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NOÇÕES DE ECONOMIA Didatismo e Conhecimento 1 NOÇÕES DE ECONOMIA 1. NOÇÕES DE ECONOMIA: 1.1 MICROECONOMIA: DEMANDA E OFERTA: INDIVIDUAL E DE MERCADO. ELASTICIDADES-PREÇO: DEMANDA, RENDA. TEORIA DO CONSUMIDOR. TEORIA DA FIRMA: FUNÇÃO DE PRODUÇÃO; PRODUTIVIDADE MÉDIA E MARGINAL; LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES E RENDIMENTOS DE ESCALA. EXTERNALIDADES E BENS PÚBLICOS. No livre mercado, os preços são determinados pela lei da ofer- ta e da procura. O encontro das duas curvas determina o preço de equilíbrio. Nem sempre esse preço permanece neste estado. Exis- tem forças que podem alterar o preço e/ou a quantidade demanda- da e ofertada. Muitas vezes, o próprio governo pode agir para for- çar o equilíbrio no mercado, quer seja subsidiando determinados produtos ou, por outro lado, sobretaxando outros. A decisão de consumir, por parte dos indivíduos, e a de pro- duzir, por parte das empresas, é constantemente afetada pela lei da oferta e da procura. Decisões do consumidor e a curva de demanda O objetivo do consumidor é maximizar o seu nível de satis- fação, ou seu prazer. Para isso, ele precisa escolher que conjunto de bens e serviços comprar dentre as diversas opções disponíveis no mercado. O consumidor tem o poder da escolha, que é livre e que se limita a sua restrição orçamentária. Restrição orçamentária A restrição orçamentária significa que o consumidor pode gas- tar um total igual ou menor que sua renda – o salário, por exemplo. Se for menor, nem toda a renda que ele ganha é consumida e será destinada a uma poupança – renda não-consumida chama-se pou- pança, na economia, para ser utilizada em consumo futuro. Se o total gasto é maior do que a renda adquirida, ou ele utiliza poupanças passadas para complementar a renda que lhe falta, ou utiliza empréstimos, contraindo dívidas. Nesse caso específico, a necessidade de pagar as dívidas restringirá a capacidade de consu- mo no futuro. Assim, a restrição orçamentária limita o conjunto de bens e serviços que o indivíduo pode adquirir. Por exemplo, uma família que tem renda de três salários mí- nimos não conseguirá ter acesso à compra de um carro novo, cujo valor é muito alto para a renda dessa família. Nem com financia- mento isso seria possível, porque a prestação comprometeria toda a renda da família e não sobraria para as demais necessidades a serem satisfeitas. O consumo dos diversos produtos resulta em benefícios e cus- tos. Os benefícios advêm da satisfação gerada pelo consumo. Qual seria a satisfação de se beber um copo de água no deserto depois de um dia inteiro de caminhada? Os custos correspondem ao preço pago pelo produto e ao seu custo de oportunidade (o que o con- sumidor deixa de adquirir por escolher determinado produto). O objetivo do consumidor é maximizar a diferença entre benefícios e custos, ao escolher o conjunto de produtos que a sua renda lhe permite comprar. Preço do produto (gráfico de demanda) Quantas vezes os torcedores iriam ao campo de futebol assis- tir a uma partida de seu time se o ingresso passasse de R$10,00 para R$50,00? Quanto maior for o preço do produto, menos unidades serão compradas. Por duas razões importantes: porque isso aumenta o custo do consumo e seu custo de oportunidade, ou seja, aquilo que o indivíduo deixa de comprar para poder pagar esse aumento pode levá-lo a não ter renda suficiente para comprar o produto mais caro, levando-o até a compra de bens substitutos. Tem-se aí a lei da demanda – quando o preço de um produto sobe e tudo se mantém constante, cai a quantidade demandada, ou o número de unidades compradas do produto. Quando o preço do ingresso sobe de R$10,00 para R$50,00, poucas pessoas estão dis- postas ou podem pagar por esse aumento; conseqüentemente, cai a demanda por ingressos e o clube pode ter uma perda na receita total se a queda for muito grande. O gráfico 1 mostra a relação existente entre o preço do pro- duto e a quantidade demandada. Por causa da lei da demanda, a curva tem inclinação positiva, ou seja, um preço maior (ou menor) corresponde a uma quantidade demandada menor (ou maior). Gostos e preferências Os gostos podem mudar. A moda é o maior exemplo dessa mudança. Cada estação tem cores, estilos e acessórios diferentes. Quando as pessoas passam a gostar mais de determinado bem, au- mentam os benefícios com o consumo deste. O consumidor tende a comprá-lo mais, mesmo que não haja alteração de preço. A curva de demanda se desloca para a direita, de DoDo para D1D1 (gráfico 2). Aumenta a quantidade demandada do bem porque ele está na moda. Didatismo e Conhecimento 2 NOÇÕES DE ECONOMIA E, em caso contrário, quando as pessoas deixam de gostar de determinado produto, a curva da demanda se desloca para a es- querda de DoDo para D2D2. Cai a venda do produto porque já passou a moda e as pessoas não estão mais interessadas em com- prar aquele produto. As patinetes são exemplos disso, já que não estão mais na moda. A curva da demanda A curva da demanda desloca-se para a direita quando: A curva da demanda desloca-se para a esquerda quando: A renda aumenta. A renda diminui. O preço do bem substituto aumenta. O preço do bem substituto cai. O preço do bem complementar cai. O preço do bem complementar aumenta. Os gostos deslocam-se a favor do produto. Caem as preferências pelo bem. A renda aumenta. A renda diminui. O preço do bem substituto aumenta. O preço do bem substituto cai. O preço do bem complementar cai. O preço do bem complementar aumenta. Os gostos deslocam-se a favor do produto. Caem as preferências pelo bem. Bens normais, inferiores, complementares e substitutos. Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a renda dos indivíduos se eleva. Por exemplo, as pessoas deixam de comer em casa e passam a freqüentar restaurantes sofisticados. • Bens inferiores: são aqueles cuja demanda se reduz quando a renda dos indivíduos cresce. Por exemplo, as pessoas deixam de andar de ônibus e passam a andar de carro. • Bens complementares: são aqueles que são consumidos em conjunto. A característica desses produtos é que, quando o pre- ço de um deles sobe, a demanda do outro cai. Quando aumentam os preços dos artigos de tênis, automaticamente cai a procura por aulas ou locação de quadras de tênis. • Bens substitutos: são aqueles que, quando o preço de um bem sobe, as pessoas substituem por outro, aumentando a deman- da deste. Quando sobe o preço do café, as pessoas passam a tomar chá, por exemplo, aumentando as vendas deste produto. Decisões do produtor e curva de oferta O objetivo de toda empresa é maximizar o seu lucro resultante da diferença entre a receita total e os custos totais. LUCRO = RECEITA TOTAL – CUSTO TOTAL A receita total advém do número de unidades vendidas do produto multiplicado pelo seu preço; é também chamado de fatu- ramento de uma empresa. Os custos totais são os gastos totais dispendidos no proces- so produtivo, como pagamentos da folha de salários, aluguéis do imóvel, depreciação, entre outros. Existem empresas cujo objetivo principal não é o lucro, são as chamadas empresas sem fins lucra- tivos, como as ONGs (organizações não governamentais), empre- sas do governo e instituições filantrópicas (como algumas creches, asilos etc.). Em muitos mercados, o número de produtores é muito grande, e nenhum deles pode influir significativamente no preço do bem que deseja vender no mercado. É a chamada concorrência perfeita (assunto que iremos abordar logo a seguir). É o caso da indústria têxtil, calçadista, moveleira, de laticí- nios, entre outras. Como não pode estabelecer o preço do produ- to, o empresário determina o preço de seus produtos a partir do preço praticado no mercado. Quando o preço do produto sobe no mercado, os lucros aumentam e os produtores são incentivados a produzir e a vender mais. A relação entre o preço e a quantidade ofertada é dada pela lei de oferta: quando o preço de um bem se eleva, com tudo mais permanecendoconstante, a quantidade ofertada do bem também aumenta. No gráfico 3, vemos a inclinação positiva, ou seja, um preço maior (ou menor) leva a uma quantidade ofertada maior (ou menor). Didatismo e Conhecimento 3 NOÇÕES DE ECONOMIA Muitos fatores podem alterar a quantidade a ser produzida pelos empresários. O aumento do preço dos insumos pode invia- bilizar o lucro do processo produtivo. A redução da quantidade produzida desloca a curva da oferta de SoSo para S1S1 (gráfico 4). Outro fator muito importante diz respeito à mudança tecno- lógica que pode aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, incentivando o empresário a aumentar as quantidades ofertadas, deslocando a curva da oferta de SoSo para S2S2 (gráfico 4). O empresário, quando compra uma máquina que produz mais, poderá