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Roteiro1 Cap. 1 Unid1

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Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 1 
Universidade de Brasília - UnB 
Instituto de Psicologia - IP 
Departamento de Processos Psicológicos Básicos - PPB 
Código- 124168 - História da Psicologia 
Prof
a
. Rachel Nunes da Cunha 
 
Roteiro de Estudo N
o
. 01 - Unidade 1: Introdução à História da Psicologia 
 
Leitura: Schultz, D. P. e Schultz, S. E. (2014). História da Psicologia Moderna. 
Tradutora: Marília de Moura Zanelli, Sueli Sonoe Murai Cuccio & Cintia Naomi 
Uemura. São Paulo: Cengage Learning. Capítulo 1: O Estudo da História da 
Psicologia, pp. 1-20. 
 
“Quando eu descobri todas as respostas da vida, mudaram-se as perguntas.” 
Sócrates. 
 
1. A Psicologia e sua história – nesta disciplina nossa ênfase será na história da 
Psicologia Moderna, ou seja, o período que se inicia no final do século XIX. O marco 
histórico da Psicologia Moderna, para a maioria dos historiadores, é definido pelo 
estabelecimento do Laboratório de Psicologia Experimental fundado por Wilhelm 
Wundt, em Leipzig, na Alemanha, em 1879. A Psicologia é uma disciplina que ao 
mesmo tempo é moderna e antiga (ao ponto de remontar ao século IV a.C., com 
questões de enfoque psicológico e versadas por filósofos gregos como Platão e 
Aristóteles, entre outros). Os temas tratados por esses filósofos abarcam, por exemplo, 
memória, atenção, percepção, aprendizagem, motivação, pensamento, etc. 
 A modernidade da Psicologia é definida pelo surgimento da Psicologia científica 
com Wundt, em 1879 e a antiguidade da Psicologia é caracterizada pela origem 
filosófica da psicologia, ou seja, século IV a.C. 
 Schultz e Schultz (2014) formulam uma pergunta relevante ao leitor, ou 
estudioso ou pesquisador da história da psicologia – “Como distinguir entre a psicologia 
moderna [abordada por eles nesta obra] e as suas raízes, ou seja, os séculos nos quais 
pertenceram aos seus precursores intelectuais?” (p. 4). Os autores respondem a essa 
pergunta com uma palavra chave: metodologia. A metodologia empregada pelos 
filósofos para estudar as questões relativas ao homem foi desenvolvida por meio da 
investigação intuitiva, da generalização com base nas próprias experiências de vida. Por 
outro lado, a psicologia moderna surge com um método próprio e independente do 
método filosófico. 
 A partir dos anos de 1960, um conjunto de empreendimentos foi importante para 
estabelecer a história da psicologia como objeto de estudo da ciência psicológica. O 
marco desse movimento é a publicação na revista American Psuychologist, por Robert 
Watson, de um artigo sobre a história da psicologia como uma área negligenciada pelos 
pesquisadores
1
. Dada a importância de Robert Watson para a história da psicologia, em 
1972, Josef Brožek e Richard Evans, como editores, publicaram uma coletânea de 
artigos do eminente historiador, sobre história da psicologia
2
. 
 Outros eventos importantes para a história da psicologia podem ser resumidos na 
seguinte cronologia que não se esgota aqui: 
 
