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HD AULAS 1 6 (ALUNOS)

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As raízes romano-germânicas do direito luso-brasileiro
6
AULA 1
6
Unidade I
1 -  O Brasil Colônia.
1.1 - A Chegada dos Portugueses
1.2 - Capitanias Hereditárias
1.3 - A Legislação portuguesa: as Ordenações, os Alvarás
1.4 - A Criação do Governo Geral
1.5 - A Escravidão e a economia colonial
1.6 - A agromanufatura açucareira
1.7 - Mineração: a era do ouro
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AULA 1
Unidade I
2 - O Processo de Independência
2.1 - O Império português em tempos de crise
2.2 - As conjurações mineira e baiana (1789-1798)
2.3 - A transferência da corte portuguesa para as Américas, ou o início do processo de interiorização da metrópole.
2.4 - A Revolução do Porto e a emancipação da América Portuguesa
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AULA 1
Unidade I
3 - A construção do Brasil imperial
3.1 - De Reino Unido a Império do Brasil
3.2 - A constituição de 1824 e suas repercussões
3.3 - O Código Penal de 1830
3.4 - A crise do Primeiro Reinado
3.5 - O Segundo Reinado
3.6 - D. Pedro II reina, mas não governa: o período regencial 
3.7 - O regresso conservador e a antecipação da maioridade de D. Pedro 
3.8 - O Código Civil e a Lei de Terras
3.9 - As Leis abolicionistas
3.10 - Crise e fim do Império do Brasil (1870-1889)
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AULA 1
Administração colonial
40
AULA 1
40
Aulas 3 e 4
Ouro, conjuração e ideias emancipatórias: o contexto do período pré-independência
(Livro Didático, p.28-48 + Pesquisas na Internet)
De Reino Unido a Império do Brasil
(Livro Didático, p.48-68 + Pesquisas na Internet)
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AULA 1
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Romano-Germânico ou Continental
(Civil Law)
Anglo-saxônico 
(Common Law)
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Grandes sistemas do Direito
AULA 1
Aula 5
Período Regencial: o difícil período de estabilização da independência
(Livro Didático, p.69-76 + Pesquisas na Internet)
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AULA 1
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Notabiliza-se pela observância da lei, extraindo-se dela definições e princípios gerais que subsidiam a interpretação a ser dada para o caso concreto. 
O juiz também pode se valer da analogia. 
O costume é fonte legal, porém acessória de aplicação do direito. 
A doutrina não é propriamente considerada uma fonte de direito, mas é muito respeitada e suas teses são objetos de discussão em processos judiciais. 
A jurisprudência só possui a mesma força que uma norma legal quando oriunda do Tribunal Constitucional Federal.
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A Civil Law
AULA 1
Predominância do direito escrito.
O marco mais importante para a consolidação do Sistema Romano-Germânico foi o início da sistematização ordenada, unificando as normas em um código, garantindo a partir daí a segurança do Direito. 
Com a codificação napoleônica (Código Civil francês) em 1804 iniciou-se o movimento codificador europeu. 
Em 1°de janeiro de 1900 entrou em vigor o Código Civil alemão, conhecido pela sigla BGB.
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A Civil Law
AULA 1
Pertencem à família romano-germânica os direitos de toda a América Latina, de toda a Europa continental, de quase toda a Ásia (exceto partes do Oriente Médio) e de cerca de metade da África.
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Abrangência da Civil Law
AULA 1
Elaborado na Inglaterra a partir do século XII, em que o Direito se desenvolveu por meio das decisões dos tribunais, e não mediante atos legislativos ou executivos como no Sistema Romano-Germânico. 
O Common Law é o Direito criado ou aperfeiçoado pelos juízes: uma decisão a ser tomada num caso depende das decisões adotadas para casos anteriores e afeta o direito a ser aplicado a casos futuros.
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A Common Law	
AULA 1
Quando não existe um precedente, os juízes possuem a autoridade para criar o direito, estabelecendo um precedente. 
O conjunto de precedentes é chamado de common lawe vincula todas as decisões futuras. 
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A Common Law	
AULA 1
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Amplitude dos Sistemas	
AULA 1
Direito grego: o Direito ocidental é filho das experiências das Cidades-Estado mediterrânicas antigas. Surge na polis grega. Em suas origens, não era escrito, sendo de conhecimento exclusivo de aristocratas-juízes, e só mais tarde foi codificado. 
Direito romano: é grande divisor entre os Direitos Antigos, sagrados, consuetudinários, de conhecimento exclusivo dos anciões e sacerdotes e o Direito Ciência, completamente separado da Religião e da Moral. Os romanos só adquiriram a supremacia no campo do Direito, por haverem criado uma ciência e uma arte do direito.
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Bases anteriores ao Direito brasileiro
AULA 1
Direito germânico: praticado pelas nações bárbaras de origem teutônica que se apossaram da Europa, após a queda do Império Romano do Ocidente, na Idade Média.
Direito canônico: da comunidade religiosa dos cristãos, mais especialmente o direito da Igreja Católica Apostólica Romana. O termo cânon vem do termo grego Kanoon= regula, regra, empregado nos primeiros séculos da igreja para designar as decisões dos concílios.
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Bases anteriores ao Direito brasileiro
AULA 1
Direito muçulmano: influência ocorrida durante a dominação árabe na Península Ibérica (principalmente sul da Espanha e Portugal), que durou oito séculos, até 1492.
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Bases anteriores ao Direito brasileiro
AULA 1
Imposto por Portugal, pela remessa de legislações produzidas na metrópole. 
Não foi construído dia a dia, pois o Brasil era visto apenas como um território para exploração e enriquecimento.
Ordenações do Reino e Regimento do Governador-Geral (1548), decretado por D. João III e trazido para o Brasil por Tome de Souza”: 48 artigos que tratavam da instalação do governo, a concessão de sesmarias, organização do comércio, medidas para a defesa, trato aos índios, invasores etc.
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Direito aplicado na Colônia
AULA 1
Aparecidas no séc. XV, no reinado de Afonso V, o Africano.
Foi resultado do esforço do lendário jurista João das Regras, que desejou libertar Portugal dos últimos vínculos com a Espanha.
A primeira compilação eminentemente portuguesa, tendo como fonte de inspiração os Direitos: Germânico, Romano, Canônico e até o Mulçumano, admitindo a vindicta privada.
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Ordenações Afonsinas (1446-1521)
AULA 1
ESTRUTURA DAS ORDENAÇÕES AFONSINAS
O Livro I – Natureza jurídico-administrativa: regimentos dos cargos públicos, compreendendo o governo, a justiça, a fazenda e o exército.
O Livro II - Natureza política ou constitucional: trata dos bens e privilégios da Igreja, os direitos do rei, a jurisdição dos donatários, as prerrogativas da nobreza, o estatuto dos Judeus e dos Mouros.
