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Livro Texto Unidade III

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Livro-texto 
Disciplina: Instituições de Direito Unidade: III 
 
1. ÉTICA 
Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é saber lidar com o 
entendimento e o alcance do que é a Ética, bem como limitá-los. 
A palavra ética é de origem grega e derivada de ethos, que diz respeito aos costumes, 
aos hábitos dos homens vivendo em sociedade. No entanto, a difícil missão é saber 
como avaliar o comportamento do ser humano nesta “sociedade”. 
Sabemos que no mundo inteiro existem várias sociedades agindo e convivendo de 
forma diferente, com seus próprios costumes, religiões, regras de sobrevivência e 
outros aspectos diversos. Avaliar o que é correto vai além da forma pela qual fomos 
educados: é necessário saber avaliar que cada sociedade está ligada às suas origens 
e história. 
Se analisarmos a forma como a mulher é tratada em algumas sociedades islâmicas 
sob o olhar da nossa sociedade ocidental, certamente não poderemos compreender 
os regramentos. Contudo, quando analisamos sob o ponto de vista deles, dentro dos 
seus preceitos religiosos, legais e comportamentais, podemos entender. 
A ética serve para qualificar as organizações (empresa ética), as pessoas (sujeito 
ético) e os comportamentos (conduta ética) dentro de uma sociedade. 
Assim, podemos considerar que a ética de um indivíduo, grupo, organização ou 
comunidade seria a manifestação visível, por meio de comportamentos, hábitos, 
práticas e costumes, de um conjunto de princípios, normas, pressupostos e valores 
que regem a sua relação com o mundo. 
Uma condição fundamental para que o homem atinja seus objetivos é, sem dúvida 
nenhuma, que ele se associe. Sozinho o homem é incapaz de atingir grande parte de 
seus bens, objetivos, finalidades e interesses. 
Portanto, a sociedade é uma comunidade, uma comunhão, uma organização em que 
uns suprem o que aos outros falta e todos em conjunto realizam o que nenhum 
isoladamente seria capaz de conseguir. 
 
1.1 Conceitos de Moral e de Justiça 
Se a Ética pode ser entendida como a forma pela qual o indivíduo se comporta em 
sociedade, a Moral pode ser definida como a maneira pela qual a sociedade enxerga 
este “ser” e seus atos perante ela. 
 
O conceito de Justiça, ou seja, o conceito do indivíduo sobre o que ele considera justo 
ou injusto, está diretamente ligado às suas convicções pessoais, íntimas, sobre o que 
ele entende por certo ou errado dentro daquilo que mais lhe convém. 
Um exemplo clássico que mistura o entendimento e a praticidade dos dois conceitos 
é dado na seguinte situação: um pai que entende como justo matar o homem que 
assassinou o seu filho. Essa situação é proibida (ilegal) e imoral dentro da sociedade 
brasileira, que não permite o “fazer justiça com as próprias mãos”, mas esse tipo de 
atitude, dentro do espaço íntimo de um pai que se encontra nessa situação, pode ser 
por ele considerada “justa”. A própria expressão “fazer justiça com as próprias mãos” 
já traz em seu contexto o conceito de justiça aqui descrito. 
Podemos identificar padrões morais estabelecidos em épocas diferentes na mesma 
sociedade. À medida que a sociedade evolui, ou até mesmo se globaliza, ela modifica 
os seus conceitos morais. 
Há algumas décadas, na sociedade brasileira, como em outras culturas, era 
totalmente imoral uma mulher ser mãe ou engravidar sem ter, anteriormente, feito os 
votos do matrimônio, bem como era imoral se casar sem ser virgem; inclusive, em 
determinada época, era quase que obrigatório estender o lençol sujo de sangue na 
varanda das casas para provar o defloramento da esposa. Atualmente, a sociedade 
em geral entende como normal esse tipo de acontecimento, sendo um assunto 
apenas discutido no seio de cada família. 
O comportamento moral não se baseia em uma reflexão, mas nos costumes de 
determinada sociedade em determinado lugar, em um tempo histórico preciso. 
A moral é habitualmente um meio mais poderoso do que a lei para reger o 
comportamento humano. Muitas vezes, é mais fácil infringir a lei para agir de acordo 
com a moral do que infringir a moral para agir de acordo com a lei. 
Embasando qualquer decisão que tomamos na vida profissional ou na vida privada, 
estarão sempre os nossos valores morais como orientação. 
Diante do conceito de ética descrito no tópico anterior e do conceito de moral disposto, 
podemos concluir que a moral baseia-se no comportamento da sociedade e que a 
ética, a partir da reflexão sobre esse comportamento, criará normas universais com a 
finalidade de estabelecer as melhores ações. 
 
