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03 DC Legislativo Estatuto dos Parlamentares

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Estatuto dos 
Parlamentares 
Direito Constitucional 
Aula 03 
Curso de Direito - FAPA 
 
Imunidades, prerrogativas, vedações e perda de mandato 
Prof. Me. Bruno Irion Coletto 
bruno.coletto@fapa.com.br 
 
Imunidades, prerrogativas e 
vedações 
• Objetivos: 
• Independência do parlamentar 
• Independência do próprio Parlamento 
• Imunidade: exclusão da incidência de normas geralmente 
aplicáveis naquele caso 
• Imunidades Materiais (art. 53, caput, CR/88) 
• Imunidades Formais (art. 53, §§ 2º, 3º, 4º e 5º, CR/88) 
• Prerrogativas 
• De foro (art. 53, §1º, CR/88) 
• De não testemunhar (art. 53, §6º, CR/88) 
• De serviço militar (art. 53, §7º e art. 143, ambos da CR/88) 
• De vencimentos (art. 49, VII, CR/88) 
• Vedações e incompatibilidades (art. 54, CR/88) 
• Ordem pública: irrenunciabilidade 
 
 
Imunidades 
• Freedom of speach (liberdade de palavra) 
• Relaciona-se com a “imunidade material” 
• Freedom from arrest (imunidade em relação à prisão) 
• Relaciona-se com a “imunidade formal” 
 
• Não é “privilégio” ao indivíduo, mas sim uma proteção ao 
Poder Legislativo. 
• Prerrogativa comum no direito contemporâneo comparado 
(contudo normalmente não envolve crimes mais graves e nem 
o processo criminal propriamente dito – usualmente apenas 
em relação à prisões civis). 
• No Brasil este regime foi sensivelmente alterado pela EC nº 
35/2001. 
Imunidades Materiais 
- art. 53, caput 
• Imunidade em relação a opiniões, palavras e votos. 
• Tanto na esfera civil, quanto na esfera penal. 
• Abrange, ainda, punições disciplinares e políticas 
• Mais do que imunidade: é inviolabilidade. 
• Ou seja, fato que é tipificado na legislação criminal deixa de ser 
considerado crime em função do agente. Não há sequer crime. 
• Necessidade de relação com o exercício parlamentar. 
• Presunção quando proferido no estabelecimento do legislativo. 
Necessidade de discussão probatória quando fora do Parlamento. 
• Estende-se à divulgação jornalística 
• Como não há crime, não se trata de suspensão: tal fato não 
poderá ser processado, mesmo depois do encerramento do 
mandato. 
Imunidades Formais 
- art. 53, §§ 2º, 3º, 4º e 5º 
• Impossibilidade de ser ou permanecer preso; bem como 
possibilidade de sustar (suspender) tramitação de ação penal 
por crimes cometidos após a diplomação. 
• Marco inicial: diplomação 
• Marco final: começo da próxima legislatura (não é expresso) 
• Alteração substancial: EC nº 35/2001. 
• Anteriormente previa-se imunidade formal tanto em relação à 
prisão, quanto em relação à tramitação de processos. 
• Atualmente ela é mais mitigada em relação ao processo, 
prevendo a possibilidade de suspensão, e não a necessidade de 
autorização. Contudo, continua forte em relação à prisão. 
Imunidade Formal – Prisão 
• Vide art. 53, §2º, CR/88 
• Ampla abrangência: razões criminais e civis 
• O parlamentar não pode sofrer prisão, salvo em caso de 
flagrante de crime inafiançável 
• Seja prisão processual ou provisória 
• Seja prisão civil 
• Seja prisão por condenação criminal definitiva transitada em 
julgado 
• --- Discussão doutrinária e jurisprudencial: STF entende que pode 
haver a prisão neste caso, pois decorrente do devido processo legal. 
Contudo, alguns autores destacam que não é este o texto da 
Constituição. 
• Crime inafiançável: necessidade de apreciação pela Casa 
(descabimento do voto secreto) 
 
