Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROFESSOR GIOVANI SOLDERA – CREF 002426 – G/ES ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR . PROFESSOR GIOVANI SOLDERA – CREF 002426 – G/ES ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. A EDUCAÇÃO ESPECIAL AO LONGO DOS ANOS ....................................... 01 2. A INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ........................................................ 09 2.1 A contribuição da declaração de Salamanca ............................................ 09 3. A EDUCAÇÃ FÍSICA ADAPTADA .................................................................. 15 3.1 História da Educação Física Adaptada ..................................................... 15 3.2 Educação Física Adaptada Conceitos ....................................................... 17 3.3. A Educação Física na Educação Especial ............................................... 19 4. ATIVIDADES PRÁTICAS E EXERCÍCIOS ...................................................... 21 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 52 PROFESSOR GIOVANI SOLDERA – CREF 002426 – G/ES ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR INTRODUÇÃO Com objetivos específicos, pretendeu-se questionar atitudes e procedimentos pedagógicos com relação à participação de crianças com deficiências nas unidades escolares, difundindo informações corretas amparadas pela lei; reconhecer que a inclusão do aluno portador de necessidades educativas nas classes do ensino regular facilita as relações interpessoais e o exercício da sua cidadania; propor atividades/ações para a realização da inclusão escolar, minimizando a problemática evidenciada. Com este e-book deseja-se oferecer subsídios para as tomadas de decisões no que se refere à política do trabalho de inclusão junto às escolas, indicar mecanismos de preparação de professores de Educação Física que atuam na área, quanto à melhoria da prática escolar, e oferecer indicadores para as propostas curriculares nos planos das instituições e a dinâmica dos professores em seu processo ensino/aprendizagem principalmente na Educação Física Escolar Foram pesquisadas obras de Sassaki, Stainback, Wernek, Mazzota, Gonzáles e outros autores, bem como textos e reportagens de revistas, e observações informais por meio da experiência de trabalho por mim realizadas em Instituições de Ensino dos municípios de Aracruz e Ibiraçu no Estado do Espírito Santo. 1 CAPÍTULO I A EDUCAÇÃO ESPECIAL AO LONGO DOS ANOS Na antiguidade, entre os romanos, a concepção quanto aos deficientes era de que todo recém-nascido mal constituído devia ser morto asfixiado, se fossem débeis ou anormais, eram afogados. Entre os gregos, os deficientes eram sacrificados ou escondidos dos demais. Para a igreja, a deficiência apresentada por alguma criança representava uma punição a ela devido a pecados cometidos pelos seus antepassados. Na Idade Média (476 a 1453), as formas de se conceber a pessoa com deficiência eram variadas. Primeiramente, essas pessoas eram excluídas de tudo e de todos, no mesmo patamar que os loucos e os possuídos pelo demônio, devendo, portanto, serem afastados do convívio social ou mesmo sacrificados. Os deficientes mentais, em especial, eram considerados seres diabólicos que mereciam castigos como forma de purificação. O período do Renascimento apresentou uma postura mais humanística em relação a esses indivíduos, porém, ainda permanece nesta época os preconceitos, a desvalorização e o estigma de incapacidade. 2 No século XIII, na Inglaterra, os portadores de deficiências chegaram a receber um atendimento privilegiado em relação a outros países. Eram protegidos por lei, tendo direito a um tutor e a um curador, os quais ficavam responsáveis por cuidar de seus bens. Até o século XV, as crianças que apresentavam algum tipo de deformação eram lançadas nos esgotos da Roma Antiga. No século XVII, tem início um movimento de mudança no que diz respeito à forma de a sociedade se relacionar com as pessoas deficientes, favorecendo a eles tratamento médico e busca de estratégias de ensino, embora os maus tratos ainda existam: “A visão da deficiência vem se modificando através dos tempos, como se pode constatar quando estudamos registros a respeito do desenvolvimento de diferentes abordagens educacionais e de saúde. Nos séculos XVI e XVII, a mitologia, o espiritismo e a bruxaria dominaram essa visão, levando a atitudes de julgamentos morais, perseguições, encarcerações, etc” (Cuzzuol, 1999, p. 148). No século XVIII, os portadores de deficiências, especialmente mentais, ficaram relegados a hospícios, asilos e até cadeias, pois eram considerados portadores de doenças hereditárias incuráveis e, como conseqüência, esses indivíduos apresentavam baixa-estima, depressão e distúrbios sexuais. “[...] até o século XVIII, as noções a respeito da deficiência eram basicamente ligadas ao misticismo e ocultismo, não havendo base científica para o desenvolvimento de nações realísticas. O conceito de diferenças individuais não eram compreendido ou avaliado” (Mazzota, 1996, p.31). 02 3 Ainda no começo do século XX, continuam as crenças, os mitos e os preconceitos em relação à deficiência, como diz Mazzota: “Na primeira metade do século XX, portanto, até 1950, havia quarenta estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder público [...] que prestavam algum tipo de atendimento escolar especial a deficientes mentais” (1996, p. 31). Entretanto, no decorrer do século, os portadores de deficiência passam a ser vistos como cidadãos dotados de direitos e deveres de participação na sociedade, mesmo que sob uma ótica assistencial caritativa. “A inclusão da ‘educação de deficientes’, da ‘educação dos excepcionais’ ou da ‘educação especial’, na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinqüenta e início da década de sessenta do século XX” (Mazzota, 1996, p.27). Na década de 50, as pessoas portadoras de deficiência eram terrivelmente tratadas pelos outros e apresentadas de forma horrível pela mídia. Os textos que abordavam o assunto passavam a idéia ao leitor que o deficiente era um coitado, um ser triste, inútil, assexuado, abandonado por Deus, doente etc. A década de 60 apresentou um significativo avanço no que diz respeito a esse assunto; a partir dos interesses político-econômicos, buscou-se novas práticas para o atendimento à pessoa com deficiência. Pelo fato de serem excluídas da sociedade e da família, as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência eram atendidas em instituições filantrópicas ou religiosas, as quais não estavam preparadas para trabalhar com esses indivíduos. Foi a partir daí que se desenvolveu em muitos países, a 03 4 Educação Especial para crianças deficientes. No começo, essa forma de educação era administrada por instituições voluntárias que recebiam o consentimento do governo para funcionarem. Um grande número de crianças acabou passando toda a vida dentro dessas instituições. Ainda nessa época, os pais e parentes de pessoas portadoras de deficiência se organizaram para lutar pela melhoria de tratamento em relação a esses indivíduos. Teóricos também passam a defender a idéia de adequação do deficiente à sociedade; e é ainda nesse período que a LDB 4024, de 1961, aponta para a necessidadedos deficientes se enquadrarem no sistema de educação. Foram criadas escolas especiais, centros de habilitação e reabilitação, oficinas de trabalhos, clubes sociais especiais e associações desportivas especiais. Já no final desta década, o movimento pela integração social buscou inserir pessoas portadoras de deficiência físicas, mentais e de altas habilidades nos sistemas sociais gerais, como por exemplo, no trabalho, no lazer, na sociedade e na família. Em 1970, percebe-se a necessidade de oferecer melhores condições de vida àqueles que foram mutilados na Guerra do Vietnã. Em conseqüência disso, os Estados Unidos avançam nas pesquisas referentes à inclusão. Nessa época, com o auxílio da Lei 94142, de 1975, são estabelecidas modificações dos currículos e criação de uma rede de informação entre escolas, bibliotecas, 04 5 hospitais e clínicas. Além disso, como declara Mazzota (1996; p. 46) “a partir de 1970, por convênio com a secretaria de Estado da educação, passou a ter professores estaduais colocados à sua disposição”. Oito anos mais tarde, em 1978, a Constituição Brasileira ressalta o direito das pessoas deficientes, assegurando-lhes condições melhores nos aspectos social, econômico e educacional. No entanto, a prática da integração social enquanto movimento, teve um impulso maior a partir da década de 80, quando surgiu a luta pelos direitos das pessoas portadoras de deficiências. Nesse período, várias Declarações e Tratados Mundiais começam a defender a inclusão e até mesmo o direito das pessoas deficientes freqüentarem o sistema escolar normal. Em 1989, por exemplo, a Lei Federal 7853 prevê a oferta gratuita e obrigatória da educação Especial em estabelecimentos públicos. Em 1990, a Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos realizada na Tailândia, prevê que a educação básica seja oferecida a todos, promovendo com isso, a igualdade, ampliação, dos meios e conteúdos da Educação Básica, bem como a melhoria do ambiente escolar. Ainda nesse ano, o Brasil aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente, solidificando o atendimento especializado para portadores de deficiência na rede regular de ensino. 