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ARTIGO A INSERÇÃO DO BRASIL NO MERCADO MUNDIAL DE SOJA

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A INSERÇÃO DO BRASIL NO MERCADO MUNDIAL DE SOJA: DOS FATORES RESPONSÁVEIS PELOS ATUAIS NÍVEIS DE PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO ÀS SUAS PERSPECTIVAS
Danielle Evelyn de Carvalho¹
Elaine Maria Fiuza Ribeiro¹
Fernanda de Lourdes Tobias¹
Larissa Moreira Silva¹
Marcos Paulo de Oliveira Reis[1: Alunos Graduandos no Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).]
RESUMO
Partindo da importância da soja para economia brasileira o presente artigo se destina à investigação sobre os fatores nacionais e internacionais responsáveis pelo expressivo desenvolvimento da produção nacional da commoditie e sua repercussão nos atuais níveis e nas expectativas futuras de produção e exportação. A busca pelas variáveis a serem utilizadas e a análise dos dados de sua evolução histórica possibilitaram a interpretação de suas relações com a produção de soja no Brasil. As oportunidades para a soja crescer tanto foram desde o ambiente propício a sua introdução no sul do país, a sua aliança com a produção de trigo, os avanços tecnológicos, a substituição do café à, principalmente, o aumento da produção nacional de carnes e a necessidade de geração de divisas de exportação. No plano internacional destacam-se além dos aumentos de produção de carnes e modificação na alimentação dos animais para abate, o crescimento da demanda por óleo de soja, o aumento do preço das commodities e o choque do petróleo. Os resultados obtidos mostram o forte avanço da soja puxado pelos fatores citados, principalmente a partir da década de 1960. De grande importância para a compreensão dos atuais níveis produtivos e comerciais a análise ainda permite entender as perspectivas futuras e a importância estratégica da soja para o Brasil.
Palavras-Chave: Produção de Soja; Exportação; Crescimento, Produtividade.
1 INTRODUÇÃO
“Agricultura deve ter destaque na economia em 2014” “Setor teve expansão de 7%, a maior desde 1996, atingindo R$ 234,6 bilhões e deve manter crescimento, segundo Guido Mantega”. Respectivamente, título e subtítulo de uma matéria publicada no sítio do Governo Federal em Fevereiro deste ano, onde se verifica que não se trata de uma novidade no caso brasileiro, o destaque agrícola na economia se repete há anos. Segundo a matéria o desempenho da agropecuária se expandiu 7% no ano de 2013 e isso representa o maior percentual desde 1996, um equivalente a R$ 234,6 bilhões, a soja nesse contexto se destaca com uma safra recorde, derivada de aumentos de produção e ganhos de produtividade. Apresentando dados do IBGE a produção de soja em 2013 cresceu 24,3% e isso em apenas 11,3% de aumento da área plantada.
A análise da participação do PIB agrícola em relação ao PIB total do país também mostra a importância desse setor dentro da economia nacional, sendo que um crescimento no primeiro influirá fortemente o crescimento do segundo. Dados do Cepea-USP em parceria com o CNA mostram desde 1994 uma participação superior a 20% do PIB agrícola no PIB nacional, culminando com 22,54% em 2013 e ao que tudo indica o valor será semelhante para o ano de 2014.
A participação agrícola nas exportações brasileiras é importante para o país. Segundo a SRI/Mapa as exportações agrícolas de 2013 somaram US$ 99,97 bilhões e isso representa crescimento de 4,3% em relação a 2012, segundo a mesma fonte, com as importações do setor somando US$ 17,06 bilhões, o saldo do setor foi de US$ 82,91 bilhões, isso compensou outras perdas na balança comercial que fechou o ano em apenas US$ 2,5 bilhões no ano de 2013. (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2014). Dentro do crescimento agrícola brasileiro em termos produtivos e também nas exportações se destaca o complexo da soja, que vem apresentando crescimento anual elevado, além de maior participação no total das exportações do setor. A soja foi responsável por 31% das vendas agrícolas externas em 2013 e isso equivale a US$ 30,96 bilhões. A quantidade que o país tem exportado passou de 32,9 para 42,8 milhões de toneladas, um percentual que se refere a 52,5% da produção nacional do período.