 
1
 Watson, R. I. (1960). The history f psychology: A neglected area. American Psychologist, 15, 251-255. 
2
 Watson, R. I. (1972). The history f psychology: A neglected area. Em J. Brozek & Richard B. Evans 
(Eds.). Robert I. Watson´s Selected Papers on the History of Psychology. University f New 
Hampshire, Durham, NH,pp.24-33 
Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 2 
 1963 – Hillix, W & Marx, M. publicam um livro sobre história da psicologia 
para disciplinas do curso de pós-graduação: A systems and theories in 
psychology, publicado pela McGraw-Hill (traduzido para língua portuguesa em 
1973); 
 1965 - criação da Divisão 26 da American Psychological Association (APA), 
Divisão da História da Psicologia; 
 1965 – criação do periódico: Journal of the History of Behavioral Sciences 
(JHBS); 
 1965 – aberto, oficialmente, em outubro de 1965, os Arquivos da História da 
Psicologia Americana, na University of Akron, Ohio, sob a direção de John A. 
Popperstone e Marion White McPherson; 
 1966-1968-1970 – curso de verão sobre historia da psicologia: Summer Institute 
for the History of Psychology; 
 1968 – fundação de uma organização internacional voltada para a história da 
psicologia: Society for the History of Behavioral Sciences, denominada de 
CHEIRON – Sociedade Internacional para o Estudo da História das Ciências 
Comportamentais e Sociais; 
 1969 – Brožek e Mary Henle organizaram o 1º Congresso da Sociedade 
Internacional – Cheiron; 
 1980 – Brožek e Pongratz publicam, no Canadá, um importante livro sobre 
historiografia da psicologia
3
; 
 1982 – criada a seção européia da Cheiron; 
 1987 – realiza-se na Espanha um grupo de trabalho em história da psicologia: 
Grupo de Trabajo em Historia de la Psicologia; 
 1988 - 1ª visita de Josef Brožek ao Brasil, a convite do professor Antônio 
Gomes Pena, como Presidente Honorário do 1º Seminário Latino-americano de 
História da Psicologia, ocorrido no Rio de Janeiro; 
 1989 – cria-se a Sociedade Espanhola de História da Psicologia; 
 1989 – cria-se o grupo alemão de história da psicologia: Fachgruppe fuer 
Geschichte der Psychologie; 
 1996 – é criado, no Brasil, o Grupo de Trabalho em História da Psicologia da 
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (GT-História 
da Psicologia da ANPEPP), com o apoio e orientação do professor Brožek; 
 1996 – 2ª visita de Josef Brožek ao Brasil, recebido em São Paulo pela 
professora Maria do Carmo Guedes (PUC-SP) e em Ribeirão Preto-SP, pela 
professora Marina Massimi (USP-Ribeirão Preto), onde ministrou um curso 
sobre historiografia da psicologia, posteriormente, publicado na revista 
eletrônica: Memorandum; 
 1997 – 3ª visita de Brožek ao Brasil, em São Paulo, para participar do Congresso 
Internacional da Sociedade Interamericana de Psicologia; 
 1988 – Brožek e Massimi editaram a versão brasileira da historiografia da 
psicologia moderna, com a inclusão de vários capítulos sobre a historiografia da 
psicologia no Brasil (veja nota 6); 
 2013 - integrantes do Grupo de Trabalho de História da Psicologia da ANPEPP 
fundaram a Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP) em 18 de 
outubro de 2013. 
 
2. Por que estudar história da psicologia? – antes de responder à pergunta específica, 
vale a pena refletir sobre uma vantagem que o estudo da história nos proporciona, ou 
 
3
 Brožek, J. & Pongratz, L J. (1980). Historiography of Modern Psychology. Toronto: C. J. Hogrefe. 
Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 3 
seja, nos conduz a uma mudança de atitude, de modo a nos mantermos mais humildes. 
Estudar história, conforme Goodwin (2005, veja nota 5), “significa buscar respostas 
para uma das mais fundamentais e desconcertantes perguntas da vida: O que significa 
ser humano? (...) na medida em que a história envolve o comportamento humano em 
situações diversas, estudar a história significa estudar e tentar compreender o 
comportamento humano. Bastaria esse motivo para os psicólogos terem interesse [pela 
história da psicologia]” (grifo meu, Goodwin, 2005, p. 22). 
 Estudar história da psicologia é essencial por vários motivos. Em primeiro lugar, 
cabe aqui uma referência a um pensamento de Cícero: “quem conhece apenas a própria 
geração permanece sempre criança” (grifo meu). A humanidade e o pensamento 
humano têm evoluído ao longo dos séculos e, nas últimas décadas essa evolução tem 
sido acelerada. Uma segunda razão para estudar história dapsicologia pode ser o 
argumento de que é uma tradição, a exemplo de Aristóteles, na obra De Anima, a qual 
possui uma seção sobre as reflexões de outros filósofos sobre a temática em tese, a 
alma. 
 A terceira razão é a perspectiva de humildade oferecida pelo estudo da história 
da psicologia, por tomar conhecimento de pontos de vista diferentes e por conhecer 
pontos de vista semelhantes defendidos por outros, no passado. Uma quarta razão é que 
o estudo da história pode contribuir para elucidar determinados erros do passado. 
 Em quinto lugar, o estudo da história permite integrar as diferentes concepções 
psicológicas e auxilia na compreensão da diversidade da psicologia. Também permite 
compreender a relação da psicologia com outras disciplinas. 
 Em sexto lugar, o estudo da história da psicologia contribui para tornar o 
estudante um pensador mais crítico. 
 Em sétimo lugar, estudar história da psicologia “oferece perspectivas, diretrizes 
e, ainda mostra a origem das ideias. Finalmente, a história, como a arte, não precisa de 
defesa. A melhor razão para lidar com ela talvez seja a simples curiosidade, ou o desejo, 
deste pedaço de carne finito, de encontrar algum sentido em seu labor, de fato em sua 
existência, de transcender do seu aqui e agora, de descobrir seu lugar no vasto esquema 
das coisas” (Whertheimer, 19914, p.10). 
 Finalmente, “um curso de história da psicologia pode ser um curso de história, 
mas, é também de psicologia. Por isso, um dos seus objetivos é continuar a informar-
nos sobre o comportamento humano (...) se todo o comportamento humano é o reflexo 
de uma complexa interação do indivíduo com o meio em que vive, então, o estudo das 
vidas de figuras da história, sendo influenciado sobre ele, só aumentará a nossa 
compreensão das forças que afetam o comportamento humano” (Goodwin, 2005. p. 23 
veja nota 5). 
 