05 6 A meta da Conferência Mundial de Educação para todos, realizada nesse período, foi garantir a democratização da educação, independente da particularidade dos alunos. Em 1994, a Declaração de Salamanca é assinada, proclamando as escolas regulares inclusivas como o meio mais eficiente de combater a discriminação, e por isso, ressalta que as escolas devem atender e acolher todas as crianças, independente das condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou mesmo lingüísticas que estas apresentem. A Declaração de Salamanca comprova a necessidade de se dar as crianças e aos adolescentes, sobretudo aos que tem necessidades especiais, as condições para que sejam matriculadas na escola comum, rompendo dessa forma, com a prática da separação social e da distinção entre os desiguais; favorecendo então, o surgimento de um movimento pedagógico, com características democráticas e pluralista, que garantam não somente o acesso, mas também a permanência de cada aluno nos níveis estruturais no sistema educacional e o respeito por sua identidade social: “Os professores experientes de turmas inclusivas indicam que os problemas prioritários no manejo da turma são: 1) moldar o ensino para o nível adequado de cada aluno, 2) facilitar a aceitação por parte dos colegas de alunos com diferenças, e 3) enfrentar efetivamente comportamentos fisicamente perigosos e significativamente destrutivos” (Stainback e Stainback, 1999, p. 341). A partir da proposta de “Educação para Todos”, o paradigma da inclusão passou a ser discutido com mais freqüência, sendo vista como um dos fatores 06 7 principais da universalização de uma escola de qualidade que, ao invés de expulsar ou menosprezar os alunos vistos como “especiais”, enfrente a realidade educacional visando à realização de um processo de ensino- aprendizagem que respeite os interesses, as potencialidades e as experiências acumuladas pelos alunos. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, também aponta para essa necessidade. Diante desse breve histórico, percebe-se que por vários séculos as pessoas portadoras de deficiência eram excluídas da sociedade e eram vistas como incapazes de realizar qualquer tipo de atividade porque essas pessoas eram consideradas inválidas, sem nenhuma utilidade para a sociedade e incapazes de trabalhar, independente da deficiência apresentada por este indivíduo. Em conseqüência disso, era comum que as pessoas deficientes fossem eliminadas do meio social ou até mesmo internadas em instituições de caridade, junto com os doentes e idosos, onde recebiam abrigo, alimentação medicamento e algumas atividades para ocupar o tempo. Gradativamente, essas instituições foram se especializando de modo que melhor pudessem atender as pessoas que lá fossem chegando e que eram portadoras de alguma deficiência, já que a sociedade não aceitava receber 07 8 esse tipo de pessoas nos serviços desenvolvidos na comunidade. De acordo com a Resolução CNE/CEB Nº 2 de 2001, em seu Artigo 1º, parágrafo 2º: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos em necessidades especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.” Entretanto, atualmente ainda se faz necessário analisar questões relevantes no âmbito da educação especial e na inclusão de alunos portadores de deficiências no ambiente de ensino regular, pois infelizmente, mesmo que em grau bem menor, ainda existe preconceito em relação a essas pessoas. E é justamente esse assunto que se buscará abordar no decorrer do presente trabalho monográfico, objetivando orientar o encaminhamento de políticas e práticas educacionais relacionadas às pessoas portadoras de necessidades especiais. 08 9 CAPÍTULO II 2. A INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR 2.1 A contribuição da Declaração de Salamanca A Declaração de Salamanca teve sua origem na Assembléia de Salamanca, na Espanha, em junho de 1994, onde se reuniram representantes de 92 países e 25 organizações internacionais, com o objetivo de discutir e proporem alternativas que pudessem concretizar as metas da Conferência Mundial sobre a “Educação para Todos”, idealizada em março de 1990 na Tailândia. Esse documento ressalta a importância das escolas regulares valorizarem a educação inclusiva, pois dessa forma será mais fácil combater atitudes discriminatórias, o que propiciará melhores condições para o desenvolvimento de comunidades integradas e, conseqüentemente, de uma sociedade inclusiva e uma educação para todos. “O princípio da inclusão consiste no reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à “escola para todos” – um lugar que inclua todos os alunos, celebre a diferença, apóie a aprendizagem e responda as necessidades individuais” (Sassaki, 1997, p. 119). A Declaração de Salamanca apresenta a inclusão de toda e qualquer criança no ensino regular, independente das condições físicas, da origem social ou cultural desses sujeitos aprendizes. 10 Sendo assim, o documento defende a idéia de a criança deficiente ter direito a educação, uma vez que esta é dotadade características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagens. O documento frisa também a importância dos sistemas de educação inclusiva e o cumprimento das mesmas por parte do governo para o alcance de uma real inclusão desses indivíduos no meio circundante. Ao serem inseridos na educação, dita regular, os alunos com necessidades especiais se desenvolvem da mesma maneira e passam a adquirir experiências sociais que serão úteis ao seu crescimento integral. O livro Salto para o Futuro enfatiza que: “[...] a escola será tanto mais democrática à medida que acolher, educar e ensinar a todos, ao mesmo tempo em que respeite as diferenças individuais, estimulando em especial o desenvolvimento da capacidade do aluno de aprender a aprender” (1999, p. 14). Diante disso, verifica-se que o processo de inclusão diz respeito a um processo educacional que objetiva a atender as necessidades destes alunos e trabalhar para o progresso da capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Torna-se, portanto, um processo constante e por isso precisa ser continuamente revisto. A educação inclusiva busca, assim, atingir todos os alunos que estão inseridos no sistema educativo, propiciando-lhes programas educacionais apropriados e 11 diversificados que possam trabalhar as potencialidades, limitações e necessidades individuais desses aprendizes. No entanto, a condição estrutural das instituições de ensino, constitui-se o fator principal que impede o atendimento eficaz dos alunos que apresentam necessidades especiais, pois o que se observa é que não há local apropriado para a transação desses alunos na escola bem como os demais suportes necessários para a permanência desses indivíduos neste ambiente: “Para aqueles educandos que apresentam necessidades educacionais [...] as instituições escolares devem contar com os meios adequados para atendê-los, ainda que isto implique a provisão de recursos que usualmente não fazem parte de sua organização” (Mazzota, 1987, p.36). Deve-se, enfim, buscar garantir a permanência do aluno deficiente no ambiente escolar comum e a inserção dos objetivos educacionais no processo de ensino com essas crianças. Para que a inclusão do aluno com deficiência na escola regular seja eficaz, são necessárias tomadas de decisões dos mais variados tipos, como por exemplo: amplas e contínuas campanhas de esclarecimento ao público de forma geral; maior aprofundamento do assunto por parte das autoridades educacionais para orientar alunos comuns e especiais e os respectivos familiares; treinamento para os professores, enfocando conceitos exclusivistas bem como os princípios da inclusão escolar e também adotar procedimentos em sala de aula e as 12 atividades extracurriculares, buscando a efetivação de melhores práticas de ensino-aprendizagem. Isso se faz necessário, porque as principais resistências em se conseguir uma efetiva inclusão se encontram tanto no âmbito escolar como nos demais setores, e estas ocorrem justamente por causa do desconhecimento ou de informações incorretas a respeito da inclusão. “Se realmente desejamos uma sociedade justa e igualitária, em que todas as pessoas tenham um valor