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Aula 03 Direito Civil p/ TRFs - Analista Judiciário - Área Judiciária - Com videoaulas Professor: Aline Santiago Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 74 AULA 03: Bens. Olá aluno (a)! Muito estudo? Lembre-se de que o sacrifício é momentâneo, os frutos serão duradouros! Nesta aula vamos conversar sobre os bens, seu conceito e sua grande classificação. Não será uma aula muito extensa, mas ela pode se tornar complexa, uma vez que envolve uma vasta terminologia, justamente no que diz respeito à classificação desses bens. - OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 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Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). ....................................................................... 5 1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. ............................................................................................................ 6 1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis ................................................................................................... 10 1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis ................................................................................................. 11 1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis ............................................................................................................ 12 1.5 Bens Singulares e Coletivos ............................................................................................................. 13 2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). ................................................................... 15 3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao titular do seu domínio (arts. 98 a 103). ....... 20 3.1. Bens de uso comum do povo (também denominados bens de domínio público). ....................... 22 3.2. Bens de uso especial. ..................................................................................................................... 23 3.3. Bens dominicais. ............................................................................................................................ 24 - Características dos bens públicos. .................................................................................................. 25 RESUMO DA MATÉRIA .......................................................................................................................... 27 QUESTÕES E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. ................................................................................ 30 LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS E GABARITO............................................................................. 61 Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 74 Ǧ����Ǥ Em nossas aulas passadas estudamos as pessoas - as pessoas naturais e as pessoas jurídicas ± que são os sujeitos de direito. Pois bem, a partir de agora vamos estudar o objeto do direito. Pois, todo direito pressupõe a existência de um objeto, que vem a ser justamente aquilo que pode se submeter ao poder dos sujeitos de direito e, desta forma, instrumentalizar a realização de suas pretensões jurídicas. Em sentido amplo, o objeto de direito pode recair sobre coisas, ações humanas, atributos da personalidade e até mesmo determinados direitos, como, por exemplo, o poder familiar ou a tutela. Em sentido estrito, o objeto de direito recai sobre os bens ± que são o objeto dos direitos reais e também determinadas ações humanas denominadas prestações. ³0DV�R�TXH�p�XP�EHP"´� De acordo com Carlos Roberto Gonçalves1 - ³Bens são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis´� Maria Helena Diniz2, sobre o conceito de bens, diz - ³&RPR�bens só se consideram as coisas existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, sendo suscetíveis de apropriação, constituindo, então seu patrimônio. Compreendem não só os bens corpóreos, mas também os incorpóreos��FRPR�DV�FULDo}HV�LQWHOHFWXDLV´� Para Silvio de Salvo Venosa3, sobre o mesmo assunto ± ³(QWHQGH-se por bens tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens. (...) Bem, numa concepção ampla, é tudo que corresponde a nossos desejos, nosso afeto em uma visão não jurídica. No campo jurídico, bem deve ser considerado aquilo que tem valor, abstraindo-se daí a noção pecuniária GR�WHUPR´� 1 Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed. 2 Curso de Direito Civil Brasileiro, ed. Saraiva, 28ª ed. 3 Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 74 E, ainda, Washington de Barros Monteiro4 assim lecionava ± ³-XULGLFDPHQWH�IDODQGR��EHQV�VmR�valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito´. Independente da problemática doutrinária que envolve os conceitos de bens e coisas, podemos concluir que bens ¹são coisas concretas como um carro, uma casa, uma joia, que possuem valor econômico e que podem ser apropriados ao patrimônio da pessoa ± tanto natural quanto jurídica, ²mas, também, podem ser coisas imateriais, coisas que não são concretas, mas que tenham uma valoração econômica, a exemplo da propriedade intelectual. Então atenção! Integram o patrimônio das pessoas (física ou jurídica) tanto os bens corpóreos ± os que têm existência física (material) e podem ser tocados ou sentidos pelo homem, a exemplo dos bens imóveis por natureza - como os bens incorpóreos ± que são aqueles que têm existência abstrata ou ideal, são, portanto, entendidos como abstrações do direito, possuem existência jurídica mas não física, a exemplo das propriedades literária, científica ou artística. O patrimônio vem a ser a projeção econômica, é tudo aquilo avaliável pecuniariamente (ou seja, que tem avaliação em dinheiro). Lembre-se de que quando vimos os direitos da personalidade, na aula passada, falamos que uma das características destes direitos era justamente o fato de serem extrapatrimoniais, porque não eram passíveis de avaliação pecuniária (o que somente ocorria com a sua projeção econômica). Nestesentido é que surge a definição que o patrimônio é a projeção econômica da personalidade. Cabe ressaltar que existem determinadas coisas que, podendo integrar o patrimônio de alguém, não estão ligadas a ninguém, como, por exemplo, é o caso das coisas de ninguém (res nullius) ± que são coisas sem dono, que nunca pertenceram a ninguém, como os peixes no mar - e também das coisas abandonadas (res derelictae) ± que são coisas que foram jogadas fora. Além disso, outras coisas não estarão no patrimônio de ninguém especificamente porque pertencem a todos (a coletividade), como é o caso das coisas de uso comum do povo ± a exemplo da praia, das praças e dos parques públicos. 4 Curso de Direito Civil 1, ed. Saraiva, 43 ed. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 74 - Das Diferentes Classes de Bens. O Código Civil de 2002 em seu livro II, denominado Dos bens, apresenta um Título Único ± Das Diferentes Classes de Bens, entretanto o subdivide em três capítulos: 1. Dos bens considerados em si mesmos; 2. Dos bens reciprocamente considerados; 3. Dos bens públicos. A partir deste momento vamos estudar cada uma destas classificações. Cabe antes fazermos uma observação: cada classificação baseia-se numa característica peculiar do bem, entretanto este bem pode enquadrar-se em várias categorias, dependendo das características que serão intrínsecas a ele. Não se preocupe! Você logo entenderá o que isto quer dizer. - 1. Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). Esta talvez seja a mais importante classificação (é também a mais extensa). É a classificação mais importante porque diz respeito à natureza dos bens. Neste sentido os bens podem ser: imóveis ou móveis; fungíveis ou infungíveis; consumíveis ou inconsumíveis; divisíveis ou indivisíveis; e singulares ou coletivos. Bens considerados em si mesmos Móveis ou Imóveis Fungíveis ou Infungíveis Consumíveis ou Inconsumíveis Divisíveis ou Indivisíveis Singulares ou Coletivos Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 74 1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. Baseia-se na efetiva natureza do bem. Bens imóveis Assim está no art. 79 do CC: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Deste modo, os bens imóveis ± também conhecidos como bens de raiz, são os que, absolutamente, não podemos transportar ou remover, sem alteração de sua substância. De acordo com o artigo visto acima, são considerados bens imóveis o solo e tudo o que lhe for acrescentado, de forma natural ou artificial. Assim, os bens imóveis podem ser classificados, subdivididos em: - imóveis por natureza: é imóvel por natureza o solo, incluídos a sua superfície o seu subsolo e o seu espaço aéreo. - imóveis por acessão5 natural: aqui estão incluídas as árvores com seus frutos, desde que ainda pendentes (enquanto não se destacarem da árvore); as águas, as pedras, as fontes (naturais). Enfim, tudo que for ligado ao solo de forma natural entra nesta classificação. - imóveis por acessão artificial ou industrial: incluem-se nesta categoria tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo. Por isso chama-se artificial, porque não veio da natureza e sim do homem. Como exemplos, temos as plantações e as construções. Enquanto são, por exemplo, sementes ou, então, materiais de construção, são bens móveis, mas uma vez incorporado ao solo se tornam bens imóveis por acessão industrial ou artificial ± visto que (como falamos) sua incorporação não veio naturalmente. Diante do que falamos acima, observe, no entanto, o que dispõe o art. 81 do CC: 5 Entende-se por acessão aquilo que se incorpora, que se junta, podendo ocorrer de forma natural ou artificial. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 74 Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. O que é considerado para saber se um bem é móvel ou imóvel é sua finalidade, o destino final. Por exemplo, quando uma casa vai ser demolida e dela são retirados as portas e as janelas, quando isso acontece as portas e as janelas readquirem sua qualidade de bem móvel, quando forem reutilizados, em outra casa, serão novamente bens imóveis. Explicando especificamente o art. 81, se a separação for provisória, segundo o inciso II do art. 81, os materiais nem chegam a perder a qualidade de imóveis desde que a finalidade seja o reemprego no mesmo prédio. O inciso I se refere, por exemplo, àquelas situações mais comuns em outros países, onde uma casa (normalmente de madeira) é transportada com toda a sua estrutura (conservando a sua unidade). ³Não entendi bem por que desta importância dada à classificação GRV�EHQV�HP�PyYHLV�RX�LPyYHLV"´ É muito importante que os bens sejam classificados em móveis e imóveis porquê de acordo com esta classificação decorrerão seus efeitos. Vamos explicar melhor. Os bens móveis são adquiridos, em regra, por tradição (ou seja, pela simples entrega da coisa), já os bens imóveis de valor superior ao legal precisam de escritura pública e registro no Cartório de Registros de Imóveis. - imóveis por determinação legal: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. No art. 80 temos a atribuição da característica de bem imóvel a um bem que por sua natureza não o é. Os direitos são coisas imateriais e, por este motivo, não entram diretamente na classificação de bens móveis ou imóveis. Entretanto, tendo Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 74 em vista a segurança das relações jurídicas, os direitos reais sobre imóveis são tratados como se fossem imóveis. E, dada à natureza de bem imóvel de que se revestem os direitos hereditários, a cessão desses direitos, quando já aberta a sucessão, deve ser feita por instrumento público. OBS: A herança mesmo que composta de bens móveis será considerada bem imóvel. Bens Móveis Assim está no art. 82 do CC: Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. São, portanto, coisas corpóreas que podem se movimentar (por força própria ou alheia) sem que esta capacidade de movimentação prejudique ou altere a sua essência ou o seu valor comercial. Podem ser classificados em: - móveis por natureza: é o mesmo conceito de bem móvel utilizado acima, de acordocom o art. 82. São aqueles bens que podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou de terceiros, sem prejudicar sua substância e sem alterar sua destinação econômico- social. Podem ser: semoventes ± são os que se movimentam por sua própria força, como os animais; e móveis propriamente ditos ± são os que precisam da força alheia para se locomover, como moedas, mercadorias, produtos agrícolas. - móveis por determinação legal: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Vamos lá! Quanto ao inciso I, as energias são: o gás ± que pode ser transportado por tubulação ou em botijão, e também a energia elétrica, Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 74 que embora não tenha a mesma corporalidade do gás, é bem móvel. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira6 afirmava: ³No direito moderno qualquer energia natural, elétrica inclusive, que tenha valor econômico, considera-se bem móvel´� (Grifos nossos) Quanto aos direitos tratados no inciso II, eles compreendem tanto o gozo quanto a fruição sobre objetos móveis e também as ações a eles correspondentes. Quanto ao inciso III, que trata dos direitos obrigacionais pessoais de caráter patrimonial e suas respectivas ações, este inclui, dentre outros, a propriedade intelectual e as cotas de capital de uma empresa. - móveis por antecipação: são aqueles bens que foram incorporados ao solo, mas com a intenção de oportunamente separá-los, transformando-os, assim, em bens móveis (isto em função da finalidade econômica). Por exemplo, são móveis por antecipação árvores abatidas para serem convertidas em lenha, ou as casas vendidas para serem demolidas. ³Da mesma forma que as árvores, também os frutos, pedras e metais enquanto aderentes ao imóvel são imóveis; separados para fins humanos tornam-se móveis. São os chamados bens móveis por antecipação´. 7 Vamos agora tecer algumas considerações sobre o art. 84: Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Este artigo endossa o que já foi visto anteriormente. O que se considera neste tipo de classificação é a finalidade da separação e a destinação dos materiais (o seu emprego). Cuidado! Os materiais vindos da demolição de um prédio readquirem a qualidade de bens móveis, entretanto, quando a separação for provisória (como já explicamos), estes não perderão sua característica de bem imóvel quando a intenção for reutilizá-los na reconstrução do prédio. O que vale é a intenção do dono da coisa (isto deverá estar bem explicado na questão da prova). 6 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed. 7 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 196. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 74 1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis Bens Fungíveis (Substituíveis) O CC em seu art. 85 nos fala o que são os bens fungíveis: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Como principal exemplo de coisa fungível, nós temos o dinheiro ± que é o bem fungível por excelência. Qualquer nota de R$ 10,00 pode ser substituída por outra de R$ 10,00. Ambas apresentam as mesmas características, são da mesma espécie, qualidade e quantidade. Outro exemplo é o atribuído aos gêneros alimentícios em geral. Ser fungível é atributo exclusivo dos bens móveis. O mútuo (espécie de empréstimo) é um exemplo do emprego de um bem fungível. A compensação (forma de pagamento especial de pagamento) também deverá englobar coisa fungível. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. DICA PARA MEMORIZAR que fungível é o mesmo que substituível, sendo característica apenas dos bens móveis: FUnGI e SUBi no autoMÓVEL. - Bens Infungíveis A contrário sensu dos bens fungíveis, temos que os bens infungíveis são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ou seja, são aqueles que são únicos, são personalizados. Como exemplo, temos um determinado quadro ou uma escultura de alguém famoso. Atenção: para saber se um bem possui a característica da fungibilidade, devemos comparar com outro que seja equivalente. Pois a fungibilidade deriva da própria natureza do bem. No entanto, pode acontecer de um bem, que por sua natureza seja fungível, tornar-se infungível por vontade das partes. Pode ser o exemplo de uma moeda que é um bem fungível, mas que para um colecionador pode tornar-se infungível. Outro exemplo, uma cesta de frutas é coisa fungível, mas, emprestada ad pompam vel ostentationem, ou seja, para ornamentação, transformar-se-á em coisa infungível.8 8 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 74 1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis Bens Consumíveis Seu conceito está no art. 86 do CC: Art. 86. São consumíveis ¹os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, ²sendo também considerados tais os destinados à alienação. Deste conceito podemos perceber que existem duas espécies de bens consumíveis: Os consumíveis de fato ± que são aqueles que no seu primeiro uso já serão consumidos, ou seja, há a destruição imediata da própria substância, como um picolé -, por exemplo; Os consumíveis de direito ± que decorrem de uma classificação jurídica. São aqueles bens destinados à venda (alienação), como os remédios de uma farmácia, um livro posto em uma loja, enfim os bens enquanto destinados à alienação. Atenção! Consuntibilidade é característica de algo que é consumível. Bens Inconsumíveis São aqueles bens que podem ser usados de forma continuada e mesmo assim não perderão sua substância, nem serão destruídos. Claro que, se analisarmos rigorosamente, toda coisa um dia irá se consumir, acabar-se, mas, aqui, o que levamos em consideração é se esta destruição se dá no primeiro uso ou não. Atenção! Um bem pode ser consumível por sua própria natureza ou, então, por vontade das pessoas. Vamos a um exemplo: uma roupa, se você considerá-la na sua essência, concluirá que se trata de um bem inconsumível, tendo em vista que, em regra, irá demorar a se acabar. Porém, quando esta roupa está em uma loja para ser vendida será considerada um bem consumível, o mesmo ocorre com um livro enquanto na livraria, exposto para venda (como visto anteriormente, são os chamados consumíveis de direito). Tudo dependerá da destinação econômico-jurídicaque será dada ao bem. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 74 1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis Bens Divisíveis Seu conceito jurídico está no art. 87 do CC: Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Portanto, bens divisíveis são aqueles que podem ser partidos, ou repartidos, sem que com isso se perca sua substância, além disso, importa que esta divisão também não implique a sua desvalorização econômica. Por exemplo, se pegarmos um saco de arroz de 20 kg e dividirmos em 4 sacos de 5kg cada, cada fração conservará as mesmas qualidades do produto, ou seja, ainda será arroz, podendo ter a mesma utilização do todo, uma vez que não houve nenhuma alteração de sua substância. (1X20KG = 4X5KG -). A divisibilidade jurídica não se confunde com a divisibilidade física, para aquela o entendimento que precisamos ter é o de que 1kg de arroz dentro do saco de 20 kg equivale a 1kg de arroz dentro do saco de 5kg, não há nem desvalorização econômica nem prejuízo do uso. Bens Indivisíveis Indivisíveis são os bens que se opõe a definição de bens divisíveis, além disso, o art. 88 do código civil dispõe o seguinte: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis ¹por determinação da lei ou ²por vontade das partes. Portanto, de acordo com o artigo, os bens podem ser indivisíveis por: Sua própria natureza (indivisibilidade física ou material) - são aqueles bens que não podem ser partidos sem alteração na sua substância ou no seu valor, como por exemplo, um quadro de Picasso. Por determinação legal (indivisibilidade jurídica), quando a lei de forma expressa proíbe que determinado bem seja dividido. Como exemplo, veja o CC art. 1.791, parágrafo único: ³Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio´. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 74 Por vontade das partes (indivisibilidade convencional), quando as partes fazem um acordo para tornar alguma coisa indivisível. Cuide, no entanto que, de acordo com o art. 1.320, § 2º: ³Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador´. Se a indivisão for promovida, então, pelo doador ou pelo testador, não poderá exceder de cinco anos. 1.5 Bens Singulares e Coletivos Bens Singulares Assim está no art. 89 do CC: Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Para esta classificação os bens são analisados em sua individualidade, como exemplo, serão bens singulares: um boi, um lápis, um carro, uma casa. Os bens singulares podem ser: simples ± quando suas partes são unidas pela própria natureza, como o exemplo o boi; ou podem ser compostos ± quando suas partes são unidas pelo esforço do homem, como um carro, uma casa. Quando junta-se coisas simples para formar uma coisa composta, e estas coisas simples mantem a sua identidade elas se denominam partes integrantes. Quando as coisas simples perdem sua identidade ao se juntarem para fazer a coisa composta elas se denominam partes componentes. Como exemplo de partes integrantes, nós temos as peças usadas para fabricar um automóvel, pois uma vez separadas mantém seu ³YDORU´� e identidade. Como exemplo de partes componentes, nós temos a farinha quando colocada em um bolo, uma vez utilizada não se pode separar, é componente. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 74 Bens Coletivos As coisas coletivas ou universais são as formadas por várias coisas singulares, que consideradas conjuntamente, formam um todo único que passa a ter uma identidade própria, distinta das partes que a compõe. Como exemplo clássico, temos uma floresta ou um rebanho. Os bens coletivos abrangem as universalidades: -Universalidades de Fato Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Como exemplo, temos uma galeria de obras de arte, onde, dependendo da vontade de seu dono, pode ser vendida a totalidade da universalidade, ou ainda, de acordo com o § único do art. 90, cada bem pode ser considerado individualmente e vendido separadamente. Art. 90. § único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. -Universalidades de Direito Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Como principal exemplo nós temos o patrimônio. A diferença básica entre uma universalidade de fato e uma universalidade de direito é que a universalidade de fato assim o é por uma vontade particular de seu proprietário, enquanto que uma universalidade de direito advém da lei, ou seja, ³GD�SOXUDOLGDGH�GH�EHQV�FRUSyUHRV�H� incorpóreos a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade, como, por exemplo: na herança, no patrimônio, na massa falida9´� 9 Silvio Rodrigues. Direito Civil. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 74 2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). Depois de estudarmos os bens quanto a sua própria natureza (com relação a eles mesmos), vamos passar ao estudo dos bens em sua relação entre uns e outros. Neste item veremos os bens principais e os bens acessórios, além dos conceitos de frutos, de produtos, de benfeitorias e pertenças. Logo no art. 92 temos a definição do que é um bem principal e do que é um bem acessório. Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Assim, principal é o bem que possui existência própria, que existe por si, independentemente de outros. Já o bem acessório dependerá da existência do principal. Como consequência imediata desta distinção que acabamos de fazer, temos que o bem acessório segue o destino do principal ± esta é a regra. (Para que isso não aconteça será necessário que seja assim acordado ou, então, que esteja previsto em algum dispositivo legal). Da regra que conhecemos acima, decorrem as seguintes consequências: ¾ A natureza do acessório é a mesma natureza do principal, princípio da gravitação jurídica, onde, um bem atrai o outro para sua órbita estabelecendo o mesmo regime jurídico (bonito isso, né? -). Assim, se o solo é imóvel a casa que está ligada a ele também o é. Bens reciprocamente considerados Principais Acessórios Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária.Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 74 ¾ O acessório acompanhará o principal em seu destino, deste modo, se num contrato de locação (principal), existir um contrato acessório, como é a fiança, uma vez acabado o contrato de locação, se extinguirá também o de fiança, que é acessório. Cuidado que, no entanto, a recíproca não é verdadeira, se o contrato acessório se extinguir não atingirá necessariamente o contrato principal. ¾ O proprietário do principal é o proprietário do acessório, se uma pessoa possuir uma bananeira (principal) as bananas (acessórios) que esta árvore vier a dar serão também suas. Com relação às classes de bens acessórios, assim dispõem os arts. 95 e 96: Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Vamos ao estudo destas três figuras, os frutos, os produtos e as benfeitorias! - Os Frutos: São as utilidades que uma coisa periodicamente produz sem, com isso, sofrer alteração em sua substância. Como exemplos, o leite das vacas e as frutas que uma árvore dá. Para se reconhecer um fruto devemos observar três elementos: periodicidade; inalterabilidade da substância da coisa principal e a separabilidade desta. Quanto à sua origem os frutos podem ser naturais ± quando se desenvolvem e se renovam periodicamente pela própria força orgânica da própria coisa; industriais ± são aqueles que têm a sua origem vinculada a alguma ação humana sobre a natureza; civis ± quando se tratar de rendimentos oriundos da utilização de coisa frutífera por outrem que não o proprietário. Como exemplos de frutos naturais, citamos: os ovos e as crias dos animais. Dos frutos industriais temos a produção de uma fábrica. Como exemplo de frutos civis, temos o aluguel. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 74 Quanto ao seu estado os frutos podem ser pendentes ± enquanto ainda estão ligados a coisa que os produziu; percebidos ou colhidos ± quando já separados da coisa que os produziu; estantes ± os que foram separados e estão armazenados ou acondicionados para a venda; percipiendos ± os que deveriam ter sido percebidos ou colhidos mas não foram; e consumidos ± os que não mais existem porque foram consumidos. Esta classificação dos frutos é importante no que diz respeito aos efeitos com relação à posse das coisas. De acordo com o art. 1.214 do CC, o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, enquanto a posse durar, mas não tem direito nem aos pendentes nem aos colhidos por antecipação. Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Já o possuidor de má-fé não tem direito aos frutos, devendo restituir os colhidos e percebidos: Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. - Os Produtos: O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Como os metais, por exemplo. Atenção: os produtos quando são utilidades que provém de uma riqueza, postos em utilidade econômica, seguem a mesma natureza dos frutos. Assim, os produtos devem ser tratados, no que diz respeito aos possuidores de boa-fé pelo mesmo art. 1.214 do CC. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 74 - As Benfeitorias: Também são consideradas bens acessórios. São aqueles melhoramentos acrescidos à coisa com a ¹finalidade de evitar que se deteriore, ou ²para aumentar seu valor ou com a finalidade de ³torná- la mais vistosa ou agradável. Deste modo, as benfeitorias são obras ou despesas que se faz em bem, móvel ou imóvel, para ¹conservá-lo, ²melhorá-lo ou ³embelezá-lo. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Portanto, existem três tipos de benfeitorias: 1. Benfeitorias Necessárias ± são aquelas destinadas a conservação do bem, para evitar que este se deteriore. Está prevista no § 3º do art. 96: Art. 96. § 3º. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Como exemplos, nós temos o reforço de fundações de um prédio; uma cerca de arame farpado para defesa da terra cultivada. 