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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos PMR 3103 - INTRODUÇÃO AO PROJETO DE MÁQUINAS MÓDULO 3 “METODOLOGIA DE PROJETO” PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 2 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 1. Objetivos A finalidade deste módulo é mostrar e ilustrar com exemplos as principais etapas constituintes do Ciclo de Projeto de um Produto e sua evolução no tempo - "Espiral de projeto", bem como possibilitar ao aluno a aplicação desta metodologia na elaboração do Projeto Semestral da disciplina. Pela efetiva utilização destes conhecimentos, espera-se que o aluno aprenda e aplique a metodologia no decorrer do curso de graduação e na gestão e desenvolvimento de empreendimentos. Especificamente deseja-se que se atinjam os seguintes objetivos: � Conhecimento e entendimento da Metodologia de Projeto e de sua evolução contínua ao longo do tempo - "Espiral de Projeto"; � Aplicação prática destes conceitos na execução do Projeto Semestral: Estudo de Viabilidade, Projeto Básico, Desenho de Conjunto e Detalhes, Fabricação do Protótipo, Testes e Melhoria do Projeto; � Entendimento do fluxo de informações e documentos (dossiê) do projeto; � Constatação de que nos projetos há interação contínua entre pessoas, sendo que o problema que se apresenta torna-se complexo, envolvendo questões analíticas, emocionais, políticas, etc; � Noção de onde se inserem os tipos de desenhos nas diversas etapas de projeto; 2.Procedimento de Estudo 2.1 MATERIAL PARA DESENVOLVIMENTO EM SALA DE AULA (Durante a primeira aula de Laboratório relativa ao projeto): 1. Durante a primeira de aula de laboratório referente ao Projeto (terceira aula de laboratório), serão consolidadas as técnicas de desenvolvimento de um projeto, incluindo discussão sobre requisitos de projeto e síntese de soluções. Ao longo da aula poderão ser feitas reflexões sobre o projeto da disciplina a partir das sugestões de cada aluno e discussão com a turma. Desta forma, quanto melhor a reflexão individual, mais rica será a PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 3 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos especificação da turma. Obter-se-á diretrizes mais concretas e objetivas dependendo trabalho e do debate em classe. 2. Os agrupamentos destas características levantadas em classe subsidiarão a definição de grupos de parâmetros que servirão para nortear a escolha da melhor alternativa através de uma metodologia chamada "Matriz de Decisão”. 3. Na quinta aula de laboratório deverá ser construído o protótipo do produto, utilizando as instalações do Laboratório de Protótipos do PMR. 4. Conhecendo a melhor solução, deve-se elaborar o desenho de conjunto final desta solução para a sexta aula de Laboratório (terceira aula relativa ao projeto) (execute-a com linhas finas e claras, de modo a corrigir eventuais erros, acrescentar cortes e vistas, ou melhorar as representações conforme comentários do professor durante a última aula). 5. Este trabalho bem como o Projeto deverão ser executados por grupos de dois componentes. 2.2 MATERIAL PARA DESENVOLVIMENTO PELOS GRUPOS Cada grupo deverá preparar e entregar para o professor uma semana após a terceira aula de laboratório (primeira aula sobre o Projeto) o material detalhado a seguir. Uma cópia deste material deverá ser entregue ao respectivo professor, ficando o aluno com os documentos originais. 1. Para o projeto especificado, cada grupo deverá propor pelo menos 3 alternativas diferentes entre si, nomeando-as como Alternativa A, B e C 2. Cada solução deverá ser feita em folha própria para desenho, em formato A-4, com margens recortadas. Portanto, existirão no mínimo 3 folhas, que deverão ser grampeadas. 3. ldentificar cada folha com nome, NUSP, turma, professor e data. 4. Cada alternativa deverá ter seu esquema feito com régua em vista ortogonal e/ou vista seccional e/ou perspectiva, além de possíveis detalhes ampliados, quando necessário. Estes esquemas deverão definir claramente cada proposta. Não é necessária escala. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 4 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 5. Colocar ao lado de cada figura, na folha correspondente àquela solução, um pequeno texto explicativo do seu funcionamento, chamando as principais posições de componentes identificadas na figura. 6. Em uma folha separada, listar as características operacionais do produto/projeto. 7. Recomenda-se que estas listas sejam feitas após uma reflexão sobre o uso do produto e de suas características técnicas propriamente ditas. Desta maneira, ajudarão o aluno nas execuções das propostas. Quanto mais especificas estas propriedades, melhores serão as caracterizaçöes (ex.: Evite colocar expressões vagas como peso, rápido, etc. Especifique tal como: peso máximo de "'Kg; atingir velocidade mínima de ....m/s na posição x.). Basicamente, identifique os requisitos funcionais, operacionais e de fabricação/montagem' 9. Em outra folha separada, liste as principais formulações matemáticas que você julgar necessário. Não é para colocar a fórmula ainda e sim avaliar as futuras necessidades do projeto. (Ex.: cálculo de peso; determinação do conjugado de partida; verificação à estabilidade, etc.). 10. Apresentação da Matriz de Decisão e os pesos empregados para os diversos parâmetros empregados no julgamento. Apresentam texto explicativo justificando as notas utilizadas para construção da matriz. 