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Manuseio de Cargas Frigorificadas SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Fale Conosco 0800 728 2891 ead.sestsenat.org.br Curso on-line – Manuseio de Cargas Frigorificadas – Brasília: Sest/Senat, 2016. 95 p. : il. – (EaD) 1. Transporte de carga. 2. Carga frigorífica. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. CDU 656.025.4 3 Sumário Apresentação 6 Módulo 1 8 Unidade 1 | As Cargas Frigorificadas e o Processo de Refrigeração 9 1. A Importância da Refrigeração 11 2. Conceitos Envolvendo as Cargas Frigorificadas 12 3. Características de um Armazém Frigorificado 13 Glossário 15 Atividades 16 Referências 18 Unidade 2 | Alimentos Congelados x Alimentos Refrigerados 19 1. Características dos Produtos Congelados 21 1.1 Tratamento Antes do Congelamento 21 1.2 Tratamento Durante o Congelamento 22 1.3 Efeitos Pós-Congelamento 22 2. Características dos Produtos Refrigerados 23 2.1 Alterações Microbiológicas 24 2.2 Alterações Fisiológicas 24 2.3 Alterações Físicas 25 Glossário 26 Atividades 27 Referências 29 Módulo 2 30 Unidade 3 | Sistemas e Equipamentos dos Armazéns Frigorificados 31 1. Infraestrutura Básica dos Armazéns Frigorificados 33 2. Estrutura dos Sistemas de Refrigeração 33 2.1 Eficácia Energética (EE) 34 4 2.2 Gazes Refrigerantes 34 3. Equipamentos de Refrigeração 35 3.1 Compressores Herméticos 36 3.2 Compressores Semi-Herméticos 36 3.3 Compressores Abertos 37 Glossário 38 Atividades 39 Referências 41 Unidade 4 | Movimentação de Cargas Frigorificadas 42 1. Estruturas de Armazenamento 44 1.1 Equipamentos Unitizadores 44 1.2 Estruturas de Armazenagem: Porta-Paletes 46 2. Sistemas de Movimentação de Cargas 47 Glossário 48 Atividades 49 Referências 51 Unidade 5 | Condições de Armazenagem e Responsabilidade 52 1. Condições Gerais de Armazenagem 54 2. Operações Realizadas nos Armazéns Frigorificados 55 3. Responsabilidades na Armazenagem 56 4. Seguro 57 Glossário 58 Atividades 59 Referências 61 Unidade 6 | Recebimento e Retirada de Mercadorias 62 1. Recebimento 64 2. Retirada de Mercadorias 66 5 3. Operação de Veículos para Recebimentos e Retiradas 67 4. Aplicação e Pagamento das Tarifas de Armazenagem 68 Glossário 69 Atividades 70 Referências 72 Módulo 3 73 Unidade 7 | Segurança nas Operações com Cargas Frigorificadas 74 1. Riscos e Perigos Comuns em Armazéns 76 1.1 Queda de Mercadorias, Colapso de Estruturas e Queda em Altura 76 1.2 Movimento de Veículos no Armazém 77 1.3 Operações de Carga e Descarga de Mercadorias 77 1.4 Manuseamento de Substâncias Perigosas 78 1.5 Ruído 78 1.6 Riscos Elétricos 79 2. Riscos Específicos de um Armazém Frigorificado 79 Glossário 81 Atividades 82 Referências 84 Unidade 8 | Controle da Qualidade das Cargas Frigorificadas 85 1. Temperatura 87 2. Umidade Relativa do Ar 88 3. Circulação do Ar 88 4. Isolamento de Produtos 89 Glossário 90 Atividades 91 Referências 93 Gabarito 94 6 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Manuseio de Cargas Frigorificadas! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. • O curso possui carga horária total de 40h e foi organizado em 3 módulos e 8 unidades, conforme a tabela a seguir. Módulos Unidades Carga Horária 1 1 - As Cargas Frigorificadas e o Processo de Refrigeração 5 2- Alimentos Congelados x Alimentos Refrigerados 5 2 3 - Sistemas e Equipamentos dos Armazéns Frigorificados 5 4 - Movimentação de Cargas Frigorificadas 5 5 - Condições de Armazenagem e Responsabilidade 5 6 - Recebimento e Retirada de Mercadorias 5 7 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br ou pelo telefone 0800 72 82 891. Bons estudos! 3 7 - Segurança nas Operações com Cargas Frigorificadas 5 8 - Controle da Qualidade das Cargas Frigorificadas 5 Manuseio de Cargas Frigorificadas MÓDULO 1 9 UNIDADE 1 | AS CARGAS FRIGORIFICADAS E O PROCESSO DE REFRIGERAÇÃO 10 Unidade 1 | As Cargas Frigorificadas e o Processo de Refrigeração f Vamos fazer uma enquete: será que todo produto frigorificado deve estar congelado para o transporte? O transporte de cargas frigorificadas envolve apenas alimentos? Quais outros produtos você imagina que podem ser frigorificados? Nesta unidade, vamos apresentar os conceitos que envolvem as cargas frigorificadas. Vamos entender como a refrigeração permitiu mudanças nos hábitos das pessoas e conhecer algumas características obrigatórias dos armazéns frigorificados. Manter as condições necessárias para o transporte e armazenagem de produtos frigorificados é requisito essencial na gestão das cadeias logísticas envolvidas. Para isso, precisamos conhecer, ainda, as características dos produtos, e como se comportam, dependendo da temperatura. 11 1. A Importância da Refrigeração O uso da refrigeração representou importante avanço da civilização moderna. Tornou- se possível guardar os alimentos por mais tempo e distribuí-los com melhores condições de qualidade. Além disso, a refrigeração permitiu o consumo de alimentos em locais de condições bastante adversas no quesito sobrevivência, modificando os hábitos e a ocupação de espaços, em todo o planeta. Na verdade, a prática da refrigeração existe desde o tempo das cavernas, quando o processo de resfriamento era feito por meio da utilização de gelo e neve. Durante a Idade Média, os reis e outros soberanos mandavam buscar a neve em locais frios, para que fosse utilizada na refrigeração e no preparo de alimentos e bebidas geladas. Em alguns casos foi verificado o uso da evaporação da água para resfriar os ambientes. Os sistemas de refrigeração objetivam melhorar as condições de armazenagem de produtos perecíveis. Eles permitem a remoção de calor dos espaços internos dos ambientes e das cargas, mantendo-os em temperatura adequada, para assim prolongar o tempo de preservação da qualidade. A refrigeração de cargas e produtos tornou-se imprescindível nos últimos anos, principalmente devido a mudanças dos hábitos alimentares da população, à maior exigência de qualidade por parte do consumidor e ao crescimento da exportação de produtos agrícolas. Conhecer esses sistemas é essencial para a correta gestão das cargas frigorificadas e de suas cadeias, uma vez que qualquer falha no sistema de refrigeração pode comprometer a qualidade dos produtos, promovendo reações químicas, bioquímicas e microbiológicas que irão influenciar na maturação, putrefação e perda dos produtos. 12 2. Conceitos Envolvendo as Cargas Frigorificadas As cargas frigorificadas são mercadorias perecíveis que necessitam de transporte e armazenagem em temperatura controlada. Portanto, produtos resfriados e produtos congelados são considerados cargas frigorificadas. Você sabe diferenciá-los? Os produtos resfriados são aquelesmantidos em temperatura de frio positivo (maior que 0 °C), enquanto os produtos congelados são aqueles mantidos em temperaturas de frio negativo (menor que 0 °C). As cargas frigorificadas são, principalmente, os produtos agrícolas, alimentares ou não alimentares, de origem vegetal ou animal, destacando-se: carne, vegetais, frutas, flores etc. No entanto, existem outros produtos que também devem ser transportados e armazenados sob refrigeração como, por exemplo, as vacinas, alguns medicamentos e outros produtos farmacêuticos, para uso humano ou veterinário, que precisam ser mantidos sob temperatura controlada para preservar seus princípios ativos. É importante ressaltar que a refrigeração não melhora a qualidade do produto, apenas retarda a deterioração causada por micróbios, processo químico ou enzimático. Portanto, os produtos colocados sob refrigeração devem estar em perfeitas condições. Podem-se esperar bons resultados de refrigeração somente quando o produto está saudável, limpo, isento de danos e contaminação, com uma quantidade considerada normal de micróbios, para o produto. 13 Em caso de produtos agrícolas, o resfriamento deve ser iniciado prematuramente, ou seja, imediatamente após a colheita, apanha ou corte. Qualquer atraso no resfriamento para a estocagem vai provocar a redução do tempo em que o produto possa permanecer armazenado (validade). Em alguns casos especiais é necessário primeiro resfriar para depois congelar, em particular, quando se trata de peças de carne. As partes cortadas para consumo devem ser refrigeradas imediatamente e, somente após um período de maturação, congeladas. A refrigeração deve ser contínua durante a movimentação dos produtos, que devem permanecer sob refrigeração ao longo de todo o seu curso, desde o local de produção até chegar ao consumidor. Essa continuidade é simbolizada pela expressão corrente de frio. Seja um produto refrigerado, seja um produto congelado, deve sempre ser mantida a temperatura adequada, definida na embalagem pelo produtor. 3. Características de um Armazém Frigorificado Para Esteves (2009), o armazenamento frigorífico deve apresentar local adequado para o armazenamento de alimentos perecíveis e não perecíveis, sendo que o cuidado no manuseio deve ser grande pois, muitas vezes, como no caso de frutas, o manuseio indevido pode implicar em danos. De acordo com tal autor, os armazéns frigoríficos vêm operando com grande melhoria e desenvolvimento. O resultado dessa tecnologia é a nova concepção de estabelecimentos para armazenagem – a Central de Estocagem Frigorífica. Esses modernos estabelecimentos não são apenas um depósito, e sim um dinâmico centro de serviços para produtos perecíveis. 14 Parte desta evolução está associada à Rede de Frio (ou Cadeia de Frio), a tecnologia atualmente adotada pela rede brasileira, que abrange todo o processo, desde a concepção, passando pelo armazenamento, e até o transporte do produto, preservando todas as condições de refrigeração e garantindo a sua conservação (BRASIL, 2001). b Conheça melhor os conceitos associados à Cadeia do Frio, leia uma matéria da Revista Hortifruti Brasil através do link a seguir. http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/98/mat_capa Resumindo A refrigeração não melhora a qualidade do produto, apenas retarda sua deterioração. Portanto, todos os produtos colocados sob refrigeração devem estar em perfeitas condições antes do resfriamento ou congelamento. O resfriamento dos produtos deve ser iniciado prematuramente. Em alguns casos especiais, é necessário primeiro resfriar para depois congelar. Inúmeros fatores devem ser controlados para garantir um bom armazenamento dos produtos, tais como a qualidade da matéria-prima original, a temperatura, a umidade relativa, o sistema de refrigeração etc. 15 Glossário Deterioração: Estragado, danificado, em decomposição. Enzimático: Relativo a enzimas. Maturação: Ação de maturar, de amadurecer; amadurecimento. Putrefação: Apodrecimento. 16 d 1) A prática de manter alimentos em baixas temperaturas para aumentar sua durabilidade existe desde: a. ( ) O tempo das cavernas. b. ( ) A Idade Média. c. ( ) O Império Romano. d. ( ) O antigo Egito. 2) Os sistemas de refrigeração têm como objetivo melhorar a qualidade e o aspecto dos produtos perecíveis. ( ) Certo ( ) Errado 3) As cargas frigorificadas são: a. ( ) As cargas gerais que necessitam de transporte e armazenagem a seco. b. ( ) As mercadorias perecíveis que necessitam de transporte e armazenagem em temperatura controlada. c. ( ) Somente as mercadorias perecíveis congeladas que necessitam de transporte. d. ( ) As mercadorias que necessitam de transporte e armazenagem em temperatura bastante elevadas. Atividades 17 4) Marque V (verdadeiro) ou F (falso). a. ( ) Produtos resfriados são considerados cargas frigorificadas. b. ( ) Produtos congelados são considerados cargas frigorificadas. c. ( ) Produtos resfriados são mantidos em temperatura menor que 0 oC. d. ( ) Alguns medicamentos também são considerados cargas frigorificadas. 18 Referências BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial – O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHIAVENATO, I. Administração da Produção – Uma Abordagem Introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 19 UNIDADE 2 | ALIMENTOS CONGELADOS X ALIMENTOS REFRIGERADOS 20 UNIDADE 2 | ALIMENTOS CONGELADOS X ALIMENTOS REFRIGERADOS f A temperatura é a única diferença entre produtos congelados e refrigerados? Existem alimentos que não devem ser congelados? Quais são eles? Existem diferenças entre a manutenção de alimentos congelados e a manutenção de alimentos refrigerados. Nesta unidade, vamos conhecer os principais procedimentos e efeitos resultantes desses resfriamentos e os cuidados mais indicados para cada tipo de produto. A refrigeração e o congelamento utilizam a baixa temperatura como processo principal para a preservação dos alimentos. Nos dois casos, o alimento é colocado em contato com uma superfície ou ambiente mais frio, e assim perde calor. 21 e Os fatores que devem ser considerados no armazenamento de alimentos refrigerados e congelados são a temperatura, a circulação do ar, a umidade relativa e a composição da atmosfera de armazenamento. 1. Características dos Produtos Congelados São considerados congelados os alimentos e demais produtos que tenham sido submetidos ao processo de congelamento e mantidos a uma temperatura igual ou inferior a - 18 °C ao longo de toda a cadeia de frio (com tolerância permitida de variação de temperatura). A qualidade dos produtos, quando descongelados, depende de vários fatores. A seguir, vamos conhecer alguns. 1.1 Tratamento Antes do Congelamento Como vimos, o congelamento não melhora a qualidade dos produtos. Portanto, quem deseja obter qualidade pós-congelamento deve, antes de mais nada, utilizar matérias-primas e produtos sadios e de procedência segura. Os produtos devem ser acondicionados da melhor forma possível, conforme suas características e tipos de congelamento (corte, fatiamento, branqueamento). 22 1.2 Tratamento Durante o Congelamento Para obter o efeito correto de conservação, uma alta porcentagem de água congelável do produto é transformada em gelo (normalmente mais de 80% da água livre). Essa água deve ser mantida congelada durante a estocagem para minimizar as alterações físicas, bioquímicas e microbiológicas, caso contrário ela pode levar a uma deterioraçãodo alimento. a A transformação da água líquida em gelo durante o congelamento deve ser realizada o mais rápido possível, formando cristais de gelo de tamanho pequeno. Um congelamento lento cria cristais de gelo de tamanho grande, provocando a destruição das células dos alimentos e levando a um gotejamento durante o descongelamento. Esse processo compromete a qualidade do produto. Em casos especiais, ele pode ser parcial ou totalmente evitado, com a adição de substâncias apropriadas, tais como açúcar ou sal. 1.3 Efeitos Pós-Congelamento Os produtos congelados podem sofrer diversas alterações durante a fase de estocagem e no pós-congelamento que podem prejudicar suas características. a) Ressecamento (dissecação) A perda de umidade durante a estocagem é um problema sério em função do tempo de armazenamento. Quando armazenado em ambiente de baixa umidade relativa (UR), os alimentos congelados que apresentam alto teor de água podem sofrer um processo de desidratação superficial, podendo levar a uma perda significativa de peso e alteração de suas características. 23 b) Alterações no tamanho dos cristais de gelo Se ocorrerem variações periódicas de temperatura durante o armazenamento, podem ocorrer mudanças no tamanho e formato dos cristais de gelo. Os efeitos não aparecem enquanto os alimentos forem mantidos em baixas temperaturas. No entanto, essas alterações podem levar ao gotejamento durante o descongelamento. Essa destruição de estrutura altera as características dos produtos e favorece a multiplicação dos microrganismos. c) Desenvolvimento microbiológico durante o armazenamento Em condições normais de armazenamento (-18 °C ou inferior) nenhum microrganismo pode se multiplicar. Além disso, essa temperatura pode acarretar a morte de alguns microrganismos, eliminados pelo processo de congelamento. d) Contaminação microbiológica Durante a estocagem de produtos alimentícios congelados pode ocorrer contaminação pelo ambiente e pelos manipuladores. Estafilococo, salmonela, Escherichia são alguns dos microrganismos que podem ser transmitidos pelas pessoas. Embora não consigam se multiplicar em alimentos congelados, sua presença apresenta riscos para os consumidores, após o descongelamento. 2. Características dos Produtos Refrigerados São considerados resfriados os alimentos e demais produtos que tenham sido submetidos ao processo de resfriamento a uma temperatura entre -1,5 °C a 10 °C. e A temperatura adequada de refrigeração depende do tipo de alimento a ser refrigerado. 24 Sob resfriamento, os produtos perecíveis de origem animal ou vegetal mantêm suas atividades fisiológicas e bioquímicas. Isso significa que, ao longo do tempo, acontece maturação ou evolução dos produtos, com alteração de suas qualidades e características, como cor, textura, sabor e valor nutritivo. Algumas características podem sofrer grandes alterações. 2.1 Alterações Microbiológicas Os microrganismos em condições de resfriamento podem permanecer ativos e se multiplicar. A velocidade de multiplicação depende do tipo de microrganismo, da temperatura de resfriamento e do tipo de alimento. Os microrganismos deteriorantes ou patogênicos podem ser classificados em dois grupos: mesófilos e psicrófilos. Suas faixas de temperatura de multiplicação podem variar, respectivamente, de +10 °C até 45 °C e de -1 °C até 25 °C. 2.2 Alterações Fisiológicas Produtos de origem animal ou vegetal apresentam atividades fisiológicas permanentes mesmo quando mantidos em baixas temperaturas, particularmente as frutas e os vegetais. Esses alimentos permanecem vivos e respirando. A respiração é um fenômeno fisiológico que gera mudança nas características do produto (maturação, teor de açúcar, textura), e também do seu ambiente (consumo de O2, liberação de CO2 e calor). Isso pode modificar o ambiente de armazenamento e, se não for controlado, leva a modificações indesejáveis nos produtos (maturação precoce, elevação de temperatura do local, multiplicação de microrganismos, apodrecimento etc.). Produtos de origem animal apresentam modificações durante a estocagem refrigerada, tais como o amolecimento resultante de atividades fisiológicas e enzimáticas dos músculos. Além disso, a multiplicação microbiana pode alterar características de forma irreversível, como a formação de limo por pseudômonas (tipo de micro-organismo). A mucosidade ou limo superficial que ocorre em carnes resulta da aglutinação de grande número de colônias bacterianas. 