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FILOSOFIA ANTIGA (1)

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FILOSOFIA ANTIGA
GRÉCIA
Sócrates, o mestre em busca da verdade
Para o pensador grego, só voltando-se para seu interior o homem chega à sabedoria e se realiza como pessoa
Por: Márcio Ferrari
O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.
Nessa empreitada de colocar a filosofia a serviço da formação do ser humano, Sócrates não estava sozinho. Pensadores sofistas, os educadores profissionais da época, igualmente se voltavam para o homem, mas com um objetivo mais imediato: formar as elites dirigentes. Isso significava transmitir aos jovens não o valor e o método da investigação, mas um saber enciclopédico, além de desenvolver sua eloqüência, que era a principal habilidade esperada de um político.
Sócrates concebia o homem como um composto de dois princípios, alma (ou espírito) e corpo. De seu pensamento surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser consideradas como as grandes tendências do pensamento ocidental. Uma é a idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), seguidor de Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo das idéias, deu a estas status de realidade; e a outra é a realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que submeteu as idéias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real.
 
Ensino pelo diálogo
Nas palavras atribuídas a Sócrates por Platão na obra Apologia de Sócrates, o filósofo ateniense considerava sua missão "andar por aí (nas ruas, praças e ginásios, que eram as escolas atenienses de atletismo), persuadindo jovens e velhos a não se preocuparem tanto, nem em primeiro lugar, com o corpo ou com a fortuna, mas antes com a perfeição da alma".
Defensor do diálogo como método de educação, Sócrates considerava muito importante o contato direto com os interlocutores - o que é uma das possíveis razões para o fato de não ter deixado nenhum texto escrito. Suas idéias foram recolhidas principalmente por Platão, que as sistematizou, e por outros filósofos que conviveram com ele.
Sócrates se fazia acompanhar frequentemente por jovens, alguns pertencentes às mais ilustres e ricas famílias de Atenas. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de autodomínio. Depois dele, a noção de controle pessoal se transformou em um tema central da ética e da filosofia moral. Também se formou aí o conceito de liberdade interior: livre é o homem que não se deixa escravizar pelos próprios apetites e segue os princípios que, por intermédio da educação, afloram de seu interior.
Opondo-se ao relativismo de muitos sofistas, para os quais a verdade e a prática da virtude dependiam de circunstâncias, Sócrates valorizava acima de tudo a verdade e as virtudes - fossem elas individuais, como a coragem e a temperança, ou sociais, como a cooperação e a amizade. O pensador afirmava, no entanto, que só o conhecimento (ou seja, o saber, e não simples informações isoladas) conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter uno e indivisível.
Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia, introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida.
O despertar do espírito
O papel do educador é, então, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga por si próprio "iluminar" sua inteligência e sua consciência. Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos. Para o filósofo, só a troca de idéias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão - condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser humano.
O nascimento das ideias, segundo o filósofo 
Sócrates comparava sua função com a profissão de sua mãe, parteira - que não dá à luz a criança, apenas auxilia a parturiente. "O diálogo socrático tinha dois momentos", diz Carlos Roberto Jamil Cury, professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
O primeiro corresponderia às "dores do parto", momento em que o filósofo, partindo da premissa de que nada sabia, levava o interlocutor a apresentar suas opiniões. Em seguida, fazia-o perceber as próprias contradições ou ignorância para que procedesse a uma depuração intelectual. Mas só a depuração não levava à verdade - chegar a ela constituía a segunda parte do processo. Aí, ocorria o "parto das idéias" (expresso pela palavra maiêutica), momento de reconstrução do conceito, em que o próprio interlocutor ia "polindo" as noções até chegar ao conceito verdadeiro por aproximações sucessivas. O processo de formar o indivíduo para ser cidadão e sábio devia começar pela educação do corpo, que permite controlar o físico.
Já para a educação do espírito, Sócrates colocava em segundo plano os estudos científicos, por considerar que se baseavam em princípios mutáveis. Inspirado no aforismo "conhece-te a ti mesmo", do templo de Delfos, julgava mais importantes os princípios universais, porque seriam eles que conduziriam à investigação das coisas humanas.
Biografia
Sócrates nasceu em Atenas por volta de 469 a.C. Adquiriu a cultura tradicional dos jovens atenienses, aprendendo música, ginástica e gramática. Lutou nas guerras contra Esparta (432 a.C.) e Tebas (424 a.C.).
