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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS E LÍQUIDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – URBANIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS ................................................ 7 
1.1 Os problemas da urbanização crescente ........................................................... 8 
UNIDADE 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU ......................................... 12 
2.1 Definição .......................................................................................................... 12 
2.2 Classificação .................................................................................................... 13 
2.3 Características dos resíduos: físicas, químicas e biológicas ........................... 16 
C) CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS .................................................................. 17 
UNIDADE 3 - RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS .............................. 18 
3.1 Etapas do manejo dos RSS ............................................................................. 21 
UNIDADE 4 – RESÍDUOS DA INDÚSTRIA E DA CONSTRUÇÃO .......................... 25 
4.1 Etapas do manejo de resíduos da construção civil .......................................... 27 
UNIDADE 5 - RESÍDUOS LÍQUIDOS – RL .............................................................. 30 
5.1 Etapas do tratamento de água e esgotos ........................................................ 32 
UNIDADE 6 – RESÍDUOS ORGÂNICOS ................................................................. 35 
UNIDADE 7 – A POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS - PNRS ........ 38 
7.1 Os princípios .................................................................................................... 38 
7.2 Os objetivos ..................................................................................................... 39 
7.3 Os planos de resíduos sólidos ......................................................................... 40 
UNIDADE 8 – INSTRUMENTOS PARA GESTÃO DE RESÍDUOS .......................... 43 
8.1 A coleta seletiva ............................................................................................... 45 
8.2 A logística reversa ............................................................................................ 47 
8.3 Os catadores de materiais recicláveis .............................................................. 50 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Falar em gestão de resíduos sólidos e líquidos nos remete de imediato para 
globalização, aumento da população e consumismo, nem sempre pensando nesses 
fenômenos na mesma sequência, mas fato é que eles têm direcionado o 
comportamento do ser humano nas últimas décadas, o que além de benefícios, traz 
consigo consequências negativas. 
Realmente, a globalização e o acesso à gama de produtos industrializados, 
por um lado, facilitou a vida das pessoas, já por outro ângulo, proporciona, a cada 
dia, o consumo exagerado dos mais variados produtos aliados ao aumento da 
população e aglomerações nos núcleos urbanos, ou seja, nas cidades, trouxe 
problemas ambientais e consequências diretas para a vida das pessoas, tais como 
carência de saneamento básico, poluição nas suas mais diversas formas, conflitos 
de uso do solo, inadequação na localização de atividades especializadas, entre 
outros. 
A urbanização que consiste no processo pelo qual a população urbana 
cresce em proporção superior à população rural, não se tratando de mero 
crescimento das cidades, mas de fenômeno de concentração urbana (SILVA, 2013), 
também é um fator agravante que leva a gestão urbana a ser complexa, exigindo 
entre outras posturas, respostas técnicas a partir de planejamentos urbanos 
pensados com muito critério e seriedade, integrando os aspectos ecológicos, 
econômicos e socioculturais, além, é claro, de incorporar a dimensão política no 
enfrentamento dos problemas do meio ambiente e do desenvolvimento urbano. 
Dentre os problemas mais graves surgidos e enfrentados pela sociedade 
contemporânea, encontramos a crescente produção de lixo urbano, quer seja ele 
sólido ou líquido, proveniente das residências, das indústrias, das construções ou 
dos serviços de saúde e, mais recentemente, o lixo eletrônico! É preciso entender 
toda a dinâmica dessa produção para desenvolver medidas cabíveis na solução dos 
problemas, caracterizando os resíduos e seu acondicionamento, coleta, transporte, 
tratamento e destinação final, enfatizando, obviamente, os aspectos sanitários e 
ambientais envolvidos. 
Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 
apresentam números mundiais em torno de 10 bilhões de toneladas de resíduos 
 
 
4 
 
todos os anos e 3 bilhões de pessoas sem acesso a facilidades de despejo desse 
lixo (ONU, 20151). 
No Brasil, a média de produção de resíduos por habitante/ano está na faixa 
dos 387 quilos, quantidade similar à de países como Croácia (também 387), Hungria 
(385) e maior que a de nações como México (360), Japão (354) ou Coreia do Sul 
(358). Mas só destina corretamente pouco mais da metade do que coleta (58%), 
enquanto esses países trabalham com taxas mínimas de 96%. Em termos de 
destinação do lixo, o Brasil está mais parecido com a Nigéria (apenas 40% vai para 
o local adequado) (GIRARDI, 2016). 
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela 
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais 
(ABRELPE), no ano de 2014, a geração total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) 
no país foi de aproximadamente 78,6 milhões de toneladas, configurando um 
aumento de 2,90% em relação ao ano anterior. Além disso, a geração per capita 
brasileira teve acréscimo de 2,02% no mesmo período, chegando a 387,63 
Kg/hab./ano. Tal crescimento se mostra superior ao crescimento populacional para o 
intervalo de tempo em questão, que foi de 0,9% (DALL’AGNOL et al., 2016). 
A disposição final dos RSU coletados demonstrou piora comparado ao 
índice do ano anterior, de 58,7%, para 58,4% ou 41,7 milhões de toneladas enviadas 
para aterros sanitários. O caminho da disposição inadequada continuou sendo 
trilhado por 3.331 municípios brasileiros, que enviaram mais de 29,7 milhões de 
toneladas de resíduos, correspondentes a 41,6% do coletado em 2016, para lixões 
ou aterros controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas 
necessários para proteção do meio ambiente contra danos e degradações 
(ABRELPE, 2016). 
Os números acima não deixam dúvida sobre a necessidade em conhecer a 
dinâmica dos resíduos urbanos e, claro, tratá-los adequadamente, por pelo menos 
três motivos: 
a) o aumento constante de sua geração; 
b) os gastos financeiros relacionados a eles; 
 
1
http://www.unep.org/o-problema-do-lixo-cidades-do-mundo-produzem-mais-de-10-bilh%C3%B5es-
de-toneladas-de-res%C3%ADduos-todos-os 
 
 
5 
 
c) ser um problema de saúde pública, visto grande parte da população não 
ter saneamento básico. 
A literatura sobre os resíduos urbanos e toda a problemática urbana é 
enorme, extensa e até mesmo um pouco controversa. Pretende-se neste módulo 
compilar os resultados de alguns estudos sobre o tema, apresentando os conceitos 
pertinentes, mostrando ascausas e consequências do crescimento das cidades, os 
tipos de resíduos sólidos e etapas de manejo, a legislação, os instrumentos para sua 
gestão e a importância dos catadores de materiais recicláveis e a coleta seletiva. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original2, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)3, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
 
2
 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
3
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
 
6 
 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
6) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
7 
 
UNIDADE 1 – URBANIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS 
 
Historicamente, a urbanização do Brasil começa com seu descobrimento, 
mas a passos muito lentos, concentrando poucos povoados em locais estratégicos 
ao longo do litoral e próximo a atividades agrárias. Ao longo do século XVIII e 
somente em Minas Gerais vimos aglomerados em decorrência de suas áreas de 
mineração. 
Em fins do século XIX e começo do século XX esse mapa começa a se 
alterar nos estados do sudeste e, mais adiante, após a segunda guerra mundial, 
começamos a ver a aceleração desse processo de urbanização em decorrência do 
crescimento da economia industrial. 
A partir da década de 1960, ocorreram alterações nas relações de trabalho 
no campo e na cidade, que tiveram como consequências o êxodo rural e o 
crescimento das cidades brasileiras. Tal evidência pode ser observada através dos 
dados apresentados pelo IBGE (2001), já que em 1940 a população do campo era 
de 68,8%, e em 2000 tal quadro se inverte já que na área urbana se concentra 
81,2%, da população. 
O Censo de 1970 registrava pela primeira vez que, durante os anos 
sessenta, a população urbana tinha superado a rural. Do ponto de vista histórico, 
trata-se de um fenômeno recente. Todavia, neste curto espaço de tempo, a segunda 
metade do século passado, a população urbana passou de 19 milhões para 138 
milhões, com uma taxa de crescimento média anual de 4,1%. A cada ano, em 
média, foram acrescidos 2.378.291 habitantes às cidades, fazendo com que a 
população urbana, em meio século, apenas, aumentasse 7,3 vezes (BRITO; PINHO, 
2012). 
Mesmo com políticas direcionadas que explicitam a fórmula para um 
crescimento ordenado e urbanização com infraestrutura adequada, sabemos que o 
caminho entre o ideal e o real é bem longo. 
Segundo Mota (1999, p. 17 apud UGEDA JUNIOR, 2009), 
 
O aumento da população e a ampliação das cidades deveria ser sempre 
acompanhado do crescimento de toda a infraestrutura urbana, de modo a 
proporcionar aos habitantes uma mínima condição de vida [...] e a 
ordenação deste crescimento faz-se necessária, de modo que as influências 
que o mesmo possa ter sobre o meio ambiente não se tornem prejudiciais 
aos habitantes. 
 
