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Direito Internacional Público – 2º GQ. Aula de 23/04/14. Órgãos dos Estados nas Relações Internacionais: I – Chefe de Estado: é a figura principal de representação do Estado perante outros Estados. Há distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo, este é um administrador interno, aquele representa os interesses do Estado no exterior. No Brasil, o chefe de Estado e de Governo concentra-se na mesma pessoa (chefe de Estado, art. 84, VII, VIII, XIX, XX e XXII da CF). Os chefes de estado possuem a imunidade de jurisdição, surgida do costume dos Estados. Explica-se pela expressão de que “entre iguais não há império”, ou seja, como todos os Estados possuem soberania igual, nenhum tem poder de império sobre o outro (imunidade quanto à jurisdição de outros países estendida ao chefe de Estado). Trata-se de garantia aos chefes de Estado. II – Ministro de Relações Exteriores: ocupam função intermediária, ou seja, hierarquicamente são subordinados ao chefe de estado, mas comanda todo o pessoal do corpo diplomático do Estado. Este cargo surgiu após a Paz de Vestefália, segundo autores. Hoje participam de negociações de tratados e de sua celebração. Representam os Estados em reuniões internacionais. A extensão de seus poderes depende da legislação de seu país, embora seja reconhecido pelo DIP. A denominação também varia de país para país, e.g. nos EUA é chamado de super ministro; ministro de assuntos exteriores na Espanha. Também possuem imunidades, as mesmas de um chefe de Estado. III – Agentes Diplomáticos: os diplomatas representam os interesses públicos, de estado, de governo. Trata-se de emanação da soberania do Estado o envio de representantes diplomáticos (por isso afirma-se haver direito de legação ativa – enviar diplomata a outro país; direito de legação passiva – receber diplomata de outro país). O país que envia diplomata é chamado Estado acreditante, o país que recebe o diplomata é chamado Estado acreditado. A entrada só é possível se o diplomata https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 1 de 16 for acreditado (decorrência da soberania dos Estados), ou seja, necessita-se da autorização do Estado que recebe o diplomata. Sendo autorizado, apresentar-se-á munido de seu passaporte diplomático e suas credenciais (pedindo que seja dada fé aos atos que praticar). Na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 é regida a atividade dos diplomatas. Em seu art. 3º há um rol exemplificativos de funções do diplomata tal como, representar o Estado acreditante, proteger o Estado acreditante nos limites permitidos, informar o Estado acreditante das ocorrências no Estado acreditado, entre outras. Embora pareça espionagem, o que difere desta é o caráter lícito das funções. Os diplomatas também possuem imunidades (não costumeiras) estabelecidas por tratados. IV – Funcionários Consulares: representam interesses privados, de pessoas físicas ou jurídicas. O consulado é o órgão incumbido em resolver problemas privados dos nacionais no exterior. Geralmente a matéria tratada é sobre comércio internacional. Cada país é quem diz quem são seus cônsules. No Brasil, os cônsules tem que passar pelo mesmo processo que os agentes diplomáticos. Ao ser designado para cumprir função no exterior, o cônsul recebe o exequatur (autorização de ingresso). Apresenta- se munido de sua carta patente ou provisão. Não há aqui a figura do Estado acreditante e acreditado, apenas o Estado que envia e o que recebe. As relações consulares são disciplinadas por tratado, a Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963. O art. 5º traz um rol exemplificativo das funções do cônsul. Entre suas funções: expedir passaporte, prestar ajuda e assistência aos nacionais (assistência consular). Já houve casos em que a assistência consular foi negado, por isso ocorreu o pronunciamento da Corte Internacional em vários casos como no caso dos irmãos La Grand, alemães acusados de assalto seguido de morte. Ocorre que a Convenção determina que o país de origem deve ser informado da prisão de seu nacional “sem demora”. A assistência consular é direito do indivíduo e