3. Historiografia, uma maneira mais simples de definir historiografia pode ser feita 
conforme a etimologia da palavra, que significa escrever a história, do grego 
historiographía (histori- e grafia), datação sXV - estoriographe, 1881 historiographia – 
arte e o trabalho do historiógrafo; estudo e descrição da história (Dicionário Eletrônico 
Houaiss da Língua Portuguesa 1.0, 2001, CD-Rom). 
 Historiografia: ”princípios, métodos e questões filosóficas envolvidas na 
pesquisa histórica.” (Schultz & Schultz, 2014, p. 5). 
 A produção de conhecimento em história e, especificamente, em história da 
psicologia, requer procedimentos metodológicos, fundamentos filosófico, conceitual e 
teórico. A historiografia da psicologia caracteriza-se pela produção do conhecimento 
 
4
 Wertheimer, M. (1991). Pequena História da Psicologia. (Lólio Lourenço de Oliveira, tradutor.). São 
Paulo: Editora Nacional. 
Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 4 
histórico da psicologia, “... refere-se também a questões teóricas [...] e aos métodos que 
os historiadores utilizam ao realizar a pesquisa histórica.” (Goodwin, 20055, p.33). Ao 
estudar a historiografia podemos ter a compreensão do comportamento profissional dos 
historiadores. 
 A historiografia também pode ser definida como profissão, arte ou objeto de 
estudo de um historiador (Dicionário Enciclopédico Brasileiro, 1955). A elaboração 
historiográfica implica em coletar, catalogar e descrever os acontecimentos para que o 
historiador possa interpretar essas informações e sistematizá-las. 
 A pesquisa histórica pode ser conduzida a partir da construção de evidências 
historiográficas que implicam em utilização de uma ou mais abordagens historiográficas 
ou uma combinação dessas abordagens. Brožek e Massimi (1988)6 apresentam cinco 
abordagens historiográficas: biográfica, descritiva e analítica, quantitativa, social e 
psicossocial. 
 Na historiografia, relatar os eventos passados implica em reconstruir os vestígios 
do que aconteceu. Ao escrever a história, ou seja, ao pesquisar em história (incluindo a 
história da psicologia), o historiador deve identificar vestígios, coletá-los, organizá-los, 
analisá-los e interpretá-los. Dentre as tarefas do historiador, a recuperação de 
documentos é fundamental. Para muitos historiadores, o documento constitui-se na 
matéria prima (dado básico da historiografia), mas não se constitui propriamente na 
“história” (Brožek e Massimi, 20017). Para tornar-se história a matéria prima em 
questão deve ser submetida à análise e à interpretação do historiador. 
 A história da psicologia tem que abordar a natureza histórica de seus problemas, 
tal como a história da ciência. Dentre os problemas enfrentados pelos historiadores, de 
modo geral, e também, pelos historiadores da psicologia, incluem-se: 
1) a questão dos fatos ou da causalidade histórica; 
2) o problema da sucessão temporal; 
3) a questão das fontes; 
4) o problema das tradições com que se defronta e 
5) a própria natureza da operação histórica. 
 A tarefa do historiador “é árdua porque nela o historiador se vê na contingência 
de enfrentar a cumplicidade entre o conhecimento histórico e a memória dos dominantes 
[que está] presente nas temáticas, nos currículos, na argumentação científica, inclusive 
no discurso da objetividade” (Vieira; Peixoto & Khoury, 20038.). 
 