igual e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos em nossas escolas, para proporcionar os alunos com deficiência as oportunidades e as habilidades para participar da nova sociedade que está surgindo” (Stainback e Stainback, 1999, p. 29). No processo de inclusão é preciso priorizar também a participação ativa da família e da sociedade, de forma que todos os envolvidos aprendam a viver juntos e a educar juntos, desenvolvendo assim a compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizando projetos comuns e preparando para gerar conflitos que contribuam para desenvolver a criticidade, respeitando os valores do pluralismo, da justiça e da solidariedade. Quando as escolas buscam incluir todos os alunos, sem distinção, a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e atuantes. Por outro lado, como destaca Stainback e Stainback, (1999, p. 27) “quando as escolas são excludentes, o preconceito fica inserido na consciência de muitos alunos quando eles se tornam adultos, o que resulta em maior conflito social e em uma competição 13 desumana”. Assim, fica evidente a necessidade de todas as crianças terem a oportunidade de se tornarem membros regulares tanto da vida educacional como da social. Quando a educação ocorre por meio de um ensino planejado e organizado de acordo com os recursos e procedimentos pedagógicos necessários, a escola está estimulando uma atitude coletiva institucional vinculada ao mundo do trabalho e a prática social, favorecendo parcerias que facilitem a inclusão social do aluno enquanto cidadão. Para que isso seja possível, o projeto pedagógico precisa ser norteado por três princípios fundamentais. O primeiro é o da igualdade de direitos, independente da origem e da condição social do aluno. O segundo é o da concepção da escola como espaço social da socialização e da integração do homem ao conhecimento acumulado. E, por último, o entendimento da preparação cultural como meio para a inserção social do indivíduo como cidadão. Ao mencionar as principais barreiras para uma efetiva integração do aluno portador de deficiência, Santos (1999, p. 10) afirma que “a maior barreira à integração é a discriminação, fruto da desinformação, seguida do despreparo do professor e da comunidade escolar para atuar com seu alunado”. Entretanto, é preciso ressaltar que a educação, embora tenha sido objeto de 14 severas críticas no que tange ao seu desempenho, tem um papel decisivo nessa busca para constituir um caminho possível para a inserção social. Muitos acreditam que apenas algumas pessoas portadoras de deficiência podem ser beneficiadas com a educação e que esses indivíduos são tão especiais que somente professores especializados e escolas especiais têm condições de contribuir para seu avanço através de métodos especiais. No entanto, é preciso reverter este quadro e clarear a visão adotada por muitos em relação a esses sujeitos, pois embora estes necessitem de medidas especiais, um grande número de portadores de deficiência tem condições de serem atendidos em classes comuns e, conseqüentemente, obter o direito de exercer a sua cidadania. Mas, para que isso realmente aconteça, é imprescindível que os profissionais educacionais se aprofundem nessas práticas buscando uma melhor eficácia de sua atuação na área educativa. Além disso, é necessário haver uma sensibilização de todo o corpo docente, discente e funcionários do espaço escolar bem como a preocupação em estar realizando um programa de capacitação e aprimoramento profissional: “[...] é melhor ensinar as crianças deficientes a desenvolver poucas habilidades em ambientes diversos do que ensiná-las muitas habilidades em ambientes restritos. Isso só pode ser conseguido com a integração, jamais com a segregação ou isolamento” (Werneck, 1993, p. 48). Para que a educação inclusiva seja um germinador de consciências transformadoras para o futuro é preciso que esta proporcione ao educando 14 15 espaços de cooperação, reflexão, solidariedade e de comunhão, dando-lhe a oportunidade de desenvolver suas capacidades, de forma que possa ser reconhecido como um ser humano normal dotado de habilidades jamais imaginadas. 3. A EducaçãoFísica Adaptada por MS Aline Miranda Strapasson 3.1. História da Educação Física Adaptada Historicamente, a origem da participação de pessoas deficientes que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas ocorreu em programas denominados de ginástica médica, na China, cerca de 3 mil anos a.C. (GORGATTI; COSTA, 2005). Mas, foi a Primeira Guerra Mundial que exerceu fator essencial no uso de exercícios terapêuticos e atividades recreativas que auxiliavam na restauração da função. (ADAMS, 1985). Já, no final do século XIX até a década de 1930, de acordo com Mazzotta (2003), os programas de atividade física começaram a passar de treinamento físico com orientação médica para Educação Física (EF) voltada ao esporte, e surgiu a preocupação com a criança como um todo. Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o uso de exercícios terapêuticos em hospitais para a força e função muscular. Centros de convalescença (recuperação que se segue a doença, operação, traumatismo, etc) e reabilitação foram criados. Jogos e esportes adaptados para amputados, paraplégicos e outros com deficiências maiores tornaram-se populares. (ADAMS, 1985). Portanto, as atividades físicas para deficientes iniciaram com o intuito de reabilitar jovens lesionados nas batalhas e foram introduzidas pelo médico (neurologista e neurocirurgião) Ludwig Guttman, que acreditava ser parte essencial do tratamento médico para recuperação das incapacidades e integração social. A partir de então, vem se difundindo pelo mundo todo e hoje exerce papel fundamental na vida dos praticantes. (ADAMS, 1985; ROSADAS, 1989; WINNICK, 2004). Segundo Sherrill (apud Winnick, 2004), os programas de EF entre as décadas de 1930 e de 1950 consistiam de aulas regulares ou corretivas para alunos que hoje seriam considerados "normais". 15 16 A autora relata, de forma sucinta, a EF Adaptada deste período: A indicação para a Educação Física se baseava em um exame completo realizado por um médico que determinava se o estudante devia participar do programa normal ou do corretivo. As aulas corretivas consistiam basicamente de atividades limitadas, restritas ou modificadas, relacionadas a problemas de saúde, postura ou aptidão física. Em muitas escolas, os alunos eram dispensados da Educação Física; em outras, o professor normalmente trabalhava em várias sessões diárias de Educação Física normal. Os líderes da Educação Física corretiva continuavam tendo sólida formação em medicina ou fisioterapia. (apud WINNICK, 2004, p. 12-13). A EF obrigatória nas escolas públicas aumentou drasticamente, e o treinamento de professores de EF (em lugar de médicos) teve como resultado a promoção dessa disciplina. (MAZZOTTA, 2003). Na década de 1950, afirma Winnick (2004), cada vez mais alunos descritos como deficientes utilizavam as escolas públicas e a visão em relação a eles ia se tornando cada vez mais humanística. Em 1952, segundo o autor, a American Association for Health, Physical Education and Recreation (Associação Americana de Saúde, EF e Recreação) constituiu um comitê para definir a subdisciplina e ditar orientações e diretrizes para os profissionais. Esse comitê definiu a Educação Física Adaptada como um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos, esportes e ritmos, adaptado aos interesses, às capacidades e limitações dos alunos portadores de deficiência que não podem participar com sucesso e segurança das rigorosas atividades do programa geral de Educação Física (Committee on Adapted Physical Education, 1952). (WINNICK, 2004, p. 10). A definição mostrava a crescente diversidade da EF e, especificamente, incluía as pessoas com deficiência, no que se constituiu a chamada EF Adaptada. Da ginástica médica à primeira concepção mais clara e consistente de EFAdaptada, adotada na década de 1950, muitos programas foram desenvolvidos com os mais diversos nomes, como EF Corretiva ou Ginástica Corretiva, EF Preventiva, EF Ortopédica, EF Reabilitativa e EF Terapêutica. (GORGATTI; COSTA, 2005). Mudanças de nomenclatura refletem a constante preocupação de profissionais e pesquisadores em atribuir uma identidade atualizada e devidamente contextualizada à EF Adaptada. 17 Seaman e De Pauw (apud Gorgatti e Costa, 2005, p.03), esclarecem que: À medida que os programas de Educação Física Adaptada assumiam uma identidade essencialmente educativa/pedagógica, outras denominações surgiram, como Educação Física Desenvolvimentista, Ginástica Escolar Especial, Educação Física Modificada, Educação Física Especial e Educação Física Adaptada. A diferença básica entre EF Especial e EF Adaptada, para Seaman e De Pauw (apud Gorgatti e Costa, 2005), está relacionada à constituição dos grupos, em virtude das limitações, onde os estudantes com deficiência não poderiam se engajar de modo irrestrito, de forma segura e com sucesso, em atividades vigorosas de um programa de EF. Exigia-se, portanto, que houvesse mudanças ou ajustes de metas, objetivos ou instruções. 