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LT Enfermagem da Família

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Prévia do material em texto

<Minicurrículo início> 
Enfermeira, especialista em oncologia pela EEUSP, Mestre em enfermagem com 
ênfase em saúde do idoso pela UNG, doutora em patologia pela UNIP. Professora 
Titular da Unip nas áreas de saúde do adulto e do idoso. Coordenadora do curso de 
Enfermagem no Campus Alphaville. 
 
<Minicurrículo fim> 
Sumário 
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 .................................................................................................................................... 4 
1 Conceito de Família e suas transformações no decorrer da história ......................................... 4 
1.1 A família como um sistema ................................................................................................. 7 
1.2 Enfermagem da família ..................................................................................................... 10 
1.3 Avaliação da família........................................................................................................... 13 
1.4 Intervenção na família ....................................................................................................... 20 
1.5 Ciclos de vida familiar ........................................................................................................ 22 
1.5.1 Infância ....................................................................................................................... 25 
1.5.2 Adolescência............................................................................................................... 31 
1.5.3 Fase adulta ................................................................................................................. 41 
1.5.4Envelhecimento ........................................................................................................... 66 
2. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA ............................................................................. 68 
3. ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ............................................................................... 73 
3.1 OUTRAS EQUIPES DE ATUAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA ..................................................... 77 
3.1.1.Equipes de atenção básica a populações específicas ................................................ 77 
3.2TERRITORIALIZAÇÃO EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................... 82 
4. ATENÇÃO DOMICILIAR ............................................................................................................ 83 
UNIDADE II .................................................................................................................................. 92 
5. ACOLHIMENTO ........................................................................................................................ 92 
6. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM EMERGÊNCIAS .......................................... 101 
UNIDADE III ............................................................................................................................... 111 
7. VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR ................................................................................................... 111 
8. CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................................................... 121 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Quem nunca ficou triste ou sem saber o que fazer frente a um membro da família 
doente? Quem já te chamou para auxiliar no cuidado direto ou transporte de uma 
pessoa enferma? 
Sim, a família é um sistema que envolve uma estrutura interna e outras pessoas 
ao redor, isto é, no trabalho, igreja, escolas, cursos, unidades de saúde, etc. 
Este material introduz os conceitos de família e as suas transformações no 
decorrer dos tempos, além das implicações causadas por essas modificações. 
Serão abordados os ciclos de vida como nascimento, infância, adolescência, o ser 
idoso e a finitude, evidenciando as maiores necessidades do indivíduo e da família 
em cada fase e o papel do enfermeiro frente a cada ciclo. 
Serão apresentadas formas de avaliação da família, visando identificar as 
necessidades individuais e comunitárias de cada região, para, assim, respeitar e 
traçar estratégias específicas para as necessidades, as quais variam muito de um 
local paraoutro. 
Assuntos como cuidados paliativos e violência intrafamiliar também farão parte 
da nossa leitura, pois demandam alguns cuidados especiais, e o enfermeiro tem 
papel essencial como educador em saúde e mediador de cuidados e atenção. 
Ao término da leitura deste material, espera-se que você consiga entender a 
importância do enfermeiro na saúde da família e da comunidade de forma efetiva e 
educacional. 
Bom estudo! 
INTRODUÇÃO 
A saúde da família é uma especialidade que vem apresentando grande demanda 
nos últimos tempos. A família é vista como um sistema que interfere diretamente de 
forma positiva ou negativa na saúde de seus membros, além de ser considerada a 
maior rede de apoio de uma pessoa. 
No Brasil, o Governo Federal vem buscando atender às demandas apresentadas 
pela família por meio da Estratégia de Saúde da Família e outras práticas 
integradas na Política de Humanização, nas quais o enfermeiro é fundamental no 
desenvolvimento de ações diretamente ligadas a essa população. 
A saúde da família aborda o cuidado individual e coletivo dos membros da 
família, avaliando riscos, identificando problemas e auxiliando no contexto do 
processo de promoção da saúde, adaptação a algum problema de saúde que 
aconteça e no processo de reabilitação. 
O Enfermeiro visa avaliar a família como um todo, em seus contextos sociais, 
psicológicos, culturais, econômicos entre outros, e não somente no contexto saúde 
e doença. Para tanto, é importante que o futuro profissional de Enfermagem 
entenda todo o contexto que envolve o processo saúde e doença da família, os 
programas e políticas existentes acerca da família, suas formas de atenção e as 
fases do ciclo de vida. 
O trabalho do profissional de Enfermagem poderá atingir a família no domicílio 
ou no ambiente hospitalar em diversas vertentes, como, por exemplo, no apoio ao 
cuidado de um membro com doença crônica, em cuidados paliativos, no 
nascimento, entre outros. 
Iniciaremos o material falando um pouco do conceito de família, comunidade, 
sujeito visando iniciar nosso estudo com conceitos bem definidos.Esse material é 
de grande importância e permitirá que o futuro Enfermeiro tenha o contexto teórico 
das maiores necessidades da família e de que forma poderá implementar a melhor 
assistência possível. 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 
1 CONCEITO DE FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES NO DECORRER DA 
HISTÓRIA 
O conceito tradicional da família como centro de estabilidade e garantia social 
tem mudado nos últimos tempos. Em um mundo em grande transformação, 
influenciado pela globalização e aumento das mulheres no mercado de trabalho, a 
família vem passando por diversas alterações, porém, sem perder o seu valor. É 
preciso identificar e reconhecer essas mudanças para que ações ilimitadas e 
efetivas sejam realizadas junto à construção de um conjunto de estruturas sociais 
que auxiliem as pessoas a se adaptar e lidar com tanta mudanças. É preciso 
adequar as necessidades atuais das famílias de forma mais dinâmica e adaptada a 
nossa sociedade. 
Hoje, com todas essas transformações ocorrendo no contexto da família, fica 
difícil encontrar um conceito que se encaixe perfeitamente na sociedade atual. Uma 
concepção mais tradicional seria a que trazDurham (1968, p.31-48): “As famílias 
são grupos sociais, estruturados por meio de relações de afinidade, descendência e 
consanguidade que se constituem como unidades de reprodução humana”. 
Antigamente, na Era Romana, por exemplo, a família era constituída pela 
autoridade do pai, que tinha o poder de vida e morte dos filhos, por castigos e até 
vendê-los caso quisesse; já a mulher, esposa, era submissa ao marido,realizava os 
serviços domésticos e cuidava dos filhos. Nessa época, a instituição familiar era 
uma unidade econômica, religiosa, política e jurisdicional. 
No Brasil, a Lei Civil de 1916 (BRASIL, 1916)traz que a família, por meio do 
matrimônio, realizava várias funções, como a econômica, pois era responsável pela 
sua sobrevivência, sendo composta por tios, tias, primos e avós que acabavam 
residindo no mesmo local e juntos trabalhavam para a subsistência. A família 
limitava-se exclusivamente aos componentes originados do casamento e sua 
dissolução era proibida. 
A Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) trouxe a não obrigatoriedade do 
casamento para a proteção da família e em seu artigo 226 possibilitou o divórcio, 
desde que houvesse separação conjugal por mais de três anos, possibilitando a 
formação da família monoparental, formada por um dos pais e sua prole. Essa 
Constituição passou a priorizar a família como base da sociedade, admitindo suas 
novas formas e privilegiando o cuidado à criança e ao adolescente baseados na 
dignidade humana. 
 