de seu Estado. Aula de 28/04/14. Imunidade de Jurisdição O principal direito do Estado é a soberania, exercido, sobretudo na liberdade de elaborar e aplicar suas próprias https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 2 de 16 leis em seu território. Todavia, há restrições à aplicação da soberania do Estado em seu próprio território, é o caso da aplicação quanto a pessoas que possuem imunidade. Outro exemplo é a imunidade de jurisdição entre Estados (entre iguais não há império). Todos Estados são soberanos, não há Estado com poder superior aos demais formalmente. I – Conceito: é a impossibilidade de o Estado (Poder Judiciário) aplicar suas leis diante de determinadas pessoas em respeito à soberania de outro Estado. II – Imunidade do Estado: a. Flexibilização da imunidade de jurisdição: Incialmente essa regra era absoluta, sempre que qualquer juiz recebia uma ação, havendo Estado estrangeiro no polo da demanda, o juiz se julgava incompetente. Com o tempo, Estados passaram a ser parte em negócios jurídicos, o que gerou grande problemas para empresas, pois quando não honravam os contratos não havia juiz que julgasse a inadimplência do Estado. Essa barreira à indenização pelo inadimplemento foi alvo de protestos de investidores. No começo do século XX surgiram Tratados como a Convenção de Havana, de Bruxelas e o Código Brustamante que previam a imunidade relativa dos Estados. Após a 2ª Guerra Mundial, com o avanço do comércio dos EUA com a Europa, foram modificadas as regras de imunidade quando se tratasse de relação comercial, passando a haver a imunidade relativa para a maioria dos países do mundo. Com a flexibilização da regra da imunidade, Estados podem ser julgados em certos casos. 1. Atos de império e atos de gestão: quando um ato do Estado se consubstancia em ato de império (típico de Estado, governamental, praticado apenas por entes soberanos) permanece a imunidade e não pode ser julgado; entretanto, quando age como gestor (age como particular), o Estado tem sua imunidade afastada. 2. Critérios: finalidade e natureza do ato: para definir a natureza do ato (império ou gestão) há dois critérios: finalidade e natureza. Se as finalidades perseguidas são governamentais o ato é de império, se possui finalidade privada o ato é de https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 3 de 16 gestão. Da mesma forma, se a natureza do ato é pública, teremos ato de império; se a natureza do ato é privada, teremos ato de gestão. São critérios imprecisos, que não resolvem todos os casos concretos, até mesmo por causa do problema da dicotomia público e privado. Por exemplo: compra do Estado de botas para prover o exército, verificando a finalidade o ato seria de império, verificando a natureza teremos ato de gestão (compra e venda). Trata-se de critérios doutrinários e não jurisprudenciais. b. Evolução do tema no Brasil: a imunidade relativa foi adotada no Brasil fruto de uma decisão judicial do STF em uma controvérsia trabalhista. Uma mulher foi contratada para trabalhar na embaixada alemã, como não recebeu verbas trabalhistas, ingressou com reclamação trabalhista. O caso chegou ao STF, onde o Ministro Sidnei Sanches utilizando inciso I do art. 114 da CF determinou a competência da jurisdição brasileira para julgar entes de direito público externos em demandas trabalhistas, instaurando-se no Brasil a imunidade relativa de Estado estrangeiro. Outra importante contribuição foi o voto do Ministro Rezek, que afirmou que o Brasil nunca fez parte de nenhumaconvenção de imunidade de Estado, abstendo-se de julgar os Estados apenas por força dos costumes internacionais, costume esse que deixou de ser exercido pelos Estados estrangeiros, sobretudo EUA e Europa. Tendo desaparecido o costume no cenário nacional, desapareceu também a obrigação do Brasil em aplicar a imunidade absoluta. A grande importância foi o alcance, pois não se limitou à seara trabalhista, como no pronunciamento do Ministro Sidnei Sanches. Vale lembra que nessa época o Brasil já vinha sendo julgado no estrangeiro, não devendo, portanto se abster de fazer mesmo. Assim, prevalece hoje no Brasil a imunidade relativa. Obs.: A