Dado o crescimento constante dessa cultura e sua importância econômica e estratégica para o Brasil, necessita-se investigar sobre quais fatores foram responsáveis por tão acelerado crescimento. Essa explicação não pode ser considerada unilateralmente, mas sim, em uma análise dos principais fatores nacionais e globais que de alguma forma influíram no complexo sojicultor brasileiro. Os resultados da evolução desses fatores se refletem nos níveis atuais e podem influenciar os níveis futuros de produção e exportação da soja brasileira.
A metodologia utilizada no trabalho se voltou para a análise histórica. Dados os atuais níveis de produção e exportação de soja brasileira, necessitou-se buscar as bases responsáveis por esse desenvolvimento. Nesse sentido partiu-se da inserção inicial da soja no território nacional para acompanhar ao longo do século XX, principalmente a partir da década de 1960, e no início do século XXI a evolução dos condicionantes nacionais e globais relacionados à sojicultura brasileira. A pesquisa consistiu em análise bibliográfica e documental, partindo da investigação sobre as variáveis concernentes aos objetivos e posteriormente, da análise dos dados empíricos dos comportamentos das variáveis ao longo dos anos. As bases de dados nacionais e internacionais que compreendem os níveis de produção, exportação e crescimento de área plantada de soja assim como, dos consumos nacionais e mundiais de carnes e rações foram de suma importância na realização da pesquisa. As séries históricas obtidas possibilitaram compreender o comportamento da produção e exportação de soja no passado, presente e ainda algumas expectativas futuras elaboradas por outras pesquisas. A análise só faz sentido quando se verifica a integração de diversas partes responsáveis no processo de crescimento da produção de soja no Brasil e a situação internacional, algumas por declínio e outras por ascensão, sendo assim, apenas a visão da evolução histórica das variáveis possibilitou a correta compreensão dos temas investigados.
2 História da Soja no Brasil
Os primeiros a cultivar a soja foram os chineses, há cerca de 5 mil anos ela era um dos principais produtos alimentares da população chinesa. A soja sofreu desde então muitos melhoramentos, desde cruzamentos de plantas pelos antigos botânicos chineses até melhoramentos genéticos sofisticados realizados nas décadas mais recentes. Apenas na segunda metade do século vinte é que a oleaginosa veio ser amplamente cultivada no Ocidente, particularmente nos EUA a partir de 1940, dos usos como forragem e posteriormente do próprio grão a soja passou a ser um importante produto agrícola do país. Sua chegada ao Brasil, vinda dos EUA, data do final do século XIX com testes de adaptação realizados por Gustavo Dutra, professor da Escola de Agronomia da Bahia, as pesquisas realizadas no Instituto Agronômico de Campinas resultaram na distribuição de sementes e no início do cultivo no país. Os melhores resultados foram no Sul onde o clima se assemelhava ao do Sul dos EUA. Somente na década de 1960 a soja começa a ganhar importância no cenário agrícola brasileiro, os incentivos dados à cultura do trigo beneficiaram a soja, uma vez que ela era tida como cultura de verão e revezava com o trigo que era cultivado no inverno. A produção que em 1960 era de 260 mil toneladas passou para 1,056 milhão de toneladas em 1969. Posteriormente com inovações tecnológicas e ganhos de produtividade a produção se multiplicou durante as décadas de 1970 em diante e se repete nos anos recentes. Além dos aumentos produtivos a soja se espalhou para regiões além do Sul do país. Atualmente o país se encontra como o segundo maior produtor mundial da oleaginosa, atrás apenas dos EUA (EMBRAPA, 2004).
De acordo com o Gráfico 1, é possível verificar um crescimento acentuado da soja. Em 1975, sua produção era de 9.893.008 milhões de toneladas, em 1995 eram de 25.682.637 milhões de toneladas. Já em 2014, a previsão é quechegue a 86.052.200 milhões, um aumento de, aproximadamente, 235% desde 1995. 
 Gráfico 1- Quantidade produzida de soja no Brasil 1975- 2014 (Tonelada).
Fonte: Dados de 1975 até 2012 do IPEADATA e de 2013 e 2014 do Conab (Elaborado pelos autores).