O Livro III - trata do processo civil, havendo alusões ao processo criminal.
O Livro IV - direito civil (das obrigações, de direito das coisas, de direito da família e de direito das sucessões. 
O Livro V - direito criminal e processual criminal – alguns atos processuais criminais encontram-se também no Livro III.
Ordenações Afonsinas (1446-1521)
AULA 1
Era uma compilação determinada pela existência de vultuoso número de leis e atos modificadores das Ordenações Afonsinas. 
Foram feitas e promulgadas no reinado de D. Manoel I, o Venturoso, e contém as mesmas matérias das Ordenações anteriores atualizadas.
Eram forais medievais redigidos em latim bárbaro, que reuniam leis extravagantes, ou seja, leis que não estavam contidas nas Ordenações anteriores.
No reinado de D. Sebastião, sofreram grandes modificações, criando-se o chamado Código Sebastiânico ou Código de D. Duarte (1569).
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Ordenações Manuelinas (1521-1603)
AULA 1
Inovações:
supressão dos preceitos aplicáveis a Judeus já que os mesmos foram expulsos do reino em 1496 
supressão das normas relativas à Fazenda que passaram a compor as Ordenações da Fazenda
criação de um Livro dedicado aos Forais Novos (596)
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Ordenações Manuelinas (1521-1603)
AULA 1
Com a morte de D. Sebastião (sem herdeiros), em 1578, o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel I, unificou em 1581 os dois reinos, dando início ao Domínio espanhol, que vai de 1581 até 1640 (59 anos)
Em 1603, passam a vigorar no Brasil as Ordenações Filipinas ou Código Filipino, que também era composto de 5 livros, com semelhança às Ordenações anteriores, mas modificando a estrutura judiciária, criando novos cargos.
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Ordenações
Filipinas (1603-1867)
AULA 1
ESTRUTURA DAS ORDENAÇÕES FILIPINAS
LIVRO I: matérias acerca de Direito Administrativo e Organização Judiciária;
LIVRO II: disposições a respeito dos direitos dos eclesiásticos, dos fidalgos, dos privilégios do Rei, envolvendo ainda fontes de direito, jurisdição e poderes;
LIVRO III: essencialmente de caráter processual civil, contendo ainda regras gerais sobre fontes, vigência das leis que auxiliavam os juízes na tomada de decisões;
LIVRO IV: matérias de direito civil e comercial: regras de contratos (compra e venda, sociedade, aluguéis e rendas da terra), relações entre servos e amos, aforamentos, censos, sesmarias, parceria entre marido e mulher, empréstimos, mútuos, depósitos, fianças, doações)
LIVRO V: trata de crimes e do processo penal.
Ordenações Filipinas (1603-1867)
AULA 1
Acusado permanecia preso até a sentença, quando então era executada a pena. Nos raros casos em que havia pena de prisão, nunca era superior a quatro meses. 
Principais penas: morte civil, morte simples (sem tortura), morte natural (forca), morte natural para sempre (exposição sem sepultamento), morte cruelmente (tortura prévia) e pelo fogo; açoites; decepação de membro, banimento ou exílio, desterro (deixar local do crime), degredo para galés, perpétuo ou temporário; mutilações com requintes de crueldade; queimaduras com tenazes em brasa; confisco de bens; multa. 
As penas eram aplicadas segundo os privilégios ou a linhagem dos executados. 
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Ordenações Filipinas (1603-1867)
AULA 1
Fidalgos, Vereadores, Juízes e outros, exaustivamente listados nas Ordenações, não poderiam sofrer pena de açoites ou degredo com baraço e pregão. 
Havia disposição proibindo que fossem presos em ferros os Doutores em Leis ou Cânones, ou em Medicina, feitos em Universidade, os Cavaleiros Fidalgos, de Ordens Militares de Cristo, Santiago e Aviz, os Escrivães da Fazenda e Câmara reais, bem como as respectivas mulheres.
As pessoas vis (não nobres) sofriam tormento, eram condenadas a penas vis: forca, galés (trabalhos forçados), corte de membro, açoites, marca nas costas, baraço (laço de apertar a garanta) e pregão (descrição da culpa e da pena).
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Ordenações Filipinas (1603-1867)
AULA 1
O Direito Civil regulado pelas Ordenações Filipinas foi revalidado e vigorou no Brasil até 1º de janeiro de 1917, quando entrou em vigência o Código Civil Brasileiro de 1916.
As Ordenações do Reino não eram códigos no sentido atual, mas compilações de leis, atos e costumes, ao lado das quais, funcionam como fontes subsidiárias, o Direito Consuetudinário (costumes), o Direito Romano e o Direito Foralício (cartas forais, com as quais o rei concedia terras).
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Ordenações Filipinas (1603-1867)
AULA 1
Sentença de Tiradentes
Leia o trecho selecionado, que se encontra abaixo e, após, responda as questões propostas.
"... Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas publicas ao lugar da forca e nella morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Villa Rica aonde em lugar mais publico della será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes pelo caminho de Minas no sitio da Varginha e das Sebolas aonde o Réu teve as suas infames práticas e os mais nos sitios (sic) de maiores povoações até que o tempo também os consuma; declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens applicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Villa Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infamia deste abominavel Réu; (...)" (Sentença de Tiradentes. Disponível em:
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=612 acessado em 10 de outubro de 2008).
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AULA 1
O “descobrimento”do Brasil
É necessário entender que o Brasil foi "descoberto" no contexto da chamada "Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos“ (séculos XV e XVI) , já que a América e a Oceania eram totalmente desconhecidas pelos europeus da época 
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AULA 1
As forças motrizes dessa ‘Era” 
Interesses econômicos: acesso às mercadorias orientais, obstruído pela tomada de Constantinopla pelos turcos-otomanos.
Interesses políticos: os reis desejavam ampliar seus domínios.
Interesses religiosos: a Igreja buscava novos fiéis.
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AULA 1
O pioneirismo português
Portugal larga na frente porque detinha condições políticas e técnicas que o levaram a obter êxito.
Em decorrência disso, projeta-se como potência europeia no curso dos Séculos XV (principalmente) e XVI, alargando seus domínios por vários continentes. 
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AULA 1
Unificação do Estado, como monarquia centralizada.
Recursos financeiros disponíveis da Coroa Portuguesa, pela conjugação dos interesses da nobreza (incorporação de novos territórios), com os interesses da burguesia (lucros do comércio marítimo) e apoio da Igreja Católica.
Apredizado das técnicas de navegação com genovezes no Mediterrâneo e invenção da caravela (navio leve)
A posição de Portugal na saída da Europa, banhado pelo Atlântico.
O ato simbólico ato de posse do Brasil se dá em 1500, na Bahia, em uma terra que, desde a formalização do Tratado de Tordesilhas, já era portuguesa. 