 
Figura 1. Família nuclear tradicional 
 
Figura 2. Família monoparental 
 
Figura 3. Família homoafetiva 
 
Analisando tal contexto, vemos que a família precisou se adequar às novas 
exigências que foram surgindo,as quais trouxeram mudanças na cultura, nos 
costumes, hábitos e tipos de relacionamentos.Não é mais uma celebração de 
casamento, nem a diferença de sexo do par ou envolvimento sexual. É preciso a 
presença de um vínculo afetivo a unir as pessoas com objetivos e propósitos em 
comum, gerando um comprometimento mútuo. Essa visão afasta cada vez mais a 
ideia de família associada ao casamento. O conceito de família vem se adaptando, 
buscando ser uma união constituída por carinho, amor, afeto e respeito, sem regras 
impostas pela sociedade e necessidade de ser somente para procriação. 
Outra transformação importante é a luta e o reconhecimento da união 
homoafetiva, isto é, pessoas do mesmo sexo ligadas por elo afetivo que desejam 
formar uma família. Isso deixa claro o quanto a constituição da família,atualmente, 
é muito baseada no afeto, fugindo do modelo patriarcal que era focado no poder, 
hierarquia e autoritarismo. Também não pode-se deixar de comentar sobre o 
conceito de família nuclear, encontrada em muitos lares, que é assentado na 
presença do pai, da mãe e dos filhos, trazendo o conceito da união pelo casamento 
e do parentesco como base da família. 
A família é a base da formação do indivíduo, além de ser responsável por 
promover a educação, saúde, proteção e lazer de seus entes, influenciando 
ocomportamento do indivíduo frente a sociedade. Em nossa realidade, podemos 
dizer que os pais, ou responsáveis, são o modelo de boas ou más ações para os 
filhos, impactando diretamente na postura deles em relação ao contexto da 
educação e da saúde.Por exemplo, estudos mostram que pais que fumam tendem 
a influenciar os filhos a desenvolverem o mesmo hábito. Pais violentos tendem a ter 
filhos violentos, que vão reproduzir aquilo que viveram em sua infância. 
(TRINDADE, 2018) 
Vale resumir algumas conquistas relacionadas à família na Constituição 
Brasileira após a carta Magna, comoa Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990 
(BRASIL, 1990), que aumentou o amparo do bem familiar; a Lei nº 8.560, de 29 de 
dezembro de 1992 (BRASIL, 1992), que versou sobre características da 
investigação de paternidade e da certidão de nascimento dos filhos consagrados 
fora do matrimônio; e as Leis nros 8.971, de 29 de dezembro de 1994 (BRASIL, 
1994), e 9.278, de 10 de maio de 1996 (BRASIL, 1996), que estabeleceram os 
direitos e obrigações dos companheiros, ambas leis dando amparo às mulheres 
que eram discriminadas após o divórcio. 
Hoje em dia também existem famílias que são formadas também por outras que 
foram dissociadas, como, por exemplo, a união de um casal que já foi casado 
anteriormente e traz filhos de outras relações. É uma estrutura importante de se 
conhecer, visto que algumas questões mudam, como a não responsabilidade do 
padrasto frente a demandas vivenciadas pelo(a) enteado(a). 
Outro fato que ocorre em algumas regiões do nosso país é o aumento da 
migração de pessoas devido ao desenvolvimento do capitalismo. Como resultado, 
temos a dissolução de vínculos matrimoniais e de uniões de origem, a criação de 
novos relacionamentos conjugais, o aumento do número de famílias sem pai e a 
dispersão da mulher e dos filhos para casa de parentes, avolumando o número de 
famílias mais amplas, como, por exemplo, avós que criam netos. 
É notório o aumento da gravidez na adolescência, com o registro do incremento 
de 25% do número de adolescentes grávidas no País nos últimos tempos. Tal valor 
traz a possibilidade do crescimento de mães solteiras e pais desertores, causando 
uma série de conflitos para a adolescente e a criança. (MARTINS,et al, 2011) 
O idoso tem perdido seu lugar na família. Devido à necessidade de todos os 
entes, na maioria da vezes, trabalharem, ele tem ficado deslocado dentro do 
contexto familiar pela sua potencial falta de atividade. Em outros casos, porém, 
possui um papel fundamental na economia e na responsabilidade da família. Em 
ambos os cenários existem conflitos que precisam ser identificados e mediados. 
<lembrete início> 
A família é a base da formação do indivíduo, além de ser responsável por 
promover a educação, saúde, proteção e lazer de seus entes, influenciando o 
comportamento do indivíduo frente a sociedade. 
<lembrete fim> 
Atualmente, lidar com a família é trabalhar com a diversidade, e ela pode ter 
várias classificações: famílias intactas (que ainda não sofreram processo de 
separação); em processo de separação; monoparentais; reconstruídas; constituídas 
por casais homossexuais; com filhos adotivos; e formadas por meio de novas 
técnicas de reprodução. Esses diversos tiposde família impactam diretamente na 
forma do cuidado e nas demandas de saúde em que o enfermeiro atua. 
<Saiba mais início> 
A fim de saber mais sobre as transições que ocorreram na família, leia: 
DESSEN, M. A. Estudando a família em desenvolvimento: desafios conceituais e 
teóricos. Psicologia Ciência e Profissão, vol. 30, núm. esp., diciembre, 2010, p. 202-
219. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/2820/282021786009.pdf>. Acesso 
em: 5 dez. 2017. 
<saiba mais fim> 
 Levando em consideração que a família é influenciada pelos seus membros e 
por outras redes sociais e de apoio, a seguir detalharemos essatemática. 
1.1 A família como um sistema 
Inicialmente, discutimos sobre a evolução das famílias e seus principais 
conceitos. Assim, podemos relembrar que família é mais que uma ligação de 
parentesco, é uma união de afeto entre os membros. A família é considerada um 
sistema. 
A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi desenvolvida pelo biólogo húngaro 
Ludwig von Bertalanffy em 1936. Mas o que é um sistema?Ele pode ser definido 
como um complexo de elementos em interação mútua. Tal conceito pode ser 
aplicadoao indivíduo, à família ou mesmo à sociedade. Cada sistema pode se 
constituir de subsistemas e estar inserido em outros sistemas maiores. 
A família é composta de vários subsistemas: conjugal, filial, paternal e parental. 
O conjugal ocorre quando duas pessoas adultas se unem em uma relação 
interdependente e complementar, formando um casal que identifica uma relação 
entre os cônjuges. Um fato que poderia afetá-loseria o divórcio. 
O filialacontece quando nasce o primeiro filho e os seguintes. O nascimento do 
bebê pode ser um fato afeta a família positiva ou negativamente, dependendo de 
alguns contextos, tais como o desejo real da chegada desse filho, preparo para a 
nova rotina e a probabilidade de doenças congênitas. 
Já oparental é responsável por questões consideradas básicas, porém 
fundamentais em uma família, como a educação, a socialização e a proteção. 
Nesse contexto, um ato de violência em um dos seus membros afeta diretamente a 
todos os integrantes. 
Por fim, ofraternal diz respeito à relação entre os irmãos, a qual deveria ser 
estreita e de companheirismo. A mudança de um irmão para estudar, se casar ou 
até o adoecimento de um deles pode ser um fato que sensibiliza a família. 
Os exemplos citados anteriormente nos subsistemas servem para que você, 
como enfermeiro, tenha a visão crítica da necessidade de intervenção da sua 
prática junto à família e inicie o processo de raciocínio crítico e clínico visando à 
melhor prática, dependendo da influência externa ou interna que essa família 
poderá sofrer. 
Existem também os suprassistemas, os quais estão relacionados com o 
trabalho, a igreja, os vizinhos e instituições de saúde. Um suprassistema pode 
atingir positivamente uma família, como na situação de pessoas que possuem a 
espiritualidade fortalecida e conseguem lidar melhor com as adversidades do 
processo saúde e doença, assim como um ambiente de moradia com tráfico de 
drogas e violência ao redor da família poderá comprometer a questão da segurança 
desta, além de oferecer maus exemplos às crianças e adolescentes. 
O indivíduo também é considerado um sistema,no qualsua rotina e as pessoas 
ao seu redor formam a sua estrutura. É dinâmicoe as mudanças ocorrem de acordo 
com as interações que vivencia. Sua realidade é uma reformulação de experiências 
vividas. O comportamento de uma pessoa ou do seu meio influencia diretamente no 
comportamento da outra de forma recíproca. 
<Lembrete início> 
Toda e qualquer parte de um sistema está relacionada de tal modo com as 
demais partes que qualquer mudança em uma delas provocará alterações no 
sistema total. 
<lembrete fim> 
Na teoria geral dos sistemas, nada acontece isoladamente, e qualquer episódio 
que afete um dos componentes, atinge todos os outros. 
A família é vista como um todo e este é muito mais do que a soma das partes, e 
o enfermeiro precisa ter a dimensão disso. Um exemplo dotodo seria o brinquedo 
móbile, que é um conjunto de peças unidas em interação, em que cada uma delas 
interfere no movimento das outras. O móbile, porém, não se esgota nelas, mas 
enriquece à custa delas. 
 
Figura 4. Modelo de móbile 
Um dos desafios do enfermeiro é querer atender a família como um todo, 
relatando que nunca consegue reunir todos, porém, a partir do momento em que 
atua frente a um membro, indiretamente todos serão afetados. 
Fazendo uma transposição para a abordagem do cuidado da família como um 
sistema, um todo único é maior que a soma das partes, pois, no cuidado a essa 
família, o enfermeiro precisa visar a relação entre os membros, alguém de dentro 
do sistema que tenha influência sobre o subsistema e estabelecer uma postura de 
empatia com os membros para uma melhor compreensão do todo. 
Nessa teoria dos sistemas, o enfermeiro poderá atender a família como um todo 
e também os indivíduos que fazem parte dela. Ele deve ter flexibilidade conforme o 
processo for acontecendo e trazendo resultados. É preciso traçar um plano de 
cuidados e reavaliar cada ação, ou seja, se esta atinge o objetivo individual e/ou 
grupal. 
É importante que o enfermeiro saiba o limite de cada sistema. Existem os 
sistemas considerados abertos, aqueles que têm entrada e saída de influência, está 
aberto para o meio; e aquele que está fechado para o meio. No que tange aos 
limites, podemos dizer que cada sistema tem seus valores, regras e normas que 
determinam até que ponto ocorrem as interações com o ambiente e com o grupo, 
incluindo o enfermeiro. Precisamos entender que o ambiente é um intrumento de 
troca importante para que a família possa se manter saudável. Por isso, quando 
falamos do sistema aberto, entende-se que ele precisa ter um equilíbrio 
fundamentado em regras internas de comportamento. A família precisa ter objetivos 
grupais e individuais. Aquelas com muitos membros e objetivos individuais 
geralmenteentram em conflito e não conseguem viver em sociedade na construção 
de um bem comum. 
Pensando nessa abertura, ou não, do sistema, alguns conceitos foram inseridos, 
os quais são: a família emaranhada e a desmembrada ou desagregada. Nas 
emaranhadas, os vários elementos inter-relacionam-se de modo indiferenciado, não 
se reconhecendo quem é quem, enquanto desmembrada ou desagregada não se 
verificam trocas efetivas entre os subsistemas, com cada elemento vivendo 
desgarrado face a outro. O ideal seria um meio-termo entre esses dois conceitos, 
visto como um possível funcionamento saudável com contato entre os subsistemas 
e respeito à individualidade. 
Identificar esses meios e o que está em desequilíbrio é papel do enfermeiro no 
cuidado à família, porém, ele precisa estar ciente que nem sempre uma ação de 
educação em saúde terá o mesmo resultado para todas elas. Isso depende se essa 
família vem de um sistema aberto ou fechado e o quanto a ação influenciou, ou 
não, na dinâmica dela. Podemos dizer que estímulos iguais resultam em respostas 
diferentes, podendo haver imprevisibilidade das respostas e necessidade de 
mudança na forma de intervenção profissional frente a essa família. 
Entender que cada família tem sua estrutura própria e única é importante para 
que o enfermeiro entenda que as necessidades são específicas de cada uma delas, 
assim como as ações deverão ser sistematizadas e direcionadas para cada 
indivíduo e família de forma única. 
Dentro de um mesmo sistema, os membros podem absorver a informação de 
formas variadas, porém, possuem uma maneira individual de organização que, ao 
final, todos cheguem ao objetivo final comum. 
A perspectiva sistêmica da família pressupõe que cada indivíduo/família é um 
sistema vivo que se gera e desenvolve numa interação dinâmica com os sistemas 
que vive, no qual os enfermeiros que trabalham com famílias naturalmente estão 
envolvidos, resultando no cuidado de enfermagem. 
1.2 Enfermagem da família 
A enfermagem,enquanto profissional, é reconhecida como uma prática social 
que se relaciona e complementa outros trabalhos na saúde em resposta às 
demandas sociais e de saúde. 
O cuidado tem perdido o foco do coletivo no decorrer das transformações da 
sociedade e epidemiologias, mirando-se somente no indivíduo. A saúde da família 
traz a oportunidade e tem sido a forma de retomarmos o cuidado do coletivo e olhar 
para o todo. 
Em qualquer contexto em que os enfermeiros desenvolvam a sua prática 
profissional, a família surge como uma área de atenção relevante para a sua 
intervenção. O cuidar éum dos primordiais interesses da enfermagem. Cuidar da 
família no contexto da promoção, recuperação e reabilitação da saúde traz a 
questão de tratar da sobrevivência da nossa sociedade, do bem-estar das pessoas 
incluindo a saúde; o cuidar de um todo, não somente do indivíduo e de que o 
cuidado de enfermagem em conjunto com a família traz resultados positivos para 
todos envolvidos. 
Um dos resultados que o cuidado de enfermagem traz na família deve ser 
voltado não só para o indivíduo, mas também focado no ambiente em que ele vive. 
Um dos conceitos de enfermagem na família é: "Uma filosofia e um modo de 
interação com os clientes, que diz respeito ao modo como os enfermeiros colhem 
informação, intervêm com pacientes, advogam os pacientes e abordam o cuidado 
espiritual com as famílias" ( SANTOS, 2012,p.12-17.Figura 5- Visita de enfermeira indiana à uma família na antiguidade 
 