obrigação de não julgar Estados estrangeiros é norma costumeira. III – Imunidades diplomáticas e consulares: diferentemente de outras imunidades que foram estabelecidas por força de costumes, as imunidades https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 4 de 16 diplomáticas e consulares foram estabelecidas por Convenções e Tratados. As imunidades dos diplomatas são mais abrangentes que a dos cônsules, isso pela própria natureza de suas funções, aquele representa o próprio Estado, este representa interesses privados de seu Estado. A primeira garantida dos diplomatas é a total inviolabilidade do local da missão diplomática (art. 22, §1º da Convenção de Viena). Não significa que se tornou território do Estado, mas apenas a inviolabilidade do território da missão. Não pode haver execução forçada contra os bens da embaixada. Essas garantias se estendem ao domicílio do diplomata (art. 30, §1º da Convenção de Viena). Outra proteção é a inviolabilidade do diplomata, trata-se de inviolabilidade total de sua liberdade (art. ). Essa total inviolabilidade pessoal é complementada com uma imunidade penal absoluta. Não pode sequer figurar como réu em ação penal. No plano civil, possuem imunidade relativa, ou seja, agindo como particular poderá ser processado civilmente (art. 31, a, b, c). Conforme o art. 34 há ainda a imunidade fiscal dos diplomatas. Os cônsules, ao contrário dos diplomatas, não possuem as garantias estendidas à sua residência. Não possui inviolabilidade penal absoluta, ou seja, pode ser detido ou preso, bem como pode ser processado (art. 41, §1º da Convenção de 1963). Conclui-se que, agindo como particular, pode ser julgado civil e penalmente (art. 43 da Convenção de 1963). Possuem isenções fiscais (art. 49 da Convenção de 1963), assim como os diplomatas. Nos casos de práticas de crimes pelo diplomata, haja vista não haver possibilidade de processá-lo penalmente, pode haver a retirada da permissão de exercício do diplomata, declarando-o persona non grata (art. 9º da Convenção de 1961). Assim, perderá a imunidade, deixará de ser diplomata, deverá sair do território nacional, caso contrário poderá ser processado. A imunidade é garantia ao exercício de função política, não liberdade para transgredir normas do ordenamento interno. Obs.: baixar convenção de Viena de 1961 e 1963. Aula de 30/04/14. Organização das Nações Unidas I – Organizações internacionais: são sujeitos do direito internacional. Trata-se de organizações compostas por https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 5 de 16 Estados necessariamente. Por isso, chamadas por alguns autores de interestatais ou intergovernamentais. São constituídas através de Tratado, nos quais são definidos poderes, finalidades, atribuições, órgãos da organização, etc. No nosso estudo utilizaremos como base a ONU pela sua importância. II – Aspectos históricos: na antiguidade havia as anfictionias (organizações formadas por cidades gregas com a finalidade de preservação de santuários religiosos). Todavia, as organizações a que nos referimos possuem outra formatação. A inspiração para a formação da ONU foi a sua antecessora, a Liga das Nações. A Liga das Nações tinha a finalidade de administrar a ordem cotidiana das nações, evitando um novo conflito mundial (pós primeira guerra). A ONU surge com o mesmo intuito, assegurar a paz (aos vencedores, na verdade assegurar a ordem) após a segunda guerra mundial. Ao final da primeira guerra, a paz foi estabelecida com uma dura imposição imposta à Alemanha. O colonialismo continuou, só que com novo nome (sistema de mandatos). A Liga não conseguiu cumprir seu objetivo (assegurar a ordem mundial). Em 1936 a Liga chegou a aprovar um conjunto de Sanções à Itália pela invasão na Etiópia, mas resolveu retira-las. O mundo vai então para a segunda guerra, que se encerra num grande acordo entre as grandes nações, EUA e União Soviética. A ONU foi criada para assegurar uma nova ordem, não acabou com o sistema de tutela. Incialmente foi criada uma coalizão para combater os países do eixo. A carta a ONU foi definitivamente elaborada e assinada na Conferência de São Francisco. Com o esfacelamento da União