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Fatores favoráveis a Portugal
AULA 1
Expansão portuguesa
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AULA 1
Tordesilhas: o divisor do mundo
A Bula Papal Inter coetera ("entre outros (trabalhos)", editada pelo Papa Alexandre VI em 4 de maio de 1493, dividia o chamado "novo mundo“ entre Portugal e Espanha. 
Por meio de um meridiano situado a 100 léguas a oeste dos arquipélagos de Açores e do Cabo Verde: o que estivesse a oeste do meridiano seria espanhol, e o que estivesse a leste, português.
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AULA 1
Tordesilhas: o divisor do mundo
As novas terras descobertas por Cristóvão Colombo seriam da Espanha e, para Portugal a costa da África.
Portugal solicita a revisão do tratado: a 100 léguas de Cabo Verde só havia o Oceano Atlântico.
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AULA 1
Tordesilhas: o divisor do mundo
O Tratado de Tordesilhas substituiu a Bula Papal Inter Coetera (aumentando o divisor para 370 léguas) e acabou por demarcar os primeiros limites da América portuguesa, ou seja, estabeleceu o território inicial do que mais adiante seria denominado Brasil. 
Tordesilhas foi fortemente contestado pelas outras nações europeias.
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AULA 1
Capitanias hereditárias
O período inicial pós “descoberta” (1500-1530) é repleto de invasões, o que leva a Coroa portuguesa a adotar uma política protetiva.
Os parcos recursos financeiros e humanos para tal empreendimento levam o rei a transferir essa empreitada para as mãos da iniciativa privada.
Isso se dá a partir de 1530 (São Vicente), pela criação de capitanias hereditárias (15), por doação de terras, onde os donatários (12) detinham poderes quase absolutos sobre as terras e a população.
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AULA 1
Capitanias hereditárias
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AULA 1
Capitanias hereditárias
O propósito era o de manter a conquista e assegurar a integridade do território por meio de povoamento.
Os donatários foram investidos de direitos de fundar vilas, cobrar impostos, dominar tribos e doar lotes de terra (Sesmarias), mas não podiam vender o território recebido.
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AULA 1
Documentos Jurídicos
A ligação jurídica existente entre o rei de Portugal e cada um dos donatários era fundamentada por dois documentos capitais:
● Carta de Doação: atribuía ao donatário a posse hereditária da capitania, quando de sua morte seus descendentes continuavam a administrá-la, sendo proibida a sua venda.
● Carta Foral: Estabelecia os direitos e deveres donatários, fixando foros e tributos ao Rei e ao donatário, como miniaturas de uma Constituição. Alguns seguem válidos até 1832. Pelourinho: existência de um foral. 
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AULA 1
Direitos
e deveres do donatário
Criar um vilarejo e doar terras (as sesmarias) a quem interessasse cultivá-las.
Exercer o papel de autoridade judicial e administrativa com plenos poderes, até mesmo autorizar a pena de morte.
Escravizar os índios na lavoura, podendo enviar alguns para Portugal, como escravos (até 30 por ano).
Receber a vigésima parte dos lucros sobre o comércio do Pau-Brasil e entregar para o rei de Portugal 10% da receita adquirida com a comercialização dos produtos da terra.
Cabia à Coroa portuguesa 1/5 dos metais preciosos encontrados nas terras do donatário e o direito exclusivo sobre o Pau-Brasil (monopólio).
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AULA 1
Os Regimentos: destinavam-se a instruir os funcionários em suas áreas de atuação, estabelecendo suas atribuições, obrigações e a jurisdição dos diversos órgãos incumbidos de gerir a administração colonial;
Os Alvarás: com duração formal de um ano (podendo, muitas vezes, ter o prazo de validade dilatado) se constituíam em importantes atos jurídicos da administração colonial;
As Cartas (régias, de sesmarias, patentes): destinavam-se a variadas finalidades e determinações especiais voltadas para a regulação do campo administrativo. A Sesmaria normatizava a distribuição de terras destinadas à produção, delegada a particulares.
OBS.: esses documentos quase nunca seguia critérios regulares, nem quanto à forma e nem quanto à periodicidade.
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Outros documentos legais
AULA 1
A transferência da organização e povoamento para a responsabilidade da iniciativa privada mostrou-se ineficaz pelos altos custos demandados. Somente 5 capitanias vingaram.
A partir de 1548, deu-se a reorganização administrativa por meio da criação do chamado “governo-geral”, que tinha por propósito coordenar a defesa da Colônia, explorar o sertão e auxiliar as Capitanias, que permaneciam estruturadas (duraram até 1759).
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A criação do Governo Geral
AULA 1
Pacto Colonial
AULA 1
Organograma
Finanças
Justiça
Defesa
Tomé de Souza
AULA 1
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Estrutura do Judiciário na Colônia
AULA 1
Estrutura do Judiciário na Colônia
Ouvidor Geral – Sua função era de representar a administração da justiça real portuguesa, atuando como o juiz de hoje em nome do rei.
Corregedor – O título corregedor deriva de regedor, ou seja, aquele que auxilia, dá assistência ao regedor. Tinha a atribuição de ingressar e fazer justiça em todas as capitanias
Ouvidor da Comarca – o ouvidor de comarca era uma autoridade que o povo respeitava mais do que hoje respeita ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Juiz Ordinário - Bacharel em direito indicado pelo Rei. Era anualmente eleito entre os “homens bons” nas Câmaras Municipais e tinham competência para causas cíveis, criminais, além de causas atinentes aos órfãos
Juiz de Fora - O juiz de fora era um magistrado nomeado pelo rei de Portugal para atuar em comarcas onde era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial.
AULA 1
ORGANIZAÇÃO JUDICIAL NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1548 E 1580
JUSTIÇA NO NÍVEL DAS CÂMARAS
JUÍZES ORDINÁRIOS
JUÍZES DE VINTENA,TABELIÃES, ESCRIVÃES, MEIRINHOS
JUSTIÇA NO NÍVEL DAS CAPITANIAS
OUVIDOR
TABELIÃES, ESCRIVÃES, MEIRINHOS
Justiça concedida que vai se transformando, ao longo do tempo, em justiça real diretamente exercida
Justiça concedida
JUSTIÇA NO NÍVEL DO GOVERNO-GERAL
OUVIDOR-GERAL
TABELIÃES, ESCRIVÃES, MEIRINHOS
 Justiça real diretamente exercida
COROA PORTUGUESA
DESEMBARGO DO PAÇO
MESA DE CONSCIÊNCIA E ORDEM
CASA DE SUPLICAÇÃO
AULA 1
Os tribunais superiores do Império localizavam-se na Metrópole:
Casa de Suplicação – Tribunal Supremo de uniformização da interpretação do Direito Português.