1.2 Ética empresarial 
A ética empresarial pode ser definida como o comportamento da pessoa jurídica de 
Direito Público (empresas públicas) ou de Direito Privado quando elas agem em 
conformidade com os princípios morais e éticos aceitos pela sociedade, ou seja, 
quando agem em conformidade com as regras éticas provindas do senso comum de 
uma sociedade. 
Este comportamento ético e moral é o que espera a sociedade na qual a pessoa 
jurídica está inserida, devendo a empresa agir com ética em todos os seus 
 
relacionamentos, especialmente com clientes, fornecedores, empregados, 
concorrentes e governo. 
É importante ressaltar que toda empresa tem o dever ético de cumprir a lei e os 
costumes. 
Segundo o autor Joaquim Manhães Moreira (apud COTRIM, 2008), são razões para 
a empresa ser ética: 
• custos menores, pois não faz pagamentos irregulares ou imorais, como o 
suborno; 
• possibilidade de avaliar com precisão o desempenho da sua estrutura; 
• legitimidade moral para exigir comportamento ético dos empregados; 
• geração de lucro livre de contingências, por exemplo, condenações por 
procedimentos indevidos; 
• obtenção de respeito dos parceiros comerciais; e 
 
• cumprimento do dever inerente à responsabilidade social da organização. 
 
1.3 Responsabilidade Social 
Podemos conceituar a responsabilidade social como um processo instrutivo e 
dinâmico, baseado na ciência do dever humano e na ética, envolvendo ações 
governamentais e não governamentais pelos direitos fundamentais para a vida, as 
relações sociais e o equilíbrio ambiental. 
Essas manifestações, além de basear-se em regras de ordem moral, estão 
disciplinadas em códigos e instrumentos pátrios, como as leis de proteção ao 
consumidor, a crianças e adolescentes, às mulheres e aos idosos; no âmbito 
internacional, temos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração 
Universal dos Direitos da Criança e as Convenções sobre as Condições de Trabalho, 
entre outros. 
Dentro das sociedades encontramos diversas formas de manifestação de 
Responsabilidade Social que podem ser exercidas pelo Governo Municipal, por meio 
de políticas públicas, e pelos cidadãos – desenvolvimento social com ações 
individuais, coletivas ou empresariais junto a órgãos públicos ou entidades privadas 
com a execução de trabalhos voluntários. 
 
1.4 Responsabilidade Social Empresarial (RSE) 
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é a forma de gestão empresarial que se 
define pela relação ética, moral e transparente da empresa com todos os seus 
públicos (clientes, fornecedores, empregados etc.) e pelo estabelecimento de metas 
 