Imunidade Formal – Processo 
Criminal 
• Vide art. 53, §§3º, 4º e 5º CR/88 
• Desnecessidade de autorização para ajuizamento da ação (EC 
35/2001). 
• Desnecessidade de autorização para a investigação 
• Apenas possibilidade de sustar o processo, com suspensão do 
prazo prescricional, após o recebimento da denúncia 
• Apenas para crimes praticados após a diplomação 
• Crimes anteriores terão trâmite normal 
• Caso haja sustação, recomeça assim que encerrar o mandato 
• Havendo o recebimento da denúncia, esta é comunicada à 
respectiva Casa. É preciso, então, provocação de partido político. 
Apreciação em 45 dias. 
• Voto da maioria dos membros – vedado voto secreto 
• Separação do processo para co-autores 
Prerrogativa de Foro 
- art. 53, §1º 
• Prerrogativas não se confundem com imunidades. O objetivo 
e a fundamentação são diferentes. 
• Aqui não se fala de proteção, mas apenas de respeito à 
dignidade da função exercida. É mais relacionado à uma 
questão de hierarquia, portanto. 
• Abrange apenas processos criminais 
• Questão da improbidade administrativa 
• Deve ser observada apenas durante o transcurso do mandato: 
regra da atualidade do mandato 
• Logo, não importa o momento do crime, mas sim se há o exercício do 
mandato naquele momento. 
• Renúncia do mandato: não altera o foro se for forma de desvirtuar o 
processo (caso esteja encerrada a instrução e marcado o julgamento) 
Prerrogativa de não testemunhar 
- art. 53, §6º 
• Abrange apenas fatos relacionados com o exercício 
parlamentar 
 
• Portanto, não exime de testemunho em caso de convocação 
na qualidade de cidadão comum 
 
Prerrogativa de serviço militar 
- art. 53, §7º 
• Incorporação às Forças Armadas depende de licença prévia da 
Casa respectiva 
 
• Considerada imunidade pois o parlamentar fica imune a uma 
obrigação imposta da todos pela Constituição (vide art. 143, 
CR) 
Prerrogativa de vencimentos 
- art. 49, inciso VII 
• Competência do próprio Congresso fixar seus subsídios 
• Igualdade entre Deputados e Senadores 
• Teto: Ministro do Supremo Tribunal Federal 
• Vide art. 37, incisos X e XI, CR/88 
• Vedação de adicionais(?) 
• Vedação a tratamento privilegiado (art. 150, II, CR/88) 
• Vedação à exclusão de Imposto de Renda (art. 153, III, CR/88) 
• Respeito ao princípios gerais de direito tributário (art. 153, 
§2º, inciso I, CR/88) 
Parlamentar licenciado 
- art. 56 
• Relembrar: imunidades e prerrogativas são de ordem pública, 
pois visam, em primeiro lugar, proteger a instituição. Logo, 
não podem ser renunciadas. 
• Quando se trata de parlamentar licenciado (art. 56, CR/88), 
deve-se observar a finalidade das prerrogativas e imunidades: 
elas servem para a proteção da instituição. 
• Logo, não estando no exercício efetivo da função, não há 
preservação das prerrogativas e imunidades. 
• Não se perde o mandato neste caso, mas se perdem as 
imunidades e prerrogativas enquanto durar o licenciamento 
Vedações e incompatibilidades 
- art. 54 
• Também visam garantir a independência do Poder Legislativo 
 
• Algumas são desde a diplomação (inciso I) 
• Outras desde a posse (inciso II) 
Perda do Mandato 
- art. 55 
• Às hipóteses de perda do mandato listadas na Constituição, 
deve-se acrescentar a infidelidade partidária. 
 
• Destaque para a quebra de decoro: punição pelos próprios 
pares. Impossibilidade de revisão judicial. 
• Casos dos incisos I, II e VI dependem de deliberação pela 
respectiva Casa. 
• Nos demais casos não há a necessidade de deliberação a 
respeito, pois há a perda de uma condição para o exercício da 
função. 
• Necessidade de respeito ao devido processo legal, conforme 
previsto em Regimento 
Deputados Estaduais e 
Distritais, Vereadores 
• Deputados Estaduais seguem a mesma sistemática de 
imunidades dos congressistas (art. 27, §1º, CR) 
• O mesmo para Deputados Distritais (art. 32, §3º, CR) 
• Ambos possuem, portanto, imunidades formais e materiais 
 
• Vereadores, por sua vez, não possuem imunidade formal 
(freedom from arrest). 
• Possuem imunidade material (freedom of speach), contudo 
esta é limitada na circunscrição do Município.

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