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119 O EMPREGO DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA NA AVALIAÇÃO DE PLUMAS DE CONTAMINAÇÃO POR HIDROCARBONETOS E. Azambuja Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul A. F. U. Costa Universidade Federal do Rio Grande do Sul A. S. Nanni Azambuja Engenharia e Geotecnia Ltda RESUMO: As sondagens indiretas têm sido utilizadas para identificar anomalias no subsolo, como forma de delinear uma envoltória preliminar das contaminações, esboçando a provável dinâmica da pluma e permitindo racionalizar e orientar as prospecções diretas, amostragens e análises geoquímicas. Entre as técnicas que têm sido adotadas para investigar problemas de contaminações com hidrocarbonetos, especialmente em postos de abastecimento de combustíveis, destaca-se o emprego da eletrorresistividade. O presente trabalho apresenta uma revisão dos métodos geofísicos por resistividade elétrica, considerando a sua aplicabilidade na identificação de plumas de contaminação por hidrocarbonetos no solo. São apresentados cinco casos históricos desta aplicação, descrevendo-se os arranjos adotados para a definição da pluma de contaminação, as sondagens diretas e as técnicas de amostragem e análise utilizadas para o diagnóstico. Conclui-se com uma avaliação da aplicabilidade das prospecções geofísicas na avaliação de plumas de contaminação por hidrocarbonetos, destacando-se suas vantagens e limitações. 1. INTRODUÇÃO Um dos problemas de difícil solução nas atividades voltadas para a proteção ambiental consiste na detecção da extensão, em subsuperfície, da contaminação provocada por vazamentos em tanques de combustíveis (gasolina e óleo diesel). Tipicamente as investigações têm sido conduzidas por métodos diretos de prospecção, ou seja, pela execução de uma malha de sondagens mecânicas e coleta de amostras para análise geoquímica. Os problemas relacionados com esse método, em que pese a sua boa acurácia, estão relacionados com o seu custo e morosidade. Os métodos geofísicos elétricos podem auxiliar consideravelmente na solução do problema, permitindo a delimitação rápida e contínua da distribuição lateral e em profundidade da pluma de contaminação. O contraste de resistividade elétrica entre as águas subterrâneas e os hidrocarbonetos é muito grande, normalmente 1 para 1011. As dificuldades que podem ocorrer, e que em certas situações podem resultar em insucessos na aplicação dos métodos, resultam da forma como os contaminantes (gasolina e óleo diesel) comportam-se em subsuperfície e das características elétricas do meio em que se encontram (Mazác et ali. 1994). Na superfície do topo do nível freático, entre a zona normalmente mais resistiva subsaturada e a zona abaixo saturada, mais condutiva, forma-se uma fina camada com hidrocarbonetos livres, cuja detecção através dos métodos elétricos depende basicamente da profundidade em que se encontra. Normalmente, utilizando-se parâmetros adequados, as condições de detecção são favoráveis até profundidades da ordem de 3 metros, em terrenos baixos, formados por 120 sedimentos mais condutivos, com fração argilosa predominante. Em terrenos onde o nível freático é mais profundo e os solos menos argilosos e mais resistivos, a detecção dos hidrocarbonetos livres pode tornar-se muito difícil ou mesmo impossível. Neste caso, a anomalia capaz de ser detectada refere-se normalmente aos hidrocarbonetos adsorvidos às superfícies das partículas do solo, situados na zona parcialmente saturada, acima do nível freático. Nesta zona, a capacidade dos métodos elétricos detectarem a contaminação depende fundamentalmente das características elétricas do meio. Quanto mais resistivo for o material, maior a dificuldade de detecção. Neste trabalho, são apresentados e discutidos os resultados dos estudos realizados em cinco áreas distintas, os quais empregaram, além dos métodos elétricos, as técnicas de sondagens mecânicas, com coleta de amostras de solo e água em diferentes níveis de profundidade, e análises. 