentes para se adequarem às especificidades locais. O Plano Nacional de Educação, portanto, se refere a todos os níveis e modalidades de ensino, e é o primeiro a ser submetido à aprovação do Congresso Nacional, tanto por exigência da Constituição Federal de 1988, que o institui, quanto pelo artigo 9º da LDBEN nº 9394/96. É importante esclarecer que, por ter sido instituído pela Constituição Federal de 1988, o PNE é autônomo em relação ao que estabelece a LDBEN de 1996. Quais são os planos? Pne A Constituição brasileira, em seu Art 214, previu a implantação legal do Plano Nacional de Educação Plano (PNE). Entretanto, a Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009 melhor qualificou o papel do PNE, ao estabelecer sua duração como decenal – no texto anterior, no plano era plurianual – e ao aperfeiçoar seu objetivo: articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir Fundamentos Legais e Normativos daEducação 37 diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino, em seus diversos níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas das diferentes esferas federativas. Assim, destacamos no PNE 2014- 2024: Art. 2º São diretrizes do PNE: I − erradicação do analfabetismo; II − universalização do atendimento escolar; III − superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV − melhoria da qualidade da educação; V − formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI − promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII − promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; VIII − estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX − valorização dos(as) profissionais da educação; X − promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. (Lei 13.005 2014). Fonte: http://educacaouniverso.blogspot.com.br/2014/06/ja-conhece-o-novo-plano-nacional-de.html A introdução do Plano inclui, entre as prioridades maiores, a erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação. Assim, a Constituição 1988 e a LDB 9394/96 atribuem responsabilidades específicas à União, aos estados e aos municípios, determinando que cada instância organize o respectivo sistema de ensino em regime de colaboração com as demais, cooperando entre si para garantir o ensino obrigatório. Neste sentido, a alfabetização e o ensino fundamental de jovens e adultos compõem esse campo de responsabilidades compartilhadas, que exigem a colaboração dos municípios, estados e da União, cabendo ao governo federal as funções de coordenação das políticas nacionais, de articulação e apoio técnico e financeiro às demais instâncias. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 38 Na segunda metade do século passado, Dermeval Saviani, um teórico brasileiro, já destacava as diferentes racionalidades existentes nas muitas tentativas de elabora ção e de implementação de um Plano Nacional de Educação. A CONAE – Conferência Nacional de Educação ocorreu entre 28 de março e 1º de abril de 2010. Foi um espaço de discussão sobre a educação brasileira em que o tema principal foi a construção do sistema nacional articulado e o Plano Nacional de Educação. Diretrizes de Ensino As Diretrizes Nacionais de Ensino têm sua origem no artigo 9º da LDBEN e se constitui incumbência da União. Elas são elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação e, em virtude das inúmeras mudanças política, econômicas e sociais no Brasil, elas são consequentemente alteradas, dependendo das intencionalidades e aspirações sociais ou, na maioria das vezes, da agenda política e dos interesses da classe dominante. Após aprovação e publicação oficial devem ser cumpridas em todo o território nacional. Atualmente, já foram elaboradas e aprovadas as Diretrizes que tratam dos níveis e modalidades da educação nacional estando constituídas conforme o quadro que veremos a seguir: Dica! Pesquise sobre as 20 metas do plano nacional de educação 2014-2024 Fonte: http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conecendo_20_metas.pdf Fundamentos Legais e Normativos daEducação 39 DIRETRIZ NACIONAL ASSUNTO Parecer CNE/CEB nº 7/2010, aprovado em 7 de abril de 2010. Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Parecer *CEB nº 04/98 Ensino Fundamental (alterado pela Res.CEB nº 03/2005 e Res. CNE/CEB nº 01/2010) CEB nº 03/2005 e Res. CNE/CEB nº 01/2010). Parecer CEB nº 15/98 Ensino Médio (atualizadas pela Res. CNE/CEBnº 01/2005 e Res CNE/CEB nº 04/2005). Parecer CEB nº 22/98 Educação Infantil (atualizadas pela Res. CNE/CEB nº 05/2009). Parecer CEB nº 01/99 Formação d e P r o f e s s o r e s n a modalidade Normal em nível médio. Parecer CEB nº 14/99 Educação em Escolas Indígenas. Parecer CEB nº 16/99 Educação Profissional de Nível Técnico(atualizadas pela Res. CNE/CEB nº01/2005 e Res. CNE/CEB nº 04/2005). Parecer CEB nº 04/2000 Diretrizes Operacionais para a Ed.Infantil. Parecer CNE/CEB nº 17/2012, aprovado em 6 de junho de 2012. Orientações sobre a organização e o funcionamento da Educação Infantil, inclusive sobre a formação docente, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Parecer CEB nº 11/2000 Educação de Jovens e Adultos. Parecer CEB nº 17/2001 Educação Especial na Educação Básica. Parecer CEB nº 36/2001 Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Parecer CNE/CEB nº 02/2008 Estabelece Diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. CNE/CEB nº 02/2009 Fixa as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, em conformidade com o artigo 6º da lei nº11.738/2008, e com base nos artigos 206 e 211 da CF/88, nos art. 8º, parágrafo 1º, e 67 da Lei nº 9394/96, e no art. 40 da Lei nº11.494/2007. CNE/CEB nº 04/2009 Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial da Educação Básica, modalidade Educação Especial. Parecer CNE/CEB nº 5/2011, aprovado em 5 de maio de 2011 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 40 À medida que as instituições privadas e os conselhos estaduais de educação encaminham consultas referentes a temas ligados aos níveis e modalidades de ensino, o Conselho Nacional de Educação, por meio de suas Câmaras constituídas, se manifesta. Enfim, esses documentos são marcos regulatórios vigentes para além de uma letra fria da lei configura-se com um imenso desafio aos educadores comprometidos com a qualidade do ensino. Não há dúvidas que a legislação cumpre um papel fundamental de assegurar direitos conquistados. Assim, torna-se necessário considerar as constantes transformações sociais e avançar na compreensão do papel social da escola. Dica! Para você obter todas as publicações atualizadas referentes às legislações brasileiras, acesse o Portal do MEC. http://portal.mec.gov.br/pnaes/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados- 82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica Leitura complementar MENESES, João Gualberto de Carvalho et.al. Estrutura e funcionamento da educação básica: leituras. São Paulo: Pioneira, 1998. A obra trata sobre a educação nacional, sua estrutura e funcionamento a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacinal 9394/96. SOUZA, Paulo Nathanael Pereira; SILVA, Eurides Brito. Como entender e aplicar a nova LDB. São Paulo: Pioneira Thomson Learnin, 2002. Nesta obra os autores apresentam com clareza a nova legislação da educação na- cional e sua aplicabilidade no chão da escola. BRZEZINSKi, Iria. (org.) LDB interpretada: diversos olhares se entrecruzam. 4 ed. são paulo: cortez editora, 2000. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 41 Esta obra foi elaborada a partir do conjunto de 13 textos de diferentes autores que abordam de forma interpretativa a lei de diretrizes e bases da educação nacional de 1996, revelando suas possibilidades de aplicação. Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 42 Exercícios – Unidade 1 1.Partindo da sua pesquisa sobre as 20 metas do plano nacional de educação 2014-2024, responda: A Meta 6 do PNE 2014-2024, trata: a) Educação Infantil. b) Educação em tempo integral. c) Educação Indígena. d) Alfabetização. e) Educação na integralidade. 2. A meta 20 discute sobre o Financiamento da Educação, no sentido de ampliar o investimento público na educação. Assim, para o final do decênio o PNE 2014-2024 indica o valor mínimo de investimento equivalente a um percentual do PIB, de: a) 2% do PIB. b) 7% do PIB. c) 12% do PIB. d) 15% do PIB. e) 10% do PIB. 3.Meta 7 do PNE 2014-2024 trata 7 - Aprendizado adequado na idade certa. Assim, são afirmações incorretas: a) Estimular a qualidade da educação básica em todas etapas e modalidades. b) Melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem. c) Atingir melhores médias nacionais para o IDEB. d) Priorizar os aspectos qualitativos sobre os aspectos quantitativos. e) Estimular a qualidade da educação básica nas modalidades de ensino. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 43 4. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência do PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Estamos falando da: a) Meta 8. b) Meta 7. c) Meta 9. d) Meta 5. e) Meta 6. 