11. Cada grupo deverá providenciar, uma cópia deste material, mantendo os originais para seu uso durante a aula e seqüência de execução dos projetos. As cópias deverão ser entregues ao professor uma semana após a terceira aula de laboratório. 12. Este trabalho bem como o Projeto deverão ser executados por grupos de dois componentes. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 5 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE PPRROOJJEETTOOSS 11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 1.1 ASPECTOS GERAIS O que é um Projeto? Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço singular. Exemplos de projetos incluem: desenvolvimento de um novo produto ou serviço, desenvolvimento de um novo sistema de informações, construção de um edifício ou fábrica novos, aumento de capacidade de uma fábrica, implementação de um novo processo comercial, introdução de um programa de qualidade de vida em uma organização ou de uma mudança organizacional, lançamento de uma estação espacial, de um respirador artificial com sistemas pneumáticos, eletrônicos e mecânicos, lançamento de uma nova versão de um software, etc. Em se tratando de um esforço temporário, um projeto possui início, meio e fim bem definidos. (Dinsmore 1993) Executar projetos dentro do prazo e orçamento previstos, atender à qualidade especificada e satisfazer às expectativas da organização responsável pelo projeto são os seus indicadores de sucesso, independentemente da sua natureza. A seguir estão listados alguns fatores- chave para o sucesso de um programa ou empreendimento: (Dinsmore 1992) � Concentração de esforços nas interfaces � Montagem da equipe de Projeto � Planejamento técnico e estratégico � Evite fontes de possíveis fracassos, utilizando ferramentasde análise � Foco na Gerência do Projeto: alcance dos objetivos de custo, prazo e qualidade do projeto; atendimento das necessidades do cliente; atuação ética e responsável para com a sociedade e a organização � Administração de conflitos � Preparação para o inesperado � Confiança na intuição PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 6 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos � Aprimoramento das habilidades comportamentais � Resolução dos problemas através de negociação e colaboração � Controle e avaliação dos resultados O que é Gerência de Projetos? É uma combinação de pessoas, técnicas e sistemas necessários à administração dos recursos indispensáveis ao objetivo de atingir o êxito final do projeto. Envolve basicamente o gerenciamento do escopo, do tempo, do custo, da qualidade, das comunicações, dos recursos humanos, dos contratos e fornecimentos e dos riscos (empresarial, comercial, tecnológico, mudanças sociológicas). Ciclo de Vida do Projeto Os projetos caracterizam-se por sua divisão em quatro fases ao longo de seu ciclo de vida ou existência: conceitual, planejamento, execução e término. (Dinsmore 1993) � Fase Conceitual: inclui identificação de necessidades, estabelecimento da viabilidade, busca de alternativas, preparação de propostas, desenvolvimento de orçamentos e cronogramas iniciais, nomeação da equipe de projeto. � Fase de planejamento: envolve programação de recursos humanos, materiais e financeiros, realização de estudos e análises, desenvolvimento de sistemas, construção e testes de protótipos (normalmente funcionais), análise de resultados e obtenção de aprovação para a fase de execução. � Fase de Execução: inclui o cumprimento das atividades programadas e a modificação dos planos, conforme necessário. Esta fase também inclui a monitoração e o controle das atividades programadas. � Fase Final inclui o encerramento das atividades do projeto, comissionamento, treinamento do pessoal operacional e realocação dos membros da equipe do projeto. Características Multi-dimensionais do Projeto A primeira dimensão (Elementos do Projeto) define o que deve ser feito. São itens de trabalho mensuráveis. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 7 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos À segunda dimensão consiste em fatores que especificam os níveis de desempenho do projeto: custo (orçamento), cronograma (prazo) e qualidade (desempenho funcional). A terceira dimensão caracteriza as ferramentas para a coordenação do trabalho dentro dos limites do projeto. Incluem planejamento, controle e avaliação. 1.2. PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO O planejamento de um projeto representa o ponto de partida do mesmo, sendo um processo dinâmico, no qual ocorrem atualizações e revisões constantes. O planejamento eficaz obedece a uma hierarquia que abrange 3 níveis: Plano Diretor, Plano Global do Projeto e Planos Detalhados. O Plano Diretor aborda questões que nortearão o projeto, do tipo: � Filosofias e políticas gerenciais � Objetivos e Metas Principais � Autoridade do Gerente do Projeto � lnterfaces do Gerente do Projeto � Datas-marco do Projeto � Peculiaridades contratuais � Estrutura Organizacional do Projeto � Sistemas para planejamento, programação e controle do projeto � Expectativas do cliente ou usuário � Plano Global do Projeto engloba os vários planos necessários para a implementação do projeto. Basicamente aborda: � Resumo do escopo do Projeto o Listagem de documentos técnicos a serem emitidos � Plano detalhado de contratações � Descrição de trabalho e metodologia � Cronograma mestre � Lista de procedimentos e normas PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 8 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos � Sistema de ornamentação e controle de custos � Estrutura Analítica e grade de responsabilidades e interdependências � Previsão de materiais e equipamentos � Plano gerencial detalhado � Plano de comunicações Os planos Detalhados dependerão de cada tipo de projeto e não vale à pena enumerar possíveis tópicos. 