Durante o apogeu de Atenas, onde se instalou a primeira democracia da história, conviveu com intelectuais, artistas, aristocratas e políticos. Convenceu-se de sua missão de mestre por volta dos 38 anos, depois que seu amigo Querofonte, em visita ao templo de Apolo, em Delfos, ouviu do oráculo que Sócrates era "o mais sábio dos homens". Deduzindo que sua sabedoria só podia ser resultado da percepção da própria ignorância, passou a dialogar com as pessoas que se dispusessem a procurar a verdade e o bem.
Em meio ao desmoronamento do império ateniense e à guerra civil interna, quando já era septuagenário, Sócrates foi acusado de desrespeitar os deuses do Estado e de corromper os jovens. Julgado e condenado à morte por envenenamento, ele se recusou a fugir ou a renegar suas convicções para salvar a vida. Ingeriu cicuta e morreu rodeado por seus amigos, em 399 a.C
Contexto histórico: Atenas, capital da democracia e do saber
Sob o governo de Péricles (499-429 a.C.), a cidade-estado de Atenas, vitoriosa na guerra contra os persas e enriquecida pelo comércio marítimo, tornou-se o centro cultural do mundo grego, para o qual convergiam os talentos de toda parte.
Fídias, o arquiteto e escultor que dirigiu as obras do Partenon, o maior templo da Acrópole, os dramaturgos Sófocles, Ésquilo, Eurípedes e Aristófanes e o orador Demóstenes são nomes dessa época.
O regime democrático ateniense - restrito aos cidadãos livres, deixando de fora estrangeiros e escravos - foi fortalecido por reformas que limitaram os poderes da burguesia rica e ampliaram os da assembléia e do júri popular. A educação artística do povo foi estimulada pela exibição de obras de arte em locais públicos e pelas representações teatrais.
Para pensar
Ao eleger o diálogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro filósofo a se preocupar não só com a verdade mas com o modo como se pode chegar a ela. Eis por que ele é considerado por muitos o modelo clássico de professor. Quando você prepara suas aulas, costumalevar em conta a necessidade de ajudar seus alunos a desenvolver procedimentos para que possam pensar por si mesmos?
Quer saber mais?
História da Educação na Antigüidade, Henri-Irénée Marrou, 656 págs., Ed. EPU, tel. (11) 3168-6077, 135 reais 
Paidéia - A Formação do Homem Grego, Werner Jaeger, 1413 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 101,40 reais 
Sócrates, coleção Os Pensadores, Ed. Nova Cultural, tel. (11) 3039-0900 (edição esgotada) 
Sócrates, Rodolfo Mondolfo, Ed. Mestre Jou (edição esgotada) 
 
Platonismo, a Filosofia de Platão
 
O Platonismo designa uma corrente filosófica baseada nas ideias do filósofo e matemático grego Platão (428 a.C.-347 a.C.), discípulo de Sócrates (470 a.C-399 a.C).
Academia de Platão
A “Academia de Platão” foi fundada em Atenas pelo filósofo por volta de 385 a.C., primeiramente designada para cultuar as Musas Gregas e o Deus Apolo.
Embora ele tenha fundado com características de culto aos deuses, o local foi considerado a primeira universidade da história do ocidente.
De tal modo, na Academia Platônica, os filósofos se reuniam para discutir o desenvolvimento da filosofia e do pensamento de Platão, um dos pilares mais importantes da filosofia ocidental.
Ocorriam, assim, debates sobre os mais diversos temas da filosofia. A Academia de Platão durou cerca de 9 séculos e foi encerrado em 529 d.C., pelo imperador bizantino Justiniano I.
Períodos do Platonismo
O Platonismo reúne as diversas abordagens da teoria de Platão: metafísica, retórica, ética, estética, lógica, política, dialética e da dualidade (corpo e alma), sendo classifica em três períodos, a saber:
Platonismo Antigo (século IV a.C. até a primeira metade do século I a.C.)
Médio Platonismo (séculos I e II d.C.)
Neoplatonismo (séculos III d.C. e VI d.c)
Teoria das Ideias
Sem dúvida, a Teoria das Ideias ou Teoria das Formas é a proposição desenvolvida por Platão que mais se destaca, posto que dela surgem vários outros pensamentos relacionados com sua filosofia.
Para Platão, existem dois mundos, ou seja, a realidade estava dividida em duas partes: O mundo sensível (mundo material), mediados pelas formas autônomas que encontramos na natureza, percebido pelos cinco sentidos; e o mundo das ideias (realidade inteligível) denominado de “mundo ideal”, ou seja, aproxima-se da ideia de perfeição de algo.
