Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA LARISSA RIBEIRO LIMA SANTOS TRANSFERÊNCIA SIMULTÂNEA DE MASSA E CALOR NA OPERAÇÃO UNITÁRIA SECAGEM BELO HORIZONTE 2017 1 LARISSA RIBEIRO LIMA SANTOS TRANSFERÊNCIA SIMULTÂNEA DE MASSA E CALOR NA OPERAÇÃO UNITÁRIA SECAGEM Trabalho apresentado à disciplina de Transferência de Calor no curso de Engenharia Química como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina, no Centro Universitário Una. Professor: Roberto F. S. Freitas BELO HORIZONTE 2017 2 RESUMO O presente relatório se propõe a apresentar uma análise da operação unitária secagem, conjuntamente da transferência simultânea de calor e massa. A secagem está entre as operações mais usuais na indústria química, e seu objetivo é remover o líquido volátil contido em um corpo não volátil através da evaporação. A secagem é importante pois visa preparar o produto para manejo, armazenamento ou consumo, contudo, se feito incorretamente pode prejudicar a qualidade do produto ou acelerar o processo de deterioração durante a armazenagem. A qualidade do produto seco, a quantidade de energia gasta e o tempo utilizado neste processo são parâmetros primordiais para a rentabilidade do bem submetido a esta operação. A indústria química vem utilizando a tecnologia de leito de jorro para o tratamento de materiais particulados que necessitam de altas taxas de transferências de calor e massa e um produto final homogêneo, devido ao bom controle da temperatura do leito, tempo de residência do produto baixo e alta taxa de transferência de calor e massa. Uma formulação matemática da secagem é desenvolvida seguida de uma análise da transferência simultânea de calor e massa, e as aplicações de secagem do Leito de jorro como granulação, aquecimento, resfriamento e recobrimento de partículas. Palavras-chave: Secagem, Leito de Jorro, Operações Unitárias, Transferência de Calor, Transferência de Massa. 3 ABSTRACT This report proposes to present an analysis of the unitary drying operation, jointly of the simultaneous transfer of heat and mass. The drying is in as more with the chemical industry, and its purpose is to remove the volatile liquid contained in a non-volatile body through evaporation. Drying is important for the preparation of the application for operation, storage or consumption, however, the fact is incorrectly can impair the quality of the product or accelerate the deterioration process during storage. A quality of the dry product, a quantity of energy spent and the time used in this process are a paramount parameter for a profitability of the good submitted to this operation. The chemical industry comes, use a jet bed technology for the treatment of materials and particles requiring high rates of heat and mass transfer and a homogeneous final product, due to good control of bed temperature, product residence time low and high heat transfer rate and mass. A mathematical formulation of the developed drying of a simultaneous heat and mass transfer analysis, and as spray bed drying applications such as granulation, heating, cooling and particle recycling. Keyword: dryer, spouted bed, unitary operation, heat transfer, mass transfer. 4 SUMÁRIO Lista de Figuras……………………………………………………………...….6 1. Introdução……..……………....………………………………………......….....7 2. Referencial teórico…………………………………....………………….…...…7 2.1 Transferência de Calor……………………………………....…….…….…....7 2.2 Transferência de Massa………………………………………...….....…........10 2.3 Operações unitárias…………………..…………………...……......…….…..11 2.4 Operação unitária secagem……………………………………..….…….......11 3. Metodologia…………….…………………………….……………..….…….......17 3.1 Estudo de caso…………………………………………….……….…….…..17 3.1.2 Definição………………………………………….………………..……...17 3.1.3 Características fluidodinâmicas…………………………….......................18 3.1.4 Curva Característica…………………………………....….……..….…….19 3.1.5 Aplicações……………………………………………….………..……….20 3.1.6 Conclusão………………………………………………….…….…….…..21 5. Referência Bibliográfica………………………………………………..