empresariais que impulsionam o desenvolvimento sustentável da sociedade, 
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações presentes e futuras, 
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. 
A responsabilidade empresarial, seguindo os ensinamentos de Robert Henry Srour 
(2000), adquire o caráter social pela adoção de um conjunto de práticas descritas a 
seguir. 
• Conjugar o desenvolvimento profissional dos colaboradores e sua coparticipação 
em decisões técnicas, estimular investimentosem segurança e melhores condições 
de trabalho, conceder participação nos lucros e nos resultados, assim como outros 
benefícios sociais. Seus impactos imediatos são: maior produtividade, mais eficiência 
nos processos, incremento do capital intelectual, maior assiduidade do pessoal e 
menor rotatividade. 
• Valorizar a diversidade interna da empresa, por meio do combate às discriminações 
– no recrutamento, no acesso ao treinamento, na remuneração, na avaliação do 
desempenho e na promoção das “minorias políticas”, como é o caso de uma política 
de emprego para portadores de deficiência física, da adaptação do ambiente de 
trabalho às suas necessidades e da previsão de vagas para jovens de pouca 
qualificação que recebem formação e capacitação adequadas. 
• Exigir dos prestadores de serviços que seus trabalhadores desfrutem de condições 
de trabalho semelhantes às dos próprios funcionários da empresa contratante. 
• Constituir parcerias entre clientes e fornecedores para gerar produtos e serviços de 
qualidade, garantir preços competitivos, estabelecer um fluxo de informações 
precisas e tempestivas, e para assegurar relações confiáveis e duradouras. 
• Contribuir para o desenvolvimento da comunidade local e, por extensão, da 
sociedade inclusiva, através da implantação de projetos que aumentem o bem-estar 
coletivo. 
• Incluir investimentos em pesquisa tecnológica para inovar processos e produtos, 
além de melhor satisfazer os clientes ou usuários. 
• Exigir a conservação e a restauração do meio ambiente por meio de intervenções 
não predatórias (consciência da vulnerabilidade do planeta) e de medidas que evitem 
externalidades negativas. 
• Implicar a publicação de um “balanço social”. 
No ano de 1998, o Conselho Empresarial Mundial, em convenção na Holanda, institui 
as bases para o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (Empresarial), 
estabelecendo o comprometimento permanente dos empresários com 
comportamentos eticamente orientados e com o desenvolvimento econômico no 
intuito de melhorar a qualidade de vida dos empregados e de suas famílias, bem como 
da comunidade local e da sociedade de modo geral. 
As consequências trazidas para as empresas que adotam entre as suas estratégias 
a Responsabilidade Social podem ser resumidas da seguinte forma: 
 
• contribuição decisiva para a perenidade das empresas, uma vez que diminui sua 
vulnerabilidade ao reduzir desvios de conduta, processos judiciais e possíveis 
retaliações por parte dos stakeholders; 
• promoção da reputação das empresas, sobretudo junto aos clientes e às 
comunidades locais em que suas sedes estão implantadas; 
• conciliação da eficácia econômica com preocupações sociais; 
• fortalecimento interno da empresa, conquistando e retendo talentos, além de cultivar 
um relacionamento duradouro com clientes e fornecedores; 
• faz os projetos sociais serem agregados como valor aos produtos ou serviços 
prestados; 
• operar como fator inovador para alcançar o sucesso empresarial. 
Nesse sentido, as empresas têm a missão de competir não somente pela conquista 
do mercado para auferir lucros, mas também para conquistar um capital de reputação, 
de prestígio; elas querem dispor de uma reserva de credibilidade que lhes confira a 
“licença para operar” e, por conseguinte, o benefício da dúvida em situação de crise. 
Procuram obter, sobretudo, um crédito de confiança que lhes outorgue uma vantagem 
competitiva para incrementar sua rentabilidade (SROUR, 2000). 
 
1.5 Código de Conduta de Ética 
O Código de Ética é um instrumento que busca a realização e a satisfação dos 
princípios, da visão e da missão da empresa. Serve para orientar e disciplinar as 
ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa em face dos 
diferentes públicos com os quais interage, como clientes, fornecedores e público em 
geral. É importante que seu conteúdo seja refletido nas atitudes das pessoas a que 
se dirige e encontre respaldo tanto na alta administração da empresa quanto no último 
empregado contratado, pois todos têm a responsabilidade de vivenciá-lo e praticá-lo. 
O Código de Ética formaliza um padrão de conduta considerado adequado para uma 
organização. Quando uma empresa decide adotar uma postura ética em seus 
relacionamentos é muito importante que essa resolução conste em um documento 
interno que será chamado de Código de Ética ou Código de Conduta. 
Sabemos que as pessoas que integram uma organização possuem formações 
culturais, intelectuais e científicas diferentes, experiências sociais diversas e opiniões 
diferentes sobre os fatos da vida. Contudo, o Código de Ética tem a missão de 
padronizar e formalizar o entendimento da organização empresarial, incluindo seus 
colaboradores em seus diversos relacionamentos e operações. A existência do 
Código de Ética evita que os julgamentos subjetivos deturpem, impeçam ou restrinjam 
a aplicação plena dos princípios. 
Podem-se traçar algumas formas para que a organização cumpra, ou melhor, 
obedeça ao Código de Ética estabelecido. São elas: 
 