Assim, segundo ele a verdade suprema e absoluta além da felicidade, somente é possível encontrar a partir do mundo das ideias, donde localiza-se a essência das coisas.
De tal maneira, o que percebemos no mundo sensível ou material é enganoso, ilusório e instável, enquanto no mundo das ideais atinge-se a felicidade pelo encontro do conhecimento supremo da realidade, o que correspondente a ideia de bem.
Em resumo, através do conhecimento é possível transcender do mundo material ao mundo das ideais e contemplar as ideias perfeitas, alcançando assim, a felicidade.
Leia Mito da Caverna.
Teoria das Almas
Na filosofia de Platão encontramos a dualidade entre a alma e o corpo. Segundo ele, o ser humano era imortal e essencialmente alma, donde ela pertencia ao mundo inteligível (apreendido pelo intelecto) e não o mundo sensível (apreendido sobre os sentidos).
De acordo com o filósofo, a alma estava dividida em três partes e, ao harmonizar essas três partes era possível encontrar a felicidade, o bem:
Alma Concupiscente: localizada no ventre, a alma concupiscente estava relacionada com os desejos carnais.
Alma Irascível: localizada no peito, a alma irascível estava relacionada às paixões.
Alma Racional: localizada na cabeça, a alma racional estava relacionada ao conhecimento.
Assim, com a elevação da alma ao mundo das ideias, através da contemplação das ideias perfeitas, seria possível alcançar a ideia suprema do bem.
Platão e a Política
Na política Platão contribuiu com sua maneira humanista de refletir sobre o homem e uma sociedade justa.
Para ele, a Política era considerada uma das mais nobres atividades, posto que estava relacionada com a pólis, ou seja, as cidades gregas e a organização da vida dos cidadãos.
Em sua obra “A República”, reflete sobre a construção do bem para todos os cidadãos, a função social de cada um, tal qual como as atividades básicas realizadas na pólis.
Sendo assim, Platão caracterizou as atividades essenciais da pólis em três instâncias, as quais levavam em conta a aptidão de cada um:
Administração da pólis
Defesa da cidade
Produção de materiais e alimentos
Observe abaixo um trecho da Obra “A República”:
“Ao fundarmos a cidade, não tínhamos em vista tornar uma única classe eminentemente feliz, mas, tanto quanto possível, toda a cidade. De fato, pensávamos que só numa cidade assim encontraríamos a justiça e na cidade pior constituída, a injustiça. (...). Agora julgamos modelar a cidade feliz, não pondo à parte um pequeno número dos seus habitantes para torna-los felizes, mas considerando-o como um todo.”
Os Diálogos de Platão
A maior parte da obra de Platão foi desenvolvida através dos Diálogos, textos em que ele desenvolve suas ideias, filosofando sobre a natureza e existência humana, bem como da sociedade que o envolve.
Dos diálogos destacam-se: Apologia a Sócrates, O Banquete, Górgias, Filebo, Fédon, República, Protágoras, dentre outros. 
Aristóteles
Por Willyans Maciel
Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)
Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno, Aristóteles foi um filósofo grego do século V a.C. cujo trabalho se estende por todas as áreas da filosofia e ciência conhecidas no mundo grego, sendo ainda o autor do primeiro sistema abrangente de filosofia ocidental.
 
Sua obra filosófica, organizada no Corpus Aristotelicum, chegou até nossos dias graças ao trabalho dos compiladores e estudiosos da era escolástica. Seguindo a ordem destas compilações, o primeiro passo no estudo da obra de Aristóteles são os trabalhos compilados sob o título Física, um compêndio de trabalhos nos quais Aristóteles estabeleceu uma interpretação sistemática da natureza e dos fenômenos físicos que permaneceu até o Iluminismo e a formulação da Mecânica Clássica.
Um dos aspectos mais marcantes da Física é a introdução de um quinto elemento, o éter (aithēr), que seria uma substância de origem divina, compondo a abóbada celeste visível, planetas e estrelas. Esta hipótese influenciou diversos pensadores, mantendo-se viva até o final do século XIX. Aristóteles também explora o movimento, os fenômenos ópticos, mudança e espontaneidade e a causalidade, sugerindo que a razão de todas as coisas pode ser atribuída a quatro tipos de causas:
Causa material
Causa formal
Causa eficiente
Causa final
Os estudos formais em lógica, que fazem parte da Física, foram introduzidos na estrutura da lógica formal moderna no final do século XIX.
