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CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula Demonstrativa Prof. Antonio Nóbrega Estimados amigos e concurseiros, apresentamos a vocês, nas linhas a seguir, o nosso Curso de Atendimento, voltado especificamente para o concurso de nível médio do Banco do Brasil, cargo de Escriturário. O concurso do Banco do Brasil é uma excelente oportunidade para aqueles que desejam o ingresso em uma instituição financeira pública tradicional e sólida, constituída sob a forma de sociedade de economia mista. De acordo com o edital divulgado recentemente, as provas serão realizadas pela Fundação Cesgranrio e estão marcadas para o dia 25/03/12, o que evidencia a necessidade de que você, candidato, inicie seus estudos o mais breve possível. O conteúdo de nosso curso está presente na parte específica da matéria. De acordo com o edital, serão cobradas doze questões acerca da matéria de Atendimento, seis com valor de um ponto e seis com valor de dois pontos, o que totaliza dezoito dos sessenta pontos que serão atribuídos à prova de conhecimentos específicos. Assim, candidato, percebe-se a relevância do conteúdo que será debatido nesta e nas próximas aulas na composição da nota final do concurso. Considerando a importância dos tópicos discutidos, os assuntos serão apresentados de modo didático e objetivo, sem prescindir da profundidade necessária para que o candidato possa obter uma boa colocação no concurso. Nossa meta é permitir ao aluno, independentemente de sua experiência profissional ou acadêmica anterior, a compreensão da matéria na plenitude necessária para garantir a aprovação. Após estas breves palavras introdutórias, gostaria de me apresentar a todos vocês. Alguns talvez já me conheçam, uma vez que fui professor da matéria referente à Legislação Básica de Seguros para o concurso da SUSEP, Direito Empresarial para o concurso de Auditor Fiscal do DF e de Direito do Consumidor para o Procon-DF. Meu nome é Antonio Carlos Vasconcellos Nóbrega, 34 anos, tenho formação jurídica e moro em Brasília desde 2008. Ingressei no serviço público em 10 de outubro de 2008, quando tomei posse no cargo de Analista de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União (CGU), umas das chamadas Carreiras Típicas de Estado, após aprovação CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 no respectivo concurso público. Atualmente ocupo o cargo de Chefe de Gabinete Substituto da Corregedoria-Geral da União. Dois anos antes, já havia obtido êxito na aprovação no concurso público para provimento do cargo de Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Na carreira jurídica, durante cinco anos fiz parte dos quadros de um renomado escritório de advocacia que atua no mercado de seguros, quando tive a oportunidade de defender grandes empresas do ramo junto à esfera judicial e administrativa, além de trabalhar na área de Direito do Consumidor. Atuei, ainda, no combate à fraude contra o seguro, tendo sido responsável pela coordenação do Departamento Jurídico Criminal do escritório, cuja principal ocupação era identificar possíveis pleitos indenizatórios irregulares e a consequente aplicação da lei ao caso analisado. Diante da necessidade de constante atualização, cursei e concluí duas pós-graduações, uma em Direito do Consumidor, na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro (EMERJ), e outra em Direito Empresarial, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda na cidade do Rio. Além disso, participei de diversos cursos na Escola Nacional de Seguros - FUNENSEG, por onde publiquei um ensaio sobre o Contrato de Seguro e o Código de Defesa do Consumidor. Na área acadêmica, tive a oportunidade de coordenar um curso de combate à fraude contra o seguro no Rio de Janeiro, ocasião em que lecionei matérias ligadas ao Direito Civil, Direito e Processo Penal e legislação específica atinente ao universo do seguro. Amigo candidato, todos sabemos das dificuldades de aprovação em um concurso público, tal como esse que você está prestes a enfrentar. A grande concorrência pelas vagas resulta, inicialmente, em certa apreensão e ansiedade por parte do candidato. Mas você não está sozinho nesta jornada. Já é hora de pensar que a aprovação é um sonho possível, e que o êxito em um concurso público será a recompensa final pela perseverança e dedicação daqueles que não hesitarem em transpor os obstáculos naturais deste caminho. Este é o nosso objetivo. Então, vamos aos trabalhos? O curso que iremos iniciar será dividido em cinco aulas (contando com esta demonstrativa) com os seguintes temas: CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 Disciplinas Data da divulgação das apostilas Introdução ao Direito do Consumidor, características e natureza do CDC e conceitos básicos. - Política Nacional de Relações de Consumo, direitos dos consumidores, qualidade e segurança dos produtos e serviços, vício e fato do produto ou serviço, práticas comerciais. 24/01/12 Regime jurídico dos contratos de consumo, cláusulas abusivas, contratos de adesão, sanções administrativas, Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, Crimes nas Relações de Consumo. 31/01/12 Marketing em empresas de serviços, diferenças entre marketing de bens e marketing de empresas de serviços, satisfação, valor e retenção de clientes, propaganda e promoção, telemarketing. 16/02/12 Vendas: técnicas, planejamento, motivação para vendas, relações com clientes. Etiqueta empresarial: comportamento, aparência, cuidados no atendimento pessoal e telefônico. Lei nº 10.048/00 (dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica), Lei nº 10.098/2000 (estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida - Lei da Acessibilidade), Decreto no. 5.296/2004 que regulamenta as leis nºs 10.048/2000 e 10.098/2000, Resoluções CMN nº 2.878/2001 e nº 2892/2001 (Código de 06/03/12 CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 Defesa do Consumidor Bancário). Repare, candidato, que nas duas próximas aulas nosso objetivo será trabalhar a Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) sob uma ótica diferenciada, com apontamentos dos dispositivos legais que apresentam uma carga de conteúdo que pode ser incorporado em uma questão de concurso. É certo, também, que a mera apresentação ou menção a artigos, que visem a simplesmente fazer com que o candidato memorize o texto legal, poderá causar alguns problemas no momento da realização