22.. EESSTTRRUUTTUURRAA DDEE UUMM PPRROOJJEETTOO DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA No tópico anterior, foram apresentados alguns aspectos gerais dos projetos. Neste tópico, espera-se detalhar as diversas etapas constituintes do ciclo de vida de um projeto de Engenharia, focalizando-se no desenvolvimento de produtos e sistemas eletro- mecânicos. lndependente das características individuais de cada Projeto, as várias etapas necessárias, em ordem cronológica seguem uma metodologia geral comum. Esta metodologia permite a transformação das necessidades em meios para satisfazê-las e indica, finalmente, como utilizar matérias-primas e recursos naturais para fabricar produtos e objetos de utilidade. A primeira diretriz dedicada à descrição de um método para o desenvolvimento de um novo produto foi proposta por Fritz Kesselring em 1954, a qual é descrita no livro Guideline for Inventions (Wegleitung zur Erfindung) tomando por base a sua experiência profissional. Posteriormente, Hansen publica em 1965 o livro Konstruktionssystematik com diretrizes para projeto de um produto as quais são baseadas em uma visão sistêmica do processo de projeto, o qual deve ocorrer de forma progressiva através do refinamento de soluções para um dado produto Pahl e Beitz, entre 1972 e 1974, publicaram vários artigos sobre metodologia de projeto de produtos. A partir dos estudos publicados pelos diversos autores acima citados a VDI (associação de engenheiros alemães - Verein Deutscher Ingenieure) publicou em 1973 o guia VDI2222 Design Engineering Methodics Conceptioning of Industrial Products (Konzipieren PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 9 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Technischer Produkte). Este documento foi desenvolvido com a intenção de ser um guia para o desenvolvimento de produtos. Atualmente a recomendação VDI 2222 foi substituída pela VDI 2221 Systematic Approach to the Development and Design of Technical Systems and Products (Methodik zum Entwickeln und konstruieren Technischer Systeme und Produtke). Baseando-se nos conceitos da VDI2222, em 1977 (edição traduzida para o inglês em 1984), Pahl e Beitz publicaram o livro Engineering Design: a systematic approach no qual apresentam uma metodologia de projeto que classifica o processo de projeto em quatro etapas utilizadas na VDI2222: classificação das necessidades, projeto conceitual, projeto preliminar e projeto de talhado. Cada uma das etapas é constituída por uma lista de atividades e objetivos que deverão ser atingidos, quando o processo é então finalizado com a documentação do projeto, como indicado na Figura 1. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 10 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Figura 1 – Metodologia de Projeto de Pahl e Beitz Um projeto se desenvolve em etapas subsequentes e evolutivas, obtendo-se um maior grau de conhecimento e amadurecimento conforme sua evolução ao longo do tempo. Muitas considerações pertinentes a etapas posteriores são, eventualmente, utilizadas em etapas anteriores. Uma boa visualização desta evolução do conhecimento num projeto pode ser feita a partir das figuras 2 e 3. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas11 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Fiqura 2: Curva "S" de conhecimento do Projeto Fígura 3 - Espiral de Projeto - Evolução temporal do projeto (amadurecimento das etapas conforme progressão no tempo e repetição das mesmas (mesmo que informalmente). Pode- se considerar as diversas etapas como segmentos da hélice. 2.1. ESTUDO DE VIABILIDADE O Estudo de Viabilidade é a etapa inicial de qualquer projeto, na qual se chega a um conjunto de soluções viáveis para um dado problema ou se conclui sobre a inviabilidade do projeto. Obviamente, a inviabilidade pode ser concluída em qualquer etapa de desenvolvimento do projeto. Entretanto, quanto mais tarde se chegar a esta conclusão, maiores despesas e energia foram dispendidas. Não é raro se observar a implementação de projetos inviáveis tecnicamente, por razões outras: pessoais, para desenvolvimento de carreiras, políticas, manutenção da equipe de projeto, estratégia de marketing, entre outras. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 12 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.1.1 O Estabelecimento da Necessidade O ponto de partida de um projeto é uma necessidade hipotética do meio sócio-econômico. Esta necessidade pode se basear numa simples observação (tecnológica ou não) de uma pessoa/grupo ou pode ser o resultado de uma completa pesquisa de mercado. Durante esta pesquisa não se deve "inventar” soluções prematuras sem primeiro se conhecer adequadamente o que é solicitado por este mercado. Além disto, a necessidade pode ser real ou aparente e pode ser grandemente modificada pela propaganda. Entretanto, nesta etapa deve se determinar com precisão suficiente quem será o usuário, como poderá ser o uso do produto por este usuário, quais os requisitos exigidos por este usuário potencial e se o usuário do produto do projeto (ex.: consumidor, empresa que deseja construir uma fábrica nova) está disposto a pagar para satisfazer esta necessidade, justificando-se assim a aplicação de fundos para se iniciar o estudo do projeto. Combinando-se conhecimentos gerais sobre a população e o meio sócio-econômico com resultados de pesquisas de mercado, deve-se tomar a importantíssima decisão sobre a validade da existência econômica da necessidade. Decidindo-se continuar o projeto, os resultados desta etapa devem ser resumidos em um conjunto de exigências que o produto deve cumprir para satisfazer a necessidade. 2.1.2 Formulação do Projeto - ldentificação de Parâmetros -Especificação Técnica O problema de Engenharia do Projeto deve estar totalmente identificado e formulado antes de se iniciar o estudo das soluções. Para isto, deve-se primeiramente identificar os parâmetros cruciais do projeto em termos do: � Uso que se fará do Produto � Usuário do produto � Produto em si Combinando conhecimentos técnicos e as exigências do projeto procura-se formular o problema em termos técnicos, sem se pensar na solução fisicamente na solução final. Só depois que o problema esteja formulado com precisão suficiente é que se passa a pensar nas soluções. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 13 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos A Especificação Técnica do Produto consiste em um conjunto de requisitos e Critérios de Projeto: � Funcionais � Operacionais � Construtivos 2.1.3 Síntese de Possíveis Soluções As possíveis soluções são propostas após a formulação adequada do problema, cujos parâmetros principais já são conhecidos. Não há um procedimento que é matematicamente “o correto”. Há vários métodos que são empregados consciente ou inconscientemente pelos projetistas. Requer-se criatividade além da capacidade analítica. A criatividade consiste no talento de descobrir combinações de princípios, tecnologias, sistemas e componentes especialmente convenientes para a solução do problema em questão. Este talento todos possuem em maior ou menor escala. Entretanto, ele pode ser desenvolvido através da prática. É o que se pretende com o Projeto Semestral. Há técnicas que ajudarão um grupo projetista a ser mais criativo tais como. brain-storming, sinergia, inversão, fantasia, análise de parâmetros, etc. Obviamente, quanto maior a variedade de experiências, truques, concepções e pontos de vistas, melhor será a síntese criativa. Assim, um produto dificilmente será desenvolvido por apenas um projetista, mas por um grupo de pessoas de variadas experiências e especializações. Por esta razão, é fundamental a comunicação, coordenação e maturidade emocional dos envolvidos. O Método da Análise de Parâmetros a ser utilizado neste estudo pode ser visto esquematicamente na Figura 4. Ele foi desenvolvido no M.l.T. e está exaustivamente descrito no livro de Li, Y.T. ,Jansson,D.G. e Cravalho,E.G. "Technological lnnovation in education and lndustry'' - Van der Nostrand Reinhold, N.Y', 1980' PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 14 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Figura 4: O processo de Inovação - Método da Análise de Parâmetros. 2.1.4 Exequibilidade Física Da fase anterior resultam possíveis soluções expressas superficialmente. Esta fase consiste em se determinar se a concepção de uma solução pode ser prática e fisicamente construída. Caso a solução seja aceita, deve-se analisar a possibilidade de construção de cada componente. 2.1.5 Valor Econômico Todo projeto deve ter um valor que compense economicamente tanto o empreendedor como o consumidor. No caso de um fabricante que compra e paga as matérias-primas, o capital, a energia e vende o produto, a diferença entre a entrada e a saída no valor do produto é a sua compensação. Já para o consumidor, a compensação não pode ser estabelecida numericamente, já que o valor de utilização dificilmente pode ser objetivamente medido. Pode-se estimar que o consumidor se sentiu compensado se ele estiver disposto a comprar novamente o mesmo produto. De qualquer forma, os projetistas devem avaliar da melhor maneira possível o valor econômico para o cliente, colocando-se eventualmente no lugar do mesmo e baseando-se também nas pesquisas de mercado realizadas. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 15 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Os métodos de análise de valor podem ser tanto aplicados ao aperfeiçoamento de um produto como para um produto novo e têm como objetivo a otimização do valor do produto (desempenho ótimo com custo mínimo) sem diminuição de sua qualidade. São estudos de relação entre o custo de um item e a sua função. O máximo valor de um item pode ser conseguido quando sua função é desempenhada com um custo mínimo- As funções podem ser divididas em primárias e secundárias. Basicamente, para qualquer parcela do custo do produto, dois tipos de valores básicos existem: valor de utilidade e o valor de estima ou prestígio. Obtém-se máximo valor de utilidade quando se consegue o custo mínimo no desempenho de determinada função. Já o máximo valor de estima é obtido quando se consegue com o menor custo possível prover as características de aparência e conveniência que o consumidor possa desejar. 2.1.6 Viabilidade Financeira Um produto deve gerar as receitas que cubram, com lucro, as despesas de projeto, fabricação e distribuição. Um dado projeto pode satisfazer todas as características anteriores, mas não dispor dos recursos financeiros. Assim, por decisão superior, elepode ser preterido por outros que exijam menores recursos financeiros. O grupo projetista é encarregado de fornecer os subsídios técnicos para a tomada de decisão. 