Na Metafísica, Aristóteles dedica-se ao estudo dos objetos imateriais em geral. Respondendo a muitos de seus contemporâneos e abrindo caminho para desenvolvimentos posteriores, tendo influenciado a filosofia da idade média e através desta fundado a disciplina Metafísica.
Aristóteles examina os conceitos de substância e essência, concluindo que uma substância é a combinação daquilo que a compõe, a matéria, e aquilo que a distingue como tal, a forma. Desta maneira explorando também os conceitos de potencialidade e atualidade.
Utilizando o exemplo de uma mesa, temos a forma atual da mesa, aquilo que a distingue enquanto tal, diferenciando-a de uma cadeira ou um banco, esta é a atualidade da mesa. Por outro lado, uma mesa pode ser construída com aço ou madeira, de tal maneira que a madeira que constitui a mesa possui tão somente o potencial para ser mesa.
Este posicionamento leva Aristóteles a retomar a discussão platônica acerca da distinção entre universais e particulares. Embora concorde com seu mestre acerca da existência de formas universais, Aristóteles discorda da existência daquilo que Platão chamou de "universais nãoinstanciados", aqueles que não possuem correlato particular. Platão defende que, embora talvez não exista um particular "bom", ainda há o universal "bom". Para Aristóteles, todos os universais são instanciados, como um particular ou como uma relação, que existe, existiu ou existirá, algo a que o universal possa ser predicado. Esta questão continua ativa na filosofia atual, sendo Sir Bertrand Russell o maior critico de Aristóteles, no que concerne este ponto, no século XX.
No campo da ética e moral, a obra Ética a Nicomâco, além de diversos tratados, é um marco importante no estudo e desenvolvimento da ética como disciplina filosófica. Baseada em seu pai, Nicomâco, a obra traz uma abordagem prática das virtudes como o caminho para o pleno desenvolvimento humano, do ponto de vista ético, defendendo que o objetivo é ser bom, não apenas saber o que é bom. Ainda, segundo Aristóteles, um caráter virtuoso nos aproxima da felicidade.
Diversos aspectos da produção filosófica de Aristóteles continuam a ser matéria de estudo e investigação. Ainda, graças ao trabalho de Aristóteles temos acesso ao pensamento de vários filósofos pré-socráticos, cujas obras não sobreviveram até nosso tempo, mas sobreviveram o bastante para serem citadas, criticadas ou comentadas por Aristóteles.
Referências bibliográficas:
ARISTÓTELES, De Anima. Apresentação, tradução e notas de Maria Cecília Gomes Reis. São Paulo. Ed. 34, 2006.
Aristóteles. Metafísica. Porto Alegre: Globo, 1969.
Aristotle, The Complete Works of Aristotle (ed. J. Barnes), Princeton: Princeton University Press. 1995.
Bertrand Russell; Laura Alves. História do Pensamento Ocidental. Ediouro Publicações. 2004.
Shields, Christopher, "Aristotle", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2015 Edition), Edward N. Zalta (ed.)
SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. ed. 1870.
 
ROMA
Marco Túlio Cícero
Por Antonio Gasparetto Junior
Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)
Cícero foi um dos mais importantes filósofos da Roma antiga.
Nascido no dia 3 de janeiro do ano 106 antes de Cristo, Marco Túlio Cícero era proveniente de uma cidade ao sul de Roma de nome Arpino. O fato de Cícero não ser um romano tradicional foi incomodo durante toda a sua vida, o deixava envergonhado. Mas sua educação foi baseada nos grandes filósofos, poetas e historiadores gregos. Foi toda a sua proficiência na língua grega que o levou à condição de intelectual e o colocou entre a elite romana tradicional. A família de Cícero também o ajudou a crescer, seu pai era um rico equestre com importantes contatos em Roma.
Cícero era um estudante incansável e extremamente talentoso, características que despertaram a atenção de Roma. Desprovido de qualquer interesse pela vida militar, Cícero era um intelectual e começou sua carreira como advogado. Mais tarde, mudou-se para a Grécia e ampliou seus estudos de retórica. Através dessa estadia na Grécia teve contato e passou a admirar calorosamente a obra de Platão. Cícero tornou-se o responsável por introduzir a filosofia grega em Roma, criando um vocabulário filosófico em Latim.