da prova, principalmente quando ocorrer o tão temido “branco” em hora de nervosismo. Torna-se necessária, então, uma leve abordagem doutrinária sobre alguns temas, principalmente aqueles que apresentam especificidades não encontradas usualmente pelos candidatos. Alguns termos e expressões, utilizados na redação das normas, que serão debatidas nas aulas seguintes, exigem um conhecimento pontual para sua total compreensão. Com uma boa base de conhecimento teórico, será possível ao candidato analisar uma questão e, mesmo que não se recorde com exatidão do texto legal, deduzir qual é a opção correta (ou pelo menos quais respostas estão possivelmente erradas). Para reforçar o conhecimento que será discutido nas aulas seguintes, serão apresentados exemplos e exercícios, muitos retirados dasprovas de concursos anteriores. Recomendamos, desde já, que a leitura dos artigos das Leis, Decretos e Resoluções citados seja feita repetidamente pelo candidato e em conjunto com o estudo de nossas aulas. Tal tarefa inicialmente parecerá enfadonha e cansativa, mas vou lhe dar uma dica: procure sublinhar os dispositivos mais relevantes e aqueles que realmente têm chance de serem explorados pela banca, para que na segunda leitura você possa se limitar a tais artigos, repetindo-os em voz alta e dando uma aula para si mesmo. E então candidato, vamos começar nosso caminho em direção à aprovação? CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 AULA DEMONSTRATIVA ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 1) Introdução ao Direito do Consumidor 2) Características e natureza do CDC 3) Conceitos de consumidor e fornecedor 4) Conceitos de produto e serviço 5) Exercícios 1) Introdução ao Direito do Consumidor Candidato, as palavras a seguir têm como escopo apenas introduzir o tema, para que você possa se familiarizar com os contextos históricos mundial e nacional que resultaram na promulgação da Lei nº 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor. Assim, não há necessidade de se preocupar em memorizar ou se aprofundar neste assunto, tendo em vista que dificilmente será objeto de uma questão de concurso. Até o início do século 20, as relações de consumo, ocorriam num ambiente firme de confiança entre contratantes, que se conheciam como pessoas. O comerciante e o cidadão-consumidor habitavam em comunidades menores, nas pequenas cidades, ou nos grandes centros, em bairros em que eram mantidas as relações de proximidade. Por uma necessidade histórica, houve a invenção da máquina de produção em série e o incremento da circulação de bens e serviços. Surgiram as grandes redes distribuidoras e o comércio também em rede, em que as relações foram levadas ao extremo da despersonalização. O consumidor já não conhecia mais (necessariamente) o fornecedor de bens e serviços. E cai em desuso até mesmo uma expressão clássica no comércio: “comprei na mão de fulano”. Com a despersonalização do trato comercial, a publicidade passa a ocupar o lugar que antes pertencia ao “bom nome” do comerciante/fornecedor de serviços. O consumidor, que já não pode mais se valer da confiança pessoal e boa fama do comerciante, a quem agora desconhece, fica à mercê de engrenagens poderosíssimas de publicidade, que dão ao produto e aos serviços uma aparência destinada à vitrine e que nem sempre corresponde à realidade. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 Cria-se um estado de desinformação do consumidor, exatamente em consequência do aparecimento das formas de produzir informação, dirigida a resultados comerciais. O consumidor perde o controle do ato que deve anteceder a qualquer negócio: a serenidade, a boa certeza da escolha. Desamparado, é natural que acabe por tentar a organização do lado que passa a ser mais fraco e mais desinformado na cadeia de relações de produção, venda e compra. Surgiu então, em Nova York – a capital mundial de um mundo novo consumista – uma primeira organização voltada à defesa do consumidor: New York Consumers League, fundada em 1891. E já na década de 30 do século 20 surgem grupos de defesa do consumidor na Inglaterra, Itália e França. Finalmente, terminada a Segunda Grande Guerra, o movimento chega ao Canadá ao mesmo tempo em que se espalha por toda a Europa. O movimento consumerista, aos poucos, ia deixando de ser visto como bandeira de inconformados, assumindo coloração que lhe é própria, de defensor da cidadania. A matéria passou a ter presença na ONU: em 11 de dezembro de 1969 foi aprovada a Resolução nº 2.542, em que era proclamada a declaração sobre progresso e desenvolvimento social. E, posteriormente, em 1973, quando a Comissão de Direitos Humanos da Organização reconheceu, formalmente, a existência de direitos fundamentais e universais do consumidor. O Brasil não ficou alheio à movimentação mundial em favor de mais ética nas relações de consumo. Em 1978 foi criado em São Paulo, por meio da Lei nº 1.903/78, o primeiro Procon tal como conhecemos, com o nome de Grupo Executivo de Proteção Consumidor. Em nível federal foi criado em 1985 o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, substituído pela atual Secretaria Nacional de Direito Econômico. Na verdade, desde quarenta anos antes o Brasil já se preocupava com o assunto: a célebre e raramente usada (embora frequentemente invocada) Lei da Usura (Decreto nº 22.626) é de 1933. Normas de proteção à economia popular surgiram desde então: Decreto-Lei nº 869/38, e Decreto-Lei nº 9.840/46, trataram dos crimes - na relação de consumo - contra a economia popular. Em 1962 aparece a Lei nº 4.137 – que trata da repressão ao Abuso do Poder Econômico -, revogada posteriormente pela Lei nº 8.884/94, trazendo, entre outras novidades, a criação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que ainda hoje funciona, dentro da estrutura do Ministério da Justiça e que, de modo reflexo, pode atuar nas relações de consumo. Em 1984 um novo e significativo avanço: a edição da Lei nº 7.244 (que seria revogada pela Lei nº 9.099/95), que autorizou os Estados a criarem e CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 darem funcionamento aos Juizados de Pequenas Causas. Em julho de 1985 foi promulgada a lei que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao consumidor, e que deu início à tutela jurisdicional dos interesses difusos no Brasil. Junto com a Lei foi assinado o Decreto Federal nº 91.469 (alterado pelo Dec. nº 94.508/87), pelo qual foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, na estrutura do Ministério da Justiça. Esse órgão foi extinto no Governo Collor, e substituído pelo Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor. O coroamento de toda essa movimentação em favor dos direitos fundamentais e essenciais do consumidor viria em outubro de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, em cujo texto restou consignado, no inciso XXXII, do art. 5º, a seguinte redação: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” Mais adiante, o inciso V do art. 170 elevou a defesa do consumidor a um dos princípios da Ordem Econômica de nosso País. E foi nesse contexto que, em 11 de setembro de 1990, teve-se a promulgação da Lei nº 8.078, que passou a ser conhecida como Código de Defesa do Consumidor, indiscutivelmente uma das maiores conquistas da cidadania brasileira. 