2. FASES DE CONTAMINAÇÃO E MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA Os hidrocarbonetos que constituem os combustíveis como óleo diesel e gasolina são compostos de baixa densidade e a maioria dos seus componentes consistem de uma fase não solúvel em água. Normalmente, um vazamento de combustível em um tanque de abastecimento promove diferentes fases de contaminação, conforme relatam Mercer e Coheb (1990). Diante das evidências obtidas em vários trabalhos realizados no sul do Brasil e apoiados em relativo consenso no meio técnico (Kierchheim et al, 1998), propomos a designação de cinco fases de contaminação que tipicamente se manifestam em vazamentos de tanques de combustível e que podem ser assim descritas: Fase adsorvida – constitui no halo de dispersão entre a fonte e o nível freático e caracteriza-se por uma fina película de hidrocarbonetos envolvendo grumos de solo ou descontinuidades existentes no saprólito ou rocha, sendo mais importante para os produtos mais viscosos como o diesel; Fase livre – constitui em um véu não miscível sobre o topo do freático livre e que pode ser mais espesso em casos onde o sistema freático é pouco dinâmico (várzeas); Fase dissolvida – constitui em contaminações por dissolução de aditivos polares e por uma fração emulsionada de hidrocarbonetos que possui maior mobilidade e dissipa-se abaixo no nível freático livre, sendo mais importante para fluidos menos viscosos como a gasolina; Fase vaporizada – constitui uma fase gasosa dos componentes voláteis dos combustíveis e que ocupa vazios do solo ou rocha, sendo mais importante para os hidrocarbonetos de menor ponto de vaporização, como aqueles que compõe a gasolina; Fase condensada – aparece mais tipicamente em áreas urbanas onde a pavimentação do solo é intensa e pouco permeável, caracterizando-se pela acumulação de produtos condensados sob os pavimentos. Na maioria dos casos de contaminação por combustíveis em postos de abastecimento, a preocupação do diagnóstico consiste em delimitar as fases adsorvida e livre, pois estas são as mais importantes no que concerne ao risco ambiental e, além disto, são as fases onde as ações de remediação podem ser mais efetivas. A dinâmica dos contaminantes no solo pode ser modelada através de três mecanismos de transferência de massa, a saber: advecção, dispersão e atenuação. Advecção – consiste no mecanismo onde os contaminantes seguem coincidentemente com os vetores de fluxo e guardam uma relação direta com a velocidade de percolação no solo. É o mecanismo responsável pela formação e pela mobilização da fase livre de hidrocarbonetos. Dispersão – consiste no mecanismo responsável pela diminuição da concentração de contaminantes no fluido de percolação e que pode se dar através de dois processos: dispersão hidrodinâmica e difusão molecular. A dispersão hidrodinâmica acontece pela restrição de fluxo nos poros do solo que gera redução de velocidade da percolação dos componentes mais viscosos. Este processo está associado à redução da espessura da fase livre e também pela produção de uma fração de emulsões que podem compor a fase dissolvida. 121 A difusão molecular é, intrinsecamente, um fenômeno de diluição de componentes solúveis e é o principal processo formador da fase dissolvida, responsável pela maior mobilidade dos contaminantes. Atenuação – consiste na redução de contaminantes transportados pela advecção ou diluição através de reações químicas ou físico- químicas entre o solo e os produtos. A atenuação química é mais intensa em solos com maior capacidade de troca catiônica e atua reduzindo componentes das fases livre e adsorvida. A atenuação físico-química é a responsável pela formação da fase adsorvida e consiste no aprisionamento de contaminantes que se aderem aos grãos do solo, sobretudo aos grumos de argilas com maior atividade. 