 
8 
 
Entretanto, a realidade do processo de urbanização é bem diferente do ideal. 
Na maioria dos casos, esse processo ocorre a partir de um planejamento 
inadequado, gerando um crescimento desordenado, acompanhado da falta da 
infraestrutura capaz de garantir a mínima qualidade ambiental. 
Quando o assunto é planejamento urbano, principalmente planejar pensando 
em um futuro melhor, precisamos levar em consideração o poder ou a grande 
capacidade que o ser humano tem em construir e destruir tudo aquilo que a 
sociedade constitui. 
Neste sentido, a cidade tanto se constitui em condição para o 
desenvolvimento econômico, como também é resultado do desenvolvimento, que 
tanto pode caminhar num sentido positivo quanto negativo, concentrando riquezas e 
pobrezas. 
Especificamente no caso do Brasil, e dos países em desenvolvimento, essa 
questão da geração de resíduos em ambientes urbanos atinge contornos muito 
graves, quer sejam os resíduos sólidos ou líquidos. 
 
1.1 Os problemas da urbanização crescente 
De acordo com Ambiente Brasil (2008), o desenvolvimento das cidades sem 
um correto planejamento ambiental resulta em prejuízos significativos para a 
sociedade. Uma das consequências do crescimento urbano foi o acréscimo da 
poluição doméstica e industrial, criando condições ambientais inadequadas e 
propiciando o desenvolvimento de doenças, poluição do ar e sonora, aumento da 
temperatura, contaminação da água subterrânea, entre outros problemas. 
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões 
metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades pólos regionais. Os efeitos 
desta realidade são possíveis de verificarmos sobre todo aparelhamento urbano 
relativo a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao 
tratamento de esgotos cloacal e pluvial. 
No entanto, segundo Ambiente Brasil (2008), atualmente, muitos fatores 
interferem nesse ciclo, comprometendo a qualidade das águas urbanas (sem 
aprofundarmos na questão de “falta de água”, pela qual a população de inúmeras 
cidades vem passando), pois o desenvolvimento e o crescimento das cidades geram 
o acréscimo da poluição doméstica e industrial, propiciando o aumento de 
 
 
9 
 
sedimentos e material sólido, bem como a contaminação de mananciais e das águas 
subterrâneas. 
A compactação dos solos e o asfaltamento dificultam a penetração das 
águas, causando diminuição do lençol freático, além das partes baixas da cidade 
sofrerem com alagamentosao menor sinal de chuva. 
De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes 
cidades do que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as 
metrópoles apresentam outros problemas graves: 
 acúmulo de lixo e de esgotos, boa parte dos detritos pode ser recuperada 
para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. 
Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com 
frequência esses rios perdem toda sua fauna característica e tornam-se 
imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos 
baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos, além desse lixo 
entupir as “bocas de lobo”, causando outros transtornos paralelos; 
 congestionamentos frequentes, especialmente nas áreas em que os 
automóveis particulares são muito mais importantes que os transportes 
coletivos, muitos moradores da periferia das grandes cidades dos países em 
desenvolvimento, em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro 
horas por dia só no caminho para o trabalho; 
 poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos 
automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e 
propaganda comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na população, 
além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva; 
 carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e 
recreação, entre outras). Em decorrência da falta de áreas verdes, agrava-se 
a poluição atmosférica, já que as plantas através da fotossíntese contribuem 
para a renovação do oxigênio no ar. Além disso, tal carência limita as 
oportunidades de lazer da população, o que faz com que muitas pessoas 
acabem passando seu tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a 
jogos praticados por esportistas profissionais (ao invés de eles mesmos 
praticarem esportes); 
 poluição visual, ocasionada pelo grande número de cartazes publicitários, 
pelos edifícios que escondem a paisagem natural, entre outros. 
 
 
10 
 
Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo 
homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial e, 
quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações, modificações 
provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles – o chamado clima 
urbano – constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas, 
normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas, 
além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes, após algumas 
chuvas. 
As elevações nos índices térmicos do ar são fáceis de entender: o 
asfaltamento das ruas e avenidas, as imensas massas de concreto, a carência de 
áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera 
(que provoca o efeito estufa), o grande consumo de energia devido à queima de 
gasolina, óleo diesel querosene, carvão, entre outros, nas fábricas, residências e 
veículos são responsáveis pelo aumento de temperatura do ar. Já o aumento dos 
índices de pluviosidade se deve, principalmente, à grande quantidade de 
micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel de núcleos 
higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da atmosfera. E as 
enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, 
pois há muito asfalto e obras, o que compacta o solo e aumenta sua 
impermeabilização. 
A despeito da Organização das Nações Unidas (ONU) ter reconhecido o 
saneamento básico como um direito do ser humano, nossa situação não é 
confortável. 
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad-IBGE), em 2014, o Brasil 
possuía 95% dos domicílios com acesso a água, e somente 56% deles com 
esgotamento sanitário (coleta de esgoto) (DIEESE, 2016). 
Quanto ao lixo que um dia fora formado de restos de alimentos, cascas, 
papéis, vieram sendo incorporados novos materiais como vidro, plásticos, isopor, 
borracha, alumínios entre outros de difícil decomposição e, mais recentemente, o 
chamado lixo eletrônico. Para se ter uma ideia, enquanto que os restos de comida 
se deterioram rapidamente, o papel demora entre 3 a 6 meses para se decompor, o 
plástico dura mais de cem anos e o vidro cerca de 1 milhão de anos quando jogados 
na natureza. 
 
 
11 
 
Segundo Alberguini (2008), o impacto desse volume de lixo no meio 
ambiente das cidades é grande. A quantidade de dejetos só tende a aumentar e 
pode ocasionar escassez e esgotamento de recursos naturais, poluição do ar, da 
água, do solo, além de problemas de saúde pública, devido à proliferação de 
parasitas e surgimento de doenças. Nessa esteira, o crescente número de 
catadores, que garantem o sustento de suas famílias com a venda do que é 
encontrado nos depósitos de lixo, é outro desafio para muitas prefeituras. Diversos 
municípios tentam reverter essa situação, incorporando esses trabalhadores ao 
processo produtivo, criando cooperativas de catadores a partir da instalação de 
programas de reciclagem na cidade. 
Alguns organismos governamentais e não governamentais, nacionais e do 
exterior, têm se preocupado com pessoas, inclusive crianças, sobrevivendo dos 
lixões, como veremos ao longo do módulo. 
 