Soviética, encerrou a bipolarização do mundo, instaurando-se uma nova ordem mundial, fazendo com que mudasse também a atuação da ONU. III – Composição: originariamente foi formada por 51 Estados, posteriormente outros foram admitidos (art. 4º da Carta da ONU). Para ser membro o Estado tem que se comprometer em cumprir a carta da ONU e haver a aceitação da mesma, referendado o seu crédulo de que aquele Estado cumprirá a Carta. Os membros admitidos possuem os mesmos direitos que qualquer outro. IV – Órgãos: https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 6 de 16 a. Conselho de Segurança: é o órgão principal e possui competência para autorizar o uso da força nas relações internacionais. O uso da força é proibido em regra, mesmo como legítima defesa, é necessária a autorização do Conselho de Segurança para defender-se. Também autoriza intervenções humanitárias, que, em tese, servem para proteger a população civil em locais em guerra (e.g. os corredores humanitários – rotas de saída de refugiados e entrada de suprimentos; conflitos que ameaçam a segurança internacional – conflito entre países que interferem de algum modo a outros países, geralmente grandes potências). O tema humanitário é utilizado para respaldar ações militares, veem-se violações à soberania e o caráter de direito de guerra. É formado por 15 países membros, 5 são permanentes (EUA, França, Inglaterra, Rússia e China) e 10 países rotativos, eleitos para um período não podendo ser reeleitos para mandato em sequência. Os membros permanentes tem o poder de veto, ou seja, qualquer medida considerada questão de fundo (importante) para ser implementada tem que receber todos os votos dos membros permanentes mais 4 votos dos demais membros. Assim, qualquer país membro permanente pode vetar medidas importantes. A teoria do Estado falido é uma nova invenção para legitimar o ataque de organizações nocivas dentro do Estado que não puderam por ele ser combatidas. Para aprovações de outras matérias bastam 9 votos de quaisquer países membros. b. Assembleia Geral: as resoluções não são obrigatórias, tem apenas poder de recomendações. Quando uma matéria é secundária é necessária apenas maioria simples, nas importantes é necessário 2/3 dos membros (art. 18) c. Corte Internacional de Justiça: é o tribunal internacional mais importante que existe, pois possui competência geral (várias matérias). Somente Estados podem ser parte em processos na corte (indivíduos e organizações privadas não podem ser parte). Há processos consultivos (Estado pedindo parecer) e processos contenciosos (Estado contra Estado). https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 7 de 16 d. Secretariado: órgão administrativo, todavia possui também competênciaspolíticas, podendo até mesmo propor resoluções. O secretário da ONU sempre está presente em reuniões importantes. e. Conselho Econômico e Social: não tem poder decisório, subsidia os demais órgãos e levanta dados. f. Conselho de Tutela: órgão que praticamente se extinguiu, pois orientou a tutela sobre colônias. Aula de 05/05/14. A União Europeia I – Organizações regionais: são similares às organizações gerais, também são formadas por Estados e são constituídas por tratados. A peculiaridade é o aspecto geográfico mais restrito. A união europeia tem ainda a particularidade descrita pelos autores como processo de integração regional jurídica, econômica. Outros exemplos de organizações regionais são: OEA, MERCOSUL, etc. Muitos autores afirmam que a principal característica da UE é o fato de ser uma organização supranacional, pois é como se representasse um superestado (competências de definição de política econômica por órgãos supranacionais). As decisões dos órgãos supranacionais tem aplicação direta, independente de ratificação, ou seja, praticam atos de governo. Na ONU, na OMC e na OIT, as convenções dependem de ratificação para aplicação. II – Aspectos históricos: a UE surgiu após a guerra que destruiu a Europa. Havia uma grande crise social, por isso houve uma atração pelo sistema da URSS, vitoriosa pós- guerra. As elites europeias viram a insatisfação popular como um risco. Por esse motivo, houve pedido