• treinamento dos conceitos constantes do Código; 
• sistema de revisão e verificação do efetivo cumprimento das normas do Código de 
Ética; 
• criação de um canal de comunicação destinado a receber e a processar relatos 
sobre eventuais violações às normas traçadas no Código de Ética. 
A consciência ética das empresas, manifestada através de seus gestores cresce a 
cada dia, como se pode perceber pelo grande número de causas submetidas à 
Justiça. Essas causas revelam que, em todos os relacionamentos da empresa, a 
sociedade deseja obediência à legislação e à ética. 
O profissional da atualidade, no Brasil, está vivendo uma experiência ímpar ao 
integrar o mundo dos negócios nessa Era Ética. 
O Código de Ética, como ressaltado, irá formalizar em uma espécie de documento da 
empresa, seus padrões éticos e morais, criando assim regras de conduta. 
O autor Robert Henry Srour (2008) apresenta uma lista de alguns temas recorrentes 
nos códigos de ética no Brasil: 
• relacionamento com clientes, acionistas, colaboradores, fornecedores e prestadores 
de serviços, distribuidores, autoridades governamentais, órgãos reguladores, mídia, 
concorrentes, sindicatos, comunidades locais, Terceiro Setor, associações 
empresariais; 
• conflitos de interesse entre os vários públicos; 
• regulamentação da troca de presentes, gratificações, favores, cortesias, brindes, 
convites de fornecedores ou clientes; 
• observância das leis vigentes; 
• segurança e confidencialidade das informações não públicas, em especial das 
informações privilegiadas; 
• teor dos balanços, das demonstrações financeiras e dos relatórios da diretoria 
endereçados aos acionistas e seu nível de transparência; 
• propriedade intelectual dos bens simbólicos, patentes ou marcas; 
• espionagem econômica ou industrial versus pesquisas tecnológicas e uso do 
benchmarking e da inteligência competitiva; 
• postura diante do trabalho infantil e do trabalho forçado; 
• formação de lobbies ou tráfico de influência; 
• formação de cartéis e participação em associações empresariais; 
• contribuição para campanhas eleitorais; 
• prestação de serviços profissionais por parte dos colaboradores a fornecedores, 
prestadores de serviços, clientes ou concorrentes; 
 
• respeito aos direitos do consumidor; 
• relação com o meio ambiente: uso de energia, água e papel; consumo de recursos 
naturais; poluição do ar; disposição final de resíduos; 
• uso do tempo de trabalho para assuntos pessoais; 
• uso do nome da empresa para obter vantagens pessoais; 
• discriminação das pessoas em razão de gênero, etnia, raça, religião, classe social, 
idade, orientação sexual,incapacidade física ou qualquer outro atributo e regulação 
de sua seleção e promoção (questão da diversidade social); 
• assédio moral e assédio sexual; 
• segurança no trabalho, com adequação dos locais de trabalho e dos equipamentos 
para prevenir acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; 
• uso de drogas ilícitas, ingestão de bebidas alcoólicas e prática de jogos de azar; 
• porte de armas; 
• relações de apadrinhamento (nepotismo, favoritismo, paternalismo, compadrio, 
amizade) e contratação de parentes ou amigos como colaboradores ou como 
terceiros; 
• troca de informações com concorrentes, fornecedores e clientes; 
• adoção de critérios objetivos e justos na contratação e no pagamento dos 
fornecedores ou prestadores de serviços para afastar qualquer favorecimento; 
• existência de interesses financeiros ou vínculos de qualquer espécie com empresa 
com a qual se mantenha negócios, para não ensejar suspeita de favorecimento; 
• posicionamento com relação à concorrência desleal; 
• difusão interna de fofocas ou rumores maliciosos; 
• privacidade dos colaboradores; 
• direito de associação dos colaboradores a sindicatos, igrejas, associações, partidos 
políticos ou organizações voluntárias; 
• restrição do fumo a locais ao ar livre ou a áreas reservadas; 
• proibição da comercialização interna de produtos ou serviços por colaboradores; 
• uso dos bens e recursos da empresa para que não ocorram danos, manejos 
inadequados, desperdícios, perdas, furtos ou retiradas sem prévia autorização; 
• utilização dos equipamentos e das instalações da empresa para assuntos pessoais 
dos colaboradores ou para assuntos políticos, sindicais ou religiosos; 
• proteção da confidencialidade dos registros pessoais que ficam restritos a quem tem 
necessidade funcional de conhecê-los, salvo exceções legais. 
 