Após morar na Grécia, Cícero voltou a Roma e ingressou na vida pública. Nesse momento, já era reconhecido como grande linguista, tradutor e filósofo e tinha em sua história pessoal o respeito por ser um eloquente orientador e bem sucedido advogado. Porém ele acreditava que a carreira política era a conquista de maior sucesso em sua vida. Cícero participou de grandes eventos da história política de Roma, como as guerras civis e a ditadura de Júlio César na primeira metade do século I a.C.. Foi Cícero quem patrocinou o retorno ao governo republicano tradicional em Roma, era um homem descrito por seus biógrafos como de personalidade sensível e impressionável, que reagia de modo exagerado às mudanças políticas. Como estadista, era inconsistente em suas decisões e tinha a tendência de muda-las em função do clima político do momento.
De toda forma, Cícero se tornou o homem mais importante de Roma, ao lado de Marco Antônio. O primeiro como porta-voz do Senado e o segundo como cônsul. Só que os dois nunca tiveram uma relação amigável. O que piorou quando Cícero acusou Marco Antônio de abusar na interpretação das intenções e dos desejos de Júlio César. Cícero articulou um plano para colocar no poder o herdeiro de César, contudo seu plano não saiu como desejava. Octaviano aliou-se a Marco Antônio e formaram um triunvirato juntamente com Lépido para governar Roma. Esse novo governo elaborou uma lista de pessoas que deveriam ser consideradas inimigas do Estado, na qual Cícero foi incluída. O intelectual romano era muito bem visto por grande parte do público e Octaviano também se recusava a inseri-lo nessa listagem. Mas a medida foi inevitável, Cícero foi capturado no dia 7 de dezembro do ano 43 antes de Cristo quando tentava fugir para a Macedônia. Seus escravos ainda tentaram o esconder, mas os assassinos o encontraram e o mataram. Cícero não resistiu à morte, mas teve a cabeça cortada e as mãos também, por ordem de Marco Antônio, partes que foram pregadas no Fórum Romano.
Além de um escritor talentoso, Cícero deixou um legado de grande influência na cultura europeia. É uma das principais fontes primárias para o estudo da Roma antiga. 
 
IDADE MÉDIA
Santo Agostinho
Por Willyans Maciel
Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)
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Principal filósofo do período da filosofia conhecido como Patrística, Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho foi um filósofo da idade média cujo trabalho ajudou a fundar as bases da filosofia adotada pela Igreja Católica, bem como levantar questões que influenciaram a toda a história posterior da filosofia. Surge como um reformulador da filosofia patrística, praticada nos primeiros séculos do cristianismo, explorando temas que estavam além das questões do platonismo cristão, corrente filosófica mais popular nos primeiros anos da Patrística. Até Agostinho os filósofos cristãos defendiam que o fundamento e a essência da vida deveriam ser a fé, particularmente, a fé cristã. A partir da fé os homens tomariam decisões importantes em suas vidas e realizariam os julgamentos morais, para a razão era legada a atuação na vida cotidiana, em decisões menores e rotineiras.
Agostinho, por outro lado, conhecedor da filosofia por traz de diversas religiões e muito bem versado em filosofia geral, buscava na razão a justificativa para a fé. Se de um lado entendia que a fé era fundamental, e nunca pretendeu que a razão a subjugasse, de outro entendia que era preciso algo além da própria fé para levar os homens descrentes a considerá-la, utilizando a si mesmo como exemplo, uma vez que nunca foi particularmente inclinado ao cristianismo até encontrar-se com Ambose de Milão e reavaliar-se, convertendo-se em seguida. Entre os muitos tópicos nos quais trabalhou, explorou a questão da liberdade humana, na forma do livre arbítrio, defendendo que a Graça Divina seria o elemento garantidor da liberdade. Formulou ainda a doutrina do pecado original e a teoria da guerra justa.
Como o inovador da filosofia patrística, Agostinho também utilizou-se de argumentos céticos, especialmente em sua refutação à corrente filosófica conhecida como acadêmicos. Em sua De Genesi ad literam, defendeu o conhecimento natural e a razão, ao afirmar que, se passagens da bíblia cristã contradizem a ciência ou a razão, estas passagens devem ser reinterpretadas como metáforas estendidas, não como história. Sua justificação é a de que a razão teria sido dada por Deus que, sendo benevolente, não daria aos homens uma razão enganadora que fosse inclinada a contradizer a bíblia, por mero capricho ou erro.