aos EUA para a reconstrução da Europa. A ajuda veio com a intenção de adquirir novos aliados e fortalecer o capitalismo. Para evitar o controle dos EUA bem como a ameaça do socialismo da URSS, foi criada a UE, com o intuito de relações mútuas e dificuldades para países não membros. III – Evolução institucional: o primeiro passo para o surgimento da União Europeia foi o Tratado de Paris de 1951 entre Alemanha, França, Itália, Bélgica e Luxemburgo, que instituiu a comunidade europeia do carvão e do aço (CECA). Em 1957 houve o tratado de https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 8 de 16 Roma que criou duas outras comunidades, a CEE (Comunidade Econômica Europeia) e a EURATOM. O objetivo era a criação de um mercado comum (inexistência de barreiras alfandegárias entre os membros, todavia há uma tarifa fixa para todos no comércio com países não membros; livre trânsito entre os cidadãos dos países membros). Em 1965 houve o tratado de fusão dos executivos, que fundiu os conselhos das organizações criadas anteriormente. Em 1986 surgiu o Ato único europeu. O mais significativo tratado foi o Tratado de Maastricht de 1992, quando as comunidades se tornaram a União Europeia e se instituiu a unificação da política monetária (moeda única, o euro). Em 1999 houve o Tratado de Amsterdã. Em 2001, o Tratado de Nice. Em 2007, o Tratado de Lisboa (após a frustrada tentativa de implantar uma comunidade internacional oposta pela população). Vê-se que a UE foi fruto de uma evolução institucional de Tratados. Ou seja, não houve um tratado constitutivo. Não se constitui uma entidade supranacional sem mudanças nas Constituições dos Estados. No caso europeu, essas mudanças ocorreram sem a consulta à população, por isso a afirmação dos autores de que houve um déficit democrático. IV – Direito comunitário: direito válido para todos os países membros da comunidade europeia. a. Originário: direito que constituiu a UE (conjunto de tratados). b. Derivado: atos normativos emanados da União Europeia. 1. Regulamento: funciona como uma lei geral, similar a lei, comando geral obrigatório a todos os países membros, independentemente de anuência (ratificação). 2. Instrução: não é um comando geral, é dirigido a um Estado em particular, também é obrigatório, mas somente quanto ao resultado, a forma é definida pelo próprio Estado. 3. Decisão: também voltada para um Estado em particular, é obrigatória em todos os seus termos, ou seja, não somente quanto ao resultado, mas também quanto aos meios (forma). Obs.: o tratado de Maastricht estabeleceu critérios de https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 9 de 16 convergência para possibilitar a adoção de uma moeda única. Por isso, as determinações de política de austeridade em países como a Grécia, chegando à decisão de cortes duríssimos à população, mostrando o desrespeito, o descompromisso da comunidade europeia com direitos sociais básicos como irredutibilidade de salários, previdência, liberdade sindical, etc. com o fito de manter a UE. V – órgãos: a. Conselho Europeu: é órgão de formado por chefes de Estado e de governo, decide as diretrizes políticas de longo prazo da União Europeia. b. Comissão europeia: tem importância executiva, vai buscar implementar as diretrizes do conselho europeu. Tem ainda a competência da iniciativa legislativa de atos normativos (depois vai para o parlamento europeu e por fim o Conselho da União Europeia). c. Conselho da União Europeia: tem a palavra final sobre os atos normativos, ou seja, tem maior importância legislativa. É quem aprova os regulamentos e instruções. Não é órgão de cúpula formado por ministros de Estado. Sua composição varia de acordo com o tema que estiver sendo discutido (tema ambiental, ministros de meio ambiente, etc.). d. Parlamento europeu: apesar do nome, sua importância legislativa é apenas auxiliar. Dá pareceres sobre os projetos de atos normativos. São 750 deputados eleitos diretamente pela população. Cada país tem número de deputados de acordo com sua população. e. Tribunal de Justiça: tem competência para julgar apenas casos envolvendo o direito comunitário, originário ou derivado. f. Tribunal