Assim, pode-se dizer que administrar a ética dentro de uma empresa é gerir o 
alinhamento do comportamento dos seus colaboradores com um conjunto de normas 
que consideramos indispensáveis e que formam a base da cultura desejada para a 
corporação. 
O que se procura com essa Era Ética, assim denominada por vários doutrinadores, é 
estabelecer para sempre o orgulho de ser honesto, que será ostentado por 
empresários, acionistas, administradores, empregados, parceiros e agentes das 
organizações empresariais. 
O respeito aos Códigos de Ética depende da determinação de cada um dos 
envolvidos na organização empresarial em conhecer, seguir e disseminar os 
princípios éticos, assim como em exigir a sua observância por todos. 
 
2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL, LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL, 9.279/96, 
MARCAS E PATENTES 
A propriedade industrial está amparada no Direito Industrial, também conhecido no 
Brasil como marcas e patentes. 
Direito Industrial é a divisão do direito comercial que protege os interesses dos 
inventores, designers e empresários em relação a invenções, Modelo de Utilidade, 
desenho industrial e marcas. 
 
2.1 Bens da propriedade industrial 
São considerados bens integrantes da propriedade industrial a invenção, o Modelo 
de Utilidade, o desenho industrial e a marca. 
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que é uma autarquia federal, é o 
órgão encarregado de emitir a concessão da patente ou do registro competente. 
 
2.1.1 Invenção – art. 13, LPI 
A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, 
não decorre de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica. É algo novo, 
decorrente do intelecto humano, passível de aplicação industrial, no entanto, sem 
definição na lei. 
Dos bens considerados industriais, a invenção é a única ainda não definida pela lei. 
Essa ausência de definição é proposital, não só no âmbito nacional, mas também e 
principalmente no internacional, e é justificável pela extrema dificuldade de se 
conceituar a invenção. 
Saber o que é uma invenção é fácil, difícil é estabelecer os seus exatos contornos 
conceituais. Assim, podemos delimitar a invenção por critérios de exclusão, 
 
apresentando uma lista de manifestações do intelecto humano que não se 
consideram abrangidas na lei, em especial, no art. 10. 
Nesse sentido, não são invenções: 
• descobertas e teorias científicas (por exemplo: a Teoria da Relatividade, de 
Einstein); 
• métodos matemáticos (por exemplo: cálculo infinitesimal, de Isaac Newton); 
• concepções puramente abstratas (por exemplo: a lógica heterodoxa, de Newton da 
Costa); 
• esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, 
educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização (a Pedagogia do Oprimido, de 
Paulo Freire, é exemplo de método educativo); 
• obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética e 
programas de computador (tutelados pelo Direito Autoral); 
• apresentação de informações, regras de jogo, técnicas e métodos operatórios ou 
cirúrgicos, terapêuticos ou de diagnóstico e os seres vivos naturais. 
 
2.1.2 Modelo de Utilidade – art. 14, LPI 
Sempre que for inventado um aperfeiçoamento de algo já existente (pequena 
invenção), este será denominado Modelo de Utilidade. 
A lei define Modelo de Utilidade como objeto de uso prático ou parte deste, suscetível 
de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato 
inventivo, que resulte em melhora funcional no seu uso ou em sua fabricação – LPI, 
art. 9º (BRASIL, 1996). 
Os recursos agregados às invenções para, de um modo não evidente a um técnico 
no assunto, ampliar as possibilidades de sua utilização, são Modelos de Utilidade. As 
manifestações intelectuais excluídas do conceito de invenção também não se 
compreendem no de Modelo de Utilidade − LPI, art. 10º (BRASIL, 1996). 
Para ser caracterizado como Modelo de Utilidade, o aperfeiçoamento deve revelar a 
atividade do seu criador. Deve representar um avanço tecnológico que técnicos da 
área reputem engenhoso. Se o aperfeiçoamento for destituído dessa característica, 
sua natureza jurídica será a mera “adição de invenção” − LPI, art. 76 (BRASIL, 1996). 
 