3 Fatores Internos
3.1 Introdução da Soja no Sul do Brasil
Um dos principais fatores internos para o desenvolvimento da soja no Brasil foi a região onde começou a ser cultivada, nesse caso a região sul. A soja veio dos EUA e é só por volta de 1900-1901 que ela começa a ser cultivada em nosso país, tendo seu primeiro registro em 1914. E o estado pioneiro nesse cultivo é o sul por ter características parecidas com o sul dos EUA onde a soja era plantada (EMBRAPA, 2004). Entre as características naturais da região: é um tipo de vegetação predominantemente herbáceo, com raros arbustos e ausência quase completa de arvores. Pode ser encontrado em diversas posições topográficas, com diferentes variações no grau de umidade, profundidade e fertilidade do solo, apresenta variações dependentes de particularidades ambientais, determinadas pela umidade do solo e topografia. Ocorre o campo limpo seco quando há um reservatório subterrâneo de água profundo (EMBRAPA, 2014). Todos esses fatores foram propícios ao desenvolvimento da cultura de soja, além da temperatura semelhante à do sul dos EUA.
3.2 Desenvolvimento do Trigo
A partir de 1950, o governo estabelece um programa de incentivo à produção do trigo, o que acaba favorecendo a soja. A soja foi a melhor opção para substituir o trigo, que é cultivado no inverno, tanto tecnicamente (leguminosa sucedendo gramínea), quanto economicamente (apresenta melhor aproveitamento da terra, das máquinas e implementos, da infraestrutura e da mão de obra). Aproveitava-se melhor a terra e os recursos, uma vez que se cultivava o ano todo, revezando a soja no verão e o trigo no inverno (EMBRAPA, 2000).
3.3 Queda da Produção do Café
A ascensão da soja também pode ser parcialmente explicada por uma queda de produção do café. A importância do café para a economia brasileira tem decrescido desde os anos 50, e houve uma diminuição ainda maior em sua participação nas exportações em meados dos anos 70. O café vem sendo gradativamente superado pela exportação de manufaturados e de outros gêneros agrícolas (SOBESA, 2006). 
 Nessa época a economia brasileira passava por situações que acabaram por enfraquecer as exportações de café, e foram agravadas pelas condições climáticas e redução de consumo de café no mercado externo; fatos ocorridos durante o governo Vargas seguidos de sobrevalorização cambial, impostos, cotas de exportação e tarifas de exportação, implantadas durante o governo Kubitschek, o setor agrícola foi ficando cada vez mais em segundo plano. O mundo entrava em recessão por causa da crise do petróleo. Para fugir aos efeitos da crise e devido aos baixos preços do café, o governo decide investir em exportação de produtos primários. É nesse cenário que surge a soja, como alternativa para alavancar as exportações e atrair divisas para o país, pois era um produto que se difundia em todo o mundo e o seu preço estava em alta, houve, portanto uma expansão da fronteira agrícola do país (VALARINI, 2007).
3.4 Produção de Suínos e Aves
A soja é muito utilizada para a alimentação de animais. Segundo a Aprosoja (2014), “80% do farelo de soja, junto com o milho, compõe a ração fabricada para a alimentação animal.” À vista disso, a soja se torna o principal componente da alimentação de aves, suínos, bovinos, peixes, entre outros. Porém, de acordo com a Embrapa (1999), apenas as aves e os suínos são responsáveis por 2/3 do consumo de soja que é destinada para a ração animal. A indústria da soja é preponderante, portanto, para a produção avícola brasileira. 
Gráfico 2- Quantidade de aves abatidas no Brasil 1975-2013 - Cabeça (mil)
 Fonte: Dados Ipeadata (2014) (Elaborado pelos autores)
De acordo com o Gráfico 2, a quantidade de aves abatidas no Brasil durante esses anos cresceu consideravelmente. Comparando do ano de 1975 até 2013, há um aumento de, aproximadamente, 2.182,87% da produção de aves. Consequentemente, a produção de ave constitui grande parte da demanda interna por soja, e contribui então para o crescimento acentuado da produção de soja. Apesar da grande importância da produção de aves brasileira para o desenvolvimento da soja no Brasil, a produção suína também teve relação com esse aumento. O crescimento da produção suína, de 1975 até 2013 teve um crescimento de 401,61%, de acordo com o IPEA (2014). À vista disso, também precisou de mais ração para a alimentação dos animais e influenciou no desenvolvimento da soja brasileira.