de Contas: fiscaliza e controla as contas da União Europeia. Aula de 07/05/14. Proteção jurídica internacional do indivíduo Antes do advento dos Direitos Humanos havia uma total soberania dos Estados no que toca à adoção de leis a respeito de seus nacionais e direitos de estrangeiros em https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 10 de 16 seu território. Um rol mínimos de direitos foi estabelecido para proteger estrangeiros onde quer que estejam. I – Nacionalidade: classicamente, nas relações internacionais o indivíduo ou é nacional ou estrangeiro, com exceção aos apátridas (devem ser tratados como estrangeiros). O estrangeiro é definido por exclusão (não nacional). Cada Estado estabelece os critérios para que um indivíduo seja seu nacional. O termo nacionalidade existia na antiguidade, mas sem relação alguma com vínculo estatal. O termo mais utilizado era cidadão, hoje vínculo político com o Estado. Foi com a Revolução Francesa que esses termos passaram a ser utilizados no sentido atual. Na Idade média as pessoas se reconheciam como parte da localidade. a. Conceito: vínculo jurídico do indivíduo com o Estado. Tal vínculo concede direitos ao nacional. b. Originária: nacionalidade determinada por fato natural (fato nascimento). 1. Jus sanguinis: critério do sangue, nacionalidade originária adquirida pelo vínculo do nascituro com os pais nacionais. Critério surgido tardiamente. 2. Jus soli: critério do lugar, nacionalidade originária adquirida através do local do nascimento. c. Derivada: nacionalidade adquirida ao longo da vida, tendo como principal forma a naturalização. Deve haver a solicitação ao Estado. A naturalização é ato unilateral do Estado em regra. Há uma exceção na legislação brasileira em que há o direito à naturalização ao estrangeiro. II – Condição jurídica do estrangeiro: a. Admissão e entrada: o sistema clássico de proteção ao indivíduo ainda é bastante atuante. Para ingressar no território do Estado, o estrangeiro necessitade autorização, trata-se de ato totalmente discricionário, derivado da total soberania do Estado. A simples desconfiança do estrangeiro já legitima o Estado a vedar a entrada em seu território. Cada Estado pode agir com reciprocidade em relação ao tratamento dado aos seus nacionais em território estrangeiro quando da entrada. b. Direitos dos estrangeiros no Brasil: O caput do art. 5º traz a regra da igualdade de direitos entre https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 11 de 16 brasileiros e estrangeiros residentes no país. O estrangeiro de passagem também gozará deste direito, conforme jurisprudência. c. Restrições: há restrições aos estrangeiros quanto aos direitos políticos, à aquisição de determinados bens, à ocupação de determinados cargos públicos, etc. III – Proteção diplomática e assistência consular: são institutos bastante similares, diferindo no que tange à pessoa, ora pelo diplomata, ora pelo cônsul. Pode ser utilizado quando o indivíduo no exterior tem seus direitos violados pelo Estado onde se encontra. O auxilio será prestado pelo seu Estado através da embaixada ou consulado. Entende-se que todo Estado tem o direito de proteger seus nacionais onde quer que estejam. Por outro lado, todo indivíduo tem o direito de receber essa proteção. Há também o dever dos Estados em permitirem essa proteção. Até o início do século XX a proteção aos nacionais era feita na base da força. Posteriormente o uso da força foi em regra proibido (pacto da Liga das Nações). Hoje, entende-se que a proteção diplomática deve ser utilizada através de direito (inicialmente através de acordos políticos, depois pelo direito interno do Estado onde se encontra o indivíduo e finalmente pela representação do indivíduo nas Cortes Internacionais). Aula de 12/05/14. Saída Compulsória do Estrangeiro I – Deportação: é a saída compulsória do estrangeiro motivada por irregularidades do estrangeiro pelo seu ingresso ou permanência no Estado em que se encontra (ausência de documentos necessários ou vencidos, atos praticados incompatíveis com o visto que possui). Art. 57 e 58 do Estatuto do estrangeiro. Não ocorre qualquer tipo de processo, administrativo ou