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Referencial teórico (externalidades)

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POLO NAVAL E EXTERNALIDADES: O CASO DO MUNICÍPIO DO RIO GRANDE
Referencial teórico “Externalidades”
As externalidades ocorrem quando a ação de um agente provoca um efeito adverso ou benéfico a outro determinado agente, sem que esse o deseje. As externalidades podem atingir uma pessoa, uma empresa, até mesmo uma população inteira, muitas vezes afetando diretamente o bem estar social e com isso a qualidade de vida destes. Para Mankiw (2008) “a externalidade surge quando uma pessoa se dedica a uma ação que provoca um impacto no bem estar de um terceiro que não participa dessa ação, sem pagar ou receber nenhuma compensação por esse impacto. Se o impacto sobre o terceiro é adverso, é chamado de externalidade negativa; se é benéfico é chamado de externalidade positiva”.
Se uma pessoa tem preferencias negativas sobre alguém fumar em local fechado, ou com a poluição produzida por automóveis em determinada cidade, podemos dizer que há uma externalidade de consumo negativa, pois essa pessoa está sofrendo efeitos adversos através da poluição da fumaça. Por outro lado uma pessoa pode ter preferencias positivas sobre o jardim de seu vizinho, ou sobre o grafite nos murros da cidade, e então podemos dizer que existe uma externalidade de consumo positiva, pois os efeitos são benéficos.
Segundo Pindyck e Rubinfeld (1994:904) externalidade é "a ação de um produtor ou consumidor que afeta outros produtores ou consumidores, entretanto não levada em consideração no preço de mercado".
Para alguns autores a externalidade é vista como bem público, ou seja, não se pode proibir as pessoas de utilizarem estes bens. Wonnacott e Wonnacott (1994:104) afirmam que bem público puro "tem benefícios que não podem ser negados a ninguém, mesmo aos que não tenham pago pelo bem".
Para Varian (1982:97) a característica fundamental de externalidade é “a existência de bens com os quais as pessoas se importam e que não são vendidos nos mercados, portanto, não tem preço”. O resultado disso são problemas no bem estar e na qualidade de vida das pessoas.
Teorema de Coase
O economista Ronald Coase (Prémio de Ciências Econômicas, 1991) criou uma teoria para resolver os problemas com as externalidades, buscando uma solução ótima as externalidades, que aumentasse o bem-estar social.
Dessa forma, a internalização (uma medida do custo individual que certa ação tem para os outros.) das externalidades pode se fazer por meio da solução proposta pelo Teorema de Coase, as pessoas poderiam negociar seus direitos de produzir externalidade assim como negociam qualquer produto desde que tenham a noção de direitos de propriedade bem definidos, obtendo uma alocação de recursos eficiente.
O problema é que muitas vezes não se tem esse direito de propriedade bem definido, cabendo à intervenção do Estado através da taxação, da legislação ou, inversamente, renunciando taxas e concedendo de subsídios conforme cada caso.
Por outro lado existe um caso especial onde o resultado da externalidade independe dos direitos de propriedade, quando as preferências dos agentes forem quase lineares. Nesse caso todas haverá uma única quantidade de externalidade para cada alocação eficiente de Pareto (Um equilíbrio, onde não se pode melhorar a vida de um agente sem fazer mal a outro).
Para Varian (1997:98), “a externalidade é um problema de propriedade mal definida”. Existem diversos exemplos onde o Teorema de Coase se aplica, como no caso de dois colegas de quarto, um fumante e outro, não fumante, quem possui o direito de poluir ou não o ar?
Nesse caso se for estabelecido que o direito de propriedade seja do fumante, então o não fumante poderá entrar em acordo com o fumante, pagando para que ele reduza a quantidade de poluição no quarto. Caso contrário, se o não fumante possui o direito de propriedade, este poderá pagar para poder fumar.
Nesse exemplo o Teorema de Coase se aplica, pois, os direitos de propriedade foram bem definidos, além disso, existem apenas duas partes envolvidas e os custos das negociações são baixos.