Fonte: http://www.loc.gov/pictures/resource/anrc.11174/ 
 
No decorrer dos anos 1960, o cuidado na família ganhou maior ênfase e foi 
inserido nos currículos dos cursos de enfermagem, incluindo a forma de avaliação 
da família por meio dos profissionais enfermeiros. Foi preciso adaptar algumas 
teorias e práticas que eram voltadas exclusivamente aos indivíduos. Um exemplo é 
a Teoria de Enfermagem de Callista Roy, criada em 1976 baseada na Teoria dos 
Sistemas.Em 1981,ela sofreu uma modificação e introduziu a família como um 
sistema adaptativo, e o enfermeiro a assiste no processo de adaptação. Ainda 
nesse contexto, o ambiente e coping surgem como elementos importantes na 
enfermagem de família. A teorista Imogene King, igualmente, incluiu a interação 
com a família (também como cliente) e o sujeito como parte de sua teoria. 
 
<Lembrete início> 
A teoria de enfermagem é uma conceituação articulada e comunicada da 
realidade inventada ou descoberta na enfermagem com a finalidade de descrever, 
explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem. 
<Lembrete fim> 
 
Hoje, a família é reconhecida como uma unidade importante de cuidados não só 
da enfermagem, mas como de outros profissionais de saúde que podem intervir de 
forma positiva no contexto deste cliente. 
O cuidado de enfermagem à família pode ser descrito como o processo de 
prover as necessidades de saúde que estejam no âmbito da prática de 
enfermagem, podendo ser diretamente à família, ao indivíduo, à sociedade e ainda 
como um todo, dando visão da abordagem social complexa que desafia os 
enfermeiros ao uso de tratamentos sistemáticos da família como cliente. 
Para outros autores, o enfermeiro pode cuidar da família em três contextos: 
indivíduo, a família ou o todo.No caso do indivíduo, o enfermeiro foca o zelo no 
indivíduo e preocupa-se com o bem-estar individual, podendo a família participar 
através de informações complementares e auxiliar nos cuidados, porém, não sofre 
avaliação ou intervenção. Quando relacionada com a família do indivíduo, o 
enfermeiro avalia e presta os cuidados diretos à família dele, no modo como os 
entes veem e agem frente a um problema, como, por exemplo, um idoso acamado. 
Na ocasião em que o foco é o todo, o enfermeiro cuida da família e do 
sujeitointegralmente. Podemos citar como exemplo o nascimento de uma criança, 
em que há uma adaptação de todos os membros. 
A ênfase do enfermeiro é integrar a família nos cuidados e a sua forma de 
interagir com eles. Essas ações são peças-chaves para um bom resultado na 
assistência a essa população. 
 
<Saiba mais início> 
Para entender um pouco mais sobre comunicação nas práticas de saúde, faça a 
leitura complementar do texto: 
CORIOLANO-MARINUS M. W. L. et al. Comunicação nas práticas de saúde: 
uma revisão integrativa. Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.4, p.1356-1369, 2014. 
<saiba mais fim> 
A comunicação pode ser entendida como prática social que advém da interação 
entre seres humanos, expressa por meio da fala, escrita, comportamentos gestuais, 
distância entre os participantes e toque. No sistema de saúde, o encontro em 
profissionais e usuários é feito por meio da comunicação. Nem sempre ela 
consegue ser efetiva, ocorrendo ruídos por meio de ambos envolvidos, muitas 
vezes pela diferença de linguagem e saberes diferentes, limitações orgânicas de 
uma das partes e valores diferentes. O diálogo é um eterno exercício de 
estabelecer uma relação que exige treino, reflexão, aprendizagem e prática. É o 
instrumento básico do cuidado. 
Com o passar do tempo, o paciente deixou de ser visto como doença, mas sim 
como um todo, favorecendo a humanização do cuidado. Por meio da interlocução, 
o enfermeiro passou a conseguir mais informações, as quais o auxiliam na 
avaliação do paciente e família, para melhor entender suas necessidades e agir de 
forma efetiva, beneficiando a todos. Quando a confiança entre ambas as partes 
ocorre, as mensagens são mais claras, e o acamado é convidado a uma ação mais 
ativa no seu cuidado, em uma interação que permite estratégias para atingir a 
saúde ideal. 
Porém, o enfermeiro precisa estar atento para que esse tipo de relação não seja 
mecânica, como vivenciamos em vários serviços de saúde e diferentes 
profissionais. É preciso entender que a comunicação não se resume em falar e 
ouvir, uma troca de mensagens, mas sim uma ação que integre bem o ouvir e seja 
individualizada, levando em consideração as características daquele indivíduo e 
família. 
A partir da comunicação desenvolvida com o paciente, o enfermeiro identifica 
suas necessidades, informa sobre procedimentos ou situações, promove o 
relacionamento entre pacientes, com a equipe multiprofissonal ou com familiares, 
viabiliza a educação em saúde, troca de experiências e mudança de 
comportamentos, entre outras ações visando ao melhor resultado possível no 
cuidado à saúde do paciente. 
1.3 Avaliação da família 
A avaliação e intervenção em saúde exigem a utilização de modelos que 
permitam a concepção de cuidados orientados tanto para a coleta de dados como 
para o planejamento das intervenções. 
Analisar a família como um sistema é apreciá-la na sua dinâmica e estrutura, 
num processo de interação com outros sistemas. O alcance dessa apreciação 
depende da habilidade do enfermeiro em identificar os elementos e as interações 
que definem família, a sua força e a sua necessidade. 
Wright e Leahey, pesquisadoras da Universidade de Calgary, propuseram um 
modelo de avaliação da família que a analisa como um sistema por meio de 
identificação dos seus problemas de saúde, seus mecanismos de apoio e recursos 
potenciais para resolução de problemas. 
O modelo Calgary contempla uma estrutura multidimensional, com categorias 
referentes aos aspectos estrutural, de desenvolvimento e funcional, com a 
possibilidade de obter uma visão ampliada das relações significativas, das redes de 
apoio familiar, dos laços, dos conflitos e da comunicação.Esse modelo sugere 
prudência em sua aplicação e atenção a alguns detalhes: 
• O enfermeiro determina os tipos de informações de que precisa. Todos 
membros da família necessitam ser avaliados, porém nem com todos 
conseguiremos ter contato. 
• Após a coleta dos dados, tentar discutir frente as informações que possui 
e não se deixar levar por dados inferenciais ou sugestivos de alguns 
membros. 
• Ter a consciência de que as informações obtidas é o que a família quer 
falar naquele momento; porém, elas podem mudar em um outro 
momento de contato. 
• Enfermeiros precisam estar atentos às várias verdades que podem 
ocorrer dentro de uma mesma família, não se deixando levar por 
emoções e ser imparcial no julgamento. 
• O foco é menor nas pessoa e maior na interação entre os meios. 
Para a avaliação dos familiares são usados o genograma (desenho da família) e 
o ecomapa (representação das relações internas e externas da família) que avaliam 
quem é o grupo social deles, suas influências diretas e indiretas, os tipos de relação 
de vínculo entre os meios e indivíduos e o contexto que estão inseridos. 
Conhecer a estrutura da família, sua composição, como os membros se 
organizam e interagem entre si e com o ambiente, os problemas de saúde, as 
situações de risco, os padrões de vulnerabilidade, é vital para o planejamento do 
cuidado à saúde familiar. 
À medida que vai colhendo dados, o enfermeiro deverá mentalmente rever a 
informação e validar com a família a interpretação que faz dela, reformulando e 
levando os parentes a tecer narrativas compreensivas da situação apresentada. 
Iniciaremos nossa avaliação pelo genograma, que é o desenho da árvore da 
família. É uma prática antiga, também chamada de árvore genealógica por alguns 
autores, que detalha a históriae a estrutura das famílias, fornece informações 
sobre os seus membros e suas diferentes gerações, e por meio de entrevista dá 
informações significativas para análise e discussão da situação. A entrevista 
precisa ser estruturada e a comunicação entre o profissional e a família é essencial 
para que haja recuperação das memórias importantes, informações 
demográficas,de posição social e funcional, recursos e acontecimentos presentes e 
passados que atingem e atingiram a dinâmica familiar. 
A aplicação do genograma em saúde da família permite uma visualização do 
processo de adoecer, facilitando o plano terapêutico e, à família, uma melhor 
compreensão sobre o desenvolvimento de suas doenças. Esse instrumento oferece 
uma visão histórica de como os entes familiares enfrentam situações críticas, 
inclusive em mudanças do ciclo de vida. 
No geral, as informações mínimas que o enfermeiro precisa ter para a 
elaboração do genograma são: identificação das pessoas e sua hierarquia; idade e 
ano de nascimento; doenças que tiveram ou tem; pessoas ou locais envolvidos na 
rotina desta família; datas de casamentos e divórcios. Deve-se também indicar os 
membros que vivem juntos na mesma casa (família nuclear), os familiares de 
origem (pai e mãe), estressores, relacionamentos intergerações, interpessoais e os 
papéis de cada um no seio familiar. Sempre que possível, deve ser iniciado na 
primeira consulta, pois é uma boa estratégia para ter acesso ao conhecimento da 
estrutura da família. Ele precisar ser principiado com o registro da pessoa que 
suscitou a sua construção. 
O uso do genograma possibilita ao profissional da saúde uma revisão rápida da 
estrutura da família, identificando, por exemplo, divórcios ou um novo casamento; 
sua avaliação e compreensão, visto que olhar a estrutura como um todo em forma 
de desenho facilita; elaboração de um vínculo mais estreito com os familiares; 
reconhecimento de pacientes de alto risco;e a promoção de mudanças de hábitos 
positivos. Tais ações mostram que a família é de interesse dos profissionais da 
saúde. 
Quais as vantagens do genograma? 
• observar e analisar barreiras e padrões de comunicação entre as 
pessoas; 
• explorar aspectos emocionais e comportamentais em um contexto de 
várias gerações; 
• auxiliar os membros da família a identificar aspectos comuns e únicos de 
cada um deles; 
• discutir e evidenciar opções de mudanças na família; 
• prevenir o isolamento de um membro dos membros familiares. 
Existem alguns símbolos que são padrão e devem ser seguidos para a 
elaboração do genograma. 
Figura 6. Símbolos padrão do genograma. 
 
