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Alegações Finais por Memoriais Caso 04 penal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DO ESTADO DE CURITIBA/PR
Autos nº. xxxxxxxx
 				JORGE, já qualificado nesta denúncia, com base nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, em atenção ao ato ordinatório de fls.x, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seu procurador firmatário, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS oferecida pelo membro do Ministério Público, com fulcro no artigo 403,§ 3º, CPP, pelas razões de fato e de direito expostas a seguir: 
I. FATOS
	 		 	Em brevíssima síntese, o suposto Réu, com apenas 21 (vinte e um) anos, conheceu Analisa em um bar movimentado da cidade. Sendo esta linda e jovem, estabeleceram o início de uma relação. Após um bate papo informal, decidiram ir a um local mais reservado, no qual trocaram carícias, de forma voluntária, praticando sexo oral e vaginal, como maneira de expressar o envolvimento do casal. 
			
				Após o encontro, trocaram telefones e contatos nas redes sociais. No entanto, o Réu ao acessar a página de Analisa, percebeu, para seu assombro, que apesar da aparência adulta, esta possuia apenas 13 (treze) anos. Desta feita, restou chocado, com tamanha descoberta, em que pese achar que estava relacionando-se com uma garota maior de idade. 
 
				Por fim, para seu espanto, recebeu a notícia em sua residência, de uma denúncia promovida pelo Ministério Público Estadual, devido ao genitor de Analisa ter constatado a relação do casal. 
				Em alegações finais, o Parquet requer a condenação do Réu, nos termos propostos na exordial, sem ao menos concedê-lo o direito de explanar sobre o erro em que o acometera. 
			
				Conforme exposto, esta tese não merece prosperar, tal qual vejamos. 
II. MÉRITO 
 			Conforme preceitua o artigo 20 do Código Penal, devido a ausência de dolo, há a atipicidade, corroborando a tese de erro de tipo – fato que inocenta o Réu de qualquer ato criminoso. 
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 			Nesta toada, vejamos: 
			a) Erro de Tipo Inescusável: 
 			O Réu, ao conhecer a suposta vítima, numa casa noturna na qual o público deve apresentar mais de 18 anos, tendo esta aparência e formas de mulher e não de menina, nõa conseguiu distinguir sua idade, em que pese ter deduzido ser ela maior de idade, devido ao ambiente e comportamento da jovem, que de forma voluntária praticou com ele sexo oral e vaginal. 
			Diante disto, ocorreu erro de tipo inevitável, que exclui o dolo e a culpa, e consequentemente, exclui o crime por ausência de elemento subjetivo constitutivo do tipo, nos termos do art. 20, caput do Código Penal; 
			b) Existência de Crime Único: 
 			Subsidiariamente, não sendo aceita a tese de atipicidade da conduta do Réu, deve-se considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, em que pese o art. 217-A do Código Penal ter como tipo a conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos. Para o STJ prevalece a tese de crime único, por ser um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo), assim sendo deverá ser afastado o concurso material de crimes para o caso em tela. 
 
			c) Afastamento da Agravante de Embriagues Pré-Ordenada:
 			Não há que se falar em embriagues pré-ordenada, tendo em vista que o Réu não estava embriagado ao conhecer a suposta vítima. As testemunhas de acusação não viram os fatos e não houve prova pericial para comprovar a embriagues do Réu. 
			Assim sendo, justa a medida de afastamento da agravante, caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta. 
			d) Pena base no Mínimo Legal:
 			O réu, na condição de primário, possuidor de bons antecedentes,
possuindo residência fixa, apresentando boa conduta social, e no caso trazido a baila não tendo o animus necandi para a configuração do tipo penal em que foi acusado, em que pese não agir com má intenção de aproveitar-se da suposta ingenuidade da vítima, fará jus a pena estabelecida no mínimo legal, como medida necessária de reprovabilidade do fato. 
			
			e) Aplicação do Regime Semiaberto: 
 			Ainda que o crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, mantenha-se elencado como infração hedionda na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o preceito em abstrato. 
			Sendo assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução p ara o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com pen as superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso. 
			O artigo 397, III, do Código de Processo Penal mantêm aclarado o instituto da absolvição sumária quando ocorrem estes casos. 
Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III- que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
O entendimento da egrégia corte é similar ao caso em baila:
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DÚVIDAS QUANTO À OCORRÊNCIA DO CRIME. IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO POR FALTA DE PROVAS. ART.386, INC.V, DO CPP. No processo penal, a procedência da pretensão punitiva estatal somente deve se dar quando as provas acostadas aos autos levarem à certeza de que o acusado tenha infringido o comando legal. Do contrário, encontrando-se o julgador diante de um conjunto probatório inconsistente, insólido, e se não estiver revestido de plenas convicções, deve o mesmo absolver o acusado, sobretudo pela vigência de dois princípios, quais sejam, do in dubio pro reo e da verdade real. Inexistindo provas cabais aptas a autorizar a condenação, impõe-se a aplicação do princípio in dubio pro reo, e, por consequência, a absolvição por ausência de provas da autoria delitiva, nos termos do art. 386, inciso V, do Código de Processo Penal. 
 			Por fim, após os fatos expostos, denota-se que o Réu manteve uma relação com a suposta vítima, e esta consentiu o ato, não caraterizando estupro ou qualquer tipificação criminosa, como mencionado pelo Ministério Público. 
			Requer-se então, a absolvição sumária. 
III. PEDIDOS E REQUERIMENTOS 
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Que a presenta peça processual seja JULGADAS PROCEDENTE, absolvendo sumariamente o Réu das acusações infundadas do Ministério Público, nos termos do art. 397, III, CPC; 
b) Requer a absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CP P, por ausência de tipicidade; 
c) Requer, caso não seja esse o entendimento para absolvição, que seja concedido o afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único;
d) Requer, a fixação da pena-base no mínimo legal, tendo o afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a incidência da atenuante da menoridade;
e) Requer a fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, §1º, da lei 8.072/1990; 
		f) Requer que as futuras intimações sejam publicadas em nome do Procurador que a esta subscreve, no endereço xxxxxxx, sob pena de tornarem-se nulas.
g) A produção de
todos os meios de prova em direito admitidas. 
Termos em que,
Pede Deferimento.
XXXXXX, 02 de maio de 2014. 
					Advogado
					OAB XXXX
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ/SC
CURSO: DIREITO – 8ª FASE
PROFESSOR: EDUARDO LARGURA
DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA III – PENAL 
ACADÊMICOS: 	GABRIELA GOMES SONCINI
			RAQUEL ALVES BERNARDES
			LAIS JULIANA VIEIRA
			RUBENS CARVALHO
			ALINE RIBEIRO 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
CASO CONCRETO 04
São José, 22 de março de 2018.

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