2) Características e natureza do CDC 2.1 Natureza principiológica De acordo com o que foi debatido até agora, torna-se evidente a vocação constitucional do CDC, já que nasceu em virtude de disposições previstas na Constituição Federal de 1988. Com efeito, a natureza diferenciada da Lei nº 8.078/90 gera consequências no modo de interpretação dessa norma, na interação com outras leis e no seu papel dentro do sistema jurídico nacional. Diante deste quadro, é relevante atentar para a natureza principiológica do Código de Defesa do Consumidor, o que significa dizer que CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 apresenta normas que veiculam valores e estabelecem objetivos a serem alcançados. É certo que normas que criam metas e apresentam conceitos abertos constituem uma excelentematéria-prima para que o intérprete da lei possa aplicar regras protecionistas – como aquelas positivadas pelo Código de Defesa do Consumidor – a variadas situações concretas, que se apresentam no dia-a- dia da sociedade moderna. Pode-se até afirmar que estes conceitos indeterminados possibilitam que a lei se adapte às mudanças sociais naturais que ocorrem ao longo dos anos, sem que haja necessidade de atualização do texto legal. Os fins e objetivos traçados notadamente pelo art. 4º da Lei 8.078/90 (dispositivo que será debatido na próxima aula) corroboram as afirmativas acima. Por exemplo, ao dispor que a Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o respeito à saúde e segurança dos consumidores, possibilita- se a implementação de uma gama de ações positivas, com o intuito de adequar os produtos e serviços oferecidos no mercado de consumo a certos padrões que garantem o atendimento a este princípio. Ademais, gera para o Estado a obrigação de atuar de modo coercitivo diante das mais diversas situações que ponham em risco a segurança dos consumidores, como quando são colocados no mercado produtos que não obedecem às exigências mínimas de segurança, nos termos dos regramentos estabelecidos pelos órgãos competentes ou, ainda, quando são oferecidos serviços que flagrantemente podem colocar em risco o bem-estar e a saúde dos consumidores. Perceba candidato, que, desta forma, o Código de Defesa do Consumidor acaba por gerar metas e objetivos a serem cumpridos pelos órgãos executivos de nosso País, além de fornecer uma teia de regras e conceitos que passar a influenciar de modo decisivo o Poder Legislativo e que podem ser aplicados em casos concretos levados ao Poder Judiciário. 2.2 Microssistema É necessário atentar, ainda, para o fato de que, ao explicitar os comandos constitucionais a respeito do Direito do Consumidor e estabelecer princípios e valores próprios, a Lei 8.078/90 criou um microssistema dentro do ordenamento jurídico nacional. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 Assim, ao interpretar o CDC, é necessário considerar que o sistema inaugurado por aquela lei tem vida própria e autonomia em relação a outras normas. Com efeito, é predominante atualmente o entendimento de que as regras previstas no Código de Defesa do Consumidor irão incidir em determinada situação concreta, ainda que já existam normas que disponham sobre aquele tema, desde que configurada a existência de uma relação de consumo. Então candidato, para melhor compreensão, pense no seguinte exemplo: um contrato de seguro é regido basicamente pelos arts. 757 a 802 do Código Civil. Todavia, como veremos adiante, a relação entre o segurado e a seguradora é uma relação de consumo e, desta forma, é certo que as regras apresentadas no Código de Defesa do Consumidor também irão incidir. Assim, não há de se falar em supremacia do Código Civil e consequente afastamento da Lei Consumerista naquele tipo de relação. Pelo contrário, deve- se buscar estabelecer um diálogo, que resulte em um entendimento harmonioso e pacífico entre aquelas normas – a doutrina comumente refere-se a tal fenômeno como “diálogo de fontes”. Frise-se, contudo, que, diante de uma situação onde esteja configurada uma hipótese de relação de consumo, caso tal diálogo ainda não seja suficiente para resolver um conflito entre normas, deve-se considerar a natureza dos direitos garantidos pelo CDC e sua vocação constitucional, de modo que as regras trazidas pela Lei 8.078/90 – que tem como principal escopo a proteção da parte mais fraca em uma relação jurídica – sejam observadas em primeiro plano. Evidencia-se que o CDC tem característica multidisciplinar, relacionando- se com diversos ramos do direito, desde que presente, repise-se, uma relação de consumo. O microssistema criado pelo Direito do Consumidor, nesta linha de entendimento, passa a ter a possibilidade de atuar ao lado de outros segmentos de nosso ordenamento jurídico, garantindo a proteção da parte vulnerável da relação. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 3) Conceitos de consumidor e fornecedor 3.1 Conceito de consumidor Nos tópicos anteriores foi esclarecido que as relações de consumo recebem um tratamento diferenciado por parte de nosso ordenamento jurídico, tendo em vista, em apertada síntese, a necessidade de proteger a parte mais fraca daquela relação. Assim, candidato, chegou o momento de apontar quais são os elementos que indicam se determinada relação jurídica é ou não de consumo. Um contrato de compra e venda de um imóvel, celebrado entre dois amigos merece ser regido pelo CDC? E o contrato bancário celebrado por uma pessoa com uma instituição financeira? Se uma clínica alugar seu espaço para que médicos atendam a seus pacientes estará caracterizada relação de consumo? E quando uma empresa compra ações no mercado de outra? Diante de indagações desta natureza e da diversidade de relações jurídicas que presenciamos em nosso cotidiano, é necessário que sejam investigados todos os requisitos necessários para que se configure uma relação consumerista. O primeiro deles é a existência de um consumidor. Ao dispor sobre tal conceito, a Lei nº 8.078/90, no caput do seu art. 2º, reza o seguinte: “Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.” Código de Defesa do Consumidor Lei nº 8.078/90 Natureza principiológica Microssistema jurídico CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 Da própria redação do texto legal é possível extrair alguns elementos inerentes à ideia de consumidor. Com efeito, denota-se que tanto uma pessoa física como uma pessoa jurídica podem assim ser classificadas. Todavia, é preciso cautela ao enquadrar uma empresa ou qualquer outra pessoa física ou jurídica como consumidora. Destarte, o texto legal acima reproduzido também determina que a utilização ou aquisição de um produto ou serviço ocorra na qualidade de destinatário final. E o que isso significa? Bem candidato, ao dispor desta forma, a lei exige que aquele produto ou serviço não seja incorporado, por exemplo, à cadeia de produção de uma determinada empresa. O bem ou serviço não deve ser repassado a um terceiro, sua função deve ser exaurida pela própria pessoa física ou jurídica. Ou seja, uma fábrica que adquire insumos ou matéria-prima essenciais ao funcionamento de sua linha de produção não poderia, nesta hipótese, ser considerada como consumidora, tendo em vista que a utilização daqueles produtos não ocorre na qualidade de destinatária final. Consequentemente, não se aplicará a Lei nº 8.078/90. Por outro lado, se uma concessionária de veículos adquire móveis de escritório para seus funcionários, é possível afirmar que tal contrato de compra e venda será regido pelo Código de Defesa do Consumidor? E se um médico adquire equipamentos para utilizar em seu consultório? Neste passo, para estas situações onde está caracterizado que o produto ou serviço não faz parte do fluxo produtivo natural do adquirente ou usuário, mas ainda se integra de alguma forma à sua atividade econômica, a doutrina e a jurisprudência desenvolveram ao longo dos anos três teorias. Em cada uma delas, busca-se delinear de modo mais acurado o conceito de destinatário final. São elas: teoria maximalista, teoria finalista e teoria finalista temperada.A teoria maximalista determina uma interpretação extensiva do art. 2º do CDC. De acordo com esta teoria, destinatário final seria o destinatário real (fático) do produto ou serviço. Não se consideram as características do adquirente e se a aquisição tinha como escopo finalidade lucrativa – como, por exemplo, a compra de computadores por parte de um escritório de contabilidade -, mas ainda assim se exclui do conceito de consumidor aquele que adquire matéria-prima para seu ciclo de produção. Na teoria finalista, a interpretação do conceito de consumidor deve ser feita em conjunto com os alicerces e princípios que regem a Lei 8.078/90. Assim, considerando que o CDC tem como escopo proteger a parte mais fraca CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 de uma relação jurídica, é necessário que esteja caracterizada a vulnerabilidade de um dos contratantes. Além disso, o produto ou serviço adquirido não deve ter qualquer relação com eventual atividade econômica desempenhada. Nesta linha, não seria classificada como consumidora a instituição financeira de grande porte que adquire um sistema de software para gerenciamento das contas de seus clientes, considerando que aquela empresa não pode ser conceituada como hipossuficiente. Ademais, saliente-se que o bem adquirido (programa de computador) será utilizado para o desempenho de sua atividade financeira, o que afasta ainda mais a presença da figura do consumidor. Por fim, de acordo com a teoria finalista temperada (que é uma evolução da teoria finalista), é possível considerar consumidor aquele que adquire produto ou serviço ainda que para uso profissional ou econômico, desde que esteja presente a vulnerabilidade de uma das partes. Desta forma, se um veterinário adquire um carro para transportar animais, é certo que, não obstante utilizar o bem em sua atividade econômica, poderá ser considerado consumidor, já que é patente sua vulnerabilidade em face de uma concessionária ou montadora de veículos. E qual destas teorias devemos adotar? Bem candidato, como a matéria ainda não é pacífica e requer um estudo mais detalhado do Direito do Consumidor – o que não nos isenta de tratar do assunto, tendo em vista que nunca se sabe até onde a banca vai se aprofundar -, não acredito que uma prova de concurso se reporte a uma das teorias como sendo a correta ou a que mais atende às aspirações e princípios do Código de Defesa do Consumidor. Todavia, é relevante salientar que, atualmente, a corrente que mais encontra amparo em nossos tribunais, notadamente no Superior Tribunal de Justiça, segue a direção da teoria finalista temperada. Vale repisar que, como vimos acima, tal teoria nada mais é do que um desdobramento da teoria finalista, com ampliação do conceito de destinatário final àquele que utiliza o serviço ou produto em sua atividade econômica ou profissional, desde que presente sua vulnerabilidade. São diversas as decisões prolatadas pelo STJ que espelham este entendimento: “(...) Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise de hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa-jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 CDC na busca do equilíbrio entre as partes. Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor do critério subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedor e consumidores-empresários em que fique evidenciada relação de consumo.(...)” (STJ, 3ª Turma, REsp 476.428/SC, 09/05/05) “(…) consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire produto como destinatário final econômico, usufruindo do produto ou do serviço em benefício próprio. Excepcionalmente, o profissional freteiro, adquirente de caminhão zero quilômetro, que assevera contar defeito, também poderá ser considerado consumidor, quando a vulnerabilidade estiver caracterizada por alguma hipossuficiência quer fática, técnica ou econômica.