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ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * ECONOMIA/UFMT Ciência e Ideologia Prof. Dr. Dirceu Grasel * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo I – Do indivíduo para a coletividade No início o homem primitivo era auto-suficiente; As necessidades geravam atividades: 1) Fome; 2) Sede; 3) Abrigo; 4) Proteção; Com o tempo percebeu que viver socialmente permitia: 1) Aumentar a eficiência da proteção; 2) Divisão das tarefas; 3) Aumentar produtividade; * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * I – Do indivíduo para a coletividade O Aumento da produtividade permitiu: 1) A criação de um excedente econômico; 2) Prover a subsistência, com maior facilidade: ◦ Utilizando menos pessoas; ◦ Utilizando menos horas de trabalho; Como menos pessoas eram necessários para garantir a subsistência: 1) Algumas pessoas passaram a ter privilégios: ◦ Fazendo trabalhos mais fáceis; ◦ Acumulando bens; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * I – Do indivíduo para a coletividade Com o excedente econômico, algumas pessoas: 1) Não precisavam mais trabalhar: ◦ Porque tinham bens acumulados para trocar com os outros; 2) Podiam se dedicar a atividades que não estavam diretamente ligados a produção de subsistência: ◦ Administração; ◦ Estudo; ◦ Arte; ◦ Lazer, etc; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * II – Assim surge um problema Porque algumas pessoas merecem tais privilégios: 1) As pessoas que não os detinham, reclamavam; 2) As pessoas que os detinham, faziam de tudo para mantê-los; Vocês já se perguntaram porque estão numa Universidade, enquanto outros estão cultivando terra ou trabalhando numa mina de carvão? O que justifica eu ser um professor e não um pedreiro? CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * II – Assim surge um problema Como justificar esta situação: 1) Em que alguns têm privilégios: ◦ Não trabalham tão duramente e passam a usufruir de trabalho alheio; 2) Outros não: ◦ Fazem os trabalhos mais duros e não usufruem plenamente do seu trabalho; Fica uma questão ética: 1) Quem cria o excedente; 2) Quem se apropria do excedente, e; 3) Com que direito; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * III – Esse problema têm que ser legitimado Para evitar conflitos; Como Legitimar esta situação: 1) Pela força de grupos de poder: ◦ Não se sustenta a longo prazo; 2) Convencendo as pessoas de que isso é correto; A ideologia assume essa função: 1) Sem conflito; 2) De forma duradoura; 3) Convence as pessoas de que isso é correto: ◦ Porque Deus quer assim; ◦ Porque as pessoas são diferentes: ▫ Umas são melhores do que outras; ▫ Umas são mais competentes do que outras; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Do homem primitivo ao coletivo * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * IV – O que é ideologia? Ideologia é um conjunto de normas, valores, símbolos, idéias e práticas sociais que procuram justificar as relações econômicas e sociais existentes no interior da sociedade, não pela violências, mas pela persuasão; Quem tem interesse em justificar ou legitimar é quem se beneficia, o grupo dominante; Portanto: ideologia está relacionado com as idéias de defesa dos interesses da classe ou grupo dominante; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * IV – O que é ideologia? A ideologia: 1) Não é algo elaborado formalmente pelos grupos ou classe dominante; 2) Como se estivessem tramando um sistema para subjugar a sociedade; 3) É um fenômeno social espontâneo; 4) Não é algo produzido por uma visão conspiratória do processo histórico; A ideologia desempenha funções importantes: 1) Mantém a coesão social; 2) Funciona como uma espécie de sistema de dominação; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * V – O papel do Estado e da Igreja O Estado e a Igreja ajudaram a legitimar essa situação: 1) Estando a serviço da classe dominante; 2) Tornando-se um instrumento de legitimação desse processo; 3) Definindo: ◦ A forma atual de divisão do excedente econômico; ◦ Quem vai trabalhar na produção de bens; ◦ Quem vai se dedicar a outras atividades; ◦ Quem vai trabalhar ou não; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * VI – Ideologia e utopia Ambas são sistemas de idéias ou instrumentos de defesa de idéias: 1) Ideologia: ◦ É qualquer estrutura de pensamento ligado a um grupo ou classe dominante; 2) Utopia: ◦ É qualquer estrutura de pensamento ligado a um grupo ou classe não dominante; ◦ Geralmente os opositores ao pensamento dominante; ◦ Contestam a validade das instituições e as relações econômicas e sociais existentes na sociedade; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia e utopia * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * VII – O que é ciência? A essência da