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Direito Constitucional II - 2018-2 - Aula 14 - Poder Legislativo - parte 4

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Direito Constitucional II
Paulo Máximo
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AULA 14
Unidade 2
Poder Legislativo – Parte 4
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Impedimentos ou vedações:
A Constituição não previu apenas privilégios ao exercentes do posto parlamentar, mas também uma série de exigências, denominados impedimentos ou vedações, que estão previstas em seu art. 54 (TAVARES, p. 1006).
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classificação:
Os impedimentos podem ser classificados de duas formas:
Quanto ao início: 
desde a diplomação (art. 54, I); ou 
desde a posse (art. 54, II).
Quanto à natureza:
Contratuais (art. 54, I, “a”);
Funcionais (art. 54, I, “b” e II, “b”);
Profissionais (art. 54, II, “a” a “c”); e 
Políticas (art. 54, II, “d”).
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VEDAÇÕES E SUPLENTES:
Os impedimentos não se aplicam aos suplentes dos parlamentares:
As restrições constitucionais inerentes ao exercício do mandato parlamentar não se estendem ao suplente. A eleição e o exercício do mandato de prefeito não acarretam a perda da condição jurídica de suplente, podendo ser legitimamente convocado para substituir o titular, desde que renuncie ao mandato eletivo municipal. (MS 21.266, Rel. Min. Célio Borja,julgamento em 22-5-91, 1ª Turma, DJ de 22-10-93)
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Perda do mandato :
A infração a uma das vedações gera, segundo o art. 55, I, da Constituição a perda de mandato do parlamentar federal.
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Perda do mandato :
A perda do mandato pode ocorrer de duas formas:
Cassação do mandato: a decisão tem natureza (des)constitutiva.
Extinção do mandato: a “decisão” tem natureza declaratória.
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Extinção do mandato :
A extinção do mandato ocorrerá nas hipóteses taxativas dos incisos III, IV e V da CF.
Trata-se de procedimento abreviado.
A iniciativa do procedimento será da Mesa diretora da casa onde o parlamentar pertença, por qualquer membro da casa, ou por partido com representação no Congresso Nacional.
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Hipóteses de perda do mandato (art. 55)
Peculiaridades
III - quedeixar de comparecer, em cada sessão legislativa, àterça parte das sessões ordinárias da Casaa que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
§3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perdaserá declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício oumediante provocação de qualquer de seus membros,ou de partido político representado no Congresso Nacional,assegurada ampla defesa.
IV - queperderoutiversuspensososdireitos políticos;
V - quando odecretar a Justiça Eleitoral,nos casos previstos nesta Constituição;
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Cassação do mandato :
A cassação do mandato é o ato final de um processo administrativo disciplinar do parlamentar.
As hipóteses estão previstas no art. 55, I, II e VI da CF.
A decisão tem um elemento de discricionariedade política.
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Cassação do mandato :
A iniciativa do procedimento de cassação se dá pela mesa da casa ou por partido político com representação no Congresso Nacional.
Caberá ao plenário decidir sobre o mérito do caso por maioria absoluta dos membros
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Voto secreto?
Até a Emenda Constitucional nº 76/13 a redação do art. 55, § 2º previa a necessidade de votação secreta para as hipóteses de cassação do mandato parlamentar.
A emenda suprimiu o termo votação secreta do dispositivo.
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Voto secreto?
Pedro Lenza, Bernardo Gonçalves Fernandes, Dirley da Cunha Jr., Marcelo Novelino defendem a abolição do voto secreto.
CUIDADO: a Constituição não determina a votação aberta ou proíbe a votação secreta.