	Há também a instalação de muitos frigoríficos e fábricas auxiliando no desenvolvimento da produção de suínos e aves e, consequentemente, da produção de soja (CAMPOS, 2010).
3.5 Crescimento da Área Cultivada de Soja
Além desses fatores mostrados, houve um crescimento da área cultivada de soja. Segundo o Conab (2013), em 1976, a área utilizada para cultivar soja era de 6.949 mil hectares, passando em 2013 para 27.736,1 mil hectares cultivados, um aumento de 299,14%. 
3.6 Substituição de Matéria-Prima
A soja, hoje em dia, é uma alternativa para a produção de alguns produtos, substituindo alguns mais poluentes. Ela vem sendo utilizada para a produção de biocombustíveis, um exemplo é o biodiesel, que, segundo a Abiove (2014), em toda a sua produção o óleo de soja predomina como principal matéria prima. A soja também é utilizada, substituindo o petróleo como matéria-prima, principalmente na produção de plásticos, detergentes e lubrificantes (CAMPOS, 2010).
3.7 Crescimento da Demanda de Óleo de Soja
Uma demanda crescente é a de óleo de soja. Segundo Warnken (2001) apud Campos (2010) o consumo brasileiro de óleo de soja, antes de 1970, era abaixo de 100 mil toneladas/ano [...]. Ao longo dos anos, esse consumo cresceu rapidamente, chegando, em 1980, a consumir 8 vezes a mais acima do nível de 70. [...] Em 1990, o consumo de óleo de soja chegou a ser de 240 mil toneladas a mais que 1980. [...]. Esse aumento provém de mudança dos hábitos alimentares da população. 
 Do óleo extraído do grão (aproximadamente 15% da produção de soja em grão são destinados à fabricação de óleo), são produzidos óleo de cozinha, tempero de saladas, margarinas, gordura vegetal e maionese. Do processo de obtenção do óleo refinado de soja, obtém-se a lectina [...], muito usada para se produzir salsichas, maioneses, sorvetes, achocolatados, barras de cereais e produtos congelados (APROSOJA, 2014, s/p). 
Na década de 1970 o óleo de soja concorria com os óleos de algodão, amendoim e a gordura de porco. Ao longo dos anos, o próprio governo, através de incentivos governamentais, procurou incentivar o consumo de óleo de soja elevando, assim, a demanda (CAMPOS, 2010).
Portanto, é possível verificar um aumento intenso da demanda de soja, oriundo de mudança nos hábitos alimentares da população brasileira e também de incentivos governamentais. Sendo assim, esse aumento tende a continuar ao longo dos anos.
3.8 Avanços Tecnológicos
O surgimento de um novo e agressivo setor produtivo de soja, a partir dos anos 60, demandou tecnologias que a pesquisa ainda não havia estruturado no Brasil. À vista disso, vários programas de pesquisa com soja já existentes foram fortalecidos, com a implementação, também, de novos núcleos, principalmente no sudeste e centro-oeste. Uma das pesquisas mais importantes que foi incrementada no país a partir dos anos 60 foi a criação da Embrapa Soja em 1975, que patrocinou, no ano que se seguiu, a instituição do Programa Nacional de Pesquisa de Soja, que tinha como propósito agregar e intensificar as pesquisas de cultura da soja no sul e sudeste (EMBRAPA, 2000).
Além do programa de pesquisa da Embrapa Soja, localizado no Paraná, outros programas de pesquisa com a cultura estabeleceram-se nessa mesma década pelo Brasil afora: Universidade Federal deViçosa e Epamig, em Minas Gerais; Emgopa, em Goiás; Embrapa Cerrados, no Distrito Federal; Coodetec, Indusem e FT-Sementes, no Paraná; Fundacep, no RS, e Embrapa Agropecuária Oeste e Empaer, no Mato Grosso do Sul. Além de novos programas oficiais, programas já existentes na Embrapa Trigo e Secretaria da Agricultura, no RS e IAC, em SP, foram fortalecidos. Com o advento da Lei de Proteção de Cultivares, em 1997, novos programas de pesquisa privados estabeleceram-se no País, dentre os quais merecem destaque os da Monsoy, Fundação Mato Grosso, Syngenta, Pioneer e Milênia. (EMBRAPA, 2000, s/p). 