(...)” (STJ, 3ª Turma, REsp 1080719/MG, 17/08/09) Por fim, é relevante frisar que parte da doutrina refere-se tão somente às teorias maximalista e finalista. Nesta linha, a possibilidade de aplicação das regras consumeristas em casos onde o produto ou serviço é utilizado, por exemplo, na atividade econômica de uma empresa ou para o exercício de uma profissão, e uma das partes é flagrantemente mais fraca que a outra, configura apenas um abrandamento da teoria finalista. Teoria Maximalista Teoria Finalista Teoria Finalista Temperada Ampla aplicação do CDC. Basta que a pessoa física ou jurídica utilize o produto ou serviço como destinatário final. Não se aplicam as regras consumeristas se o produto ou serviço for utilizado para atividade civil ou empresária. Deve estar caracterizada a hipossuficiência de uma das partes. Permite a aplicação do CDC em situações pontuais nas quais a aquisição do produto ou serviço tinha como escopo possibilitar ou incrementar o exercício de atividade econômica. É necessária a vulnerabilidade de uma das partes. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 3.2 Consumidor por equiparação Ainda que apresente um amplo campo de atuação, o conceito de consumidor apresentado no caput do art. 2º não é suficiente para alcançar todas as hipóteses que merecem proteção do Código de Defesa do Consumidor. De fato, como veremos adiante, há uma gama de situações em que, não obstante inexistir uma relação jurídica, determinada pessoa ou grupo de pessoas encontra-se sujeita a práticas de mercado, ou mesmo é vítima de produtos ou serviços oferecidos para a coletividade, e, por essa razão, também necessita da proteção das regras e dos princípios trazidos pela Lei nº 8.078/90. O parágrafo único do próprio art. 2º nos apresenta uma relevante regra geral acerca do tema, ao dispor que: “Parágrafo Único. equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.” Para melhor ilustrar esta situação, vamos imaginar que uma pessoa tenha comprado em uma padaria diversos salgadinhos e doces para uma festa. Contudo, tais alimentos não estavam bem conservados por aquele estabelecimento comercial, o que causou uma intoxicação generalizada em diversos convidados do evento. Indaga-se: somente o comprador dos salgadinhos e doces estaria amparado pelo Código de Defesa do Consumidor? Ou seja, em uma eventual ação judicial, somente ele poderia ser beneficiado pelas regras previstas na Lei nº 8.078/90, enquanto os convidados da festa seriam submetidos às normas previstas no Código Civil? A resposta é negativa. Nos termos do dispositivo legal em comento, basta que a coletividade de pessoas tenha, de alguma forma, participado da relação de consumo para que sejam aplicadas as normas do CDC. Perceba candidato, que, de acordo com o próprio texto legal, não há necessidade de identificar cada uma das pessoas da coletividade que, de algum modo, interveio na relação de consumo. Com efeito, busca-se a proteção dos grupos de pessoas, ainda que indefinidas, expostas a produtos e serviços colocados à disposição do público em geral. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br15 Adiante, o art. 17 reza que as regras relativas aos acidentes de consumo – previstas nos arts. 12 a 14 – também se aplicam às eventuais vítimas do evento. Deste modo, caso um produto ou serviço venha a gerar dano a terceiros que não tinham qualquer relação com o fornecedor – e, por esta razão, não poderiam ser considerados consumidores nos termos do art. 2º -, tais vítimas também serão beneficiadas pelas disposições da Lei nº 8.078/90. Imagine que um ônibus interestadual que fazia o trajeto entre duas cidades apresenta um grave defeito, o que acaba por gerar um acidente em uma movimentada rodovia. Todos os passageiros do veículo – que aqui podem ser considerados consumidores, nos termos do caput do art. 2º - são atingidos pelo evento danoso, causado pela falha do serviço da empresa de transporte e serão tutelados pelas regras do CDC. Todavia, caso o ônibus tenha colidido com outros veículos, atingindo a integridade física ou o patrimônio de terceiros, os quais não tinham inicialmente qualquer relação com a empresa de transporte, estas vítimas receberão as garantias previstas na Lei nº 8.078/90. Para concluir esta etapa, merece ênfase o art. 29 do Código de Defesa do Consumidor, que inaugura o capítulo V daquele diploma legal, dispondo que “equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas” previstas nas seções subsequente e no capítulo VI. Nas cinco seções seguintes do capítulo V são apresentadas diversas regras atinentes à oferta, publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas e bancos de dados e cadastro de consumidores, enquanto no capítulo VI são elencadas normas acerca da proteção contratual em relações de consumo. Procura-se proteger o consumidor em potencial e a própria coletividade, os quais se encontram expostos no dia-a-dia às mais variadas espécies de práticas comerciais. Assim, caso uma pessoa tenha sido, de alguma forma, exposta a uma pratica abusiva de mercado, ainda que não haja celebrado qualquer contrato com o fornecedor de um produto ou serviço, poderá ser tutelada pelas regras consumeristas (trataremos das práticas comerciais em breve). CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 Consumidor por equiparação 3.3 Conceito de fornecedor O conceito de fornecedor encontra-se no caput do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor nos seguintes termos: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Evidencia-se que, como no caso do consumidor, tanto a pessoa física como a jurídica podem se amoldar ao conceito de fornecedor. Além disso, é oportuno frisar que os entes despersonalizados – aqueles que não tem personalidade jurídica, tal como uma sociedade irregular ou a massa falida de uma sociedade empresarial – também podem ser considerados fornecedores. Contudo, a lei exige que haja o exercício de alguma das atividades previstas no texto do dispositivo acima transcrito (produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização). Então, indaga-se: aquele que vende uma jóia de família ou um veículo usado de sua propriedade poderia ser considerado como fornecedor? E a • Art. 2º, PU - regra de caráter genérico e cunho interpretativo para todas as disposições do CDC. Amplia o conceito de consumidor. • Art. 17 – Equipara a consumidores vítimas de acidente de consumo (art. 12 e 14). • Art. 29 – equipara a consumidores todos aqueles expostos às práticas comerciais e aos instrumentos insculpidos dos arts. 30 ao 54. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 pequena sapataria que vende um antigo sofá, tendo em vista a mudança de endereço? É certo que a resposta para ambas as questões é negativa. Para que uma pessoa física ou jurídica se adeque àquele conceito, é imprescindível que a atividade seja exercida de modo profissional, com alguma habitualidade. Nas duas situações acima apresentadas, é patente que são relações puramente civis, que não sofrem o incidência das regras do CDC. Imagine agora que, somente durante o ano letivo, uma aluna de certa faculdade compre, e depois revenda para seus colegas, cremes hidratantes e outros produtos de beleza. Neste caso, é possível afirmar que a aludida mulher é conceituada como fornecedora? Na hipótese apresentada, ainda que a atividade seja desenvolvida de forma não contínua (somente durante o ano letivo), é possível classificá-la como fornecedora, tendo em vista o exercício de uma atividade profissional de comercialização e em caráter habitual, com alguma periodicidade. Ressalte-se que a previsão para que pessoas físicas possam ser fornecedoras acabou por ampliar a regência da lei consumerista para as relações com profissionais liberais, os quais também podem ser considerados fornecedores (não obstante terem sua responsabilidade aferida de modo diferenciado em alguns casos, nos termos do §4º do art. 14 do CDC, dispositivo que será debatido na próxima aula). Outro ponto que merece atenção é que a onerosidade do produto ou serviço não é requisito imprescindível para que se caracterize o fornecedor. Com efeito, seria incoerente afastar a aplicação do regime do CDC para responsabilização de dano proveniente de amostra grátis, por exemplo. É curioso notar que, como não há menção à qualidade de destinatário final, o fornecedor pode estar em qualquer posição dentro da cadeia de produção. Destarte, tanto o fabricante originário de uma peça, quanto o intermediário ou aquele que vende a peça no mercado, pode ser chamado de fornecedor, desde que esta seja sua atividade profissional. Diante de todo o exposto, infere-se que a Lei nº 8.078/90 utilizou o termo fornecedor como gênero, do qual são espécies o fabricante, produtor, construtor, comerciante dentre outros que se amoldem ao texto legal do art. 3º. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 FFFooorrrnnneeeccceeedddooorrr ––– pppeeessssssoooaaa fffííísssiiicccaaa ooouuu jjjuuurrrííídddiiicccaaa,,, ooouuu eeennnttteee dddeeessspppeeerrrsssooonnnaaallliiizzzaaadddooo,,, qqquuueee dddeeessseeennnvvvooolllvvveee,,, dddeee mmmooodddooo hhhaaabbbiiitttuuuaaalll,,, aaatttiiivvviiidddaaadddeeesss llliiigggaaadddaaasss ààà cccaaadddeeeiiiaaa dddeee cccooonnnsssuuummmooo... 4. Conceitos de produto e serviço Após determinar quem são os sujeitos da relação de consumo (arts. 2º e 3º), o Código de Defesa do Consumidor passou a tratar dos possíveis objetos daquela relação. Assim, os parágrafos primeiro e segundo do art. 3º definem produto e serviço da seguinte forma: “§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” A definição de produto não apresenta grande dificuldade. Pode ser um bem corpóreo (como um eletrodoméstico, um carro ou até um apartamento) ou incorpóreo (como um programa de computador ou um crédito), desde que tenha valor econômico ebusque satisfazer o interesse do consumidor na qualidade de destinatário final. Ao conceituar serviço, a redação do §2º do art. 3º é clara e ampla o suficiente para abarcar a grande maioria das situações que demandam a incidência das regras protecionistas insculpidas no código de Defesa do Consumidor. Perceba, candidato, que o aludido dispositivo legal determina que a atividade, para ser considerada serviço, deve ser remunerada. Desta forma, pergunta-se: um serviço de manobrista gratuito oferecido por um restaurante constitui serviço? A resposta é afirmativa. Com efeito, ao mencionar “remuneração” o CDC não se refere ao preço eventualmente cobrado por uma atividade. Na hipótese apresentada, é intuitivo que o custo de tal serviço se encontra, de alguma forma, repassado ao consumidor, o que evidencia que é, de fato, gratuito. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 Para que uma atividade escape ao conceito de serviço nos termos do §2º do art. 3º da Lei nº 8.078/90, é necessário que, direta ou indiretamente, o prestador não tenha se ressarcido dos custos ou obtido qualquer tipo de lucro. Para melhor ilustrar esta situação, podemos imaginar um professor que dá aulas particulares gratuitamente para amigos de seu filho ou uma cozinheira que nos sábados prepara o jantar para vizinhos sem cobrar para tanto. Outro ponto relevante refere-se às relações de caráter trabalhista. Nesta situação particular, entende-se que, se um serviço é prestado em virtude de contrato de trabalho, também não se pode considerar a aplicação do CDC. De fato, haverá um vínculo de subordinação e dependência, devendo-se observar as regras consignadas na CLT. É curioso notar que o legislador optou por incluir expressamente as atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, para que não houvesse questionamento na aplicação das regras consumeristas a estes casos. Assim, contratos de financiamento, de seguro, empréstimos, títulos de capitalização, leasing, dentre outros que tem origem no Sistema Financeiro Nacional, em regra, deverão observar as regras positivadas no CDC. Da própria redação do §2º do art. 3º e possível inferir tal ideia1. Evidentemente, a referência a estas atividades é meramente exemplificativa e não afasta a incidência de outras inúmeras hipóteses que podem ser consideradas serviços nos termos do §2º do art. 3º da Lei nº 8.078/90. Para concluir, é importante notar que, em relação às instituições financeiras, tais como o Banco do Brasil, foi ajuizada uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (2.591-1) para questionar a aplicação do CDC nas atividades financeiras desempenhadas por tais entidades. Aquela ação foi julgada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal. Neste passo, merece destaque a Súmula 297 do STJ, que dispõe que “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”. 