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Mecanismos microbianos de patogenicidade - Bactérias Glossário Infecção: multiplicação do micro-organismo patogênico no organismo Patogenicidade: capacidade de um agente infeccioso provocar doença Patogênese: forma como a doença se desenvolve Toxigenicidade: capacidade de um micro-organismo produzir toxina que contribua para a doença Virulência: medida quantitativa da patogenicidade de um agente Postulados de Koch Alguns patógenos não podem ser cultivados em laboratório! Treponema palidum (sífilis) Mycobacterium leprae Neisseria gonorrhoeae (gonorréia) Não podem ser cultivados in vitro Não há modelo animal de infecção Com os avanços em genética microbiana... Identificação da sequência genética Onde estão os patógenos? Reservatórios humanos – contamina objetos por curto período de tempo AIDS, difteria, febre tifóide, hepatite, gonorréia, infecções estreptocócicas, etc Reservatórios animais Zoonoses Raiva, gripe suína, carbúnculo, peste bubônica, leptospirose, salmonelose, toxoplasmose, etc Reservatórios inanimados Solo e água Tétano, botulismo, micoses, etc Como são transmitidos? Contato Direto Indireto (objeto inanimado ou fômite) Gotículas ou perdigotos Veículo Água, alimentos, ar, sangue, drogas, etc Vetores Insetos, carrapatos, etc Portas de entrada – principalmente via aérea e gastrointestinal Mucosas Gastrintestinal, respiratória, geniturinária e conjuntiva Pele Pele íntegra (poucos): folículos pilosos, ductos de glândulas, etc Via parenteral – quebra da continuidade da proteção da pele Queimaduras, cortes, punções, injeções, picadas, rompimentos por edemas ou ressecamentos, etc Fatores de virulência bacterianos Onde estão os da virulência Cromossomos Plasmídios Transposons – dentro da msm célula Fagos temperados podem integrar o cromossomo bacteriano Ilhas de patogenicidade Vários micro-organismos não manifestam fatores de patogenicidade quando cultivadas em laboratório, o que leva a crer que vários genes de patogenicidade são induzíveis Aquisição de virulência Mecanismos bacterianos de patogenicidade 1 – adesão 2 – Disseminação (invasão de células e tecidos) 3 – Lesão 1) Adesão Adesinas Adesinas: glicoproteínas ou lipoproteínas da superfície do patógeno que reconhecem e se ligam aos receptores específicos das células do hospedeiro. Receptores: geralmente açúcares da superfície da célula hospedeira. Pedestal de actina - Invasinas Invasinas: proteínas de superfície A bactéria é internalizada (fagocitose) Proteínas adesivas da superfície terminal de Pili ou fimbrias do micro-organismo ligam-se a moléculas superfície da célula hospedeira (carboidratos). Anti-corpos para adesina podem bloquear a interação. Processo de adesão não mediado por fimbrias; adesinas de superfície. Interação com células eucarióticas realizada por intiminas bacterianas, que provocam um rearranjo do citoesqueleto (pedestal), com possível internalizarão da bactéria (muitos casos de doenças sistêmicas). A bactéria secreta seu próprio receptor de superfície, que é internalizado pela célula hospedeira, fosforilado e incorporado a membrana. www.cdc.gov Listeria monocytogenes Alberts B, Johnson A, Lewis J, et al., 2002 Outras estruturas de adesão Fímbrias e Pili Neisseria gonorrhoeae (uretrite) E. coli (cistite; gastrenterites) Salmonella, Shigella Flagelos – pode ocorrer reconhecimento e adesão pelo flagelo Glicocálice e biofilmes (65% das infecções) 2) Invasão de células e tecidos Cápsula – agente de disseminação Impede a adesão das células fagocitárias e destruição da bactéria Streptococcus pneumoniae (pneumonia pneumocócica) Klebsiella pneumoniae (pneumonia, etc) Haemophilus influenzae (pneumonia, meningite) Bacillus anthracis (carbúnculo) Yersinia pestis (peste bubônica) Pode haver produção de anticorpos contra cápsulas Componentes da parede celular Proteína M de Streptococcus pyogenes Proteína Opa de Neisseria gonorrhoeae Resistência a fagocitose (adesão a mucosas) Adesão bactéria-bactéria Genes para 12 diferentes OPA Ceras de Mycobacterium tuberculosis Resistência à digestão por células fagocitárias Proteína M - Proteína de superfície altamente específica (imunização somente contra cepa específica) e resistente (calor, pH ácido) Fixação da bactéria na mucosa (inibe a fagocitose) Homóloga a proteínas fibrilares humanas (miosina, tropomiosina-a, etc – autoimunidade) Enzimas - fundamental na patogênese Quinases Degradação da fibrina (dissolução de coágulos) Ex: estreptoquinase de S. pyogenes; estafiloquinase de S. aureus. Coagulases Coagulação do fibrinogênio (fibrina) Proteção contra fagocitose e isolamento Ex: alguns Staphylococcus Enzimas Hialuronidase Hidrolisa ácido hialurônico (SFA) Escurecimento do infectado Ex: Streptococcus, Clostridium perfringens Colagenase Hidrolisa colágeno (tecido conjuntivo) Ex: C. perfringens Enzimas Enzimas necrosantes Enzimas que destroem tecidos (proteases, lipases, etc) Ex: S. pyogenes; Clostridium Proteases IgA Degradação de anticorpos IgA Ex: Neisseria gonorrhoeae, N. meningitidis Flagelos Invasão de áreas aquosas do corpo e escape da fagocitose Variação antigênica Alteração da composição de antígenos de superfície Genes alternativos que permitem variação antigênica Ex: Influenzavírus HIV Trypanosoma brucei gambiense (doença do sono) Neisseria gonorrhoeae Mimetismo molecular – o patógeno possui antígenos de superfície semelhantes aos antígenos do hospedeiro (estreptococos, micoplasmas). Outra característica, parasita bacteriano expressa proteínas de superfície como a gente para não ser reconhecido como antígeno) 3) Lesão de células Utilização de nutrientes do hospedeiro Sideróforos: proteínas secretadas pelo patógeno que tem alta afinidade pelo ferro Capturam o ferro de moléculas orgânicas (hemoglobina, lactoferrina, ferritina, etc) O complexo ferro-sideróforo é reconhecido por receptores de superfície da bactéria e o ferro é internalizado (complexado ou livre) Toxinas Cerca de 220 tipos conhecidos (bacterianas) Toxemia: presença de toxinas no sangue Endotoxinas – lipídeo A liberado na destruição da parede Gram negativa é destruída; febre (pirógeno) Exotoxinas – proteínas tóxicas que afetam tecidos específicos do corpo (neurotoxinas, enterotoxinas, etc). Tortora et al, 2008 Exotoxinas São proteínas secretadas ou liberadas após a lise bacteriana Muitas são enzimas Presentes em G+ e G- Maioria codificada por genes plasmidiais ou profagos Solúveis Afetam partes específicas do hospedeiro Podem provocar intoxicações, sem necessidade de infecção (presença da bactéria; S. aureus e C. botulinum) Antitoxinas Anticorpos contra exotoxinas Toxóides: exotoxinas alteradas para induzir a produção de antitoxinas (vacinas) Ex: vacinas contra difteria e antitetânica Inativação de exotoxinas Calor (nem todas) Formaldeído Iodo etc Exotoxinas Toxinas A-B Toxinas que rompem membranas Superantígenos Tortora et al, 2008 A. Toxinas A-B ou toxina tipo III (EXO) Possuem 2 partes: Polipeptídio A (componente ativo) Polipeptídio B (componente de ligação) Ex: toxina diftérica toxina botulínica toxina tetânica enterotoxina colérica Toxina diftérica Corynebacterium difhtheriae com gene tox (profago) Citotoxina que inibe a síntese protéica em células eucarióticas Outras toxinas A-B (EXO) Toxina botulínica (neurotoxina) Clostridium botulinum Germinação de esporos e crescimento celular Impede a transmissão de impulsos neuro-musculares na sinapse (inibição da liberação de acetilcolina) Toxina tetânica (neurotoxina) C. tetani Bloqueia células nervosas do SNC que controlam a contração de vários músculos esqueléticos; causa o bloqueio do relaxamento muscular (contrações espasmódicas) Toxicidade relativa de algumas substâncias Substância Massa molecular Dose letal (mg/kg) Botulinustoxina A 900.000 0,00003 Tetanustoxina 150.000 0,0001 Ricina 66.0000,02 Crotoxina 30.000 0,2 Difteriotoxina 72.000 0,3 2,3,7,8-TCDD 320 1 Tetradoxina 319 10 Aflatoxina B1 312 10 Curanina 696 500 Estriquinina 334 500 Nicotina 162 1.000 Cianeto de Sódio 49 10.000 Fenobarbital 232 100.000 Fonte: Assunção e Pesquero (1999) citando Grossi (1993). B. Toxinas que rompem membranas (EXO) Toxinas tipo II Destroem a célula hospedeira (fagócitos) Mecanismos de escape de fagossomos dos fagócitos Mecanismos de lise Formação de canais protéicos Hemolisinas: destroem eritrócitos e tb leucócitos, etc (estafilococos; estreptococos – estreptolisinas) - EXOTOXINA Leucocidinas: destroem macrófagos - EXOTOXINA Ruptura da bicamada fosfolipídica Lecitinase: degrada fosfolipídios (C. perfringens) – degrada fosfolipídeos (membrana) - EXOTOXINA C. Superantígenos ou toxinas tipo I (EXO) Antígenos (proteínas) que provocam resposta imune intensa superantígenos proliferação de células T citocinas febre, náusea, vômitos, diarréia, choque e morte Ex: toxinas estafilocócicas (intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico); toxinas eritrogênicas (S. pyogenes) alguns casos Endotoxinas - GRAM NEGATIVA Porção lipídica do LPS: lipídeo A São liberadas com a lise da parede Antibióticos: lise bacteriana causa piora imediata dos sintomas Tortora et al, 2008 Ação tóxica das endotoxinas (comum): Macrófagos Citocinas Calafrios, febre, fraqueza, dores generalizadas, choque e morte Coagulação intravascular disseminada: coagulação do sangue (ativação das proteínas), com obstrução de capilares e morte tecidual alguns casos Choque Queda de pressão arterial com risco de morte Choque séptico: choque causado por bactérias Choque endotóxico: causado por bactérias G- fator necrosante tumoral (FNT) ou catequina fagócitos lesão de capilares perda de líquidos e queda da pressão arterial danos aos rins, pulmões e trato gastrintestinal
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