Desembargo do Paço – apreciava matérias sobre liberdade (graça, indulto, perdão, comutação de pena), sobre adoção, legitimação e emancipação, sobre reintegração de posse e sobre censura de livros. 
Mesa de Consciência e Ordem – tratava do provimento de benefícios, da administração de comendas e dos negócios relativos a interditos, cativos, ausentes e defuntos e de consciência do rei. Na Colônia a função cabia ao PROVEDOR DE DEFUNTOS E AUSENTES.
Estrutura do Judiciário na Colônia
AULA 1
A descoberta de ouro sempre foi um objetivo de Portugal, adiado pelos problemas para defender o território e pelo investimento no cultivo da cana-de-açúcar.
Ao final do século XVII (1695) esse objetivo é alcançado com a descoberta das minas nas Gerais, tendo início a chamada Era do Ouro que declina após 1760.
Essa nova fase é consequência indireta da crise vivenciada pela economia açucareira brasileira, a partir da expulsão dos holandeses em 1654 e reinstalação nas Antilhas.
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Mineração: a "Era do ouro"
AULA 1
A luta contra os holandeses no nordeste.
O ocupação holandesa nas Antilhas, e as colônias francesas e inglesas da América Central, que investem na cultura açucareira.
O declínio do comércio português no oriente
 A guerra da Restauração portuguesa, após o fim da União Ibérica.
O Ato de Navegação, aprovado pelo Parlamento Britânico, que monopolizava o desembarque de mercadorias na Inglaterra e controlava o tráfico negreiro.
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Fatores que favoreceram a “Era”
AULA 1
Elevado crescimento demográfico do país, principalmente nas regiões auríferas, com a consequente interiorização da colonização.
A geração de de um comércio interno pois o modelo agroexportador do açúcar e tabaco do nordeste cede espaço para a demanda dos novos habitantes;
O surgimento de uma classe média: artesãos, artistas, poetas e intelectuais, desenvolvendo a cultura.
Criação de uma estrutura de controle e tributação.
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Mudanças promovidas pela “Era”
AULA 1
O Portugal da Restauração encontrava-se endividado e enxerga nas minas das Gerais a solução para seus problemas.
Mas era necessário implementar mecanismos de controle para evitar a evasão e sonegação do ouro:
Intendência das Minas e Casas de Fundição
Pré-requisitos para participar da exploração (possuir ao menos 12 escravos para atuar nas “ datas” ou lotes)
Quinto real, Captação e Derrama.
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Os controles e a tributação
AULA 1
Em 19 de Abril de 1702 foi publicado o Regimento do Superintendente, Guardas-Mores e Oficiais para as Minas de Ouro, criou uma administração diretamente ligada a Coroa e não ao Governo-Geral. 
O sistema funcionava assim: a Intendência de Minas, sob a direção de um superintendente em cada capitania em que se descobrisse ouro, subordinado diretamente ao poder metropolitano, fiscalizava e cobrava o “Quinto”. 
O descobrimento das jazidas deveria ser comunicado ao superintendente da capitania, que requisitava funcionários (guarda-mores) para fazera demarcação das “datas” a serem distribuídas entre os mineradores presentes.
A Intendência das Minas
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AULA 1
A Intendência das Minas, que era um governo especial para as zonas auríferas, vinculada somente à Lisboa.
As atribuições dessa Intendência eram amplas:
 policiamento da mineração;
 fiscalização e direção das explorações;
 cobrança de impostos; e
 tribunal de primeira e última instância (nas questões referentes às suas atribuições).
A Intendência das Minas
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AULA 1
Os movimentos evidenciavam atritos e fissuras na relação com a metrópole. 
Além da questão econômica, as rebeliões expunham o descontentamento da população da colônia em razão do excessivo controle da metrópole, bem como a inexistência de uma identidade nacional, mas sim local.
Os impostos abusivos cobrados sobre o ouro pela Coroa, por exemplo, equilibraram as finanças, mas estimularam vários conflitos entre metrópole e colônia.
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Os movimentos de rebelião
AULA 1
Local: Maranhão
Protagonistas: População x jesuítas/governantes
Motivo: Proibição da escravidão indígena e substituição pela cara mão de obra do negro
Fatos: Manuel e Thomas Beckman expulsam os jesuítas e dissolvem a companhia que monopolizava o comércio negreiro.
Desfecho: Extinção da companhia, prisão/morte dos líderes e retorno dos jesuítas.
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Revolta dos Beckman (1684)
AULA 1
Local: Minas Gerais
Protagonistas: Paulistas
x colonos baianos e portugueses (emboabas)
Motivo: Disputa pelo monopólio das regiões mineradoras pelos bandeirantes
Fatos: Emboabas vencem pelo maior número e maior aparelhamento.
Desfecho: Criação das Capitanias de São Paulo e Minas e ida dos paulistas ao Mato Grosso e Goiás.
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Guerra dos Emboabas(1708)
AULA 1
Local: Pernambuco
Protagonistas: Comerciantes de Recife (Mascates) x fazendeiros de Olinda
Motivo: A ascensão comercial do Recife gera uma disputa por autonomia política, nas mãos da elite decadente de Olinda
Fatos: Os olindenses invadem o Recife e um novo Governador é nomeado.
Desfecho: Nomeação de Recife como sede administrativa do governo de Pernambuco.
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Guerra dos Mascates(1709)
AULA 1
Local: Minas Gerais/Vila Rica
Protagonistas: Conjurados (burguesia e militares brasileiros) x governo
Motivo: Movimento de independência local e republicano contra a rigorosa política fiscal e tributária (Inconfidência?)
Fatos: Após a Era Pombalina (1750-1777) , houve um afrouxamento do controle fiscal. Nomeado o novo governador em 1785, a pressão fiscal aumenta.
Desfecho: Aprisionamento/exílio aos conjurados (28) e morte por enforcamento e esquartejamento a Tiradentes.
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Conjuração Mineira (1789)
AULA 1
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Conjuração Mineira (1789)
Segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio. Ele nunca usou barba e cabelos longos. Como militar, o máximo que se permitia era um discreto bigode. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro com a barba feita e o cabelo raspado, no dia 21 de abril de 1792. “Pois seja feita a vontade de Deus. Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria”, teria dito Tiradentes ao ouvir serenamente a sua sentença de morte.
(Tiradentes, as faces de um mito – disponível em: <http://www.rondoniaovivo.com/noticias/tiradentes-as-faces-de-um-mito-aleks-palitot/99846#.UzBTCfldVCg>.) 
AULA 1
Local: Salvador, Bahia ( Conjuração dos Alfaiates)
Protagonistas: Classes populares (com “defeito mecânico” ou “sem pureza de sangue”, pelos vínculos com cristãos novos, índios e negros) x governo
Motivo: Alijamento da participação política, que era exclusiva da nobreza da terra, e restrições à livre iniciativa comercial. 