1 Para complementar, saliente-se que as entidades de previdência privada também devem observar as regras positivadas na Lei nº 8.078/90 na relação com aqueles que utilizam seus serviços e produtos. Tal tema, inclusive, encontra-se disposto na súmula 321 do STJ (“o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes”) CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 Prezado candidato, nosso primeiro encontro teve como objetivo somente apresentar a você algumas noções fundamentais acerca do microssistema inaugurado pelo Código de Defesa do Consumidor. Assim, tratamos do contexto histórico de criação daquele diploma legal, das características daquela norma e dos conceitos de consumidor, fornecedor, produto e serviço. Busca-se, desta forma, criar um embasamento didático sólido para que todo o conteúdo relevante do CDC – o qual será visto com mais profundidade nas duas próximas aulas – seja assimilado de modo tranquilo. Adiante, bem como nas aulas seguintes, são apresentados alguns exercícios por nós elaborados ou retirados de outros concursos públicos, de modo que seja compreendida a forma como a matéria pode ser tratada no desafio que se aproxima. Sugiro ao candidato que não hesite na utilização de nosso fórum de dúvidas, para que aquele importante instrumento se torne um espaço de debate e consolidação dos conhecimentos que serão abordados em nossos próximos encontros. Por ora, me despeço, esperando encontrar-lhes muito em breve, para que possamos conversar mais a respeito deste fascinante e desafiador tema. Forte abraço. 5) Exercícios 1. (Ministério Público - MG/XXXVIII Concurso – 2008) Não é correto afirmar: a) Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. b) Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. c) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. d) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. e) Os serviços públicos, em face do princípio da prevalência do interesse público sobre o particular, não estão sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 21 sendo a prestação dos mesmos regulada por normas específicas de Direito Administrativo. 2. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2011) Marque a alternativa correta em relação à vigência e aplicação da Lei 8.078/09: a) O Código de Defesa do Consumidor é norma principiológica, que se aplica a todos os casos onde esteja presente uma relação de consumo, tais como contratos de financiamento, de seguro e de locação. b) O Código Civil de 2002 revogou parcialmente o CDC, não sendo possível que uma relação jurídica esteja submetida a ambas as normas. c) A hipossuficiência do consumidor e sua vulnerabilidade dentro do mercado consumo são fundamentos que levaram à promulgação do Código de Defesa do Consumidor. d) As regras previstas no Código de Defesa do Consumidor podem ser afastadas por acordo entre as partes de uma relação de consumo. e) O Código de Defesa do Consumidor não se aplica às instituições financeiras. 3. (Juiz Substituto-PR – PUC-PR/2010) A Lei 8.078/1990 define os elementos que compõe a relação jurídica de consumo, em seus artigos 2º e 3º: elementos subjetivos, consumidor e fornecedor; elementos objetivos, produtos e serviços, respectivamente. Segundo estas definições, podemos afirmar que: I - Fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. II - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária e as decorrentes das relações de caráter trabalhista. III - Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. IV - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. a) Apenas as assertivas II e III estão corretas.CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 b) Apenas as assertivas II e III estão incorretas. c) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas. d) Apenas a assertiva I está correta. e) Todas as assertivas estão corretas. 4. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2011) Em relação ao entendimento predominante acerca do conceito de consumidor, é correto afirmar que: a) Aquele que se hospeda em uma pousada não pode ser considerado consumidor em relação àquele estabelecimento. b) A utilização do produto ou serviço como destinatário final é dispensável no caso de pessoa física consumidora. c) O locatário de um apartamento pode ser considerado consumidor em relação ao locador. d) O motorista de taxi que adquire um carro para seu trabalho pode ser considerado consumidor em relação à concessionária de veículos. e) A coletividade de pessoas, desde que determináveis, pode ser equiparada a consumidor. 5. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2011) A respeito dos conceitos de consumidor e fornecedor, marque a afirmativa correta: a) A prestação de um serviço gratuito por parte de um fornecedor não necessariamente afasta as regras previstas no Código de Defesa do Consumidor. b) Para que seja considerado consumidor e possibilite a aplicação das regras do CDC, é necessário que a parte tenha efetivamente participado da relação jurídica. c) O fornecedor pode ser pessoa física ou jurídica, mas o consumidor deverá necessariamente ser pessoa física. d) Pessoas jurídicas de direito público não podem ser consideradas como fornecedores, tendo em vista que são sempre remuneradas por tributos. e) A teoria maximalista determina a aplicação mais restritiva do conceito de consumidor, de modo que é necessária a sua vulnerabilidade e a utilização do produto ou serviço como destinatário final. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 6. (Proc-PR/XIII Concurso - 2007) Assinale a alternativa correta: a) Consumidor é a pessoa física ou jurídica destinatária de produto necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa. b) Consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. c) Consumidor é tão somente a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa. d) Consumidor é tão somente a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. e) Consumidor é a pessoa física ou jurídica, ou ainda a coletividade indeterminada de pessoas que adquire um produto ou contrata um serviço necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa ou simplesmente como seu destinatário final. 7. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2011) Qual dos contratos abaixo não pode ser classificado como serviço: a) Locação residencial. b) Seguro de vida. c) Empréstimo bancário. d) Financiamento de automóveis. e) Previdência privada. 8. (SEFAZ-RJ/FGV - 2009) O Código de Defesa do Consumidor não se aplica às relações entre: a) A entidade de previdência privada e seus participantes. b) A instituição financeira e seus clientes. c) O comprador e o vendedor proprietário de um único imóvel, que lhe serve de residência. d) O comprador de veículo e a concessionária. e) A instituição de ensino e o estudante. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 Gabarito Questão 1 – E Questão 2 - C Questão 3 - C Questão 4 - D Questão 5 - A Questão 6 - B Questão 7 - A Questão 8 - C Comentários Questão 1 A questão exige do candidato o conhecimento preciso do texto legal. Assim, as opções “a”, “b”, “c” e “d” estão de acordo, respectivamente, com o art. 2º, §1º e §2º do art. 3º e Parágrafo Único do art. 2º. A alternativa “e” está incorreta. Como debatido, não há óbice para que os serviços públicos sejam alcançados pelas regras e princípios do CDC. Para tanto, é necessário que não ocorra o pagamento de um tributo, o que mudaria a figura de consumidor para contribuinte. É oportuno frisar que, não obstante a incidência de regras consumeristas, não há impedimento para que tais serviços também sofram o influxo de normas de Direito Administrativo. Questão 2 A alternativa correta é a letra “c”. Conforme o teor da parte inicial desta aula, vimos que, de fato, a vulnerabilidade do consumidor diante das práticas de mercado motivou o desenvolvimento da cultura de defesa do consumidor, resultando na promulgação da Lei nº 8.078/90. A letra “a” está equivocada, tendo em vista que menciona contrato de locação, o qual escapa às regras do CDC. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 A opção “b” também está incorreta. O CDC criou um microssistema jurídico, que tem como escopo a proteção do consumidor. Desta forma, é possível o diálogo com outras fontes do direito, não ocorrendo revogação parcial desta norma. Ademais, as regras lá insculpidas são de ordem pública, o que impede que sejam afastadas por vontade das partes (opção “d”). Por fim, vimos que o CDC aplica-se às instituições financeiras, de acordo com o parágrafo segundo do art. 3º (opção “e”). Questão 3 Novamente exige-se do candidato o conhecimento do texto legal. O único item incorreto é o III, já que se refere a “relações de caráter trabalhista”, o que não se compatibiliza com o §2º do art. 3º da Lei nº 8.078/90. Questão 4 O exemplo citado na opção “a” enquadra-se perfeitamente ao conceito legal de relação de consumo. Deste modo, evidencia-se que aquele que se utiliza dos serviços de hospedagem de um estabelecimento voltado para tal atividade será considerado como consumidor, o que indica a inexatidão daquela assertiva. A opção “b” também está equivocada. De fato, para que seja classificado como consumidor, a pessoa, física ou a jurídica, deve utilizar o produto ou serviço como destinatário final, nos termos do art. 2º do CDC. No tocante à alternativa “c”, o contrato de locação, como já dissemos, não se submete às regras consumeristas. A assertiva “d” está correta, de acordo com o entendimento predominante na doutrina e jurisprudência. Ou seja, ainda que se utilize o produto em sua atividade econômica, é patente a hipossuficiência de uma das partes, o que demanda a aplicação das regras positivadas no CDC. A opção “e” está em descompasso com o Parágrafo Único do art. 2º, pois afirma que a coletividade de pessoas deve ser determinável. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 Questão 5 A alternativa “a” está em harmonia com o que foi tratado em nossa aula, quando afirmamos que, muitas vezes, não obstante ser gratuito, o serviço pode ter seu custo repassado, de alguma forma, ao consumidor. A opção “b” está em descompasso com o Parágrafo Único do art. 2º, enquanto a opção “c” é contrária à redação do caput daquele dispositivo. A possibilidade de a pessoa jurídica ser fornecedora já foi discutida. De fato, se houver pagamento pela prestação de um serviço público, é certo que incidirão as regras do CDC. Para a aplicação da Teoria maximalista, é necessário somente que a pessoa física ou jurídica utilize o produto ou serviço como destinatário final. Ou seja, tal teoria defendeuma aplicação mais ampla da Lei nº 8.078/90. Questão 6 A questão exige somente o conhecimento da redação do art. 2º do CDC, que está em harmonia com a opção “b”. Questão 7 Dentre todos os contratos apresentados nas cinco assertivas, o único que não pode ser classificado como serviço é o contrato de locação residencial (opção “a”), que se encontra disciplinado por diploma legal próprio (Lei nº 8.245/91). Frise-se que os serviços mencionados nas letras “b”, “c” e “d” encontram- se previstos no próprio §2º do art. 3º do CDC. Questão 8 O fato de o vendedor do imóvel não exercer esta atividade de modo profissional e com habitualidade descaracteriza o conceito de fornecedor, o que indica a inexatidão da opção “c”. Todas as outras relações jurídicas apresentadas na questão estão submetidas às normas e princípios trazidos pelo CDC. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 Bibliografia ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 4 ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003. BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de Direito do Consumidor. 6 ed. ver. amp. e atual. Salvador: Ed. Juspodivm, 2011. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: ed.Lumen Júris, 2007. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10 ed. rev. e atual., São Paulo: Saraiva, 2007. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 2º vol.: teoria geral das obrigações. 18 ed. rev. e atual. de acordo com o novo Código Civil, São Paulo: Saraiva, 2003. GAMA, Helio Zagheto. Curso de Direito do consumidor.2 ed. Rio de Janeiro: forense, 2004. GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. MARQUES, Cláudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais 2003. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil v. 1: parte geral. 39 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CURSO DE ATENDIMENTO PARA O BANCO DO BRASIL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, 27 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. RIZZATO NUNES, Luiz Antonio. O Código de Defesa do Consumidor e sua interpretação jurisprudencial, 2 ed. ver. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2000. RIZZATO NUNES, Luiz Antonio. Curso de Direito do Consumidor, 6 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2011 SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor anotado e legislação complementar. 3 ed.São Paulo: Saraiva, 2003. SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Cláusulas abusivas no Código de Defesa do Consumidor. 1 ed. São Paulo: Saraiva 2004.
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