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F A T O S H I S T Ó R I C O S E E V O L U Ç Ã O D O E N S I N O P R O F ª Â N G E L A G Ó E S A ENFERMAGEM NO BRASIL A ENFERMAGEM NO BRASIL Sec. XVI Não existem dados precisos sobre a Enfermagem no Brasil • Sec. XVII Francisca de Sande (Bahia) Sec. XVIII Aparece a denominação de trabalho de enfermeiro Fabiano de Cristo (convento Santo Antônio – RJ) Percussoras da Enfermagem: parteiras e curiosas Sec. XIX A Enfermagem profissional começa a se organizar no Brasil com treinamento de enfermeiro para Psiquiatria A ENFERMAGEM NO BRASIL Características da prática da enfermagem (fora das Santas Casas): Doméstica; empírica; instintiva; majoritariamente executada por homens; voltada para fins lucrativos. A ENFERMAGEM NO BRASIL Séc. XIX -> instauração de medidas de proteção referente à maternidade: sala de partos. 1832 – criação da primeira Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. 1892 foi instalado em São Paulo o Hospital Evangélico, para estrangeiros, hoje Hospital Samaritano O início do ensino da enfermagem no Brasil 1920 – Reforma Carlos Chagas - > criação do Departamento Nacional de Saúde Pública com ações normativas e executivas de saúde. Necessidade de mão de obra para atender aos hospitais militares e civis e as atividade da Saúde Pública: - Criação em 1890 da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras - vinculada ao Hospital Nacional de Alienados – Ministério dos Negócios do Interior. Hoje denominada Escola de Enfermagem Alfredo Pinto – UNI-RIO Justificativa para sua criação: suprir a falta de mão de obra com a saída das religiosas e resolver a dificuldade de profissionalização da mulher O início do ensino da enfermagem no Brasil Modelo de ensino da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras: - Baseado na escola de Salpetrière (França); - Duração do curso: 2 anos com estágios em hospitais; - Conteúdo ensinado: informações básicas sobre assistência hospitalar (curativa) Anatomia e fisiologia elementares, pequena farmácia e administração de medicamentos, curativos e pequena cirurgia, higiene oral e tratamento aos alienados, cuidados e tratamento aos alienados, prática administrativa e disciplinar. - Aulas era dadas por médicos; - A direção da escola era exercida por médicos; - Admitia-se como alunos homens e mulheres; - Constituição da primeira turma: 16 homens e 7 mulheres. • 1923 - Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), anexa ao Hospital Geral de Assistência daquele Departamento. O ensino da enfermagem no Brasil Fatores que impulsionaram - 1914 – Primeira grande guerra mundial; - Premência das questões sanitárias -> ascensão da Saúde Pública -> requerendo aumento de mão de obra; - Desvinculação da atenção médica das associações religiosas; - Início do processo de medicalização; -Patrocínio da Fundação Rockfeller do projeto de organização do serviço de Enfermagem de Saúde Pública sob orientação de enfermeiras americanas -> criação da Escola de Enfermagem Anna Néry (1923) -> criação da Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras (1926); - Criação do Conselho Federal de Enfermagem (1973) e sindicatos O ensino da enfermagem no Brasil • Escola de Enfermagem Anna Néry - Adaptação americana do modelo nightingaleano; - Política: fomentar o desenvolvimento da enfermagem em benefício próprio -> enfermeiras com maior nível intelectual (enfermeiras padrão); - Processo de seleção das alunas: rígido e elitista; O ensino da enfermagem no Brasil • Escola de Enfermagem Anna Néry - Critérios para admissão: - Apresentação de certificado de exames preparatórios de Português, Inglês, Francês, Aritmética, História e geografia do Brasil, História Natural, Química e Física ou Diploma da Escola Normal ou equivalente; - Idades entre 20 a 35 anos; - Atestado médico que comprovasse perfeita condição física e mental; - Atestado de boa conduta; - Ser viúva, solteira ou separada legalmente. O ensino da enfermagem no Brasil • Escola de Enfermagem Anna Néry - Exigia das alunas: submissão, obediência, disciplina e espírito de serviço; - Cursos inicialmente com caráter intensivo, duração de 28 meses, posteriormente 32 meses; - Ensino a cargo de enfermeiras norte-americanas; - Internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, onde eram realizados os primeiros estágios. Ensino da enfermagem no Brasil Escola de Enfermagem Anna Nery Escola de Enfermagem Anna Nery 1926 - o Decreto n.° 17.268/1926 institucionalizou o ensino de enfermagem no Brasil 1931 – o Decreto n.° 20.109, da Presidência da República, a Escola Ana Nery foi considerada oficial e um padrão para todo o país. O ensino da enfermagem no Brasil Estereótipo da enfermeira formada pela Escola de Enfermagem Anna Néry - Mãe, aquela que protege e nutre, feminina com imagem e habilidade manual que favorecia esse estereótipo. • Dec. 30 – Declínio de prestigio do DNSP ameaça os destinos da Escola Ana Nery 1931 – criação do Ministério da Educação e Saúde: - Implantação do ensino secundário que mais tarde (1956) passa a ser critério de admissão nas escolas de enfermagem; - Instalação de novas escolas e universidades - A União assume privativamente a competência de estabelecer as diretrizes de educação e saúde para o país - Estabelecimento de normas legais para o ensino e exercício da enfermagem no Brasil O ensino da enfermagem no Brasil 1931 – Decreto nº 20.109 regulamenta o exercício da Enfermagem e fixas as condições para equiparação das escolas de enfermagem 1937 – Lei nº 452 – incorpora a Escola Ana Nery à UFRJ, então Universidade do Brasil Cenário nacional: - Enfermagem profissional voltada para o ensino e para a saúde pública; - Prática leiga e subserviente da enfermagem, exercida por religiosas nos hospitais Déc. 40 – incorporação da Escola de Enfermagem Anna Néry a Universidade do Brasil; 1949 – Lei nº 775 controla a expansão das escolas de enfermagem centrando o seu ensino nos Centros Universitários Fatos histórico e o ensino da enfermagem no Brasil Dec. de 50 - O Brasil integra ao sistema capitalista ocidental (Governo de Juscelino Kubistschek) - Reordenação da Previdência Social -> reforça a saúde médico- hospitalar 1953 – desvinculação do Ministério da saúde do MEC 1957 – A enfermagem passa a ensino superior no Brasil Consolidação do processo de industrialização -> fortalecimento da industria farmacêutica e da tecnologia hospitalar Concentração de enfermeiros na assistência hospitalar Crescimento de outras categorias da enfermagem Fatos histórico e o ensino da enfermagem no Brasil Crescimento do setor de assistência a saúde privado + o modelo de assistência adotado pela INPS -> ampliação do campo de trabalho para a enfermagem (> nº de profissionais de nível superior no setor público e > nº de auxiliares no setor privado) Efeitos sobre os currículos de enfermagem: - Privilégio da especialização e assistência curativa - Ampliação do nº de cursos para formação de atendentes e auxiliares de enfermagem e mais tarde técnicos de enfermagem 1975 – Lei nº 6.229 do sistema Nacional de Saúde: Previdência Nacional responsável pela assistênciaindividual e curativa e, o Ministério da Saúde, pelos cuidados preventivos Ensino da enfermagem no Brasil Dados históricos: - 1890 – Escola de formação de enfermeiros e enfermeiras (Decreto Federal Nº 791): Escola Alfredo Pinto (RJ). - 1901 – Escola para Enfermeiras (os) do Hospital Samaritano de São Paulo. - 1916 – Escola Prática da Cruz Vermelha Brasileira - os diplomas expedidos eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra. - 1921 –Escola do Exército. - 1922 – Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP): 1923 - Escola Ana Nery - 1933 - Escola de Enfermagem Carlos Chagas -primeira a funcionar fora da Capital da República. Pioneira entre as escolas estaduais, foi a primeira a diplomar religiosas no Brasil - 1939 - Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac -mais antiga escola de religiosas no Brasil Ensino da enfermagem no Brasil Dados históricos: - 1939 - Escola Paulista de Enfermagem – deu inicio aos Cursos de Pós- Graduação em Enfermagem Obstétrica. - 1942- Criação da Escola de Enfermagem da USP - 1946 - Criação da Escola de Enfermagem da UFBA - 1948 – Registro do primeiro aluno do sexo masculino na EEUSP - 1949 – as escolas de enfermagem deixam de ser equiparadas a Escola Ana Nery -> passam a ser reconhecidas pelo Ministério da Educação e Saúde - 1957 – A Enfermagem Brasileira passa a Nível superior Ensino da enfermagem no Brasil Dados históricos: - 1959 – Criação do curso de pós-graduação da EEUSP - 1966 – Criação na Escola Ana Nery do 1º curso de Técnico de Enfermagem - 1973 - Criação do curso de mestrado da EEUSP - 1979 - Criação do Centro de Estudos e Pesquisa em Enfermagem – CEPEn - Criação do curso de doutorado em enfermagem da EEUSP - 1988 – Resolução do CONSEPE/ UNEB nº 207/98 – cria o Curso de Enfermagem da UNEB Ensino da enfermagem no Brasil Escola de Enfermagem Carlos Chagas Ensino da enfermagem no Brasil Ensino da enfermagem no Brasil De 1923 a 1949 - foram criadas 24 escolas de enfermagem: nove católicas, três ligadas a hospitais evangélicos, seis estaduais, três federais, duas da Cruz Vermelha e uma municipal EE USP – turma 1955 EE UFBA Ensino da enfermagem no Brasil Final dos anos 40 início dos anos 50 Escolas se filiaram a universidades/faculdades. Adequação curricular para se aproximar de outros tipos de formação – 04 anos de formação. Professores qualificados . Proporcionar aos alunos experiência clínica de aprendizado. Proporcionar aos alunos experiência de administração. Ensino da enfermagem no Brasil 1950 – desenvolvimento de teorias como meio de estabelecer a enfermagem como profissão + definição de um corpo de conhecimentos próprios da enfermagem – programas educacionais de graduação 1949 - Lei nº 775 exigiu que a educação em enfermagem fosse centralizada nos Centro Universitários (...) Art. 20º: em cada Centro Universitário ou Sede de Faculdade de Medicina, deverá haver uma Escola de Enfermagem com os dois cursos de que trata o art. 1º (Curso de Enfermagem e de Auxiliar de Enfermagem) Princípios e estudos Nightngaleano que influenciaram a formação da enfermagem no Brasil. Estudos epidemiológicos; Princípios de higiene e limpeza; Divisão de trabalho; Organização; Disciplina; Rigor técnico; Submissão; Obediência; Senso de observação; Abnegação; Espírito de serviço. Pensamento Nightngaleano “A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder- se-ia dizer, a mais bela das artes!” Florence Nightingale Pensamento Nightngaleano “[...]não faz mexericos, não conversa sobre futilidades; não responde a perguntas sobre seu doente exceto àqueles que têm o direito de fazê-las. Deve – não há necessidade de enfatizar – ser estritamente sóbria, honesta e, mais que isso, ser uma mulher religiosa e devotada. [...] Deve ser uma observadora segura, direta e rápida, e ser uma mulher de sentimentos delicados e modestos.” (Nightingale, 1859, p. 138) EVOLUÇÃO CURRICULAR O ENSINO DA ENFERMAGEM Enfermagem americana - início do século xx Características do ensino: Desorganizado; exploração do trabalho dos alunos, Pouco conteúdo teórico; Ensino para a repetição de tarefas, sem a devida compreensão dos fatos 1917 - Standart Curriculum for Nursing School: Revisão em 1927: aumento da carga teórica (relação 1:6 teórica-prática) Revisão em 1937: - introduz a ênfase no ensino das ciências pisco-sociais; - utilização de novos métodos de ensino; - ensino clínico considerado fundamental Enfermagem brasileira Currículo da Escola Anna Nery Semelhança ao adotado nos EUA tanto teórica como prática; Evidencia a fragmentação de conteúdos distribuídos em grande número de disciplinas com pequena carga horária em cada uma delas. Enfermagem brasileira - Lei n.º 7753 (específica para as Escolas de Enfermagem), previa: Ampliação da carga horária teórica Mantem a fragmentação – com vinte e nove disciplinas, algumas subdivididas Disciplinas regionais, como Doenças Tropicais Favorecia a diminuição da carga horária prática - 1956 a 1958: 82% das Escolas determinava: Quarenta e seis a cinquenta horas semanais de estágio, além das horas-aula Tendência em concentrar o ensino teórico no primeiro ano Grande diversidade entre as escolas - total de horas variava de 890 a 2303 horas nos 36 meses de curso; Excessiva fragmentação do currículo. Enfermagem brasileira 1961 - determinação do Currículo Mínimo para enfermagem, pelo Conselho Federal de Educação (CFE) - Parecer N.º 271/626 : Procurava corrigia as distorções dos currículos anteriores em relação a excessiva fragmentação Determinava oito matérias obrigatórias: Fundamentos de Enfermagem; Enfermagem Médica; Enfermagem Cirúrgica; Enfermagem Psiquiátrica; Enfermagem Obstétrica e Ginecológica; Enfermagem Pediátrica; Ética e História da Enfermagem e Administração. Tempo de duração do curso: três anos Criação das especializações em saúde pública e obstetrícia, de forma opcional num quarto ano. Enfermagem brasileira Em 1962, o ensino de enfermagem integra o sistema de ensino universitário A Reforma Universitária - Portaria Ministerial N.º 159/ 1965 – estabelece sob novos critérios a duração dos cursos superiores, exigindo a revisão de todos os currículos mínimos. O de enfermagem foi modificado pelo Parecer n.º 163/72 Reformas posteriores: - A extinção das habilitações - Aumento da duração mínima do curso em anos e horas - A redimensionamento, no rol das matérias e disciplinas, dos conteúdos das áreas das ciências humanas e biológicas - Abrangia cinco áreas temáticas, incluindo matérias e disciplinas das ciências biológicas e humanas de forma equilibrada: Bases Biológicas e Sociais da Enfermagem - Ciências Biológicas; Ciências Humanas; Fundamentos de Enfermagem; Assistência de Enfermagem; Administração em enfermagem (BRASIL, CEF/MEC, 1994) -Estágio curricular supervisionado em hospitais, ambulatórios e rede básica de serviço de saúde. - Carga horária é de 3500 horas integralizadas em 4 anos ou 8 semestres Enfermagem brasileira Em 1961, o processo de formação de enfermeiros passou a exigir a realização prévia do segundo grau e realização de exames vestibulares, provocando, inicialmente, grande escassez de estudantes. Os currículos de 1923, 1949, 1962 e 1972, revelam que a formação do enfermeiro era centrada no polo indivíduo/doença/cura e na assistência hospitalar, seguindo o mercado de trabalho específico de cada época. Desafio na formação do enfermeiro “Transpor o que é determinado pela nova Lei de Diretrizes e Bases e pelas Novas Diretrizes Curriculares ao formar profissionais que superem o domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho, enquanto agentes inovadores e transformadores da realidade, inseridos e valorizados no mundo do trabalho (ITO, 2006) Principais tendências de transformações educacionais Desospitalização do processo ensino-aprendizagem Aprendizagem baseada em problemas e evidências Aprendizagem direcionada para a aquisição de competências cognitivas e tecnológicas em prevalência à apreensão de aptidões específicas Adoção da transdisciplinariedade Incorporação da avaliação econômica e da bioética nos currículos Estímulo à investigação O ensino da enfermagem O processo de formação de profissionais críticos, reflexivos, com compromisso político e capazes de enfrentar os problemas complexos que se apresentam na sociedade e, mais especificamente, na área da saúde, pressupõe a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, que possibilitem aos estudantes ocuparem o lugar de sujeitos na construção da sua aprendizagem, tendo o professor como facilitador e orientador. (FERNANDES, 2005) O ensino da enfermagem O CURRICULO DE ENFERMAGEM DA UNEB O ensino da enfermagem Desafios contemporâneos 1. As instituições de ensino são forçadas a desenvolver currículos que atendam às necessidades do sistema de saúde que demanda: Eficiência; Habilidade em trabalhar em ambiente altamente tecnológico; conhecimento; Responsabilidade; Dever de prestar contas 2. Professores qualificados, de excelência clínica e com vocação para a docência. Quantidade de trabalho e tempo disponibilizado distinto de outras áreas de formação O ensino da enfermagem Desafios contemporâneos 3. Formação de alto custo; 4. competição por espaço para experiência prática; 5. expansão do atendimento domiciliar; 6. redução do tempo de hospitalização; 7. aumento do número e tamanho das escolas numa mesma área; 8. desenvolver estratégias de seleção apropriadas e capacidade de retenção do aluno; 9. avaliação dos aspectos legais que amparam as normas institucionais; 10. diversidade nas características dos candidatos em admissão. O ensino da enfermagem Desafios contemporâneos 11. Mudanças nos papéis profissionais. 12. Exigência de profissionais com habilidade técnica e de pesquisa, conhecimento de princípios administrativos e financeiros. 13. Estudos independentes. Características fundamentais na formação profissional Comunicação Capacidade de interagir com o outro; Observação; Criatividade; Valores humanitários; Postura ética; Habilidade; Consciência crítica; Raciocínio clínico; Conhecimento científico. “A verdadeira essência da Enfermagem, reside na imaginação criativa no espírito sensível e na compreensão inteligente.” Florence Nightingale
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