3.2. Educação Física Adaptada: conceitos e objetivos A Educação Física (EF) tem um papel importante no desenvolvimento global dos alunos, principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos desenvolvimentos intelectual, social e afetivo. Quando se trata da EF Adaptada, pensamos em uma área de conhecimento que discute os problemas biopsicossociais da população considerada de baixo rendimento motor: portadores de deficiência física, deficiências sensoriais (visual e auditiva), deficiência mental e deficiências múltiplas. Ela procura tratar do aluno sem que haja desigualdades, tornando a auto- estima e a autoconfiança mais elevada através da possibilidade de execução das atividades, conseqüentemente da inclusão. As atividades proporcionadas pela EF Adaptada devem oferecer atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais, respeitando as diferenças individuais, visando proporcionar o desenvolvimento global dessas pessoas, tornando possível não só o reconhecimento de suas potencialidades, como também, sua integração na sociedade. (DUARTE; LIMA 2003). Em relação a conceito, a EF Adaptada (EFA), de acordo com Rosadas (1994, p. 05), "é a Educação Física aplicada em condições especiais, visando uma população especial que necessita de estímulos especiais de desenvolvimento motor e funcional". Já, para Barbanti (1994, apud DUARTE; LIMA, 2003, p. 92): 18 A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais. A EF Adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, sendo considerada, de uma maneira geral, como: atividades adaptadas às capacidades de cada um, respeitando suas diferenças e limitações, proporcionando as pessoas com deficiência a melhora do desenvolvimento global, conseqüentemente, da qualidade de vida. Na EF para deficientes o conteúdo não é diferente, mas sim adaptado para cada tipo de deficiência. Conforme Bueno e Resa (1995 apud GORGATTI; COSTA, 2005), a EF Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da EF em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. A EF Adaptada é uma parte de EF, cujos objetivos são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco éo desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esportes, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser considerados tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si). (GORGATTI; COSTA, 2005). Gorla (1997), cita que a EF Adaptada tem como objetivo, um programa constituído de diversas atividades, que visam atingir determinados objetivos de acordo com a idade cronológica e o grau de desenvolvimento dos indivíduos, visando uma melhoria no rendimento motor, crescimento e saúde. Bueno e Resa (1995, apud GORGATTI; COSTA, 2005), enfatizam que a EF Adaptada possibilita ao educando a compreensão de suas limitações e capacidades, auxiliando-o na busca de uma melhor adaptação ao meio. A EF Adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si, para conseguir isso, deve-se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas diferenças e limitações, trabalhar suas potencialidades, nunca subestimá-los, vibrar com suas conquistas, motivá-los a dar novos passos e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática recreativa e esportiva. (ROSADAS, 1989). A prática da EF é "um direito de todos, e sues programas devem dar prioridade aos grupos menos favorecidos da sociedade". (ROSADAS, 1994, p. 06). 19 3.3. A Educação Física na Educação Especial Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas com deficiência foram e são excluídas das aulas de Educação Física (EF). A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997). As escolas especiais, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), dividem a EF em: EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 anos) 1ª fase; EF Escolar para o Ensino Fundamental e Educação Profissional para os Ciclos de: Escolarização Inicial (7 a 14 anos) 2ª fase; Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos) 3ª fase. A formação de turmas para o atendimento em EF, proposta pela APAE Educadora (projeto escolar), deverá observar, além da idade cronológica do aluno para a inserção nas respectivas fases, o seu padrão funcional que é a capacidade de compreensão dos estímulos e de execução dos movimentos propostos. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005). Nas fases II (Escolarização Inicial) e III (Escolarização e Profissionalização), há três níveis de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção do aluno dever- se-á considerar suas condições físicas momentâneas. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005). Nível I: Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulação das percepções motoras, sensitivas, e mental com experiências vividas do movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais. Nível II: Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de atividades coletivas, visando à adoção de atitudes cooperativas e solidárias sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais. Nível III: Estimulação específica e iniciação esportiva; aprendizagem e desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação esportiva; 20 treinamento de habilidades esportivas específicas, visando à participação em treinamento e competições. Entende-se que na EF Adaptada deve ser mantida a integridade das atividades e promovida a maximização do potencial individual, uma vez conhecidas às metas do programa, convém modificá-las, apenas quando necessário, sempre respeitando as metas previamente determinadas, assegurando que as atividades sejam um desafio à todos os participantes e, sobretudo, que seja valorizada a diferença. (GORGATTI; COSTA, 2005). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 85) citam que: A Educação Física para alcançar todos os alunos deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de configurá-las como desigualdades. A pluralidade de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os alunos diferentes é justamente a capacidade de se expressarem de forma diferente. O processo de ensino aprendizagem, a respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética, estética, de relação inter pessoal e inserção social). Não se restringe a simples exercícios de certas habilidades corporais e exercê-las com autonomia de maneira social e culturalmente significativa. Para Gorgatti e Costa (2005), é importante focalizar o desenvolvimento das habilidades, selecionando atividades apropriadas, providenciando um ambiente favorável à aprendizagem encorajando a auto-superação, a todos os participantes da EF Adaptada. Concordamos com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), quando ele diz que a EF deve oportunizar à todos os alunos, independente de suas condições biopsicossociais, o desenvolvimento de suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando o seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos com deficiência não podem ser privados das aulas de EF. E assim, a EF faz parte de um processo de educação do ser humano, e, se bem trabalhada e administrada, poderá surtir efeitos benéficos para os praticantes, bem como para a sociedade. 21 4 – ATIVIDADES PRÁTICAS E EXERCÍCIOS ADAPTADOS Neste caderno o tema abordado será Jogos e Brincadeiras, práticas que se configuram pela sua diversidade tanto no ambiente escolar (recreio, entrada, saída, aula de educação física, etc...), quanto em outros espaços urbanos. Neste sentido, os jogos e brincadeiras nesses ambientes apresentam uma infinidade de sentidos e significados construídos/reconstruídos historicamente pelos sujeitos. O propósito deste caderno não é o de fazer uma discussão aprofundada sobre tais sentidos e significados presentes nos jogos e brincadeiras e sim de entendê-los e problematizá-los como conteúdos a serem trabalhados no ambiente escolar, mais especificamente no projeto de Escola de Tempo Integral, onde tais conteúdos possam ser vivenciados a partir de princípios educativos como: o direito a aprendizagem; o aluno (a) como co-autor deste processo de aprendizagem; construção/reconstrução coletiva de regras; ludicidade. Neste caderno os jogos e brincadeiras serão considerados como construções sócio-culturais, ou seja, como práticas constituídas de sentidos, significados, representações, construídas historicamente pelos sujeitos. Nesta perspectiva cabe, também à escola, refl etir e problematizar esses elementos presentes em tais práticas. Uma das possíveis representações construídas pode estar no fato de algumas brincadeiras serem