2. Benfeitorias Úteis ± são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Está prevista no § 2º do art. 96: Art. 96. § 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. O que não for benfeitoria necessária e que aumente o valor do bem será considerado benfeitoria útil. Como exemplos podemos citar a construção de uma garagem ou de mais um banheiro em uma casa ou, então, a modernização de encanamentos. 3. Benfeitorias Voluptuárias ± são aquelas feitas para o prazer, não aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável e seu valor seja elevado. Estão normatizadas no § 1º do art. 96: Art. 96. § 1º. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Como exemplos, podemos citar: a pintura da casa; a construção de uma quadra de tênis, ou de uma piscina, ou de um mirante. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 74 Atenção para não misturar os conceitos de benfeitorias, acessões industriais e acessões naturais. As benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem já existente. As acessões industriais são obras que criam coisas novas. As acessões naturais são acréscimos decorrentes de fatos naturais e fortuitos. São, portanto, obras exclusivas da natureza, quem lucra é o dono da coisa. Assim dispõe o art. 97. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Pertenças Agora vamos falar sobre as pertenças. Pertenças são coisas auxiliares das outras. Diferentemente do que ocorre na regra do acessório, as pertenças não estão abrangidas nos negócios jurídicos pertinentes ao bem principal. ³1mR�VH�FRQIXQGHP�necessariamente, com as coisas acessórias, visto que D� GHILQLomR� GH� ³SHUWHQoD´� QmR� SUHVVXS}H� TXH� VXD� H[LVWrQFLD� HVWHMD� subordinada à do principal.´10 Estão normatizadas no art. 93: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Pertença é, portanto, um bem que é acrescido a outro, que é o principal, sem, noentanto, ser parte integrante deste. São pertenças, todos os bens móveis ajudantes, que o dono, por sua vontade e querer, colocar na exploração industrial ou econômica de um imóvel, no seu embelezamento ou na sua comodidade. São coisas auxiliares das outras. São coisas móveis que são postas de modo estável a serviço de outras coisas móveis ou, então, imóveis. Como exemplos, podemos citar: a moldura de um quadro que é usado na sala de uma residência; os tratores que são usados para melhorar a exploração de propriedade rural. 10 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 296. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 74 Atenção! As pertenças não se confundem com as coisas acessórias, visto que a definição de pertença não pressupõe que sua existência esteja subordinada à do principal. O art. 94 traz a distinção entre parte integrante11 e pertenças. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da ¹lei, da ²manifestação de vontade, ou das ³circunstâncias do caso. Assim, as pertenças não obedecem à regra de que o acessório segue o principal, porque são coisas que não formam partes integrantes e também não são fundamentais para a utilização do bem principal. Parte integrante é o acessório que, unido ao principal, forma com ele um todo, sendo desprovida de existência material própria, embora mantenha sua identidade. Exemplo de parte integrante já citado em provas foi o dos dutos e estações de compressão de um gasoduto. 3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao titular do seu domínio (arts. 98 a 103). Os bens quanto a sua titularidade ou em relação aos sujeitos a que pertencem (em relação às pessoas) classificam-se em ¹bens públicos e ²bens privados. O art. 98 traz a conceituação dos bens públicos e dos bens particulares. 11 Parte integrante são os frutos, os produtos e as benfeitorias. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 74 Art. 98. São ¹públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são ²particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Deste modo, são bens públicos os de domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, aos Territórios ou aos Municípios e às outras pessoas jurídicas de direito público interno. Todos os outros, os que tiverem, por exemplo, como titular de seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado, serão bens particulares. O art. 99 traz a classificação dos bens públicos, ela se baseia no modo como esses bens são utilizados: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Portanto, os bens públicos de acordo com sua destinação foram classificados em três categorias: ¹bens de uso comum do povo, ²bens de uso especial, ³bens dominicais. Bens quanto ao titular de seu domínio Públicos Particulares Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 74 3.1. Bens de uso comum do povo (também denominados bens de domínio público). Art. 99 São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; ... A primeira observação que devemos fazer é de que os bens de uso comum do povo citados no art. 99, I, são meramente exemplificativos, porque neles não se exaurem, ou seja, há outros além dos citados. São os bens públicos que podem ser utilizados, sem restrições, de forma gratuita ou onerosa, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial, ou seja, se destinam ao uso de todos. Explicando melhor: Todos têm acesso a estes bens, podendo o acesso ocorrer gratuitamente ou não. Como exemplo temos as ruas, as estradas, as praças, os jardins públicos, o mar. ³9LD� GH� UHJUD�� VXD� XWLOL]DomR� p� SHUPLWLGD� DR� SRYR�� VHP� UHVWULo}HV� H� VHP� {QXV´12, ou seja, o acesso é permitido a toda coletividade, no entanto, nada impede que a utilização deste bem possa ser cobrada, desde que regulamentada. Assim, bens de uso comum do povo, são bens que, embora mantidos sob gestão da administração pública - uma pessoa jurídica de direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição, gratuita ou onerosamente, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial. Pertencem à coletividade (res communes omnium), também podem ser denominados bens de domínio público e se destinam ao uso de todos. Mesmo se regulamentos administrativos condicionarem ou restringirem o seu uso a certos requisitos ou mesmo se instituírem pagamento de contribuição (uso retribuído), não perdem a natureza de bens de uso comum do povo, como exemplo disto temos: o pedágio, nas estradas; a venda de ingressos, em museus públicos; a taxa de embarque, em aeroportos, a taxa de ancoragem, em portos. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Veja que o uso do bem até pode ser franqueado (o usuário é o povo), mas o domínio sobre o bem continua sendo da pessoa jurídica de direito público. 12 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 368. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 74 Sobre os bens de uso comum do povo citamos esta jurisprudência13: Administrativo. Ação de reintegração de posse. Estabelecimento comercial construído em terreno de marinha. Ocupação irregular. Mesas e cadeiras em área de praia. Bem da União de uso comum do povo. Impossibilidade de ocupação por particular. Demolição, com direito a indenização. Boa fé do ocupante. Cobrança de multa prevista na Lei n. 9.636/98. Impossibilidade. Irretroatividade. (TRF, 5ª Região, AP. n. 2002.800.000.13756/AL, rel. Des. Frederico Pinto de Azevedo, j. 05.07.2007). A situação jurisprudencial descrita se refere a uma ação de reintegração de posse movida pela União contra uma empresa privada que construiu em terreno de marinha sem a devida autorização para a ocupação. 3.2. Bens de uso especial. Art. 99. São bens públicos: ... II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administraçãofederal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Como o próprio nome diz bens de uso especial são os bens que possuem uma destinação especial, bens que são utilizados pelo próprio poder público para a execução de seus serviços públicos. Por exemplo, os prédios onde estão instaladas repartições públicas e os prédios de escolas públicas. Constituem o aparelhamento administrativo, assim, são afetados a um serviço ou estabelecimento público, ou seja, destinam-se especialmente à execução dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos deste serviço. São os edifícios e terrenos aplicados ao funcionamento da administração. Não integram propriamente a Administração, mas constituem (como já falamos) o aparelhamento administrativo. 13 Citação em Ministro Cezar Peluso, Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência, Manole, 6ª ed., pág. 90. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 74 São também chamados bens patrimoniais indisponíveis, pois possuem uma finalidade pública permanente14. Para finalizar o tema assim lecionava o saudoso Caio Mario da Silva Pereira15: ³E, quando não mais se prestem à finalidade a que se destinam, é facultado ao poder público proprietário levantar a sua condição de inalienabilidade, e expô-lo à aquisição, na oportunidade e pela forma que a lei prescrever´. 3.3. Bens dominicais. Art. 99. São bens públicos: ... III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. São os bens que compõem o patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Abrangem tanto bens imóveis quanto bens móveis. São aqueles que, embora integrando o domínio público, diferem dos outros bens públicos pela possibilidade, sempre presente, de serem utilizados em qualquer fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Constituem o patrimônio disponível e alienável da pessoa jurídica de direito público. ³6REUH�HOHV�R�SRGHU�S~EOLFR� H[HUFH� SRGHUHV� GH� SURSULHWiULR´16. São bens que não são afetados a qualquer destino público. Como exemplos, temos as terras devolutas, oficinas, fazendas e indústrias pertencentes ao Estado. Art. 99. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. ³1mR�HQWHQGL�EHP��R�TXH�R�~QLFR�GR�DUWLJR����TXHU�GL]HU"´ Ele quer dizer que quando não houver lei em contrário, a própria lei instituidora da pessoa jurídica de direito público poderá qualificar seus bens, isto sem depender da destinação que dá a eles. O que acontece é o seguinte, ³FDVR� QHQKXPD� OHL� HVWDEHOHoD� QRUPDV� HVSeciais sobre os 14 Hely. Dir. Administrativo, p. 520. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 298. 15 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 369. 16 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 249. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 74 dominicais, seu regime jurídico será o de direito privado. Podem ser GHVDIHWDGRV´�17 - Características dos bens públicos. A primeira característica é a inalienabilidade, desde que destinados ao uso comum do povo ou para fins administrativos, ou seja, enquanto guardarem a afetação pública os bens públicos de ¹uso comum do povo e ²os de uso especial são inalienáveis. É o que diz o art. 100 do código civil: Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Porém, esta característica poderá ser revogada, se mediante lei especial tenham tais bens perdido sua utilidade ou necessidade, não mais conservando a sua qualificação. Quando ocorre a desafetação, que é a mudança da destinação de um bem público, ele acaba incluído no rol dos bens dominicais, sendo que, de acordo com o art. 101: Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. A venda ocorre em hasta pública ou por meio de concorrência administrativa. A segunda característica é a imprescritibilidade das pretensões a eles relativas. Deste modo os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião, de acordo com o art. 102: Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. STF 340: ³Desde a vigência do CC (1916) os bens dominiais, bem como os GHPDLV�EHQV�S~EOLFRV�QmR�HVWmR�VXMHLWRV�D�XVXFDSLmR´��Ou seja, TODOS os bens públicos não estão sujeitos a chamada prescrição aquisitiva. 17 Regina Sahm. Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 126. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 74 A proibição da usucapião de imóveis públicos está no texto constitucional: Constituição Federal Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. ... § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. ... Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. E a terceira característica é a impenhorabilidade18, que é decorrência da primeira característica, pois uma vez que os bens públicos são inalienáveis não se pode também dá-los em garantia. ³2V�FUpGLWRV�FRQWUD�D�)D]HQGD�3~EOLFD�VH�VDWLVID]HP�SRU�PHLR�GH�SUHFDWyULRV� (CF100), pois não há excussão de bens púbOLFRV��TXH�VmR�LPSHQKRUiYHLV´.19 Assim acabamos mais uma de nossas conversas. - Repetimos que, embora esta aula não seja longa, você deve ter atenção, isto principalmente no que diz respeito à classificação dos bens. E sempre lembrando que, em caso de dúvidas, estamos à sua disposição. Procure resolver as questões propostas e não hesite em utilizar o fórum dúvidas se não entender algo. Grande abraço e bons estudos! Aline Santiago & Jacson Panichi. 18 A impenhorabilidade impede que o bem passe do patrimônio do devedor ao do credor, ou de outrem, por força da execução judicial. 19 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 298. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária.Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 74 RESUMO DA MATÉRIA Bens imóveis: Estes dois artigos são muito importantes para fins de prova: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; (Exemplo: Uma casa de madeira, que pode ser retirada de seus alicerces, para ser fixada em local diverso do original.) II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Bens móveis: Estes dois artigos são muito importantes para fins de prova: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (Exemplo: direitos autorais) Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis (Bens móveis por natureza) readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Exemplo de bens móveis por antecipação: árvores convertidas em lenha. Bens fungíveis (substituíveis) MACETE: FUNGISUBInoautoMÓVEL Bens infungíveis, não podem ser substituídos. Dos Bens Divisíveis Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis ¹por determinação da lei ou ²por vontade das partes. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 74 Universalidade de fato. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, ¹pertinentes à mesma pessoa, tenham ²destinação unitária. Exemplo: Uma galeria de quadros Uma universalidade de direito constitui-se por bens singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos, ante o fato de que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, lhes dá unidade. ³São benfeitorias úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem´� Exemplos de benfeitorias uteis realizadas em um apartamento: Colocação de tela nas varandas, Colocação de tela nas varandas. Informações: As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de gravitação jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal, razão pela qual, se uma propriedade rural for vendida, desde que não haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não está obrigado a entregar as máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. A pertença é coisa destinada, de modo duradouro, a conservar ou facilitar o uso, ou prestar serviço, ou, ainda, servir de adorno do bem principal, sem ser parte integrante. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar ¹da lei, ²da manifestação de vontade, ou ³das circunstâncias do caso. Parte integrante é o acessório que, unido ao principal, forma com ele um todo, sendo desprovida de existência material própria, embora mantenha sua identidade. Frutos e produtos: os frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz, sem com isso sofrer alteração em sua substância. Os frutos industriais são os que tem sua origem vinculada a alguma ação humana sobre a natureza. Frutos estantes: são os armazenados em depósito para expedição ou venda. O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como, por exemplo, os metais ou o petróleo de um poço. Bens públicos: Bens públicos são os bens do domínio nacional, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Os demais são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem (art.98) Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 74 Os prédios utilizados pelo poder público, como exemplos, o Prédio da Secretaria de Fazenda do Estado do Paraná e os prédios das universidades públicas, são bens imóveis classificados como de uso especial. Tais bens não podem ser alienados enquanto afetados ao serviço público, além disso, são imprescritíveis e impenhoráveis. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; ... Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. ... Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Bens Públicos Uso comum uso especial dominicais Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 74 QUESTÕES E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. CESPE 2015/TJ-PB/Juiz substituto. Julgue os itens com relação a bens. 01. A infungibilidade de um bem pode decorrer da manifestação de vontade da parte. Comentário: Pode acontecer de um bem, que por sua natureza seja fungível, tornar-se infungível por vontade das partes. Pode ser o exemplo de uma moeda que é um bem fungível, mas que para um colecionador pode tornar-se infungível. Outro exemplo, uma cesta de frutas é coisa fungível, mas, emprestada ad pompam vel ostentationem, ou seja, para ornamentação, transformar-se-á em coisa infungível.20 Item correto. 02. Os produtos são acessórios produzidos com periodicidade, e sua retirada não prejudica a substância da coisa principal. Comentário: O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Como os metais, por exemplo. Item errado. CESPE 2015/TJ-DF/Juiz de Direito Substituto. A respeito dos bens, julgue os itens à luz da jurisprudência pertinente. 03. Os bens naturalmente divisíveis não se podem tornar indivisíveis. Comentário: Art. 88. Os bensnaturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Item errado. 04. É possível a cobrança de retribuição pecuniária pelo uso comum dos bens públicos. 20 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 74 Comentário: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item correto. 05. Com a abertura da sucessão, a herança incorpora-se ao patrimônio do herdeiro na qualidade de bem imóvel divisível. Comentário: PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PENHORA DOS DIREITOS HEREDITÁRIOS DO DEVEDOR NO ROSTO DOS AUTOS DO INVENTÁRIO. ADJUDICAÇÃO PELOS ALIMENTANDOS. POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA. JUÍZO DA FAMÍLIA. ART. ANALISADO: 685-A, CPC. 1. Ação de execução de alimentos distribuída em 22/08/1996, da qual foi extraído o presente recurso especial, concluso ao Gabinete em 30/05/2012. 2. Discute-se a possibilidade de adjudicação, pelos credores de alimentos, dos direitos hereditários do devedor, penhorados no rosto dos autos de inventário, bem como qual o Juízo competente para fazê-lo. 3. Considerando-se que "o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei" (art. 591 do CPC); que, desde a abertura da sucessão, a herança incorpora-se ao patrimônio do herdeiro, como bem imóvel indivisível; e que a adjudicação de bem imóvel é técnica legítima de pagamento, produzindo o mesmo resultado esperado com a entrega de certa quantia; exsurge, como corolário, a conclusão de que os direitos hereditários do recorrido podem ser adjudicados para a satisfação do crédito dos recorrentes. 4. Ante a natureza universal da herança, a adjudicação dos direitos hereditários não pode ser de um ou alguns bens determinados do acervo, senão da fração ideal que toca ao herdeiro devedor. 5. Na espécie, a adjudicação do quinhão hereditário do recorrido, até o quanto baste para o pagamento do débito, autoriza a participação dos recorrentes no processo de inventário, sub-rogando-se nos direitos do herdeiro, e se dá pro soluto até o valor do bem adjudicado. 6. Assim como o Juízo de Família determinou, por carta precatória, a penhora dos direitos hereditários no rosto dos autos do inventário, que tramita perante o Juízo de Órfãos e Sucessões, incumbe-lhe o prosseguimento da execução, com a prática dos demais atos necessários à satisfação do crédito, adjudicando aos credores, se o caso, a cota-parte do devedor de alimentos, limitado ao valor do débito. 7. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 13/05/2014, T3 - TERCEIRA TURMA) Item errado. 06. São considerados bens imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações. Comentário: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 74 Item errado. CESPE 2015/TRF 5ª Região/Juiz Federal Substituto. No que se refere a bens, julgue os itens. 07. Os bens dominicais, diferentemente dos demais bens públicos, se submetem primordialmente às regras do direito privado. Comentário: Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Item errado. 08. Os bens incorpóreos não admitem usucapião, mas, como regra, admitem tutela possessória. Comentário: Os bens incorpóreos, como os direitos autorais, por exemplo, não admitem usucapião e nem a tutela possessória. Atente para a seguinte súmula do STJ: Súmula 228 do STJ: ³e�LQDGPLVVtYHO�R�LQWHUGLWR�SURLELWyULR�SDUD�D�SURWHomR� GR�GLUHLWR�DXWRUDO´� Item errado. 