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Resenha: Transconstitucionalismo de Marcelo Neves (p. 6 - 34)

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Resenha: Transconstitucionalismo de Marcelo Neves (p. 6 - 34) 
Thayná Silveira Soares (18/0010492)
A presente resenha apresenta sucintas observações sobre a obra de Marcelo Neves intitulada Transconstitucionalismo. O título fornece a ideia de que o autor propõe a criação de uma constituição que seria transnacional, ou seja, que não se conteria em normatizar apenas o ordenamento jurídico de um único país e seria transfronteiriça sendo, portanto, capaz de unificar a hierarquia a uma só Carta Magna das leis de dois ou mais Estados.
O autor inicia o capítulo afirmando que o conceito de Constituição está relacionado com as transformações estruturais que levam a diferenciação funcional da sociedade, inconcebível, na formação social pré-moderna. 
Sendo assim, há uma estrutura hierárquica que integra a sociedade sob dois aspectos. O primeiro deles, a integração sistêmica relacionada a dominação com base na diferenciação de poder superior e inferior onde os atos da camada inferior somente seriam considerados de boa-fé quando praticados de acordo com os moldes da camada superior e “os de cima” praticariam atos de má-fé quando seus atos se assemelhassem aos atos dos “debaixo”.
O segundo deles, a integração social que está ligada a inclusão ou não inclusão dos homens na sociedade, ou seja, os homens pertencentes a camada superior estariam incluídos, enquanto que os pertencentes a camada inferior estariam socialmente excluídos - não membros da sociedade sem acesso aos benefícios e prestações sociais.
Afirma, ainda, que o poder era legitimado pelo direito sacro, sendo este indisponível e utilizado como forma de justificação do exercício do poder pelo soberano trazendo a noção teocrática de que o poder tinha como fundamento alguma divindade.
Compara ainda com a Grécia antiga onde havia uma diferenciação maior de formação social que preconizava a organização da pólis – cidade - como fundamentação do poder governamental e sendo esta uma comunidade política, espaço dos cidadãos racionais. Também compara com o Estado Romano que surgiu com as civitas na forma de res publica e formado pelas famílias gentílicas. Ainda em Roma, cumpre destacar, que o direito permanecia baseado na tradição e em princípios de cunho religioso. 
Já no período medieval, afirma o autor, a organização política territorial atuava sobre a existência de duas forças: força interna de desintegração feudal e pressão externa do poder papal. E, ainda, atuando como juiz supremo, o soberano, está “subordinado” ao direito sacro pois a influência religiosa era marcante no período. 
Em todos os tipos de formação social hierárquica pré-moderna encontra-se como argumento central a dominação com base na diferenciação de superior/inferior e a moral religiosa do antagonismo bem/mal o que não representa uma Constituição no sentido moderno. 
Expõe, ainda, que nem mesmo com o surgimento do Estado moderno há a presença do que se conhece por constitucionalismo. O que surge como novidade é a tendência a superar os fundamentos sacros/divinos do poder. Com o advento do absolutismo passa-se a ter uma não-distinção da fundamentação sacra de poder e direito para uma subordinação do direito á política, ou seja, um direito subordinado as vontades do monarca soberano. 
As cartas de poder, como a Carta Magna de 1215, surgem no conflito de interesses dos barões feudais e da burguesia emergente contra o monarca inseridos no Estado absoluto de poder. Contudo, tais pactos não se confundem com Constituição pois não se embasam nas mesmas dimensões sociais, legais, políticas, etc. Seriam os pactos instrumentos de firmar um acordo particular entre interessados e o monarca o que não condiz com o caráter universal das Constituições modernas.
Admite o autor que as Constituições modernas têm como pressuposto a distinção entre o normativo e o cognitivo no contexto da positivação do direito, ou seja, um direito que pode ser transformável a um direito que só se altera por decisão. 
A seguir, afirma Neves, que apenas no fim do século XVIII tem início o processo de diferenciação entre política e direito que levaria a formação de um constitucionalismo relacionado com as transformações estruturais que moldam a sociedade moderna. 
Considera ainda que a sociedade moderna já “nasce” como sociedade mundial uma vez que se encontra desvinculada de organizações políticas territoriais o que gera uma facilidade de comunicação cultural e formação de fronteiras político-jurídicas. Cabe ressaltar que a globalização é o resultado da intensificação da sociedade mundial que começa a desenvolver-se a partir do século XVI e consolida-se com o aparecimento de “um único tempo mundial” na segunda metade do século XIX e atinge um grau marcante de desenvolvimento que a sociedade passa a auto descrever-se como mundial/global.
Acrescenta o autor que a sociedade mundial pode ser vista sob dois planos: o primeiro deles o plano da estrutura onde afirma-se o primado da economia e o segundo o plano da semântica onde têm-se o primado dos meios de comunicação em massa. Sendo assim, resta claro concluir que a sociedade mundial é uma sociedade econômica onde diferenciam-se em ter e não ter e uma sociedade que se comunica e faz uso dos sistemas de mídias o que cria a diferenciação de informação e não informação. Evidencia-se, ainda, que ambos os primados não necessitam de um segmento territorial para se reproduzirem. 
Explica ainda que no âmbito da política há uma dependência territorial para sua reprodução. Essa diferenciação torna o direito e a política relativamente fracos perante os moldes da sociedade mundial pois esta desenvolve-se sem uma dependência territorial e de forma intensa enquanto aqueles dependem de uma base territorial para exercerem sua influência. 
Com isso, conclui Neves, que surge a necessidade de produzir normas jurídicas que contemplem redes governamentais, mas levando em consideração de que o Estado ainda é o foco da reprodução da nova ordem normativa mundial. 
Por fim, leva a pauta que a sociedade mundial iria autodestruir-se caso não desenvolvesse meios de se construir aprendizados e influências recíprocas entre as diversas esferas sociais sem que, portanto, os sistemas autônomos percam sua autonomia funcional. Sendo os acoplamentos estruturais filtros que excluem certas influências e facilitam outras.

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