No que concerne a sua teoria do conhecimento, contrariando Platão, Agostinho defendeu que o testemunho de outras pessoas, mesmo quando não nos traz uma informação verdadeira ou passível de verificação, pode nos trazernovos conhecimentos. De acordo com Gareth Matthews, Agostinho desenvolveu ainda o "argumento a partir da analogia a outras mentes" como solução padrão para o problema das outras mentes, antecipando um debate que seria levado a cabo, com mais enfase, por Descartes, séculos depois.
Segundo Agostinho, os cristão deveriam ser filosoficamente e pessoalmente pacifistas. Isto significa dizer que os cristãos deveriam defender a paz, optando por ela por princípio, sempre que possível, mas permite que, quando não for possível estabelecer a paz, faça-se a guerra. Entendeu que uma postura pacifica perante um mal que apenas poderia ser parado pela violência é um pecado, uma vez que permite a perpetuação deste mal. Nestes casos os cristãos deveriam considerar que uma guerra só é justa se seu objetivo for a manutenção da paz, havendo um comprometimento duradouro com a mesma. Ainda, a guerra não pode ser preventiva, mas apenas defensiva, com o objetivo de restaurar a paz, nunca de atacar aqueles que tem potencial para violar a paz, pois isto seria equivalente a punir antes do crime. Uma vez que nenhum humano é capaz de, com absoluta certeza, garantir que um crime de fato ocorrerá é injusto punir antes que o crime ocorra. Da mesma forma, a guerra só é justa quando defensiva.
Referências bibliográficas:
AGOSTINHO. A cidade de Deus. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
SÃO TOMÁS DE AQUINO - Tomismo
Por Emerson Santiago
É chamado de tomismo o conjunto de doutrinas teológicas e filosóficas de São Tomás de Aquino. São Tomás foi um monge dominicano que viveu no século XIII, e que, influenciado por Aristóteles, Platão e Santo Agostinho, criou um sistema filosófico e teológico próprio e original que gradualmente tornou-se importante a ponto de marcar toda a filosofia medieval. Aqueles que seguem o pensamento de São Tomás ou alguma de suas doutrinas são conhecidos por tomistas. No Concílio de Trento, a doutrina tomista ocupou lugar de honra e, a partir do papa Leão XIII, foi adotada como pensamento oficial da Igreja Católica.
O mérito da filosofia de Tomás de Aquino está exatamente em aliar o pensamento lógico e racional de raiz aristotélica com a fé cristã. Ela é por essência, a metafísica (uma das disciplinas da filosofia, ocupada com os princípios da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc)) a serviço da teologia (estudo sobre a divindade). Apresenta forte influência do pensamento aristotélico (que se tornou amplamente conhecido no ocidente no século XIII por meio de traduções do árabe) e serviu de fundamento ao pensamento racionalista e ameaçou a concepção cristã da realidade, tradicionalmente apoiada na corrente filosófica platonista.
Segundo a interpretação de São Tomás, tais conceitos não se chocam nem se confundem, mas são distintos e harmônicos. A teologia é considerada uma ciência suprema, fundada na revelação divina, e a filosofia, sua auxiliar. Cabe à filosofia demonstrar a natureza e a existência divina em plena harmonia com a razão. Só há conflito entre filosofia e teologia caso a primeira, num uso incorreto da razão, se proponha explicar o mistério do dogma religioso sem o auxílio da fé.
Considera Tomás de Aquino que a alma é a forma essencial do corpo, responsável por dar vida a este. A alma humana é subsistente, imortal e única, e por isso, o homem tende naturalmente para Deus. A ética tomista é precisamente concentrada neste movimento, que é considerado natural e racional, do ser para Deus, culminando na visão ou contemplação imediata do criador.
Após a morte de São Tomás de Aquino, a 7 de março de 1274, doze das suas teses foram condenadas em Paris (1277). Mas logo em seguida, em 1278, o tomismo foi adotado pelos dominicanos e, em 1323, o Papa João XXII canonizou Tomás de Aquino. O tomismo proliferou durante um período relativamente longo, mas acabou por ser plataforma de discussões abstratas mais ou menos inócuas, até que em 1879 o Papa Leão XIII, por meio da encíclica Aeterni Patris fez renascer o interesse pelo tomismo.
Bibliografia:
O Tomismo. Disponível em: < https://sites.google.com/a/carlos-rosa.com/inovacao/educacao-e-tecnologia/historia-da-educacao/educacao-na-idade-media/o-tomismo >. Acesso: 11/02/13.
Tomismo. Disponível em: < http://www.infopedia.pt/$tomismo >. Acesso: 11/02/13.

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