judicial, trata-se de medida de polícia (polícia federal) que atua de ofício. II – Expulsão: a. Conceito e natureza: é modalidade de saída compulsória do estrangeiro motivada pela prática de ato que ofenda os interesses nacionais, ou seja, deve haver uma conduta nociva aos interesses nacionais. A prática de crime comum não justifica a expulsão, que é medida de natureza política visando a proteção dos interesses do país. https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 12 de 16 b. Competência para expulsar: decorre da soberania do Estado, assim como ocorre na entrada do estrangeiro. O estrangeiro não possui direito subjetivo à entrada no Brasil, trata-se de concessão que pode ser retirada. A autoridade competente para decretar a expulsão é o chefe do Executivo (presidente da República – art. 66), hoje, por delegação, a competência é do Ministro da Justiça. Há inquérito administrativo conduzido pelo ministério da Justiça, podendo ser instaurado de ofício, como também solicitado por qualquer pessoa. Há casos em que o expulsando está praticando delito penal, nesses casos há necessidade de condenação penal transitada em julgado. O MP envia a decisão penal ao Ministério de Justiça para que instaure o procedimento administrativo. c. Óbice à expulsão: o estatuto do estrangeiro traz casos em que não será possível haver a expulsão, quando o expulsando for casado com brasileira há mais de 5 anos ou possuir filhos brasileiros sob sua guarda e dependência (art. 75, II, a, b). O STJ é quem julgará os recursos (HC) sobre expulsão por força da delegação dada ao Ministro da Justiça. O STJ passou a decidir mais favoravelmente ao filho brasileiro do estrangeiro, atenuando assim a expulsão dos estrangeiros, ampliando a proteção do menor a uma dependência afetiva também, bem como diminuiu o tempo necessário. III – Extradição: a. Conceito e natureza: trata-se de modalidade saída compulsória do estrangeiro motivada por crime praticado em outro Estado, o qual solicita a extradição para processar e julgar o extraditando ou cumprir a pena (basta que haja ação penal). Aqui há a figura de dois Estados. Possui natureza política, pois a extradição é concessão de pedido respeitando a soberania do Estado solicitante. b. Princípio da dupla tipicidade: a conduta imputada ao indivíduo extraditando tem que ser considerado crime e punível em ambos os países. Se em um dos Estados houver causa de extinção da punibilidade, não se concederá a extradição, e.g. indivíduo que https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 13 de 16 comete crime aos 17 anos (a legislação de seu país admite como crime) e vem para o Brasil, este não extraditará por não admitir crime de menores de 18 anos. O Brasil não extradita quando a pena imputada for cruel, de morte, etc., apenas em pena privativa de liberdade. c. Competência: o pedido é realizado ao Presidente da República que pode nega-lo de pronto, ou remetê-lo ao STF, este se pronuncia a respeito pela possibilidade ou não da extradição; havendo possibilidade, o Presidente da República terá a autorização (faculdade) de extraditar ou não o estrangeiro. Se o STF conclui que o pedido é irregular, não haverá possibilidade de concessão da extradição. Serve como exemplo o emblemático caso de Cesare Battisti (conflito entre Tratado e Lei). Aula de 14/05/14. O direito Internacional dos Direitos Humanos I – Personalidade Jurídica Internacional do Indivíduo e a Limitação da soberania Estatal: os direitos humanos representaram uma limitação à soberania do Estado e o reconhecimento da personalidade jurídica do indivíduo no cenário nacional. II – Formação Histórica: a ideia da soberania total levou vários Estados a adotarem leis discriminatórias a estrangeiros, grupos minoritários, religiosos, etc. Os direitos do indivíduo em outro Estado estavam condicionados à discricionariedade do Estado em que estivesse. O Brasil já restringiu direitos aos estrangeiros utilizando-se de sua total soberania. Com o implemento dos direitos humanos houve uma restrição à soberania dos Estados por haverem determinações aos Estados de assegurar um rol mínimo de direitos a toda e qualquer pessoa que se encontre