aumentar a quantidade ofertada, afetando o preço no mer- cado (os preços caem porque aumenta a oferta do produto). Preço e quantidade de equilíbrio Quando juntamos a curva da oferta com a curva da demanda (gráfico 5), temos a quantidade de equilíbrio. Quando as duas cur- vas se encontram, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada (Qo). Quando isso ocorre, diz-se que o mercado está em equilíbrio – e a quantidade Qo é a quantidade de equilíbrio. E, somente em Po, o núme- ro de unidades que os consumidores querem comprar é igual ao número de unidades que os produtores desejam vender. Este é exatamente o preço de equilíbrio. O preço de equilíbrio é a repre- sentação do livre mercado, ou seja, no qual se faz uma negociação de preços.O comprador diz quanto quer pagar e o vendedor diz por quanto vale a pena vender. Se o preço do produto (P1) for superior ao preço de equilí- brio (Po), tem-se um excesso de oferta, pois, pelo preço (P1), a quantidade ofertada (Qs1) é maior do que a quantidade demandada (Qd1). Quando isso acontece, os produtores preferem fazer liqui- dações para não ter seu capital parado em estoques, correndo até o risco da obsolescência (depreciação tecnológica – imagine se uma loja comprasse uma quantidade enorme de computadores para um ano de vendas; com certeza, teria prejuízo, porque, a cada mês, os fabricantes lançam computadores mais modernos e mais velozes, por isso, o comerciante jamais poderá fazer estoque). No caso oposto, o preço inicial P2 (gráfico 6) é menor do que o preço de equilíbrio (Po). Nesse caso, existe um excesso de de- manda, ou seja, a quantidade demandada (Qd2) é maior do que a quantidade ofertada (Qs2) pelo preço P2. Quando muitas pessoas desejam o mesmo produto, ele pode se tornar escasso no mercado e a tendência é o preço subir. Quando o dono de um apartamen- to coloca-o à venda por um preço inferior ao de mercado, muitos compradores disputarão a compra do imóvel. Quando o preço de um produto está abaixo do preço de equilíbrio, as forças de merca- do tendem a levá-lo de volta ao equilíbrio. Didatismo e Conhecimento 4 NOÇÕES DE ECONOMIA Mercado de trabalho e salário de equilíbrio A análise da curva da oferta e da demanda para bens e serviços também pode ser utilizada para determinar o preço dos insumos empregados no processo produtivo. Um dos mais importantes in- sumos utilizados no processo produtivo é o salário. Os trabalhado- res ofertam mão-de-obra no mercado. Quanto maiores os salários, mais os trabalhadores estão dispostos a trabalhar. Quando o salário é muito baixo, não compensa trabalhar. Portanto, a curva de oferta de trabalho tem inclinação positiva. Por outro lado, as empresas demandam mão-de-obra. Quanto maior o salário, menos disposi- ção de contratar trabalhadores elas têm. As empresas, nesse caso, preferem substituir trabalhadores por máquinas. Dessa forma, a curva de demanda de trabalho apresenta inclinação negativa. O encontro da curva de demanda e oferta determina o salário de mer- cado e o número de pessoas empregadas em equilíbrio (gráfico 5). Mudanças no equilíbrio Os autores Eduardo Andrade e Regina Madalozzo (2003) apresentam a mudança de equilíbrio no mercado por meio de dois exemplos: Exemplo 1: cidades turísticas. No período de férias, as cidades turísticas, como Gramado (RS), ficam lotadas, principalmente em julho, quando há a ex- pectativa de neve. Nessa época, todos os restaurantes, hotéis e passeios turísticos ficam mais caros, dado o número elevado de turistas. Há um excesso de demanda, fazendo com que a curva se desloque de DoDo para D1D1; nesse caso, o preço não é mais o preço de equilíbrio; o novo preço de equilíbrio passa a ser P1. Exemplo 2: o dólar. O dólar pode ser considerado um produto qualquer, portanto, sujeito às variações de mercado e cujo preço é determinado pelo encontro da oferta e da procura. Durante a guerra entre os EUA e o Iraque, no primeiro semestre de 2003, houve uma ameaça concreta ao abastecimento de petróleo no mundo. Como o Brasil é impor- tador de petróleo, ocorreria um aumento na demanda de dólares no País, o que, por sua vez, acarretaria o aumento na demanda de dólares para essa importação, ou desvalorização, do real. De outra forma, quando o Brasil aumenta suas exportações, aumenta a oferta de dólares no mercado interno, ocasionando uma queda no preço, com o novo preço de equilíbrio sendo P1, ou seja, ocorre uma valorização do real. A lei da oferta e da procura é a lei que fundamenta a concor- rência no mercado capitalista. Cada vez que o governo interfere na economia, acaba afetando as livres forças do mercado. A capaci- dade produtiva das empresas define a oferta dos bens e serviços na economia, e a renda das famílias representa a demanda do mercado consumidor. As empresas têm sua concorrência ampliada pela glo- balização da economia, com a abertura dos mercados mundiais. A ampliação da concorrência é positiva para os consumidores, por- que melhora a qualidade e tende a baixar os preços pelo aumento do número de competidores. A Empresa É o agente econômico que transforma fatores produtivos e bens intermédios em bens; – os bens são o resultado da atividade de produção, i.e., da combinação e transformação de fatores e bens intermédios; – note que os bens intermédios são também o resultado de um processo de produção: • também eles resultam da combinação de fatores e bens in- termédios. • O objetivo último da empresa é a maximização do lucro, a diferença entre: – receitas: que resultam da venda dos seus produtos; e – custos: resultado do consumo dos fatores produtivos e bens intermédios utilizados na produção. Curto prazo – período de tempo em que a empresa não pode alterar pelo menos um dos fatores de produção; – os fatores cuja quantidade pode ser alterada designam se por variáveis; os restantes são fixos. Longo prazo – período suficientemente longo para que todos os fatores, in- cluindo o capital, sejam ajustados; – no longo prazo, a empresa pode alterar todos os fatores de produção e, portanto, a escala de produção. A Função de Produção Traduz a relação entre a quantidade máxima de produção que pode ser obtida e a quantidade de fatores de produção necessários para realizar essa produção; • A função de produção traduz uma relação ‘física’– não re- laciona valores, mas quantidades de inputs com quantidades de outputs; • As funções de produção descrevem a forma como uma em- presa pode produzir o conjunto dos seus produtos e definem-se para um determinado nível de conhecimentos tecnológicos e es- tado da técnica. • O conjunto das possibilidades de combinação dos fatores produtivos designa-se por tecnologia. Q = f (L , K) Esta explicitação representa uma simplificação por incluir apenas dois fatores produtivos: o capital (K) – físico e não finan- ceiro – e o trabalho (L) • facilita a análise sem prejudicar as conclusões; – os bens intermédios estão representados apenas indireta- mente: • pressupõe-se que são eles próprios função dos fatores de produção; • Produção total: – quantidade total obtida de um bem, em unidades físicas; • Produtividade total de um fator de produção v1 (PTv1)ou função de produção em período curto: – quantidade do bem obtida com cada quantidade do fator, medidos em unidades físicas, mantendo todo o resto constante; • Produtividade marginal de um fator produtivo v1 (Pmgv1): – traduz os acréscimos de produção proporcionados pela in- trodução no processo produtivo da última unidade de fator variá- vel, mantendo-se todo o resto constante. Didatismo e Conhecimento 5 NOÇÕES DE ECONOMIA • Produtividade média de um fator de produção v1 (Pmdv1): – obtém-se dividindo a produção total pela quantidade utiliza- da do fator de produção. Propriedades da Função de Produção monotonia: significa que aumentando a quantidade utilizada de um fator produtivo, mantendo o outro constante, o volume de produção aumentará (Pmg’s > 0). rendimentos marginais decrescentes: aumentos sucessivos na quantidade de um fator produtivo (mantendo os restantes constan- tes) implicam aumentos cada vez menores na quantidade produ- zida. Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes Acréscimos sucessivos na utilização de um fator de produção, ceteris paribus, conduzem a acréscimos cada vez menores do pro- duto total. – não é uma lei universal,mas uma realidade empírica ampla- mente observada; • Como evitar os rendimentos marginais decrescentes? – progresso técnico; – aumentar a utilização dos restantes fatores de produção. Isoquanta: função que relaciona as combinações ótimas de dois fatores produtivos que permitem alcançar um determinado nível de produção • Mapa de isoquantas: conjunto das isoquantas de um determi- nado produtor. Corresponde à representação gráfica de uma função produção com dois fatores produtivos variáveis. • Diferenças entre isoquantas e curvas de indiferença: – cada isoquanta está associada a um número exato de unida- des de produção; – assim sendo, enquanto as curvas de indiferença são mera- mente ordinais, entre isoquantas é possível determinar em quanto uma é maior ou menor do que outra. • As isoquantas são negativamente inclinadas: – traduz substituibilidade entre os fatores produtivos; • As isoquantas não se cruzam: – já que uma determinada combinação de fatores produtivos não pode proporcionar dois níveis distintos de produção; • Quanto mais afastada da origem, maior é a produção asso- ciada à isoquanta: – perante rendimentos marginais positivos, maior quantidade de ambos os fatores produz necessariamente maior output; • As isoquantas são convexas – devido à existência de rendimentos marginais decrescentes em ambos os fatores. Alternativas de produção e a curva de possibilidades de produção Todo sistema econômico tem uma capacidade máxima de pro- duzir bens e serviços. Um dos principais problemas com que se defrontam as economias é definir quanto será produzido de cada bem e serviço, de modo atender às necessidades da sociedade. Em outras palavras, as economias devem definir quais são as combi- nações das diversas quantidades de bens e serviços que serão pro- duzidos.Nesse sentido, para que se possa maximizar a produção de bens e serviços, os sistemas econômicos devem buscar:(i) decisão do que produzir;(ii) escolha das alternativas de produção para a ca- nalização dos recursos, que dependem das opções sociais ou políti- cas estabelecidas pela sociedade; e(iii) eficiência máxima e o pleno emprego dos recursos de produção.Desse modo, para simplicidade de raciocínio, suponhamos, hipoteticamente, uma economia que produza apenas dois bens A e B, nas seguintes quantidades, con- forme quadro abaixo: Colocando estas quantidades, que formam pares ordenados de pontos dados pelas diversas alternativas de produção em um gráfi- co cartesiano, onde as quantidades do bem A são lançadas no eixo das abscissas (eixo X) e as quantidades do bem B são lançadas no eixo das ordenadas (eixo Y), temos a seguinte representação gráfica: Didatismo e Conhecimento 6 NOÇÕES DE ECONOMIA Esta curva chama-se curva de possibilidades de produção (ou fronteira de produção ou curva de transformação), que indica as infinitas combinações possíveis de produção dos bens A e B. Em qualquer ponto desta curva uma quantidade produzida de A, cor- responde a uma quantidade produzida de B. Acurva de possibilida- des de produção estabelece os níveis máximos de produção desses dois bens.Para que uma economia possa operar em qualquer ponto sobre a curva de possibilidades de produção é necessário que:(i) exista pleno emprego de todos os fatores produção disponíveis. Isto significa que não há nenhum fator de produção ocioso, como também não é possível agregar mais fatores;(ii) não sejam intro- duzidas inovações tecnológicas. Ou seja, a economia opera com os padrões tecnológicos existentes; e(iii) exista eficiência e eficácia no uso dos fatores de produção.Desse modo, uma economia que se encontre operando sobre a curva de possibilidades de produção,ao se deslocar do ponto A para o ponto B, ou do ponto B para o ponto C, e assim sucessivamente até o ponto F, estará deixando de pro- duzir algumas unidades do bem A para produzir mais quantidades do bem B. Em outras pala- vras, estará transformando o bem A em bem B. Por esta razão, esta curva também é conhecida como curva de transformação. Cabe ressaltar que, esta transformação não é física, significa apenas que se está transferindo recursos ou fatores de produção de um proces- so produtivo para outro, no caso da produção do bem A para o bem B. Outro importante ponto a ser destacado, é que associada a esta escolha sobre quantos e quais bens produzir, há uma questão mais ampla de eficiência alocativa. Ou seja, uma vez definidas as quan- tidades e a qualidade dos fatores de produção, é preciso alocá-los, isto é, distribuí-los entre os setores produtivos deforma a obter a máxima eficiência na quantidade e qualidade dos bens produzidos. Análise da Curva de Possibilidades de Produção – CPP A curva de possibilidades de produção pode ser analisada sob quatro diferentes aspectos: (i) quanto aos pontos localizados na curva; (ii) quanto aos deslocamentos da curva; (iii) quanto aos des- locamentos diferenciados da curva; e (iv) quanto aos deslocamen- tos parciais da curva. Quanto aos pontos na CPP Suponhamos a curva de possibilidades de produção abaixo, com os seguintes pontos: Análise dos pontos: • o ponto B representa a produção máxima do bem A e do bem B. Neste ponto ou em qualquer outro ponto situado sobre a curva de possibilidades de produção, significa que a economia está fun- cionando com capacidade máxima de produção, sendo que todos os fatores de produção estão plenamente ocupados. A rigor, os fatores de produção nunca estão 100% plenamente ocupados. Em geral, os economistas consideram que uma taxa de ocupação acima de 92% a 93% caracteriza a situação pleno em- prego. O pleno emprego é definido por uma situação em que os re- cursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados na produção de bens e serviços, garantindo desta forma o equilíbrio econômico das atividades produtivas. • o ponto A representa uma situação de recessão ou de capacidade ociosa. Nem todos os fatores de pro- dução estão plenamente ocupados, ou seja, existe uma ociosidade parcial dos fatores. Em outras palavras, existe um desemprego de fatores, como por exemplo, trabalhadores desempregados, má- quinas paradas e terras não utilizadas. É importante ressaltar que, estando a economia em recessão, é possível aumentar a produção tanto do bem A quanto do bem B, utilizando os fatores de produ- ção que estão ociosos. Se isto ocorrer, então o ponto A, onde há ociosidade de fatores, se desloca em direção à curva, onde todos os fatores estarão plenamente ocupados. • o ponto O representa uma situação de pleno desemprego de fatores. É um estado de limite crítico para a economia, pois nele nada se produz, não existindo nenhuma atividade econômica. Te- oricamente, este ponto é possível de ser atingido, mas na prática, uma situação dessa é mais fácil de ocorrer em situações de guerra (toda economia fica paralisadaem função das atividades belige- rantes), e em função de catástrofes naturais (inundação, terremoto, vulcões, etc., que destroem completamente a economia). • o ponto C não existe para essa curva de possibilidades de produção, pois não pode ser atingido com o volume de fato- res existentes. Para que este ponto possa ser atingido, é preciso acrescentar alguma quantidade de pelo menos um dos fatores de produção. Assim, a produção poderá se expandir, possibilitando o deslocamento da curva de possibilidades de produção para níveis mais elevados. Quanto aos deslocamentos da CPP A curva de possibilidades de produção pode-se deslocar tanto positivamente quanto negativamente. Assim temos: Deslocamento Positivo: ocorre quando a curva de possibilidades de produção se afasta da origem, significando aumento da capacidade de produção do sistema econômico. Os fatores que contribuem para o deslocamen- to positivo são: (i) crescimento da população qualificada (mão- -de-obra);(ii) acumulação de bens de capital (edifícios, máquinas, equipamentos, etc.); (iii) inovação e/ou melhoria tecnológica; e (iv) investimentos na infraestrutura de base do país (estradas, por- tos, aeroportos,telecomunicações, usinas hidroelétricas, etc.). Em termos de representação gráfica, temos: Didatismo e Conhecimento 7 NOÇÕES DE ECONOMIA Deslocamento Negativo: ocorre quando a curva de possibilidades de produção se dirige em relação à origem, significando diminuição da capacidade de produção do sistema econômico. Os fatores que contribuem para o deslocamento negativo são: (i) guerras entre os países; (ii) su- cateamento do parque industrial; (iii) situações climáticas desfa- voráveis; e (iv) pestes e epidemias. Em termos de representação gráfica, temos: Quanto aos deslocamentos diferenciados da CPP Suponhamos, hipoteticamente, que os países Alfa e Beta, pos- suem a mesma capacidade de produção, num ponto específico do tempo. Suponhamos ainda, que estes dois países adotem políticas diferentes quanto à alocação de fatores de produção para produzi- rem bens de consumo e bens de capital,conforme demonstrado no gráfico abaixo. Análise dos deslocamentos: Bens de Consumo: o país Alfa aloca de seus fatores de pro- dução para produzir bens de consumo o segmento 0Ac, enquanto o país Beta aloca 0Bc. Como o segmento 0Ac é maior do que o segmento 0Bc, isto significa que o país Alfa destina mais recursos para produzir bens de consumo do que o país Beta. Bens de Capital: o país Beta aloca de seus fatores de produ- ção para produzir bens de capital o segmento 0Bk, enquanto o país Alfa aloca 0Ak. Como o segmento 0Bk é maior do que o segmento 0Ak, isto significa que o país Beta destina mais recursos para pro- duzir bens de capital do que o país Alfa.