5. Que documento pode ser considerado a primeira tentativa de elaboração de um plano de educação para o País. a) A Constituição Federal de 1988. b) O Manifesto dos Pioneiros da Educação. c) O Plano Decenal de Educação para Todos. d) A Lei nº 4024/1961. e) A Lei nº 9394/96. 6. De modo geral, como os educadores têm caracterizado a qualidade da educação e do ensino? a) diminuições da evasão e da repetência. b) atividades extracurriculares e ingresso na universidade. c) inserção no mercado de trabalho e aumento da renda. d) filiação partidária e permanência escolar. e) qualidade social e qualidade cidadã. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 44 7. A qual instância do poder público o Plano Nacional de Educação apresentado para aprovação? a) Câmara dos Vereadores. b) Congresso Nacional. c) Assembleia Legislativa. d) Secretaria de Educação. e) Ministério da Fazenda. 8. Diferentes Diretrizes Educacionais já foram elaboradas e aprovadas, tratando dos níveis e modalidades da educação nacional. O Parecer CEB nº 11/2000 garantiu avanço em qual tema relacionado ao ensino? a) Educação em Escolas Indígenas. b) Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. c) Educação de Jovens e Adultos. d) Educação Infantil. e) Formação de Professores na modalidade Normal em nível médio. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 45 9. Após a leitura da unidade 2, provavelmente surgiram questionamentos do tipo: como toda essa legislação chega até à escola? Como os professores veem a legislação e sua relação com as Políticas Públicas? Faça uma saída de campo até uma escola pública ou privada de qualquer nível ou modalidade de ensino e tente encontrar essas respostas. Converse com a equipe diretiva da escola e, na sequência, transcreva e apresente suas conclusões para seus colegas, de forma virtual ou presencial, antes do próximo capítulo. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. De acordo com as questões apontadas e discutidas sobre qualidade nesta unidade. Conceitue qualidade na educação. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Fundamentos Legais e Normativos daEducação 46 Fundamentos Legais e Normativos daEducação 47 3 LDB 9394/96: Os Fins da Educação Nacional e os Níveis da Educação no Brasil Fundamentos Legais e Normativos daEducação 48 Esta unidade aborda os fins da educação nacional que se encontram no artigo segundo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com o seguinte teor: “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, considerando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania, sua qualificação para o trabalho”. A ênfase está na educação básica, com destaque para temas relevantes, como a evasão escolar, os órgãos administradores e normatizadores que se ocupam em gestar e legislar para a educação, com destaque para os diferentes sistemas de ensino. Objetivo da unidade: O objetivo desta unidade é explorar os aspectos legais que trazem em seu interior diferentes abordagens explicativas sobre os fins da educação nacional, sob o olhar de diferentes autores reconhecidos. Plano da unidade: Níveis de ensino da educação básica Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Sistema Federal de Ensino Sistema Estadual de Ensino Sistema Municipal de Ensino Bem-vindo à terceira unidade! Fundamentos Legais e Normativos daEducação 49 A Constituição do Brasil, também chamada de Carta Magna, é a base da organização da sociedade brasileira em todos os seus aspectos. Assim, todos os direitos e deveres do cidadão estão contidos na nossa Constituição. O que a Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabelece em relação à educação nacional, além dos direitos e deveres do cidadão. Esses direitos e deveres estão explicitados no artigo 205 da Constituição Federal. O que diz o artigo? O que diz o artigo? “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Percebemos que a educação não é um processo solidário. Não adianta só o Estado brasileiro querer. Há que haver cumplicidade entre o poder federal, o estadual, o municipal e o do Distrito Federal. Mas isso não é o suficiente. É necessário, também, que a família se faça presente, que os diversos segmentos da sociedade também colaborem, participando, refletindo, reivindicando por melhorias na educação. Além dos direitos e deveres do cidadão quanto à educação, a Carta Magna, estabelece os princípios em que o ensino deve basear-se. Conhecer e pôr em prática esses princípios é de vital importância para todos os profissionais da educação. Esses princípios também precisam ser conhecidos e respeitados pelos responsáveis pela formulação e execução das políticas públicas para a educação, ou