 
12 
 
UNIDADE 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU 
 
Os resíduos sólidos (RS) de toda natureza se constituem um problema a 
nível mundial e sua gestão, um desafio para os gestores dos diversos tipos de 
empresas, sejam elas do ramo da construção, eletrônicos, e claro, da alimentação. 
No caso do Brasil, a produção de lixo é cinco vezes maior do que o 
crescimento da população e mais, o destino final geralmente é inadequado. 
Eis que encontramos na Lei nº 12.305/20104, que institui à Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (e outras leis afins) as orientações para o gerenciamento 
integrado de resíduos sólidos (GIRS) definido como um 
 
conjunto de ações exercidas direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, 
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente 
adequada dos resíduos gerados e disposição final ambientalmente 
adequada dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de gestão 
integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento exigidos por 
lei (BRASIL, 2010). 
 
Segundo Carneiro (2014), para autores que atuam na área, a coleta, 
tratamento e disposição inadequada de RS têm fortes impactos sociais e 
econômicos. Entretanto, apesar de muitos desses impactos negativos serem de 
amplo conhecimento, a questão dos resíduos tem sido, por muitas vezes, 
negligenciada, produzindo situações potencialmente destrutivas e refletindo esses 
danos sobre gerações futuras. 
 
2.1 Definição 
Lixo é tudo aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas 
e sem valor (FERREIRA, 2005). 
Resíduo deriva do latim residuu, que significa o que sobra de determinada 
substância. A palavra sólida foi incorporada, evidentemente, para diferenciar de 
líquidos e gases. Proveniente do termo latim lix, que significa cinza ou lixívia, a 
palavra lixo é definida como sujeira, imundície, escória (NAIME, 2005). 
 
4
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm 
 
 
13 
 
Também se define lixo como todo resíduo sólido resultante de atividades do 
ser humano em sociedade, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis 
ou descartáveis (FONSECA et al., 2010 apud SILVA, 2015). 
Pode ser encontrado no estado sólido, líquido ou gasoso. Como exemplos, 
têm-se as sobras de alimentos,embalagens, papéis, plásticos, latas e outros 
(DOETZER, 2009). 
Naime (2005) considera que os resíduos sólidos já foram denominados lixo e 
não havia nenhuma diferença entre resíduo e lixo, mas atualmente os materiais 
separados, que podem ser reciclados ou reaproveitados são chamados resíduos 
sólidos, enquanto os materiais misturados e acumulados têm uma conotação de lixo. 
A lei citada (12.305/10) define em seu artigo 3º que os resíduos sólidos são: 
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas 
em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está 
obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos 
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na 
rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas 
ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível e de acordo 
com a NBR 10.004:20045, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 
“resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da 
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de 
serviços e de varrição”. 
 
2.2 Classificação 
A classificação dos resíduos sólidos quanto à origem, identifica os 
responsáveis pelo seu gerenciamento, que se tornam obrigados a desenvolver 
soluções sustentáveis, observando o que prevê o art. 9º da lei 12.305/2010, ou seja, 
na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte 
ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos 
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 
 
5
 Confirmada em 04 de novembro de 2014, tendo as seguintes normas como necessárias para 
aplicação da NBR 10.004/2004: ABNT NBR 10005:2004 - ABNT NBR 10006:2004 - ABNT NBR 
10007:1987 - ABNT NBR 12808:1993 - ABNT NBR 14598:2007 - Portaria n°204/1997 - USEPA-
SW846. 
 
 
 
14 
 
Dentre as várias maneiras de se classificar os resíduos sólidos, temos: em 
relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à 
natureza ou origem, ou seja, baseiam-se em determinadas características ou 
propriedades identificadas. 
Na classificação da NBR 10004:2004, incluem-se na definição de resíduos 
sólidos, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados 
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados 
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de 
esgotos e corpos de água, ou que exijam para isso soluções técnicas e 
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. 
A classificação é relevante para a escolha da estratégia de gerenciamento 
mais viável. A NBR 10.004:2004 trata da classificação de resíduos sólidos quanto a 
sua periculosidade, ou seja, característica apresentada pelo resíduo em função de 
suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, que podem representar 
potencial de risco à saúde pública e ao meio ambiente. 
Os resíduos sólidos podem ser classificados em diversas categorias, de 
acordo com sua origem (HAMADA, 2003; SCHALCH et al., 2003): 
 resíduos sólidos urbanos, que incluem resíduos domiciliares (provenientes de 
casas e apartamentos); comerciais (provenientes de restaurantes, mercados, 
lojas, hotéis, entre outros estabelecimentos similares); e de serviços 
municipais (resultantes da limpeza e manutenção de espaços públicos, como 
ruas, praças, praias, entre outros); 
 resíduos industriais, gerados pelas atividades da produção industrial; 
 resíduos de serviços de saúde, gerados por hospitais, clínicas médicas e 
veterinárias, consultórios odontológicos, farmácias, entre outros 
estabelecimentos de saúde; 
 resíduos agrícolas, gerados em atividades agropecuárias; 
 resíduos provenientes de portos, aeroportos, terminais rodoviários, entre 
outros; 
 entulho, gerado em obras de construção civil, como demolições, escavações, 
entre outras. 
Os resíduos podem ainda ser classificados de acordo com sua 
periculosidade, nas seguintes categorias (ABNT, 2004): 
 
 
15 
 
 Classe I (perigosos) – resíduos que apresentam periculosidade, 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. 
 Classe II (não perigosos) – subdivididos em duas categorias: 
* Classe II A Não inertes – apresentam biodegradabilidade, combustibilidade 
ou solubilidade em água; 
* Classe II B Inertes – não apresentam solubilidade em concentrações 
superiores aos padrões de potabilidade da água. 
Quanto aos componentes do lixo, eles podem ser diferenciados nas 
seguintes categorias: matéria orgânica putrescível; plástico; papel/papelão; vidro; 
metal ferroso; metal não ferroso; pano, trapo, couro e borracha; madeira; 
contaminante biológico e contaminante químico; pedra, terra e cerâmica; e diversos. 
Deve-se sempre explicitar o teor de umidade presente, uma vez que o peso dos 
resíduos orgânicos é determinado em condição úmida. No Quadro 1 abaixo, 
apresentam-se exemplos de materiais que podem compor cada categoria, 
observando-se a grande diversidade de materiais. 
 
Exemplos básicos de cada categoria de resíduos sólidos urbanos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 8) adaptado de Pessin et al. (2002). 
 
 
16 
 
2.3 Características dos resíduos: físicas, químicas e biológicas 
Segundo Monteiro et al. (2001), em consonância com a NBR 10.004:2004, os 
resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com suas características físicas, 
químicas e biológicas. 
a) Características físicas: 
 a “geração per capita” que relaciona a quantidade de resíduos urbanos 
gerada diariamente e o número de habitantes de determinada região. Muitos 
técnicos consideram de 0,5 a 0,8kg/hab./dia como a faixa de variação média 
para o Brasil; 
 a composição gravimétrica que traduz o percentual de cada componente em 
relação ao peso total da amostra de lixo analisada; 
 o peso específico aparente que é o peso do lixo solto em função do volume 
ocupado livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua 
determinação é fundamental para o dimensionamento de equipamentos e 
instalações. Na ausência de dados mais precisos, podem-se utilizar os 
valores de 230kg/m3 para o peso específico do lixo domiciliar, de 280kg/m3 
para o peso específico dos resíduos de serviços de saúde e de 1.300kg/m3 
para o peso específico de entulho de obras; 
 o teor de umidade que representa a quantidade de água presente no lixo, 
medida em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das 
estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de 
umidade variando em torno de 40 a 60%; 
 a compressividade que é o grau de compactação ou a redução do volume que 
uma massa de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma 
pressão de 4kg/cm², o volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a 
um quarto (1/4) do seu volume original. 
 
b) Características químicas: 
 o poder calorífico indica a capacidade potencial de um material desprender 
determinada quantidade de calor quando submetido à queima. O poder 
calorífico médio do lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000kcal/kg; 
 potencial hidrogeniônico (pH) indica o teor de acidez ou alcalinidade dos 
resíduos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7; 
 
 
17 
 
 a composição química que consiste na determinação dos teores de cinzas, 
matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduomineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras; 
 a Relação carbono/nitrogênio (C:N) indica o grau de decomposição da 
matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final. Em 
geral, essa relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1. 
 
c) Características biológicas: 
As características biológicas do lixo são aquelas determinadas pela 
população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das 
suas características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos de 
tratamento e disposição final mais adequados. 
O conhecimento das características biológicas dos resíduos tem sido muito 
utilizado no desenvolvimento de inibidores de cheiro e de retardadores/aceleradores 
da decomposição da matéria orgânica, normalmente aplicados no interior de 
veículos de coleta para evitar ou minimizar problemas com a população ao longo do 
percurso dos veículos. 
Da mesma forma, estão em desenvolvimento os processos de destinação 
final e de recuperação de áreas degradadas com base nas características biológicas 
dos resíduos. 
 