• Conclusão: como estes dois países estão destinando fatores de produção para produzir bens de capital, então, no futuro suas economias terão uma capacidade produtiva maior. A questão é saber qual dos dois países terá maior expansão na sua capacidade de produção, o país Alfa ou o país Beta.Analisando o gráfico, observa-se que o país Beta alocou proporcionalmente mais de seus fatores de produção para produzir bens de capital do que o país Alfa. Esta decisão fará com que no futuro, a economia do país Beta tenha uma capacidade de produção maior do que a do país Alfa, que alocou menos de seus fatores para produzir bens de capital. Quanto aos deslocamentos parciais da CPP Suponhamos que ocorra uma inovação tecnológica na produ- ção do bem A. Nesse sentido, a capacidade de produção do bem A aumenta, provocando um deslocamento da curva de possibilidades de produção apenas no ramo que representa o referido bem, con- forme demonstrado no gráfico abaixo. Cabe ressaltar que, se a inovação tecnológica ocorrer em rela- ção ao bem B, o mesmo deslocamento da curva de possibilidades de produção acontecerá, só que neste caso específico, será no ramo que representa este bem. Lei dos rendimentos decrescentes A lei dos rendimentos decrescentes refere-se à quantidade de- crescente de produção adicional que se obtém, quando são acres- centadas, sucessivamente, unidades extras e iguais de um fator de produção variável a uma quantidade fixa de um outro fator de produção.Cabe salientar que, este fenômeno somente ocorre sobre a curva de possibilidades de produção,quando todos os fatores de produção estão plenamente empregados. Quando a economia está operando com capacidade ociosa é sempre possível alocar e incorporar fatores que operem com igual ou maior grau de eficiência. Como existe ociosidade, estes fatores de produção estariam apenas esperando por uma oportunidade de emprego. Com certa frequência vemos na televisão que em mo- mentos de recuperação econômica, quando se está contratando funcionários, muitas empresas dão preferência à ex-funcionários que tenham sido demitidos em momentos de crise ou desaqueci- mento da economia. Isso acontece porque esses ex-trabalhadores além de terem a necessária eficiência, evitam uma queda no ritmo de produção das empresas.A título de exemplo, suponhamos as seguintes informa- ções: Didatismo e Conhecimento 8 NOÇÕES DE ECONOMIA Como se pode observar, ao longo dos sete períodos de produção, o fator de produção terra ficou constante em 150 ha, variando apenas o fator mão-de-obra. À medida que a mão-de-obra foi experimentando período após período, sucessivos aumentos de duas unidades adicio- nais, tanto a produção do bem X quanto à do bem Y foram aumentando, só que a taxas decrescentes. Ou seja, os incrementos verificados na produção dos bens X e Y, foram cada vez menores, que é dado pela produção marginal de cada um deles. Este fenômeno é explicado pela existência no processo produtivo dos bens X e Y, de um fator de produção que ao longo de todo o pe- ríodo ficou constante, no caso específico, o fator terra. Assim, à medida que o fator mão-de-obra experimentava aumentos iguais, o fator de produção terra ia perdendo produtividade, ou seja, a sua capacidade de absorver a mão-de-obra tornava-se cada vez menor. Custo de oportunidade Como foi discutido anteriormente, ao se deslocar fatores de produção de uma alternativa de produção para outra, as quantidades adicio- nais produzidas de um bem serão menores, em detrimento de reduções iguais ou cada vez maiores na produção de outro bem.Esta situação permite inferir que, existe um custo cada vez maior medido em unidade do bem que se deixa de produzir, para se obter quantidades adicio- nais, cada vez menores, do bem que se deseja produzir mais. Este custo é também conhecido como custo de oportunidade. No exemplo da produção dos bens Ae B, citado anteriormente, significa que existe um sacrifício de unidades de produção do bem A, acaba expansão o da produção do bem B. Em outras palavras, o custo de opor- tunidade significa a renúncia de determinados ganhos.Em nosso cotidiano, nos deparamos com muitas situações práticas e não econômicas de custos de oportunidade. Seja o seguinte exemplo.Um indivíduo decide praticar esportes para melhorar seu condicionamento físico. Alguns de seus hábitos ou comportamentos ele terá que sacrificar, eliminando-os ou reduzindo-os, significando assim como seu custo de oportunidade, como por exemplo: • o lazer (assistir televisão ou bater papo com os amigos no barzinho, etc.); • convívio familiar (esposa, filhos etc.); • atividades culturais (leitura, cinema, teatro, etc.) • horário de almoço, caso decida praticar esportes entre às 12 e 14h; • a novela das 8h, se tiver este hábito, e se decidir pela prática de esportes à noite. A tabela abaixo mostra o custo de oportunidade associado a cada uma das alternativas de produção dos bens Z e W O custo de oportunidade é calculado em termos da quantidade do bem Z, que se deixa de produzir para se obter um acréscimo da produção do bem W. Neste exemplo, observa-se que para se produzir as primeiras 20 unidades de W é preciso sacrificar uma unidade do bem Z (custo de oportunidade igual a1);em seguida, para se produzir mais 17 unidades do bem W, três unidades do bem Z deixam de ser produzidas (custo de oportunidade igual a 3), e assim, sucessivamente. Didatismo e Conhecimento 9 NOÇÕES DE ECONOMIA Os acréscimos na produção de W serão sempre decrescentes. Assim, nessas circunstâncias os custos sociais, medidos pelo custo de oportunidade, serão crescentes.Cabe ressaltar que, se utilizásse- mos o exemplo da produção dos bens A e B, o custo de oportuni- dade seria constante, haja vista que os decréscimos na produção do bem A, para aumentar a produção do bem B, foram sempre iguais a 50 unidades. O Processo de Produção Do ponto de vista econômico, produção é o processo pelo qual uma empresa transforma os fatores de produção adquiridos no mercado de fatores, em produtos ou serviços para serem vendidos no mercado de bens e serviços. Nesse sentido, a empresa é uma intermediária, haja vista que, compra insumos ou inputs (fatores de produção), combinando-os de acordo com o seu processo de pro- dução, para em seguida vender os seus produtos/serviços ou ou- tputs no mercado.O processo de produção pode ser caracterizado de mão-de-obra intensiva, de capital intensivo e de terra intensiva, dependendo do fator de produção utilizado em maior quantidade, relativamente aos demais. Função de Produção Função de produção é a relação entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade física do produto, em determi- nado período de tempo. Isto é:Quantidade de produto = f (quanti- dade de fatores de produção)Ou seja: q = f (N, K, T, Mp Ou seja: q = f (N, K, T, Mp) Onde: • q = quantidade produzida/tempo; • N = mão-de-obra/tempo; • K = capital físico/tempo; • Mp = matérias-primas/tempo; e • T = área utilizada/tempo A função de produção supõe que foi atendida a eficiência técnica. Ou seja, representa a máxima produção possível, com a mão-de-obra, capital e tecnologia utilizados. É importante destacar que, o conceito de função de produção é diferente do conceito de função de oferta. A função de oferta é um conceito econômico, pois relaciona a produção com os preços dos fatores de produção (custos); ao passo que a função de produção é um conceito mais físico ou tecnológico, haja vista que, se refere à relação entre quan- tidades físicas de produto e fatores de produção. Fatores de Produção Fixos e Variáveis no Curto e Longo Prazos Fatores de produção fixos são aqueles que permanecem inalte- rados, quando a produção varia; enquanto que os fatores de produ- ção variáveis se alteram, com a variação da quantidade produzida. Do ponto de vista econômico, capital físico e as instalações da empresa são exemplos de fatores de produção fixo; enquanto que mão-de-obra e matérias-primas são exemplos de fatores de produ- ção variáveis. Por outro lado, curto prazo é o período no qual exis- te pelo menos um fator de produção fixo; ao passo que longo prazo é o período no qual todos os fatores de produção sofrem variação. Nível de Produção com Fator Variável e Fixo: Análise de Curto Prazo Simplificadamente, suponha uma função de produção ape- nas com dois fatores de produção: mão-de-obra (variável) e capital (fixo). Assim, a função de produção é igual a:q = f(N,K)Como K é no curto prazo, o fator de produção fixo ou constante, então a função de