3. MÉTODOS GEOFÍSICOS POR ELETRORRESISTIVIDADEA medição das resistividades elétricas dos materiais em subsuperfície é feita através de um arranjo de quatro eletrodos, sendo um circuito de emissão de corrente e outro de medição da diferença de potencial. A resistividade elétrica é determinada multiplicando-se a resistência medida por uma constante (k), denominada constante geométrica, que depende da geometria do arranjo de eletrodos adotado. Diversos tipos de arranjo de eletrodos são empregados: Schlumberger, Wenner, Dipolo- dipolo, Polo-dipolo, Gradiente, Unipolo, Três eletrodos, Dois eletrodos, Laterolog, etc. A escolha do arranjo depende principalmente das facilidades executivas, em função do modo de operação adotado para o levantamento. Existem três modos básicos de operação: sondagem, caminhamento, e sondagem- caminhamento. Na sondagem (conhecida como sondagem elétrica vertical ou SEV) mede-se a variação vertical de resistividade, fazendo-se sucessivas leituras com aumento do espaçamento entre os eletrodos de corrente. Essa técnica é adequada aquelas situações em que um modelo formado por uma seqüência de camadas aproximadamente horizontais pode representar a realidade. No caminhamento elétrico a distância entre eletrodos permanece fixa, medindo-se a variação lateral de resistividade. Ideal para estudar situações que podem ser representadas por corpos condutores ou resistivos com alto mergulho, verticais a subverticais. A técnica mais apropriada, sobretudo em áreas complexas, consiste na combinação sondagem-caminhamento, que permite definir tanto as variações verticais como horizontais de resistividade. Nos casos em que o alvo a ser detectado é de pequena dimensão ou apresenta contraste fraco de resistividade em relação à encaixante, a escolha do arranjo depende de outros fatores, além das facilidades operacionais. Dentre estes, destacam-se a profundidade de penetração, a profundidade de detecção, a resolução vertical e lateral obtida. Não são muitos os trabalhos publicados que tratam de analisar o desempenho dos diferentes arranjos. Apparao (1991) analisou diversos arranjos concluindo que, para alvos resistivos (que é o caso dos hidrocarbonetos) nenhum arranjo apresenta comportamento claramente superior aos demais. De qualquer modo, considerando o fator resolução vertical, destaca os arranjos Wenner e Schlumberger. Ward (1994) relacionou 14 fatores importantes na escolha do arranjo adequado, classificando-os por notas de 1 a 5, conforme o desempenho. No que se refere aos dois mais importantes fatores relacionados ao problema da detecção do subsolo por hidrocarbonetos, resolução vertical (camadas horizontais) e lateral (estruturas verticais a subverticais) os arranjos considerados mais eficientes são o gradiente (variação do Schlumberger para caminhamento) para resolução lateral, e os Schlumberger e Wenner para resolução vertical. A escolha do arranjo Schlumberger em SEV’s próximas entre si, permitindo a combinação das informações na forma de sondagem-caminhamento, justifica-se para a solução dos problemas relativos ao presente trabalho. 4. CASOS HISTÓRICOS Foram estudados três locais em zonas baixas onde ocorrem depósitos flúvio-aluviais recentes, com predomínio de sedimentos argilo-arenosos e duas áreas altas formadas por 122 rochas graníticas e granodioríticas com manto de intemperismo espesso e nível freático profundo. O emprego da investigação geofísica teve como objetivo identificar o perfil geotécnico e proceder um delineamento preliminar da extensão da pluma de contaminação. Esse delineamento permite racionalizar o número de sondagens, as profundidades alvo para a coleta de amostras e suas correspondentes análises. Em nenhum caso, portanto, a geofísica foi considerada um método auto-suficiente para o diagnóstico da contaminação. O método eletrorresistividade (ER) foi empregado através das técnicas de sondagens elétricas verticais e de caminhamentos elétricos, através dos arranjos Schlumberger e parâmetros adaptados a cada caso. As SEV's, normalmente visaram a estimativa da profundidade do nível freático e a caracterização indireta do perfil geológico em cada área. Os caminhamentos elétricos visaram a detecção da contaminação em vários níveis definidos. As técnicas de sondagem empregadas foram trado manual e em alguns casos sondagens rotativas até 8 metros. Nas análises para determinação de gasolina e óleo diesel foram empregadas as técnicas de cromatografia a gás e absorção em gel de sílica. Uma síntese de cada caso, mostrando o perfil, arranjos utilizados e a correlação obtida com as amostragens diretas pode ser vista no quadro 1. 