 
18 
 
UNIDADE 3 - RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS 
 
Os resíduos dos serviços de saúde (RSS) compreendem todos os resíduos 
gerados nas instituições destinadas à preservação da saúde da população. 
Os RSS são de natureza heterogênea (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004, 
p. 746), e diferentes classificações já foram propostas por várias entidades, como o 
CONAMA, a ANVISA e ainda governos estaduais e municipais, já que se faz 
necessária uma classificação e separação desses tipos de resíduos, além da 
preocupação com os manipuladores desse material e com o meio ambiente. 
Portanto, vamos encontrar nas Resoluções CONAMA 306/20046 e 
358/20057 normas para o gerenciamento dos resíduos de saúde. Também na NBR 
12807:2013 que define os termos empregados em relação aos resíduos de serviços 
de saúde e NBR 12.808:2016 da ABNT8, a classificação dos resíduos de serviços de 
saúde. 
Segundo Ramos et al. (2011), os RSS compõem parte importante do total 
dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) não pela quantidade gerada, mas pelo 
potencial risco que afeta à saúde ambiental e coletiva. 
O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de 
gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, 
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e dar um 
encaminhamento seguro aos resíduos gerados, de forma eficiente, visando à 
 
6 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=306, que estabelece os 
requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Artigo 4° e 
Anexo II alterados pela Resolução CONAMA nº 381/06. 
 
7
 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=462, dispõe sobre o 
tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, e dá outras providências. Revoga 
as disposições da Resolução nº 5/93, que tratam dos resíduos sólidos oriundos dos serviços de 
saúde, para os serviços abrangidos no art. 1º desta Resolução. Revoga a Resolução nº 283/01. 
 
8 A ABNT publicou, em 14 de abril de 2016, a norma ABNT NBR 12808:2016 - Resíduos de serviços 
de saúde: Classificação, que foi elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Resíduos de 
Serviços de Saúde (ABNT/CEE-129). 
Esta Norma classifica os resíduos de serviços de saúde quanto à sua natureza e riscos ao meio 
ambiente e à saúde pública, para que tenham gerenciamento adequado. Disponível em: 
http://www.abnt.org.br/noticias/4728-residuos-de-servicos-de-saude-classificacao. 
Ela necessita das seguintes normas para sua aplicação: ABNT NBR 10004:2004 e ABNT NBR 
12807:2013. 
 
 
 
 
19 
 
proteção dos trabalhadores e à preservação da saúde pública dos recursos naturais 
e do meio ambiente (ANVISA, 2004). 
Conforme os princípios da ecoeficiência, o gerenciamento de resíduos deve 
privilegiar, em ordem de prioridade, a não geração, a redução da geração, a 
reciclagem e, finalmente, o tratamento e a disposição final. Nesse contexto, a 
identificação de fontes geradoras é uma etapa de extrema importância, quando o 
enfoque é a não geração ou a redução da geração (SISINNO; MOREIRA, 2005). 
O principal objetivo da classificação é conhecer melhor as especificidades do 
resíduo. Dessa forma, é possível definir estratégias de gerenciamento que visem à 
preservação da saúde ocupacional, pública e ambiental. 
Vejamos a classificação da ANBT e das RDC ANVISA nº 306/04 e a 
Resolução do CONAMA nº 358/05 para os RSS: 
Grupo A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos (vírus, 
bactérias, fungos) que podem apresentar risco de infecção. Exemplos: algodão, 
gaze, espátula, absorvente e cotonete contaminados com materiais biológicos, entre 
outros. 
Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar 
risco à saúde ou ao meio ambiente, dependendo de suas características quanto à 
inflamabilidade, à corrosividade e à toxicidade. 
Grupo C: rejeitos radioativos. 
Grupo D: resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou 
radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Suas características são similares às dos 
resíduos domiciliares. Podem ser subdivididos em recicláveis e não recicláveis. 
Grupo E: materiais perfurocortantes (objetos e instrumentos contendo 
cantos, bordas, pontos rígidos e agudos capazes de cortar ou perfurar, utensílios de 
vidro quebrados) (COSTA, 2012). 
Abaixo temos um modelo de Fluxograma das etapas iniciais do manejo 
(segregação e acondicionamento), segundo a classificação dos resíduos gerados no 
Departamento Médico da Câmara dos Deputados (Demed). 
 
 
20 
 
 
Fonte: Costa (2012, p. 12). 
 
Enfim, o lixo de serviços de saúde e hospitalar se constitui dos resíduos 
sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos; 
ou de resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da 
preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas, entre outros), e 
outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os 
resíduos sépticos, anteriormente descritos, que são considerados como domiciliares. 
Há, no Brasil, mais de 30 mil unidades de saúde, produzindo resíduos e, na 
maioria das cidades, a questão da destinação final dos resíduos urbanos não está 
resolvida. Predominam os vazadouros a céu aberto. 
 
 
21 
 
Segundo Ferreira (1995), da mesma forma que para os resíduos sólidos, em 
geral, as propostas de gerenciamento para os resíduos hospitalares têm-se 
fundamentado em padrões do Primeiro Mundo. 
A questão central que se coloca é sobre a periculosidade ou não dos 
resíduos hospitalares. Embora esta seja uma questão não resolvida, os países 
desenvolvidos adotam uma política cautelosa e consideram tais resíduos como 
resíduos que exigem tratamento especial. De acordo com Ferreira (1995), a 
recomendação de incineração dos resíduos, ou de parte deles, é uma constante. As 
prefeituras brasileiras precisam estruturar-se para resolver com maestria os seus 
problemas, principalmente pelo fato de termos unidades de saúde em todas elas, 
ajudando a maximizar o problema desses resíduos. 
 
3.1 Etapas do manejo dos RSS 
Segregação » Acondicionamento » Identificação » Tratamento intermediário 
» Transporte interno » Armazenamento temporário » Armazenamento externo » 
Tratamento final » Disposição final = etapas do manejo de RSS. 
De acordo com Monteiro et al. (2001), a higiene ambiental dos 
Estabelecimentos Assistenciais à Saúde – EAS – ou simplesmente Serviços de 
Saúde (hospitais, clínicas, postos de saúde, clínicas veterinárias,entre outros), é 
fundamental para a redução de infecções, pois remove a poeira, os fluidos corporais 
e qualquer resíduo dos diversos equipamentos, dos pisos, paredes, tetos e 
mobiliário por ação mecânica e com soluções germicidas. O transporte interno dos 
resíduos, o correto armazenamento e a posterior coleta e transporte completam as 
providências para a redução das infecções. 
a) Segregação corresponde à operação de separação dos resíduos no 
momento da geração. 
b) Acondicionamento é a colocação dos resíduos no interior de recipientes 
apropriados, revestidos, que garantam sua condição estanque, visando sua posterior 
estocagem ou coleta. 
Para cada grupo de resíduos existe uma dinâmica, normas e orientações a 
seguir. 
Em relação à segregação (separação) de resíduos infectantes do lixo 
comum, nas unidades de serviços de saúde, seriam: 
 