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IMPORTANTE:
O mérito referente ao decoro parlamentar é da casa legislativa. O STF não pode reavaliar a decisão:
Ato da Mesa da Câmara dos Deputados, confirmado pela Comissão de Constituição e Justiça e Redação da referida Casa legislativa, sobre a cassação do mandato do impetrante por comportamento incompatível com o decoro parlamentar. (...) Não cabe, no âmbito do mandado de segurança, (...) discutir deliberação, interna corporis, da Casa Legislativa. Escapa ao controle do Judiciário, no que concerne a seu mérito, juízo sobre fatos que se reserva, privativamente, à Casa do Congresso Nacional formulá-lo. [MS 23.388, rel. min. Néri da Silveira, j. 25-11-1999, P, DJ de 20-4-2001.]
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Perda do mandato em função de sentença condenatória transitada em julgado:
Na AP 470 (mensalão) o STF, por 5 x 4, entendia que a perda do mandato era automática, ou seja, não dependia de manifestação da casa.
Após AP 565 o STF alterou o entendimento (6x4) para que a Casa seja informada e delibere sobre a perda, nos termos do art. 55, § 2º.
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Hipóteses de perda do mandato (art. 55)
Peculiaridades
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigoanterior (art. 54 - impedimentos);
§ 1º - É incompatívelcom o decoro parlamentar,além dos casos definidos no regimento interno,o abuso das prerrogativasasseguradas a membro do Congresso Nacional ou apercepção de vantagens indevidas.
§2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional,assegurada ampla defesa.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
II - cujo procedimento for declarado incompatível com odecoro parlamentar;
VI - que sofrercondenação criminal emsentença transitada em julgado.
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Compatibilidades com o mandato
O art. 56 da Constituição traz as hipóteses em que há compatibilidade entre a conduta do parlamentar.
Nessas hipóteses haverá o afastamento legítimo, sem a perda do mandato.
Ele será substituído por seu suplente.
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Novas eleições:
Faltando mais de 15 meses e não havendo suplentes, é necessário fazer novas eleições:
Novas eleições
01/01/2015
31/10/2017
31/12/2018
Início da legislatura
Data limite
Fim da legislatura
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IMPORTANTE:
Havendo a suspensão do mandato pela prisão processual ou outra medida judicial de natureza cautelar, o procedimento de cassação por falta de decoro não é suspenso.
(...) a suspensão do exercício do mandato do impetrante, por decisão do STF em sede cautelar penal, não gera direito à suspensão do processo de cassação do mandato, pois ninguém pode beneficiar-se da própria conduta reprovável.  [MS 34.327, rel. min. Roberto Barroso, j. 8-9-2016, P, Informativo 838.]
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Renúncia do mandato:
O parlamentar submetido a processo de cassação de mandato pode renunciar ao mandato. 
Havendo a renúncia, seus efeitos ficam suspensos até a decisão final da Casa.
Deliberada a cassação: a renúncia é arquivada.
Negada a cassação: aceita-se a renúncia.
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Renúncia do mandato:
Havendo a cassação por falta de decoro parlamentar, o candidato se torna inelegível, nos termos do art. 1º, I, b da LC 64/90.
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Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura; (Redação dada pela LCP 81, de 13/04/94)
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Infidelidade partidária:
O STF decidiu que é constitucional a Resolução nº 22.610/07 do TSE em que consta que a troca partidária, sem justa causa, gera a perda do mandato. 
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A resolução optou por não definir o conceito de ausência de justa causa, preferindo, a contrario sensu, estabelecer como juta causa as seguintes hipóteses:
incorporação ou fusão do partido;
criação de novo partido;
mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e
grave discriminação pessoal.
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Posteriormente o STF entendeu que a perda por infidelidade só é aplicável aos cargos por eleição proporcional.
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(...) As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidadepartidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). [ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-2015.] Vide MS 26.604, rel. min. Cármen Lúcia, j. 4-10-2007, P, DJE de 3-10-2008
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REFERÊNCIAS:
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 11 ed. rev. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2017.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 20 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo, 2016.
MENDES, Gilmar Ferreira. e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. rev., ampl. e atual. Salvador; JusPodivm, 2017.
TAVARES, André Ramos. Direito constitucional. 15 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017.

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