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DPC Controle de Constitucionalidade apontamentos

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Controle de Constitucionalidade: apontamentos
Direito Processual Constitucional 
FAMES/ 2016.1
Profa. Angelita Woltmann – awoltmann@gmail.com
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O que é?
Técnica de limitação do poder
Submissão dos poderes instituídos à supremacia da Constituição
Juízo de adequação da norma infraconstitucional (objeto) à norma constitucional (parâmetro)
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INCONSTITUCIONALIDADE
Pode derivar do comportamento (ação ou omissão) do legislador, do Administrador Público ou do judiciário
Excluem-se os comportamentos e atos de particulares
Esses atos podem ser impugnados, mas não através dos mecanismos estritos do Controle de Constitucionalidade
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Norma constitucional inconstitucional? 
(Teoria de Otto Bachof)
O STF e a doutrina refutam a possibilidade de haver inconstitucionalidade de normas constitucionais originárias
ADIn 815-DF (28.03.1996)
Cláusulas pétreas seriam apenas limite de atuação do Poder Constituinte Derivado, mas não parâmetro de hierarquia entre as normas constitucionais originárias
O STF entende que quanto à norma pré-constitucional não há juízo de constitucionalidade, mas sim de recepção ou não pela Constituição superveniente
Norma anterior incompatível com nova Constituição será revogada e não declarada inconstitucional
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Sistemas de Controle 
Controle judicial – nasceu nos EUA, primeiro Estado a reconhecer a competência do Judiciário para, nos casos concretos, declarar a inconstitucionalidade das leis.
Maioria das Constituições no mundo seguem essa opção, inclusive a CF/88 no Brasil
Controle político – quando a Constituição define que o controle de constitucionalidade seja realizado por órgão diverso do Judiciário. Pelo Legislativo, Executivo ou órgão independente. 
Ex. França (Const. 1958) – controle exercido por Conselho Constitucional, órgão que se situa fora da estrutura orgânica dos demais Poderes
Controle Misto – competência para fiscalização de algumas normas a um órgão político e de outras ao Poder Judiciário
Ex. Suíça, normas locais – fiscalizadas pelo Poder Judiciário; normas nacionais – submetem-se a controle político
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 Modelos ou sistemas 
de Controle 
Controle difuso (jurisdição constitucional difusa ou aberta) – criação dos EUA
Competência para fiscalizar a validade das leis é de todos os componentes do Judiciário
Surgiu com o célebre caso Marbury x Madison (1803)
Suprema Corte Americana firmou entendimento de que o Judiciário poderia deixar de aplicar uma lei ao caso concreto por entendê-la inconstitucional
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Modelos ou sistemas de Controle
Controle Concentrado ( ou reservado) – instalado inicialmente na Áustria (1920), sob a influência de Kelsen
Competência para realizar o controle de constitucionalidade é de um único órgão, ou, excepcionalmente, a um número limitado de órgãos
Para Kelsen a fiscalização das leis representava tarefa especial, que não deveria ser conferida a todos os membros do Judiciário, já encarregados de exercerem a jurisdição, mas somente a uma Corte Constitucional, que deveria desempenhar exclusivamente essa função
Tribunal Constitucional Austríaco – não tinha função de solucionar casos concretos, mas apenas a anulação genérica de lei incompatível com a Constituição
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Quando surge no Brasil?
- No Brasil (1891), sob inspiração de Rui Barbosa – modelo difuso
Após (1934), temos a primeira ação no modelo concentrado (ADI Interventiva) e, posteriormente (1946), surge a ADI genérica.
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Vale lembrar que:
Jurisdição concentrada não é exclusividade do STF: 
Existe o controle abstrato em cada Estado-Membro e no Distrito Federal para a defesa da respectiva Constituição Estadual e da Lei Orgânica do DF contra leis locais (Art. 125, §2º), a ser instaurado perante o TJ respectivo.
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Momentos de controle: PREVENTIVO
O controle preventivo da constitucionalidade dos projetos de emendas à Constituição Federal e dos projetos de lei federal, que tem por objetivo evitar que normas inconstitucionais ingressem no ordenamento jurídico.
Em primeiro lugar é feito pelas comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (em especial a Comissão de Constituição e Justiça e Redação da Câmara e a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado) 
O controle preventivo também pode ser efetivado pelo Presidente da República, via sanção e veto. 