produção se resume em:q = f(N)Nesse sentido, pode-se inferir que o nível de produto varia apenas em função de modifica- ções no fator de produção mão-de-obra, ceteris paribus. Produto Total, Produtividade Média e Produtividade Marginal a) Produto Total (PT): corresponde à quantidade total produzi- da, em determinado período de tempo. Ou seja: PT = q b) Produtividade Média (PMe): é a relação entre o nível do produto e a quantidade do fator de produção, em determinado perí- odo de tempo. Assim, para cada um dos fatores de produção, tem- -se as seguintes Produtividades Médias: Produtividade Média da Mão-de-obra: (é o produto por trabalhador) Produtividade Média por Capital: c) ) Produtividade Marginal (PMg): é a variação do produ- to, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo. Assim, para cada um dos fatores de produção, tem-se as seguintes Produtividades Marginais: Produtividade Marginal da Mão-de-obra: Produtividade Marginal do Capital: Suponhamos o seguinte exemplo: Nível de Produção a Longo Prazo A análise da produção a longo prazo considera que todos os fatores de produção (mão-de-obra,capital, instalações, matérias- -primas) variam, não existindo desta forma fatores de produção fixos. Teoria dos Custos de Produção A curto prazo alguns dos fatores de produção são fixos, inde- pendentemente do nível de produção,tais como, a planta da empre- sa e os equipamentos de capital. Os custos de produção são assim classificados: Didatismo e Conhecimento 10 NOÇÕES DE ECONOMIA Custos Totais a) Custo Variável Total (CVT) : corresponde à parcela do custo que varia, quando a produção varia. Em outras palavras, é a parcela dos custos da empresa que depende da quantidade produzida. Exem- plos: folha de pagamentos, despesas com matérias-primas, etc.. Ou seja: CVT = f(q) b) Custo Fixo Total (CFT): corresponde à parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção varia. Em outras palavras, são os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, deprecia- ção, etc..Ou seja: CFT = constante c) Custo Total (CT): corresponde a soma do custo variável total com o custo fixo total.Ou seja: CT = CVT + CF Custos Médios Correspondem aos conceitos de custos por unidade de pro- dução. a) Custo Médio (CMe ou CTMe): corresponde ao custo por unidade produzida. Ou seja, é o custo total dividido pela quantida- de produzida. É também conhecido por Custo Unitário. Ou Seja: b)Custo Variável Médio (CVMe): corresponde ao custo variá- vel total dividido pela quantidade produzida. Ou seja: c) Custo Fixo Médio (CFMe): corresponde ao custo fixo total dividido pela quantidade produzida. Ou seja: Daí podemos inferir que: Custo Marginal Corresponde às variações de custo, quando se altera a produ- ção. O custo marginal (CMg) é o custo de se produzir uma unidade adicional do produto. Ou seja: Cabe observar que, como ∆ CFT = 0, então os custos margi- nais não são influenciados pelos custos fixos, que são invariáveis a curto prazo. Ou seja: EXERCÍCIOS: Prova: CESPE - 2009 - ANTAQ - Especialista em Regulação 1)Uma das características das isoquantas na teoria da produ- ção é que elas devem ser curvas côncavas em relação à origem dos eixos cartesianos. ( )Certo ( )Errado Prova: FCC - 2008 - TCE-SP - Auditor do Tribunal de Contas 2)No curto prazo, admitindo-se uma função de produção con- tínua, a lei das proporções variáveis e a constância dos preços dos fatores de produção, é correto afirmar que: a) o custo médio é inicialmente crescente e depois decrescen- te. b) quando o custo marginal começa a aumentar, o mesmo ocorre com o custo médio e o custo variável médio. c) o custo fixo médio é constante. d) a curva do custo marginal intercepta a curva de custo vari- ável médio no ponto mínimo desta. e) o custo variável médio é igual ao custo marginal, qualquer que seja a quantidade produzida. Prova: CESPE - 2009 - ANTAQ - Especialista em Regulação 3)Encontrada a elasticidade-preço da demanda de um produto em determinado nível de preço, é possível afirmar que a elasticida- de aplica-se para todos os níveis de preço desse produto, uma vez que esse parâmetro é uma constante. ( )Certo ( ) Errado Prova: FCC - 2008 - TCE-SP - Auditor do Tribunal de Contas 4)É correto afirmar: a) Um aumento no preço do bem Y, complementar de X, des- locará a curva de demanda de X para a direita. b) O gasto total dos consumidores com a aquisição de um bem X, cuja curva de demanda é linear, atinge o máximo quando a elasticidade-preço da demanda for igual a zero. c) O bem X é um bem normal, se a proporção da rendagasta em sua aquisição aumenta à medida que diminui a renda do con- sumidor. d) O preço de equilíbrio será 10 em um mercado de concor- rência perfeita, caso as funções de demanda e oferta sejam dadas, respectivamente por: QD = 800 - 4P (QD = quantidade demandada) QO = 400 (QO = quantidade ofertada), e) Se a curva de demanda de um bem X for representada pela reta QD = 1.000 - 5P, o excedente do consumidor, caso o preço de mercado seja 150, é igual a 6.250. RESPOSTAS: 1)Errado 2)d 3)Errado 4)E A Microeconomia é definida como um problema de alocação de recursos escassos em relação a uma série possível de fins. Os desdobramentos lógicos desse problema levam ao estudo do com- portamento econômico individual de consumidores, e firmas bem como a distribuição da produção e rendimento entre eles. A Mi- croeconomia é considerada a base da moderna teoria econômica, estudando suas relações fundamentais. Didatismo e Conhecimento 11 NOÇÕES DE ECONOMIA As famílias são consideradas fornecedores de trabalho e capi- tal e demandantes de bens de consumo. As firmas são consideradas demandantes de trabalho e fatores de produção e fornecedoras de produtos.Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um orçamento determinado. As firmas maximizam lucro a partir de custos e receitas possíveis. A microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos quais dispõe determinados indivíduos organizados numa sociedade. A microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o preço dos produtos finais e dos fatores de produção num equilí- brio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em: Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do consu- midor analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as res- trições quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de demanda. Teoria da Firma: Estuda a estrutura econômica de organiza- ções cujo objetivo é maximizar lucros. Organizações que para isso compram fatores de produção e vendem o produto desses fatores de produção para os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa teoria se determina a curva de oferta. Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação de fatores adquiridos pela empresa em produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as variações dos fatores de pro- dução e suas consequências no produto final. Determina as curvas de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume ótimo de oferta. A Microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de determinado bem ou serviço em mercados específicos. Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento da Economia como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a aná- lise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços (por exemplo, soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos. A teoria microeconômica não deve ser confundida com a eco- nomia de empresas pois, tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço obtido pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas, que estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil-fi- nanceira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microecono- mia predomina a visão do mercado. A Teoria do Consumidor, ou Teoria da Escolha, é uma teoria microeconômica, que busca descrever como os consumidores to- mam decisões de compra e como eles enfrentam os tradeoffs* e as mudanças em seu ambiente. Os fatores que influenciam as escolhas dos consumidores es- tão basicamente ligados à sua restrição orçamentária e preferên- cias. Os principais instrumentos para a análise e determinação de consumo são a curva de indiferença e a restrição orçamentária. Para a Teoria do Consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe pro- porciona. Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situa- ção em que há conflito de escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto. EXERCÍCIOS: COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão Es- pecializado 1-Em relação à Teoria do Consumidor, assinale a alternativa INCORRETA. a) Considerando apenas dois bens e admitindo curvas de indi- ferença bem-comportadas, o equilíbrio do consumidor sempre irá ocorrer quando o valor absoluto da Taxa Marginal de Substituição for igual à relação entre os preços dos bens. b) O sinal do efeito substituição será sempre oposto ao sinal da variação do preço, isto é, se o preço aumentar, o efeito substi- tuição será negativo. c) O sinal do efeito renda será sempre igual ao sinal do efeito substituição, de modo que um efeito sempre vai reforçar o outro. d) Todo bem de Giffen é, necessariamente, um bem inferior. RESPOSTAS: 1) c 2. Teoria da firma. A Teoria da Firma é um conceito criado pelo economista bri- tânico Ronald Coase, em seu artigo The Nature of the Firm, de 1937. Coase explica que as “firmas” são organizadas para atuarem nos mercados, com o objetivo de diminuir os custos de transação que são os incorporados por terceiros nas negociações econômicas do mercado (custos de informações, custos contratuais etc.). Em outras palavras, para o criador dessa Teoria, os agentes econômi- cos não atuam diretamente no mercado, as empresas são criadas e estruturadas para tanto. Nesse particular, Rachel Sztajn registra que: “Diferentes técnicas são empregadas pelos agentes econômi- cos para exercer domínio sobre a informação e o conhecimento disseminados em ambiente social que muda rapidamente. Por isso, para superar essas dificuldades, reduzir riscos e custos inerentes à produção de bens e serviços destinados a mercados, os agentes optam por criar uma outra estrutura, destinada a facilitar o tráfico negocial, organização essa que é a empresa, estrutura hierárquica em que se procura harmonizar esses diversos interesses, ao mesmo tempo em que se diminuem custo de transação.” Didatismo e Conhecimento 12 NOÇÕES DE ECONOMIA A partir dessa concepção foi construída a Teoria da Firma que estuda o comportamento da unidade do setor da produção. Ela pro- cura explicar a forma de proceder da sociedade empresária quando esta desenvolve a sua atividade produtiva, para a produção de bens ou de serviços com mais eficiência. O mercado é o ambiente vir- tual onde acontecem as negociações contratuais, a circulação de bens, a celebração de contratos entre sociedades e entre consumi- dores e sociedades para a aquisição de bens. Para atuar diretamente no mercado, há logicamente os custos de transação. Por isso, depender exclusivamente dele para realizar as trocas econômicas não é eficiente; mormente porque há momen- tos em que haverá escassez de alguns dos necessários fatores de produção. Por exemplo, de uma mão-de-obra para se realizar um trabalho específico ou de uma matéria-prima especial. Por isso, há necessidade de se organizar “firmas”. Nesse contexto, Ronald Coase apud Rachel Sztajn explica que: “[...] firmas, como instituição de aprovisionamento para facili- tar o fornecimento de bens e serviços nos mercados, são resultado da procura de mecanismos de redução dos custos de transação, custos estes incorridos para ir ao mercado oferecer ou procurar bens e serviços, afirmando que as firmas, empresas “perhaps the most important adaptation to the existence of transactioncosts”. Em outras palavras, Rachel Sztajn destaca que “a firma per- mite centralizar, organizar a produção, e com isso se reduzem os custos de ir a mercados; as firmas crescem, expandem-se, até que a economia obtida entre o custo de realizar ou organizar qualquer operação internamente seja superior ao custo de realizar a mesma operação via mercados”. Assim, pode-se dizer que há duas opções de se realizar nego- ciações econômicas: (i) diretamente no mercado e (ii) organizan- do sociedades empresárias. Nesse particular, Rachel Sztajn expõe claramente: “Quem quer oferecer bens ou serviços no mercado, de forma eficiente e lucrativa, pode escolher entre organizar a empresa, isto é, organizar a produção, criar vínculos mais ou menos duradouros entre trabalhadores e fornecedores de matérias-primas e recursos ou recorrer pontualmente ao mercado quando houver necessidades de adquirir matérias-primas, contratar mão-de-obra ou qualquer dos outros fatores de produção. Essa segunda alternativa é mais arriscada do que a primeira, uma vez que não garante estabilida- de nem regularidade de obtenção, para satisfazer às necessidades da produção, de qualquer dos fatores produtivos no mercado. Por isso, a doutrina econômica parte da produção, que se desenvolve ao longo do tempo, pode variar e resulta do trabalho de organiza- ção do empresário.” De acordo com a Teoria da Firma, a organização de socieda- des empresárias é necessária para diminuir os custos de transação que recaem sobre o empreendedor, em razão das instabilidades e imperfeições do mercado. Por meio da criação de sociedades em- presárias, haverá formações de equipes organizadas (prestadores de serviços e fornecedores de recursos) sob o controle de gestão de um único empresário, o que ensejará uma produtividade mais eficiente. Isso porque as organizações econômicas estarão centradas em contratos de longo prazo, o que gera uma maior estabilidade da produção de bens ou serviços. Por exemplo, contratos de trabalho para a realização de uma tarefa bem específica eliminam a dificuldade da sociedade empre- sária de conseguir encontrar, no mercado, essa determinada mão- -de-obra. Assim, percebe-se que a atividade empresa, além de envolver o sistema jurídico, no sentido de ser uma atividade econômica or- ganizada para a prestação ou circulação de bens ou serviços, está relacionada com a eficiência da produção, para atingir a redução de custos e a maximização de lucros, sendo, portanto, indispensável a análise de seu conceito econômico. EXERCÍCIOS: Prova: FUNCAB - 2012 - MPE-RO - Analista 1-No que se refere às condições das firmas em diferentes tipos de estruturas de mercado, análise as alternativas a seguir e assinale a correta. a) O equilíbrio de curto prazo de uma empresa monopolista ocorre quando a receita marginal é igual ao custo médio em seu ramo descente, fazendo com que o monopolista aufira lucro ao longo do tempo. b) A posição de lucro máximo de uma empresa monopolista a curto prazo está na faixa inelástica da demanda, pois nesta posição encontra-se a igualdade entre a receita marginal e o custo marginal. c) No modelo clássico de oligopólio, o objetivo de uma firma é manter uma margem mais ou menos constante sobre os custos, supondo que esta firma determina o preço e que este é determinado pela oferta, sem ver a demanda. d) Havendo monopólio puro, a demanda para a indústria é igual para a empresa monopolista, e, neste caso, se o monopolista resolver oferecer mais do seu produto, o preço irá aumentar, em função do seu controle de mercado. e) A curva de oferta de uma empresa em concorrência perfeita é o ramo crescente da curva de custo marginal, a partir do ponto em que este custo marginal é maior do que o custo variável médio mínimo. RESPOSTAS: 1) e Externalidades Bens públicos e quase-públicos não constituem as únicas ex- ceções que comprometem a validade do Teorema Fundamental da Economia do Bem-Estar. A presença de externalidades, outra cate- goria de falha de mercado, também contribui para explicar porque os mercados privados são ineficientes para alocar os recursos. Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. Note-se que essas exter- nalidades podem ser positivas (benefícios externos) ou negativas (custos externos). Didatismo e Conhecimento 13 NOÇÕES DE ECONOMIA O conceito de eficiência no sentido de Pareto, criado pelo eco- nomista italiano Vilfredo Pareto (1848-1923), refere-se a situações em que não é possível melhorar a situação de um agente econômi- co sem piorar a situação de pelo menos um dos demais agentes. Modificações que envolvem melhorias na situação de pelo menos um agente econômico sem piorar a dos demais agentes represen- tam Melhorias de Pareto. Portanto, se uma determinada alocação de recursos é eficiente no sentido de Pareto, não é possível fazer melhorias de Pareto a partir dessa. O Primeiro Teorema Geral da Teoria do Bem –Estar afirma que, na ausência de falhas de mercado, alocação de recursos produzida pelo equilíbrio competitivo é eficiente, no sentido de Pareto. Assim, por exemplo, uma empresa de fundição de cobre, ao provocar chuvas ácidas, prejudica a colheita dos agricultores da vizinhança. Esse tipo de poluição representa um custo externo por- que é a agricultura, e não a indústria poluidora, que sofre os danos causados pelas chuvas ácidas. Estes danos não são considerados no cálculo dos custos industriais, que inclui itens como matéria- -prima, salários e juros. Portanto, os custos privados, nesse caso, são inferiores aos custos impostos à coletividade e, por conseqüên- cia, o nível de produção da indústria é maior do que aquele que seria socialmente desejável. Já a educação gera externalidades positivas porque os mem- bros de uma sociedade e, não somente os estudantes, auferem os