2.1.3 Desenho industrial – art. 95, LPI (BRASIL, 1996) 
O desenho industrial − design − “é a alteração da forma dos objetos” (BRASIL, 1996). 
Está definido na lei como: “a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto 
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando 
resultado visual novo original na sua configuração externa e que possa servir de tipo 
de fabricação industrial” (BRASIL, 1996). 
 
A característica fundamental entre o desenho industrial e os bens industriais 
patenteáveis é a futilidade, ou seja, a alteração que o desenho industrial introduz nos 
objetos não amplia a sua utilidade, apenas lhes dá um aspecto diferente. 
Temos como exemplos de coisas que se podem projetar os utensílios domésticos, 
vestimentas, máquinas, ambientes, serviços, marcas e também imagens, como peças 
gráficas, famílias de letras (tipografia), livros e interfaces digitais de softwares ou de 
páginas da internet, entre outros. 
 
2.1.4 Marca – art. 122, LPI (BRASIL, 1996) 
A marca é definida como o sinal distintivo, suscetível de percepção visual, que 
identifica, direta ou indiretamente, produtos ou serviços. 
A identificação da marca é realizada por meio da visualização do sinal no produto ou 
no resultado do serviço, nos eletrodomésticos, nas embalagens, nos anúncios, nos 
uniformes dos empregados, nos veículos e nos rótulos dos produtos em geral. 
Os doutrinadores costumam classificar as marcas em nominativas, figurativas ou 
mistas. 
• Nominativas: enquadram-se as marcas compostas exclusivamente por palavras, 
que não apresentam uma particularforma de letras. Exemplo: Revista Pequenas 
Empresas Grandes Negócios. 
• Figurativas: as marcas consistentes de desenhos ou logotipos. Exemplo: os 
símbolos das montadoras de veículos. 
• Mistas: seriam palavras escritas com letras revestidas de uma particular forma ou 
inseridas em logotipos. Exemplo: Coca-Cola, NET etc. 
 
2.1.5 Das invenções e dos Modelos de Utilidade não patenteáveis 
Nos termos do artigo 18 da LPI (BRASIL, 1996), não são patenteáveis: 
• o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde 
públicas; 
• as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, 
bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos 
processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do 
núcleo atômico; e 
• o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que 
atendam aos três requisitos de patenteabilidade − novidade, atividade inventiva e 
aplicação industrial — previstos no art. 8º (BRASIL, 1996) e que não sejam mera 
descoberta. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microrganismos transgênicos são 
organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, 
 
mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica 
normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais (BRASIL, 1996). 
 
2.1.6 Segredo de empresa 
Apesar da frágil legislação e proteção sobre o tema, o segredo de empresa não está 
totalmente desamparado no direito brasileiro. Pelo contrário, a lei define como crime 
de concorrência desleal a exploração, sem autorização, de “conhecimentos”, 
informações ou dados confidenciais utilizáveis na indústria, no comércio ou na 
prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que 
sejam evidentes para um técnico no assunto, se o acesso ao segredo tiver sido 
fraudulento ou derivado de relação contratual ou empregatícia – art. 195, incisos XII 
e XI, LPI (BRASIL, 1996). 
Assim, a usurpação de segredo de empresa gera responsabilidade tanto na área 
penal quanto na civil. É certo que apenas não haverá lesão a direito de um empresário 
se o outro que explora economicamente o mesmo conhecimento secreto também o 
tiver obtido graças às próprias pesquisas. 
Nesse exemplo, se nenhum dos dois registrar a patente, não haverá concorrência 
desleal; no entanto, quando dois ou mais empresários exploram o mesmo 
conhecimento secreto, o primeiro deles que depositar o pedido de patente poderá 
impedir que os demais continuem a explorar esse conhecimento. 
No Brasil, até o momento, não existe nenhum registro do segredo de empresa. Trata-
se de um fato cuja prova deve fazer-se em juízo, pelos meios periciais, documentais 
ou testemunhais. 
São considerados bens integrantes da propriedade industrial: a invenção, o Modelo 
de Utilidade, o desenho industrial e a marca. 
 