Até a década de 1970, as maiores preocupações dos programas de pesquisas estavam relacionadas com a produtividade e de certo modo, mas com menos ênfase, também buscavam a altura adequada das plantas de soja para a colheita mecânica, a resistência ao acamamento e resistência à deiscência das vagens. Mas é somente a partir dos anos 80 que a resistência às doenças da soja, tornaram-se características necessárias para a recomendação de uma nova forma de cultivar a soja (EMBRAPA, 2004).
Hoje, com os recursos naturais cada vez mais escassos e recursos tecnológicos cada vez mais presentes, a agricultura de precisão é fundamental para o crescimento da produção eficiente de alimentos em grande escala, reduzido o desperdício e a agressão ao meio ambiente (ROZESTRATEN, 2013, s/p).
3.9 Produção de Transgênicos
O Brasil é hoje o segundo produtor mundial de transgênicos, e seus produtos são supervisionados pela CTNBio, antes de serem lançados no mercado. Para Alexandre Nepomuceno, pesquisador da EMPRAPA, temos a tecnologia, mas não a data certa ainda, pois faltam alguns resultados além dos pertinentes estudos de biossegurança. Uma recente pesquisa da EMBRAPA busca desenvolver a soja transgênica resistente à seca, fator que reduz a produção (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2013). 
Na próxima década de transgênicos no Brasil, podemos esperar pesquisa e desenvolvimento de novas variedades (cana-de-açúcar, citros, eucalipto) e características (tolerância a outros herbicidas, a estresses hídricos e solos salinos). Se continuar investindo em inovação, adoção e diversificação, o país poderá exercer o papel estratégico de provedor global de gêneros agrícolas de maneira sustentável (GRAVINA, 2013, s/p).
4 Fatores Externos
4.1 Crescimento da Produção de Carnes do Mundo
De acordo com Campos (2010), desde o final da década de 1940 e o início da década de 1950, há um grande incentivo de produção de carnes no mundo, devido à utilização do farelo de soja como ração para a alimentação dos mesmos. E isso está acontecendo até hoje como é visto na figura abaixo.
Figura 1- Aumentos do consumo total de carnes por Continente de 2005 e
perspectivas para 2020. (Milhões de toneladas).
 Fonte: Luciano Roppa (2006).
Assim, é possível notar que a soja se torna muito importante para essa categoria, pois, “O elevado teor em proteínas (37% a 40%) faz do grão de soja a principal matéria-prima na fabricação de rações para alimentação de animais domésticos. Quase 70% do farelo proteico que compõe as rações animais vêm da soja.” (DALL ́AGNOL; LAZAROTTO; HIRAKURI, 2010, p. 6). 
4.2 Crescimento da Demanda de Óleo de Soja Mundial 
Segundo Campos (2010) o consumo de óleo também vem crescendo desde 1940. E no cenário atual só tende a aumentar. 
 A demanda por óleos vegetais também deverá crescer, principalmente pelo aumento do consumo per capitados países emergentes, considerando que o consumo médio anual de óleo comestível de um cidadão de país desenvolvido é de cerca de 50 litros, enquanto que a média mundial está próxima dos 20 litros/pessoa/ano. A demanda por óleos vegetais será, adicionalmente, pressionada pela sua utilização como bicombustível (biodiesel). (DALL ́AGNOL; LAZAROTTO; HIRAKURI , 2010, p.7)
4.3 Substituição da Farinha de Peixe nas Rações Animais
Outro fator importante do crescimento da soja foi a substituição da farinha de peixe pelo farelo de soja. A redução da produção mundial de farinha de peixe aconteceu a partir de 1970, já que a farinha de soja se apresentou como um oportuno substituto, com preços competitivos. Essa redução aconteceu não só em relação à farinha de peixe, mas também em outros farelos substitutos (CAMPOS, 2010).