seja, os membros do Poder Executivo (Presidente, Ministros de Estado, Governadores, Secretários, Prefeitos, Diretores de Escolas etc.). Nesse sentido, torna-se importante a leitura da LDB 9394/96, feita em seus nove títulos, e de 92 artigos. A Lei inicia-se pela conceitualização (art. 1°), coloca princípios e fins da educação nacional (arts. 2° - 7°). Fundamentos Legais e Normativos daEducação 50 Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Fundamentos Legais e Normativos daEducação 51 Os princípios constitucionais para a educação asseguram a coexistência pacífica de escolas públicas e privadas, sendo que as públicas têm que oferecer um ensino gratuito, ou seja, sem cobranças, pois, na verdade, elas são mantidas pelos impostos dos cidadãos. Os profissionais da educação devem ser valorizados, admitidos por concurso público e amparados por um plano de carreira específico para o magistério; as políticas públicas devem estabelecer os padrões de qualidade para desenvolvimento educacional mais igualitário. Nesse processo, torna-se necessário à organização escolar com uma gestão democrática, pois se trata de uma exigência constitucional, que incluem importantes movimentos como a eleição direta do diretor na escola, a construção do Projeto Político Pedagógico da escola com participação coletiva de todo comunidade escolar, visando a uma gestão participativa. Níveis de educação no Brasil A abordagem sobre a organização do ensino brasileiro se alicerça na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e está organizada em dois níveis: educação básica e educação superior. Sendo, respectivamente, chamados de primeiro nível e segundo nível da educação nacional. Nos cursos de Licenciaturas aborda-se, especificamente, o primeiro nível, educação básica, sendo que o segundo nível, educação superior – que possui entre suas finalidades estimular a criação cultural e do desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo – é abordado e aprofundado em nível de pós- graduação. Educação básica A educação básica organiza-se em três etapas ou níveis, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A educação básica tem como objetivo assegurar a todos os cidadãos brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para a progressão no trabalho e em estudos posteriores conforme o: Fundamentos Legais e Normativos daEducação 52 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de ((Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)): I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; Enfim, torna-se importante que a lei seja ajustada, na sua aplicação, a situações reais, que envolvem: o funcionamento das redes escolares, a formação dos especialistas e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional como sugere o texto de Brito. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 53 Leitura Complementar CONCEITO DE LDB SOUZA, Paulo Nathanael & SILVA, Eurides Brito “Os princípios que regem a educação nacional, enunciados no texto constitucional devem ser ajustados, na sua aplicação, a situações reais, que envolvem: o funcionamento das redes escolares, a formação dos especialistas e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior administração dos sistemas de ensino, as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões do país etc. São esses ajustamentos, essas diretrizes nascidas das bases inscritas na Carta Magna, que se constituem matéria-prima de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da Lei de Diretrizes e Bases nascem a política e o planejamento educacionais, e depende o dia-a-dia do funcionamento das redes escolares de todos os graus de ensino. Ambos esses códigos legais funcionam harmônica e interdependentemente, como cara e coroa da mesma moeda, que, no caso é a educação nacional. “Essa integração normativa com a Constituição gera, para a Lei de Diretrizes e Bases, algumas limitações e características, que serão destacadas a seguir: Fundamentos Legais e Normativos daEducação 54 1) A LDB não pode divergir filosófica e doutrinariamente do que estatui a Constituição, no que diz respeito aos princípios reguladores da educação brasileira. 2) A LDB não pode, nem acrescentar, nem omitir, no seu texto, algo não consagrado expressamente na Constituição. 