Fonte://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2117294/mod_resource/content/1/Text
o%202%20genograma%20e%20ecomapa.pdf 
 
 
 
 
 
 
Figura 7- Símbolos padrão do genograma e ecomapa 
 
Fonte: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2117294/mod_resource/content/1/Texto
%202%20genograma%20e%20ecomapa.pdf 
<texto em destaque início> 
Vamos a um exemplo de genograma. Atente-se à história clínica a seguir: 
João, 68 anos, casado com Maria, 66 anos, há 42 anos. Possuem 2 filhos, 
Laura, de 40 anos, e Mauro, de 35 anos. Laura é separada e mora com os pais 
junto à filha Julia, 21 anos. Laura é atendente de caixa de supermercado e 
trabalha 8h por dia de segunda a sábado. Julia faz faculdade de Letras no 
período da manhã e auxilia os avós nos outros períodos nos afazeres de casa e 
idas a médicos, etc. Mauro é solteiro, mas mora em outra cidade, pois foi onde 
arrumou um emprego em sua profissão. João e Maria são aposentados e vivem 
de uma renda de 3 salários mínimos. João é hipertenso e cardiopata, fazendo 
uso de medicamentos contínuos, porém desordenadamente.Vai à igreja com a 
esposa às quartas e domingos. É ele quem faz compras, paga contas e resolve 
problemas diários da casa. Fora isso, seu maior lazer é ouvir noticiário. Maria é 
diabética e possui osteoartrose, o que,às vezes, a impossibilita de realizar os 
afazeres de casa e ir à igreja às quartas e domingos, como tem costume. Ela 
lava e passa as roupas em casa e arruma o restante com a ajuda da neta. Maria 
não tem um bom relacionamento com a filha Laura, pois esta não a ajuda, 
reclama o tempo todo, nunca cuidou direito da filha e,às vezes, chega 
alcoolizada em casa, conforme relatou. Fala que sua maior dificuldade é 
controlar a diabetes, pois se sente mal com os remédios e acaba tomando-os de 
vez em quando. João e Laura pouco se falam, mas porque João é mais 
reservado. Laura e sua filha se dão bem e costumam sair juntas. Mauro visita a 
família a cada três meses aproximadamente. 
Diante desta história, o genograma seria da seguinte forma: 
Figura 8- Modelo de Genograma 
 
 
<Texto em destaque fim> 
Percebam que João e Maria estão em destaque. Inicialmente, eles são o foco da 
nossa história. Porém, no decorrer da entrevista e das visitas a esta família, pode 
ser que eles não sejam o enfoque da nossa intervenção, isso é possível de 
acontecer. Percebam também que esta é a estrutura da família. Como não 
tínhamos informações sobre o ex companheiro da Laura, incluímos o ponto de 
interrogação em seu símbolo. O alcoolismo da Laura ficou interrogado, pois temos 
somente as informações fornecidas pela mãe dela, o que poderemos confirmar, ou 
não, durante uma avaliação mais detalhada. Ainda não falamos das relações que 
serão expressas a seguir, após a explicação do ecomapa. 
O ecomapa é uma avaliação mais ampla, relacionada ao tipo de relação que os 
membros da família têm entre si e com o ambiente em que vivem. Ele é 
complementar ao genograma e é considerado dinâmico, pois está ligado ao externo 
e por isso pode apresentar mudanças. É uma representação do suprassistema, 
além de um diagrama das relações entre a família e a comunidade, o que ajuda a 
avaliar os apoios e suportes disponíveis e sua utilização pela família. 
Deve-se incluir no ecomapa: 
• serviços da comunidade (creche, escolas, unidade de saúde, etc.); 
• grupos sociais (igrejas, associação de moradores do bairro, etc.). 
• relações significativas (amigos, vizinhos, família, etc.); 
• trabalho – outros (lazer, etc.). 
A partir da avaliação das relações desta família, pode-se dizer ela possui poucas 
conexões com a comunidade, necessitando de maior atenção e intervenção da 
enfermagem. 
Relendo a história clínica que demos no exemplo do genograma, veremos a 
seguir como seria o ecomapa, complementando a avaliação. 
 
 
Fonte: própria 
Figura 9- Modelo de Ecomapa 
Percebe-se que o casal tem uma ótima relação (três traços), enquanto Maria e 
Laura possuem uma relação conflituosa, demostrada na linha irregular. A ligação 
do casal e da neta é próxima, demonstrada com dois traços, segundo o padrão de 
símbolos, e o vínculo de todos com o filho Mauro, que mora fora, é um 
relacionamento distante, porém ainda não podemos dizer que é um relacionamento 
fraco. 
Seguindo na linha da avaliação,é fundamental identificar a maneira como a 
família enfrenta e supera as adversidades físicas, culturais e espirituais, pois éesse 
enfrentamento queauxiliará no seu crescimento e desenvolvimento. Conhecer 
ahistória de vida da família auxiliará a entender também como ela mantevea 
estabilidade frente ao que já ocorreu. 
De acordo com Cecílio (2014); Figueiredo (2010) e 
 Souza, et al (2017) o Modelo Calgary não utiliza os diagnósticos de enfermagem 
em sua avaliação, pois as autoras relatam que esses são pouco flexíveis e não 
abrangem diretamente o problema apresentado. Nesse modelo é importante que o 
enfermeiro consiga identificar, ao final da avaliação, as forças e as fragilidades do 
contexto familiar, que seria a última categoria do Modelo Calgary, a funcional, a 
qual refere-se à maneira como as pessoas da família interagem, seus modos de 
comunicação,solução de problemas, crenças, papéis, regras e alianças. 
Na atuação junto às famílias, a conclusão da fase da avaliação representa o 
momento em que o enfermeiro coelabora com os membros familiares um possível 
diagnóstico e determina com eles se a intervenção é ou não necessária. 
O Modelo Calgary pode ser utilizado em vários contextos: para analisar a família 
frente a um momento novo, como o nascimento de uma criança, ou a adaptação a 
uma cirurgia de mastectomia de um de seus membros. Vale a pena conhecer esse 
instrumento e utilizar na prática da enfermagem. 
1.4 Intervenção na família 
As intervenções de enfermagem devem centrar-se em dar segurança, aumentar 
a proximidade do doente e da família/pessoa significativa, tratar de informação, 
facilitar o conforto e reforçar o apoio. 
Para que ocorra a efetividade de uma intervenção, todas as etapas 
discutidasanteriormente precisam ter ocorrido com empatia, criando um vínculo de 
confiança entre o enfermeiro e a família. 
Profissionais de enfermagem que não acreditam que a família é núcleo 
importante no processo de cuidar são os que mais apresentam mais conflitos com 
ela. Uma postura positiva junto da família possibilita melhores resultados a todos os 
envolvidos. 
Por mais que tenhamos dito a todo momento que o enfermeiro precisa atuar 
junto aos familiares, existe ainda uma dicotomia em relação a sua prática, a qual, 
por diversas vezes, é voltada para o indivíduo. Ela nem sempre favorece esse 
cuidado realmente voltado para a família. 
A intervenção de enfermagem é a ação do enfermeiro frente àquilo que a própria 
família o estimulou a pensar e agir. A resposta dessa interposição será uma 
resposta da família, eficaz ou não, determinada também pelo seu funcionamento 
usual e/ou adaptável. 
A atitude dos profissionais é determinante na qualidade das relações que se 
estabelecem entre o enfermeiro e os familiares, sendo reconhecida que uma atitude 
de suporte favorece o desenvolvimento de um trabalho de parceria, de partilha e de 
corresponsabilização entre os intervenientes. 
O tratamento de enfermagem eficaz será aquele mais útil à mudança na 
estrutura biopsicossocial e espiritual dos membros da família, sendo esse o maior 
desafio de enfermeiros. 
O Modelo Calgary de intervenções na família possibilita uma estrutura 
organizadora de intercepção entre um determinado domínio do funcionamento 
familiar e uma intervenção específica de enfermagem, a qual tem por finalidade a 
mudança do sistema. A figura 10 demonstra os elementos do Modelo Calgary de 
intervenção da família. 
 