diversos benefícios gerados pela existência de uma população mais educada e que não são contabilizados pelo mercado. Assim, por exemplo, vários estudos, baseados em diferentes metodolo- gias mostram que a educação contribui para melhorar os níveis de saúde de uma determinada população. Em particular, níveis mais elevados de escolaridade materna reduzem as taxas de mortalidade infantil. Outros trabalhos mostram também que a educação con- corre para reduzir a criminalidade. Todos esses benefícios indire- tos da educação por não serem apreçados não são computados nos benefícios privados. Portanto, os benefícios sociais são superiores aos benefícios privados, que incluem apenas as vantagens pessoais da educação, como por exemplo, os salários obtidos em função do nível de escolaridade. Note-se, ainda, que os produtores podem causar externalida- des sobre consumidores e vice-versa. Assim, por exemplo, a po- luição provocada pela indústria de cobre aumenta a incidência de tuberculose entre a população. Também, os fumantes contribuem para a disseminação de doenças entre os não fumantes (fumantes passivos) e, nesse caso, temos a geração de externalidade de con- sumidores para consumidores. Por fim, o uso de automóveis pri- vados congestiona o tráfego e contribui para reduzir a velocidade do transporte de mercadorias e, portanto, representa um exemplo de custos externos para os produtores gerados pelos consumidores. As externalidades levam os agentes, não diretamente envolvi- dos na atividade geradora da externalidade, a usarem recursos para corrigir os efeitos dos custos (benefícios) externos, e isso provoca distorções na alocação de recursos. Assim, por exemplo, os custos de internações hospitalares, decorrentes de doenças relacionadas à poluição, embora representem, efetivamente, gastos para os do- entes, não são contabilizados nos custos da empresa de fundição de cobre. Ou ainda, os inúmeros benefícios para a humanidade decor- rentes da descoberta da vacinacontra a poliomielite não são intei- ramente apropriados pelo seu inventor, o cientista Dr. Albert Sa- bin, e dificilmente podem ser apreçados. O Quadro 1 resume esses aspectos e define os benefícios e custos privados e sociais. Benefícios e Custos Externos (A) Privados (B) Sociais [(A)+(B)] Benefícios A totalidade dos agentes beneficiados pelas exter- nalidades positivas não paga por essas vantagens Os ganhos são auferidos apenas pelos agentes que os finan- ciam Soma dos benefícios privados e externos Custos Os agentes que sofrem as externalidades negativas não são compensados Os custos são pagos pelos agentes beneficiados Soma dos custos privados e externos Nesse contexto, como o mercado não é capaz de levar em con- ta todos os elementos constante, estamos em presença das chama- das falhas de mercado. O fato de os agentes econômicos ignorarem os custos (benefícios) externos, decorrentes de suas decisões de produção e/ou consumo e, somente computarem os custos que eles desembolsam ou os benefícios que eles auferem, faz com que a alocação de recursos, produzida pelo equilíbrio de mercado seja ineficiente. Isto porque, no caso das externalidades negativas, os custos privados subestimam os custos sociais conduzindo, assim, a uma produção maior do que aquela que seria socialmente dese- jável. No caso das externalidades positivas, como os benefícios privados são inferiores aos benefícios sociais, o nível de produção correspondente à alocação dos mercados privados ficará aquém daquele que seria ótimo, do ponto de vista da sociedade. As curvas de oferta e de demanda podem ajudar a analisar o impacto das externalidades sobre a atividade econômica. Para tal, vamos considerar que o preço representa a disponibilidade a pagar pelo bem e, portanto, pode ser visto como o benefício decorrente do consumo de uma unidade adicional do bem ou serviço, isto é o benefício marginal privado. Podemos, então, renomear a curva de demanda de mercado como a curva de benefício marginal privado. A curva de oferta envolve os insumos exigidos para a produção dos bens e serviços e, portanto, pode ser interpretada como a curva de custo privado por unidade produzida (custo marginal). A regra de equilíbrio de mercado exige que a oferta seja igual à deman- da e, portanto, que os custos privados sejam iguais aos benefícios privados. O custo marginal de um determinado bem corresponde à va- riação nos custos totais decorrente da decisão de produzir uma uni- dade adicional desse bem. Externalidades Negativas Considerar o caso de um bem ou serviço que envolva a gera- ção de externalidades negativas. Esse é o caso, por exemplo, dos custos da empresa de fundição de cobre, que não está levando em conta os efeitos negativos da poluição. O custo total dessa ativida- de, para a sociedade, inclui tanto os custos privados da produção de cobre como os danos causados pelas externalidades (custos ex- ternos) aos agricultores e cidadãos. Didatismo e Conhecimento 14 NOÇÕES DE ECONOMIA Nele, para cada nível de quantidade, o custo externo (custo associado a externalidade) é acrescentado ao custo privado (CMP) para formar o custo social (CMS). Assim, a diferença vertical entre as duas curvas representa os custos externos (CE), por unidade produzida. Externalidades Negativas (Custos Externos) em Mercados Competitivos As curvas de oferta e demanda consideram apenas os custos e benefícios privados excluindo aqueles associados a terceiros. Nes- se caso, no equilíbrio de mercado, a combinação Demanda (Benefício Marginal) Custo Marginal Social = Custo Marginal Privado + CE C E Preço Quantidade PM Oferta (Custo Marginal Privado) O (custo marginal privado) D (benefício marginal privado) Eo Po Qo D (benefício marginal privado) Quantidade Preço Introdução à Economia preço-quantidade é Pm e Qm. Esse equilíbrio não reflete a totalidade dos custos para a sociedade por- que não considera os custos externos. Quando se contabiliza o custo adicional imposto aos agricultores, o preço e a quantidade transacionada de cobre deveriam ser, respectivamente, P* e Q*. A falha de mercado fica evidenciada pelo fato de o mercado gerar uma superprodução de cobre e avaliá-la a preços inferiores aos seus custos totais de oportunidade. Externalidades Positivas Em presença de externalidades positivas, os níveis de produ- ção, associados ao equilíbrio de mercado, são inferiores àqueles que seriam socialmente ótimos. Assim, por exemplo, a expansão da educação básica gera benefícios para a sociedade que extrapo- lam os benefícios auferidos pelos estudantes e suas famílias. Esses benefícios externos não são considerados na decisão privada de freqüentar a escola porque os estudantes não são compensados pe- las vantagens usufruídas pelo resto da coletividade, decorrente de sua decisão de estudar. Em termos do instrumental da oferta e da demanda, a curva de benefício marginal para os estudantes situa-se abaixo da curva de benefício social e, portanto, o nível de esco- laridade correspondente ao equilíbrio de mercado, Qm é inferior àquele que seria escolhido caso fossem considerados os benefícios externos dessa atividade (Q*). O Problema dos Recursos Comunitários (The Tragedy of Commons) Um caso particular de externalidades é aquele que envolve os recursos comunitários, cuja propriedade não é individualizada. Um exemplo clássico desse problema é o caso dos pássaros silves- tres, muitos deles, como o galo-de-campina (cardeal do nordeste), hoje ameaçados de extinção, em razão de uma caça predatória no passado. Para um caçador . Oferta (custo marginal privado) Demanda (benefício marginal privado) P* Preço Quantidade Benefício marginal social = Benefício marginal privado – Be- nefício de Externalidade (BE) Introdução à Economia individual é vantajoso prender um desses animais, cujo preço de revenda é elevado. Porém, se todos assim o fizerem, este procedimento conduzirá à extinção da espé- cie. Por outro lado, não adianta muito se um só caçador resolver poupá-los porque um pássaro que ele não captura será aprisionado por um outro caçador e, portanto, o benefício será ínfimo. Nessa situação, torna-se evidente o conflito entre interesses públicos e privados já que o benefício marginal privado (preço de mercado do pássaro) é superior ao benefício marginal social (que deveria levar em conta o impacto sobre o futuro da espécie). Do ponto de vista do país, e mesmo dos caçadores como um grupo, a estratégia ótima seria limitar a captura para garantir, assim, a exis- tência dessas aves silvestres. A razão do problema aqui é o fato de ninguém deter a proprie- dade sobre esses animais, sendo assim, considerados um recurso “livre” Nesse caso, as pessoas não consideram todos os custos e benefícios derivados de suas ações e, portanto, não têm incentivos a usar esses