……....21 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Curva de taxa de secagem……………………………………………………13 Figura 02 - Efeito da capilaridade………………………………………………………..16 Figura 03 - Diagrama esquemático do regime de jorro em um equipamento cone-cilíndrico……………………………………………………………………………19 Figura 04 - Curva característica do leito de jorro………………………………………...19 6 1. INTRODUÇÃO Segundo Little (1915) “Operação Unitária é toda a unidade do processo onde os materiais sofrem alterações no seu estado físico ou químico e que pode ser projectada com base em princípios físico/químicos comuns”. Cada uma das etapas sequenciais numa linha de produção industrial é, portanto, uma operação unitária. E o conjunto de todas essas etapas compõem um processo unitário. Operações unitárias de transferência de calor são as operações com troca térmicas entre os fluidos. A secagem é uma operação unitária de transferência de massa e calor envolvendo a remoção de um líquido volátil. Tem como objetivo eliminar esse líquido volátil contido num corpo não volátil, através de evaporação. O termo secagem se refere, portanto, à remoção mecânica de umidade, envolvendo uma corrente de gás [7]. Os processos fundamentais da secagem envolvem a transferência simultânea de calor e massa. Na transferência de calor o calor flui do ambiente para a superfície externa do sólido e, em seguida, para o líquido no interior de tal sólido. Na transferência de massa, o interior do sólido nas formas líquida e vapor, e na superfície na forma de vapor para o ambiente [7]. Para tanto, qualquer problema de transferência de massa que envolva também mudança de fase (evaporação, sublimação, condensação, fusão) também deve envolver a transferência de calor [3]. Esse fenômeno é regido pela 2ª Lei de Fick em regime não estacionário ao passo em que a Lei de Fourier está relacionada à transferência de massa.A secagem está entre as operações mais usadas na indústria química. A qualidade do produto seco, a quantidade de energia gasta e o tempo utilizado neste processo são parâmetros primordiais para a rentabilidade do bem submetido a esta operação [11]. Este trabalho tem como objetivo o estudo da transferência de calor na operação unitária secagem. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Transferência de Calor A transferência de calor estuda os efeitos que ocorrem durante o processo da 7 transmissão da energia em forma de calor, dentre os quais pode-se ressaltar a variação da taxa temporal de transmissão de calor. A equação que fornece a variação da energia em um sistema é dada por: E ΣΔ = Σ dt dQi − dt dW j onde, é a energia na forma de trabalho e a energia na forma de calor. O resultado da W Q equação indica que o somatório das taxas de variação de calor e trabalho são constantes e podem ser transformadas de uma forma para outra [2]. A condição para a transferência de calor é a diferença de temperatura, ou seja, a força motriz para transferência de calor é o Existem três mecanismos na transferência T . Δ de calor: radiação, convecção e condução. A radiação é um processo pelo qual o calor é transmitido de um corpo a alta temperatura para um de mais baixa, quando tais corpos estão separados no espaço, ainda que exista vácuo entre eles, isto posto, o calor transmitido é chamado de calor radiante. Este processo se assemelha fenomenologicamente à radiação da luz, diferindo-se apenas nos comprimentos de onda [2]. A energia radiante que um corpo emite é dada pela Lei de Stefan-Boltzmann (Eq. 01), aplicada a um corpo real. (Eq. 01) A σ (T T )Q = × ε × × 41 − 4 2 Onde σ = 5,67×10 -8 W.m-2.K -4 a constante de Stefan-Boltzmann, ε a emissividade da superfície emissora (0<ε≤1), A a sua área e T a sua temperatura absoluta (K). Como se vê na eq. 01, a energia emitida é proporcional à quarta potência da temperatura absoluta, pelo que a sua importância, relativamente aos outros mecanismos, aumenta com esta. Um corpo ideal (negro) emite a radiação máxima possível já que a sua emissividade é unitária. Tem valores de temperatura geralmente altos (> [3].)104 A convecção é um processo de transporte de energia causada pela ação combinada de condução de calor, armazenamento de energia e movimento de mistura. Uma das aplicações importantes da convecção é no mecanismo de transferência de energia entre uma superfície sólida e um líquido ou gás. Em um fluido, onde há fácil mobilidade das partículas, quando aquecidas pelo contato direto com a superfície sólida, elas tendem a 8 migrar para locais onde as temperaturas são mais baixas, o que acarreta em uma transferência de energia de uma posição para outra. Neste caso, onde a