4.1 Caso 1 O posto localiza-se sobre sedimentos argilosos recentes dispostos em camadas e lentes. Na realização da prospecção geofísica foi utilizado o arranjo Schlumberger com espaçamento fixo de 5m entre eletrodos de corrente. Este espaçamento visou avaliar a variação da resistividade elétrica em subsuperfície a uma profundidade entre 1,5 e 2,0, intervalo de oscilação do lençol freático e de desenvolvimento da franja capilar. As resistividades elétricas medidas em pontos mais afastados do posto, permitiram identificar valores de background do terreno que compreendem ao intervalo entre 30 e 50 ohm.m. O background sugeriu que valores acima de 50 ohm.m podem significar contaminação e que valores superiores a 100 ohm.m representam anomalias possivelmente associadas à acumulação de hidrocarbonetos ou às fontes dos mesmos. Esses dois valores foram adotados como filtros para a identificação da máxima envoltória de contaminação e para a avaliação das fontes de contaminação, respectivamente. A figura 01 mostra a espacialização das áreas de isorresistividade para os dois filtros escolhidos. Quadro 1 – Síntese dos casos históricos diagnosticados com o auxílio da eletrorresistividade. Caso Perfil Modo de operação Arranjo Correlação com as análises geoquímicas 1 Sedimentos recentes muito argilosos, NF 1,50 m sondagem- caminhamento SchlumbergerBoa 2 Sedimentos recentes arenosos e argilosos, NF 1,60 m sondagem- caminhamento SchlumbergerSatisfatória 3 Sedimentos recentes arenosos e argilosos, NF 3,0 m sondagem- caminhamento SchlumbergerRegular 4 Alteração de granodiorito, NF 7,00 m sondagem SchlumbergerSatisfatória 5 Alteração de sienogranito, NF não identificado sondagem- caminhamento SchlumbergerRuim 123 Na prospecção direta, foram executados cinco furos com trado manual e amostrados níveis de solo até dois metros de profundidade. Os teores de hidrocarbonetos encontrados variaram entre 160 e 390 mg/kg para óleos e graxas e 0,08 e 87,7 mg/kg para gasolina. Foi verificada também a presença de óleo diesel, mas em concentrações pouco expressivas. 50 150 250 350 450 550 650 750 850 950 1050 1150 Av. Farrapos A v. P er na m bu co re si st iv id ad e (o hm .m ) POSTO tanques 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 Av. Farrapos A v. P er na m bu co re si st iv id ad e (o hm .m ) POSTO tanques (A) (B) Figura 01: envoltórias de isorresistividade com filtros em (A) 50 ohm.m e (B) 100 ohm.m. 4.2 Caso 2 Este posto também situa-se em terreno baixo onde predominam sedimentos da calha fluvial de natureza areno-argilosa e depósitos de várzea. O nível freático está a 1,6 m de profundidade, mas sofre variações expressivas mesmo com pequenas contribuições pluviais. Na detecção de anomalias resistivas, as SEV’s revelaram zonas de escape de contaminantes na profundidade de 1,0m junto às instalações do posto. Em profundidades superiores a 1,5m, as linhas de isorresistividade indicam a migração de contaminantes coincidente com as redes de esgoto pluvial e sanitário, uma vez queestas foram reaterradas com solos granulares. As envoltórias de isorresistividade para os níveis 1.0m e 1.6m aparecem na figura 02. Na prospecção direta, foram visados os locais onde as medições geofísicas mostraram resistividades anômalas. Para as anomalias resistivas registradas a noroeste do posto nos níveis 0,6m e 1,0m (figuras 02a), as análises químicas mostraram concentrações de 1.845mg/kg para gasolina e de 57,6mg/kg para óleo diesel. Outra amostragem de solo foi realizada