Buscar

A Elite Orgânica

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

A Elite Orgânica
A elite orgânica se utilizava do complexo IPES/IBAD para desagregar a população do populismo e comunismo. Para isso fazia uso de recursos legais e ilegais, como a infiltração de agentes ipesianos em escolas, corpo militar, empresas, etc, divulgando sua ideologia. “O que ocorreu em 1964 não foi um golpe militar conspirativo, mas sim o resultado de uma campanha política, ideológica e militar travada pela elite orgânica centrada no complexo IPES/IBAD.” Com suas ações ideológicas e sociais, o complexo se associava a sindicatos, movimento estudantil, empresas, fábricas e até o clero, além de organizar congressos, seminários, etc. O IPES preferia não se associar a tais eventos, mas fazia parte deles, na maioria das vezes, às escondidas. Com isso, atacava o comunismo, socialismo, oligarquia rural e populismo. 
Com a sua Doutrinação Geral manipulava os meios de comunicação de massa, para isso enviavam notas falsas em jornais sem fonte ou atribuição de pagamento. Jornais pequenos e de outros estados também eram persuadidos pelo IPES. Geralmente, para comover a todos, o complexo colocava uma figura pública no alvo das contestações, em um dos casos, Leonel Brizola foi o alvo. Pessoas de prestígio também trabalhavam para o IPES como Rachel de Queiroz e Nélida Piñon. 
O IPES/IBAD controlava tudo, desde agências de notícias e canais de informação até companhias de publicidade e propaganda. “Esses jornalistas eram acusados de manipular a opinião pública, exatamente as atividades nas quais o complexo IPES/IBAD estava, em verdade, envolvido.” A elite orgânica costumava chamar os atos que achava incertos de “Infiltração Comunista”. Manipulava a mídia através de manifestos que atingiam a população emocionalmente, geralmente com discursos, exposições e pronunciamentos públicos por indivíduos de destaque. Tudo isso para mostrar que para o IPES não havia restrições, era tudo deles mesmo! Objetivos: “proporcionar à opinião pública uma mensagem suficientemente ampla para favorecer a ‘modernização’ do regime e restrita o bastante para indispor o público contra o socialismo, o comunismo e o nacional-reformismo”.
 O complexo IPES/IBAD mantinha uma produção de material próprio, comprando publicações e dando subsídios para outras, no meio de tudo isso realidades distorcidas e mentiras descaradas. Publicações dentro de igrejas e forças armadas também era costume, nada poderia ser associado ao IPES, mas, era ele quem bancava tudo. Infligia falácias como: “Ele (o comunista) é aparentemente inofensivo... Nunca se trai, sempre trairá outros. Ele fala de paz e amor fraternal. Ele será o seu mais querido amigo, o mais sincero, o mais leal... Até o dia em que ele o assassinará pelas costas, friamente... Eles matam frades, violam freiras, destroem igrejas”. 
O IPES acabou se transformando no apoio logístico do contra-governo com Grupos de Estudo. “Os grupos de estudo e doutrina preparavam crítica sistemática das propostas de reforma do governo enquanto o grupo de ação parlamentar se encarregava do bloqueio do Executivo, suprindo a rede ADEP/IBAD/ADP de apoio logístico material e político”. Os grupos de estudo bancados pelo IPES preparavam projetos de leis e reformas, mas isso não quer dizer que os mesmos eram aprovados no congresso, porém, o IPES possuía muitos aliados no governo e a maioria de seus projetos tornou-se oficiais depois do golpe de 64. Foram formuladas propostas para Reformas tributária, agrária (que foi derrubada pela proposta de João Goulart – a SUPRA), inflação, planejamento, constitucional, judiciária, etc. Os próprios banqueiros resolveram dar andamento à Reforma Bancária, mas não adiantou de nada porque a maioria dos grandes banqueiros fazia parte do IPES. 
O campesinato começara a insurgir contra a estrutura populista passando a exercer uma forte atração emocional nas classes médias, logo o IBAD se utilizava de símbolos populares para ganhar apoio da classe média que também repudiava a direita tradicional. Veja bem, o objetivo do IPES/IBAD não era ganhar as classes mais baixas de cara e sim conquistar a classe média e a elite orgânica para que estas fizessem esse trabalho pelo instituto. A Reforma Agrária acabou colocando os agroindustriais do Rio contra os proprietários de terras de São Paulo, essa reforma foi um projeto sigiloso que custou 50.000 dólares. O complexo geralmente elaborava dois planos para essas reformas: um para enfiar o projeto no governo e outro para “preparar” a opinião pública (sem envolver os nomes do IPES/IBAD). 
Um Congresso carregado de termos emocionais que preparou um verdadeiro programa de governo para as Reformas de Base. “Na Encruzilhada histórica de 1963, a elite orgânica centrada no complexo IPES/IBAD constituía a única força social entre as classes dominantes que possuía um projeto e um modelo coerentes e coesos para o país”. 
Havia uma verdadeira guerra psicológica através do rádio e televisão com bombardeios ideológicos e políticos. Diaramente iam ao ar 15 programas de tv de 30 minutos que custaram 10 milhões de cruzeiros, isso também era uma grande oportunidades para jornalistas selecionados. Num “Encontro de Democratas com a Nação”, exibido pela televisão todas as perguntas já tinham respostas premeditadas. Tv Globo, Tv Cultura, Tv Tupi, Tv Escola, etc. participavam dessas propagandas. 450 mil cruzeiros por um programa de 30 minutos no rádio. De onde vinha todo esse dinheiro? Do povo, afinal, o complexo IPES/IBAD era bancado pelo governo e pela elite orgânica. Muitos artistas faziam piadas contra o governo e por isso ficavam na corda bamba. A elite orgânica tinha o poder de bloquear qualquer indivíduo ou programas indesejáveis que fossem contra suas ideias porque tinha total controle sobre a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes). Mais de 300 programas diários controlavam o horário nobre das estações de rádio. 
A guerra psicológica para atrair intelectuais era organizada através de cartuns e filmes. Com produções próprias, o complexo criava um verdadeiro “Cinema, Aspirinas e Urubus” do IPES (patrocinado por grandes empresas como Mesbla, Mercedes Benz e Luiz Severiano Ribeiro) levando filmes para dentro de empresas, universidades e Forças Armadas. Com a doutrinação específica, a elite orgânica queria criar uma classe “para si” – com uma “vontade única”. Para isso, criava conferências, discussões, simpósios e cursos para disseminar a ideologia do bloco burguês fazendo uso de militares para exposição e ganhar emocionalmente os ouvintes, também atuava dentro das igrejas, das universidades, empresas e até na Associação cristã de moços e União dos Escoteiros do Brasil! Chegou a criar escolas, com ex-alunos ipesianos, o - GES – Grupo de Educação Seletiva (do Instituto de Formação Social), que batia de frente com o ISEB.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando