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O Processo Grupal.

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Profa. Doutoranda Alice Canuto
Disciplina: Processos Grupais / UNIP
O processo grupal
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CARLOS, Sergio Antonio. O Processo Grupal. In: Strey, Marlene et al (org.) Psicologia Social Contemporânea: livro-texto. Petrópolis: Vozes, 1998.
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Processos grupais => experiências fundamentais para nossas formações, estruturações de convicções, desenvolvimento de nossas capacidades. 
O processo grupal
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Carga das experiências anteriormente vividas => transmitimos em novas experiências grupais;
A nossa inserção grupal pode ser realizada de uma forma consciente ou não.
O processo grupal
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A participação nos grupos é feita, geralmente, de maneira rotineira e sem nos darmos conta; muitas vezes somos carregados pelo grupo.
O processo grupal e a rotina
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Até aqui estávamos nos referindo aos chamados grupos "espontâneos" ou "naturais";
Mas precisamos também levantar outras formas de processos grupais.
Grupos “espontâneos” ou “naturais”
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Grupos primários => consistem em grupos pequenos com relações íntimas: família, vizinhos (duração).
Grupos secundários => em contraste com grupos primários, são grupos grandes cujas relações são formais e institucionais.
Grupos intermediários => são aqueles em que se alternam e se complementam as duas formas de contatos sociais: primários e secundários; um exemplo desse tipo de grupo é a escola.
Grupos primários, secundários, intermediários
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Todos os grupos podem estar a serviço da transformação social quanto da sua manutenção;
Estamos, portanto, rodeados de grupos e participando ou negando participar deles em todos os momentos de nossas vidas.
Transformação ou manutenção social?
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Gustave Le Bon (1896) => “Psicologia das Multidões”
O fenômeno da multidão nasce lado a lado com o processo de globalização na sociedade moderna.
A massa é uma entidade psicológica independente, atribuindo uma concepção negativa a essa entidade, pois as decisões dos indivíduos podem ser racionais, mas dificilmente as de uma massa também o serão. 
Anonimato; 
Emoções que se estendem por imitação ou "contágio“; 
Desaparecimento da consciência pessoal quando sob a influência da multidão.
Psicologia das Multidões ou das Massas
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Tanto a Sociologia quanto a Psicologia têm demonstrado interesse no estudo dos pequenos grupos sociais => pensando o "grupo“ também como uma intermediação entre o "indivíduo" e a "massa“.
Na Psicologia, o estudo sistemático dos pequenos grupos sociais, busca compreender a dinâmica dos mesmos, tendo início na década de 1930/1940, com Moreno (psicodrama) e Kurt Lewin (gestalt);
Moreno inicia com o "teatro da espontaneidade" que depois vai levar ao Psicodrama.
Grupo: intermediação entre
 indivíduo e a massa
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Moreno => Sociometria para o estudo de relações de aproximação e afastamento entre as redes de preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na comunidade como um todo.
Lewin => cria o termo "dinâmica de grupo", que foi utilizado pela primeira vez em 1944.
Não podemos esquecer que a preocupação com grupos, de Moreno e de Lewin aparecem em seguida às inovações tayloristas e fordistas que levam à elevação dos lucros mas também à deterioração das relações tanto dos operários entre si quanto em relação a chefias e patrões
Preocupação com o processo grupal
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Moreno => Sociometria para o estudo de relações de aproximação e afastamento entre as redes de preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na comunidade como um todo.
Lewin => cria o termo "dinâmica de grupo", que foi utilizado pela primeira vez em 1944.
Não podemos esquecer que a preocupação com grupos, de Moreno e de Lewin aparecem em seguida às inovações tayloristas e fordistas que levam à elevação dos lucros mas também à deterioração das relações tanto dos operários entre si quanto em relação a chefias e patrões
Preocupação com o processo grupal
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Há uma tradição no estudo e na intervenção com pequenos grupos que privilegia o treinamento em busca da produtividade.
Os especialistas em grupos se atêm a aplicação de técnicas grupais que desenvolvem cooperação entre participantes, não levam o grupo a se autocriticar e buscar o seu caminho.
Neste caso, a constituição do grupo está a serviço da instituição, como instrumento de controle sobre os indivíduos.
Preocupação com o processo grupal
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Há uma tradição no estudo e na intervenção com pequenos grupos que privilegia o treinamento em busca da produtividade.
Os especialistas em grupos se atêm a aplicação de técnicas grupais que desenvolvem cooperação entre participantes, não levam o grupo a se autocriticar e buscar o seu caminho.
Neste caso, a constituição do grupo está a serviço da instituição, como instrumento de controle sobre os indivíduos.
Preocupação com o processo grupal
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Em geral, os(as) autores(as), ao se referirem ao conceito de grupo, partem da descrição do mesmo fenômeno social: a reunião de duas ou mais pessoas com um objetivo comum de ação;
O que difere é a leitura que os mesmos fazem do processo de constituição do grupo e do entendimento da finalidade do mesmo;
Kurt Lewin centra a sua definição de grupo, na interdependência dos membros do grupo, onde qualquer alteração individual afeta o coletivo.
Preocupação com o processo grupal
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Sócio-grupo: grupo-tarefa, estruturado e orientado em função da execução de uma tarefa.