movimentação das moléculas é espontânea, denomina-se convecção livre, no entanto, há casos em que a movimentação é causada por um agente externo, denominando-se convecção forçada [2, 3]. A lei básica da transferência de calor por convecção é dada pela equação de Newton (Eq. 02) o calor transmitido no processo de convecção, por unidade de tempo. (Eq. 02)A ΔT qc = hc × × onde representa o coeficiente médio de transmissão de calor por convecção, dependente hc da geometria da superfície, da velocidade do fluido e de suas propriedades físicas, incluindo sua temperatura. representa a área de transmissão de calor em m², e é a A T Δ diferença de temperatura entre a da superfície, , e a do fluido em um local específico, T s (K) [2].T ∞ A condução por sua vez, é um processo onde o calor flui de uma região de temperatura mais alta para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio, que pode ser sólido, líquido ou gás, ou entre meios diferentes em contato físico direto [2]. A energia é transmitida por mecanismo molecular, sem deslocamento significativo de moléculas, ou seja, o mecanismo da Condução de calor está associado à transferência de calor efectuada ao nível molecular, por transferência de energia sensível. As partículas mais energéticas (que se encontram em locais onde se regista uma maior temperatura) transferem parte da sua energia vibracional, rotacional e translacional por contacto com outras partículas contiguas menos energéticas (que se encontram a uma menor temperatura) as quais recebem essa energia. Essa transferência é efectuada, portanto, no sentido das temperaturas menores, ou seja, no sentido do gradiente (dT/dx) negativo. Ocorre em gases, líquidos ou sólidos. Nos fluidos (especialmente nos gases, onde existem menores forças de coesão) surgem ainda colisões entre as partículas. Nos sólidos metálicos os electrões livres favorecem esse processo [3]. A quantidade de calor transmitida por condução pode ser dada pela equação de Fourier (Eq. 03) (Eq. 03)Aqk = − k dx dT 9 onde representa a condutividade térmica do material, a área da seção através da qual o k A calor flui por condução, e representa o gradiente de temperatura na seção [2].dx dT 2.2 Transferência de Massa A transferência de massa representa uma movimentação, a nível molecular, de uma ou mais espécies químicas em um determinado meio, sólido, líquido ou gasoso, causada por um gradiente de potencial químico. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, haverá fluxo de matéria (ou de massa, ou de mols) em uma região de maior concentração a uma de menor concentração de uma determinada espécie química. A diferença de concentração do soluto, ou de potencial químico, traduz-se em força motriz [4]. Na transferência de massa são feitas considerações teóricas, como a solubilidade da espécie a ser transferida quando em meios diferentes, o gradiente de potencial químico como condição necessária para transferência de massa, e em um mesmo meio pode-se usar concentração como força motriz para a transferência de massa [2]. Há dois mecanismos na transferência de massa: difusão e convecção, esta podendo ser causada pela própria difusão ou por um agente externo. A difusão é um processo fundamental, mais lento e possui um movimento mais organizado, o modelo da difusão é dado pela Lei de Fick (Eq. 04): (Eq. 04)J1 = − D × dz dc1 Onde fluxo da espécie 1, por difusão, D é o coeficiente de difusão, e é J1 dz dc1 gradiente de concentração. A contribuição difusiva é dada pelo transporte da matéria devido às interações moleculares [4]. A convecção, é um processo mais rápido e possui ummovimento mais desorganizado. A difusão sempre estará presente nos processos de transferência de massa, mesmo que a convecção seja o mecanismo dominante. O fluxo da transferência de massa, em um mesmo meio, pode ser dado por: (Eq. 05) (C ) N 1 = k 1i − C1 10 onde, representa as contribuições difusivas e as convectivas, é o coeficiente de N 1 k transferência de massa, que fornece a velocidade com que a transferência ocorre, é a C1i concentração da espécie na interface e é a concentração da espécie no seio da solução. C1 A contribuição convectiva é o auxílio ao transporte de matéria como consequência do movimento ao meio [4]. 