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I B I T A
International Bobath Instructors Training Association
An international association for adult neurological rehabilitation
Conclusões Teóricas 2004
História - O Conceito Bobath
A abordagem da reabilitação de adultos com patologia de sistema nervoso central, originada no
trabalho de Berta e Karel Bobath, vem evoluindo por mais de 50 anos. Atualmente, o raciocínio
baseia-se nos conhecimentos do controle motor, do aprendizado motor e da plasticidade neural, bem
como no conhecimento da biomecânica.
A necessidade de desenvolver um conjunto de critérios para facilitar a compreensão das conclusões
teóricas mais recentes foi expressa na 12ª. Reunião Geral Anual do IBITA , International Bobath
Instructor Training Association, em 1996. Dois anos depois, na 14ª. edição do mesmo evento, os
membros da entidade criaram um grupo de trabalho com a finalidade de levar adiante essa
incumbência. 
O grupo se estabeleceu na Holanda, onde uma estrutura de apoio já estava sendo montada. Ao mesmo
tempo, o Comitê de Teoria da NDTA , Neuro-developmental Treatment Association, nos Estados Unidos
da América, estava trabalhando com um objetivo semelhante e já tinha divulgado as teorias
desenvolvidas, que eram muito similares às da IBITA. O grupo da IBITA percebeu que a aceitação
das conclusões pela comunidade internacional seria favorecida se os conjuntos de afirmações das
duas entidades estivessem de acordo em seus princípios mais importantes. 
O ajuste na formulação das questões teóricas aconteceu na 15ª. Reunião Geral Anual da IBITA, em
1999, ocasião em que seus integrantes elaboraram um documento em formato similar ao da NTDA.
A IBITA registrou seu agradecimento pela permissão de incorporar cláusulas derivadas do documento
original da NTDA.
Por outro lado, muitas cláusulas no documento da IBITA refletiram seu próprio trabalho, tendo sido
avaliadas como sendo especificamente relevantes na reabilitação de adultos com desordens
neurológicas. Assim, pode-se afirmar que a estrutura teórica do conceito continua a evoluir. Como
resultado, esse documento, após sofrer algumas revisões, foi proposto na Reunião Geral Anual da
IBITA de 2004.
Definição
O conceito Bobath é uma abordagem de avaliação e tratamento de indivíduos com distúrbios de função,
movimento e controle postural, decorrentes de lesão no sistema nervoso central.
Afirmações Teóricas: Palavras-chave
Estas afirmações se referem a:
1. Organização do comportamento motor
2. Controle motor
3. Disfunção do movimento
4. Plasticidade neural
1. Organização do comportamento motor
O comportamento motor envolve uma interação entre o indivíduo, o meio ambiente e a tarefa. Quando
aprende habilidades motoras, o indivíduo focaliza conscientemente o objetivo, mas não os
componentes do movimento específico da tarefa.
O aprendizado motor passa pela intenção, prática, experiência e informação, e é dependente da
interação dos vários sistemas. Fatores cognitivos, emocionais e comportamentais também influenciam
a eficácia do comportamento motor.
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As mudanças no córtex motor, conduzidas por experiências, sejam rápidas ou lentas, diferem durante
a aquisição da habilidade. Os aprendizados a curto ou longo prazo envolvem diferentes efeitos na
proteína da célula.
A função motora humana, em condições normais, permite ao indivíduo eleger ou combinar movimentos,
seletivamente, para a atividade funcional desejada, sob uma ampla variedade de condições ambientais.
Os processos de aquisição e de perda dessas habilidades persistem ao longo da vida.
2. Controle Motor
O controle motor envolve a interação de muitos sub-sistemas, integrados em níveis diferentes do
sistema nervoso central e periférico. Estes sistemas são ligados em série e em paralelo.
O controle postural, que forma a base para o movimento direcionado a uma tarefa, é amplamente
pro-ativo e preditivo, e resulta do funcionamento dos mecanismos de informação. O movimento
direcionado a uma tarefa requer consciência da mesma e depende da criação interna de um objetivo,
bem como de informação sensorial intrínseca e extrínseca.
O tipo da fibra e a arquitetura do músculo também determinam a resposta motora ao impulso do
sistema nervoso.
3. Disfunção de movimento
A disfunção neuro-fisiológica como resultado de um dano ao sistema nervoso central é a causa primária
da disfunção de movimento. Devido à natureza interativa do sistema nervoso, mesmo os neurônios
distantes da lesão podem apresentar função alterada como resultado de informação reduzida e
conseqüente redução de suas árvores dendríticas. 