 
 
Fonte: própria 
Figura 10- Elementos do Modelo Calgary de intervenção Familiar 
Para a intercessão da enfermagem, a teoria da mudança oferece atributos 
importantes para essa prática. Nem sempre ela ocorre. Muitas vezes, é preciso que 
algum desconforto aconteça para que se perceba a sua necessidade e essa 
aconteça efetivamente. Em geral, toda alteração gera desconforto. 
Sabe-se, contudo, que a mudança mais profunda e contínua é aquela que ocorre 
sobreas crenças da família. Ela depende da percepção do problema. Assim, 
enfermeiro e família podem achar a melhor solução para o problema encontrado. 
Existem situações em que a proposta do enfermeiro não atende às 
necessidades ou expectativas da família, a qual pode querer suspender o cuidado 
ou procurar outro profissional. Alguns exemplos de foco de atenção do enfermeiro 
junto a famílias são: planejamento familiar, adaptação à gravidez, satisfação 
conjugal, entre outros. 
1.5 Ciclos de vida familiar 
O ciclo de vida familiar tem várias etapas pelas quais as famílias passam desde 
a sua constituição em uma geração até a morte dos indivíduos que a iniciaram. 
Elas podem ter impactos sociais, culturais, biológicos ou econômicos. Nessas 
etapas, algumas mudanças são esperadas enquanto outras não, e o 
comportamento da família frente a isso precisa ser conhecido, demandando 
avaliação e intervenção quando não são vistas como algo bom. 
Figura 11 - Ciclo natural de vida familiar 
 
 
 
Fonte: http://ericaterapeuta.blogspot.com.br/2016/12/como-calcular-os-ciclos-da-vida.html 
Essa foto é muuuuito importante. Nâo consegui achar outra nas sugestões de site que me 
enviam. Poderia me ajudar? Como podemos fazer? Coloquei uma no anexo de imagens, se 
não tiver outro jeito pode usar aquela. 
Algumas das modificações que podem ocorrer no ciclo de vida são: casamento, 
nascimento de um filho, separação, adolescência ou morte dentre outros. Na 
literatura, são apontadas seis fases do ciclo de vida, descritas em oito etapas: 
1– Começo da família (casamento). 
2– Família com filhos com até 30 meses. 
3– Família com filhos pré-escolares (entre 30 meses e 6 anos de idade). 
4– Família com filhos escolares (entre 6 e 13 anos de idade). 
5– Família com adolescentes (entre 13 e 20 anos). 
6– Família em fase de lançar os filhos (filhos saem de casa para estudar, 
trabalhar, casar, etc.). 
7– Famílias maduras (do ninho vazio até a aposentadoria). 
8– Famílias anciãs (aposentadoria até o falecimento de ambos os 
cônjuges). 
 
Quadro 1 – Ciclos de vida, tarefas e problemas que cada ciclo de vida pode 
apresentar 
Etapa Tarefa e mudanças familiares 
necessárias 
 
Problemas que podem se 
apresentar 
Formar o 
casal 
• Compromisso com um sistema 
familiar novo. 
• Pactuação de papéis e metas. 
• Negociação da intimidade. 
• Reordenação das relações 
(família ampliada e amigos). 
• Estabelecimento de relações 
mutuamente satisfatórias. 
• Disfunções sexuais. 
• Infertilidade. 
• Sintomas inespecíficos 
(cefaleia, lombalgia, 
cansaço). 
 
Tornar-se 
pai e mãe 
• Integrar um novo membro. 
• Ajustar o par ao trio. 
• Negociar papéis parentais. 
• Restringir a vida social. 
• Reordenar as relações com a 
geração dos avós. 
• Choro dos filhos. 
• Problemas de 
alimentação. 
• Tensão, infidelidade. 
• Sintomas variados, 
sobretudo nas mães. 
Crescimen
to dos 
filhos 
• Obter um equilíbrio entre o lar e o 
mundo exterior (escola, amigos). 
• Ensaiar a separação[promover a 
diferença do subsistema familiar. 
• Filhos fora de controle. 
• Enuresis e encopresis. 
• Sintomas vários 
• Lidar com os irmãos. (cefaleia, dores). 
Filhos 
adolescent
es 
• Alterar a flexibilidade dos limites. 
• Obter um equilíbrio entre o 
controle e a independência. 
• Permitir ao adolescentes entrar e 
sair da família. 
• Saídas noturnas e do 
lugar. 
• Recusa à escola e faltas 
não autorizadas. 
• Violência familiar, 
transtornos alimentares, 
problemas sexuais. 
• Sintomas dos pais. 
Filhos que 
se 
emancipa
m 
• Ir e deixar ir. 
• Reestruturar a relação entre os 
pais e os filhos. 
• Pais: começar a construir uma 
nova relação com o ninho vazio. 
• Filhos: irem-se do lar e tornarem-
se independentes. 
• Desavenças 
matrimoniais. 
• Crise da meia-idade. 
• Divórcio. 
Família na 
vida tardia 
• Aceitar a mudança geracional 
dos papéis. 
• Enfrentar a enfermidade e a 
morte dos pais e avós. 
• Aprender a ser avós. 
• Adaptar-se com o papel de 
aposentado ou pensionista. 
• Restabelecer-se da morte do 
cônjuge. 
• Dores patológicas. 
• Depressão. 
• Demência. 
• Falta de adesão às 
orientações médicas. 
Em famílias de classe social vulnerável, alguns fenômenos contribuem para 
encurtar as fases do ciclo de vida: em primeiro lugar, a gravidez que ocorre 
precocemente, geralmente em adolescentes e,assim, as fases do casamento e 
nascimento do primeiro filho dão lugar a famílias com filhos pequenos. A estrutura, 
geralmente monoparental, e a aglomeração de gerações sob um mesmo teto faz 
com que famíliaspopulares tenham ciclos de vida abreviados, de até três fases: 
 
Quadro 2 – Os ciclos de vida das famílias vulneráveis 
FASE DO CICLO CARACTERÍSTICAS 
Família composta por 
jovem adulto. 
Adolescentes são levados a buscar formas de subsistência 
fora de casa ou são fonte muito explorada de ajuda, 
tornando-se um adulto sozinho, que cresce por conta própria, 
sem que outro adulto se responsabilize por ele. Começa 
muito precocemente, por volta dos dez anos de idade. 
Família com filhos 
pequenos. 
Ocupa grande parte do ciclo, incluindo dentro da mesma 
casa três ou quatro gerações. As tarefas dessa fase se 
misturam: formar um sistema conjugal, assumir papéis 
paternos e reorganizar os papéis com as famílias de origem. 
Família no estágio 
tardio. 
É mais raro ocorrer um ninho vazio de fato, uma vez que os 
idosos costumam ser membros ativos da família, com papel 
de sustentar e educar as gerações mais novas. As mulheres 
tornam-se avós precocemente, mesmo que ainda estejam 
consolidando sua fase reprodutiva e reconstruindo sua vida 
afetiva. Essa é a fase que mais vem crescendo ao longo dos 
anos. 
 