2.1.7 Conclusão O Estudo de Viabilidade é a etapa mais importante de um projeto. Nele se estabelece a formulação do problema e se ele possui soluções adequadas' Qualquer uma de suas fases componentes pode ser repetida até que da interação entre elas surja uma combinação ideal. Pode-se dividir o Estudo de Viabilidade em: � Formulação do Problema (necessidade, especificações, limitações e critérios) � Síntese de Possíveis Soluções PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 16 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos � Avaliação das Soluções (execução física, análise de valor, análise financeira) � Proposta de conjunto de Soluções Viáveis 2.2. PROJETO BÁSICO Também é chamado de preliminar ou anteprojeto e tem como objetivo definir a concepção global do projeto e dos subsistemas que servirão de base ao projeto executivo. 2.2.1. Escolha da Melhor Solução Nesta fase, o desafio é escolher a solução que tem aparentemente as melhores possibilidades de sucesso. Esta escolha deve ser feita tendo-se em vista as limitações de tempo e recursos. Deve-se comparar as diversas soluções viáveis da etapa anterior, determinando-se as vantagens e desvantagens de cada uma, escolhendo-se a melhor. Entretanto, esta análise não é nada fácil, pois trata-se de uma análise subjetiva e qualitativa com a avaliação das qualidades listadas em termos absolutos e em relação às outras soluções; julgamento das qualidades levando-se em conta as influências do meio sócio-econômico, etc. Uma excelente técnica para auxiliar a equipe projetista nesta escolha é a da "Matriz de Decisão". Nela consegue-se, de uma forma metódica, quantificar grandezas abstratas, balizando-se as análises de importância relativa com bom senso, sendo uma boa ferramenta para decisão da melhor solução. Ela força a equipe projetista a estudar mais profundamente cada uma das alternativas em relação aos critérios de projeto estabelecidos, sem, porém, exigir altos investimentos de tempo e recursos. Os requisitos (características/quesitos) funcionais, operacionais e construtivos são listados e/ou agrupados por afinidade nas linhas desta matriz. Cada solução viável ocupa uma coluna da matriz. Atribuindo-se pesos às características, define-se a sua importância relativa. Atribuindo-se notas para o atendimento de um dado quesito por cada solução, faz-se a avaliação relativa entre elas. A soma destas notas multiplicadas pelos respectivos pesos dos PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 17 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos requisitos dividida pela soma dos pesos resulta em médias ponderadas que permitem a classificação e seleção da melhor solução. A figura 5 ilustra uma matriz de decisão. Deve-se observar que como a precisão das notas é pequena, a decisão só deve ser tomada se as diferenças forem significativas entre os projetos. Se as diferenças forem pequenas, deve- se considerar novos parâmetros ou reconsiderar as notas atribuídas, a fim de se obter o desempate. Como se vê, a "Matriz de Decisäo" é fácil de implementar e pode ser incrementada incluindo análises quantitativas e experimentais quando justificadas. Porém, não é o único método para a tomada de decisões. Há o "Método Analítico por Hierarquia" (AHP), desenvolvido por T.L.Saaty, além de métodos de otimização matemática. Figura 5 – Matriz de Decisão 2.2.2 Construção de Modelos Matemáticos Para se transformar a solução escolhida em um produto concreto é necessário descrevê-la por escrito e por meio de modelos físicos e matemáticos. A representação matemática é muito útil, já que com ela pode-se analisar mais cuidadosamente o projeto, prevendo-se quantitativamente o seu comportamento. Um projeto complexo irá exigir diversas expressões matemáticas para ser descrito. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 18 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.2.3 Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade tem como objetivos � Conhecer o comportamento do sistema; � ldentificar os parâmetros de projeto mais importantes (críticos); � Verificar e indicar as limitações impostas; � Ter uma idéia quantitativa do desempenho do projeto Pelos modelos matemáticos estabelecidos anteriormente, consegue-se relacionar as variáveis de entrada com as de saída por meio dos parâmetros (ou variáveis) de projeto. Na análise de sensibilidade pretende-se variar os parâmetros de projeto e verificar o impacto no seu funcionamento. Para se estudar o comportamento do sistema em função de seus parâmetros escolhe-se as variáveis independentes (entrada) e através das equações determinam-se os valores das variáveis de saída. Esta relação entre entrada e saída, dependente dos parâmetros de projeto, chama-se de desempenho do sistema. É evidente que se pode complementar a simulação matemática com ensaios e testes dos protótipos do produto ou de seus subsistemas componentes. Obviamente a simulação matemática, principalmente nas etapas iniciais de projeto, mostra-se mais conveniente, em termos de economia de tempo e recursos. No seu final espera-se aumentar ou perder a confiança na solução em estudo. 2.2.4 Análise de Compatibilidade Para que o sistema projetado possua um funcionamento adequado e harmônico, deve-se analisar a compatibilidade da interação entre seus diversos subsistemas e componentes, principalmente quando as variáveis de saída de um sub-sistema sejam as de entrada em outro. Os parâmetros de projeto menos críticos serão aqueles que poderão ser ajustados de modo conveniente sem afetar demasiadamente o desempenho do sistema e assegurando a compatibilidade entre os conjuntos. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 19 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.2.5 Análise de Estabilidade A análise de estabilidade tem como objetivos � Certificar que o sistema, subsistemas e componentes não são inerentemente instáveis; � Determinar e evitar as faixas de instabilidade dentro do campo de variação dos parâmetros de Projeto; � Avaliar os riscos e as consequências das perturbações que têm intensidade suficiente para causar disfunções no sistema; � Dar subsídios na escolha da solução do projeto; O funcionamento de um dado sistema é afetado pelas perturbações nas suas variáveis de entrada e pelas condições do meio externo. Desta forma, o sistema a ser projetado deverá responder adequadamente a estas variações acidentais, de modo a retornar ao seu equilíbrio original. Deve-se, contudo estabelecer limites aceitáveis para estas perturbações. Muitas vezes, elaboram-se estudos estatísticos e de confiabilidade para análise dos riscos envolvidos (ex.: intensidade de terremotos que ocorrem estatisticamente em 10 anos, 100 anos; nível de precipitação pluviométrica; variações de concentrações, densidade, pressão, temperatura em algum processo químico contínuo; etc.). A equipe de projeto também deve analisar se o problema físico da instabilidade ocorre somente em um subconjunto ou componente, ou pode ser resultado da interação entre os vários sub-sistemas. 2.2.6 Otimização Formal Até agora, os principais parâmetros de projeto ainda não estão fixados. Uma forma possível de fixação é simplesmente escolher uma combinação de valores que se julga conveniente dentrodas faixas estabelecidas nas análises de compatibilidade e estabilidade. Pode-se esperar que, entre as diversas combinações possíveis de valores, haja uma melhor que todas as demais a combinação ótima de parâmetros de projeto. A otimização pode ser feita por modificações sucessivas no projeto, experimental ou matematicamente. Para efetuar uma otimização formal é necessário se estabelecer com precisão sob que critério será julgada uma solução. Deve-se definir quais atributos serão PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 20 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos considerados, como serão medidos e sua importância relativa. O critério de otimizaçäo é o conjunto destes quesitos. Caso a otimização seja matemática, estes quesitos deverão ser equacionados, dando-se origem à Função de Critério. Na função de critério estão incluídas as variáveis de entrada, saída e de projeto. Conhecendo-se os valores destas variáveis, pode-se determinar o valor da função critério, obtendo-se uma medida da qualidade do projeto para este conjunto de valores fixados. Esta função pode ser maximizada ou minimizada, dependendo de qual seja o ótimo. Normalmente os parâmetros de projeto são limitados por vínculos funcionais (expressam relações funcionais entre as variáveis e parâmetros que devem ser obedecidas, sendo representadas por igualdades) e vínculos regionais (expressam os limites, permissíveis para os parâmetros, definindo regiões para garantia da exequibilidade física e compatibilidade entre subsistemas, sendo representados por desigualdades). O problema geral da otimização constitui-se em: Definir os vínculos funcionais; Estabelecer os vínculos regionais; Definir a função critério e maximizá-la ou minimizá-la, conforme o ótimo desejado. 2.2.7 Previsões Para o Futuro A preocupação com o futuro deve ser constante durante as etapas de um projeto. Neste exercício de simulação do futuro, deve-se considerar tendências políticas, culturais. sócio- econômicas - comportamento demográfico da população, renda per capita, mudanças de hábitos de consumo; obsolescência técnica - avanço tecnológico. Convêm prever no projeto, desde já, melhorias que possam ser introduzidas e sejam mais adequadas no futuro, intensificando pesquisas nos campos em que novas descobertas pareçam mais prováveis. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 21 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.2.8 Previsão do Tempo de Funcionamento Nesta fase pretende-se estimar o tempo de funcionamento do sistema projetado durante o qual ele será capaz de cumprir as funções desejadas dentro de uma série de condições específicas. A vida útil do sistema será o período de tempo durante o qual a sua utilidade seja maior do que qualquer outro sistema que pudesse o substituir. Entende-se utilidade como a diferença entre o valor de utilização e os custos de aquisição, manutenção e operação. O período real de utilização poderá ser definido pelo desgaste, obsolescência econômica (custos de manutenção maiores que o valor de utilização) ou técnica. O ideal é que ocorra o equilíbrio cuidadoso entre o desgaste e as obsolescências econômica e técnica. 2.2.9 Ensaios e Testes dos Protótipos A avaliação final de um produto é a sua utilização. Assim, num projeto é necessário se obter informações sobre o desempenho do produto antes do seu lançamento, de modo a poder modificá-lo a tempo. O ideal é testar o produto com o próprio usuário. Muitas vezes, estes testes são realizados em laboratórios e campos de provas, nos quais se pode simular condições mais severas, reduzindo-se o tempo do ensaio. Utilizam-se também modelos em escala reduzida ou apenas subsistemas mais representativos, de modo a reduzir os custos de experimentação. Os ensaios e testes, além de verificar o funcionamento adequado do projeto, permitem estudar problemas do sistema, subsistemas ou componentes que não poderiam ser analisados convenientemente de maneira analítica ou numérica. Permitem a verificação de hipóteses e análises feitas, gerando novas informações e aperfeiçoamentos e evidenciando problemas não previstos. Pelos custos envolvidos, devem ser muito bem planejados e otimizados. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 22 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.2.10 Simplificação do Projeto Um projeto de qualidade deve atender as finalidades de uso dos usuários e possuir estética e simplìcidade. Durante a evolução do projeto, muitas vezes os requisitos secundários tornam-se complicadores desnecessários. Nesta etapa, os projetistas devem analisar cuidadosamente as especificações de projeto a fim de elaborarem um estudo de simplificação da solução escolhida. Pretende-se aqui saber se a solução proposta é a maneira mais simples de se obter os resultados desejados antes de submetê-la ao detalhamento. 2.2.11 Conclusão O projeto Básico inicia-se com uma análise comparativa estruturada das diversas soluções viáveis em relação ao conjunto de requisitos especificados. Desta análise resulta a melhor solução. Em seguida, estabelecem-se os modelos matemáticos representativos da solução escolhida e analisa-se sua sensibilidade e seu comportamento quanto à compatibilidade e estabilidade. Definida a função critério, faz-se uma otimização formal do conjunto de parâmetros do projeto. Posteriormente tenta-se prever como as qualidades do projeto se apresentarão no futuro e qual será o seu desempenho sob as várias condições em que poderá operar. Ensaia-se então à solução escolhida, utilizando-se os resultados dos testes para a melhoria do projeto. Por último, consideram-se todas as possibilidades de simplificação possíveis Antes de submeter o projeto à etapa de detalhamento. Toda esta sequência possibilitará economia de recursos nas etapas posteriores. Qualquer uma destas fases componentes pode ser repetida até que da interação entre elas surja uma proposta mais evoluída e madura que a solução originalmente escolhida na Matriz de Decisão. Pode-se dividir o Projeto Básico em: � Escolha da Melhor Solução � Modelagem Matemática � Análises: sensibilidade, compatibilidade, estabilidade e otimizaçåo PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 23 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos � Previsão de comportamento futuro e estimativa de vida útil � Simplificação do Projeto 2.3. PROJETO EXECUTIVO Também é chamado de detalhamento e tem como objetivo detalhar todos os subsistemas e componentes, possibilitando a execução de protótipos, testes e a completa realização física do produto. Após os testes, revisam-se as especificações e desenhos, permitindo que o produto passe para a escala de produção e posterior venda. 2.3.1. Planejamento do Projeto Executivo Baseando-se no plano Global do Projeto e, estando o Projeto Básico concluído, deve-se elaborar o planejamento do Projeto Executivo. Como tomou-se a decisão de continuar o projeto, este planejamento precisa ser bem mais detalhado, visto que esta etapa envolve um volume bem maior de recursos' O processo de planejamento deverá ser dinâmico, adaptando-se a novas situações, visando sempre atingir as metas de implementação de um projeto de qualidade, dentro do orçamento e prazos previstos. Para que o projeto executivo seja planejado e controlado, deve ser dividido em tarefas que precisam ter dimensões suficientes para poder ser realizadas pelas pessoas a que sãoatribuídas. A Estrutura Analítica do Projeto é uma forma hierárquica para divisão dos projetos em atividades mensuráveis e controláveis. Seu formato é semelhante ao dos organogramas de empresas. Ela é dividida em fases até que a dimensão da atividade corresponda ao tamanho de tarefas controláveis, chamadas de "pacotes de trabalho”. O número de níveis da estrutura analítica depende do tamanho do projeto, da sua complexidade e da filosofia operacional. Como exemplo de sub-divisão pode-se tomar um projeto de uma instalação industrial: Nível 1 - Projeto Global- Fábrica Nova PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 24 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Nível 2 - Especialidades Técnicas (Civil, Equipamentos, Tubulações, Elétrica, Automação, Montagem, Testes, Partida) Nível 3 - Sistemas e Sub-Sistemas (terraplenagem, fundações, estruturas de concreto, estruturas metálicas, pintura, isolamento térmico; bombas, ventiladores, compressores, vasos de pressão, etc; tubos, válvulas, suportes, acessórios, etc...) Nível 4 - Pacotes de Trabalho (Estudo de Processo, Estudo de lmplantação, Folhas de Dados, Memoriais de Cálculo, Consulta a fornecedores, Planos de lnspeção, Desenhos, etc...) Uma vez organizado o trabalho sob a estrutura analítica, as atividades devem ser programadas de modo que sejam distribuídas ao longo da etapa do Projeto Executivo. Há inúmeros meios de se programar projetos e as técnicas podem ser aplicadas separadamente ou usadas simultaneamente: � Gráficos de Gantt (cronogramas de barras) � Tabelas de Datas-Marco � Redes de lnterdependência: PERT, CPM, PDM para o acompanhamento do empreendimento ou projeto, pode-se utilizar a "Curva S”. É uma forma gráfica de acompanhar a implantaçåo, sintetizando dados diversos em sua representação única. O progresso real ou grau de conclusão do projeto é ilustrado e quantificado em termos percentuais. Sua construção dependerá da Estrutura Analítica do Projeto. Pela experiência sabe-se que o desenvolvimento de um projeto não se dá de forma linear, mas sim de acordo com uma curva de Gauss. Ou seja, a curva começa de forma deitada, em função da inércia inicial do projeto. Sua inclinação para cima significa que a produtividade está aumentando. No final do projeto, a curva tende a se deitar novamente, significando uma queda inerente à produtividade final. Para executar o projeto dos conjuntos, que é a fase inicial, cada setor ou grupo projetista recebe uma cópia (ou consulta via rede computacional) dos relatórios finais e traçados do Projeto Básico. Estes documentos serão alterados conforme a evolução do Projeto Executivo. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 25 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 2.3.2. Projeto dos Conjuntos No projeto básico estudou-se os conjuntos de maneira superficial, verificando-se principalmente seus efeitos sobre o projeto global e as diversas compatibilidades e interfaces. Em termos de desenhos foram executados os desenhos de conjunto preliminares, também chamados de desenhos de estudo. Cada conjunto ou sistema será estudado como um projeto independente. O trabalho torna- se agora mais complexo, pois deve-se obter os dados e definições preliminares dos componentes, verificações precisas de interfaces e compatibilidades, montagens, coerência com o projeto global e cumprimento da programação estabelecida. Alternativas de cada conjunto deverão ser propostas e analisadas, selecionando-se a melhor delas sob o ponto de vista técnico do conjunto e do projeto global. Como se vê, ocorrerão diversas interfaces e a comunicação, negociação, flexibilidade e maturidade dos envolvidos são fundamentais para o sucesso desta etapa. Atentar que o número de pessoas envolvidas é bem maior nesta etapa! Para cada conjunto ou sistema, deve-se emitir uma série de informações formalizadas que constituirão referências para o projeto dos componentes- Em seguida têm-se as etapas de: Projeto dos Componentes: seleção de componentes disponíveis comercialmente no mercado, tais como mancais de rolamento, parafusos, motores, entre outros, e definição dos componentes a serem dimensionados especificamente para atender as necessidades do projeto, tais como eixos, engrenagens, molas entre outros. Projeto Detalhado das Peças: elaboração do desenho de fabricação de todos os componentes do conjunto, incluindo cotas, tolerâncias dimensionais e geométricas e rugosidade superficial. Para o projeto da disciplina, estes desenhos devem ser elaborados para subsidiar a construção do protótipo, que ocorrerá durante a oitava e a nona aula de Laboratório. Preparação dos Desenhos de Montagem: para o caso de produtos muito complexos devem ser desenvolvidos este tipo de desenho que indica procedimentos intermediários de montagem de subconjuntos. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 26 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos Construção Experimental de Protótipos: envolve a construção de protótipos que atendem aos documentos do projeto. No caso específico do projeto da disciplina esta atividade será desenvolvida ao longo da oitava e nona aula de laboratório. Programa de Ensaios e Testes: os protótipos devem ser testados a fim de verificar se atingem os requisitos de projeto. Deve-se verificar os pontos a serem melhorados. No projeto semestral esta atividade envolverá os testes ao longo do semestre e a própria competição de projeto. Ao longo da competição ficarão evidentes as melhores soluções para o projeto. Análise e Certificação: para alguns projetos é necessário a homologação do mesmo por autoridades governamentais. Aperfeiçoamento e Re-Projeto: esta atividade envolve a melhoria do projeto considerando os resultados dos testes de protótipos e os requisitos do projeto. Devem ser refeitos cálculos e desenhos a fim de obter uma melhoria no produto. No projeto semestral esta atividade será desenvolvida ao longo da décima e décima primeira aula, onde ocorrerá uma discussão em sala sobre o resultado da competição, analisando as características dos projetos vencedores. Os grupos deverão re-analisar as soluções adotadas e modificar o projeto, justificando o motivo das alterações. Deverá ser desenvolvido o memorial do projeto, com a descrição de todas as atividades relacionadas ao desenvolvimento do mesmo. PMR 3103 – Introdução ao Projeto de Máquinas 27 Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos 3. BIBLIOGRAFIA � Dinsmore, Paul C. Gerência de Programas e Projetos. São Paulo, PlNl Editora,1992. � Dinsmore, Paul C. The AMA Handbook of Project Management. New York, AMACON, 1993. � Jansch, J.; Birkhofer, H. The Development of the Guideline VDI 2221 – the change of direction. International Design Conference, Dubrovnik, Croatia, 2006. � Krick, Edward V. lntroduçäo à Engenharia. 2 ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1978. � Li, Y.T. ,Jansson, D.G. e Cravalho, E.G. Technological lnnovation in Education and lndustry. NewYork,Van der Nostrand Reinhold, 1980. � Madureira, Omar M. Metodologia de Projeto. Apostila EPUSP. São Paulo,1982. � Rebello, J.R.R. PMR2201 Introdução ao Projeto de Sistemas Mecânicos: apostila de metodologia de projeto. São Paulo, 2003. � Ullman, David G. The Mechanical Design Process. NewYork, McGraw-Hill,1992.
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