4. Questões-chave na História da Psicologia – David Jayne Hill representa a 
transição entre a “velha psicologia” (psicologia filosófica) e a “nova psicologia” 
(psicologia científica e experimental). Foi o primeiro professor a receber o título de 
Professor de Psicologia, pois teve seu título acadêmico mudado de Professor de 
Metafísica e Filosofia Mental para Professor de Psicologia e Ética, em 1881 (2 anos 
após o estabelecimento do Laboratório de Wundt). 
 Para Furumoto, citado por Goodwin (2005, veja nota 5), a história velha enfatiza 
as contribuições dos filósofos e estudiosos dos temas psicológicos. A rigor não podemos 
 
5
 Goodwin, C. James. (2005). História da Psicologia Moderna. (Marta Rosas, trad.). São Paulo: Cultrix. 
6
 Brožek, J. & Massimi, M. (1988). Historiografia da Psicologia Moderna – A Versão Brasileira. São 
Paulo: Loyola. 
7
 Brožek, J. & Massimi, M. (Ed.) (2001). Curso de Introdução à Historiografia da Psicologia: 
Apontamentos para um Curso Breve. Memorandum, 1, 72-78. Retirado em 18/04/06, do World 
Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos01/brokek01.htm 
8
 Vieira, M. P. A.; Peixoto, M. R. C. & Khoury, Y. M. A. (2003). A Pesquisa em História. São Paulo: 
Editora Ática. 
Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 5 
usar os termos psicologia e história da psicologia no período anterior à psicologia 
científica, para esse período utilizamos o termo história das ideias psicológicas. 
 A palavra psicologia foi cunhada, no século XVI, por Philip Melanchthon 
(1497-1560, Filipe Melâncton), que a utilizou em palestras, por volta de 1550. Porém, 
coube a Rudolph Goclenius (1547-1628), filósofo alemão escolástico, da Philipps 
University of Marburg, a vulgarização do termo psicologia. Isso porque Goclenius 
publicou, pela primeira vez, como título de livro, Psychlogia, em 1590. Essa publicação 
leva alguns historiadores a creditar a Goclenius a criação do termo psicologia 
(Dicionário Eletrônico Houaiss
9
, Krstic, 1964
10
, Wikipédia, 2006
11
). 
Marko Marulic (1450-1524), humanista croata, escreveu em latim, croata e 
italiano e foi responsável pela latinização do termo psicologia. Marulic tem também o 
crédito do primeiro uso do termo psicologia, embora não tenha publicado tal uso. O 
manuscrito intitulado Psichiologiaé um registro historiográfico da primeira obra, não 
publicada, com título Psicologia (Brožek e Massimi, 200212). 
 O presentismo caracteriza-se por uma tendência de valorizar o presente 
para analisar um fato histórico e pode se tornar um vício historiográfico. Para George 
Stocking (1965, citado por Goodwin (2005, veja nota 5), a abordagem presentista 
interpreta os eventos históricos com base nos valores modernos. A perspectiva 
presentista não é recomendada quando utilizada como uma fonte de interpretação e 
análise exclusiva. Por outro lado, é difícil evitarmos a abordagem presentista, pois 
somos produto de nossa história individual. Devemos estar ciente dos problemas da 
visão estritamente presentista da história. 
 O historiscismo, aplicado como oposto ao presentismo que se caracteriza 
pela interpretação de eventos históricos a partir do prisma do conhecimento e dos 
valores vigentes no local e na época dos eventos, ou seja, no contexto em que ocorreu o 
fato histórico. Por circunscrever os fatos históricos no contexto geral das épocas em que 
transcorreu, essa abordagem também é conhecida por abordagem contextual da história. 
 A história interna é uma perspectiva de análise e interpretação dos 
eventos históricos que considera, essencialmente, os aspectos dentro da disciplina, ou 
seja, historiadores da psicologia têm como fonte apenas os trabalhos de psicólogos. A 
importância da história interna e, talvez, seu aspecto positivo, seja propiciar 
conhecimento detalhado e específico da evolução das teorias e pesquisas psicológicas. 
Comumente, a história interna é denominada de histórias das ideias. 
 A história externa inclui fatores externos (sociais, políticos, econômicos, 
institucionais, etc.) à disciplina em questão (psicologia), o processo de análise e a 
interpretação que afetam os eventos históricos. Não se recomenda fazer história 
exclusivamente interna e externa, sugere-se um equilíbrio entre as abordagens. Um 
exemplo de interação entre história interna e externa é visto na história da psicologia 
comparada, o estudo do comportamento animal com base na teoria evolucionista. 
 A história personalística desenvolve o conhecimento historiográfico a 
partir das contribuições dos personagens da história, de modo a enfatizar as pessoas e os 
seus papeis na geração dos fatos históricos. Essa abordagem também já foi conhecida 
 