entendidas como especifi camente de meninos e de meninas; fato este considerado como uma construção e que, no nosso entendimento, merece ser refletido e problematizado no cotidiano escolar. Outra representação presente em algumas brincadeiras aponta para o fator de exclusão, onde aquele (a) que erra será ou punido e/ou excluído da prática. Outra questão a ser considerada sobre os jogos e brincadeiras diz respeito à necessidade de se problematizar algumas concepções pedagógicas que abordam sobre esses conteúdos numa “perspectiva instrumental”, dentre as quais, aquelas que utilizam os jogos como importantes instrumentos de aprendizagem de conteúdos da matemática e outras disciplinas bem como, 22“válvula de escape” para recompor as “energias“ das crianças e adolescentes para as atividades ditas como “mais sérias” no cotidiano escolar. Tais dimensões limitam e restringem um entendimento mais ampliado sobre os jogos e brincadeiras como conteúdos de ensino. Em relação ao princípio do direito a aprendizagem consideraremos o conteúdo jogos e brincadeiras como conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade. Neste processo entendemos que os alunos(as) são sujeitos de direito de se apropriarem criticamente de tais conhecimentos, independente de suas condições de gênero, classe social, habilidade, etnia, opção sexual, religiosa, dentre outras; onde a escola deve se configurar como um espaço- tempo onde tal aprendizado aconteça. Sabemos que tais conteúdos apresentam, em sua dinâmica, diferentes representações em relação às condições citadas anteriormente cabendo então a professores(as) e alunos(as), o desafio cotidiano de construírem um entendimento crítico a essas representações no intuito de possibilitar que todos(as) tenham o direito ao aprendizado de tais práticas, mesmo que tal entendimento se dê a partir de conflitos em relação a tais representações. Não pretendemos atribuir aos jogos e brincadeiras um valor em si, pois tais práticas podem estar repletas de aspectos discriminatórios e excludentes em sua dinâmica/estrutura interna na forma de gênero, classe social, aptidão, dentre outros fatores que impregnaram/impregnam os jogos e brincadeiras como construção humana. (Fernandes, 2002) Este será um dos momentos em que o(a) professor(a) fará a proposição dos jogos e brincadeiras que farão parte do projeto: Rouba-Bandeira e suas variações, Queimada, Tico-Tico Fuzilado, Bente Altas. Algumas questões poderão ser abordadas neste momento: vocês conhecem a brincadeira de rouba bandeira?; como vocês jogam?; onde?; é possível joga-la utilizando bolas?; como será?; e sobre o jogo de queimada?; como vocês jogam?; como podemos jogar de forma diferente daquela que vocês conhecem?; e sobre o 23 tico-tico fuzilado e o bente altas, alguém já brincou?; dentre outras questões que poderão suscitar reflexões na turma acerca das práticas do projeto. Desenvolvimento O(A) professor(a) irá definir com a turma qual será a prática de jogos e brincadeiras que iniciará o projeto. Sugerimos que as “oficinas curriculares” sejam geminadas, isto é, de no mínimo 100 minutos, para que os estudantes possam vivenciar cada uma das práticas sugeridas e definir qual delas dará início ao projeto. Imaginemos que o rouba bandeira desencadeará o projeto. O professor(a) após discutir com a turma se conhece ou não está brincadeira irá propor-la no formato “clássico”. Partiremos do princípio que a turma é constituída de 30 alunos(as). Haverá então a divisão de dois ou três grupos, respectivamente, de quinze ou dez alunos . Se a formação for de três equipes uma delas fará a “de fora” e após um tempo aproximado de jogo de 08 a 10 minutos, entrará no lugar de uma outra equipe. Neste caso não sugerimos o princípio de “quem ganha fica” e sim um outro que pode ser definido pelo professor com a turma . Neste jogo cada uma das equipes fica responsável por um campo de jogo, onde em cada um deste campo haverá uma área reservada em que ficará a “bandeira” da outra equipe. O objetivo principal do jogo é pegar a bandeira e traze-la para o seu campo de jogo. Vamos então imaginar duas equipes jogando: equipe A e equipe B. Quando um jogador da equipe A entra no campo de jogo da equipe B, poderá ser “colado” por um integrante desta equipe. Um outro integrante da equipe A poderá salva- lo tocando neste jogador. No local onde fica a bandeira nenhum jogador pode ser colado. Se o jogador da equipe B entrar no campo de jogo da equipe A, pegar a bandeira e conseguir leva-la para a equipe B, será considerado ponto da equipe B e o jogo inicia-se novamente com os jogadores em seus respectivos campos de jogo. No local onde fica a bandeira da equipe A somente poderão permanecer jogadores desta equipe e vice-versa. Se o jogador da equipe B for correndo com a bandeira em direção a seu campo e for colado, este permanecerá neste local e a bandeira retornará ao local inicial. 24 Exemplo das demarcações e “configuração inicial” do jogo de Rouba Bandeira a partir das descrições apresentadas acima: a) trocar as bandeiras por bolas. Neste momento se altera somente o tipo de bandeira; o jogo continua com a mesma dinâmica. b) Nesta outra variação o jogo será realizado com bolas mas, com um enredo diferenciado. b.1) Os jogadores poderão executar passes entre si no intuito de levar a bola para o seu respectivo campo de jogo; b.2) A bola não poderá ser lançada de um campo de jogo a outro para se fazer o ponto. b.3) Quando um jogador que estiver com a bola for colado este poderá passa- la a um outro de sua equipe que esteja livre; c) Quando um jogador que estiver com a bola for colado este poderá passa-la a um outro desua equipe que esteja livre ou para um colega que também esteja colado; d) Inclua a figura do curinga no jogo. Este jogador possui uma “imunidade” ou seja, ele nãopode ser colado. Além disto ele também poderá receber e passar a bola para seus colegas de equipe. Este jogador não poderá passar com a bandeira. e) Rouba Bandeira de três equipes. Nesta variação teremos três campos de jogo seguindo adinâmica do jogo “original”, podendo-se construir variações similares às citadas anteriormente. 25 JOGO DE QUEIMADA E SUAS VARIAÇÕES Variações: a) Iniciar o jogo sem nenhum jogador na área dos queimados. Neste caso quando um for queimado este, imediatamente após se dirigir à respectiva área poderá queimar em sua primeira participação com a bola. b) Seguindo o exemplo anterior, possibilitar a todo(a) jogador(a) que for queimado, retornar a seu campo de jogo se este conseguir queimar um jogador da outra equipe. 26 c) Queimada de duas bolas. Neste jogo cada equipe inicia a partida com uma bola e o jogo transcorre da mesma forma que nos exemplos anteriores, incluindo o exemplo inicial. Sugerimos colocar duas bolas ainda mais leves no intuito de minimizar as “boladas” e conseqüentemente, machucar os alunos(as). d) Queimada Real. Cada equipe escolherá um jogador(a) para ser o rei ou rainha, sem que a outra equipe saiba. O jogo poderá seguir o enredo das variações anteriores porém, quando o(a) rei/rainha for queimado, o jogo termina sendo vencedora a equipe que realizou tal objetivo. e) Queimada Sentada. Neste jogo não existe a área dos queimados(as). Porém quando um jogador for queimado escolherá um local no campo de jogo da outra equipe e ficará sentado, tendo o direito de levar a bola. Este jogador poderá receber passes dos outros(as) de sua equipe que não foram queimados e também tem o direito de queimar. DANÇA – FESTAS JUNINAS E QUADRILHAS 27 A dança, considerada como um dos conteúdos da educação física é uma linguagem da arte que expressa diversas possibilidades de assimilação do mundo. É uma das expressões significativas que integra o campo de possibilidades artísticas, contribuindo para a ampliação da aprendizagem, para a formação humana e para qualidade de vida das pessoas. Comprovadamente, esta atividade tem se assegurado como fator preventivo e de manutenção para um bom funcionamento do organismo das pessoas, pois, segundo Oliveira et al. (2002), a linguagem da expressão corporal e da dança se manifesta, e, é percebida em vários níveis simultâneos. O desenvolvimento de diferentes aspectos através da arteda dança ocorre, pois ajuda a desenvolver a personalidade de maneira equilibrada, propicia a aquisição de conhecimento, conceituação, entendimento e aceitação do próprio indivíduo. Através da autoavaliação e da autocrítica, permite a realização e independência emocional controlada, ou seja, o domínio e disciplina dos 28 próprios impulsos, conseqüentemente aumenta a sensação de bem-estar e permite ao indivíduo criar uma escala de valores ajustada a seu nível de exigência que lhe possibilite suplantar-se (VARGAS, 2003). Assim, se respeitados os critérios de individualidade que são próprios de cada um de nós, a dança contribuirá sempre que