Fatos: Salvador fora a sede política-administrativa até 1763. Questionava-se o próprio colonialismo português. Influências EUA e Haiti.
Desfecho: Aprisionamento de 49 pessoas, sendo 6 condenadas à morte
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Conjuração Baiana (1798)
AULA 1
Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas comercializassem com a Inglaterra, com o objetivo de arruinar a economia inglesa. 
Quem não obedecesse seria invadido pelo exército francês. 
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A transferência da corte e o início do processo de “interiorização da metrópole”
AULA 1
Portugal não podia aderir ao Bloqueio. Temia a França, mas dependia da intensa relação comercial com a Inglaterra. 
A solução negociada com a Inglaterra: Convenção Secreta de Londres, em 1807. 
A família real portuguesa e sua corte ‘fugiriam’ para o Brasil com o apoio dos ingleses. Na fuga, seguiam o aparelhamento burocrático, o tesouro real e os arquivos. 
As consequências quanto ao status de “colônia” seriam irreversíveis.
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A transferência da corte para o Brasil
AULA 1
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o acordo com os ingleses: abre os portos brasileiros às nações amigas (Carta Régia de Abertura dos Portos às Nações Amigas), ou seja, a Inglaterra. 
A abertura significou a quebra do pacto colonial, vigente por mais de 300 anos.
Em 19 de fevereiro de 1810, é assinado o Tratado de Aliança e Amizade e a Convenção de Comércio e Navegação com a Inglaterra, que reduzia as tarifas alfandegárias inglesas (15%) no Brasil, contra 16% dos produtos portugueses e 24% de outras nações. 
Consequência: adiamento do processo de industrialização brasileiro 
70
A transferência da corte para o Brasil
AULA 1
A transferência traz consigo muitas realizações promovidas por D. João VI:
criação do Banco do Brasil
Jardim Botânico
Teatro Real
Imprensa Régia
Escola Médica, Militar etc.
71
A transferência da corte para o Brasil
AULA 1
Resenha: produção legislativa (plano interno)
Em 1702: Regimento do Superintendente, Guardas-Mores e Oficiais para as Minas de Ouro.
Em 1720: criou-se as Casas de Fundição para garantir a cobrança do “quinto” e impostos decorrentes.
Em 1735: a Coroa intitui a “Captação”: o minerador deveria pagar 17g de ouro por escravo que possuísse.
Entre 1750/1760: o imposto das 100 arrobas e a “derrama”, que deu causa à Inconfidência Mineira. 
72
AULA 1
Por força do movimento de interioriação no Brasil, era preciso buscar com a Espanha a legalização das alterações de fronteiras força do movimento de interiorização promovido pela (s):
Bandeiras (particulares, paulistas, descoberta de minas, Centro-Oeste/Sul)
Entradas (oficiais, mapeamento, litoral-interior)
Missões jesuítas e pecuária.
Surgem o Tratado de Utrecht (1715) e o de Madri (1750). Em 1750, prevalece a tese do “uti possidetis”: é possuidor da terra aquele que efetivamente a ocupa. A Espanha reconhece as pretensões portuguesas.
73
Início da “interiorização da metrópole”
AULA 1
1808 – Carta Régia: abertura dos portos às nações amigas. 
1808 – Alvará: liberação da indústria manufatureira 
1810 – Tratado de Aliança e Amizade entre Portugal e Inglaterra: D. João se comprometia a não permitir a instalação da Inquisição em seus domínios da América do Sul 
1810 - Convenção de Comércio e Navegação: estabelecia tarifas alfandegárias preferenciais de 15% para produtos britânicos - produtos portugueses pagavam 16% e os de outras nações, 24%). 
1815 – Carta de Lei: elevou o Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves. 
74
Resenha: produção legislativa (plano internacional)
AULA 1
Em 1815, com a chegada da Corte ao país, a importância do Brasil é reforçada com sua elevação à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves. 
Este ato tornava clara a intenção da monarquia portuguesa, por razões econômicas e políticas, de dar continuidade ao projeto de permanência da Corte no Brasil, apesar de superada a crise em Portugal, com a expulsão dos franceses dos domínios territoriais metropolitanos.
Mas por que tanta demora? Por que não definir de imediato? A elevação seria irreversível, seria dar-lhe um status jurídico de igualdade com Portugal que não poderia ser retirado
76
Elevação do status
AULA 1
A aclamação de D. João VI no Brasil atingiu duramente os sentimentos dos portugueses – o jornal O PORTUGUÊS chamava a Corte no Brasil de “governo tupinambá”. 
O movimento liberal-constitucionalista que atinge a Europa, influencia diretamente no processo histórico brasileiro, principalmente a partir da Revolução constitucionalista do Porto (1820)
Tal movimento tinha como objetivos: fim do Antigo Regime, a convocação das Cortes (uma Assembleia Constituinte) para a elaboração de uma Constituição para o Império e o restabelecimento do status de Portugal no Império.
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A Revolução constitucionalista-liberal do Porto e sua repercussão no Brasil 
AULA 1
Além da questão ideológica (que, certamente, nos atingiu), ocorreu também uma pressão dos revolucionários para que se desse o retorno da Corte à Portugal, o que desencadeou o processo de rompimento dos laços políticos entre Portugal e a futura ex-colônia. 
78
A Revolução constitucionalista-liberal do Porto e sua repercussão no Brasil 
AULA 1
A separação política era uma possibilidade levada em consideração pela dinastia Bragança como forma de não perder o controle sobre o Brasil. 
Com a concretização do processo de independência, em plena era da emergência das ideias constitucionalistas, era necessário elaborar uma constituição, que expressasse as condições de modernidade almejada pelas elites brasileiras.
79
A Independência e o processo constituinte
AULA 1
Nesse contexto, como fatos notáveis temos:
a) a relação entre a dissolução da Assembleia
Nacional Constituinte e as pretensões absolutistas de D. Pedro I; e
b) o pouco apreço por parte elites políticas brasileiras por um verdadeiro projeto liberal, já que a Assembleia Nacional Constituinte previra no anteprojeto (conhecido como “Constituição da Mandioca”) não só o voto censitário por renda, mas também a manutenção da escravidão. 
80
A Independência e o processo constituinte
AULA 1
Convocação da Assembleia Geral Constituinte.
1823 (12/11): Dissolução da Assembleia Geral Constituinte (Noite da Agonia), substituída por um Conselho de Estado.
81
O processo constituinte
AULA 1
Constituição de 1824
Constituição Política do Império do Brasil (25.3.1824)
Outorgada. Submetida à ulterior ratificação da Províncias. Influência da Constituição Francesa 1814.
Governo monárquico hereditário, constitucional e representativo. Divisão do território em Províncias.