2.2 Desconsideração da personalidade jurídica 
A distinção entre pessoa jurídica e pessoa natural foi criada para proteger bens 
pessoais de empresários e sócios em caso da falência da empresa. Isso proporcionou 
mais segurança em investimentos de grande monta e é essencial para a atividade 
econômica. Contudo, em muitos casos, os empresários abusam dessa proteção para 
lesar seus credores. A resposta da Justiça a esse fato é a desconsideração da 
personalidade jurídica, que permite não mais separar os bens da empresa e dos seus 
sócios para efeito de determinar obrigações e responsabilidades de quem age de má-
fé. 
A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ, 2011), conta que a 
técnica jurídica surgiu na Inglaterra e chegou ao Brasil no final dos anos 1960, 
especialmente, com os trabalhos do jurista e professor Rubens Requião. “Hoje ela é 
incorporada ao nosso ordenamento jurídico, inicialmente pelo Código de Defesa do 
Consumidor (CDC) e no novo Código Civil (CC), e também nas Leis de Infrações à 
 
Ordem Econômica (8.884/94) e do Meio Ambiente (9.605/98)”, informou. A ministra 
adicionou que o STJ é pioneiro na consolidação da jurisprudência sobre o tema. 
Temos como exemplo o Recurso Especial (REsp) 693.235, relatado pelo ministro Luis 
Felipe Salomão (STJ, 2011), no qual a desconsideração foi negada. No processo, foi 
pedida a arrecadação dos bens da massa falida de uma empresa e também dos bens 
dos sócios da empresa controladora. Entretanto, o ministro Salomão considerou que 
não houve indícios de fraude, abuso de direito ou confusão patrimonial, requisitos 
essenciais para superar a personalidade jurídica, segundo o artigo 50 do CC, que 
segue a chamada Teoria Maior. 
 
2.2.1 Desconsideração inversa 
É fato que pessoas naturais também tentam usar pessoas jurídicas para escapar de 
suas obrigações e responsabilidades. Temos exemplo em um julgado (REsp 
948.117), em que um devedor se valeu de empresa de sua propriedade para evitar 
execução (STJ, 2011). Para a relatora, ministra Nancy Andrighi, seria evidente a 
confusão patrimonial e aplicável a “desconsideração inversa”. A ministra ressalvou 
que esse tipo de medida é excepcional, exigindo que se atendam os requisitos do 
artigo 50 do CC. 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
2.2.2 Empresa controladora 
Também é suscetível de aplicação a desconsideração da personalidade jurídica da 
empresa controladora para poder penhorar bens a fim de quitar débitos da sua 
controlada. 
Se o credor não conseguir encontrar bens penhoráveis da devedora (a empresa 
controlada), a empresa controladora, tendo bens para quitar o débito, poderá ser 
responsabilizada. Para o ministro Beneti (STJ, 2011), o fato de os bens da empresa 
executada terem sido postos em nome de outra, por si só, indicaria malícia, pois 
estariam sendo desenvolvidas atividades de monta por intermédio de uma empresa 
com parco patrimônio. 
 
Referências 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988a. 
Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 
18 fev. 2013. 
 
___. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Guia básico de marcas e manual do 
usuário sistema e-marcas. Rio de Janeiro, março 2013. Disponível em: 
<http://www.inpi.gov.br/portal/artigo/guia_basico_de_marcas_e_manual_do_usuario
_sistema_emarcas>. Acesso em: 2 março. 2013. 
___. Superior Tribunal de Justiça. Desconsideração da personalidade jurídica: 
proteção com cautela. Brasília, 2011. Disponível em: 
<http://stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103724>
. Acesso em: 24 mar. 2015. 
COTRIM, G. Direito fundamental: instituições de direito público e privado. 22. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008. 
SROUR, R. H. Ética empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 
___. Ética empresarial: o ciclo virtuoso dos negócios. 3. ed. São Paulo: Elsevier, 2008.

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