efetivamente na reabilitação de qualquer tipo de deficiência de que conhecemos. Pular cordas 29 Pular corda, brincadeiras tradicionais "Um homem bateu à sua porta..." "Com que você pretende se casar..." "Rei, capitão, soldado, ladrão..." Existe uma enorme diversidade de brincadeiras de pular corda em nosso país. Essas seqüências variam de região para região em relação aos gestos que compõem as seqüências e às músicas cantadas durante a realização. No entanto, o princípio geral é basicamente o mesmo, ou seja, seqüências de movimentos realizados em torno de uma corda em movimento (principalmente saltos e giros), acompanhados de uma música cantada por todos. Faça um levantamento com os alunos de todas as seqüências de pular corda que eles conhecem e confeccione uma lista com o nome das seqüências e a descrição dos movimentos de cada uma delas. Os alunos devem participar da confecção deste registro. Ajude-os a se organizar em pequenos grupos de 5 elementos e distribua uma seqüência de pular corda para cada grupo realizar. Percorra os grupos durante a atividade, observando se o ritmo de movimentação da corda é condizente com a capacidade de saltar dos participantes e oriente as crianças fazendo ajustes quando for necessário. Ritmo individual e em grupo Distribua as cordas individuais e proponha para os alunos os seguintes desafios: Cada aluno deve saltar a corda individualmente, num ritmo lento, e contar qual o número de repetições de saltos que consegue realizar em seqüência, sem errar. Cada aluno deve fazer a mesma contagem, agora com a corda sendo batida num ritmo rápido. É importante ressaltar que a definição de ritmo lento e rápido é realizada por critérios individuais de cada aluno. Os resultados obtidos são anotados numa planilha, e podem ser utilizados posteriormente para avaliar a evolução da condição individual. Em seguida, utilizando os mesmos sub-grupos da aula anterior, proponha que a corda seja batida por dois elementos e saltada pelos três outros componentes. Os dois extremos de ritmo (lento e rápido) devem ser estabelecidos pelo grupo, de forma a favorecer a eficiência da quantidade de saltos a ser conseguida por todos. Os batedores devem fazer um rodízio de função com os demais elementos do grupo, de forma que possam experimentar também o papel de saltadores. Ao final, convide os alunos a refletir e a relatar suas experiências e ajustes necessários na vivência dos diversos ritmos propostos e comente o quanto existe de diversidade individual na determinação dos mesmos. 30 CAÇA AO TESOURO Escolha o local. Aqui vão algumas ideias de acordo com a idade: De 2 a 4 anos, faça a caça ao tesouro dentro de uma casa familiar para elas. De 5 a 8 anos, faça dentro e fora da casa. De 9 a 12 anos, faça em um local como a escola ou uma praça. Para adolescentes, faça a caça por todo um bairro ou uma fazenda. Decida o "formato" da sua caça ao tesouro. Caça ao tesouro é muito mais que mandar as crianças perambularem por aí. 31 Você quer um tema? Pense em uma caça ao tesouro incluindo mapas , ou algo em que as crianças precisem se fantasiar. Você quer competição extra? Você pode dividir as crianças em dois times e fazer com que corram pelo tesouro. (Certifique-se de que as crianças têm idade e maturidade o suficiente para isso.) Você quer que a caça tenha um final específico? Uma ideia é uma "caça ao quebra cabeças" na qual cada localização tem uma peça. No final, as crianças montam o quebra cabeças, viram cuidadosamente e veem a localização do tesouro escrita no verso. Caças ao tesouro também podem ser feitas numa tarde de culinária, em que cada localização tem um ingrediente para uma certa receita "secreta" que será feita no final. Comece fazendo as pistas! A regra de ouro é que a paciência das crianças dura por mais ou menos o dobro da idade delas em pistas. Para crianças mais novas: Use fotos como pistas. Desenhe ou tire fotos dos lugares que devem ser investigados. Faça rimas. "Para encontrar a primeira pista, olhe o pé do dentista." Incorpore jogos em algumas pistas. Por exemplo, você pode pegar três copos idênticos. Mostre para as crianças debaixo de qual copo está a pista, depois os misture rapidamente. Então as crianças terão que descobrir em qual copo está a pista. Para crianças mais velhas: Você pode usar charadas. Ex.: "Tem chapéu mas não tem cabeça. Tem boca mas não fala. Tem asa mas não voa. (Um bule.) Você também pode usar códigos secretos que você encontre na internet e tinta invisível. (A maneira mais fácil de fazer tinta invisível é escrever algo com giz de cera branco e deixar as crianças cobrirem com grifa texto.) Uma outra ideia é tirar uma foto bem de perto de um objeto e fazer as crianças adivinharem o que é e irem para lá. 32 Além disso, você pode vendar uma das crianças e dar instruções verbais para a próxima pista. Para crianças de todas as idades, você pode apagar as luzes de um quarto e deixar completamente escuro. Depois falar para elas procurarem a pista com lanternas. Mantenha em mente que a primeira pista deve ser fácil e o jogo deve ficar gradativamente mais difícil. VAI E VEM PARA CADEIRANTES JOGOS DE TABULEIRO 33 CARTAS E VARIAÇÕES NATAÇÃO 34 Meier (1981) acredita que a natação assume um lugar privilegiado entre os exercícios físicos na medida em que o aluno vivencia a liberdade de movimentos, que podem ser executados em todos os sentidos contra a resistência da água, assim toda a musculatura é requisitada durante a natação. A água apresenta propriedades físicas que facilitam para o indivíduo sua locomoção sem grande esforço, pois sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase que total da força da gravidade, podem segundo Campion (2000), aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando dessa forma, maior facilidade de execução de movimentos que, em terra, seriam muito difíceis ou impossíveis de serem executados. A natação é uma das modalidades esportivas com mais tradição dentro do campo do esporte para pessoas portadoras de necessidades especiais, sendo introduzida como esporte de competição após a segunda guerra mundial. Para o portador de necessidades especiais a atividade na água, ou o movimento de nadar, significa um momento de liberdade e independência, momento este em que consegue movimentar-se livremente, sem auxílio de bengala, muletas, pernas mecânicas ou cadeiras de rodas. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras com o seu “eu” próprio. A partir do momento em que o portador de necessidade especial descobre suas potencialidades, descobrindo sua capacidade de se movimentar na água, sem auxílio, inicia seu prazerem desfrutar a água, aumentando sua auto-estima, sua autoconfiança e sua independência (GRASSELI E PAULA, 2002). 35 CIRCUITO PSICOMOTOR E JOGOS DE EQUILIBRIO 36 CAMINHADA ORIENTADA A caminhada contribui na recuperação da condição física, fortalece a musculatura dos membros inferiores, favorece o contato social, eleva a auto- estima e melhora a auto-imagem proporcionando mais disposição para realizar as tarefas do dia-a-dia. Reduz os níveis de ansiedade e controle do estresse, melhora na qualidade do sono e maior grau de relaxamento. Ajuda no controle do peso corporal. Contribui na manutenção e/ou aumento da densidade óssea, favorece o controle do diabetes, artrite, doença cardíaca, melhora a sinergia motora das reações posturais, enfim, favorece uma reestruturação da funcionalidade motora. Mesmo a caminhada sendo uma prática segura, ela requer regras básicas: 1) Boa postura ao caminhar – tronco ereto, olhar horizontal, queixo paralelo ao solo, abdome contraído. Caminhar balançando os braços, alternadamente e manter os ombros relaxados. 2) Andar moderado – não realizar passos rápidos. Ao sentir-se ofegante diminuir a velocidade das passadas, o esforço pode estar sendo superior a capacidade física individualizada; inicie sua caminhada em ritmo mais lento e vá progredindo devagar até alcançar uma velocidade que possa ser mantida por 30 minutos. 3) Faça exercícios de alongamento, antes e após a caminhada. 37 4) Orientar para não conversar durante a caminhada. É um momento que se pode aproveitar para relaxar a mente, sentir a respiração, ouvindo e observando a natureza. 5) É indispensável calçado adequado – um tênis impróprio pode contribuir para o desconforto dos pés, provocando quadros dolorosos na coluna e nos pés. O calçado deve prover conforto e estabilidade, ser de tecido leve e arejado, o solado deve ser um pouco maior no calcanhar e com amortecimento para absorver o impacto das passadas. 6) Sempre use meias de algodão, preferencialmente, pois elas ajudam a absorver o suor, evitando problemas nos pés, além de tornar mais confortável a caminhada. 7) Consultar sempre um médico antes de iniciar a atividade. 