Poder quadripartido: Legislativo, Executivo, Judicial e Moderador (fórmula de Benjamin Constant)
Moderador: exercido pelo Imperador, para velar pela independência, harmonia e equilíbrio dos demais poderes políticos.
82
AULA 1
Constituição de 1824
Proclama a Independência nacional. As Capitanias se transformam em Províncias, com um Presidente, nomeado pelo Imperador. 
Religião Oficial: Católica Apóstolica Romana
Estado Unitário 
Voto censitário e descoberto: os eleitores de paróquia (indicados pelo pároco) elegiam os eleitores de província e estes elegiam os parlamentares. Só votava quem fosse católico.
Liberdade religiosa, com culto privado.
Mantém a escravidão
83
AULA 1
Constituição de 1824
Câmara dos Deputados eletiva e temporária (4 anos). Senado vitalício. 
Imunidade parlamentar: inviolabilidade dos parlamentares pelas suas opiniões, só podendo ser preso em flagrante delito ou por ordem da respectiva Casa.
Declaração de direitos individuais e garantias. Aboliu-se a tortura, a transmissão da infâmia, o confisco dos bens do criminoso e as penas de esquartejamento vivo/morto, exposição pública do corpo e fogueira.
Proibiu a prisão sem culpa (nullum crimen, nulla poena sine lege)
Introduziu a requisição de propriedade e a desapropriação, indenizadas na forma da lei.
84
AULA 1
Constituição de 1824
Poder Judicial: composto de juízes (que aplicavam a lei) e Juízes de Fato (24 jurados, que se pronunciavam sobre os fatos). 
Sentença do Juri somente apelável para a clemência real.
Pena de morte mantida (até 1890). Caso do fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro, em 1852 ("A Fera de Macabu“)
Os juízes eram vitalícios, mas não inamovíveis,pois o Imperador podia suspendê-los por queixas.
Justiça em 3 instâncias: Supremo Tribunal de Justiça, Tribunais da Relação, e Tribunais do Júri/Juízes.
85
AULA 1
PODER MODERADOR
PODER LEGISLATIVO
PODER EXECUTIVO
PODER JUDICIAL
IMPERADOR
CONSELHO DE ESTADO
ASSEMBLÉIA GERAL
SENADO
CÂMARA DOS DEPUTADOS
PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS
CONSELHOS PROVINCIAIS
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TRIBUNAIS DE RELAÇÃO
JUÍZES DE DIREITO
JUÍZES DE PAZ
OS PODERES DO ESTADO BRASILEIRO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1824
AULA 1
O Código Criminal de 1830 representou um grande avanço em relação às violentas e extemporâneas regras estabelecidas pelas Ordenações Filipinas:
a ideia de proporcionalidade entre o crime e a pena;
a impossibilidade da pena ultrapassar a pessoa do infrator; 
a humanização da pena de morte, sem a tortura;
a proibição das penas cruéis, sem enforcamentos e decapitações, embora ainda tenham persistido algumas penas previstas pelas Ordenações Filipinas. 
87
O Código Penal de 1830
AULA 1
88
O Código Penal de 1830
 Um dos mais graves erros: Não prevê crime culposo. Só há dolo. Art. 2º. § 1º. 
O art. 3º - não preve culpa, só dolo.
Art. 4º e 5º – autor e cúmplice (no atual: autor, co-autor e partícipe)
Art. 14 – crimes justificáveis – abre a porta da analogia (Código iluminista tupiniquim abre brechas para ser possível manter o status quo ante das Ordenações Filipinas).
Art. 16,§ 5º - Atenuantes e agravantes – é a parte do CP que mais reflete a mentalidade da época – patriarcalismo – sacralidade do pai.
 Art. 18 – vingança e embriaguez são atenuantes
Art. 19 – Influirá também no agravamento ou atenuação do crime a sensibilidade do ofendido (status social)
AULA 1
89
O Código Penal de 1830
Título II – PENAS
Art. 40 – descreve a morte com detalhes. Não há morte para a grávida
Art. 50 – banimento (expulsão do Brasil)
Art. 51 – degredo (para algum lugar específico)
Art. 52 – desterro (nunca mais volta à terra natal ou do crime)
Art. 226 – rapto de mulher honesta
Art. 250 – adultério (Mulher – se fez uma vez. No caso do homem – constância)
Art. 276 – ofensa a religião – qualquer pessoa que for adivinhador ou ao adivinhador estará cometendo crime.
AULA 1
Seguindo a linha do Código Penal, considerado liberal para a época, o CProCrim ofereceu muitas garantias de defesa aos acusados e valorizando o juiz, conferindo-lhe funções importantes.
As funções do juiz de paz, cargo criado em 1827, foram bastante ampliadas pelo Código. 
Os juízes, eleitos pelos cidadãos ativos da localidade, passaram a exercer, também, o papel de polícia local, com o poder de prender, formalizar a culpa e julgar. 
Em casos de urgência podiam convocar a Guarda Nacional e a polícia. Acima do juiz de paz, instituiu-se a figura do juiz municipal, escolhido pelo presidente da Província.
90
O Código de Processo Criminal de 1832
AULA 1
Foi abolida a pena de morte, embora fosse mantida a pena do açoite. 
O Código regulava, também, o processo eleitoral e o recrutamento da Guarda Nacional. 
O fortalecimento do poder dos juízes de paz, entretanto, desagradou a vários setores da sociedade.
91
O Código de Processo Criminal de 1832
AULA 1
Abdicação e Rebeliões
1831: Abdicação de D. Pedro I e início do período regencial (Noite das Garrafadas)
Ideias republicanas ganham corpo, por prestigiarem a autonomia regional.
Eclosão de rebeliões: Cabanada-PA (1835); Guerra dos Farrapos ou República de Piratini 1835); Sabinada-BA (1837); Balaiada-MA (1838); República Juliana-SC (1839); Revolução Praieira-PE (1848).
1840  Maioridade de D.Pedro II, final da Regência.
1870  Publicação do Manifesto Republicano
1888  Abolição da Escravatura
92
AULA 1
O Primeiro Reinado foi, paulatinamente, se enfraquecendo até o momento da abdicação de Pedro I, por 3 motivos principais: 
o autoritarismo de que era acusado Pedro I;
o suposto privilégio que ele estaria concedendo aos interesses portugueses em detrimento do interesses  "brasileiros"; 
a crise econômica que assolava o país, em razão dos gastos com guerras (especialmente, Cisplatina e a repressão à Confederação do Equador). 
94
A Crise do Primeiro Reinado e a abdicação de D. Pedro I
AULA 1
Como previsto no art. 123 da Constituição de 1824 (regulada pela Lei de 14 de junho de 1831), foi estabelecida uma regência trina para governar o país, o que não impediu a crise pelas diversas opções das elites políticas, em especial as 3 facções:
os Restauradores, que defendiam a volta de D. Pedro I ao poder;
os Moderados (Chimangos), que desejavam manter o processo eletivo pela via do voto censitário e continuação da Monarquia; e
os Exaltados (Farroupilhas), que almejavam reformas para melhorar a vida dos mais necessitados e voto universal. 