E isto ocorreu, segundo ainda a mesma autora (2010), em decorrência do fenômeno El Nino que assombrou a costa peruana, principal produtora desse produto.
4.4 Aumento do Preço de Commodities
Outro ponto importante ainda de acordo com Campos (2010) foi o aumento dos preços das commodities, principalmente após 1970. Pois, em 1972, a União Soviética comprou uma parte da produção americana de grãos, o terminou em um aumento expressivo no preço de commodities, tendo a soja como um dos principais produtos e ainda batendo recordes de preços (CAMPOS, 2010).
4.5 Choque do Petróleo
 	E, por último, temos ainda o choque do petróleo acontecido na década de 70 como podemos ver a seguir. 
Os países que dependiam da importação de petróleo e eram grandes produtores de commodities, como é o caso do Brasil, tiveram de aumentar as exportações após a alta no preço do petróleo em 1973 e, posteriormente, em 1979. Com o colapso gerado em decorrência da elevação dos preços do petróleo consumido internamente, houve uma acentuada redução das reservas em 1974 e 1975. A partir de 1974, as autoridades brasileiras tomaram algumas medidas, para manter nossas divisas e atenuar a situação difícil do setor externo. Em 1975, o governo intensificou o controle das importações; em 1976, concedeu crédito subsidiado para acréscimo às exportações (manufaturados e semimanufaturados). (CAMPOS, 2010, p.12).
Desta maneira vemos abaixo como foi o aumento do preço da soja em 1970 em decorrência do aumento do preço do petróleo.
No início de 1976 os preços da soja, que já eram um dos principais produtos na pauta de exportações, estavam desfavoráveis no mercado internacional; esse fato fez o governo conceder isenção parcial e temporária do ICM às exportações, na forma de grão. Porém, em função de condições adversas de clima na Europa e China, o mercado reagiu e o preço da soja alcançou US$ 300 a tonelada em meados desse mesmo ano. (Homem de Melo e Zockun 1977, p.33 apud CAMPOS 2010, p. 13).
 Deste modo, vemos que todos estes fatores foram de extrema importância para que a soja alcançasse o patamar que ela tem hoje.
5 O Brasil no Atual Mercado de Soja 
A situação atual do Brasil é de segundo maior produtor (APROSOJA, 2014) e maior exportador mundial de soja (EXPEDIÇÃO SAFRA, 2014). A atual conjuntura decorrente dos fatores já analisados anteriormente, ocorridos ao longo da segunda metade do século XX e cujos resultados se perpetuam nessas primeiras décadas do século XXI denota a capacidade brasileira na produção agrícola e o potencial de desenvolvimento do país no setor. A análise da atual inserção do país no mercado mundial confirma as boas perspectivas futuras quanto a crescimento de produção e demanda frente a outros produtores mundiais. O gráfico a seguir mostra a importância estratégica da commoditie como um dos principais componentes responsáveis pela geração de divisas para o país. Sua participação nas exportações totais é crescente e muitas vezes responsável por amenizar déficits da balança comercial em outros setores. 
É nítida tendência de aumento da importância das exportações do complexo soja nas exportações brasileiras totais, essa tendência reflete a volta que a economia brasileira traz a suas origens de agroexportadora. Nesse sentido a soja assume o posto de liderança na economia nacional na atualidade, quando se consideram as exportações agrícolas. 
A especialização, mecanização, implementação tecnológica durante o processo produtivo e o melhoramento da logística das exportações são importantes para a manutenção do processo de crescimento e manutenção dos atuais níveis comerciais da commoditie.
Gráfico 3 – Participação do Complexo Soja nas exportações brasileiras
totaisjan-dez ( %)
 Fonte: Dados ABIOVE (Gráfico elaborado pelos autores)
Os destinos das maiores exportações brasileiras do complexo atualmente são a Ásia, principalmente a China e a União Europeia. A tabela abaixo mostra os destinos da soja exportada de janeiro a maio de 2013 e 2014 e as respectivas participações de cada destino nas exportações totais.