no ponto onde a resistividade se apresentou anômala, em uma porção mais a noroeste, como pode ser visto na figura 02(b). As concentrações de gasolina e óleo diesel encontradas nesta amostra de solo foram 1.131 e 984mg/kg, respectivamente. Amostras coletadas fora da envoltória de anomalia de resistividade apresentaram teores inferiores a 10 mg/kg de hidrocarbonetos. re si st iv id ad e (o h m .m ) Garagem da ATM POSTO p/ casa de bombas A v. V ol un tá rio s da P át ria Rua Hoffmann 0 50 100 150 200 250 re si st iv id a de ( oh m .m ) Garagem da ATM POSTO p/ casa de bombas A v. V ol un tá rio s da P át ria Rua Hoffmann 0 50 100 150 200 250 re si st iv id a de ( o hm .m ) tanques tanques (A) (B) Figura 02: envoltórias de isorresistividade para os níveis (A) 1,0 m e (B) 1,6 m. 4.3 Caso 3 Este posto também encontra-se em terreno baixo onde os materiais que constituem o subsolo são de natureza argilo-arenosa, associando sedimentos de calha fluvial e leques aluviais. O nível freático local encontra- se a 3,0m de profundidade e apresenta oscilações apenas em situações de grande ou constante pluviosidade. A campanha de prospecção indireta procurou determinar resistividades em intervalos de profundidade de 1,0 a 2,0m e 2,5 a 4,5m. Em ambos os níveis, os resultados obtidos foram filtrados em 60 ohm.m, em função das interferências causadas por redes de 124 serviço existentes no subsolo. Foram detectadas anomalias resistivas nos dois níveis amostrados. As envoltórias de isorresistividade para o nível mais profundo são apresentadas na figura 03. A campanha de prospecção direta valeu-se de cinco análises químicas em amostras retiradas em pontos lindeiros ao posto. As concentrações de hidrocarbonetos encontradas foram correlacionadas com as possíveis fases de contaminação existentes em cada nível do subsolo. Cada nível amostrado parece caracterizar uma fase de contaminação e, em especial, as amostras retiradas sob a base dos pavimentos sugerem a presença de uma fase condensada. O quadro 2 mostra os teores para cada fase de contaminação. Quadro 2: Teores de hidrocarbonetos identificados em cada fase de contaminação. Fase Teor (mg/kg) Livre 300 a 500 Adsorvida 30 a 150 Condensada 100 a 300 Figura 03: envoltórias de isorresistividade para profundidades entre 2,5 e 4,0 m. 4.4 Caso 4 Este posto está disposto sobre o manto de alteração de rocha granodiorítica onde intercalam-se solos argilosos e níveis mais granulares. A hidrogeologia local é comandada pelos diferentes materiais que constituem o manto de alteração, sendo verificada a presença de dois aqüíferos: um suspenso a 1,7m e outro livre a 7m de profundidade. Na campanha geofísica, identificou-se anomalias de resistividade superficiais e profundas que coincidiram com os aqüíferos existentes. Na prospecção direta foram coletadas 18 amostras na envoltória resistiva superficial e 9 amostras para a pluma resistiva profunda. O quadro 3 mostra os resultados obtidos. As envoltórias resultantes de ambas prospecções podem ser apreciadas na figura 04. Quadro 3: Teores de hidrocarbonetos encontradas nas amostras de solo. Nível Fase Teor (mg/kg) Superf. Livre 0,01 a 150 Profunda Livre/Adsorvida 0,01 a 497 4.5 Caso 5 Este posto encontra-se disposto sobre manto de alteração de rocha granítica, onde os materiais que compõem o regolito são de natureza areno-argilosa. A campanha de prospecção geofísica executou três SEV’s de calibragem em profundidade e posteriormente mais 44 em 6 diferentes níveis de profundidade. Os resultados obtidos forneceram informações sobre a espessura do manto de alteração e possíveis locais de saturação em água. Devido às características do substrato, o tênue contraste resistivo gerado pelos hidrocarbonetos não foi detectado claramente pelas investigações geofísicas. Na prospecção direta, foram realizados 11 furos e coletadas 14 amostras. Os teores encontrados nas amostras possibilitaram a geração de uma envoltória de contaminação com filtro em 15 mg/kg. Uma comparação entre as envoltórias de isorresistividade e de isoteores de gasolina e diesel para uma profundidade de 1,6m é apresentada na figura 05, na qual fica evidente o insucesso da prospecção geofísica. 