95
O Governo Regencial e a crise do período
AULA 1
Uma consequência direta da abdicação foi a descentralização do poder, antes fortemente concentrado nas mãos do monarca (por força do poder Moderador), inclusive com a criação da chamada Guarda Nacional, instituição que daria origem a um fenômeno posteriormente denominado “coronelismo”e que, a partir de então, teria profunda importância no processo sócio-político brasileiro.
96
A Crise do Primeiro Reinado e a abdicação de D. Pedro I
AULA 1
A única reforma formal da Constituição de 1824 foi aquela promovida pelo Ato Adicional de 1834 que praticamente consolidou a descentralização do poder.
O Brasil imperial era um Estado unitário,
mas na prática era quase um Estado federal, com o surgimento de focos regionais de poder.
Isso só era controlado porque os presidentes de províncias ainda continuavam a ser indicados pelo Poder central. 
97
O Ato Adicional de 1834 e a alteração no Texto Constitucional 
AULA 1
Ato Adicional de 1834
Propósito: criar medidas descentralizadoras no âmbito do poder.
Criação da chamada “Guarda Nacional”: corpo armado por cidadãos confiáveis (proprietários), que  tinha por propósito combater a ameaça das "classes perigosas“ e que acaba por fortalecer as elites locais, contribuindo para o surgimento do fenômeno do coronelismo.
Amplia o poder das elites fundiárias, principalmente por intermédio da figura do juiz de paz *. 
98
AULA 1
Juiz de Paz
Era eleito, não tinha treinamento, nem pagamento, e atuava em assuntos de pouca importância na freguesia.
Promoviam conciliações, resolviam dúvidas (estradas particulares, pastos, águas usadas, direitos de caça e pesca, danos causados por escravos e animais particulares). Quando havia um crime, reunia provas. 
Dispersavam reuniões públicas quando geravam desordem, com a ajuda da polícia. 
Aplicavam regulamentos municipais, a prevenção e destruição de comunidades de escravos fugitivos também eram de sua competência.
Era o responsável pelos bêbados e pelas prostitutas escandalosas. 
Protegia os bosques públicos e a poda ilegal dos bosques privados, a notificação ao presidente da província quando eram descobertos recursos animais, vegetais ou minerais úteis.
Na Regência, sua atuação foi sendo modificada. Aumentaram a jurisdição penal e os poderes de vigilância. Passaram ainda a cadastrar as pessoas (que fugiam do censo) . Extinto em 1841.
99
AULA 1
Houve um surto de revoltas como consequência do baixo reconhecimento de autoridade dos governos regenciais. 
Assim, cabe analisar os motivos que levaram a uma série de rebeliões localizadas, tais como:
a Cabanagem (1835-1840), no Grão-Pará
A Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838), na Bahia
a Balaiada (1838-1841), no Maranhão
Guerra dos Farrapos (1835-1845), no Rio Grande do Sul
100
As revoltas do período regencial 
AULA 1
 Local: Província do Grão-Pará
 Revoltosos: índios, negros e cabanos (pessoas que viviam em cabanas às margens dos rios).
 Causas: péssimas condições de vida da população mais pobre e domínio político e econômico dos grandes fazendeiros.
101
Cabanagem ou Cabanada
AULA 1
Local: Cidade de Salvador, província da Bahia
Revoltosos: escravos de origem muçulmana.
Causas: os revoltosos eram contrários à escravização, à imposição do catolicismo e às restrições religiosas.
102
Malês
AULA 1
Local: Província da Bahia
Revoltosos: militares, classe média e pessoas ricas.
Causas: descontentamento dos militares com baixos salários e revolta com o governo regencial que queria enviá-los para lutarem na Revolução Farroupilha no sul do país. Já a classe média e a elite queriam mais poder e participação política.
103
Sabinada
AULA 1
Local: Província do Maranhão
Revoltosos: pessoas pobres da região, artesãos, escravos e fugitivos (quilombolas).
Causas: vida miserável dos pobres (grande parte da população) e exploração dos grandes comerciantes e produtores rurais.
104
Balaiada
AULA 1
Local: Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual RS).
Revoltosos: estancieiros, militares-libertários, membros das camadas populares, escravos e abolicionistas.
Causas: descontentamento com os altos impostos cobrados sobre produtos do sul (couro, mulas, charque, etc.); revolta contra a falta de autonomia das províncias.
105
Farroupilha
AULA 1
Carneiradas, em Pernambuco, 1834-1835.
Revolta do Guanais, na Bahia, 1832-1833.
Insurreição do Crato, no Ceará, 1832.
Abrilada, em Pernambuco, 1832.
Setembrada, em Pernambuco, em 1831.
Novembrada, em Pernambuco, em 1831.
Revolta de Carrancas, em Minas Gerais, em 1833.
Revolta de Manuel Congo, no Rio de Janeiro.
Rusgas, no Mato Grosso, 1834.
Setembrada, no Maranhão, em 1831.
106
Outras revoltas regenciais
AULA 1
Todas mostravam descontentamento com a forma de governo do poder central (deixando de reconhecer sua legitimidade), mas também causadas pelas tensões sociais latentes da nação recém-independente, gerando a necessidade de se construir um arranjo político que garantisse aos grupos a preservação de seus interesses.
107
As revoltas do período regencial 
AULA 1
Aula 6
O Segundo Reinado
(Livro Didático, p.76-86 + Pesquisas na Internet)
108
AULA 1
108
Deu-se o chamado "Golpe da Maioridade“ de D. Pedro II, como decorrência da necessidade política de se restaurar a confiança e a legitimidade do  poder, procurando dar fim às disputas políticas que abalavam o Brasil (principalmente em razão das revoltas pelo país) mediante sua autoridade e carisma.  
No plano político, o Segundo Reinado se caracterizou pelo compartilhamento do poder entre liberais e conservadores, sendo que o Imperador, blindado pelos direitos a ele concedidos pelo Poder Moderador, surgia como "intermediário imparcial" destas disputas políticas, gerando um clima de estabilidade, antes desconhecido.  
109
A maioridade de D. Pedro II e a estabilização do processo político
AULA 1
Lei de 7 de novembro de 1831
A chamada Lei Feijó foi a primeira legislação que visava proibir o tráfico de africanos foi a Lei de 7 de novembro de 1831, que determinava que todos os escravos que entrassem no país seriam livres e que quem participasse do contrabando seria severamente punido. 
A eficácia dessa lei não ultrapassou 1837, quando o tráfico já atingia proporções ainda maiores.
