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Crime de Estupro - Direito Penal

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Aula 1
Título: Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual 
Nome de capítulo: Dos crimes contra a liberdade sexual – Capítulo I
Era chamado de crimes contra os costumes, por tutelar a moral social sob o ponto de vista sexual. Antigamente, um preso por exemplo, ao sofrer um atentado violento ao pudor (hoje o estupro), Nelson Hungria entendia que era injuria. Porque a pessoa que praticava o sexo anal com não queria somente se satisfazer (desejo sexual), mas sim humilhar o preso. Com a mudança atual isso se perdeu, pois pouco importa a vontade do agente, se é satisfação do prazer ou humilhação da vitima, e sim a liberdade sexual da vítima.
Ou seja, hoje o que se leva em consideração é afetar a LIBERDADE SEXUAL da vítima, em querer ou não ter, por exemplo, uma relação sexual.
Formas de violações da liberdade sexual: violência, grave ameaça ou fraude.
Estupro
ATUAL - Art. 213 CP Lei n 12015 de 2009: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Constranger: obrigar, coagir alguém a fazer algo contra a vontade. O consentimento válido exclui o crime.
 Até 2009, haviam dois artigos, 213 que previa o estupro e o 214 atentado violento ao pudor. O estupro previsto no art. 213 era o constrangimento somente contra a mulher a ter conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Já o 214 era constranger alguém a ato diverso da conjunção carnal (exs: sexo anal, sexo oral).
Ou seja, só poderia ser sujeito passivo de estupro mulher (quando houvesse conjunção carnal = pênis – vagina), e quando houvesse ato diverso da conjunção poderia ser qualquer pessoa.
Mulher que obrigava homem a conjunção carnal = Até 2009 não poderia ser o 213, por não se tratar de conjunção carnal com, nem o 214 porque não seria ato diverso. Entraria como art. 146 CP que versa sobre constrangimento ilegal.
FUSÃO: Tudo foi centralizado no art. 213 CP, possuindo a seguinte (atual) redação = Constranger ALGUÉM, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Deixou de ser somente contra mulher.
Dissenso sério, mas não heroico: Aqui diz que a pessoa deve negar/resistir (“dizer não”) ao ato. Ou seja, para ser caracterizado estupro, razoavelmente esperado, deve demonstrar resistência. 
Dissenso = Falta de concordância, divergência, etc.
Para NÃO ser considerado estupro o consentimento deve ocorrer durante todo o ato (caso contrário, havendo uma negação em algum momento o agente deve cessar o ato, sob pena de cometer crime de estupro).
Conjunção carnal: Penetração pênis – vagina;
Ato libidinoso: Outras formas de realização do ato sexual, diverso da conjunção carnal.
Formas de praticar estupro
OBRIGAR a conjunção carnal = penetração pênis -> vagina
OBRIGAR a vítima a PRATICAR ato libidinoso = (posição ativa da vítima)
Ex: Obrigar a vítima a praticar sexo oral no próprio agente ou em terceiros.
OBRIGAR a vítima a PERMITIR que com ela se PRATIQUE ato libidinoso = Posição passiva da vítima
Ex: Obriga a vítima a praticar sexo anal
Beijo lascivo, dado com eroticidade: Entende-se que seja um ato libidinoso diverso da conjunção carnal, em que mediante violência ou grave ameaça se o agente beija a vitima de forma lasciva (=erótica) configura crime de estupro.
 Beijo lascivo SEM violência ou grave ameaça: Mera contravenção penal (importunação ofensiva ao pudor).
Observações: 
É DESNECESSÁRIO que haja contato físico do agente com a vítima para caracterização de estupro. 
Como nos casos em que o agente obriga a vítima a praticar com terceiros ou animais. Ex: Se auto masturbar com animais ou terceiros; 
É NECESSÁRIO envolvimento corpóreo da vítima no ato libidinoso = a vítima deve ter uma conduta corpórea, diferente do agente.
Casos em que a vítima for obrigada apenas a assistir: NÃO constitui crime de estupro, pois não houve ENVOLVIMENTO CORPOREO da vítima, respondendo então por constrangimento ilegal no art. 146, CP (Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda); e se for menor de 14 anos – art. 218-A, CP (Praticar na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem).
É possível estupro com a vítima vestida? SIM, SE HOUVER violência ou grave ameaça. 