25 2.3 Alterações Físicas Durante a estocagem resfriada, alimentos podem sofrer alterações físicas como o ressecamento e a queimadura. Esses fenômenos acontecem por evaporação da água, podendo gerar excessiva perda de peso, encolhimento e enrugamento. Isso acontece quando os produtos estão expostos a um ambiente com baixa umidade relativa, sem proteção. No caso de produtos como a carne, a armazenagem pode provocar queimaduras, que se caracterizam por mudança nos tecidos superficiais. Resumindo A qualidade final dos produtos congelados e refrigerados depende da qualidade original do produto e de fatores ligados aos procedimentos realizados para o seu resfriamento. O tempo de congelamento é um fator-chave. É importante saber que a velocidade de congelamento depende dos equipamentos utilizados e das características do produto. Devemos sempre nos lembrar que o congelamento não elimina todos os microrganismos e que eles podem se multiplicar quando os alimentos foram descongelados. É importante manter as condições do produto resfriado e do ambiente em que ele está armazenado, evitando prejuízos financeiros (perda do produto) e prejuízos à saúde (contaminação por microrganismos). 26 Glossário Estafilococo: micróbio que vive na poeira e vegeta no tegumento (VIDE) do homem, onde se pode tornar patogênico, causando muitas vezes abundante formação de pus. Microrganismo: são pequenos micróbios que não podem ser vistos a olho nu. Salmonela: gênero de bactérias ciliadas e móveis da família das Enterobacteriáceas que se desenvolvem, em particular nas carnes. 27 d 1) Para obter o efeito correto de conservação, uma alta porcentagem de água congelável do produto é transformada em gelo, correspondendo, normalmente a: a. ( ) Mais de 80% da água livre. b. ( ) Menos de 80% da água livre. c. ( ) Exatos 50% da água livre. d. ( ) 100% da água livre. 2) Um congelamento lento cria cristais de gelo __________________, provocando a destruição das células dos alimentos e levando a um gotejamento durante o descongelamento. a. ( ) na base dos alimento b. ( ) de tamanho grande c. ( ) na área externa da embalagem d. ( ) isolados do produto 3) Durante a estocagem resfriada, alimentos podem sofrer alterações físicas como o ressecamento e a queimadura. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 28 4) O congelamento __________________ a qualidade dos produtos. Quem deseja obter qualidade pós-congelamento deve utilizar matérias-primas e produtos sadios e de procedência segura. a. ( ) garante b. ( ) evita c. ( ) melhora d.( ) não melhora 29 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 2001. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Nota técnica nº 03/2004: refrigeração industrial por amônia: riscos, segurança e auditoria fiscal. Brasília: MTE, SIT, DSST, 2005. MELLO, G. C. S.; JULIÃO, L.; TAPETTI, R. Cadeia do Frio – Garantia de vida mais longa e saudável aos hortifrutícolas. Hortifruti Brasil, ESALQ/USP, a. 9, n. 98, jan./fev. 2011. Manuseio deCargas Frigorificadas MÓDULO 2 31 UNIDADE 3 | SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DOS ARMAZÉNS FRIGORIFICADOS 32 Unidade 3 | Sistemas e Equipamentos dos Armazéns Frigorificados f Para resfriar e congelar alimentos basta ter um bom freezer? Qual tamanho ele deve ter? São necessários outros equipamentos nos armazéns? Quais? Os armazéns frigorificados são locais onde são estocados e manipulados produtos perecíveis, em condições de temperatura controlada. Nesta unidade, apresentaremos algumas características da infraestrutura presente nos armazéns frigorificados, considerando os sistemas de refrigeração e os equipamentos utilizados. A infraestrutura dos armazéns frigorificados deve proporcionar as melhores condições possíveis para gerar frio e manter as temperaturas controladas com o menor custo operacional, reduzindo desperdícios energéticos na armazenagem e movimentação de cargas. 33 1. Infraestrutura Básica dos Armazéns Frigorificados A maioria das câmaras frias é construída para funcionar como câmara autônoma, ou seja, que funciona independente das demais. São compostas de uma estrutura metálica, recoberta de placas isolantes e revestimentos específicos, que são aplicados à estrutura antes do resfriamento das instalações. Em geral, são utilizadas espumas sintéticas para garantir o isolamento e, em alguns casos, são utilizados revestimentos anti-incêndio nas partes externas. Para reduzir o consumo de energia, a espessura do isolamento tende a ser aumentada, pois quanto maior a espessura, menor a variação de temperatura. Recomenda-se a espessura de até 200 mm em câmara para armazenamento de produtos congelados (-18 °C), e de até 140 mm para produtos refrigerados. a É importante dar atenção especial ao teto do armazém, evitando o aumento de temperatura por incidência solar. Em geral, recomenda-se um segundo teto para aumentar a proteção ao sol, chamado “guarda-sol”. 2. Estrutura dos Sistemas de Refrigeração O sistema de refrigeração é um dos mais importantes nos armazéns refrigerados, sendo o consumo de energia calculado em quilowatt-hora por metro cúbico. O custo energético estimado é da ordem de 10% a 15% dos custos totais de funcionamento do armazém. Esse consumo depende de fatores, como: a qualidade da infraestrutura do armazém (matérias, revestimentos, isolamento), o tipo de armazenagem (produtos refrigerados ou congelados), o tamanho das câmaras, a velocidade de giro dos estoques, a temperatura dos produtos, a temperatura exterior, entre outros. 34 2.1 Eficácia Energética (EE) Medidas visando à Eficácia Energética (EE) podem ser adotadas para reduzir os custos e ajudar a preservar o meio ambiente. Exemplos: aplicação de isolamento reforçado e motores mais eficientes, melhor gestão da abertura e fechamento de portas, instalação de portas automáticas e sistemas de controle. Essas medidas podem levar a um aumento de até 50% na EE em relação às práticas comuns. Considerando a EE, os armazéns mais modernos apresentam: • Maior espessura dos revestimentos de isolamento; • Uso de aberturas para entrada e saída de mercadoria no lugar de portas; • Melhor escolha dos compressores e de “gazes refrigerantes”; • Regulação das velocidades dos ventiladores; • Utilização de detectores eletrônicos; • Dimensionamento otimizado das tubulações e do isolamento; • Melhorias nos dispositivos de iluminação; • Sistema de controle automatizado e tratamentos dos dados. 2.2 Gazes Refrigerantes Antigamente, os gases utilizados para fins de refrigeração eram gases tóxicos: a amônia, o cloreto de metil e o dióxido de enxofre. Posteriormente foram criados os clorofluorcarbonos (CFCs), que eram considerados gases estáveis e seguros. A partir de 1980, alguns estudos apontaram os CFCs (principalmente o R-22) como responsáveis por graves danos na camada de ozônio, gerando um intenso debate, principalmente devido aos efeitos ambientais negativos. 35 Em substituição aos gases nocivos, algumas opções surgiram no mercado, e a escolha do melhor produto depende do seu uso. A amônia (R-717) é um gás refrigerante que possui excelentes qualidades termodinâmicas e apresenta a vantagem de respeitar o meio ambiente. Porém, ela é tóxica e inflamável e, em caso de vazamento, pode alterar a qualidade dos produtos armazenados. Para o uso de amônia na refrigeração são necessárias medidas de segurança específicas. A Nota Técnica n° 03/DSST/SIT regulamenta seu uso (BRASIL, 2005). Os CFCs e HCFCs (hidroclorofluorcarbonos) são proibidos e, atendendo à legislação, podem ser trocados por hidrofluorcarbonetos (HFC), menos agressivos ao meio ambiente. e Para aplicações industriais, a utilização da amônia (R-717) e do CO2 (R-744) em dois circuitos constituiu boa solução tecnológica. Esses sistemas são chamados de “cascata NH3/CO2”. A carga de amônia é reduzida, minimizando os riscos de acidentes, e o CO2 apresenta a vantagem de não ser prejudicial ao meio ambiente, não ser tóxico e nem inflamável. 3. Equipamentos de Refrigeração A geração de frio industrial é realizada por intermediário de compressores, disponíveis em diversos modelos, conforme suas finalidades. A escolha do compressor deve estar aliada a fatores como: custo, consumo energético, robustez, fluído refrigerante, custo de eventuais acessórios, rendimento, ruído, custo de manutenção, regime de operação etc. Estão disponíveis no mercado os seguintes compressores: • Herméticos, do tipo alternativo e Scroll; • Semi-herméticos, do tipo alternativo e parafuso; • Abertos, do tipo alternativo e parafuso. 36 3.1 Compressores Herméticos Compressores selados, nos quais são instalados, dentro de uma carcaça soldada, o motor elétrico e o conjunto mecânico. Em caso de problemas, recomenda-se a completa substituição. • Compressores herméticos do tipo alternativo – geralmente aplicados em sistemas compactos de ar- condicionado ou refrigeração, utilizados em altas, médias e baixas temperaturas, principalmente utilizando R-22. Para aplicação em baixas temperaturas, deve-se optar por fluídos refrigerantes de maior densidade. • Compressores herméticos do tipo Scroll – aplicados em sistemas de alta, média e baixa temperatura de evaporação. São compactos e relativamente leves. Em aplicações para baixas temperaturas de evaporação, é necessário resfriamento adicional para evitar aquecimento excessivo e danos mecânicos. 