A seguir será abordada sobre a assistência de enfermagem nos diferentes ciclos 
de vida. 
1.5.1 Infância 
Avaliar o crescimento e desenvolvimento infantil é uma das atribuições do 
enfermeiro na estratégia saúde da família e parte integrante da consulta de 
enfermagem à criança.É importante que o profisssional conheça detalhes sobre 
condições de nascimento e de vida da criança. Investigar condições que a mãe 
realizou o pré-natal e possível interferências que possam ter ocorrido, como 
hipertensão arterial, diabetes, infecções, fumantes, etc. 
Figura 12. Criança após nascimento 
 
Fonte: https://pixabay.com/pt/beb%C3%AA-nascimento-beb%C3%AA-saud%C3%A1vel-
1531057/ 
 
Nessa fase do ciclo vital, avaliar o crescimento e desenvolvimento infantil é papel 
fundamental do enfermeiro, devendo ser realizado durante a consulta de 
enfermagem. Medidas antropométricas, assim como os perímetros cefálicos, 
torácicos e abdominais, fazem parte dessa avaliação para elaborar o gráfico que 
qualificará o crescimento da criança. 
<saiba mais início> 
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: crescimento e 
desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção 
Básica, n. 33) 
<saiba mais fim> 
Dentre outros problemas que podemos encontrar, vale atentar para: 
1– Avaliação do peso: pode ser alterado se a criança sofreu algum 
agravo de saúde ou se a família tem dificuldades para lidar com as 
recomendações feitas para determinada faixa etária e ainda se possuem 
condições socioeconômicas desfavoráveis. 
2– Avaliação da altura: pode revelar algum problema crônico e, 
tardiamente, por desnutrição. 
3– Perímetro cefálico: sua avaliação é útil até que a criança complete 2 
anos e pode sinalizar algum problema de sistema nervoso central. 
Figura 13- Avaliação da altura de crianças 
 
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/two-girls-show-height-on-wall-
366509981?irgwc=1&utm_medium=Affiliate&utm_campaign=Hans%20Braxmeier%20u
nd%20Simon%20Steinberger%20GbR&utm_source=44814&utm_term= Substituí no 
arquivo em anexo de imagens, porém, não achei em nenhum dos bancos de dados 
disponibilizados algo similar. Uma pena. 
 
O Ministério da Saúde (BRASIL, ANO 2012) sugere que até o primeiro ano de 
vida a criança passe, pelo menos, por sete consultas médicas; no segundo ano de 
vida por duas consultas, e do terceiro ao quinto ano, umaconsulta por ano. Essa 
sequência é para uma criança com crescimento e desenvolvimento dentro do 
esperado e que não tenha anormalidades identificadas em seu estado de saúde. 
O enfermeiro deve acompanhar a família desde o pré-natal e identificar quais 
são as angústias, dúvidas e dificuldades frente à situação de um novo ente familiar, 
visando auxiliar na melhor forma de adaptação possível. Os laços afetivos 
formados, em especial entre pais e filhos, influenciam no desenvolvimento saudável 
do bebê e determinam modos de interação positivos, que possibilitam o 
ajustamento do indivíduo aos diferentes ambientes de que ele irá participar. 
É de suma importânciaincluir o pai nessa avaliação e nas orientações para que 
ele participe do crescimento e desenvolvimento da criança e assessore nos 
cuidados. 
Algumas dificuldades são comuns da fase do nascimento, e o enfermeiro precisa 
estar atento. A depressão pós-parto é um dos agravos que podemos nos deparar, 
afetando entre 12 e 19% das puérperas e envolvendo diretamente o bebê e o pai 
da criança. Um dos problemas ocasionados pela depressão pós-parto é o 
desmame precoce (primeiros dois meses). O profissional enfermeiro deverá 
verificar sinais compatíveis de depressão na puérpera, tais como tristeza, 
irritabilidade, choro frequente, transtornos alimentares e de sono, além de queixas 
psicossomáticas. 
O nascimento do segundo filho também merece atenção do enfermeiro. Ele pode 
evidenciar ciúmes no primogênito e causar alterações emocionais que levam a 
diarreia, febre e outros sintomas, além de retrocessos, como voltar a querer 
mamadeira, fazer xixi na calça, etc. É importante que o enfermeiro note as 
mudanças decorrentes desse acontecimentos, tranquilizando, apoiando e 
orientando a família para que ela consiga se adaptar e superar esse momento de 
ambivalência entre a felicidade pelo nascimento de um segundo filho e a ansiedade 
que pode advir. 
É importante que o enfermeiro incentive e auxilie os pais a criarem redes de 
apoio complementares para ajudar nessa fase, passando por ela da melhor forma 
possível, evitando-se conflitos. O enfermeiro pode, por meio da avaliação de 
Calgary, identificar quais são as possíveis redes de apoio disponíveis, como 
membros da família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e profissionais de saúde 
como psicólogos, médicos, entre outros. 
Percebe-se que o fenômeno de distribuição de papéis, que na família tradicional 
era fortemente delimitado, hoje se encontra flexibilizado, principalmente nas classes 
mais populares, sendo, muitas vezes, os avós os detentores de maior parte do 
cuidado da criança. 
Com a presença mais frequente do enfermeiro no contexto domiciliar da família, 
algumas ações se tornam possíveis e os resultados positivos são visíveis. Durante 
a visita à casa da paciente, o enfermeiro consegue identificar sinais e sintomas de 
depressão pós-parto, dificuldades no processo de amamentação, cuidados de 
higiene da mãe e da criança, orientar sobre possíveis dificuldades na nova rotina e 
desenvolvimento da paternidade. 
Em relação à criança, o enfermeiro pode apontar problemas como: dificuldade 
de alimentação, vômito, apneia, letargia, taquipneia, atividade reduzida, febre, 
batimento de asas do nariz, icterícia, cianose, problemas de pele entre outros. 
Para bebês maiores de dois meses, é importante observar se ele consegue 
mamar no peito, se vomita tudo o que ingere, se apresenta convulsões ou se está 
letárgico ou inconsciente. 
 Com frequência, as crianças são acometidas por problemas respiratórios e 
gastrointestinais. Sendo assim, o enfermeiro deve conseguir distinguir sinais de 
maior gravidade dessas doenças por meio do conhecimento sobre a fisiopatologia 
delas. 
Orientações sobre imunização e alimentação são essenciais para a família. 
O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva 
sua promoção, proteção e a detecção precoce de alterações passíveis de 
modificação que possam repercutir em sua vida futura. Dentro do que é esperado 
para um desenvolvimento normal, a família da criança pode interferir e inserir 
crenças e valores que deixam os pais sem saber o que é realmente esperado para 
aquela determinada idade da criança, como, por exemplo,a comparação com 
outros. 
A identificação de problemas tais como: atraso no desenvolvimento da fala, 
alterações relacionais, tendência ao isolamento social, dificuldade no aprendizado, 
agressividade, entre outros, é fundamental para o desenvolvimento e a intervenção 
precoce para o prognóstico dessas crianças. 
Para avaliação do desenvolvimento da criança podemos obter informações dos 
pais, da rede de apoio, como pessoas que auxiliam no cuidado e da escola que a 
criança frequenta. Um instrumento muito utilizado para tal ação em nosso país é o 
teste de Denver. Ele foi criado na tentativa de acompanhar objetivamente o 
desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de zero a seis anos. Criado por 
Frankenburg et al. em 1967, avalia quatro áreas do desenvolvimento infantil: motor-
grosseiro e motor finoadaptativo (controle de aquisições motoras), linguagem 
(percepções de sons, imagens e suas respostas) e pessoal-social (avaliação do 
comportamento frente a estímulos culturais). 
 
<saiba mais início> 
ZAGO, J. T. C.; PINTO, P. A. F.; LEITE, H. R.; SANTOS, J. N.; MORAIS, R. L. S. 
Associação entre o desenvolvimento neuropsicomotor e fatores de risco biológico e 
ambientais em crianças na primeira infância. Rev. Cefac, v.19, n.3, p.320-329, 
maio-jun. 2017. 
<saiba mais fim> 
É importante que o enfermeiro saiba que alterações significativas no crescimento 
também podem afetar o desenvolvimento da criança, cujo tratamento poderá ser 
individualizado ou em grupo, dependendo muito de sua complexidade. O manejo 
adequado poderá ser feito mediante orientações aos pais sobre a importância da 
relação entre o desenvolvimento da criança e a maneira como eles lidam com isso. 
A obesidade infantil é outro problema que deve ser visto pelo enfermeiro da 
família. Hoje, é considerado um problema de saúde pública,pois a prevalência de 
sobrepeso e obesidade infantil está aumentando em todo o mundo, com incidência 
entre 10,8% e 33,8% em diferentes regiões e reflexos em curto e longo prazos na 
saúde pública(BRASIL, 2012b)Intervir precocemente, visando prevenir a obesidade 
na infância, significa diminuir, de uma forma racional e menos onerosa, a incidência 
de doenças crônico-degenerativas na fase adulta. 
Algumas informações que o enfermeiro deve verificar nesse contexto são: 
• se a criança realizou aleitamento materno; 
• se há sobrepeso ou obesidade dos pais; 
• se os pais e a criança realizam alguma atividade física; 
• avaliar os hábitos alimentares da família, incluindo o horário das 
refeições. 
Essas indicações auxiliarão muito na avaliação da família e na elaboração das 
intervenções. 
Outro motivo de interferência junto à família relacionado à criança é a violência. 
Ela interpõe-se como uma poderosa ameaça ao direito à vida e à saúde da criança 
e de sua família. A exposição dela a qualquer forma de violência, assim como a 
negligência e o abandono, principalmente na fase inicial da sua vida, pode 
comprometer seu crescimento e desenvolvimento físico e mental. 
Nesse sentido, desde 1996, há uma recomendação da Organização Mundial da 
Saúde (OMS) de que as violências devem ser encaradas como importantes 
problemas de saúde pública. No Brasil, a violência já atingiu o quinto lugar nos 
motivos de mortes de crianças até 1 ano de idade.(MAGALHÃES, 2017). 
O enfermeiro precisa entender a violência, seus fatores de risco e avaliar 
algumas questões: 
• identificar casos suspeitos de violência; 
• conhecer e reconhecer sinais de violência; 
• identificar redes de apoio e proteção social no território; 
• realizar acompanhamento contínuo da criança e da família em situação 
de violência; 
• desempenhar atividades de prevenção da violência junto à população. 
A suspeita de violência, também conhecida como maus-tratos, surge, em geral, 
no momento em que se procede à anamnese ou ao exame físico da criança. 
Distúrbios de sono, desnutrição, dificuldade de aprendizado ou fobias são alguns 
dos muitos sintomas que podemos identificar na criança durante a consulta de 
enfermagem. Hematomas, queimaduras e fraturas podem ser sugestivos de 
possível violência física. 
É importante que o enfermeiro desenvolva ações de prevenção da violência e 
identificação de sinais e sintomas junto a escolas e creches, pois também são 
ambientes que auxiliam na identificação de possível problema e ajudam no 
processo de apoio à família e à criança. 
A atenção básica assume um papel importante para a atenção integral à saúde 
das crianças e de suas famílias em situações de violência por ser o serviço 
responsável pela coordenação das ações de cuidado antiviolência. 
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), existe uma linha de cuidado 
que precisa ser seguida na atenção básica à saúde, conforme figura a seguir: 
Figura 14- Linha de cuidado para a criança e família vítimas de violência 
 
 
 
Ainda em relação à violência à criança, é importante que o enfermeiro conheça 
os fatores de vulnerabilidade: 
• pais muito jovens; 
• pais solteiros; 
• pais de nível socioeconômico baixo; 
• ambiente familiar instável (uso de drogas e álcool); 
• pais com baixa autoestima; 
• fatores que aumentam o nível de conflito, como o desemprego; 
• crianças com distúrbios psíquicos e mentais, entre outros. 
 