09. A consuntibilidade que um bem gera é incompatível com a infungibilidade. Comentário: No geral, temos que os bens consumíveis são também fungíveis, tendo em vista os alimentos. No entanto, podemos ter bens consumíveis e infungíveis como uma obra de arte que foi posta a venda. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 74 Item errado. 10. Os bens acessórios são aqueles que, não sendo partes integrantes do bem principal, se destinam de modo duradouro ao uso de outro. Comentário: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Item correto. 11. FCC 2015/TCM-GO/Auditor Conselheiro Substituto. Em relação aos bens, considere as afirmativas: I. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. II. Consideram-se bens imóveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão aberta, bem como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram. III. Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, as energias que tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, bem como os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Está correto o que se afirma em a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) I, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. Comentário: Afirmativa I ± correta. Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Afirmativa II ± correta. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Afirmativa III ± correta. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 74 Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Gabarito letra E. 12. FCC 2015/TCM-GO/Procurador do Ministério Público de Contas. Quanto aos bens a) Materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquiremessa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. b) Naturalmente divisíveis, podem tornar-se indivisíveis somente por determinação da lei. c) Imóveis, adquirem esta qualidade as energias que tenham valor econômico para os efeitos legais. d) Móveis ou imóveis, são fungíveis os que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. e) Imóveis, perdem este caráter as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�± correta. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. $OWHUQDWLYD�³E´�± errada. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. $OWHUQDWLYD�³F´�± errada. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; $OWHUQDWLYD�³G´�± errada. Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. $OWHUQDWLYD�³H´�± errada. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; Gabarito letra A. Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 74 13. FCC 2014/TCE-PI/Jornalista. Considere: I. Dinheiro. II. Sacos de Arroz. III. Dois kilos de banana prata. ,9��4XDGUR�GR�3LQWRU�³;´�Mi�IDOHFLGR�� De acordo com o Código Civil brasileiro, são considerados bens fungíveis os indicados APENAS em a) I, II e IV. b) II e III. c) I e IV. d) I, II e III. e) III e IV. Comentário: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Desta forma são bens fungíveis: dinheiro, sacos de arroz, dois kilos de banana prata. Gabarito letra D. 14. FGV 2014/PROCEMPA/Analista Administrativo. Segundo o Código Civil, os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade são denominados a) Bens consumíveis. b) Bens fungíveis. c) Bens reciprocamente considerados. d) Bens singulares. e) Bens públicos. Comentário: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Gabarito letra B. 15. FGV 2014/Prefeitura de Osasco ± SP/Guarda Civil Municipal. É uma hipótese de imóvel para os efeitos legais: Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 74 a) O veículo automotor de porte médio; b) O veículo automotor de porte grande; c) O direito à sucessão aberta; d) As pessoas interditadas; e) O direito autoral. Comentário: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Gabarito letra C. 16. FGV 2014/Prefeitura de Osasco ± SP/Guarda Civil Municipal. São considerados bens fungíveis: a) Os imóveis estabelecidos por Lei ou pela vontade das partes contratantes; b) Os consumíveis; c) Os divisíveis; d) Os que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade; e) Os que podem ser fracionados sem que haja dano ou alteração em sua substância. Comentário: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Gabarito letra D. CESPE 2014/TCE ± PB/Procurador. Julgue os itens. 17. O uso comum dos bens públicos é sempre gratuito. Comentário: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item errado. 18. Para criar uma fundação, o seu instituidor deve fazer, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, sendo Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 74 imprescindível que indique a finalidade a que se destina a fundação, pois, se insuficientes os referidos bens para constituí-la, estes serão obrigatoriamente incorporados em outra que se proponha ao mesmo fim. Comentário: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Item errado. 19. FCC 2014/TRT 19ª Região (AL)/Analista Judiciário ± área judiciária. Por ocasião da morte de Benedita, um de seus herdeiros, Bento, propõe que seu anel de noivado, que compõe um dos bens da herança, seja dividido entre ele e o irmão, Sebastião, com o derretimento do ouro e o fracionamento de um grande diamante que o ornamenta. Sebastião se opõe, no que a) Não está certo, pois os bens móveis são divisíveis por natureza. b) Está certo, pois os bens infungíveis não podem ser alienados. c) Não está certo, pois, com o emprego da técnica correta, este anel pode ser dividido em partes iguais. d) Está certo, pois este anel é um bem indivisível, vez que o fracionamento causaria diminuição considerável de seu valor. e) Não está certo, pois, com a morte de Benedita, este anel passou a ser um bem fungível. Comentário: Lembre-se do que estudamos em aula: Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Portanto, bens divisíveis são aqueles que podem ser partidos, ou repartidos, sem que com isso se perca sua substância, além disso, importa que esta divisão também não implique a sua desvalorização econômica. Por exemplo, se pegarmos um saco de arroz de 20 kg e dividirmos em 4 sacos de 5kg cada, cada fração conservará as mesmas qualidades do produto, ou seja, ainda será arroz, podendo ter a mesma utilização do todo, uma vez que não houve nenhuma alteração de sua substância. (1X20KG = 4X5KG -). A divisibilidade jurídica não se confunde com a divisibilidade Curso Regular de Direito Civil para TRFs ʹ Analista Judiciário-área judiciária. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 74 física, para aquela o entendimento que precisamos ter é o de que 1kg de arroz dentro do saco de 20 kg equivale a 1kg de arroz dentro do saco de 5kg, não há nem desvalorização econômica nem prejuízo do uso. Bens Indivisíveis Indivisíveis são os bens que se opõe a definição de bens divisíveis. Portanto, ao dividir o anel, como foi proposto por Bento, este perderia o uso a que se destina (deixaria de ser um anel). Além