3.2 Compressores Semi-Herméticos São montados sob um bloco fundido, que comporta o motor elétrico e peças do conjunto mecânico, fixadas no bloco por parafusos. São equipamentos robustos, muito utilizados em supermercados e indústrias. Possuem custo de manutenção relativamente baixo e médio custo de aquisição. • Compressores semi-herméticos do tipo alternativo – podem ser desmontados facilmente para eventuais reparos e verificações. Operam nos regimes de alta, média e baixa temperatura de evaporação. Utilizando R-22 em baixa temperatura é recomendável um sistema de resfriamento adicional. Em aplicação para baixíssimas temperaturas (-70 °C), existe a opção de modelos de duplo estágio que podem operar em sistemas de ultrabaixa temperatura (-90 °C). 37 3.3 Compressores Abertos Compressores montados sob um bloco fundido, que comporta as peças do conjunto mecânico fixadas por parafusos no bloco e, para evitar vazamentos para o meio externo, possui na ponta do eixo um selo mecânico. Esses equipamentos são acionados por um motor externo através de acoplamento ou correias e podem ser do tipo alternativo ou parafuso. São largamente utilizados na indústria de processos e em grandes supermercados. • Compressores abertos do tipo alternativos – podem ser desmontados facilmente para a realizaçãode eventuais reparos ou verificações. Operam nos regimes de alta, média e baixa temperatura de evaporação, utilizando R-22 ou R-717 (amônia). Em baixa temperatura é recomendável um sistema de resfriamento adicional ou a utilização de compressores de duplo estágio. • Compressores abertos tipo parafuso – também podem ser desmontados para a realização de eventuais reparos ou verificações, mas sua instalação é mais complexa, pois necessitam de separador de óleo, resfriador, bomba e filtros para o óleo. Operam em diversos regimes de trabalho e podem ser aplicados com diversos fluidos refrigerantes. 38 Resumindo Segundo suas características e peculiaridades, os armazéns frigorificados podem apresentar diferentes equipamentos e sistemas de refrigeração. A escolha do sistema de refrigeração deve considerar a capacidade de armazenamento, os tipos de produtos armazenados e os resultantes de sua eficiência energética. Os CFCs e HCFCs são proibidos. Portanto, os sistemas escolhidos devem utilizar gases mais modernos e menos agressivos para o meio ambiente. Glossário Nocivos: Que causa dano; prejudicial. Termodinâmicas: É o ramo da física que estuda as relações entre calor, temperatura, trabalho e energia. 39 d 1) Marque V (verdadeiro) ou F (falso). a. ( ) Os gases originalmente utilizados para refrigeração eram tóxicos. b. ( ) A maioria das câmaras frias é metálica, recoberta de placas isolantes. c. ( ) A amônia (R-717) é um gás refrigerante que não possui qualidades termodinâmicas. d. ( ) A instalação de portas automáticas pode ajudar a reduzir o consumo de energia elétrica nos armazéns frigorificados. 2) A maioria das câmaras frias é construída para funcionar como câmara autônoma, ou seja: a. ( ) Que funciona associada às demais. b. ( ) Que funciona na mesma temperatura das demais. c. ( ) Que funciona independentemente das demais. d. ( ) Que funciona automaticamente. 3) O sistema de refrigeração é um dos mais importantes sistemas nos armazéns refrigerados e o consumo de energia representa cerca de 50% dos custos totais de funcionamento do armazém. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 40 4) Para reduzir o consumo de energia, a espessura do isolamento tende a ser aumentada, pois: a. ( ) O revestimento é o primeiro a sofrer congelamento. b. ( ) As câmaras devem ser isoladas umas das outras. c. ( ) Quanto maior a espessura, maior a variação de temperatura. d. ( ) Quanto maior a espessura, menor a variação de temperatura. 41 Referências ABIAF. Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada. Condições Gerais de Armazenagem. Portal da internet ABIAF, 2016. Disponível em: <http://www. abiaf.org.br/?abiaf=[condicoes]>. Acesso em: 28 set. 2016. BALLOU, R. H. Logística Empresarial – Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial – O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHIAVENATO, I. Administração da Produção – Uma Abordagem Introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FAVERI, T. Gestão de estoque: uma comparação entre os métodos de avaliação na movimentação dos estoques em uma agroindústria do sul do Estado de Santa Catarina. Criciúma: UNESC, 2010. 42 UNIDADE 4 | MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS FRIGORIFICADAS 43 Unidade 4 | Movimentação de Cargas Frigorificadas f As cargas frigorificadas possuem peculiaridades que as diferenciam. Veja se você consegue responder às seguintes questões. Quais os cuidados principais na movimentação dessas cargas? Considerando suas características, quais são os equipamentos mais empregados para sua movimentação e armazenagem? Os alimentos representam grande parte das cargas frigorificadas. Como podemos imaginar, os cuidados com o manuseio, movimentação e armazenagem para esses produtos devem ser diferenciados. Nesta unidade, serão apresentados equipamentos que facilitam a movimentação de cargas nos armazéns e alguns sistemas utilizados para movimentação de cargas nas áreas internas dos armazéns. 44 A seguir, vamos conhecer as principais estruturas de armazenamento, incluindo os equipamentos que facilitam a movimentação da carga, tais como os paletes, os racks e os slip sheets (folhas finas de plástico, papel kraft ou papel cartão). Posteriormente, iremos conhecer alguns sistemas de movimentação de cargas utilizados nos armazéns. 1. Estruturas de Armazenamento Nos armazéns frigorificados encontramos diversas estruturas para movimentação e armazenagem. Algumas delas servem para facilitar a movimentação dos produtos enquanto outras facilitam a armazenagem. 1.1 Equipamentos Unitizadores São equipamentos utilizados para agregar mercadorias, permitindo que mais de um item seja transportado ao mesmo tempo. Em geral, são unitizados produtos idênticos ou similares. a) Paletes Nos armazéns, as mercadorias chegam em embalagens primárias e secundárias e são unitizadas, formando unidades logísticas. Os materiais mais utilizados para armazenagem de produtos nas câmaras frias são os paletes, também conhecidos como estrados ou cantoneiras. As câmaras frigorificadas produzidas por grandes empresas são moduladas para receber os paletes tipo ISO (International Standard Organization), que possuem dimensões adequadas às embalagens, empilhadeiras, caminhões e contêineres da maioria dos fabricantes do Brasil e do exterior. 45 b Para conhecer os padrões estabelecidos pela ISO, consulte os catálogos de padronização disponíveis no link a seguir. Confira! http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/catalogue_tc/catalogue_ tc_browse.htm?commid=48928 b) Racks Permitem o aproveitamento vertical do armazém, pois podem ser empilhados e transportados sem que haja transferência do peso para as mercadorias. Em geral, os racks podem ser desmontados quando não estão em uso, facilitando o transporte e possibilitando maior espaço livre de utilização do armazém. a Na armazenagem frigorificada, o tipo de rack mais utilizado apresenta a medida padrão de 1000 x 1200 x 1750 mm, que corresponde ao padrão de 95% dos racks utilizados no Brasil. No empilhamento, o primeiro rack chega a suportar até 6.000 kg. Eles são fabricados em chapa de aço do tipo SAE 1100 e são compostos por 04 (quatro) colunas e 12 (doze) travessas. c) Slip Sheets É uma folha longa, normalmente feita de papel kraft (um tipo de fibra vegetal sólida), composta por camadas sobrepostas, e que pode, em muitos casos, substituir com sucesso os paletes tradicionais de madeira ou de outro material. Ele também pode ser feito de papel ondulado ou plástico, sendo este último o mais adequado para uso em ambientes úmidos e molhados, típicos de armazéns refrigerados. 46 O slip sheet pode ser produzido nas medidas e especificações adequadas a cada produto. Para operar corretamente o equipamento, é necessário acoplar à empilhadeira um acessório especial, chamado push-pull (mecanismo pantográfico que prende os slip sheets). 1.2 Estruturas de Armazenagem: Porta-Paletes O sistema porta-paletes é utilizado para armazenar produtos paletizados com excelente aproveitamento do espaço vertical. Ele otimiza a movimentação de materiais, pois cada palete é acondicionado em compartimento específico, o que possibilita que ele seja acessado sem movimentar nenhum outro palete. a) Porta-Paletes convencional (estrutura pesada) Estrutura pesada e estática, na qual as prateleiras são substituídas por um plano de carga, constituído por um par de vigas, encaixadas em colunas, permitindo a regulagem na altura. Ospaletes são armazenados e retirados individualmente por empilhadeiras ou manualmente, dependendo do tipo de produto a ser estocado. b) Porta-Paletes dupla profundidade (estrutura pesada) Semelhante ao sistema convencional no que se refere à forma construtiva, diferenciando-se unicamente quanto à sua disposição pois são conjuntos de porta- paletes duplos em que a carga pode ser retirada apenas por uma face. Para esse sistema torna-se indispensável o uso de empilhadeira especial, com garfos pantográficos (empilhadeira pantográfica). 