8) A FC deve ser anotada, sendo que a freqüência cardíaca alvo, deve ser considerada até 80% do VO2 máx. ALONGAMENTOS 38 O ATLETISMO O Atletismo comporta uma variedade de práticas – corridas, saltos, arremessos e lançamentos. Este aspecto, ao mesmo tempo em que pode ser visto como um elemento dificultador, em função da necessidade de diferentes recursos físicos e materiais, pode ser entendido como um elemento favorável devido à sua variedade de práticas. Essa riqueza possibilita a integração de crianças e adolescentes com os mais diferentes interesses e aptidões. ATIVIDADES BÀSICAS ORIENTADORAS DAS PRÁTICAS DO ATLETISMO • Caminhadas com variações dos gestos em diferentes direções e velocidades, em retas e curvas, em diferentes ambientes. • Caminhadas e corridas curtas em tempos possíveis pré-estabelecidos – precisão da velocidade/ritmo em relação à distância. • Caminhadas e corridas em maiores distâncias com tempos parciais fixos ou modificados para percursos pré-estabelecidos – regularidade da velocidade/ritmo do deslocamento. • Saídas de formas variadas – de pé, meio-agachado, agachado, sentado etc. • Corridas com velocidade máxima – em espaços livres e definidos (raias). • Corridas com revezamento no cumprimento da tarefa – estafetas variadas. • Corridas com transposição de diferentes obstáculos e de variadas formas. • Corridas com transposição de obstáculos com velocidades elevadas. 39 • Saltos em situações diversas com meios auxiliares para ampliação do tempo de vôo. • Saltos horizontais e verticais – impulsão com uma e duas pernas – a partir da posição parada e com deslocamento preparatório. • Saltos em distância com queda em espaços/setores definidos. • Saltos com corridas preparatórias realizadas em diferentes distâncias. • Saltos em diferentes ângulos e velocidades. • Saltos horizontais – únicos, duplos, triplos etc. – a partir da posição parada ou com deslocamento preparatório. • Saltos múltiplos realizando os impulsos com pernas alternadas, com a mesma perna, com alternância da perna a cada dois impulsos, entre outras variações. • Saltos adotando posturas grupadas, estendidas, arqueadas e com continuidade de passos no ar durante a fase aérea. • Saltos com distanciamento do ponto de impulsão – queda sobre colchões, caixa de areia etc. • Saltos horizontais objetivando as maiores distâncias. • Saltos verticais a partir da posição parada, com deslocamento preparatório e impulsionando com uma e duas pernas. • Saltos verticais transpondo a barra (elástico ou outro material) com movimento de “tesoura”, de frente, de lado, de costas etc. • Saltos em profundidade com diferentes movimentos e formas de queda. • Saltos com vara em profundidade com variações nos movimentos durante a queda. • Saltos com vara visando deslocamentos horizontais e verticais. • Lançamentos/arremessos de diferentes objetos (bolas em geral, bolas de meia, arcos, argolas, bastões, bolas medicinais, discos de borracha, mini- dardos etc.) em condições variadas – variação de gestos em função das constituições dos objetos, de limitações nas possibilidades de movimentos e da conformação dos espaços para o lançamento/arremesso propriamente dito e para a queda. • Lançamentos/arremessos com uma ou duas mãos, de frente, de lado e de costas. • Lançamentos/arremessos em trajetória oblíqua (visando deslocamento horizontal) e vertical (visando deslocamento vertical). • Lançamentos/arremessos em diferentes ângulos e velocidades. • Lançamentos/arremessos em diferentes posições corporais (sentado, agachado, ajoelhado e de pé) com uma ou duas mãos. • Lançamentos/arremessos com deslocamentos lineares e circulares. • Lançamentos/arremessos em diferentes alvos e distâncias. • Lançamentos/arremessos com trajetória orientada. • Lançamentos/arremessos em espaços (alvos) fixos modificando o local de execução do lançamento/arremesso propriamente dito. • Lançamentos/arremessos objetivando as maiores distâncias. 40 Observações: (1) as atividades indicadas devem ser entendidas como conteúdos básicos a partir dos quais poderão ser construídas as práticas a serem realizadas, preferencialmente, na forma de jogos coletivos (dois a dois ou em pequenos grupos) – aqui está o grande desafio proposto aos professores; (2) entende-se que as corridas (rasas curtas e longas, com obstáculos/barreiras e de revezamento), os saltos horizontais e verticais e os lançamentos/arremessos quando trabalhados em grande proximidade com as suas formas convencionais do Atletismo serão indicadas para o estágio “avançado” das oficinas. ARREMESSO DE PESO 41 SALTO EM DISTÂNCIA 42 ESTAFETAS COM CORRIDAS E SALTOS ( Revista stadium p 12 e 14) ADAPTAÇÕES DE ESPAÇOS E MATERIAIS 43 44 45 45 46 Muitos esportes já foram adaptados para pessoas que usam cadeiras de rodas. Algumas modalidades se tornaram paralímpicas e são disputadas com seleções do mundo todo. O Comitê Paralímpico Brasileiro reúne informações sobre as nossas seleções de atletismo, basquete, bocha, halterofilismo, rugbi, tênis, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo,vela, remo e natação. O handebol ainda não é um esporte paralímpico, mas está nessa direção com mais de 12 países competindo em mundiais. Conheça algumas modalidades paralíimpicas em cadeiras de rodas: Ariosvlado da Silva, o Parré (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Atletismo Praticado por paratletas de ambos os sexos. Cadeirantes com seqüelas de poliomielite, lesões medulares e amputações competem nas provas de campo com arremesso, lançamentos e saltos, e também nas provas de pista, com corridas de velocidade e fundo. As provas são de 800m, 1500m e 5000m. Um atleta 47 profissional pode se especializar em provas de rua também, como maratonas e corridas rústicas. Basquete (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Basquete Praticado por paratletas de ambos os sexos. Jogadores possuem alguma deficiência físico-motora, sob as regras adaptadas da Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF). As cadeiras são padronizadas para garantir igualdade entre os times. No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC). 48 Bocha (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Bocha Cadeirantes com paralisia cerebral severa podem competir sozinhos, em duplas ou em equipes. Os paratletas lançam bolas coloridas o mais próximo possível da bola branca, conhecida como bolim. É permitido o uso das mãos, dos pés ou de instrumentos de auxílio para atletas com grande comprometimento nos membros superiores e inferiores. Esgrima (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Esgrima 49 O que diferencia a esgrima olímpica da adaptada para cadeiras de rodas é que os paratletas tem as cadeiras fixas no chão. As competições são de florete (a arma mais leve), de espada ou de sabre. Os equipamentos obrigatórios de proteção são máscara, jaqueta e luvas. Na disputa com espadas, uma cobertura metálica também protege as pernas do atleta e as rodas da cadeira. Halterofilismo (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Halterofilismo Praticado por paratletas de ambos os sexos, com deficiência física nos membros inferiores ou paralisia cerebral. Sem as cadeiras, os paratletas permanecem deitados em bancos e executam movimento conhecido como supino, quando a barra de apoio é retirada e o braço do atleta fica totalmente estendido. Ele deve flexionar o braço descendo a barra até a altura do peito e voltá-la até a posição inicial. 50 Rugbi (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Rugbi Praticado por atletas tetraplégicos de ambos os sexos. Para equilíbrio entre times, os jogadores são categorizados em sete classes de acordo com a habilidade funcional. O objetivo do jogo é marcar o gol. A área de gol é delimitada por dois cones verticais na linha de fundo da quadra. Para marcar gol, o atleta precisa passar a linha de gol adversária, com duas rodas da cadeira segurando a bola. Tênis (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro) Tênis 51 Praticado por atletas com deficiência de locomoção de ambos os sexos. A principal diferença de regra é que a bola pode quicar duas vezes antes de ser rebatida, podendo o segundo quique ocorrer fora da área. A mesma regra é válida para os saques, que podem ser realizados por outra pessoa se a deficiência do jogador o impedir de realizar o saque. Tênis de Mesa (Foto:Comitê Paralímpico Brasileiro) Tênis de Mesa Participam mesatenistas de ambos os sexos com paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. As competições são divididas entre atletas andantes e cadeirantes. Quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento físico-motor do atleta. Os jogos podem ser individuais, em duplas ou por equipes. As partidas são decididas em cincosets, que são ganhos até que um dos times atinja 11 pontos. 