60 65 70 75 80 85 90 Av . J os é B on ifá cio R. Oswaldo Aranha Prof. entre 2,5 e 4,0 m POSTO re si st iv id ad e (o hm .m ) 125 Figura 04: Envoltórias de isorresistividades e de isoteores de hidrocarbonetos em área de alteração de granodiorito 15 20 25 30 35 40 co nc en tra çã o m g/ kg 15 25 35 45 55 65 75 85 95 105 115 125 135 co nc en tra çã o m g/ kg 65 115 165 215 265 315 365 415 co nc en tra çã o m g/ kg re si st iv id ad e oh m .m 120 130 140 150 160 170 70 75 80 85 90 95 100 105 re si st iv id ad e oh m .m re si st iv id ad e oh m .m 120 140 160 180 200 220 240 260 280 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 Prospecções Geofísicas Prospecções Geoquímicas PROF. 0,5m PROF. 1,0m PROF. 1,0 A 2,0mPROF. 1,0m PROF. 7,0m PROF. 6,5m 126 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 re si st iv id ad e (o hm .m ) Prof. 1,6 m F11 F9 F2 F10 F1F3 F4 F5 F6 F7 F8 F11 F9 F2 F10 F1F3 F4 F5 F6 F7 F8 15 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 15 100 200 300 400 500 600 700 800 co nc en tr aç ão ( m g/ kg ) co nc en tr aç ão (m g/ kg ) sanga sanga tanques, bombas e rampa de troca de óleo rede de esgoto desativada rede de esgoto atual tanques, bombas e rampa de troca de óleo rede de esgoto desativada rede de esgoto atual sanga tanques, bombas e rampa de troca de óleo rede de esgoto desativada rede de esgoto atual (A) (B) (C) Figura 05: resultados das investigações direta e indireta para profundidade de 1,6m – (a) envoltórias de isorresistividade, (b) isoteores de gasolina e (c) isoteores de diesel. 5. CONCLUSÕESO método de prospecção geofísica por eletrorresistividade apresentou-se como uma ferramenta útil no diagnóstico de plumas de contaminação por hidrocarbonetos e combustíveis correlatos. Entretanto, a técnica mostra-se mais acurada quando associada a determinados perfis de subsolo, especialmente aqueles que favorecem o contraste de resistividade a partir da presença do próprio hidrocarboneto, sabidamente mais resistivo do que a água e do que os argilo-minerais. Em ambientes de depósitos recentes, especialmente nas várzeas com freático próximo à superfície, a geofísica pode determinar com relativa acurácia a fase livre de contaminantes, ou seja, aquelas ocorrências em forma de lâminas não miscíveis sobre o freático. Para freáticos com profundidades superiores a 4 metros, a determinação indireta da fase livre é virtualmente impossível. Em ambientes com menor saturação, a geofísica pode determinar a fase adsorvida dos contaminantes, ou seja, aquela que corresponde ao halo de dispersão de hidrocarbonetos, especialmente se esses produtos forem mais viscosos como o diesel. Essa determinação, todavia, só possui boa correlação com a pluma de contaminação quando essa fase desenvolve-se em solos mais argilosos, onde o contraste de condutividade elétrica é maior. 6. REFERÊNCIAS Apparao, A., 1991, Geoelectric profiling. Geoexploration, 27, 351-389. Kierchheim, R.E.; Cota, S.D.S.; Caicedo, N.L. contaminação de águas subterrâneas por vazamentos em tanques de combustíveis na cidade de Porto Alegre – RS: diagnóstico preliminar. In: II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE QUALIDADE AMBIENTAL, Porto Alegre, 1998. Anais. pp.500-504. Mazác, O., Benes, L., Landa, 1. & Maskova, A. Determination of extent of oil contamination in groundwater by geoelectrical methods. Geotechnical and Environmental Geophysics, Ed: Stanley H. Ward, SEG, V. 11, 1994, pp.107-112. Mercer, J.W.; Coheb, R.M. A Review of immscible fluids in the subsurface: properties, models, characterization and remediation. Journal of Contamin. Hydrology, V.6, 1990. pp. 107-163. Ward, S. H., 1994, Resistivity and induced polarization methods. Geotechnical and environmental geophysics. SEG, Volume I, 147-190
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