9
 Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1.0, CD-ROM (2001). 
10
 Krstic, K. (1964). Marko Marulic – The author of the term “Psychology”. Retirado em 19/04/06, do 
World Wide Web: http://www.psychclassics.yorku.ca/krstic/marulic.htm 
11
 Wikipedia, the free encyclopedia. Rudolp Goclenius. Retirado em 19/04/0, do World Wilde Web: 
http://www.wikepedia.org/wiki/rudolpgoclinius 
12
 Brožek, J. & Massimi, M. (Ed.). (2002). Curso de Introdução à Historiografia da Psicologia: 
Apontamentos para um Curso Breve. Memorandum, 3, 112-131. Retirado em 18/04/06, do World 
Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos03/brokek04.htm 
 
Roteiro elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha para a disciplina História da Psicologia 6 
por Teoria do Grande Homem. O método preferencial dessa construção histórica é o 
biográfico (escrita de si). Como a ênfase da abordagem está no indivíduo, os períodos 
são associados a ele (psicologia freudiana, abordagem skinneriana, psicologia rogeriana, 
psicologia piagetiana, behaviorismo watsoniano, etc.). 
 A abordagem naturalística considera importantes as forças ambientais e 
situacionais no processo de formação do fato histórico. A visão naturalística teve como 
promotor Edwing Garrigues. Boring (1886-1968), um dos primeiros historiadores da 
Psicologia. Boring publicou em 1929, History of the Experimental Psychology, 
reeditado em 1950 e publicou em 1942, Sensation and Perception in the History of 
Experimental Psychology. O clima intelectual e cultural de uma época, enfatizado pela 
abordagem naturalística, foi denominado por Hegel de Zeitgeist. 
 
5. Forças contextuais na Psicologia – as forças externas ou o contexto no qual a 
psicologia evolui devem ser considerados na análise historiográfica. Schultz e Schultz 
apresentam alguns exemplos: oportunidades advindas da economia, guerras, preconceito 
e discriminação. 
 
6. Questões para estudo e discussão (Schultz e Schultz, 2014, p. 20): 
 
1) Por que os psicólogos alegam ser a psicologia uma das disciplinas 
acadêmicas mais antigas e ao mesmo tempo uma das mais modernas? 
Explique por que a psicologia moderna é um produto tanto do 
pensamento do século XIX como do século XX. 
2) Explique por que é mais provável que os alunos que fazem psicologia 
precisam estudar a história da psicóloga? O que é possível aprender com 
o estudo da história da psicologia? 
3) Como o processo do registro histórico de qualquer campo determina e 
acaba restringindo os trabalhos individuais que merecem destaque? 
4) Explique porque uma abordagem historicista da história é às vezes 
chamada de história contextualizada. 
5) Dê um exemplo de presentismo e explique quais os riscos do raciocínio 
presentista. 
6) Estabeleça distinções entre as histórias interna e externa. 
7) Descreva as diferenças entre as visões personalística e naturalista da 
história científica. Explique em qual dessas abordagens são 
fundamentados os casos de descoberta simultânea. 
8) O que é Zeitgeist? Como afeta a evolução da ciência? Compare o 
desenvolvimento da ciência com a evolução da espécie viva. 
9) Qual o significado da expressão “escola de pensamento”? 
10) A ciência da psicologia atingiu o estágio paradigmático de 
desenvolvimento? Por que sim ou não? 
11) Descreva o processo cíclico que envolve o surgimento, o 
desenvolvimento e a extinção das escolas de pensamento. 
12) Dê exemplos de forças contextuais no processo historiográfico da 
psicologia, com identificação do desenvolvimento de áreas ou campo de 
atuação em psicologia. 
 
Observação: Este roteiro foi elaborado pela professora Rachel Nunes da Cunha, para 
uso exclusivo da disciplina História da Psicologia, favor não o citar sem autorização e 
nem reproduzir da professora.

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