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Momentos de controle: REPRESSIVO
O controle repressivo da constitucionalidade visa expulsar as normas inconstitucionais do ordenamento jurídico. Será realizado sobre a lei, e não sobre o Projeto de Lei, como ocorre no preventivo.
É exercido junto ao Poder Judiciário e processa-se por duas vias: uma difusa (indireta, de exceção ou de defesa), que consiste basicamente na argüição de uma lei ou ato normativo dentro de um processo judicial comum; outra concentrada (direta, de ação ou de controle abstrato), cujas características bem se resumem na existência de uma ação cujo propósito único e exclusivo é a declaração de (in)constitucionalidade de uma norma.
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Ainda excepcionalmente, admite-se que, por ato administrativo expresso e formal, o chefe do Poder Executivo (mas não os seus subalternos) negue cumprimento a uma lei ou ato normativo que entenda flagrantemente inconstitucional até que a questão seja apreciada pelo Poder Judiciário, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal (RTJ 151/331) 
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CONTROLE DIFUSO, VIA DIFUSA OU VIA DE EXCEÇÃO (INDIRETA OU DE DEFESA) 
Qualquer órgão judicante singular, tribunal estadual ou tribunal federal, por provocação ou de ofício, tem competência para apreciar a constitucionalidade das leis e atos normativos pela via de exceção.
A declaração de inconstitucionalidade, portanto, não é o objeto principal do processo, mas a apreciação do incidente é essencial para que o pedido seja analisado. Por isso, diz-se que o procedimento é incidenter tantum, 
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Legitimação ativa 
As partes do processo
os eventuais terceiros admitidos como intervenientes no processo 
o representante do Ministério Público que atue no feito como fiscal da lei (custos legis)
o juiz ou tribunal de ofício
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Espécies de ações judiciais
O controle difuso pode ser iniciado em toda e qualquer ação judicial
A ação civil pública pode ser utilizada como instrumento de controle, desde que com feição de controle incidental
O que não se admite é o uso da ação civil pública tendo por objeto principal a declaração da inconstitucionalidade em tese, pois haveria usurpação da competência privativa do STF de realizar a jurisdição abstrata com eficácia geral
O controle difuso poderá ter como objeto toda e qualquer espécie normativa (leis e atos adiministrativos em geral)
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Efeitos do controle difuso
Regra: O efeito da declaração no controle difuso é inter partes, só valendo para o caso concreto, e a decisão tem eficácia ex tunc, ou seja, retroativa.
Exceção: ocorrendo a declaração incidental de inconstitucionalidade pelo STF (art. 52, X da CF/88), o Senado Federal poderá editar uma resolução suspendendo a execução, no todo ou em parte, da lei ou ato normativo, declarando inconstitucional por decisão definitiva do STF, que terá efeitos erga omnes (ou seja, contra todos), e ex nunc (não retroage), ou seja, somente a partir da publicação da citada resolução senatorial.
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=> O Senado é obrigado a suspender os efeitos?
O Senado não está obrigado a editar a resolução suspensiva, conforme já reconheceu o próprio Supremo Tribunal Federal. 
Tal resolução tem caráter discricionário, o que faz com que sua edição fique a depender do critério de oportunidade e conveniência do próprio Senado.
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IMPORTANTE (Alexandre de Moraes)
Apartir da EC 45/2004, nas questões constitucionais de repercussão geral, o STF, analisando incidentalmente a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo, poderá, imediatamente e respeitados os requisitos do art. 103-A da CF/88, editar Súmula Vinculante, que deverá guardar
estrita especificidade com o assunto tratado, permitindo que se evite a demora na prestação jurisdicional em inúmeras e infrutíferas ações idênticas sobre o mesmo assunto.
Temos 55 SV até o presente momento (abr/2016)
Assim, não será mais necessária a aplicação do art. 52, X da CF/88 (cuja efetividade, até hoje, foi reduzidíssima).