A disfunção neurológica implica déficit de controle motor, bem como alterações de sensação e
percepção, e pode ser acompanhada de mudanças comportamentais, emocionais e cognitivas.
Mecanismos compensatórios podem limitar a recuperação potencial das estruturas neurais disponíveis.
Podem também surgir incapacidades secundárias, decorrentes da falta de uso ou de estratégias
compensatórias inapropriadas. Essas incapacidades podem se desenvolver nos tecidos-alvo ou dentro
do próprio sistema nervoso.
4. Plasticidade neural
A plasticidade neural é a capacidade adaptativa do sistema nervoso; noutras palavras, é sua habilidade
em modificar sua própria organização e função estrutural. Esta reestruturação ocorre no nível celular
e molecular, em resposta a mudanças no ambiente externo e interno, tal como ocorre após um trauma
ou como resultado de algum aprendizado ou experiência sensoriomotora.
A plasticidade neural permite o fortalecimento das cadeias sinápticas e favorece a mobilidade das
conexões funcionais, em resposta a estímulos específicos ou à repetição de padrões de postura e
movimento.
A recuperação depois de um AVC não acontece por acaso. O processo é influenciado pelos estímulos
aferentes, pelas estratégias de movimento repetitivo e por fatores no ambiente interno e externo.
Aspectos-chave Da Implementação
Estas afirmações se referem a:
1. Avaliação
2. Objetivo da intervenção
3. Estratégias de intervenção
1. Avaliação
A Classificação Internacional de Função (IFC, WHO 2001) fornece a base de avaliação das habilidades
do indivíduo para realizar atividades funcionais e para participar de situações da vida. Também serve
de base para análise das incapacidades latentes que podem resultar em disfunção.
Por esse sistema, o indivíduo é analisado em termos da função total dentro de todos os ambientes
apropriados. Essa avaliação é individualizada, possibilitando objetivar necessidades biopsicossociais.
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O objetivo da avaliação é identificar e analisar problemas de atividades funcionais em situações da
vida diária, bem como analisar os componentes do movimento e das incapacidades latentes.
2. Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção é otimizar a função em geral, seja de atividades, seja de participação. Tanto
a definição de objetivos quanto a intervenção são processos interativos, que requerem o envolvimento
do indivíduo e, quando apropriado, de todos os que lidam com ele. A solução analítica dos problemas
é usada para estabelecer um plano de tratamento, sempre em conjunto como indivíduo.
3. Estratégias de intervenção
A intervenção atua no sentido de procurar soluções para problemas de comportamento motor que
interferem na realização satisfatória de uma atividade. As estratégias de tratamento focalizam as
incapacidades latentes, os componentes de postura, os movimentos específicos da tarefa, a atividade
funcional em si e sua integração na participação em situações relevantes da vida diária. Fatores
cognitivos, funcionais e comportamentais são direcionados de maneira a capacitar o indivíduo a se
engajar na resolução dos problemas relacionados às suas tarefas rotineiras.
O terapeuta tenta otimizar as estratégias posturais e de movimento, de maneira a restabelecera
realização efetiva da tarefa. Técnicas específicas de manuseio e facilitação dos padrões normais de
movimento estão entre as muitas estratégias usadas para atingir objetivos funcionais. Essas técnicas
devem ser modificadas e retiradas à medida que o controle independente vai sendo adquirido. Por
outro lado, as tarefas e os ambientes podem ser estruturados para facilitar o processo. Compete ao
terapeuta dirigir a atenção do indivíduo na tomada de consciência de cada tarefa, bem como reduzir
as demandas físicas da mesma.
A intervenção efetiva envolve uma estratégia de gerenciamento total, nas 24 horas do dia. As medidas
recomendadas, tanto de prevenção quanto de promoção do tratamento, devem ser incluídas na rotina
diária. A avaliação e o tratamento devem ser constantes, com a contínua avaliação da resposta do
indivíduo e os conseqüentes ajustes dos objetivos e do plano de tratamento. As mudanças na função
serão monitoradas e os resultados serão medidos. Enquanto isto, o terapeuta deve assegurar-se de
estar acompanhando os achados das pesquisas no campo da reabilitação neurológica e de, apoiado
na avaliação crítica dos materiais publicados, basear seu método de intervenção em evidências
cientificamente aceitas.
Notas
C Cada uma destas afirmações representa um grupo maior de conclusões teóricas.
C Este é um documento de trabalho e será revisto de tempos em tempos, à medida que um novo
conhecimento se torne disponível através de pesquisa.
C O termo NDT é às vezes usado como sinônimo do conceito Bobath, embora os aspectos de
desenvolvimento tenham um papel menor na compreensão do movimento adulto normal.
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