3) A LDB não pode conter minúcias, nem normas de regulamentação casuísta, devendo sua linguagem primar pela clareza, pela generalidade e pela síntese. Não fora ela uma lei de diretrizes! Sendo, como é, uma lei de âmbito nacional e compondo-se, como se compõe o Brasil, de uma variedade incontestável de situações as mais diversas e contrastantes, se não for genérica e abrangente nas regras que contém, não servirá a todos os sistemas de ensino do País, como é do seu dever. Ademais, estando à educação sujeita, o tempo todo, a mutações dinâmicas e sucessivas, se o texto de sua lei básica não for sintético e amplo, com vistas à estabilidade normativa, a lei de hoje poderá ser inútil amanhã.”1 4) A LDB deve regular a vida das redes escolares, no que diz respeito ao ensino formal, ficando fora de seu alcance todas as manifestações livres e aquele tipo de curso que não funciona sob a supervisão de outros órgãos, que não os da administração superior dos sistemas de ensino. Como você pôde ver, para um país com a dimensão do Brasil, uma lei nacional da educação é importante, imprescindível, até mesmo para assegurar a identidade nacional de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste país que, por sua imensa extensão territorial, é chamado de país-continente. A LDB trata das diretrizes e bases gerais da educação brasileira, deixando aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, detalhamentos que protegerão as peculiaridades regionais e locais. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 55 Normas comuns para a educação básica, de acordo com a LDBEN nº 9394/96: A classificação do aluno em qualquer serie ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental, poderá ser feita por promoção, por transferência ou, ainda, independente de escolarização anterior. Poderão organizar-se classes ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares. Outro elemento importante a ser abordado é a frequência que fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigindo a frequência mínima de 75% do total de horas letivas para aprovação. A carga horária mínima anual é de 800 horas distribuídas pelo mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. Novos artigos foram incluídos na Lei de Diretrizes e Bases 9394;96, ao longo dos útimos anos, como resultado de demandas da sociedade. Destaca-se a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos e o ingresso da criança neste nível de ensino aos seis anos de idade. A oferta obrigatória do ensino sobre história e cultura afro-brasileira e indígena, no âmbito de todo o currículo escolar. Quanto à avaliação da aprendizagem, constitui-se um grande desafio para todos os profissionais da educação, pois seus resultados condicionaram os alunos à continu- ação dos estudos. Evasão Escolar No Brasil, temos um elevado índice de evasão e muito se deve à reprovação de alu- nos. A avaliação é um processo importante na relação ensino-aprendizagem, pois é por meio dela que o professor vai poder observar ou não o desenvolvimento do seu aluno, verificando se os objetivos foram alcançados. No seu artigo 24, ,a LDBEN 9394/96 preceitua que: Fundamentos Legais e Normativos daEducação 56 “Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino”. Essa figura que aparece na Lei – progressão parcial – significa a redução da retenção do aluno na série ou ano, pois permite que ele avance para o próximo ano/série, e a escola encontre mecanismos de oferta em turno inverso dos conteúdos que não foram atingidos, nas respectivas disciplinas. Também fica a critério de cada escola estabelecer o número de disciplinas em que o aluno poderá ficar em progressão parcial, essa orientação será estabelecida no Regimento Escolar. Níveis de ensino da educação básica Educação Infantil A primeira etapa da educação básica é a Educação Infantil. Seus dois objetivos principais são: desenvolver a criança de 0 a 5 anos de forma integral e ser uma ação complementar à ação da família. Está organizada em creche e pré-escola. É fundamental abordar a distribuição das faixas etárias nas etapas de ensino. Com as alterações propostas pela Emenda Constitucional nº 53 de 2006 – que garante assistência gratuita do Estado às crianças de 0 a 5 anos, em creches e pré- escolas – houve alterações tanto na duração de algumas etapas como nas idades de ingresso e saída. A creche atende crianças de 0 a 3 anos; a pré-escola atende crianças de 4 a 5 anos. A avaliação, na Educação Infantil, tem como finalidade acompanhar e registrar o desenvolvimento da criança, sendo vedada para fins de promoção ao Ensino Fundamental. Fundamentos Legais e Normativos daEducação 57 A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 altera a LDB n. 9394/96, diz que as crianças com 4 anos devem ser matriculadas na Educação Infantil. Com isso,
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