52 TREINAMENTO FUNCIONAL Atualmente, grupos de pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida descobriram os benefícios do Treinamento Funcional para a melhoria de sua qualidade de vida. As dificuldades nos movimentos, que antes criavam obstáculos na vida dos deficientes, só diminuem com a prática da atividade física adaptada. Realizar exercícios físicos com um acompanhamento profissional e com uma meta definida é uma necessidade para quem quer sair da monotonia, mesmo com limitações físicas. Este é objetivo do treinamento funcional voltados a pessoas com deficiência. O treinamento funcional é uma forma diferente de praticar a musculação. Nessa modalidade, os alunos focam o treino em movimentos como agachar, empurrar e puxar, tirando a atenção de musculaturas como bíceps, peitorais e quadríceps. A prática é recomendada para as pessoas em busca de um corpo atlético, mas sem excesso de músculos. O treinamento funcional pode ser praticado por qualquer pessoa, desde crianças até idosos, incluindo gestantes, deficientes desde que observem-se as adaptações necessárias para cada perfil de aluno. O principal objetivo da modalidade é a melhoria das condições físicas do corpo (como força, potência, resistência, agilidade, coordenação e equilíbrio), utilizando o grupo de musculaturas responsáveis pela estabilização e sustentação do tronco. Conheça os benefícios do treinamento funcional: Desenvolvimento da consciência sinestésica e controle corporal; Melhoria da postura e equilíbrio muscular; Diminuição da incidência de lesões; Melhoria do desempenho atlético; Estabilidade articular, principalmente da coluna vertebral; 53 Aumento da eficiência dos movimentos; Melhoria do equilíbrio estático e dinâmico; Aumento da força e coordenação motora; Fortalecimento da resistência cardiovascular muscular; Melhoria da lateralidade corporal; Aumento da flexibilidade e propriocepção (percepção do próprio corpo e sua localização espacial). A força também pode ser trabalhada de forma eficaz, com mais benefícios e resultados que a musculação tradicional. Podemos estimular as diferentes formas de força, seja ela explosiva, resistente e potente, assim como os vários tipos de contração muscular: excêntrica, concêntrica e isométrica. Assim como na hidroginástica e no Pilates, o treinamento funcional proporciona baixa carga e impacto quando comparado à musculação tradicional, contribuindo para a prevenção e reabilitação de lesões. O treinamento funcional não promove a hipertrofia muscular. Caso esse seja seu objetivo principal, recomendamos a musculação tradicional. Como a maioria dos praticantes da modalidade é iniciante, é comum um ganho inicial de força e uma ligeira hipertrofia, algo comum entre pessoas que começam a se exercitar em qualquer esporte. O treinamento funcional para os deficientes funciona da mesma maneira para os que não são deficientes, mas a diferença está no que o treinamento funcional proporciona as essas pessoas. O treino pode ser adequado a qualquer local e tipo de deficiência, mas claro, batendo sempre na mesma tecla, devendo ser feito com um profissional habilitado e neste caso, habilitado em treinamento funcional. Pois, do mesmo 54 jeito que pode ajudar bastante no rendimento, no desenvolvimento do aluno, ele também pode regredir ainda mais, então, atenção com quem contrata. Mas, voltando aos treinos, um exemplo pode ser o cadeirante que, mesmo sem poder mexer suas pernas ele tem que treinar seus braços, pois eles são quem o locomove através da cadeira de rodas, mas se pensarmos de forma convencional.E na forma funcional? Os treinos funcionais com eles são propostos de forma a trabalhar alguns movimentos, resistência e força, na coluna, no peitoral, braços, enfim na sua região que não foi afetada e assim dando mais independência, como se vestir, ir para a cama, para o carro entre outros. O mesmo pode-se dizer do Treinamento Funcional com os que têm Síndrome de Down. Pois, estimula o desenvolvimento motor, equilíbrio, noção de espaço, coordenação e os demais atrasos de desenvolvimento que é característico. Gorla (1997) fala que “Um corpo fisicamente apto em geral é associado com uma aparência física mais desejável. A imagem corporal de pessoas deficientes muitas vezes é bem negativa, devido as suas necessidades específicas. Esta atitude negativa com o corpo é muitas vezes generalizado e domina seus ideais de como aparecem para os outros. Aumentando a aptidão física dos indivíduos portadores de deficiência, uma mudança positiva pode ocorrer.” Paul Chek desenvolveu um sistema de treinamento funcional focado nos movimentos fundamentais do homem primitivo e que são executados também no cotidiano do homem moderno, são eles os movimentos de: agachar, avançar, abaixar, puxar, empurrar, levantar e girar. Algumas linhas de pesquisa sobre treinamento funcional referem-se ao treinamento com instabilidade e/ou treinamento do core. Podemos entender como treinamento do core um programa de exercícios físicos que visa melhorar a capacidade de controlar a posição e o movimento do tronco sobre a pelve e as pernas para permitir uma ótima produção, transferência e controle da força e movimento para o 55 segmento distal, numa cadeia integrada de atividades. DESLOCAMENTOS LATERAIS 56 FORÇA E POTÊNCIA ROTAÇÕES 57 LANÇAMENTOS CORRIDAS NA AREIA COM DESLOCAMENTOS 58 CIRCUITO DE ATIVIDADES AGACHAMENTOS 59 EXERCÍCIOS DIVERSOS 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOWICZ, Anete e MOLL, Jaqueline. Para além do fracasso escolar. Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 1997. BRASIL. Declaração de salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: Corde, 1994. ______. Lei de Diretrizes e bases da educação: Lei 9.394/96. Rio de janeiro: Esplanada, 1998. ______.Secretaria dos Direitos da Cidadania. Normas e recomendações internacionais sobre a deficiência. Brasília: Corde, 1996. ______. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. SEEP, MEC. Brasília, 1994. ______. Ministério da Educação. Adaptações Curriculares – Estratégias para a educação de alunos com necessidades educativas especiais - Parâmetros Curriculares nacionais. SEESP/MEC, 2000. ________.________Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 2001. ________._______Salto para o futuro, Educação Especial: Tendências Atuais/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: ministério da educação; SEED, 1999. ________._______Câmara Municipal da Educação Básica. Resolução CNE/CEB 2/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. 61 CARMO, Apolônio A. do. Inclusão Escolar: roupa nova em corpo velho. Revista Integração: Brasília? DF, Ano 13, nº23 , p.43-47. ago, 2001. CARVALHO, Joelma Amaral Teixeira de. A diferença que a diferença faz. Amae Educando, belo Horizonte, ano 34, nº 301, p. 12-14, ago.2001. CUZZUOL, Claudia Espindola. O que há de especial na educação? In: Giacomim, Terezinha Maria (Org). Temas Gerais em Educação e pedagogia. Aracruz? ES: Facha, 1999, p.147-160. FIGUEIRA, Emílio. Vamos conversar sobre crianças deficientes? São Paulo: Memnon, 1993. FILHO, Teófilo Alves Galvão. Educação Especial e Novas Tecnologias: o aluno construindo sua autonomia. Revista integração: Brasília/ DF, ano 13, nº23, p. 24-28, 2001. FONSECA, Vitor da. Educação Especial: Programa de estimulação precoce_ uma introdução as idéias de Fewerstein. 2. ed. Porto Alegre: Artes Mádicas, 1995. GONZÀLES, José Antonio Torres. Educação e diversidade: bases didáticas e organizativas. Porto Alegre: Artmed, 2002. LIBANIO, João Batista. A arte de forma-se. São Paulo: Loyola, 2001. MITTLER, Piter. Inclusão Escolar é transformação na sociedade. Presença Pedagógica, nº 30, nov./ dez., p.5-15, 1999. MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação Escolar: comum ou especial? São Paulo: Pioneira, 1987. 49 62 ________. Educação Especial no Brasil: Histórias e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996. OLIVEIRA, Maria Lúcia Wiltshire de (Org.). Infância em movimento: estudos em estimulação precoce. Niterói, RJ: Nota Bene, 2001. RABELO,Anete Scotti. Adaptação curricular na inclusão. Revista Integração: Brasília/ Distrito Federal, ano 9, nº 21, p. 9-10, 1999. SANTOS, Marilene Ribeiro dos. Educação. Diversidade na educação. Revista Integração: Brasília / DF, ano 9 º 21, p.9-10, 1999. SANTOS, Mônica Pereira dos. Educação Inclusiva e a Declaração de Salamanca: Conseqüências ao sistema educacional brasileiro. Revista Integração: Brasília / DF, ano 10, n 22, p.34-40, 2000. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. STAINBAKC, Susan; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999. VIÉGAS, Conceição de Maria Correa. Educação, Trabalho e Pessoas com Deficiência. Revista Integração, Brasília/DF, ano 10, nº 22, 2000. WERNWCK, Claudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com síndrome de Down. 2. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1993. 50
Compartilhar