 
22 
 
 todo resíduo infectante, no momento de sua geração, tem que ser disposto 
em recipiente próximo ao local de sua geração; 
 os resíduos infectantes devem ser acondicionados em sacos plásticos 
brancos leitosos, em conformidade com as normas técnicas da ABNT, 
devidamente fechados; 
 os resíduos perfurocortantes (agulhas, vidros, entre outros) devem ser 
acondicionados em recipientes especiais para este fim; 
 os resíduos procedentes de análises clínicas, hemoterapia e pesquisa 
microbiológica têm que ser submetidos à esterilização no próprio local de 
geração; 
 os resíduos infectantes compostos por membros, órgãos e tecidos de origem 
humana têm que ser dispostos, em separado, em sacos plásticos brancos 
leitosos, devidamente fechados; 
 os resíduos infectantes e especiais devem ser coletados separadamente dos 
resíduos comuns; 
 os resíduos radioativos devem ser gerenciados em concordância com 
resoluções da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN; 
 os resíduos infectantes e parte dos resíduos especiais devem ser 
acondicionados em sacos plásticos brancos leitosos e colocados em 
contêineres basculáveis mecanicamente em caminhões especiais para coleta 
de resíduos de serviços de saúde. Tais resíduos representam no máximo 
30% do total gerado. 
c) Coleta interna é a retirada dos resíduos do local onde foi gerado, por meio 
de carros coletores fechados, em horários preestabelecidos. Pode ser feita de duas 
maneiras, de acordo com a distância entre os pontos de geração dos resíduos e o 
abrigo externo. A coleta pode ser única, em que o resíduo retirado do local de 
geração é levado diretamente ao abrigo externo, ou coleta em dois tempos, ou seja, 
do local de geração até o armazenamento temporário e deste para o abrigo externo. 
d) Transporte interno consiste no translado dos resíduos dos pontos de 
geração até o local destinado ao armazenamento temporário ou diretamente para o 
abrigo externo. O transporte interno de resíduos deve ser realizado em sentido 
único, com roteiro definido e em horários não coincidentes com a distribuição de 
roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas. 
 
 
23 
 
e) Armazenamento temporário é o local para a guarda temporária dos 
recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de 
geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento até que seja 
encaminhado ao abrigo externo. Não é permitida a disposição dos sacos 
diretamente sobre o piso no armazenamento temporário, sendo obrigatório colocá-
los em recipientes de acondicionamento. O armazenamento temporário poderá ser 
dispensado nos casos em que a distância entre o ponto de geração dos resíduos e o 
armazenamento para a coleta externa seja pequena. 
f) Armazenamento externo refere-se à guarda temporária dos recipientes 
com resíduos procedentes da coleta interna que permanecem no abrigo externo até 
que seja removido pelo serviço municipal e terceirizado. 
O Abrigo externo trata-se de uma construção utilizada exclusivamente para 
armazenar os recipientes com resíduos da coleta interna. Deve ser construído em 
local afastado das edificações e de fácil acesso aos veículos coletores. Sua 
dimensão e capacidade devem ser compatíveis ao volume de resíduos gerados 
devendo contar, no mínimo, com um ambiente para o armazenamento de resíduos 
do grupo A juntamente com o grupo E, um ambiente separado para o grupo D e uma 
área separada para higienização dos contêineres. Deverá também ter identificação e 
acesso restrito aos funcionários. 
g) O transporte externo consiste na remoção dos RSS do abrigo de resíduos 
até a unidade de tratamento ou destinação final. As técnicas utilizadas para esse 
procedimento devem garantir a preservação da integridade física da equipe, da 
população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos 
órgãos de limpeza urbana. 
h) Pela RDC ANVISA nº 306/04, o tratamento consiste na aplicação de 
método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes 
aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, acidentes 
ocupacionais ou dano ao meio ambiente. O Tratamento é aplicado principalmente 
nos resíduos do Grupo A. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de 
saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental e são passíveis de fiscalização 
e controle pelos órgãos de vigilância sanitária e meio ambiente. A autoclavação 
aplicada em laboratórios para redução de carga microbiana de culturas e estoques 
de microrganismos é dispensada de licenciamento ambiental, ficando sob a 
responsabilidade dos serviços que possuírem a garantia da eficácia dos 
 
 
24 
 
equipamentos, mediante controles químicos e biológicos periódicos devidamente 
registrados. 
i) A disposição final consiste na disposição definitiva de resíduos 
descontaminados, no solo ou em locais previamente preparados para recebê-los, 
obedecendo a critérios técnicos de construção e operação e licenciamento ambiental 
de acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97 e o projeto deve seguir as normas 
da ABNT (SILVA, GALAN, 2014, p.18-32). 
Para além dos gestores dos serviços de saúde, a questão dos resíduos 
desses locais de prestação de serviços de saúde é uma preocupação para todos 
devido aos fortes impactos que levam ao meio ambiente e à população de maneira 
geral, uma vez que lançados de maneira incorreta passam a ser ameaça à saúde. 
 
 
25 
 
UNIDADE 4 – RESÍDUOS DA INDÚSTRIA E DA 
CONSTRUÇÃO 
 
As atividades industriais geram diferentes tipos de resíduos, com 
características as mais diversas. São originados das atividades dos diferentes ramos 
industriais, tais como metalúrgico, químico, petroquímico, celulose e papel, 
alimentício, mineração, entre outros. Assim, os resíduos industriais são bastante 
variados, podendo ser representados por: 
 resíduos de processo; 
 resíduos de operações de controle de poluição ou descontaminação; 
 materiais adulterados; 
 materiais e substâncias resultantes de atividades de remediação de solo 
contaminado; 
 resíduos da purificação de matérias-primas e produtos, cinzas, lodos, óleos, 
resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, 
metal, escórias, vidros e cerâmicas. 
Entre os resíduos industriais inclui-se grande quantidade de material 
perigoso (em torno de 40%), que necessita de tratamento especial devido ao seu 
alto potencial de impacto ambiental e à saúde (TOCCHETTO, 2009 apud PAIXÃO; 
ROMA; MOURA, 2011). 
Segundo Kraemer (2005), o resíduo industrial é um dos maiores 
responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele estão incluídos produtos 
químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e 
solventes químicos que ameaçam osciclos naturais dos quais são despejados. 
Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados; os líquidos são 
despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do 
ambiente, e consequentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, 
podendo levar a grandes tragédias. O consumo habitual de água e alimentos – como 
peixes de água doce ou do mar – contaminados com metais pesados, coloca em 
risco a saúde. As populações que moram em torno das fábricas de baterias 
artesanais, indústrias de cloro-soda que utilizam mercúrio, indústrias navais, 
siderúrgicas e metalúrgicas, correm risco de serem contaminadas (KRAEMER, 
2005). 
 
 
26 
 
Efluentes líquidos de processos produtivos, de acordo com a Resolução 
CONAMA 357/20059, representam o despejo líquido com carga poluente lançado em 
um corpo de água receptor oriundo de atividades industriais, de drenagens 
contaminadas, de atividades de mineração, de criação confinada, entre outras 
(BRASIL, 2005). 
Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados 
direta ou indiretamente em corpos d’água desde que obedeçam às condições e aos 
padrões estabelecidos pelo valor máximo de lançamento, que é a máxima 
concentração permitida para lançamento. Esses valores máximos estão 
apresentados em normas ambientais, como as do CONAMA, ou em licenças de 
operação emitidas pelo órgão ambiental competente. 
Os principais poluentes presentes nos efluentes líquidos são oriundos do 
tipo de processo produtivo que os originou, podendo apresentar características 
orgânicas e/ou inorgânicas. 
Emissões atmosféricas, de acordo com a Resolução CONAMA 382/200610, 
são definidas como o lançamento na atmosfera de qualquer forma de matéria sólida, 
líquida ou gasosa (BRASIL, 2006). Podem ser emissões fugitivas efetuadas por uma 
fonte desprovida de dispositivo projetado para dirigir ou controlar seu fluxo ou 
emissões pontuais efetuadas por uma fonte provida de dispositivo para dirigir ou 
controlar seu fluxo, como dutos e chaminés. Os principais poluentes atmosféricos 
legislados são os compostos orgânicos voláteis, enxofre reduzido total, material 
particulado (MP) e os óxidos de nitrogênio e de enxofre. As fontes de emissão, 
qualquer instalação, equipamento ou processo que libere ou emita matéria para a 
atmosfera, por emissão pontual ou fugitiva, devem obedecer ao limite máximo de 
emissão, que é a quantidade máxima de poluentes permissível de ser lançada para 
a atmosfera. Nesse caso, também se deve avaliar as normas ambientais e as 
licenças ambientais que incidem sobre o processo produtivo em análise. 
 