Para que o enfermeiro consiga atingir de forma efetiva o cuidado frente a esta 
etapa do ciclo vital, é preciso conhecer todas as vulnerabilidades possíveis que a 
criança vivencia, como as citadas acima. 
 
1.5.2 Adolescência 
A adolescência é uma das fases mais importantes e peculiares do 
desenvolvimento humano que chega de uma forma intensa, manifestada por meio 
de crescimento físico acelerado, além daevolução psicológica. 
Por mais que tenhamos políticas públicas bem estruturadas, quando falamos da 
adolescência, essa não é a realidade. Ainda há muita dificuldade em se assegurar 
a atenção integral à saúde dessa população, levando em consideração as 
peculiaridades existentes nessa fase do ciclo vital. 
O Programa de Saúde do Adolescente (Prosad) criado em 1989, e o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, de 1990, são as políticas brasileiras que apresentam 
diretrizes voltadas para a atenção à saúde e proteção social dos adolescentes, 
porém, ainda se mostram insuficientes para atingir a integralidade dessa 
população. 
A compreensão das demandas e necessidades de saúde dos adolescentes pode 
subsidiar estratégias de melhoria do cuidado a esse grupo. E a gravidez na 
adolescência é uma das principais exigências de saúde que merecem atenção. 
 
Figura 15- Gravidez na adolescência 
 
 
 
Geralmente, as mulheres descrevem a experiência de ser mãe como 
maravilhosa e muitas, inclusive,têm a maternidade como um sonho de mulher. Na 
adolescência, esse contexto passa a ser problema de saúde pública por não ser 
planejada, e não pela gestação propriamente dita. Aadolescente passa por intensas 
transformações que já impactam diretamente na sua rotina, e uma gravidez não 
planejada pode ser um problema ainda maior do que se ocorresse na vida adulta. 
O estilo de vida atual, de mais liberdade de expressão e independência da 
mulher e da adolescência, associado à grande explosão emocional da fase, são os 
principais motivos do aumento da incidência de gravidez na gestação. 
O segundo aspecto é um pouco mais subjetivo e parece não ter relação, mas 
impacta, sim. Nas populações de classes econômicas mais baixas, que geralmente 
não têm acesso à saúde, cultura, lazer e emprego, uma gravidez pode representar 
instantânea elevação de benefícios, como, por exemplo, ter preferência em filas de 
estabelecimentos comerciais. 
A adolescente, muitas vezes, apresenta complicações na gestação, pois, em sua 
maioria, não entende a importância do pré-natal, tem vergonha da barriga, não 
possuiacesso às consultas e acaba não o realizando da forma indicada. 
Como enfermeiros, precisamos orientar a adolescente sobre as complicações 
mais comuns na gestação precoce, como: 
• mortalidade neonatal; 
• baixo peso ao nascer; 
• anemia ferropriva; 
• mortalidade materna; 
• aborto espontâneo; 
• doença hipertensiva exclusiva da gestação; 
• prematuridade, entre outros. 
 
 
 
 
Figura 16- Recém-nascido prematura - consequência possível na gravidez na 
adolescência 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/prematuro-menina-do-
beb%C3%AA-rec%C3%A9m-nascido-gm516987122-89261593 
 
Ainda sobre as consequências, a interrupção dos estudos é uma delas. 
Infelizmente, escolas e universidades não possuem alguma forma de apoio a essas 
alunas, ocasionando alto número de evasões escolares, tendo como consequência 
a falta de preparo para o mercado de trabalho, desemprego e pobreza. 
<SAIBA MAIS início> 
BICA, I.;ESTEVES, I.; CRUZ, S.; ANDRADE, A. Situação de risco com impacto 
em toda família: gravidez na adolescência. Millenium, v.2, n.1, p.65-75, 2016. 
<saiba mais fim> 
A atuação do profissional enfermeiro é imprescindível por criar oportunidades de 
diálogo e apoio, os quais a adolescente não possui em sua família e podem ser 
supridos por uma atenção multiprofissional qualificada. 
Outra problemática ainda dentro da gravidez na adolescência não planejada é o 
aborto. Várias são as opções clandestinas e ilegais oferecidas e sugeridas 
geralmente pelo companheiro ou amigos. Segundo estimativas da Organização 
Mundial da Saúde (GENIOLE, 2011), cerca de metade das gestações são 
indesejadas e uma em cada nove mulheres recorre ao aborto. 
A Agência Nacional dos Direitos da Infância (Andi, 2003) relata que mais da 
metade das adolescentes grávidas de classe média alta recorrem ao aborto quando 
não podem ou não querem a gestação. Os abortos mal sucedidos, realizados de 
forma precária e que apresentam complicações, obrigam as mulheres a procurar 
assistência médica na rede pública de saúde, entrando para as estatísticas 
nacionais. 
 
<Exemplo de APLICAÇÃO início> 
Por meio da escuta e do acolhimento, os profissionais de saúde têm a 
possibilidade de considerar as crenças, os valores e o modo como representa e 
age a família perante a situação e também suas potencialidades e limitações. 
Reflita sobre o papel do enfermeiro neste contexto. 
<exemplo de aplicação fim> 
Outro problema que pode ocorrer nesta fase do ciclo vital é a violência urbana. Ela inclui 
acidentes de trânsito, óbitos por arma de fogo, arma branca, afogamento, suicídio entre 
outros. Este problema acomete principalmente jovens entre 20 e 24 anos e vem aumentando 
cada vez mais nas estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IB).(BRASIL,2001) Recentemente, a violência urbana, representada também pelos assaltos, 
sequestros, estupros, dentre outros tipos, vem sendo executada basicamente por jovens e 
adolescentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17- Violência urbana na adolescência 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/gangue-de-jovens-lutando-
gm125556059-17446325 substituída no anexo de imagens 
A violência traz sempre um cunho de poder, de domínio de um sobre o outro; 
assim, os indivíduos considerados mais frágeis ou pertencentes a classes 
minoritárias, como as mulheres, idosos, crianças e adolescentes, são sempre os 
mais atingidos. 
A promoção da saúde por meio de ações educativas contra qualquer tipo de 
violência ainda é a melhor forma de conscientizar jovens e adolescentes sobre os 
riscos frente a essa demanda. Por conta desse tipo de problemática, devido aos 
óbitos precoces, a família sofre uma mudança radical na estrutura e precisa de 
apoio para lidar com esse tipo de adaptação que poderia ser evitado. 
O bullyingé uma temática nova e atual, que vem tomando dimensões inclusive 
judiciais e que impacta diretamente na vida do adolescente, podendo ocasionar 
violência, depressão e isolamento social. É preciso que o enfermeiro auxilie a 
família e o jovem a lidar com esse tipo de contexto. 
A prática do bullying não se restringe ao ambiente escolar, podendo estar 
presente também nas famílias, nos locais de trabalho, nos condomínios 
residenciais, enfim, onde existam relações interpessoais. 
 
Figura 18- Bullying na adolescência 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/unhappy-girl-being-gossiped-about-
by-school-friends-in-classroom-gm544969104-98064707 revisada 
 
As causas são diversas, tais como: carência afetiva, ausência de limites e modo 
de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, por meio de 
práticas educativas que incluem maus-tratos físicos e explosões emocionais 
violentas.Cabe ao enfermeiro estar atento a sinais de bullying durante a avaliação 
da família e no decorrer do acompanhamento. 
Assim, como comentamos no ciclo vital da infância, a violência intrafamiliar 
também pode ocorrer na adolescência. Essa prática é constantemente encoberta 
pelos membros da família, inclusive pela própria vítima, seja por vergonha, medo 
ou pela situação de dependência da vítima com relação ao agressor. A violência 
pode ser física, emocional, sexual ou ainda como negligência. 
O enfermeiro que estiver acompanhando uma vítima de violência intrafamiliar 
deve considerar seus relatos, ainda que se trate de uma criança, não se 
precipitando na conclusão de que se trata de fantasia. Portanto, deve ficar atento a 
sinais sugestivos de violência em crianças e adolescentes, como lesões repetidas, 
isolamento, depressão, exibicionismo, interesse sexual impróprio para a idade, 
manipulação da genitália, DSTs. 
O comportamento dos pais também pode ser suspeito, como a criança ser 
levada com frequência à unidade de saúde e os pais demonstram cuidado 
excessivo, não permitindo que ela fique nem um momento longe de sua presença. 
Esse tipo de comportamento pode demonstrar insegurança e receio de que a 
criança relate a realidade.A atuação multiprofissional nesta situação é essencial. 
 
<saiba mais início> 
MAGALHÃES, J. R. F.; GOMES N. P.; MOTA R. S.; CAMPOS L. M.; CAMARGO 
C. L.; ANDRADE S. R. Violência intrafamiliar: vivências e percepções de 
adolescentes. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem. v. 21, n. 1, pp. 1-7. 2017. 
<saiba mais fim> 
O uso e abuso de drogas e álcool na adolescência também é um problemática 
possível dentro das famílias e que muitos pais apresentam dificuldade de identificar 
ou de lidar com essa situação, necessitando de auxílio multiprofissional. 
 
Figura 19- Uso de drogas e álcool entre os adolescentes 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/garota-colocando-conjunto-em-
cinzeiro-no-crazy-party-gm478800811-36051402 revisada 
As características emocionais típicas da adolescência impulsionam o 
adolescente a experimentar novas sensações e a buscar o prazer imediato, 
atitudes decorrentes de dois importantes fatores que integram esse processo, a 
curiosidade e a pressão do grupo. 
Em nossa cultura e contando com o auxílio da mídia, o álcool tem sido a primeira 
droga utilizada pelos jovens, muitas vezes até estimulados pelos pais. Acreditava-
se que a função de atuar como porta de entrada para o uso de outras drogas era 
atribuída à maconha; porém, hoje, considera-se como principal marcador de risco 
para a utilização de outras drogas o uso regular de bebidas destiladas. 
Um dos primeiros sinais de que um jovem esteja utilizando algum tipo de droga, 
principalmente no caso da maconha, é a queda do rendimento escolar. O estado 
apático decorrente do uso dessa droga com frequência compromete os estudos. 
De uma forma geral, as drogas alteram as funções cognitivas, responsáveis pela 
noção de tempo e espaço e pelos reflexos de autopreservação.O uso ainda que 
em pequenas doses, pode resultar em graves acidentes de trânsito e de trabalho 
que podem levar a mutilações e óbitos. 
Durante a abordagem à família com esta problemática, deve-se considerar na 
avaliação o tipo de droga utilizada e o tempo de uso. 
<SAIBA MAIS Início> 
CANAVEZ, M. F.; ALVES, A. R.; CANAVEZ, L. S. Fatores predisponentes para o 
uso precoce de drogas por adolescentes. Cadernos Uni FOA, 2010, ed. 14, p. 57-
63. 
<saiba mais fim> 
É preciso que o enfermeiro esteja preparado para atuar junto a essa clientela, 
pois o cuidado deve estar voltado à necessidade de diagnosticar o abuso de drogas 
e os prejuízos causados por ela à vida do adolescente de forma precoce, 
minimizando os problemas. 
A família deve fazer parte desse atendimento, dado o significado do contexto 
familiar nessas situações. Ela atuará na responsabilização do adolescente perante 
seu tratamento e ainda necessitará de apoio para lidar de forma compreensível 
com a situação. O profissional deverá participar da busca de estratégias e parcerias 
envolvendo uma sensibilização para as causas e consequências do problema; num 
entendimento biopsicossocial, oferecendo informações sobre as substâncias 
psicoativas e os problemas relacionados ao seu uso; proporcionando oportunidades 
para explorar as perdas e ganhos ocorridos no plano pessoal e social quando se 
escolhe ou se abdica do uso de drogas. 
Os transtornos alimentares na adolescência são uma realidade muito presente 
na adolescência. O capitalismo e o mundo da moda determinam biótipos muitas 
vezes não saudáveis e que levam adolescentes a desenvolver desordens 
alimentares com sérias consequências em sua saúde. 
Figura 20 - Transtornos alimentares na adolescência: anorexia na 
adolescência. 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/anorexia-nervosa-gm487176865-
38708790 revisada 
Figura 21- Transtornos alimentares na adolescência: bulimia na adolescência. 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/mulher-no-banheiro-gm464801850-
56959544 revisada 
 
A anorexia nervosa e a bulimia são os distúrbios alimentares mais comuns entre 
os adolescentes. Na família, os pais podem não conseguir identificar facilmente 
esses problemas e precisarão de ajuda do enfermeiro para identificação e 
tratamento desses distúrbios junto ao adolescente. 
<saiba mais início> 
MORGAN, C. M.; VECCHIATTI, I. R.; NEGRÃO, A. B. Etiologia dos transtornos 
alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev Bras 
Psiquiatr., v.24, supl. III, p. 18-23, 2002. 
<saiba mais fim> 
Alterações de saúde graves como alterações cardiológicas (arritmias), 
endócrinas (hipotireoidismo), anemia, dificuldade de coagulação, depressão, 
alteração do sono, pele descorada, queda de cabelo entre outras podem ocorrer 
caso o distúrbio não seja identificado. 
<OBSERVAÇÃO início> 
A anorexia é visivelmente fatal. Pode levar a óbito por falência múltipla dos 
órgãos. 
<observação fim> 
Algumas intervenções de enfermagem frente a uma família vivenciando um 
adolescente com transtornos alimentares são sugeridas, tais como: 
• avaliar e explorar o grau de dependência e envolvimento entre os 
membros da família; 
• identificar as regras de alimentação dentro da família; 
• distinguir limites adequados para alimentação; 
• incentivar meio de comunicação entre os familiares sobre o problema; 
• ajudar o paciente a desenvolver habilidades na resolução de problemas 
e incentivar a iniciativa; 
• incentivar a participação em grupos de terapia de família. 
como já visto anteriormente com as crianças, é preciso incentivar práticas 
saudáveis que alcancem cada vez mais o adolescente, que é responsável pela 
sociedade futura, por meio de informações, acolhimento e escuta de suas 
necessidades. Esses costumes poderão favorecer um suporte social e emocional 
ao adolescente, contribuindo para o fortalecimento de ações individuais de 
enfrentamento frente as demandas dessa fase do ciclo vital. 
 
1.5.3 Fase adulta 
A fase adulta apresenta várias condições que merecem atenção do 
enfermeiro.Iniciaremos falando um pouco das demandas exclusivas das mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 22- Saúde da mulher 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/mulher-doente-se-sentirem-tranquilizados-com-
m%C3%A9dico-do-hospital-quarto-gm489301270-74620365 revisada 
Até a década de 1970, a mulher era vista única e exclusivamente para os 
cuidados domésticos e maternos, e assim também eram as políticas voltadas a sua 
saúde e para a maternidade (gravidez e parto). 
A ativação da participação feminina na sociedade e a mudança de papéis foram 
essenciais para que essa visão exclusiva de mãe e dona do lar ocorresse e outras 
necessidades recebessem atenção, como a contracepção, as doenças 
sexualmente transmissíveis, entre outras. 
Em 1983, o Ministério da Saúde elabora o Programa de Assistência Integral à 
Saúde da Mulher (PAISM) com objetivo de promover ações educativas, de 
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação relacionados ao pré-natal, parto e 
puerpério, climatério, planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e mama. 
 
<LEMBRETE início> 
Por mais que tenha evoluído a discussão sobre a saúde da mulher, a prioridade 
das ações ainda é voltada para a saúde materno infantil. 
<lembrete fim> 
Durante a consulta de enfermagem, seja no domicílio ou na instituição de saúde, 
o enfermeiro deve aproveitar a oportunidade para ouvir o que a mulher tem a dizer, 
suas queixas, medos, anseio e dúvidas, e aproveitar esse tempo para auxiliar no 
que for possível. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma 
atividade privativa do enfermeiro e suas etapas possibilitam uma avaliação 
minuciosa da mulher, propiciando diagnósticos de enfermagem para o 
planejamento de intervenções efetivas e individualizadas, além da possibilidade de 
realizar educação em saúde. 
A Resolução nº 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem dispõe sobre a 
Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de 
Enfermagem em ambientes públicos e privados. 
<SAIBA MAIS início> 
Para saber os principais motivos da procura de serviços de saúde por mulheres, 
leia o artigo a seguir: 
LEVORATO, C. D.; MARQUES, L. de M.; SILVA, A. S. da; NUNES, A. A. Fatores 
associados à procura por serviços de saúde numa perspectiva relacional de 
gênero.Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 4, p. 1263-1274, junho-abril, 2014. 
<saiba mais fim> 
Asdoenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são uma das demandas da saúde da 
mulher. As vulvovaginites são um dos principais motivos de consultas ginecológicas 
entre as mulheres. Apesar de muitas vezes não serem graves, causam desconforto 
e devem ser identificadas e tratadas. Durante a consulta ginecológica, é realizada a 
sua avaliação ehá a oportunidade de identificar e orientar sobre outras DSTs. 
Importante lembrar que quando falamos de doenças sexualmente transmissíveis, 
nossa atenção não deve estar voltada somente para a questão homem-mulher. 
Hoje, temos muitos casais homossexuais que devemos conscientizar e atuar de 
forma preventiva na educação em saúde, poiseles também podem desenvolver 
doenças como o HIV. Também deve-se ter atenção com as gestantes, que podem 
transmitir aos filhos, na hora do parto, na transmissão vertical, a conjuntivite 
gonocócica. 
As DSTspodem provocar consequências graves como: 
• infertilidade tanto do homem quanto da mulher; 
• dor pélvica crônica; 
• gravidez ectópica; 
• câncer do colo do útero, além de acarretar graves problemas de saúde 
aos filhos gerados em uma mãe portadora sem tratamento se a gestação 
chegar a termo.Muitas vezes, a gravidez poderá ser interrompida por 
complicações de alguma DST. 
 
<SAIBA MAIS Início>

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