47 c) Drive-In e Drive-Through Estruturas para verticalizar cargas paletizadas por acumulação, com movimentação interna da empilhadeira, ideal para trabalhar com grandes quantidades de um mesmo produto. No caso do drive-in, a empilhadeira entra e sai pelo mesmo lado. Já no drive- through existe acesso pelos dois lados. d) Porta-Paletes dinâmico Sistema dinâmico derivado do Drive-Through. A ideia de armazenagem dinâmica é simples e singular: os paletes com as mercadorias são colocados em uma extremidade da estrutura e deslizam, por meio da força da gravidade ou por velocidade controlada, até o lado oposto da estrutura, caracterizando o sistema First in, First on – FIFO (primeiro palete a entrar é o primeiro a sair). e) Porta-Paletes Deslizante Estrutura de armazenagem de alta densidade onde o corredor de circulação e acesso é compartilhado em função do sistema eletromecânico de deslocamento lateral dos conjuntos de estruturas porta-paletes. f) Push-Back Sistema de armazenagem por acumulação que permite armazenar até quatro paletes em profundidade por cada nível. Ideal para a armazenagem de produtos de rotação média. 2. Sistemas de Movimentação de Cargas Os equipamentos mais clássicos para movimentação de cargas são as empilhadeiras manuais ou mecanizadas. Uma empilhadeira clássica com garfos geralmente permite empilhar paletes em 5 níveis, o que corresponde a armazéns com pé-direito da ordem de 10 m. No entanto, os armazéns frigorificados podem alcançar até 40 m de altura. Nesse caso, é necessário o uso de transelevadores, que são equipamentos de movimentação e armazenagem de cargas unitizadas com uma vasta gama de aplicações e três modos de funcionamento: manual, semiautomático e automático. 48 Os transelevadores foram desenvolvidos a partir da necessidade de aproveitamento máximo da superfície disponível nos armazéns. São máquinas elaboradas para trabalhar em corredores mais estreitos e que operam em alturas superiores a 30 metros. Existe uma grande variedade de transelevadores com diversas características, projetados para atender a capacidade da carga, suas dimensões, a altura da construção e os tempos de ciclo (intervalos entre entradas e saídas do sistema). Resumindo Um armazém pode apresentar diferentes equipamentos para unitização da carga em unidades logísticas. São diversas as alternativas disponíveis de sistemas de movimentação de unidades logísticas dentro do armazém. A escolha dos equipamentos e sistemas adotados em cada armazém deve considerar sua capacidade de armazenamento, as características dos produtos armazenados e a rotatividade destes. Glossário Convencional: estabelecido pelo uso ou pela prática; tradicional. Peculiaridades: característica daquilo que é particular, peculiar. 49 d 1) Nas câmaras frias, os unitizadores mais empregados são: a. ( ) Estrados de madeira b. ( ) Paletes c. ( ) Prateleiras e racks d. ( ) Porta-paletes 2) As câmaras frigorificadas fabricadas por grandes empresas são moduladas para receber os paletes tipo ISO, ________________. a. ( ) que possuem medidas específicas para câmaras brasileiras. b. ( ) que são padronizadas para cada produto armazenado. c. ( ) que possuem dimensões padronizadas em todo o mundo. d. ( ) que são descartáveis e recicláveis. 3) Os equipamentos de unitização são empregados para juntar várias unidades de produtos em um único volume, facilitando seu transporte. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 50 4) O sistema porta-paletes é utilizado para armazenar produtos ________________ com excelente aproveitamento do espaço vertical. a. ( ) desembalados b. ( ) tipo carga unitária c. ( ) tipo carga geral d. ( ) paletizados 51 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, junho de 2001. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Nota técnica nº 03/2004: refrigeração industrial por amônia: riscos, segurança e auditoria fiscal. Brasília: MTE, SIT, DSST, 2005. PEREIRA, D. Importância da Cadeia de Frio na Segurança Alimentar de Produtos Congelados e Refrigerados. Escola Superior Agrária de Coimbra, Mestrado Engenharia Alimentar, Segurança Alimentar, 2010/2011. 52 UNIDADE 5 | CONDIÇÕES DE ARMAZENAGEM E RESPONSABILIDADE 53 Unidade 5 | Condições de Armazenagem e Responsabilidade f Quando uma mercadoria é depositada em um armazém, seu operador passa a ser responsável por ela e por sua correta manutenção. No entanto, nem todos conhecem exatamente o que essa transferência de responsabilidade significa. Quais condições de armazenagem são necessárias para proporcionar às mercadorias? Quais são as responsabilidades do operador do armazém na manutenção dessas condições? Nesta unidade, apresentaremos informações relacionadas ao funcionamento dos armazéns frigorificados. Vamos esclarecer junto com você as principais responsabilidades da armazenagem de cargas frigorificadas, e conhecer as condições gerais necessárias a esse tipo de armazenamento. 54 Os armazéns frigorificados ficam responsáveis durante o período de permanência, pelos produtos entregues aos seus cuidados. Portanto, existem regras determinadas de recebimento e de entrega, que devem ser cumpridas para garantir a boa execução do serviço. 1. Condições Gerais de Armazenagem A armazenagem frigorificada consiste na conservação de produtos congelados ou resfriados em câmaras frigorificadas, com temperatura adequada à sua correta conservação (ABIAF, 2016). Quando recebe mercadorias congeladas, o armazém deve garantir em suas câmaras uma temperatura ambiente geralmente inferior à -18 ºC, com variações de aproximadamente 3 ºC. Já as mercadorias resfriadas são normalmente recebidas a temperaturas entre 0 ºC e 16 ºC. e Como ressalta a Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada (ABIAF), cabe ao proprietário da mercadoria indicar a temperatura para o armazenamento. Por outro lado, o armazém deve garantir a manutenção das condições solicitadas durante todo o processo de armazenagem. Importante, ainda, ressaltar que as mercadorias recebidas com temperaturas acima da solicitada levam algum tempo até atingirem a temperatura contratada para armazenagem. 55 2. Operações Realizadas nos Armazéns Frigorificados A ABIAF (2016) organizou e descreveu as principais operações realizadas nos armazéns frigorificados. Veja, a seguir, como a Associação descreve essas atividades. a) Manuseio de entrada Compreende a descarga dos produtos dos veículos estacionados na porta da plataforma da antecâmara do armazém, conferência, paletização, transporte interno e empilhamento dos paletes nas câmaras de estocagem (ABIAF, 2016). b) Manuseio de saída Localização e desempilhamento dos paletes na câmara, transporte para a antecâmara, conferência e carregamento dos produtos nos veículos estacionados na porta da antecâmara do armazém (ABIAF, 2016). c) Manuseio interno Localização e desempilhamento de paletes que estejam em câmara ou túnel decongelamento, reembalagem, reensaque, marcação, pesagem, paletização e posterior transporte para câmara ou túnel (ABIAF, 2016). d) Recuperação de frio e congelamento Retomada da temperatura ideal de frigoconservação, para produtos que apresentem elevada temperatura quando chegam ao armazém (ABIAF, 2016). e) Separação de mercadorias Consiste na separação de dois ou mais itens de produtos que chegam para estocagem, transportados num mesmo veículo, bem como, no picking (separação e preparação de pedidos) e/ou fracionamento de lotes de produtos para saídas parciais ou totais com destinos distintos (ABIAF, 2016). 56 3. Responsabilidades na Armazenagem Os funcionários dos armazéns não conhecem todas as condições anteriores à chegada do produto, inclusive aspectos de transporte, fabricação, e no caso de alimentos perecíveis, as condições de colheita e preparo. a No momento do recebimento da mercadoria, deve ser realizada uma inspeção visual com o intuito de identificar danos aparentes, os quais devem ser apontados no procedimento de entrada. Quando armazenadas na temperatura correta contratada, o armazém não responde por mercadorias que tenham sofrido alterações de peso ou de qualidade dentro das câmaras frigorificadas. O armazém também não se responsabiliza por alterações de cor em consequência de tempo de armazenagem ou qualquer dano proveniente do armazenamento ou acondicionamento das mercadorias, desde que seja comprovado que foram mantidas as condições contratadas. Casos de faltas ou avarias de mercadorias ocorridas por falhas no processo de armazenagem acarretam responsabilidade pelos danos por parte do armazém. Quando ocorrerem diferenças na descarga entre produto e nota fiscal, os responsáveis pelo armazém devem informar imediatamente o ocorrido, verbalmente ou por escrito, para que sejam tomadas as devidas correções fiscais. e Caso seja detectada a falta ou avaria nos produtos armazenados, a responsabilidade financeira do armazém se limita ao valor declarado pelo depositante das mesmas, na ocasião do depósito ou correções posteriores. O armazém não responde por (ABIAF, 2016): • faltas ou avarias em mercadorias, quando constatadas fora do estabelecimento. 