110
AULA 1
Código Comercial de 1850 
A preocupação em elaborar um Código Comercial, voltado para disciplinar o exercício do comércio terrestre e marítimo, demonstra a presença dos ideais liberais no início da organização do direito privado. 
O Código avança na luta pela igualdade de gêneros, pois as mulheres maiores de 18 anos conquistam o direito de abrir seu próprio estabelecimento comercial (as casadas necessitavam de autorização do marido, o que só foi superado com o Estatuto da Mulher Casada, de 1962).  
Aspecto importante: longevidade, produzindo efeitos jurídicos até 2002, quando foi revogado pelo novo Código Civil brasileiro. 
111
AULA 1
Lei de Terras de 1850
Foi a primeira iniciativa no sentido de organizar a propriedade privada no Brasil. 
Até então, não havia nenhum documento que regulamentasse a posse de terras e com as modificações sociais e econômicas pelas quais passava o país (chegada de imigrantes e temor da extinção da escravatura) os grandes proprietários pressionaram pela sua elaboração de forma a manter a estrutura latifundiária vigente.
112
AULA 1
Lei de Terras de 1850
A terra deixa de ser vista como mero status social, transformando-se em uma valiosa mercadoria, capaz de gerar lucro, tanto por seu caráter específico, quanto pela sua capacidade de produzir outros bens. 
Todavia, a Lei projeta alguns efeitos negativos na realidade agro-fundiária brasileira até os dias de hoje: seus aspectos sociais deságuam no drama dos atuais Bóias-frias, do MST e em questões ambientais pelos esquemas de má utilização do solo, como é o caso das queimadas.
113
AULA 1
Lei Eusébio de Queirós de 1850
Extinguiu o tráfico interatlântico de mão de obra escrava da África para o Brasil, sendo o marco inicial do processo que levaria a abolição do trabalho servil no Brasil em 1888.
Foi aprovada devido à pressão da Inglaterra, que aplicava unilateralmente o chamado "Bill Aberdeen" (autorização de aprisionamento de embarcações) O Partido Conservador, então no poder, passou a defender, no Poder Legislativo, o fim do tráfico negreiro. À frente dessa defesa esteve o ministro Eusébio de Queirós.
O tráfico interno cresceu e concentrou-se nas então Províncias do RJ e SP, pois eram as áreas mais produtivas em termos de lavouras de café. A Inglaterra pressionou o Brasil e passou-se a colocar assalariados.
114
AULA 1
Lei do Ventre-Livre de 1871
Também conhecida como “Lei
Visconde do Rio Branco” foi uma lei abolicionista, promulgada pela Princesa Isabel. Esta lei considerava livre todos os filhos de mulher escravas nascidos a partir da data da sua vigência
A lei estabelecia duas possibilidades para as crianças que nasciam livres. Poderiam ficar aos cuidados dos senhores até os 21 anos de idade ou entregues ao governo. O primeiro caso foi o mais comum e beneficiaria os senhores que poderiam usar a mão de obra destes “livres” até os 21 anos de idade. 
Era uma lei de transição lenta e gradual do sistema de escravidão para o de mão de obra livre. Vale lembrar que o Brasil, desde meados do século XIX, vinha sofrendo fortes pressões da Inglaterra para abolir a escravidão.
115
AULA 1
Lei dos Sexagenários de 1885
A Lei dos Sexagenários concedia liberdade apenas aos escravos com mais de 65 anos, que já não dispunham de força e disposição para encarar as péssimas condições de trabalho cedidas pelos senhores de engenho.
Na prática, essa lei não mudava em nada a relação dos patrões com os escravos. De fato, dava mais autonomia aos donos dos grandes cafezais em dispensar mão de obra que não produzisse.
Poucos escravos chegavam aos 60 anos, tornando a lei praticamente inútil. Mesmo assim, sua aprovação tornou-se um artífice importante na campanha dos abolicionistas, que três anos mais tarde conseguiriam aprovar a Lei Áurea.
116
AULA 1
Lei Áurea de 1888
Houve grande envolvimento com a liberdade dos escravos da própria Princesa Isabel. Ela votou a favor à Lei do Ventre Livre como senadora do Parlamento e financiou quilombos e refúgios de escravos com o fim de libertá-los.
O projeto da Lei Áurea passou pela Câmara e foi rapidamente avançado pelo Senado, para sanção da princesa regente. Foi uma medida estratégica, porque os deputados e alguns senadores queriam que o projeto de lei fosse aprovado de qualquer maneira enquanto o rei D. Pedro II viajava para o exterior.
A aprovação da lei acabou se tornando uma faca de dois gumes para a princesa. Se por um lado ela pretendia alavancar sua carreira política, acabou arruinando todas as possibilidades ao assinar a Lei Áurea. De fato, a sanção foi um enorme passo dado pelos liberais, que um ano mais tarde iriam derrubar o sistema monárquico em favor da Proclamação da República.
Por mais que a libertação dos escravos representasse a vitória de uma árdua batalha contra as elites, não houve um projeto efetivo de integração que permitisse que os antigos escravos se sustentassem de forma independente. 
117
AULA 1
Consequências da Abolição
A população negra foi precariamente integrada a sociedade brasileira, com reflexos diretos no exercício da cidadania, até os dias atuais.
Isso gerou, e ainda gera, enormes desigualdades sociais, econômicas, educacionais e culturais que atingem de forma profunda um grande contingente de negros e mestiços (não brancos).
118
AULA 1
Consequências da Abolição
Com o processo abolicionista o Brasil se juntou ao rol das nações ditas "civilizadas", mas alguns setores conservadores passaram a questionar o Estado Monárquico as mudanças econômicas e sociais por ele promovidas, gerando uma série de revoltas ao longo da década de 1870.
Revolta dos Muckers de Ferrabraz (1873)
Revolta de Quebra-Quilos(1874)
Revolta contra o Sorteio Militar (1875, Lei da Cumbuca)
Revolta do Vintém (20 réis) (1879)
119
AULA 1
A crise e o fim do Império do Brasil (1870-1889) 
A crise do Império, no Brasil, foi marcada por um conjunto de crises parciais e localizadas, que criaram um ambiente propício à Proclamação da República. 
Veja-se alguns fatos: 
a propagação das ideias republicanas; 
a crise entre Igreja e Estado (Questão Religiosa), que determinou o não engajamento da primeira na defesa do Império no momento em que se deu o movimento republicano; 
a abolição da escravidão, que tirou o apoio dos senhores de escravos ao regime imperial, principalmente por não terem recebido as indenizações do governo, a que achavam fazer jus; 
a chamada Questão Militar, que representou uma série de conflitos entre oficiais do Exército Brasileiro e a monarquia, no período 1884 e 1887 e que acarretou no fortalecimento da campanha republicana entre os militares. 
120
AULA 1

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