Psico-grupo: ao contrário, seria definido como um grupo de formação, no sentido amplo do termo, ou seja, um grupo formado em função dos próprios membros que constituem o grupo (“grupo centrado em si mesmo”).
Kurt Lewin: noção de psico e sócio grupo
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O sociólogo Olmsted é um outro autor que define o grupo como:
"uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum"
Esta definição traz consigo a ideia da consideração mútua, sem a preocupação da homogeneidade.
Aponta para a diversidade dos participantes e para o sentimento de compartilhar algo significante para cada um deles.
Diversidade dos participantes no grupo
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Alguns pontos ou elementos importantes para o estudo de pequenos grupos sociais:
 O contato entre as pessoas e a busca de um objetivo comum;
 A interdependência entre seus membros;
 A coesão ou espírito de grupo que varia em um contínuo que vai da dispersão até unidade.
Pontos importantes para o estudo dos pequenos grupos sociais
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Podemos dizer, que de acordo com o referencial de indivíduo e de mundo que os cientistas sociais assumem, vai variar o entendimento, o sentido e a explicação que os mesmos vão dar em relação ao grupo e aos processos grupais.
Silvia Lane (1986) enfatiza que a função do grupo é definir papéis, o que leva a definição da identidade social dos indivíduos e, muitas vezes, visa garantir a sua reprodutividade social.
Silvia Lane a identidade grupal
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Existe um modelo ideal de grupo?
Na tradição lewiniana temos um ideal de grupo coeso, estruturado, acabado.
Mas, nesse ideal de grupo, os conflitos são vistos como algo ameaçador.
Existe grupo ideal?
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O grupo também pode ser visto como um lugar onde as pessoas mostram suas diferenças.
Onde as relações de poder estão presentes e perpassam as decisões cotidianas, onde o conflito é inerente ao processo.
Num confronto de ideias, buscando conciliar apenas o conciliável, deixando claro as individualidades, o diferente.
Existe grupo ideal?
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Determinações de classe social, de gênero, de raça e de nacionalidade.
Relações que se embaterão tanto na busca consciente de uma determinação quanto de defesas inconscientes utilizadas para lutar e/ou fugir das ameaças que as novas situações desconhecidas nos colocam.
Conflitos que podem gerar conforme Bion (1975), situações de funcionamento na base de ataque ao desconhecido ou daespera de um messias que venha trazer a salvação ao grupo.
Marcadores sociais
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O grupo precisa ser visto como um campo onde os trabalhadores sociais que se aventuram devem ter claro que o homem sempre é um homem alienado e o grupo é uma possibilidade de libertação (Lane, 1986), possibilidade de ser sujeito.
Mas também pode ser uma maneira de fixá-lo na sua posição de alienado.
As relações que se estabelecem podem ser meramente de reprodução das relações de dominação e de alienação.
Grupo: lugar de alienação?
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Enrique Pichon-Rivière (1907 – 1977), foi um psiquiatra e psicanalista argentino de origem suíça, que contribuiu muito com o questionamento que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos, cria a técnica dos grupos operativos.
Um dos conceitos fundamentais é o de ECRO – Esquema Conceitual Referencial e Operativo.
Pichon afirma que cada um de nós possui um ECRO individual, ele é constituído pelos nossos valores, crenças, medos e fantasias.
Pichon, grupos operativos e ECRO
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Kurt Lewin 		 Jacob Levy Moreno		Pichon-Rivière
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Dialogamos com os outros, ou melhor, com os ECROs dos outros, e levamos também nosso ECRO.
Como nem sempre explicitamos os nossos ECROs o nosso diálogo pode ser dificultado.
O autor fala na construção de um ECRO grupal;
Este ECRO seria um esquema comum para as pessoas que participam de um determinado grupo – sabendo o que pensam em conjunto – poderem partir para agir coletivamente com o aclaramento das posições individuais e da construção coletiva que favorece a tarefa grupal.
Pichon, grupos operativos e ECRO
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Pensar o grupo como um projeto, como um eterno vir-a-ser.
Pensando como Sartre e Lapassade (1982):
Este processo é dialético, constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a totalidade.
Há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume a firma a sua individualidade sendo mais um na prensença dos demais.
Ao mesmo tempo há uma busca constante pela totalidade, dando sentido a relação estabelecida.
Como funciona o processo grupal?
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A constituição do grupo em processo pode requerer a presença de um profissional – técnico em processo grupal. O trabalho do mesmo será auxiliar a que as pessoas envolvidas na experiência pensem o processo que estão vivenciando.
O “se pensar”, não cada um individualmente, mas, cada um participando de um mesmo barco que busca estabelecer uma rota. 
Talvez o porto não seja seguro, porque não existe um destino final, e quando isso acontece o grupo se dissolve e o processo acaba.
Como funciona o processo grupal?
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Enquanto o grupo persiste é um constante navegar, um constante questionar a rota, um aprender a conviver com a insegurança e com a incerteza.
Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seu próprio processo;
Os integrantes da experiência terão condições de tomar decisões de forma mais lúcida.
Não acreditamos que o movimento grupal possa ser lido – no sentido de uma certeza.
Grupo se tornar sujeito…

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