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Sofocles Antigones Resenha

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BIOGRAFIA DO AUTOR 
Sófocles nasceu próximo a Atenas em 496 a.C., filho de rica família de mercadores. Escreveu inúmeras 
tragédias. Foi quem deteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas. Sabe-se 
também que participou muito da vida pública de Atenas e misturava em suas obras mitologia com 
política no intuito de “democratizar” o entendimento para a maior parte da população. 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
Antígona é uma tragédia grega escrita por Sófocles composta por volta de 442 AC. É 
cronologicamente a terceira peça de uma sequência de três que fala sobre a cidade de Tebas, 
uma cidade-estado grega, antiga aliada de Esparta. Diversos Reis mitológicos governaram Tebas 
dentre eles: Édipo, Polínice e Eteocles e Creonte. Esses três últimos serão personagens de 
“Sófocles- antigones). 
 
BREVE RESUMO 
A personagem que originou o título é Antígona, filha de Édipo, e irmã de Etéocles e Polinice. 
Depois da tragédia ocorrida na primeira peça, a desgraça parece ter sido o legado deixado por 
Édipo aos seus quatro filhos (Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia). Por isso muitos se dirigem 
às peças como verdadeiras “tragédias gregas”. 
 
Com sua partida para o exílio, os filhos lutaram pelo poder e chegaram a um acordo de 
revezamento no comando a cada ano. No entanto, Etéocles, que foi o primeiro a governar, ao 
fim do mandato, não quis ceder o lugar do poder ao irmão Polinice, que revoltado foi para a 
cidade vizinha e rival da grande Tebas. Neste trecho já vimos os indícios das mazelas que a tirania 
pode causar à um Estado e seus entes. Toda a tragédia poderia ter sido evitada se ETEOCLES 
cumprisse com o “justo”. 
 
Ali, reunindo um exército aliado, Polinice enfrentou o irmão visando ao trono de Tebas. O conflito 
acabou com os dois se matando e, então, assumiu o poder o tio Creonte. Usando de seu poder, 
Creonte estabeleceu que o corpo de Polinice não receberia as honrarias tradicionais dos funerais, 
pois este tinha lutado contra a pátria. Já ao irmão, Etéocles, o rei determinou que fossem dadas 
tais honrarias fúnebres. Além disso, determinou pena de morte a quem desobedecesse as suas 
ordens. 
Antígona, irmã dos herdeiros , entendeu que esse procedimento do Tio Creonte, agora rei, era 
arbitrário, não respeitando as leis naturais mais antigas ou divinas que estabeleciam que todo 
homem devia ter o seu devido sepultamento. Era crença antiga que os rituais de passagem eram 
importantes para que a alma não ficasse vagando eternamente sem destino. Com essa 
preocupação, Antígona preferiu correr o risco da morte para enterrar seu irmão despojado. 
Não adiantando nem os apelos de Hemon, filho de Creonte e noivo de Antígona, que clama ao 
pai pelo bom senso e pela vida de Antígona, pois ela apenas queria dar um enterro justo ao irmão, 
Hemon briga com Creonte e então Antígona é levada a morte, uma tumba aonde Antígona ficará 
até morrer. Mais tarde aparece Eurídice e conta que, ao abrir a tumba onde Antígona estava 
presa, encontram-na enforcada e, Hemon se mata, após tentar acertar o pai , Creonte. Eurídice, 
desiludida pela morte do filho também se mata, para desespero de Creonte. 
 
 
CONTEMPORANEIDADE E LIGAÇÕES COM O DIREITO 
A obra nos faz viajar na própria história do direito. Antes mesmo do nascimento de Cristo 
(importante marco na história ocidental), o direito já permeava a vida dos cidadãos. O direito 
existe muito antes da existência da “ciência” direito. Direito é a arte de praticar “justeza” seja por 
respeito às ordens dos Deuses ou pelo bom senso dos seres humanos em evitar o pior dos males, 
à sua auto destruição. 
O direito existe desde a formação da existência de um conglomerado de pessoas(tribos). Como 
nada é imutável, tudo está em constante evolução, a própria sociedade assim como o direito está 
em constante transformação. O que eram tribos nômades hoje são nações revestidas pelo manto 
dos Estados Soberanos que por ser uma “pessoa jurídica invisível” empodera homens físicos para 
criar leis (legislativo) e homens físicos revestidos de competência e jurisdição para observar o seu 
cumprimento e punir quando necessário os transgressores. 
Devemos perceber que o obra retrata o conflito entre as leis divinas, encarnadas na religiosa 
Antígona e as leis humanas determinadas pelo tirano Creonte. A finalidade da obra era 
justamente combater as duas posições extremistas, punindo ambas por não buscarem um acordo 
e desejarem prevalecer uma sobre a outra. O pior acontece: a morte de quase todos os 
envolvidos na história. Mesmo não tendo morrido, Creonte carregará um fardo tão pesado 
quanto: o da culpa. A obra retrata a importância do direito seja a corrente naturalista quanto 
positivista. Mesmo não havendo o bom senso, o que é comum aos meros mortais( exemplo os 
sete pecados capitais), o império do direito deve ser observado no intuito de manter a paz. 
Do lado de Antígona, havia a desobediência das leis de seu país. Do lado de Creonte, havia a 
desobediência das tradições. Foi assim que cada um foi punido ao final, Antígona, por sua 
desobediência, provocou a morte de mais duas pessoas. Creonte, por sua ambição e por seu 
despotismo, perdeu seu filho e sua esposa, evidenciando que devemos pensar sobre a 
responsabilidade de nossas ações no mundo. Toda ação exige uma reação. E muitas vezes, a 
reação pode ser trágica. 
Uma outra visão da leitura da tragédia grega é o problema da falta de democracia. O maior 
problema do enredo da tragédia grega é a autocracia . Autocracia vem de si mesmo(auto) e 
Kratos(poder). Seu poder (kratos) é derivado de si mesmo (auto). Quando uma única pessoa é 
responsável por todas as decisões pertinentes ao que deve prevalecer para centenas/milhares ou 
até mesmo milhões de pessoas, há grandes chances para o que chamamos de tirania, de ditadura, 
que nada mais é do que uma imposição unilateral daquele que deveria ser responsável pela 
jurisdição (dizer o direito) que correspondesse o que é a vontade da maioria. 
Por essas razões citadas acima a contemporaneidade da obra. Milhares de anos depois, esse 
risco não é só eminente como ele é observado em muitos países orientais e ocidentais. E esse 
poder é aumentado devido ao controle das forças militares. Não podemos esquecer do perigo 
desses falsos “defensores da pátria” que se julgam acima dos governados. Uma famosa 
expressão do rei Luís XIV, o qual na época achava que o país deveria girar em torno de si “L’état 
c’est moi” traduz esse perigo que deve ser combatido ferozmente pela população. 
Por isso a importância do “povo no poder”. DEMOS, que significa “povo, distrito” e KRATOS 
“Domínio, poder” significa o povo no poder, que nada mais é do que a vontade da maioria.

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