Considera-se estupro ao apenas obrigar a vítima a ficar nua? NÃO, a jurisprudência tem entendido que o nu não é por si só ato libidinoso, respondendo pelo art. 146, CP.
Encoxada no ônibus é estupro? Só caracteriza estupro SE HOUVER violência ou grave ameaça. 
Caso contrário, se trata de contravenção penal = Importunação ofensiva ao pudor. * Não há violência ou grave ameaça
Art. 61 da Lei de contravenção penal: “Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor”.
É possível Estupro por omissão? SIM, quando o sujeito possui dever jurídico de impedir o resultado. Exemplo: Mãe omissa ao estupro da filha pelo padrasto (A mãe responde pela omissão e não pelo estupro).
Quem presencia um estupro e nada faz (ou quem filma): Não responde pela omissão, tendo em vista que não possui dever jurídico de impedir o resultado. 
Sujeito ativo: Até 2009 somente homem poderia praticar. HOJE é QUALQUER PESSOA (homem/mulher).
Coautoria e participação: É POSSÍVEL, na coautoria duas ou mais pessoas praticam o verbo do crime (tipo penal) por exemplo quando um pratica violência e outro estupra; e o participe é aquele que sem praticar o verbo do crime concorre pro resultado (ex. planeja, auxilia, etc).
Exemplo: Individuo diz a outros dois para pegar tal menina, estuprar que ele irá filmar = Neste caso, não responde devido a filmagem mas de certa maneira está instigando os agentes. 
Sujeito passivo: Até 2009 somente mulher. HOJE é QUALQUER PESSOA (homem/mulher).
Conjunção carnal após a morte? Não é considerado estupro, porque o crime só é possível com pessoa viva. Ou seja, se o agente pratica relações sexuais com um cadáver responde pelo art. 212 CP.
Art. 212, do CP: Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Marido pode cometer estupro contra a esposa? Um dos deveres do casamento é a coabitação (entra relações sexuais). Nesse sentido, quando o homem praticava estupro contra esposa, estava no exercício regular do direito, exceto quando houvesse justa recusa por parte da mulher (ex. doença venérea, ato diverso de conjunção carnal)
Já os doutrinadores modernos, dizem que apesar de se tratar de um dever do casamento, quando houver recusa (por qualquer motivo) o agente tem em seu favor a possibilidade de separação judicial (=divórcio). Ou seja, se o agente forçar ele não estaria no exercício regular do direito, e sim exercício ABUSIVO do direito. Neste caso, responde por estupro (causa de aumento):
Art. 226. A pena é aumentada: I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; 
III - se o agente é casado.
Consumação= Até 2009 se dava com a introdução pênis – vagina, ainda que parcial. HOJE, consuma com QUALQUER ATO LIBIDINOSO (não necessariamente penetração).
Tentativa= É POSSÍVEL, quando o agente ao praticar violência ou grave ameaça não consegue a pratica (consumação) do ato libidinoso, por circunstâncias alheias a sua vontade. 
Elemento subjetivo: DOLO. Não há exigência de dolo específico, ou seja, independe (pouco importa) da finalidade/intenção do estupro (ex. satisfazer a própria lasciva – isso era antigamente).
NÃO é possível estupro CULPOSO (sem intenção).
Concurso:
Mesmo contexto fático, várias conjunções carnaiscontra a mesma vítima?
 Neste caso se trata de CRIME ÚNICO, possibilitando um aumento de pena pela circunstancia do crime. Se forem duas ou mais pessoas com a mesma vitima (revezamento) cada pessoa responde por um crime de estupro.
Obs: revezamento = CURRA. Exemplo: Um agente pratica grave ameaça e o outro estupro e vice versa. Cada um vai responder por DOIS CRIMES DE ESTUPRO
Mesmo contexto fático, mesma vítima, atos libidinosos diversos? 
 
E se diversas vítimas?
 Será CRIME CONTINUADO, quando preenchidos os demais requisitos legais. Conforme o art. 70 CP será considerado continuidade delitiva, ao lesarem bens jurídicos pessoais, como a vida, integridade física. 	
Se não preenchidos os requisitos do crime continuado, o agente devera responder pelos crimes em CONCURSO MATERIAL.
A mesma vítima, várias vezes com o mesmo modo de execução e tempo (várias ocasiões)? 
Caracteriza-se como CRIME CONTINUADO, ou seja, responde por um estupro e por continuidade delitiva. Ausentes os requisitos devera responder pelos crimes em CONCURSO MATERIAL.
Ex: pai e filha.

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