9
 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf, dispõe sobre a 
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como 
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências, com 
alterações dadas pela Resolução 410/2009 (disponível em: 
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=603 e pela 430/2011, disponível em: 
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646 
 
10
 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=520, complementada 
pela Resolução nº 436, de 2011. 
 
 
27 
 
Em se tratando da construção civil, Miotto (2013) cita serem vários os 
motivos que justificam a geração excessiva de RCC, como a baixa qualificação da 
mão de obra, técnica construtiva de pouca tecnologia que não emprega princípios de 
racionalização, falhas nos métodos de transporte dos materiais nos canteiros de 
obras, excesso de produção de materiais e de embalagens, entre outros. 
A Norma Regulamentadores NR 2511 – Resíduos Industriais – constitui 
medidas preventivas sobre o destino final dos resíduos industriais, assegurando a 
saúde e a segurança dos envolvidos. Os resíduos industriais podem vir de diversas 
indústrias, seja do setor metalúrgico, químico, papelaria, automotivo, de alimentos, 
entre outros. Podemos incluir nessa área os produtos químicos (pesticidas, 
solvente), os metais (mercúrio, chumbo) e os solventes químicos. 
Para ser considerado perigoso, as propriedades existentes nos resíduos 
podem ter função físico-químicas ou infectocontagiosas. Por isso, esta norma se 
preocupa principalmente com a exposição aos produtos químicos e biológicos 
presentes nos resíduos industriais. 
 
4.1 Etapas do manejo de resíduos da construção civil 
Segundo Lima e Lima (2009), a fase de caracterização é particularmente 
importante no sentido de identificar e quantificar os resíduos e, dessa forma, realizar 
o planejamento adequado, visando a redução, a reutilização, a reciclagem e a 
destinação final. 
Na fase da segregação, deve-se prever a triagem dos resíduos entre as 
diferentes classes, e, ainda, quais resíduos demandam uma separação exclusiva. A 
segregação é indispensável, pois facilita as etapas subsequentes, considerando que 
este trabalho é realizado diretamente na fonte de geração, retirando a necessidade 
de uma segregação posterior, possivelmente mais onerosa. Além disso, há um 
ganho de tempo no envio dos resíduos aos seus tratamentos e destinação final dos 
rejeitos. 
Resíduos Classe A devem ser segregados dos demais. Já para os 
pertencentes à Classe B, sugere-se que sejam separados pelo tipo de resíduo, haja 
vista a possível necessidade de empresas diferentes responsáveis pelo tratamento e 
 
11
 Com alterações pela Portaria SIT nº 253, de 04 de agosto de 2011. Disponível em: 
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit253_2011.htm 
 
 
28 
 
destinação final, principalmente o gesso, resíduo inicialmente categorizado na 
Classe C12, mas dada a publicação da Resolução n° 431 de 2011 do CONAMA, 
passou a integrar a Classe B (SILVA et al., 2015). 
Os resíduos perigosos da Classe D, em razão das suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, 
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo 
risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, conforme Lei nº 12.305/10 e ABNT 
NBR 10004:2004. Devido a essas características, esses resíduos devem ser 
separados dos resíduos não perigosos de modo a evitar a contaminação, bem como 
para que não haja o comprometimento de processos como a reciclagem e eventuais 
reutilizações. 
O acondicionamento deve garantir, conforme planejado na etapa de 
segregação, a separação dos resíduos, bem como facilitar o transporte do canteiro 
de obras para encaminhamento ao tratamento e destinação final. 
De acordo com IBAM (2001 apud SILVA et al., 2015), os dispositivos 
definidos para o acondicionamento devem ser compatíveis com o tipo e quantidade 
de resíduos, com o objetivo de evitar acidentes, a proliferação de vetores, minimizar 
odores e o impacto visual negativo. Visando à organização do local, deve-se utilizar 
de etiquetas que indiquem os tipos de resíduos que devem ser depositados em cada 
local, em tamanho que possibilite fácil identificação. Nesta etapa podem ser 
utilizados big bags, baias, caçambas, lixeiras comuns, entre outros. 
A etapa do transporte define-se pela remoção dos resíduos dos locais de 
origem para estações de transferências, centros de tratamento ou, então, 
diretamente para o destino final, por diferentes meios de transporte (MASSUKADO, 
2004). 
É importante implantar uma logística para o transporte, provendo acessos 
adequados, horários e controle de entrada e saída dos veículos que irão retirar os 
resíduos devidamente acondicionados, de modo a combater o acúmulo excessivo deresíduos, melhorando a organização local. As empresas transportadoras devem 
 
12
 A Resolução n° 307 de 2002 do CONAMA não dá exemplos de resíduos Classe C, mas 
subentende-se que sejam pincéis, lixas sem condições de uso e resíduo de lã de vidro enquadrados 
na descrição. Portanto, sugere-se que tais resíduos sejam segregados dos demais (SILVA et al., 
2015). 
 
 
 
29 
 
possuir licença ambiental para esta atividade específica, a ser emitida pelo órgão 
competente. Também, é necessário estabelecer para o transporte interno, a 
indicação de colaborador para a realização da atividade de transporte, 
principalmente quanto aos resíduos com características domésticas, que podem ser 
enviados às cooperativas de reciclagem ou para o serviço público de coleta, sendo 
altamente desejável a segregação e o acondicionamento adequados destes 
resíduos (SILVA et al., 2015). 
O tratamento dos resíduos são ações corretivas que podem trazer 
benefícios, conforme estabelecido na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), 
como a valorização dos resíduos e os inserindo novamente na cadeia produtiva, 
ganhos ambientais com a redução do uso dos recursos naturais, pela minimização 
da poluição, pelo aumento da vida útil de operação dos locais de disposição final e a 
geração de emprego e renda. A etapa de tratamento dos resíduos envolve as ações 
destinadas a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja 
impedindo descarte de rejeito em local inadequado, seja transformando-o em 
material inerte ou biologicamente estável (IBAM, 2001 apud SILVA et al., 2015). 
Dadas as prioridades, quando verificadas as alternativas de tratamento para 
a reutilização e reciclagem, e por fim resultar nos rejeitos, estes devem ser 
dispostos. Da disposição ambientalmente correta dos resíduos, a PNRS define como 
a distribuição ordenada em aterros, observando normas operacionais específicas de 
modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os 
impactos ambientais adversos. Por meio da Resolução CONAMA n° 307 de 2002, os 
resíduos possuem tratamentos e destinações ou disposições finais de acordo com a 
classe a que pertencem (SILVA et al., 2015). 
 
 
30 
 
UNIDADE 5 - RESÍDUOS LÍQUIDOS – RL 
 
Vamos começar esclarecendo uma dúvida que vem justamente da NBR 
10004, respaldados nas explicações de Montaño (2016). 
A NBR acima fala que resíduos sólidos são: 
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de 
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de 
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de 
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de 
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o 
seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso 
soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia 
disponível. 
 
Um líquido é, portanto, um tipo de resíduo sólido, ou seja, qualquer resíduo 
líquido que não possa ser tratado de forma que seja possível seu lançamento em 
corpos d’água ou no esgoto é considerado resíduo sólido. 
 
