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Ação de classe da elite orgânica

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Ação de classe da elite orgânica: 
A campanha política da burguesia
A elite orgânica do país, representada pelos grandes empresários e recebendo forte ajuda financeira, política e ideológica dos Estados Unidos, orientou toda uma campanha política de ideologização da sociedade brasileira.
A intenção dela era basicamente, sob a bandeira da luta contra o comunismo, neutralizar os movimentos sociais que ganhavam cada vez mais força, deixando a sociedade e a opinião pública contra eles. 
A ação da elite, pois, deu-se por meio de dois principais organizações: o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). 
Pode-se dizer que as ações voltavam-se principalmente a instalar o caos social, o conflito insolúvel de ideias entre boa parte da sociedade e os dirigentes de esquerda, de modo que a parte conservadora da população pudesse “legitimar” o golpe, a intervenção dos militares no Estado. 
As ações do IBAD e IPES focavam em três eixos de público principais: o estudantil e cultural, o feminino e o de camponeses e trabalhadores rurais. 
Movimento estudantil
No início da década de 60, o movimento estudantil nas universidades ia de vento em popa, com enorme força, e suas reivindicações iam de encontro direto aos interesses da classe dominante, pois entre suas requisições de reforma política estavam temas como reforma agrária, socialização de setores-chave da economia, educação digna para os trabalhadores, e participação efetiva destes nos órgãos do governo. Isso ia contra os interesses da elite orgânica.
O IBAD e o IPES, logo, trataram de enfocar suas ações na desorganização e deterioração da imagem do movimento estudantil. Assim, estas instituições passaram a dar suporte financeiro e ideológico a toda instituição e líderes estudantis de direita que se propusessem a fazer oposição a movimentos como a UNE
Outrossim, a elite orgânica conseguia que a mídia fizesse a pior cobertura possível dos movimentos estudantis (mesmo porque muitos dos proprietários dos meios de comunicação faziam parte desta elite).
Classe média
Vendo seu status econômico e social em queda livre diante das conquistas cada vez mais importantes dos trabalhistas, a classe média foi um alvo fácil de ser moldado ideologicamente.
A classe média, então, foi a “massa de manobra” utilizada pela elite orgânica para “justificar” o golpe. Era ela quem ia às ruas fazer as manifestações contra o governo de Jango, com a mídia retratando-a coma a “população brasileira”, ignorando, porém, o apoio das classes trabalhadoras e de outros setores a este mesmo governo.
O golpe só foi possível pois as manifestações da classe média foram vistas de certa forma pelo exército como legítimas, já que o exército, originalmente receoso de aplicar um golpe, mudou de ideia, pois acreditava que o movimento era de uma nação, e não de um grupo restrito.
Os principais esforços da elite orgânica se dirigiam a conseguir a adesão feminina à sua causa. 
Trabalhadores rurais
O IPES e o IBAD organizavam sindicatos rurais, com ajuda explícita de setores do clero conservador da igreja católica. O IPES e o IBAD, contudo, só podiam agir porque suas ações eram feitas através do clero, pois a elite agrária era, obviamente era contra a sindicalização dos camponeses.
As ações da elite orgânica, entretanto, não se restringiam apenas à sindicalização. Prestando assistência social aos trabalhadores do campo através de doação de alimentos, assistência médica, distribuição de sementes e instrumentos de trabalho, o IPES e o IBAD aproveitavam para captar informações sobre os movimentos esquerdistas e seus líderes, assim como para plantar ideias de temor ao “comunismo” entre os camponeses. Nesse sentido, também houve a formação de “Cursos de Formação Democrática”, que se opunham ao método de Paulo Freire e visavam a passar os ideais “democráticos” aos camponeses.

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