Buscar

Colecistite Aguda Calculosa

Prévia do material em texto

COLECISTITE
Colescistite Aguda Calculosa
	Processo inflamatório da vesícula que resulta da obstrução do ducto cístico por um cálculo e, em raros casos, é causada por infecção bacteriana. 
	A inflamação da parede resulta de: inflamação mecânica (aumento da pressão intraluminal e pela distensão com resultante isquemia da mucosa e da parede da vesícula), inflamação química (liberação de lisolecitina), inflamação bacteriana (50-85%), pp por E. coli, Klebsiella, Streptococcus, Staphylococcus e Clostridium. 
Epidemiologia:
25% dos pacientes com colelitíase desenvolverá colecistite aguda, geralmente após repetidos surtos de cólica biliar. 
As mulheres são mais acometidas (3:1) até os 50 anos. Depois dessa faixa etária, a proporção diminui, quase se igualando os casos entre homens e mulheres. 
Diagnóstico: 
Manifestações clínicas
Dor abdominal em HCD ou epigastro, que aumenta gradativamente e pode irradiar para o dorso (região escapular – interescapular, escápula e ombro direitos). Geralmente desencadeada por ingesta alimentar rica em gordura. A dor cessa quando o cálculo retorna para a luz vesicular ou migra para o colédoco. Pode haver aumento da dor por sacolejos ou respirações profundas. 
Anorexia
Náusea
Vômito
Febre com calafrio (colecistite supurativa ou colangite associada). Normalmente a febre é baixa. 
Tríade sugestiva: início súbito de dor à palpação do QSD, febre e leucocitose
Exame físico
50% dos casos – Sinal de Murphy + (parada da inpiração à palpação do QSD por aumento da dor)
20% dos casos – Massa palpável por vesícula distendida (dilatada e tensa)
10% dos casos – Icterícia ligeira (edema de colédoco ou coledocolitíase/ inflamação atinge ductos biliares ou linfonodos circundantes)
Exames complementares:
Laboratoriais
Discreta leucocitose (se muito aumentada, suspeitar de perfuração) – 10.000 a 15.000 com desvio à esquerda
Aumento discreto da bilirrubina (se >4mg/dl suspeitar de coledocolitíase associada) – 50% dos casos
Aumento discreto da TGO, FA e amilase (<5x) – 25% dos casos
Rx de Abdome
Cálculos radiopacos (15%)
Aerobilia – fístula bilio entérica
Ar na parede da vesícula – colecistite enfisematosa (1% dos casos): aparece um anel gasoso na parede por dissecção causada por gás na luz vesicular. É mais comum em mulheres, idosos e diabéticos. Apresenta clínica com resposta sistêmica, intensa e de rápida evolução. Causada por microorganismos produtores de gás, pp por Clostridium perfringens, C. welchii e E. coli. Tto é a cirurgia de emergência (alto risco de perfuração), associada a antibióticos. 
USG
Exame de escolha para detectar cálculos, mas não confirma o diagnóstico de colecistite, pois a visualização do cálculo no ducto cístico é difícil. 
Espessamento da parede da vesícula é > ou = a 3mm
Pesquisa do sinal de murphy: se positivos e associado ao espessamento da parede e colelitíase >> valor preditivo de 95%
Boa para diagnóstico das complicações locais (ex. abscesso pericolecístico)
Distensão vesicular
Líquido pericolecístico
Parede vesicular laminada (edema)
Peri-hepatite
Gás na parede ou intraluminal
TC - Boa em casos de apresentação atípica ou em casos em que a USG não é conclusiva
Cintilografia das vias biliares - Exame de escolha para a confirmação diagnóstica (97% de sensibilidade e especificidade). Porém é caro e pouco disponível no sistema público de saúde. A melhor opção é a USG. 
Colecistograma oral – pouco uso devido aos fatores limitantes do método: vômitos, insuificência hepática, mal-absorção, tempo (necessita de 12-36h para a sua realização)
Diagnóstico diferencial:
Apendicite
Pancreatite
Úlcera péptica perfurada
Hepatite aguda
Abscesso hepático
Pielonefrite
Nefrolitíase
Diverticulite
Síndrome de Fitz Hug Curtiz (perihepatite gonocócica)
Tratamento clínico: período de estabilização
Internação hospitalar: hidratação venosa e dieta zero. 
Analgesia: Meperidina ou AINE (morfina causa mais espasmo do esfíncter de Oddi)
Antibioticoterapia venosa: em 50% dos casos há infecção bacteriana (responsável pelas complicações da colecistite), pp por E. coli (mais comum), Klebsiella, Enterococos, C. welchii, Proteus. O esquema terapêutico é:
Casos leves (profilático): cefazolina ou Cefoxitina
Casos graves: Ampicilina + Amicacina + Metronidazol (suspeita: gangrenosa ou enfisematosa)
Nefropatas: substituir aminoglicosídeos por Cipro ou Ciclosporina de 3ª geração 
Tratamento cirúrgico: (tto eletivo)
Colecistectomia: suspeita ou confirmação de complicações da colecistite (empiema, esfisematosa ou perfuração). Podem resultar de progressão da crise de pacientes sem complicações (30% destes). 
Colecistectomia tardia: pacientes em estado clínico com risco inaceitável à cirurgia precoce ou em pacientes cujo diagnóstico de colecistite aguda é duvidoso
Colecistotomia percutânea (drenagem do fundo da vesícula) – em casos de alto risco cirúrgico / gravemente enfermos ou muito debilitados. 
Complicações:
Perfuração: o cálculo no ducto cístico aumenta a pressão na vesícula. Isso gera obstrução venosa/linfática, edema, isquemia da parede, necrose recidual (gangrena), ulceração da parede, infecção bacteriana secundária >> Perfuração (fundo: < perfusão). Podem ser:
Perfuração localizada - geralmente contidas pelo omento ou aderências da inflamação – formando abscesso pericolescístico. Ocorre geralmente na 2ª semana de evolução e é suspeitada por presença de massa palpável em HCD e aumento dos sinais locais. 
Perfuração livre para cavidade peritoneal com peritonite generalizada – é o tipo menos comum, mas com mortalidade de 30%. Ocorre geralmente nos 3 primeiros dias de evolução. Manifesta-se por alívio abrupto da dor por descompressão da vesícula distendida, seguida pelos sinais da peritonite. 
Perfuração para víscera oca – formação de fístula para duodeno (mais comum), estômago, jejuno, íleo e colédoco. Clinicamente manifesta-se por febre alta, leucocitose importante e sinais de irritação peritoneal. O tto é cirurgia e antibioticoterapia venosa. 
Íleo Biliar: obstrução do intestino delgado (íleo terminal) por um cálculo biliar volumoso (>2,5cm) que passou para o intestino através de uma fístula (colecistoentérica). É a causa de obstrução intestinal em pacientes > 65 anos em 25% dos casos. Causa íleo paralítico e o local principal de obsrução é a valva ileocecal. A confirmação se dá por Rx simples de abdome ou após seriografia do TGI superior. Para alívio realiza-se laparotomia com extração do cálculo ou propulsão para o cólon. 
Síndrome pós colecistectomia
Colecistite crônica calculosa
	Inflamação crônica da vesícula que pode ocorrer de forma insidiosa ou como sequela de 1 ou mais surtos de colecistite aguda. É a patologia mais frequente da vesícula biliar. 
	A vesícula normalmente está reduzida, fibrosada, com a parede espessada, calcificada, com cálculos ou lama biliar. Já em alguns casos pode estar quase normal, com alterações inflamatórias mínimas. O quadro clínico não se correlaciona com as alterações anatomopatológicas. 
Diagnóstico: 
Manifestações clínicas: ocorrem cólicas biliares típicas e em 50% dos casos há sintomas vagos semelhantes à doença dispéptica – dor em região do HCD ou epigastro, plenitude/distensão epigástrica associado a náuseas e eructações que se seguem à alimentação gordurosa. Pode irradiar para o dorso e ombro direito (irritação diafragmática).
Exame físico – não há sinais de defesa muscular, leucocitose, febre ou massa palpável
Exames complementares
USG: método de escolha (97% de sensibilidade para litíase biliar) – permite avaliação de estruturas adjacentes.
Rx de Abdome
TC
Colecistograma oral
Complicações: 
Coledocolitíase – 25%
Colecistite aguda – 25%
Pancreatite aguda
Vesícula em porcelana (calcificada – depósito de sais de cálcio na parede) – aumenta risco para carcinoma biliar
Tratamento:
Antiespasmódico –alívio sintomático
Colecistectomia (maioria dos casos) – alívio dos sintomas, não altera as funções do TGI, mortalidade (0,5%), mas pode causar síndrome pós colecistectomia
Terapia conservadora – indicada para litíase oligossintomática ou em casos de grande risco cirúrgico. É ineficaz para cálculos pigmentados (bilirrubina e cálcio) e para qualquer cálculo >2cm. Administra-se Ácido Ursodesoxicólico (URSO), VO por 2 anos ou Ácido Chenodesoxicólico (associado ao URSO para melhor resposta terapêutica). 
Litotripsia por onda de choque extracorpórea – cálculos fragmentados em partículas menores são mais fáceis de serem dissolvidos pelo URSO
Injeção direta de Metil-tert-butil eter dentro da vesícula – injeção via catéter transhepático percutâneo, promovendo dissolução dos cálculos em 1-2 dias
Exames complementares no diagnóstico dos distúrbios do metabolismo da bilirrubina:
�
Laboratoriais: 
Hemograma
Reticulócitos
Bilirrubina direta
Bilirrubina indireta
Transaminases
Atividade da protrombina
G-GT
Fosfatase alcalina
Imagem:
USG
Endossonografia
TC
RNM
Colangioressonância
CPRE – Colangiopancreatografia retrógrada endocópica
Conlangiografia transparietal
Cintilografia
�
Distúrbios do metabolismo:
Colestática > obstrutiva > US: 
com dilatação das vias biliares (CPRE ou CPTP) 
�
Coledocolitíase
CEP
Colangiopatia do HIV
Colangiocarcinoma
Compressões extrínsecas da arvore biliar
�
sem dilatação das vias biliares. Nesse caso suspeita-se de obstrução (CPRE ou ColangioRM) ou de doença parenquimatosa (Biópsia hepática). 
�
Doenças granulomatosas
Amiloidose
Neoplasias
Cirrose biliar primária
Colestase intra-hepática da gravidez
Septicemia
Colestase pós-operatória
Drogas (ex. estrogênio)�
�PAGE �
�PAGE �1�

Continue navegando