2.3 Operações Unitárias Segundo Foust et al (1982) o conceito de operação unitária, na engenharia química, está baseado na filosofia de que uma sequência amplamente variável de etapas pode ser reduzida a operações simples, ou a reações, que sao idênticas independentemente do material que está sendo processado. Todas as operações unitárias estão baseadas em princípios da ciência que são traduzidos nas aplicações industriais em diversos campos da engenharia. Em 1915, Arthur Little estabeleceu o conceito de "operação unitária", segundo o qual um processo químico seria dividido em uma série de etapas que podem incluir: transferência de massa, transporte de sólidos e líquidos, destilação, filtração, cristalização, evaporação, secagem, etc. As operações unitárias podem ser divididas em duas; as operações mecânicas, que são as operações de transporte e separação de fluidos e as operações de transferência de calor e massa. A transferência de calor, tem sido objeto de pesquisas teóricas pelos fisicos e matematicos; teve parte importante na geração de energia a partir de combustíveis, na dissipação de calor nos equipamentos elétricos e etc. As indústrias de processos químicos utilizam em grande medida a transferência de energia na forma de calor [15] 2.4 Operação Unitária Secagem A secagem é uma operação que visa reduzir a umidade de materiais, e manter um padrão máximo de qualidade. Atualmente, existem vários métodos de secagem e para escolher um método é necessário conhecer a natureza da substância e o estado físico que se encontra (sólido, líquido ou pastoso). 11 Nos processos de secagem o material úmido está em contato com o ar insaturado e se obtém como resultado a diminuição do conteúdo de umidade deste material e a umidificação do ar, tem-se então dois estágios que definem o processo total de secagem o aquecimento e a evaporação da umidade do material. Sendo assim a secagem tem por finalidade a redução da umidade de um produto a um nível desejado [9]. O produto colocado em contato com o ar quente ocorre uma transferência de calor do ar ao produto sob efeito da diferença de temperatura existente entre eles. Simultaneamente, a diferença de pressão parcial de vapor de água existente entre o ar e a superfície do produto determina uma transferência de massa para o ar, na forma de vapor da água [12] Além disso, algumas variáveis de secagem sofrem influências externas, como por exemplo, a temperatura, a umidade, o escoamento de ar, o estado de subdivisão do sólido, a agitação do sólido, o método de suportar o sólido e o contato entre as superfícies calefatoras e o sólido úmido [9]. A temperatura do ar de secagem é o parâmetro de maior flexibilidade num sistema de secagem em altas temperaturas. A temperatura do ar conjugada com o fluxo do ar de secagem são fatores responsáveis pela quantidade de água removida no processo de secagem e na qualidade do produto final. O aumento da temperatura implica em menor gasto de energia por unidade de água removida e também a maior velocidade na taxa de secagem, e maior gradiente de temperatura e umidade, enquanto que um aumento no fluxo de ar reduz a eficiência energética, mas também aumenta a velocidade de secagem [9]. Na secagem de um sólido úmido, um gás com temperatura e umidade fixas, manifesta-se sempre um certo tipo de comportamento. Imediatamente depois de um contato entre a amostra e o meio secante, a temperatura do sólido ajusta-se até atingir um regime permanente. A seguir, na figura 01, a curva de taxa de secagem típica em condições constantes de secagem, onde a taxa de velocidade de secagem em função do teor de umidade [7]. 12 Figura 01 - Curva de taxa de secagem [7] A secagem de um sólido úmido mediante um gás com escoamento constante, temperatura e umidade fixas manifesta-se sob comportamento padrão, demonstrado na figura 01. O período de secagem representado pelo segmento AB, é o período em regime não permanente, durante o qual a temperatura do sólido atinge o seu valor de regime permanente. A temperatura da superfície do sólido molhado é igual a temperatura de bulbo úmido do meio secante [7]. O período BC, é o período de secagem a taxa constante, as temperaturas no interior do sólido tendem a ser iguais a temperatura de bulbo úmido do gás, mas a concordância entre elas é imperfeita em virtude das defasagens entre o movimento de massa e de calor. Uma vez que as temperaturas