em seu território. Isso se deu por compromissos internacionais. No plano fático podemos observar que nem sempre são cumpridos os compromissos firmados entre os Estados. Ou seja, temos um fator mais ideológico do que concreto. Esse sistema internacional de proteção ao indivíduo decorreu de uma tentativa de aperfeiçoar um sistema jurídico que o antecedeu, que era o sistema de proteção de minorias criado através de tratados internacionais que https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 14 de 16 determinava a concessão de direitos fundamentais a estrangeiros. A ideia no final do século XIX era impedir a discriminação de minorias com a provável ruína do império turco-otomano. A Inglaterra, preocupada com essa possibilidade, obrigou o império turco-otomano a concessão de direitos fundamentais às minorias étnicas e religiosas revoltosas. Ocorre que nunca foi efetivado esse sistema, sobretudo após a queda da Inglaterra e da Liga das Nações. Chegando ao poder Hitler, com o argumento de que queria proteger as minorias. Os direitos humanos surgem no plano internacional após a segunda guerra, tentado superar ideologicamente o regime de proteção das minorias(baseado na diferença dos seres humanos). Baseia-se, portanto na igualdade entre os seres humanos. A rejeição ao nazismo e a tentativa de superar a ideologia do regime anterior foram determinantes para o surgimento dos direitos humanos. Politicamente, contribuiu para o surgimento dos direitos humanos a mudança no poderio político, pois os EUA acreditavam em um conceito de dignidade humana diferente da URSS. A bipolarização do mundo atingiu também o plano ideológico. Todavia, as potências da época conseguiram elaborar um instrumento jurídico contendo a posição de ambas, a Declaração Universal de 1948. Isso só foi possível por que a Declaração não era obrigatória, por ser resolução da assembleia geral da ONU (apenas força de recomendação). Conclui-se que originariamente os direitos humanos não eram obrigatórios. Para superar o regime das minorias que era obrigatório, depois de quase 20 anos, os direitos humanos passaram a ser obrigatórios com a elaboração de dois tratados, um com as ideologias dos EUA e outro com as ideologias da URSS. III – Sistema Global (de proteção dos direitos humanos): a. Declaração Universal de 1948: contém os direitos de 1º geração (liberdade e propriedade) e de 2º geração (sociais e econômicos). b. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966: contendo os ideais dos EUA. Obrigatório, https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 15 de 16 podendo o indivíduo se valer da justiça para concretiza-los. Em 1966 com o surgimento do Pacto já se previa um Comitê dos Direitos Humanos com poderes de fiscalizar e emitir recomendações a Estados. Foi elaborado um Protocolo Facultativo que possibilitava a apresentação de reclamações ao comitê (sistema similar ao judicial). c. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e culturais de 1966: contendo os ideais da URSS. Vistos como direitos programáticos, ou seja, sem efetividade, metas a serem alcançadas, desejos. Não possuía comitê algum inicialmente. O comitê de direitos econômicos e sociais só foi criado em 1980, e não analisava reclamações. Somente com a criação de um protocolo facultativo, em 2008, é que foi possível a realização de reclamações. Vê-se que os direitos sociais foram secundarizados. Obs.: O Brasil não ratificou nenhum dos protocolos, embora tenha no governo de Collor ratificado ambos os Pactos. IV – A invisibilidade dos Direitos Humanos: a doutrina define a indivisibilidade como característica dos direitos humanos que associa a concretização dos mesmos com a garantia de todos os direitos humanos (civis e políticos e econômicos, sociais e culturais). Essa concepção de indivisibilidade é mais um desejo legítimo do que uma realidade fática. Na realidade, os direitos humanos continuam a divididos entre os obrigatórios e os programáticos. https://dl.dropboxusercontent.com/content_link/91LqmjHf4S…HpDCcKkiRSmYxzB9qv1smu4ydKI2If5A5nj0whDG7zyl/file?dl=1 06/11/2017 08V22 Página 16 de 16
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