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Súmula Vinculante
Art. 103-A
Lei 11417/2006 regulamenta
Poderão provocar o STF para edição, cancelamento ou revisão de Súmula Vinculante:
Os legitimados para ADIn (Art. 103)
Defensor Público Geral da União
Tribunais Superiores
TJ dos Estados e DF
TRF´s
TRT´s
TRE´s
Tribunais Militares
Município – poderá propor incidentalmente nos processos em que seja parte. Não pode provocar diretamente o STF (Art. 3º, §1º Lei 11417/2006)
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Súmula Vinculante
Para a edição de Súmula Vinculante, 4 requisitos cumulativos:
Matéria constitucional
Existência de reiteradas decisões do STF sobre essa matéria constitucional
Se a matéria já foi decidida em controle abstrato, não cabe falar em Súmula Vinculante, pois aquela decisão já possui eficácia geral
Existência de controvérsia atual entre órgãos Judiciários ou entre esses e a Administração Pública
A controvérsia acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica
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CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (art. 97 CF/88)
“Questão de ordem” – vai para o Pleno ou Órgão especial do Tribunal .
Art. 93, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
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CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (art. 97 CF/88)
Somente pelo voto da maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal (ou do respectivo órgão especial – art. 93, XI da CF/88) poder-se-á declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, sob pena de nulidade absoluta da decisão emanada pelo órgão fracionário – Turma, Câmara ou Seção.
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Rejeitada a alegação (ou seja, não reconhecida a inconstitucionalidade), prosseguirá o julgamento, que poderá, via Recurso Extraordinário, chegar até o STF, que, assim como o Tribunal de 2ª instância, também irá realizar o controle difuso, de forma incidental, observando as regras do art. 97 da CF.
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Por outro lado, se for acolhida (reconhecida a inconstitucionalidade pelo órgão fracionário), será lavrado acórdão, a fim de que a questão seja submetida ao Tribunal pleno (ou órgão especial).
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Caso o órgão especial ou o pleno do Tribunal (ou do Supremo Tribunal Federal) já tenha se manifestado pela inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em análise, dispensa-se nova manifestação.
O STF, todavia, tem abrandado essa exigência, ao entendimento de que a obediência à cláusula de reserva de plenário só é necessária quando for a primeira vez que o tribunal estiver apreciando e declarando a inconstitucionalidade da norma hostilizada – ECONOMIA PROCESSUAL
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Requisitos para se entender pela excepcionalidade da aplicação do art. 97 da CF (MORAES, 2007, p. 687):
existência anterior de pronunciamento da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pelo Plenário do STF;
existência, no âmbito do tribunal a quo, e, em relação àquele mesmo ato do Poder Público, de uma decisão plenária que haja apreciado a controvérsia constitucional, ainda que desse pronunciamento não tenha resultado o formal reconhecimento da inconstitucionalidade da regra estatal questionada.
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Recurso Extraordinário 
STF atua não só na Jurisdição Concentrada, mas também como órgão revisor, nas hipóteses do Recurso ordinário (Art. 102, II) e Extraordinário (Art. 102, III)
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Duas inovações trazidas pela EC 45/2004
Passou a prever Art.102,III,d que antes era de competência do STJ, através de Recurso Especial
Se conflito for entre ato administrativo de governo local e lei federal, a competência permanece com o STJ (Art. 105, III,b)
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Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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Passou a exigir a Repercussão Geral para admissão do Recurso Extraordinário
Art. 102, §3º
Art. 543-A CPC
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Art. 102 § 3º - No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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O SISTEMA DE CONTROLE CONCENTRADO 
A - Ação direta de inconstitucionalidade genérica (ADIn ou ADI) – art. 102, I, “a”
B - Ação direta de inconstitucionalidade interventiva – art. 36, III e alterações da EC 45/2004
C - Ação de inconstitucionalidade por omissão – art. 103, § 2º
D - Ação declaratória de constitucionalidade (ADC ou ADECON) – art. 102, I, “a” in fine e alterações das EC 3/1993 e 45/2004
E - Argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) – art. 102, § 1º
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PARA CONFERIR O CONTEÚDO DAS AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO, VIDE APOSTILA.
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Referências
ARAUJO, Luis Alberto David et Vidal Serrano Nunes Junior. Curso de Direito Constitucional. Editora Saraiva., 2005. 
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de Direito Constitucional. Editora Lumen Juris, 2006, Rio de Janeiro. 
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 5ª edição, Editora Saraiva 2007.

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