Efluentes líquidos, por sua vez, são os líquidos que podem ser tratados de 
forma que seu lançamento em corpos d’água ou esgotos é possível sem que haja 
impacto ambiental significativo. Um exemplo são os efluentes domésticos que, após 
sofrerem tratamento em ETE (Estações de Tratamento de Efluentes), são 
encaminhados a corpos d’água. 
Os resíduos líquidos ou esgotos sanitários, segundo a NORMA NBR 
9648/8613 são definidos como: “o despejo líquido constituído de esgoto doméstico e 
industrial, água de infiltração e a contribuição parasitária”. 
 Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso da água para higiene 
e necessidade fisiológicas humanas. 
 Esgoto industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais, 
respeitados os padrões de lançamento. 
 
13 Confirmada em 26 de junho de 2013. Essa Norma fixa as condições exigíveis no estudo de 
concepção de sistemas de esgoto sanitário do tipo separador, com amplitude suficiente para permitir 
o desenvolvimento do projeto de todas ou qualquer das partes para que o constituem, observada a 
regulamentação específica das entidades responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento do 
sistema de esgoto sanitário. 
 
 
31 
 
 Água de infiltração é toda água proveniente do subsolo, indesejável ao 
sistema separador e que penetra nas canalizações. 
 Contribuição parasitária é a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente 
absorvida pela rede de esgoto sanitário. Como exemplo, temos a penetração 
direta nos tampões de poços de visita, ou outras eventuais aberturas, ou 
ainda pelas áreas internas das edificações e escoam para a rede coletora, 
ocorrendo por ocasião das chuvas mais intensas com expressivo escoamento 
superficial. 
 
Mesmo sendo um direito assegurado na Constituição Federal e ter na lei nº 
11.445 de 200714, as suas diretrizes, é fato que o saneamento básico é um grande 
problema da nação brasileira. 
Os dados comprovam que o país ainda tem um longo caminho para ter uma 
saúde pública adequada. A carência de abastecimento de água e tratamento e 
coleta de esgoto são um dos fatores que deixam o Brasil em atraso no índice de 
desenvolvimento humano. 
Para se ter uma ideia, o número de brasileiros que não tem acesso à água 
tratada chega a 35 milhões, segundo o Instituto Trata Brasil. E pior: mais de 100 
milhões de pessoas não têm as suas casas ligadas a redes de esgoto no Brasil. E 
apenas 40% dos esgotos são tratados – a região norte é a que mais sofre, com 
apenas 14% do esgoto sendo tratados. Estima-se que o país demoraria cerca de 20 
a 30 anos para universalizar o saneamento básico, e gastaria 500 bilhões de reais 
na empreitada. São números inaceitáveis para um país com o potencial de 
crescimento do Brasil (SARTORI, 2016). 
O mesmo autor enaltece que os benefícios de se ter água tratada e coleta e 
tratamento de esgoto são inúmeros e é essencial para o bem-estar da população. 
Eles trazem melhorias na educação, expansão do turismo, valorização de imóveis, 
preservação dos recursos hídricos e o principal: traz saúde e qualidade de vida para 
 
14 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. 
Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nº 6.766, de 19 de 
dezembro de 1979, nº 8.036, de 11 de maio de 1990, nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 
13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. 
Com alterações dadas pela Lei nº 13.312, de 12 de julho de 2016, que estabelece diretrizes nacionais 
para o saneamento básico, para tornar obrigatória a medição individualizada do consumo hídrico nas 
novas edificações condominiais. 
 
 
 
32 
 
as pessoas. Infelizmente, o que a realidade nos mostra é a existência de doenças e 
uma taxa de mortalidade infantil que poderiam ser erradicadas com atitudes do 
governo. 
 
5.1 Etapas do tratamento de água e esgotos 
Em linhas gerais, a água potável que chega às residências passa pelos 
seguintes processos/etapas (físicas e químicas) em uma Estação de Tratamento de 
Águas (ETA), que irão garantir água pura, livre de contaminação e detritos: 
a) pré-cloração – após chegar às estações é adicionado cloro à água para matar 
microrganismos e dissolver metais; 
b) pré-alcalinização– adição de cal ou soda irão ajustar o pH da água para as 
próximas fases; 
c) coagulação – a água recebe um tipo de coagulante e passa por um processo 
de agitação para desestabilizar e agregar a sujeira; 
d) floculação – depois de coagulada, a água passa por outra mistura para que 
haja formação de flocos de sujeira e demais partículas; 
e) decantação – processo pelo qual estes flocos são separados da água; 
f) filtração – a água resultante da decantação passa por filtros formados por 
camadas de carvão, areia e pedras que irão reter as impurezas restantes da 
fase anterior; 
g) pós-alcalinização – o pH da água é ajustado novamente; 
h) desinfecção – é feita a última adição de cloro para garantir a pureza da água; 
i) fluoretação – adição de flúor à água. 
 
No caso do tratamento de esgotos, vejamos um pouco da dinâmica que 
acontece no Estado de Minas Gerais, onde a Companhia de Saneamento 
(COPASA) é a responsável em grande parte dos municípios. 
O tratamento dos esgotos é usualmente classificado através dos seguintes 
níveis: preliminar, primário, secundário e terciário. 
O tratamento preliminar objetiva principalmente a remoção de sólidos 
grosseiros e de areia, por meio de mecanismos básicos de ordem física. 
O tratamento primário destina-se, por meio de mecanismos básicos de 
ordem física, à remoção de sólidos flutuantes (graxas e óleos) e à remoção de 
sólidos em suspensão sedimentáveis e, em decorrência, parte da matéria orgânica. 
 
 
33 
 
No tratamento secundário predominam os mecanismos biológicos, e o 
objetivo é principalmente a remoção de matéria orgânica e, eventualmente, de 
nutrientes (nitrogênio e fósforo). 
O tratamento terciário objetiva a remoção de poluentes específicos, ou 
ainda, a remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no 
tratamento secundário. 
A remoção de nutrientes e de organismos patogênicos pode ser considerada 
como integrante do tratamento secundário ou do tratamento terciário, dependendo 
do processo adotado (COPASA/MG, 2017). 
Segundo UNESP (2008), existem três tipos de sistemas de esgotos: 
1. Sistema unitário – é a coleta dos esgotos pluviais, domésticos e industriais 
em um único coletor. Tem custo de implantação elevado, assim como o tratamento 
também é caro. 
2. Sistema separador – os esgotos doméstico e industrial ficam separados do 
esgoto pluvial. É o usado no Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas 
pluviais não são tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por 
necessitar tratamento. 
Este sistema constitui a veiculação do esgoto sanitário (doméstico, industrial 
e infiltração) em um sistema independente denominado de sistema de esgoto 
sanitário. As águas pluviais são coletadas e transportadas em um sistema de 
drenagem pluvial totalmente independente (COPASA/MG, 2017). 
3. Sistema misto – a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de águas 
pluviais. 
Todos esses sistemas são constituídos de canalizações enterradas, 
geralmente assentadas com declividades suficientes para o escoamento livre por 
gravidade. 
Nesse contexto, o saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar 
ou modificar as condições do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e 
promover a saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e 
disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nessa categoria. Outras atividades 
de saneamento são: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, 
escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações. 
 
 
34 
 
Normalmente, qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos: 
controlar e prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida da população, melhorar a 
produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. 
Investimentos em saneamento, principalmente no tratamento de esgotos, 
diminui a incidência de doenças e internações hospitalares e evita o 
comprometimento dos recursos hídricos do município. 
A percepção de que a maior parte das doenças é transmitida, principalmente, 
através do contato com a água poluída e esgotos não tratados, levou os 
especialistas a procurarem soluções integrando várias áreas da administração 
pública. 
Atualmente, emprega-se o conceito mais adequado de saneamento 
ambiental. Com o crescimento desordenado das cidades, no entanto, as obras de 
saneamento têm se restringido ao atendimento de emergências, como: evitar o 
aumento do número de vítimas de desabamento, contornar o problema de 
enchentes ou controlar epidemias. 
O saneamento é de responsabilidade do município. No entanto, em virtude 
dos custos envolvidos, algumas das principais obras sempre foram administradas 
por órgãos Estaduais ou Federais e quase sempre restritas a soluções para o 
problema, como enchentes (UNESP, 2008). 
 