ciência é o método científico; É a construção de uma forma de pensamento (teórico ou quantitativo) sobre um fato ou fenômeno, atendendo-se os critérios de um método considerado científico; Portanto: Constitui uma forma de pensar ou construir um conhecimento através de um método científico, tal como o estudo de caso e outros, cada qual com suas respectivas limitações; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ciência * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * VIII – Ideologia e ciência? Ambas se colocam para nós de forma racional; ◦ São apoiadas em argumentos lógicos; Mas a ideologia: ◦ Move-se no universo dos valores; ◦ Para justificar o status quo; ◦ Geralmente se apresenta com roupagem científica; ◦ Objetiva construir um conjunto de valores e crenças; ◦ Que não são neutros; ◦ Representam interesses; Enquanto a ciência: ◦ Encaminha-se para a busca da verdade; ◦ Descobrir o que existe por detrás do fenômeno aparente; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia e Ciência * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * VIII – Ideologia e ciência? Não existe lugar não ideológico; Em alguns casos é difícil distinguir ideologia de ciência; Todo discurso ou qualquer elaboração mais ou menos sistemática pode estar contaminado pela ideologia; Um economista precisa saber distinguir ideologia e ciência; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia e Ciência * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * IX – A ideologia se opõem á ciência Em certo sentido ela é a anti-ciência; Mas a própria ciência pode e geralmente tem uma função ideológica; A economia, principalmente por ser uma ciência social, não fica imune a ideologia; Portanto: cabe ao economista distinguir o que é ideologia e ciência; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Ideologia e Ciência * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * X – Porque os economistas discordam A economia é uma ciência social: 1) A dinâmica é a essência; 2) Historicidade dos conceitos; 3) Diferenças no julgamento científico; Existem pelo menos duas formas de julgamento científico: 1) Visão positiva: ◦ Estudam o mundo como ele é; 2) Visão normativa: ◦ Estudam o mundo como deveria ser; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Economia uma ciência social * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * X – Porque os economistas discordam Um economista deve: 1) Compreender a essência da dinâmica dos fatos ou fenômenos sócio-econômicos e políticos; 2) Considerar as convicções ideológicas dos autores; 3) Considerar as diferenças de julgamento científico; 4) Considerar o contexto histórico do autor; Existem economistas antigos e com contribuições importantes que não têm sentido se não considerarmos o seu contexto histórico e a sua contribuição para o desenvolvimento da ciência; Suas idéias são ultrapassadas, mas algum dia poderão voltar a ser atuais; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Economia uma ciência social * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * X – Porque os economistas discordam É preciso saber qual é o agente econômico ou social que está por traz das informações ou conclusões; Outras discordâncias podem advir: 1) Do atendimento aos critérios científicos ou não; 2) De futurologia; 3) De interpretações equivocadas sobre o que venha a ser ciência; Em ciência social, ninguém é dono da verdade; Existem diversas verdades, “todas” amparadas por métodos científicos; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Economia uma ciência social * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * X – Porque os economistas discordam O domínio de uma teoria sobre outra resulta: 1) Da capacidade de fazer com que suas idéias sejam aceitas; 2) Da convicção com que são defendidas; 3) Da constatação ou não de fatos históricos; O reinado absoluto do keynesianismo nos anos 30 ou do neoliberalismo até o final deste século: 1) Não significa que não existem alternativas; 2) Que uma é melhor que a outra; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Economia uma ciência social * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * X – Porque os economistas discordam Mas que uma prevaleceu sobre a outra por; 1) Fatos históricos; 2) Eficiência da divulgação; Qualquer conclusão científica ou não que é efetivamente aplicado possui: 1) Implicações: ◦ Positivas; ◦ Negativas; 2) Beneficiam: ◦ Grupos; ◦ Classes sociais; 3) Em detrimentos de outros; CIÊNCIA E IDEOLOGIA Economia uma ciência social * ECONOMIA DIRCEU GRASEL * * * BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, C. R. V. História do Pensamento Econômico: uma abordagem introdutória, São Paulo: Atlas, 1988. DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1987. *
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