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Aspectos históricos do uso de plantas medicinais: do empirismo ao uso racional Prof. Msc. Luís Eduardo Viana Salvador 2018 As plantas medicinais correspondem às mais antigas “armas” empregadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os tipos, ou seja, a utilização de plantas na prevenção e/ou na cura de doenças é um hábito que sempre existiu na história da humanidade (MORAES; SANTANA, 2001). Empirismo • Doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo. • Teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas, ou principalmente, a partir da experiência sensorial É de grande importância o conhecimento popular, porém existe a necessidade de um envolvimento científico para melhor aplicabilidade e uso das plantas medicinais e da biodiversidade. Empirismo • Ao contrário da crença popular, o uso de plantas medicinais não é isento de risco. • Além do princípio ativo terapêutico, a mesma planta pode conter outras substâncias tóxicas. • A grande quantidade de substâncias diferentes pode induzir a reação alérgica, pode haver interação com outros medicamentos utilizados pelo indivíduo. Princípio Ativo + Outras Substâncias Empirismo • Além disso, todo princípio ativo terapêutico é benéfico dentro de um intervalo de quantidade – abaixo dessa quantidade, é inócuo e acima disso passa a ser tóxico. • A variação de concentração do princípio ativo em chás pode ser muito grande, tornando praticamente impossível atingir a faixa terapêutica com segurança em algumas plantas onde essa faixa é mais estreita. Empirismo • A maioria dessas plantas é utilizada com base no conhecimento popular, observando-se a carência do conhecimento científico de suas propriedades farmacológicas e toxicológicas. • Muitas vezes, entretanto, as propriedades farmacológicas anunciadas não possuem validação científica, por não terem sido investigadas ou comprovadas em testes pré-clínicos e clínicos. • Além disso, verifica-se também escasso conhecimento a respeito dos constituintes responsáveis pela atividade farmacológica, ou as possíveis interações que envolvam as inúmeras moléculas presentes no extrato da planta (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006). Uso racional • De acordo com a RESOLUÇÃO Nº 585 DE 29 DE AGOSTO DE 2013 do Conselho Federal de Farmácia – CFF na seção Glossário da Resolução define-se URM: Uso Racional De Medicamentos: Processo Pelo Qual Os Pacientes Recebem Medicamentos Apropriados Para Suas Necessidades Clínicas, Em Doses Adequadas Às Suas Características Individuais, Pelo Período De Tempo Adequado E Ao Menor Custo Possível, Para Si E Para A Sociedade FITOTERAPIA • Fitoterapia é a prevenção e o tratamento de doenças mediante o uso de plantas (Ferreira, 1999). phyton que significa “vegetal” therapeia, "tratamento" HISTÓRICO • Os homens das cavernas já utilizavam plantas medicinais uso de plantas medicinais NECESSIDADE HUMANA Primeiros recursos terapêuticos (Almeida, 1993, in Carneiro, S. M. de B, 1997). Certamente surgiu, à medida que tentava suprir suas necessidades básicas, através das casualidades, tentativas e observações, conjunto de fatores que constituem o empirismo. HISTÓRICO Herbários chineses (3000 a.C.) Papiro de Ebers - Egito (1550 a.C.) Mais de 365 ervas medicinais Mais de 700 drogas, incluindo extratos de plantas Hipocrates (460- 355 a.C.) Pai da medicina Corpus Hippocraticum (Almeida, 1993, in Carneiro, S. M. de B, 1997). HISTÓRICODioscórides (100 d.C) Galeno (130-200 d.C.) De Matéria Médica Inicia a “Farmácia Galênica”, utilizando somente vegetais (Almeida, 1993, in Carneiro, S. M. de B, 1997). Durante o período greco-romano e na Idade Média, foi considerada a bíblia de médicos e farmacêuticos. HISTÓRICOPrimeira Grande Escola de Medicina da Idade Média (1220) Salerno, perto de Roma Fundada por Carlos Magno Avanço nos estudos de Farmácia Extratos alcoolicos, como vinho e destilados como o gim, já eram bem conhecidos para extrair o “espirito das plantas”. Início da década de 50 e final da década de 70 as plantas medicinais foram praticamente esquecidas A partir do início da sintetização de substâncias de estrutura química definida e de ação farmacológica (medicamentos sintéticos) (Almeida, 1993, in Carneiro, S. M. de B, 1997). HISTÓRICO – Brasil: • Quando o Brasil foi descoberto, a Fitoterapia reinava praticamente sozinha (os índios já utilizavam), não havia vacinas nem os medicamentos sintéticos, que só aparecem no final do século XIX (Brandão, et al. 1996; Teixeira, et al. 2010) Colonizadores Índios Africanos Biodiversidade Brasileira • No Brasil, são consideradas seis regiões em abundância de espécies medicinais: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal Matogrossense, Cerrado, Caatinga e Bioma Pampa. Algumas dessas regiões possuem plantas medicinais indicadas popularmente, das quais ainda não foram realizados estudo químico, farmacológico ou toxicológico. Fitoterapia no Brasil • O Brasil possui a maior cobertura vegetal do planeta, seis ricos biomas, com mais de 120 mil espécies de plantas • Soma-se a isso a grande diversidade étnica, cultural e socioeconômica Tornou-se um país com forte tradição no uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos (Teixeira, et al. 2010). Conhecimentos Populares • No mundo, preciosos conhecimentos perderam-se no decorrer da história das civilizações, extintas por fenômenos naturais, migrações e, principalmente, pela ocorrência das invasões gregas, romanas, muçulmanas e pelas colonizações europeias, que impuseram seu costumes, alterando realidades socioculturais e econômicas. • No Brasil o conhecimento dos índios, dos africanos e de seus descendentes está desaparecendo em decorrência da imposição de hábitos culturais importados de outros países, havendo um risco iminente de se perder essa importante memória cultural. Etnofarmacologia • Em 1981, Bruhn e Holmstedt descreveram a etnofarmacologia como “O conhecimento multidisciplinar de agentes biologicamente ativos, tradicionalmente estudados ou observados pelo homem”. • A pesquisa etnofarmacológica, vertente relativamente nova do estudo de plantas medicinais, vem sendo reconhecida como um dos melhores caminhos para a descoberta de novas drogas, orientando os estudos de laboratório no direcionamento de uma determinada ação terapêutica, reduzindo significativamente os investimentos em tempo e dinheiro. MAS COMO NOSSOS ANCESTRAIS SELECIONARAM AS PLANTAS MEDICINAIS???? Mais de 140 espécies sem valor nutritivo são utilizados pelos animais para fins curativos Coffea arabica OBSERVAÇÃO DOS ANIMAIS: Efeito excitante nos animais domésticos Prolongar o estado de vigília Etnofarmacologia EPIRISMO x CIENTÍFICO Fitoterápico
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