 
 
35 
 
UNIDADE 6 – RESÍDUOS ORGÂNICOS 
 
Os resíduos orgânicos representam metade dos resíduos sólidos urbanos 
gerados no Brasil e podem ser tratados em várias escalas, desde a escala 
doméstica, passando pela escala comunitária, institucional (de um grande gerador 
de resíduos), municipal até a escala industrial, para a produção de fertilizante 
orgânico (BRASIL/MMA, 2017). 
Os resíduos orgânicos são constituídos basicamente por restos de animais 
ou vegetais descartados de atividades humanas. Podem ter diversas origens, como 
doméstica ou urbana (restos de alimentos e podas), agrícola ou industrial (resíduos 
de agroindústria alimentícia, indústria madeireira, frigoríficos, entre outros), de 
saneamento básico (lodos de estações de tratamento de esgotos), entre outras. 
São materiais que, em ambientes naturais equilibrados, degradam-se 
espontaneamente e reciclam os nutrientes nos processos da natureza. Mas quando 
derivados de atividades humanas, especialmente em ambientes urbanos, podem se 
constituir em um sério problema ambiental, pelo grande volume gerado e pelos 
locais inadequados em que são armazenados ou dispostos. A disposição 
inadequada de resíduos orgânicos gera chorume, emissão de metano na atmosfera 
e favorece a proliferação de vetores de doenças. Assim, faz-se necessária a adoção 
de métodos adequados de gestão e tratamento destes grandes volumes de 
resíduos, para que a matéria orgânica presente seja estabilizada e possa cumprir 
seu papel natural de fertilizar os solos. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) previu, no art. 36, 
inciso V, a necessidade de implantação, pelos titulares dos serviços, “de sistemas de 
compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articulação com os agentes 
econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido”. Dessa forma, 
entende-se que a promoção da compostagem da fração orgânica dos resíduos, 
assim como a implantação da coleta seletiva e da disposição final ambientalmente 
adequada dos rejeitos, faz parte do rol de obrigações dos municípios instituída pela 
Lei 12.305/2010. 
Segundo as definições de reciclagem e rejeitos da PNRS (Art. 3º, incisos 
XIV e XV), conclui-se igualmente que processos que promovem a transformação de 
resíduos orgânicos em adubos e fertilizantes (como a compostagem) também 
podem ser entendidos como processos de reciclagem. Dessa forma, resíduos 
 
 
36 
 
orgânicos não devem ser considerados indiscriminadamente como rejeitos, e 
esforços para promover sua reciclagem devem ser parte das estratégias de gestão 
de resíduos em qualquer escala (domiciliar, comunitária, institucional, industrial, 
municipal, entre outras). 
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, as principais referências legais 
nacionais, atualmente em vigor, aplicáveis à reciclagem de resíduos orgânicos estão 
listadas abaixo: Lei nº 6894, de 16 de dezembro de 1980. Dispõe sobre a inspeção e a 
fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, 
inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, remineralizadores e substratos 
para plantas, destinados à agricultura, e dá outras providências (Redação 
dada pela Lei nº 12.890, de 2013). 
 Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004. Altera o Anexo ao Decreto nº 
4.954, de 14 de janeiro de 2004, que aprova o Regulamento da Lei nº 6.894, 
de 16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização da 
produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, ou 
biofertilizantes, remineralizadores e substratos para plantas destinados à 
agricultura (Redação dada pelo Decreto nº 8.384, de 2014). 
 Resolução CONAMA nº 375, de 29 de agosto de 2006. Define critérios e 
procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações 
de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras 
providências. 
 Instrução Normativa SDA nº 25, de 23 de julho de 2009, do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Aprova as normas sobre as 
especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro, a embalagem e a 
rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos, 
organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura. 
 Instrução Normativa SDA nº 27, de 5 de junho de 2006, do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dispõe sobre a importação ou 
comercialização, para a produção, de fertilizantes, corretivos, inoculantes e 
biofertilizantes. 
 Instrução Normativa GM nº 46, de 6 de outubro de 2011, do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Estabelece o Regulamento Técnico 
para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal de Vegetal. 
 
 
37 
 
 Instrução Normativa GM nº 53, de 23 de outubro de 2013, do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Estabelece disposições e critérios 
para a inspeção e fiscalização de fertilizantes, corretivos, inoculantes, 
biofertilizantes e materiais secundários; o credenciamento de instituições 
privadas de pesquisa; e requisitos mínimos para avaliação da viabilidade e 
eficiência agronômica e elaboração do relatório técnico-científico para fins de 
registro de fertilizante, corretivo e biofertilizante na condição de produto novo 
(BRASIL/MMA, 2017). 
 
 
 
38 
 
UNIDADE 7 – A POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS 
SÓLIDOS - PNRS 
 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) criada pela Lei nº 
12.305/2010 já vem sendo analisada ao longo das unidades anteriores, mas ainda 
temos muito a falar sobre ela, como seus princípios, objetivos e o plano para seu 
sucesso. 
 
7.1 Os princípios 
Para a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos foram invocados 
os seguintes princípios ambientais gerais: prevenção, precaução, poluidor-pagador, 
protetor-recebedor, desenvolvimento sustentável, razoabilidade e proporcionalidade. 
Outrossim, Amaro (2014) ressalta o arrolamento dos seguintes princípios: 
 visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos – deverão ser consideradas 
as variáveis ambientais, sociais, culturais, econômicas, tecnológicas e de 
saúde pública; 
 ecoeficiência – compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, 
de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e 
tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de 
recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de 
sustentação estimada do planeta; 
 cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial 
e demais segmentos da sociedade; 
 responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos – conjunto de 
atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, 
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços 
públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar 
o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os 
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do 
ciclo de vida dos produtos; 
 reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem 
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de 
cidadania; 
 respeito às diversidades locais e regionais; 
 
 
39 
 
 direito da sociedade à informação e ao controle social (AMADO, 2014, p. 
869). 
 
7.2 Os objetivos 
Amaro (2014) também diz ser possível afirmar que o objetivo geral da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos é a proteção da saúde pública e da qualidade 
ambiental, o que deduz dos objetivos específicos constantes no art. 7º da Lei nº 
12.305/2010: 
a) não geração, redução, reutilização, reciclagem (processo de transformação 
dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, 
físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou 
novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos 
órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama – e, 
se couber, do SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade 
Agropecuária - Suasa) e tratamento dos resíduos sólidos, bem como 
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; 
b) estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens 
e serviços (produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as 
necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, 
sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades 
das gerações futuras); 
c) adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma 
de minimizar impactos ambientais; 
d) redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; 
e) incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de 
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; 
f) gestão integrada de resíduos sólidos (conjunto de ações voltadas para a 
busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as 
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle 
social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável); 
g) articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor 
empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão 
integrada de resíduos sólidos; 
h) capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; 
 
 
40 
 
i) regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos 
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com 
adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a 
recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua 
sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei 11.445, de 2007; 
j) prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para produtos 
reciclados e recicláveis; bens, serviços e obras que considerem critérios 
compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis; 
k) integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações 
que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos 
produtos; 
l) estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; 
m) incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial 
voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos 
resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; 
n) estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. 
 
7.3 Os planos de resíduos sólidos 
Amaro (2014) resume a dinâmica de

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