57 • eventuais danos causados aos produtos armazenados em virtude de interrupção do fornecimento de energia elétrica oriundas de caso fortuito ou de força maior, quando efetivamente comprovado que tais falhas foram geradas pela concessionária da rede pública de abastecimento e de distribuição de energia. 4. Seguro A ABIAF (2016) também esclarece eventuais dúvidas a respeito do seguro das mercadorias. De acordo com a Associação, cabe ao armazém contratado tomar as providências necessárias à emissão dos seguros para amparo dos bens sob sua guarda, contra danos aleatórios, com montantes de cobertura equivalentes aos valores de reposição de tais bens, limitados, sempre no máximo, ao valor declarado pelo Contratante na Nota Fiscal entregue ao responsável do armazém, quando da recepção de tais bens. Ressalta-se que o armazém não se responsabiliza por perdas provenientes de danos aleatórios, ou seja, aqueles de origem súbita, imprevisível e acidental, sofridos pelos bens declarados em contrato. Ficam excluídas do seguro as perdas derivantes de vício próprio ou intrínseco, má qualidade, mau acondicionamento, fermentação e combustão espontânea de tais bens. 58 Resumindo Os armazéns são responsáveis pela manutenção da carga nas mesmas condições em que foram recebidas, considerando-se a temperatura estabelecida em contrato. O proprietário da mercadoria deve indicar a temperatura para o armazenamento, e o armazém deve garantir a manutenção das condições solicitadas durante todo o processo de armazenagem. O armazém deve providenciar o seguro das cargas sob sua guarda. Glossário Avarias: estragos, danos, prejuízos. Perecíveis: que tende a perecer; que se deteriora; deteriorável: alimento perecível. Proveniente: originário; que teve sua origem em; que provém de. 59 d 1) O armazém frigorificado recebe mercadorias congeladas, garantindo em suas câmaras uma temperatura ambiente: a. ( ) Geralmente superior a 0º. b. ( ) Geralmente inferior à -18º. c. ( ) Sempre superior a 10º. d. ( ) Sempre positiva. 2) A atividade de manuseio de entrada compreende: a. ( ) Carga, recarga, transporte e consumo. b. ( ) Descarga, transporte, embalagem e consumo. c. ( ) Descarga, conferência, paletização, transporte interno e empilhamento. d. ( ) Desempilhamento, transporte, conferência e carregamento. 3) A recuperação de frio e congelamento consiste na recomposição da temperatura ideal de frigoconservação, para produtos que apresentem elevada temperatura na chegada ao local de estocagem. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 60 4) O armazém não responde por faltas ou avarias em mercadorias quando as mesmas forem constatadas ________________________. a. ( ) durante a embalagem b. ( ) durante a armazenagem c. ( ) dentro do armazém d. ( ) fora do armazém 61 Referências PEREIRA, V. F.; DORIA, E. C. B.; CARVALHO JÚNIOR, B. C.; NEVES FILHO, L. C.; SILVEIRA JÚNIOR, V. Avaliação de temperaturas em câmaras frigoríficas de transporte urbano de alimentos resfriados e congelados. Ciência &Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n. 1, jan./mar. 2010. POZO, H. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais. São Paulo: Editora Ática, 2008. 62 UNIDADE 6 | RECEBIMENTO E RETIRADA DE MERCADORIAS 63 Unidade 6 | Recebimento e Retirada de Mercadorias f Como sabemos, o armazém é o responsável pela manutenção da qualidade das mercadorias enquanto elas estiverem sob sua guarda. Veja se você está preparado para responder a estas questões: Quais são os cuidados necessários no recebimento de mercadorias? Como é realizada a operação de retirada das mercadorias? Como operar os veículos nas atividades de recebimento e retirada? Os armazéns ficam responsáveis durante certo período pelos produtos entregues a seus cuidados. Portanto, existem certas regras de recebimento e entrega que devem ser cumpridas para garantir a boa execução do serviço. Nesta unidade, vamos saber um pouco mais sobre os procedimentos de recebimento e de retirada de mercadorias, e alguns cuidados com a operação dos veículos frigorificados. 64 1. Recebimento Os funcionários do armazém recebem as mercadorias, identificando-as de acordo com o número de volumes recebidos e a descrição do produto. Estas informações devem constar na Nota Fiscal de armazenagem. O armazém deverá devolver os produtos nas mesmas unidades de volume em que foram recebidos e conforme descrição da Nota Fiscal. Mercadorias consolidadas em embalagens que necessitem de trabalhos, conferência e separação diferentes do convencional devem ter o preço de separação calculado, utilizando-se como base o custo de equipamentos e pessoal necessários. As mercadorias de origem animal depositadas no armazém são fiscalizadas pelo DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Para garantir o cumprimento das legislações nacional e estrangeiras, o DIPOA conta com as Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos Estados e com os Serviços de Inspeção Federal – SIF. b Conheça melhor as atividades do DIPOA acessando a página do órgão diretamente no portal do Ministério da Agricultura através do link a seguir. http://www.agricultura.gov.br/animal/dipoa Segundo a ABIAF (2016), mercadorias classificadas ou compostas de produtos químicos somente poderão ser descarregadasse estiverem acompanhadas das fichas de instruções, nas quais devem constar a formulação, a composição, e recomendações claras sobre manuseio e estocagem, além de especificar os procedimentos de emergência para eventuais acidentes. O armazém poderá recusar o recebimento de produtos químicos cuja formulação, qualidade de embalagem ou grau de risco sejam considerados perigosos, e de produtos que não se enquadram nas normas de segurança do estabelecimento. 65 e O armazém pode – desde que solicitado pelo depositante – reembalar as mercadorias recebidas com embalagens danificadas e/ou insuficientes. O depositante deve fornecer material e arcar com o custo da operação. Durante o processo de recebimento, as mercadorias terão suas temperaturas medidas em três pontos: início, meio e fim da carroceria do veículo transportador. Para fins de registro, a temperatura considerada para o recebimento será a média das três medidas de temperatura. a) Recebimento de congelados As mercadorias que na ocasião do recebimento no armazém tiverem temperaturas superiores a -18ºc sofrerão automaticamente uma recuperação ou reforço de frio e/ou congelamento, de acordo com as faixas abaixo, baseadas no item “congelamento” da proposta comercial: b) Recebimento de resfriados As mercadorias que, na ocasião do recebimento, estiverem com temperaturas em desacordo com a solicitada pelo depositante, ou fora dos padrões exigidos para a devida conservação do produto (caso tenham sido transportada em veículo aberto, baú carga seca ou qualquer outro veículo não adequado para manter a temperatura de conservação) sofrerão automaticamente uma recuperação de frio, baseada em custo constante da proposta comercial. Em ambos os casos (congelados e resfriados) a armazenagem não responderá pela perda de qualidade do produto e/ou mercadoria. O armazém poderá recusar o recebimento de mercadorias nas seguintes condições: Temperatura de recebimento Congelamento Até -12 ºC 20% da taxa de congelamento De -11,99 ºC até -6 ºC 60% da taxa de congelamento De -5,99 ºC até -2 ºC 80% da taxa de congelamento De -1,99 ºC em diante 100% da taxa de congelamento 66 • Com temperatura inferior a 0 ºC e superior a 16 ºC para produtos resfriados; • Com temperatura superior a -16 ºC para produtos congelados; • As que não estejam em perfeito estado de conservação; • As que estejam com embalagens deficientes; • As mercadorias com odores não compatíveis; • As perigosas e que possam causar danos a outras mercadorias, ou interditadas pelo Serviços de Inspeção Federal (SIF); • As que estiverem com data de validade vencida. a A devolução de mercadorias nestas condições não desobriga os contratantes pela reserva de espaço já contratado, mesmo que, em virtude dessa devolução, o proprietário não venha a ocupá- lo. O armazém também deve recusar o recebimento de mercadorias que não estejam acompanhadas de documentos fiscais, sanitários ou quaisquer outros exigidos pelas autoridades. 2. Retirada de Mercadorias Para toda operação de retirada de mercadorias, o armazém coloca-se à disposição do depositante para que este, ou um representante seu, assista à operação e faça a conferência. Na ausência do cliente ou representante para conferência, são consideradas aceitas as quantidades e temperaturas declaradas pelo armazém. 67 Para poder retirar a mercadoria, o depositante deverá solicitá-la pela descrição do produto constante da sua nota fiscal de armazenagem. Caso queira algum lote específico, deverá mencionar o número da nota fiscal de entrada da mercadoria que o armazém fornece. O armazém se reserva o direito de exigir comprovação da liquidação de todos os débitos financeiros e/ou fiscais referentes às operações do depositante, antes da retirada de qualquer quantidade e/ou saldo de estoque. Ao armazém assiste o direito de retenção de mercadorias para pagamento de todos os débitos vencidos ou a vencer, até que eles sejam saldados. 3. Operação de Veículos para Recebimentos e Retiradas Em geral, os armazéns mantêm um regime de programação para todas as movimentações de carga ou descarga de mercadorias. Com isso, os depositantes que programarem suas operações terão prioridade no atendimento. Nesse sentido, a chegada de veículos com mercadorias para estocagem deve obedecer a prévia programação entre o cliente e o armazém. Qualquer modificação na programação deverá ser objeto de novo entendimento entre as partes. Os veículos que se apresentarem no armazém para uma operação, sem a prévia programação, serão atendidos por ordem de chegada, em fila diferente dos veículos já programados. O armazém se exime de qualquer responsabilidade por demoras na carga ou descarga de veículos que estiverem fora de sua programação. e Em geral, os armazéns comprometem-se a concluir a operação de carga e descarga no menor tempo possível, de no máximo 24 horas após a chegada do veículo, desde que programada, salvo existam acordos diferentes entre as partes. 68 4. Aplicação e Pagamento das Tarifas de Armazenagem Para cobrir o custo do espaço, o armazém aplica uma tarifa de armazenagem. Os outros serviços são cobrados conforme suas respectivas tarifas, constantes da proposta comercial e/ou dos acordos específicos firmados entre o armazém e o depositante. As taxas de armazenagem são calculadas por períodos mensais ou quinzenais, obedecendo-se aos critérios: • O cálculo é efetuado no último dia da quinzena ou mês. • A base para cálculo é sempre o saldo em estoque no período anterior, acrescido das entradas ocorridas no período seguinte. • Por quaisquer atrasos no pagamento de débitos, incorrerão as cobranças de atualização monetária, de acordo com as condições vigentes no mercado financeiro. • Serviços especiais, cujas tarifas não constem da proposta comercial, deverão ser alvo de acordo específico entre as partes, resguardando-se ao armazém o direito de não os executar antes de tal acordo. Resumindo Para garantir a qualidade do serviço e o respeito por parte dos contratantes de serviços, os armazéns frigorificados devem seguir certas normas de recebimento e retirada das mercadorias, como em qualquer tipo de armazém. As operações de recebimento e retirada de mercadorias seguem padrões, e devem considerar as características especiais ligadas ao tipo de mercadoria armazenada, especialmente aquelas relacionadas à temperatura. O armazém deve aceitar somente mercadorias acompanhadas de documentos fiscais que atendam à legislação em vigor. Cabe ao depositante analisar se o procedimento fiscal adotado pelo armazém atende às características específicas da sua operação. 69 Glossário Estocagem: ação de desenvolver ou criar estoque (mercadoria acumulada); armazenamento. Manuseio: manejo; ação de manusear. 70 d 1) As mercadorias que estiverem com temperaturas ligeiramente elevadas no momento do recebimento devem passar pelo procedimento de: a. ( ) Recuperação do calor. b. ( ) Liberação do frio. c. ( ) Descongelamento. d. ( ) Recuperação de frio. 2) As mercadorias constituídas por produtos químicos somente poderão ser descarregadas se tiverem fichas de instruções, onde constem sua formulação, composição, e recomendações claras sobre manuseio e estocagem. ( ) Certo ( ) Errado 3) As mercadorias de origem animal depositadas no armazém são fiscalizadas pelo: a. ( ) MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário. b. ( ) DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. c. ( ) MMA – Ministério do Meio Ambiente. d. ( ) DTA – Departamento de Tecnologia de Alimentos. Atividades71 4) Marque V (verdadeiro) ou F (falso). a. ( ) O armazém poderá recusar o recebimento de mercadorias que estiverem com temperaturas muito elevadas. b. ( ) Todo armazém é proibido de estocar qualquer produto perigoso. c. ( ) No recebimento, os produtos devem ter as mesmas unidades de volumes descritos na nota fiscal. d. ( ) O armazém deve recusar o recebimento de mercadorias vencidas. 72 Referências BALLOU, R. H. Logística Empresarial – Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. BOWERSOX, Donald J., CLOSS, David J. Logística Empresarial – O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. Manuseio de Cargas Frigorificadas MÓDULO 3 74 UNIDADE 7 | SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES COM CARGAS FRIGORIFICADAS 75 Unidade 7 | Segurança nas Operações com Cargas Frigorificadas f Como todos os outros operadores de armazéns, aqueles de armazéns frigorificados ficam expostos a riscos para sua saúde e integridade física. Você sabe quais os principais riscos envolvidos com as atividades realizadas nos armazéns frigorificados? Como reduzir os riscos? Quais as medidas de prevenção especificas para estes locais? Nesta unidade, apresentaremos aspectos relacionados aos riscos e perigos presentes no cotidiano de trabalho em armazéns frigorificados. Vamos conhecer, também, as medidas de prevenção para cada situação de risco, com o intuito de evitar acidentes. 76 1. Riscos e Perigos Comuns em Armazéns Os riscos e perigos comuns em armazéns serão aqui divididos, para facilitar seu estudo. Assim, os principais riscos podem decorrer de: • Queda de mercadorias, colapso de estruturas e queda em altura; • Movimento de veículos no armazém; • Operações de carga e descarga de mercadorias; • Ruído. 1.1 Queda de Mercadorias, Colapso de Estruturas e Queda em Altura As mercadorias podem cair quando empilhadas de forma incorreta, colocando em risco todos os funcionários. As prateleiras e racks nunca devem ser carregadas além da sua capacidade máxima. Se esse valor-limite for ultrapassado, existe o risco de colapso da estrutura, e consequente desmoronamento. Outra situação típica causadora de acidentes resulta da utilização de escadas inapropriadas, quando os trabalhadores sobem nas prateleiras para alcançar as mercadorias empilhadas. Medidas de prevenção: • Empilhar firmemente a carga, acomodando os artigos mais pesados na parte inferior. • Assegurar que as prateleiras sejam capazes de suportar as cargas a que estão submetidas, e que estejam firmemente fixadas no solo. • Assegurar que as prateleiras estejam protegidas contra choques mecânicos. • Organizar as prateleiras de modo a permitir o acesso seguro às mercadorias. • Utilizar escadas certificadas e em estado de conservação adequado. 77 1.2 Movimento de Veículos no Armazém O movimento de veículos e de porta-paletes (manuais e elétricos) causa alguns tipos de acidentes, sobretudo choques ou impactos, colisões e perfurações. A utilização do porta-paletes pode, ainda, estar na origem de acidentes que envolvem a queda de mercadorias (das prateleiras ou do próprio veículo). Medidas de prevenção: • Delimitar no pavimento a zona de circulação de veículos e a zona destinada ao trabalho e circulação de pessoas. • Se possível, estipular sentidos únicos de circulação. • Restringir o acesso às áreas perigosas tais como as zonas de carregamento e descarregamento de mercadorias. • Verificar o estado de conservação dos veículos com regularidade e fazer reparações quando necessário. • Dotar os veículos de buzina, luzes de marcha e outros sinais sonoros que indiquem manobras perigosas (sinal sonoro para a manobra de marcha-ré). • Assegurar que as prateleiras e racks se encontram protegidas contra choques mecânicos acidentais. 1.3 Operações de Carga e Descarga de Mercadorias Ao carregar e descarregar os veículos, podem ocorrer acidentes devido à movimentação prematura dos veículos ou ainda devido à má sustentação e consequente queda de mercadorias. Medidas de prevenção: • Treinamento dos responsáveis pela movimentação de máquinas e mercadorias. 78 • Prever dispositivos para impedir o movimento prematuro dos veículos. • Manter os garfos das empilhadeiras e porta-paletes em bom estado de conservação, para que possam suportar as mercadorias de modo eficiente. • Assegurar que a movimentação das mercadorias só é efetuada depois da carga devidamente fixa. Movimentar os equipamentos sem fazer movimentos bruscos. 1.4 Manuseamento de Substâncias Perigosas Determinadas mercadorias podem ser classificadas como perigosas ou altamente inflamáveis. A exposição e manipulação de substâncias perigosas pode trazer consequências adversas para a saúde dos trabalhadores e colocar em risco a segurança das próprias instalações. Medidas de prevenção: • Obter informações relativas aos riscos associados ao tipo de substâncias armazenadas (analisar a ficha dos produtos e adotar precauções). • Fornecer aos trabalhadores treinamento e equipamentos de proteção. • Armazenar os produtos de acordo com suas propriedades físico-químicas. • Inspecionar convenientemente todas as embalagens. Aquelas que se apresentarem deterioradas devem ser colocadas à parte das restantes para evitar eventuais derrames e contaminações. 1.5 Ruído Nos armazéns, os níveis de ruído não são muito elevados e não ultrapassam 85 dB(A). Apesar de pouco provável, é possível que haja necessidade de realização de trabalhos específicos que impliquem na utilização de ar comprimido. Se isso acontecer, existe a possibilidade de se ultrapassar o valor limite de exposição, que equivale a 90 dB(A). 79 Medidas de prevenção: • Isolamento do depósito de ar comprimido num compartimento apropriado ou proceder a seu encapsulamento. • Definir um plano de manutenção do equipamento. • Utilização de protetores auriculares apropriados ao tipo de ruído. • Promover a rotatividade dos trabalhadores nos postos de trabalho ruidosos. 