do sólido tenham atingido a temperatura de bulbo úmido do gás, elas permanecem bastante estáveis e a taxa de secagem também permanece constante. O calor é transferido para a superfície de secagem do sólido, basicamente, por convecção. O período termina quando o sólido atinge o teor de umidade crítico, representado pelo ponto C [7]. O período CD, é o período de taxa decrescente, a temperatura da superfície eleva-se e a taxa de secagem cai rapidamente. A superfície fica gradativamente mais pobre em líquido, pois a velocidade do movimento do líquido para a superfície é menor que a velocidade com que a massa é transferida da superfície. A evaporação ocorre na superfície do sólido, com baixa resistência interna à difusão em comparação com a resistência para remover vapor da superfície. No ponto D não há, na superfície, qualquer área significativamente saturada no líquido [7]. A parte da superfície que está saturada seca pela 13 transferência convectiva de calor para a corrente gasosa e pela transferência de massa para a corrente do gás secante. O vapor, nos níveis mais internos da mostra sólida, difunde-se para a parte da superfície que não está saturada e continua a difundir-se para a corrente gasosa. Este mecanismo é muito lento em comparação com a transferência convectiva que ocorre na superfície saturada [7]. Os teores de umidade abaixo do ponto D, toda evaporação ocorre a partir do interior do sólido. À medida que o teor de umidade continua acair, a distância a ser coberta na difusão do calor e da massa aumenta até que, em , o teor de umidade de equilíbrio X E ′ cessa a secagem. O teor de umidade em equilíbrio é atingido quando a pressão de vapor sobre o sólido é igual a pressão parcial do vapor no gás secante afluente. Este período é denominado o “segundo período de taxa decrescente” [7]. Com base no comportamento durante a secagem é possível dividir os materiais em duas classes principais. A primeira destas classes é constituída por sólidos granulares ou cristalinos que retêm a umidade nos interstícios entre as partículas e os poros superficiais. Nestes materiais, o movimento da umidade é relativamente livre e ocorre em consequência da interação entre forças gravitacionais e forças de tensão superficial. O período de taxa constante (BC) se alonga até teores baixos de umidade. O período de taxa decrescente (CDE) pode assumir forma aproximada de uma reta, e as condições de secagem podem ser assumidas dependendo da conveniência, comodidade e vantagem econômica [7]. A segunda classe é constituída por sólidos orgânicos (amorfos, fibrosos ou géis), eles retém umidade como parte integral da estrutura ou no interior das fibras, pequenos poros internos. O movimento da umidade é lento, por difusão do líquido através da estrutura do sólido. O período de taxa crescente (AB) e a taxa constante (BC) são mais curtos, e o teor crítico de umidade (C) tem valores mais elevados. As camadas externas desse material tendem a secar mais rapidamente [7]. Dado o início da evaporação na superfície de um sólido, a umidade se desloca das camadas internas para a superfície, tal circunstância se faz determinante na secagem durante o período de taxa decrescente (CDE) pode ocorrer por dois mecanismos (dependendo do material), a difusão interna: movimento por diferença de concentração e o escoamento capilar: escoamento de um líquido pelos interstícios de um sólido, ou sobre uma superfície, por atração molecular entre as fases. A velocidade do movimento é expressa pela Lei de Fick (Eq. 04) e a integração dessa equação requer que as condições de 14 contorno sejam conhecidas. Nos casos mais simples, o coeficiente de difusão D pode ser considerado constante, e a secagem ocorre apenas em uma face de uma placa, cujas faces laterais e a face do fundo estão isoladas [7]. Com estas restrições, e admitindo que no estado inicial a umidade esteja uniformemente distribuída na placa, a solução obtida por Sherwood e Newman é: (Eq.(e e e ..)X − X ′ E ′ X − X C ′ E ′ = 8π2 −D×θ× l π 2 + 9 1 −9×D×θ× l π 2 + 125 −25×D×θ× l π 2 + . 06) Onde, é a distância entre a face e o centro (m ou ft), é o teor de umidade no l X E equilíbrio (kg/kg ou lb/lb), é o teor de umidade no instante (kg de liquido/kg de sólido X θ seco), é o teor de umidade no inicio do periodo durante o qual a taxa de secagem é X C controlada pela difusão (kg de liquido/ kg de sólido seco). O mecanismo de capilaridade, ou movimento da umidade, ocorre em sólidos granulados ou estruturas que apresentam poros abertos, o movimento é consequência das forças resultantes das diferenças entre pressão hidrostática, depende da profundidade, da densidade do líquido e da gravidade local, e os efeitos da tensão superficial, que faz com que a camada superficial de um líquido venha a se comportar como uma membrana elástica [7]. A tensão superficial provoca uma pressão sobre a superfície encurvada, que é diferente da pressão sobre uma superfície plana. Para uma esfera de raio r, demonstra-se: (Eq. 07)P − Δ = r 2γ Onde é a diminuição da pressão provocada pelos efeitos da tensão superficialP − Δ , é a tensão superficial na interface líquido e gás ( e r é o raio da curvaturanm )( −2 γ m )n −1 da esfera (m).O raio na fórmula apresentada é positivo, no caso de uma bolha de gás imersa em um líquido, e negativo no caso de uma gotícula de líquido em um gás [7]. 15 Figura 02 - Efeito da capilaridade [7] A figura 02 mostra quando se insere um pequeno tubo num líquido, a ascensão do líquido no tubo pode ser determinada mediante um balanço de forças no ponto A. A superfície do líquido no tubo tem raio de curvatura igual ao raio do tubo somente quando o líquido molha completamente o tubo e o ângulo de contato na parede do tubo é igual a zero. Quando isso ocorre, o balanço de forças é: logo (Eq. 08)P Δz (ρ ) − Δ = ggc L − ρV = r 2γ Δz = g 2γcrg (ρ −ρ )L V Onde, é a altura do tubo sinalizado na figura 02, é a densidade, e a gravidade.z Δ ρ g O cálculo de tempo de secagem é feito através da análise da curva de velocidade de secagem, em cada uma das suas seções principais, pois os fatores de controle são diferentes em cada uma das diferentes partes da curva. A velocidade de secagem é definida por: (Eq.09)R = A dθ −W dX s ′ = A N Ma a Onde, R é a velocidade ou taxa de secagem, (kg de líquido evaporado por segundo metro quadrado de superfície do sólido), é o peso do sólido seco (kg) e é o teor de W s X ′ umidade no sólido (kg de líquido / kg de sólido seco) [7]. 16 3. METODOLOGIA A metodologia e o estudo de caso foi obtido através de trabalhos da literatura, o levantamento bibliográfico utilizado no estudo de caso do Secador de Leito de Jorro foi realizado por Vlagner Chaves Medeiros, em 2006. 3.1 Estudo de caso O estudo de caso realizado foi do Secador de Leito de Jorro, com base teórica da literatura. 3.1.2 Definição O secador do tipo leito de jorro foi desenvolvido em meados do ano de 1954, por Gishler e Mathur. Inicialmente, foi projetado para a secagem de grãos de trigo em um processo que permite a aplicação de maiores quantidades de calor sem a ocorrência de perda da qualidade do material. Posteriormente, cientistas e pesquisadores, iniciaram um projeto de estudo mais profundo sobre o regime fluidodinâmico de jorro e concluíram que “O mecanismo de fluxo dos sólidos assim como de fluxo do ar no leito de jorro é diferente ao observado para a fluidização, entretanto, o leito de jorro possui as mesmas aplicações do leito fluidizado, só que para partículas de dimensões mais elevadas” [13]. Segundo Marreto (2006) o leito de jorro convencional, como o empregado por Gishler e Mathur, é constituído por uma câmara de secagem cilíndrica conectada a uma base cônica, a qual possui em sua extremidade inferior um orifício de reduzida dimensão, através doqual o fluido de jorro é alimentado ao sistema. Configurações totalmente cônicas, cilíndricas ou retangulares também podem ser empregadas. O regime de jorro é estabelecido pela entrada de um jato de fluido em um leito de sólidos particulados. O menor diâmetro dos sólidos recomendável para garantir o estabelecimento de um regime fluidodinâmico estável é de 1 mm [13]. “Após a entrada do fluido, normalmente constituído por ar, observa-se a aceleração ascendente das partículas sólidas com a formação de um canal central diluído, onde as mesmas apresentam elevada velocidade. Essa região é denominada de região de jorro. Ao redor do canal central, verifica-se a presença de um leito denso de partículas, que se deslocam contra o fluxo 17 ascendente de ar, traçando uma trajetória parabólica em relação à região central do equipamento. A região que compreende esse leito deslizante de partículas recebe a denominação de ânulo ou região anular” (MATHUR,1971) [16]. 3.1.3 Características fluidodinâmicas As características do regime fluidodinâmico do jorro são: a velocidade mínima do jorro ( ), esse parâmetro é função das propriedades intrínsecas dos sólidos, da V mj geometria usada do leito e do próprio fluido. A altura máxima do jorro estável ( ) e a Hmax perda de carga em função da velocidade do ar ( ). Considerando um conjunto fluido P Δ sólido geometria para o leito, a existência de uma altura máxima de partículas inertes ( ) deve ser considerada também, onde o processo que ocorrer acima desta altura seráHmax indesejada, pois se trata de fluidização de baixa qualidade [13]. A perda de carga ou queda de pressão ( ) do leito em função da velocidade do ar P Δ é um parâmetro fluidodinâmico de grande importância. Existe um pico máximo de queda de pressão ( ) gerado pela alta carga energética necessária para estabelecer o regime ΔP max de jorro. Esse valor é de extrema importância para o projeto de sopradores de ar em uma unidade de jorro [13, 16]. A desaceleração das partículas provenientes da região de jorro ocorre após as mesmas atingirem a superfície do leito (região de fonte), e resulta em sua queda sobre a região anular. Por fim, essas partículas descrevem uma trajetória anular de volta para a região de jorro, seja após atingirem a base do leito (próximo ao orifício de entrada do ar) seja através de fluxo cruzado (na interface jorro-ânulo) [7]. A Figura 03, mostrada a seguir, ilustra esquematicamente a movimentação cíclica e ordenada das partículas em um leito de jorro convencional, ilustrando também um diagrama do regime do jorro, onde na parte inferior entra o ar para o jorro, e no seu interior é possível identificar a região do jorro, a região anular que compreende esse leito deslizante de partículas e a fonte proporcional ao cone-cilíndrico [13]. 18 Figura 03 - Diagrama esquemático do regime de jorro em um equipamento cone-cilíndrico [13] 3.1.4 Curva Característica Para um projeto de leito de jorro, é necessário obter os valores dos parâmetros citados no tópico anterior: a altura máxima do jorro, as quedas de pressão máxima e mínima, a velocidade mínima do jorro e as características fluido sólido geometria. A curva característica do leito de jorro relacionado a queda de pressão e velocidade superficial do ar está representado na figura 04: Figura 04 - Curva característica do leito de jorro. [16] 19 Algumas considerações e parâmetros são realizados para a confecção da curva, inicialmente, para pequenas vazões, o gás não perturba as partículas do sistema, apenas circula entre elas fazendo com que este se comporte como leito fixo. Ao aumentar a vazão, as partículas que estão próximas ao orifício de entrada do gás, deslocam-se surgindo uma cavidade acima desta região, circundada por uma camada sólida compacta, ainda mais resistente à passagem do gás, causando assim um aumento na queda de pressão no leito [14]. A medida que a vazão aumenta, a cavidade interna vai se alongando, havendo formação de um jorro interno, a queda de pressão continua aumentando até atingir um valor máximo ( PM), no ponto B. Quando a velocidade é Δ aumentada acima do ponto B, o efeito do jorro interno é maior que o da camada sólida que limita a cavidade e a queda de pressão passa a diminuir ao longo de BC [16]. No ponto C, a quantidade de partículas deslocadas no núcleo central já é suficiente para provocar uma expansão do leito. Esta expansão pode ser acompanhada por expansões e contrações alternadas do jorro interno, resultando em instabilidade e flutuações na queda de pressão e, no caso de cargas mais profundas, fluidização de partículas na região adjacente ao jorro interno. O jorro incipiente, é um pequeno incremento na vazão do gás acima do ponto C, assim, faz com que a queda de pressão caia até o ponto D, no qual o jorro aflora à superfície. Com o aumento da velocidade além do ponto D, apenas aumenta a altura da fonte, sem grandes alterações na queda de pressão [16]. 3.1.5 Aplicações A indústria química vem utilizando a tecnologia de leito de jorro para o tratamento de materiais particulados que necessitam de altas taxas de transferências de calor e massa e um produto final homogêneo. Como por exemplo, a secagem de grãos, como trigo, feijão e milho e também a secagem de pastas e suspensões, reatores catalíticos, processos de gaseificação, pirólise, combustão e processos eletroquímicos com objetivo de remover metais pesados a partir da eletrodeposição e precipitação [9, 16]. Comparado a outros secadores o leito de jorro apresenta algumas vantagens como bom controle da temperatura do leito, tempo de residência do produto baixo e alta taxa de transferência de calor e massa. 20 Leitos de jorro de várias configurações têm sido usados em aplicações como secagem, granulação, aquecimento, resfriamento e recobrimento de partículas [9, 16]. 3.1.6 Conclusão Conclui-se que a aplicação de leitos de jorro em um processo industrial cresceu de acordo com a evolução do equipamento, o seu regime fluidodinâmico único, propicia inúmeras vantagens durante suas aplicações. Características, como a excelente mistura de sólidos e o intenso contato fluido-sólido, permitem uma secagem segura e eficiente de materiais termossensíveis. Por outro lado, as elevadas velocidades alcançadas pelo fluido de jorro são a base para vários processos na área de engenharia química, como àqueles referentes à purificação de gases e ao craqueamento do petróleo [13]. Apesar da larga aplicaçãodeste equipamento, ainda há limitações na capacidade de secagem do leito de jorro, que impede o equipamento de ser industrialmente competitivo. As limitações acontecem pois a quantidade de ar requerida para manter o jorro estável é maior do que a utilizada na secagem em si. Assim, as faixas de operações e as opções de aumento acabam se tornando pequenas [16]. O leito de jorro tem seu uso ainda é restrito aos processos operados em pequenas escalas, devido a limitação de “scale-up”. O aumento de escala, via de regra, provoca instabilidades no leito, o que impede a sua utilização em muitos processos industriais. Neste sentido, uma rota importante de estudo é identificar mecanismos, que tornem possível o uso deste equipamento em processos industriais sem sofrer o efeito da instabilidade do leito [13]. 4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [1] ÁVILA, V.D. “Você sabe o que é nevoeiro? Quais os tipos?”. 2008. Central RBS de meteorologia. Disponível em: https://goo.gl/9tc1s2 Acesso em: 06/2017 [2] BARROSA, M. R. “Princípios Fundamentais da Transferência de Calor”. Departamento de Engenharia Naval e Oceânica. Agosto, 2004. 21 [3] ÇENGEL, Yunus A. “Transferência de Calor e Massa: Uma Abordagem Prática”, 4ª Edição. São Paulo, SP: McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda, 2012. [4] CREMASCO, M.A. Fundamentos da transferência de massa. 2ª ed. revista. 2009. Campinas - SP. Editora Unicamp. [5] CUSSLER, E.L. “Diffusion Mass Transfer in Fluid Systems”. 2nd ed. Cambridge University Press. New York, 1997. [6] DABON, J. C. “Refrigeration Principles: The Second Thermodynamic Principle”. 2017. Disponivel em: https://goo.gl/Ykf8xm Acesso em: 06/2017 [7] FOUST, A. S; WENZEL, L. A; CLUMP, C. W; MAUS, L; ANDERSEN, L. B; Princípios Das Operações Unitárias , 2ª Ed. Editora LTC, Rio De Janeiro, 1982. [8] GRIMM, A. M. “Climatologia básica.” 2013. UFPR. PR. Disponível em: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html Acesso em: 06/2017 [9] LINDEMANN, C. SCHMIDT, V. W. "Secagem em Leito de Jorro". Universidade Federal do Rio Grande. Rio Grande. 2010. [10] LITTLE, A.D., "The Handwriting on the Wall: A Chemist's Interpretation (Essays)". Little, Brown, 1928. [11] PACHECO, C. R. F. Conceitos Básicos de Secagem. Universidade de São Paulo. 2007. Disponível em: http://sites.poli.usp.br/d/pqi2530/alimentos/pacheco_secagem_cap_1.pdf Acesso: 10/2017 [12] PERRY, J.H. Chemical engineer’s handbook . 6. ed. New York: Mc Graw-Hill, 1984. 1078p. 22 [13] MARRETO, R. N. Estudo da técnica de leito de jorro convencional para secagem de microcápsulas de caseína e pectina. Universidade de São Paulo. SP. 2006. [14] MATHUR, K. B.; EPSTEIN, N. Spouted beds. 1° Edição. London: Academic Press, 1974. 303 p. [15] TAGLIAFERRO, G. V. Operações Unitárias I . 2013. Universidade de São Paulo. SP. Disponível em: https://goo.gl/arHL17 Acesso em: 10/2017 [16] MEDEIROS, V. C. Leito de Jorro. Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Mossoró. RN. 2017. Disponível em: https://goo.gl/1mSYqL Acesso em: 11/2017 23
Compartilhar