Porém, para grandes grupos, a elevação dos custos e as grandes dificuldades de organização com relação aos direitos de propriedade tornam o Teorema de Coase inviável quando as externalidades provocadas por bens públicos, como a poluição, envolvem milhões de agentes.
Outro exemplo utilizado por Varian (1982:97), dessa vez que afeta a vida de milhões de agentes, são os Certificados de Poluição. Existem diversas empresas no sul da Califórnia que poluem em excesso, o que preocupa muito a população.
Porém, é inviável descobrir o custo de emissões de óxido de nitrogênio de todas as empresas para controlar as emissões, então muitos economistas sugerem que o modo mais eficiente de resolver esse problema é através da criação de um mercado para essas emissões.
Foram criados então os Certificados de Poluição no sul da Califórnia, onde os grandes poluidores do sul da Califórnia receberam cotas de emissão de óxido de nitrogênio, que seriam estabelecidas inicialmente 8% abaixo das emissões do ano anterior.
O mercado de emissões produz, de maneira automática, o padrão eficiente de emissões. Se a empresa não ultrapassar sua cota, não haverá multas, entretanto se emitir a baixo de sua cota poderá vender no mercado, o direito de emitir óxido de nitrogênio.
Por fim, através do Teorema de Coase é possível identificar a origem da externalidade, quando há uma ausência de mercado e direitos de propriedade bem definidos, ele somente não se aplicaria nos casos em que a externalidade é associada aos recursos comunitários e aos bens públicos puros.
Quando a externalidade envolve bens públicos puros, não se pode excluir nenhum agente, como não existe dono, não existem direitos de propriedade, logo é necessária a intervenção do Estado para assegurar o fornecimento do bem ou serviço em questão.
Para Mankiw(2008) quando tratamos de bens públicos e recursos comuns as externalidades causam uma ineficiência no mercado. “os preços são os sinais que orientam as decisões de compradores e vendedores, e dessas decisões resulta a alocação eficiente de recursos. Quando os bens estão disponíveis gratuitamente, contudo, as forças de mercado que normalmente alocam recursos em nossa economia inexistem. ”
O caso do Rio Grande
No caso do município do Rio Grande, a construção do Polo Naval na cidade pede por mão de obra, que na cidade é insuficiente, logo, ocorre uma migração em massa de pessoas de outros estados em busca de empregos e condições melhores de vida.
A questão é que a cidade não tem infraestrutura para receber essa grande migração, e a população rio-grandense tem sentido uma piora na qualidade de vida. Apesar de o Polo Naval revitalizar a indústria de bens e serviços, gerando milhares de empregos e com isso aumentando a renda do município, segundo o artigo: Polo Naval do Rio Grande: potencialidades, fragilidades e a questão da migração, dos professores de Economia da URFGS e da FURG Flávio Tosi Feijó e Danielle Trindade Madono “Pode-se notar também uma precariedade no sistema de saúde e um tráfego urbano intenso, visto que o número de veículos em circulação tem aumentado consideravelmente. Soma-se a isso a posição geográfica da cidade, que é delimitada lateralmente por águas, o que dificulta o crescimento da mesma em termos físicos”.
Fica claro que o Polo Naval embora benéfico para cidade, trouxe muitas externalidades negativas relacionadas ao bem estar da população, e como sabemos saúde, infraestrutura, transporte público e outros, devem ser garantidas pelo governo como bens públicos puros ou recursos comuns.
Mankiw (2008) diz que “quando de se trata de bens públicos e de recursos naturais, as externalidades surgem porque algo de valor não tem preço estipulado.”, portanto uma solução possível e necessária para aumentar o bem-estar social e econômico seria a intervenção do governo. 
Essa intervenção poderia se dar através da arrecadação de impostos que naturalmente já é feita pelo governo, porém devido ao aumento da renda do município, e sua pequena infraestruturao governo deveria aumentar os investimentos proporcionalmente a necessidade da cidade para sanar os problemas gerados pelas externalidades negativas.

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