1.6 Riscos Elétricos Os acidentes envolvendo a rede elétrica acontecem, principalmente, devido à utilização incorreta de equipamentos, ou à falta de manutenção dos equipamentos ou instalações. Medidas de prevenção: • Ligar à terra os equipamentos elétricos. • Estabelecer um plano de manutenção adequado aos equipamentos. • Utilizar calçado que permita o isolamento elétrico (quando necessário). 2. Riscos Específicos de um Armazém Frigorificado Trabalhar em ambientes muito frios apresenta risco para os trabalhadores que atuam no manuseio das mercadorias. Os principais riscos são: 80 • Riscos devidos à exposição do organismo a temperatura baixa. • Riscos de exposição à inalação de gases de refrigeração. • Riscos de quedas de mercadorias. e O principal risco para saúde é o risco de hipotermia, que se caracteriza por queda da temperatura interna do organismo para um patamar inferior a 35 °C. Para evitar esse tipo de acidente é necessário utilizar roupas especiais, que são térmicas e cobrem toda a superfície do corpo. Devem ser utilizadas, também, luvas para proteção das mãos durante o manuseio de produtos, pois as queimaduras pelo frio ocorrem, principalmente, nas extremidades. Outros efeitos tais como fadiga, gripe, bronquite e o fenômeno de Raynaud (dedos brancos e doloridos) podem aparecer. Nos armazéns, também existem os riscos de inalação de gases de refrigeração por vazamento. O vazamento de amônia pode provocar irritação pulmonária. Já com o vazamento de HCFC, em local fechado, pode ocorrer asfixia. Para prevenir tais acidentes, normas técnicas de vigilância levaram à instalação de modernos sistemas de detecçãode vazamento. É importante lembrar a importância de instalar portas especiais para as câmaras frigoríficas. As portas automáticas são ideais, pois proporcionam a redução do consumo de energia e do desgaste do equipamento de refrigeração devido à redução na vazão do ar. Integrado ao comando elétrico, na folha da porta é instalado um sistema de fotocélula de segurança. No caso de existir um obstáculo nos trilhos, um sistema de sensor eletrônico detecta o obstáculo e inverte o sentido da rotação do motor, impedindo acidentes com pessoas ou cargas. As câmaras devem conter, ainda, dispositivos de segurança para saída de emergência, caso o funcionário fique trancado em seu interior. 81 Resumindo Garantir a qualidade de produtos armazenados em condições de congelamento ou de refrigeração exige uma excelente gestão de qualidade. Os produtos armazenados nessas condições são muito sensíveis, e qualquer alteração pode danificar de forma irreversível suas características. Trabalhar nessas condições extremas gera altos riscos para os operadores e trabalhadores dos armazéns. As precauções são, portanto, imprescindíveis. Além disso, uma melhor capacitação dos colaboradores é um fator-chave para garantir a qualidade dos serviços e produtos e assegurar a segurança dos trabalhadores. Glossário Colapso: Estado de choque ou ruína; estado daquilo que está desmoronando, do que está em crise ou prestes a acabar. Inalação: Procedimento que consiste na absorção ou ingestão de medicamentos através das vias respiratórias. Inflamáveis: O mesmo que: acendíeis, incendiáveis e queimáveis. 82 d 1) Ao utilizar veículos para a movimentação de mercadorias é importante: a. ( ) Delimitar no pavimento a zona de circulação de veículos e a zona destinada ao trabalho e circulação de pessoas. b. ( ) Proibir o tráfego de pessoas. c. ( ) Remover do interior do armazém qualquer tipo de produto. d. ( ) Evitar a circulação de mais de um veículo no interior do armazém. 2) Nos armazéns, os níveis de ruído não são muito elevados. Em geral eles não ultrapassam: a. ( ) 85 Volts b. ( ) 85 dB(A) c. ( ) 15 dB(A) d. ( ) 15 Amperes (A) 3) Toda mercadoria empilhada tende a cair, sendo um risco constante para todos os empregados e trabalhadores dos armazéns frigorificados. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 83 4) O principal risco para a saúde do trabalhador de armazéns frigorificados é o de _______________________, que se caracteriza por queda da temperatura interna do organismo para um patamar inferior a 35 °C. a. ( ) hipografia b. ( ) hipertensão c. ( ) hipertermia d. ( ) hipotermia 84 Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Nota técnica nº 03/2004: refrigeração industrial por amônia: riscos, segurança e auditoria fiscal. Brasília: MTE, SIT, DSST, 2005. PEREIRA, D. Importância da Cadeia de Frio na Segurança Alimentar de Produtos Congelados e Refrigerados. Escola Superior Agrária de Coimbra, Mestrado Engenharia Alimentar, Segurança Alimentar, 2010/2011. 85 UNIDADE 8 | CONTROLE DA QUALIDADE DAS CARGAS FRIGORIFICADAS 86 Unidade 8 | Controle da Qualidade das Cargas Frigorificadas f Como deve ser feito o controle da temperatura de armazenagem? A umidade é tão importante quanto a circulação do ar? Quais produtos podem ser colocados juntos e quais devem ser isolados? A garantia de qualidade dos produtos armazenados depende de vários fatores. O controle da temperatura e umidade é essencial para a manutenção das características dos produtos. Assim, para finalizar o curso, apresentaremos a seguir algumas importantes informações sobre o controle de qualidade necessário para garantir a boa conservação dos produtos armazenados, e os cuidados indispensáveis para trabalhos em ambiente frio. 87 1. Temperatura A variação na temperatura de armazenamento é um dos principais fatores que alteram os produtos alimentícios, podendo induzir-lhes deteriorações irreversíveis e trazer riscos de intoxicação e infecção para os consumidores. Por esse motivo, sistemas de gestão de temperatura – compostos de equipamentos de medição com sensores e de um sistema de registro dos dados – são imprescindíveis. e É comum encontrar no mesmo armazém o uso simultâneo de sistemas manuais (com termômetro e leitura visual e registro em planilha de papel) e sistema de sensor e registro de dados informatizado. A gestão de temperatura por sistemas informatizados oferece a possibilidade de controle contínuo das temperaturas de estocagem nas diversas câmaras frias ou de congelamento, permitindo centralizar as informações e promover ações corretivas imediatas em caso de falha. O controle das temperaturas do ambiente pode ser feito junto com o acompanhamento e registro das temperaturas dos produtos. Os sensores ou termômetros devem ser colocados em altura e locais apropriados, em observância à circulação do frio na câmara, e longe de áreas de muita oscilação, como próximas a ventiladores ou entradas. A quantidade de sensores a instalar depende da área e volume de estocagem. Um sensor único pode servir a câmaras pequenas. No entanto, são necessários pelo menos quatro deles em câmaras cujos volumes oscilem entre 30.000 e 60.000 m3. Para armazéns maiores devem ser instalados seis sensores ou mais, a depender da área. 88 2. Umidade Relativa do Ar Esse fator é de extrema importância durante a estocagem. Ambientes com umidade relativa inadequada durante o armazenamento, podem gerar perda de peso importante para os produtos. Para garantir a qualidade dos produtos, pode-se aumentar a resistência à transmissão de umidade com embalagens apropriadas ou trabalhar em umidade relativa controlada. e O controle da umidade relativa é feito por higrômetros ou psicrômetros, que é um instrumento de medida da umidade relativa do ar por diferença de temperatura entre dois termômetros. 3. Circulação do Ar Para garantir uniformidade da temperatura dos produtos armazenados e de umidade relativa do ambiente, é preciso garantir uma circulação de ar adequada. Para conseguir condições uniformes quando são usados sistemas de circulação de ar forçado, é preciso que o ar seja distribuído com uniformidade razoável. Se o circuito de ar implicar em longo trajeto horizontal, os sistemas de estocagem e de fluxo de ar devem ser compatíveis. As fileiras de produtos empilhados podem interferir no sistema de circulação previsto e criar uma circulação não uniforme. Em caso de circulação de ar forçada, assegure-se de não causar desidratação do produto por velocidade excessiva de circulação do ar. 89 4. Isolamento de Produtos Certos produtos podem expelir odores, os quais podem se propagar para outros alimentos (exemplos: peixes, frutas cítricas). Para evitar a troca de odores e a contaminação, é necessário o isolamento de produtos incompatíveis. Alguns produtos podem deixar certos odores residuais e, no caso de estocagem sucessiva, apresentam riscos de prejudicar os produtos que estão sendo estocados. Às vezes, é necessário separar áreas específicas nos armazéns para determinados produtos com odor residual. Em outros casos, utilizam-se revestimentos e equipamentos mais modernos, que evitam a absorção de odores. Em quaisquer circunstâncias, é imprescindível higienizar a área, garantindo não apenas um ambiente limpo, mas também a redução de odores provenientes dos produtos armazenados. Resumindo Para evitar risco de contaminação em produtos perecíveis alimentícios, as exigências de condições higiênicas do ambiente e dos operadores devem ser seguidas.
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