Tabela 1 - Exportações do complexo soja por destino — jan-mai (em US$ 1.000)
 MDIC/Secex. Elaboração: ABIOVE
6 Perspectivas Futuras
As expectativas futuras apontam a continuidade do aumento de produção e exportação do complexo soja brasileiro. O país poderá consolidar-se como maior produtor e exportador mundial. Em termos produtivos o país permanece na segunda colocação com uma estimativa de safra de 86 milhões de toneladas segundo o 9° Levantamento de Grãos do Conab de 2014, as estimativas anteriores sugeriam 90 milhões, mas problemas climáticos no sul do país as reduziram, no atual ritmo de crescimento o país deve superar definitivamente os EUA em quantidade produzida nos próximos anos.
O país irá, pelo segundo ano consecutivo, ser o maior exportador mundial, segundo dados da Expedição Safra Gazeta do Povo 2013-2014 as exportações devem ficar entre 45 e 48,5 milhões de toneladas. Em 2013 o país conseguiu exportar 6 milhões de toneladas a mais que os EUA e nesse ano a expectativa é que a vantagem seja de 1,5 milhão. A Expedição Safra ainda ressalta que a quantidade exportada chegará a 60 milhões de toneladas até 2020 e compara às previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos que são de 44,6 a 48,7 milhões de toneladas exportadas pelos EUA no mesmo período.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do artigo se concretiza mostrando os principais fatores responsáveis pelo aumento da importância da soja para a economia brasileira e as decorrentes situações atual e futura. A análise, porém, se limita por não envolver todo e qualquer aspecto relevante que influenciou esse desenvolvimento acelerado. Os fatores são muitos e apesar das limitações a compreensão e interpretação dos fatores principais citados nos permite traçar algumas tendências no comportamento da sojicultura no Brasil. Grande parte do desenvolvimento da soja foi decorrente do aproveitamento de oportunidades de mercado como a substituição das rações de animais e o aumento da demanda por óleo de soja. Os incentivos governamentais principalmente no que tange a pesquisa e melhoramentos na produção foram de grande importância para o rápido crescimento de área plantada com ganhos produtivos. A exportação brasileira depende bastante do comportamento das variáveis externas como o preço internacional da commoditie e o comportamento da demanda por soja e seus subprodutos, a saber, principalmente farelo e óleo.
As expectativas futuras baseadas na atual situação são positivas e apontam para um contínuo crescimento, porém diversos fatores podem influenciar a concretização dessas expectativas. Alterações nos preços, demandas internacionais e principalmente alterações climáticas dentro do Brasil, estas muitas vezes acabam por dizimar grandes colheitas causando prejuízos, sendo de difícil controle apesar dos esforços tecnológicos.
Ademais a análise obtida do artigo é de grande utilidade a quem deseja compreender o comportamento da soja na economia brasileira e como é preciso observar de perto os resultados e variáveis que podem influenciá-la dada sua participação nas exportações e no PIB nacional. A importância da soja não se restringe à geração de divisas, mas é um produto multifuncional e por isso usado na alimentação humana e animal, como alternativa ao leite animal, em indústrias como matéria prima de diversos produtos, como biocombustível. A soja também gera em toda sua cadeia produtiva muitos empregos e o crescimento da produção e exportação, traz em sua maioria, benefícios para a economia do Brasil.
REFERÊNCIAS 
ABIOVE. Biodiesel: Matérias-primas para produção – Junho 2014. Dados de utilização de matérias primas na produção de biodiesel. Disponível em: <http://abiove.org.br/site/index.php?page=estatistica&area=NC0yLTE=> Acesso em: 01 jul. 2014.
______. Arquivo com Estatística Mensal de Exportação. Exportações do Complexo Soja - Maio/2014. Dados de exportação do complexo soja, por destino e por porto.
Disponível em
<http://www.abiove.org.br/site/index.php?page=estatistica&area=NC0yLTE> Acesso em: 02 jul. 2014.
APROSOJA. Os usos da Soja. Disponível em: <http://www.aprosoja.com.br/sobre-a-soja/Os-usos-da-Soja> Acesso em: 02 jul. 2014. 
______. Soja. Disponível em: <http://www.aprosojams.org.br/soja> Acesso em: 03 jul. 2014
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