recursos de forma eficiente. A propriedade conjunta dos recursos conduz, pois, ao seu uso indiscriminado. A solução para esse tipo de problema requer que o governo atue como se fosse o proprietário desses recursos. Nesse caso, por meio de es- quemas regulatórios, o governo pode restringir a quantidade de aves silvestres que pode ser apreendida evitando, assim, a extinção desses animais. Soluções para as Externalidades A análise desenvolvida nas seções anteriores aponta para a existência de distorções na alocação de recursos que geram inefi- ciências tanto na produção como no consumo. Faz-se, O Governo, por meio do IBAMA, tenta solucionar um problema de recursos comunitários Estado de São Paulo, Segunda-feira, 10 de março de 2003 Ibama apreende mais de 300 pássaros em São Paulo . São Paulo - Fiscais do Ibama, em operação conjunta com a Polícia Civil, apreenderam hoje à tarde cerca de 300 pássaros sil- vestres, em uma residência, na Vila Joanisa, zona sul de São Paulo. Entre os animais apreendidos havia pássaro preto grande, galo-de- -campina, azulão, cardeal, canário-da-terra, coleirinha, pássaro- -pretoe coleira-do-norte. Os fiscais também apreenderam vinte jabutis e quatro sagüis na mesma residência. Segundo o fiscal do Ibama, Paulo Sérgio Araújo, o responsável pelos animais é João Alves da Rocha, que foi multado em R$ 50,0 por animal e irá responder inquérito por crime ambiental. No último domingo, também na zona sul, sete pessoas foram presas acusadas de venda ilegal de aves silvestres, depois da apre- ensão de 6 canários-da-terra e um pássaro coleirinha pela Polícia Ambiental. Necessário implementar mecanismos capazes de corrigir tais externalidades. Essas soluções podem ser públicas e privadas e implicam, no jargão dos economistas, a internalizar as externali- dades. Didatismo e Conhecimento 15 NOÇÕES DE ECONOMIA No que se segue abordaremos, as diferentes soluções – priva- das e públicas – para o problema. Soluções Privadas O setor privado pode atuar na correção das externalidades. Nesse sentido, discutiremos a internalização das externalidades por meio de fusões, sanções sociais e pela negociação de Coase. • Fusões Uma forma clássica de solucionar o problema das externali- dades consiste na sua “internalização” por meio da coordenação das decisões entre as partes envolvidas. Assim, se a empresa de fundição de cobre decidisse adquirir o controle das explorações agrícolas prejudicadas pela poluição, então, o dano causado pelas chuvas ácidas seria agora suportado pela indústria. Nesse caso, os custos externos, derivados da produção excessiva de cobre, ao in- vés de serem transferidos para os agricultores, seriam pagos pela nova empresa, composta dos segmentos agrícola e industrial, re- duzindo, assim, seus lucros. Nessa situação, não há incentivo para que a decisão de produzir cobre e/ou bens agrícolas seja feita sepa- radamente, já que uma influencia a outra. Isto porque a produção excessiva de cobre acarretaria uma queda nos lucros e, portanto, na oferta do segmento agrícola. Mais precisamente, os responsá- veis pela nova empresa produziriam cobre até o ponto em que os benefícios marginais gerados por essa produção fossem iguais aos custos adicionais incidentes sobre suas subsidiárias agrícolas. Essa “internalização” das externalidades solucionaria, pois, o problema da superprodução de cobre, responsável pela produção dos efeitos externos negativos. De fato, a rigor sequer esse pro- blema seria referido como externalidade já que tratar-se-ia de um problema envolvendo a tomada de decisões dentro de uma única firma. • Sanções Sociais Uma outra forma de implementar a “internalização” das ex- ternalidade pode ser feita por meio de sanções sociais apropria- das que penalizem os agentes responsáveis pelas externalidades negativas e premiem aqueles que geram externalidades positivas. Assim, por exemplo, em muitas sociedades, sujar locais públicos é considerado um comportamento reprovável e contrário ao exercí- cio da boa cidadania. Nessas sociedades aprende-se, desde Introdução à Economia criança, que embora seja mais fácil jogar, por exemplo, cascas de banana e embalagens diversas no chão, isto não é aceitável. Deve-se, pois, carregá-las até encontrar o cesto de lixo mais próximo. No Japão, pessoas resfriadas que não usam máscaras de gaze para proteger os demais do vírus da gripe são severamente criticadas. Até mesmo as religiões têm preceitos morais que induzem as pessoas a levarem em conta os custos e benefícios externos de suas atividades. Isto está bem sumariado na regra áurea do cristianismo “Tudo quanto queres que os outros fa- çam para ti, faze-o também para eles,” incluída nos ensinamentos do Sermão da Montanha. Essa censura (ou aprovação) social contribui, em muitos ca- sos, para inibir (estimular) os comportamentos causadores de ex- ternalidades negativa (positiva) e estimula a adoção de atitudes que consideram o bem-estar da coletividade eliminando, assim, as ineficiências daí decorrentes. • Direitos de Propriedade e o Teorema de Coase As externalidades proliferam, particularmente, em situações em que os direitos de propriedade não estão bem estabelecidos. Esses direitos correspondem ao conjunto de normas ou regras so- ciais (definidas legalmente, ou não) que restringem as ações indi- viduais para preservar o bem-estar da comunidade. A existência desse sistema de normas permite, pois, à parte lesada recorrer ao sistema legal para obter compensação por danos causados por ter- ceiros. Quanto mais definidos forem esses direitos de propriedade, mais a comunidade estará protegida de eventuais efeitos externos negativos. Assim, por exemplo, regras claramente estabelecidas na convenção de condomínio dos edifícios residenciais, referentes ao uso de instrumentos musicais, podem proteger os moradores con- tra a atividade noturna de um enérgico e insone baterista, mesmo talentoso. Por outro lado, quando ninguém detém os direitos de propriedade, não existem incentivos para os agentes econômicos adotarem comportamentos eficientes, já que não há como puni- -los pela adoção de atitudes predatórias. No exemplo anterior, uma convenção de condomínio pouco clara no tocante ao sossego dei- xaria os moradores à mercê do jovem músico e/ou transformaria o condomínio em um mundo hobbesiano, em que somente os mais violentos (ou os mais espertos) conseguiriam calar o importuno músico. Nesse contexto, a “internalização” das externalidades pode se fazer por meio da solução proposta por Coase (1980). Desde que os direitos de propriedade estejam bem definidos, independente- mente de quem os detenha, é possível solucionar o problema das externalidades negativas, como as acima exemplificadas, por meio da negociação entre as partes envolvidas, sem requerer a partici- pação de governo, como poder coercitivo. Esse resultado é conhe- cido como o Teorema de Coase (Ronald Coase (1960)). Ele pode ser ilustrado da seguinte forma. Imagine que ao viajar para Paris, a companhia área extravia sua Introdução à Economia bagagem e só a devolve no Brasil. Ao fazê-lo, ela lhe impõe sérios inconvenientes (externalidades negativas), particularmente, se a viagem for no inverno. Como a convenção da IATA, que rege os transportes aéreos internacionais, garante que a companhia aérea deve transportá-lo e a sua bagagem, nos limites de peso previamente definidos, fica claro que cabe à companhia compensá-lo (definição clara dos direitos de proprie- dade). A companhia área pode, inicialmente, propor indenizá-lo como base no estipulado pela mesma convenção, que na maioria dos casos sequer repõe o valor do conteúdo da bagagem. Você de- cide não aceitar e faz uma contraproposta: ela deve lhe reembol- sar todas as despesas feitas em Paris para substituir o conteúdo da mala e ainda lhe dar duas passagens de cortesia no mesmo trecho. Depois de algum tempo de negociação o acordo é fechado, com apenas uma passagem áreas de cortesia. Esse exemplo é um caso onde o Teorema de Coase se aplica porque os custos de transação são baixos, existem apenas duas partes envolvidas e os direitos de propriedade estão claramente definidos. Porém, esse tipo de solução não funciona bem quando as partes envolvidas são numerosas. Para grandes grupos, as difi- culdades de organizá-los para tomar medidas legais são grandes, particularmente, em razão do problema do “carona” (free rider). Nesse caso, custos de transação elevados podem comprometer a solução de mercado para o problema das externalidades em razão da impossibilidade de firmar os contratos estáveis entre aqueles que causam e os que sofrem os efeitos externos. Didatismo e Conhecimento 16 NOÇÕES DE ECONOMIA Assim, por exemplo, quando as externalidades são provoca- das por bens (“males”) públicos, como a poluição, que envolvem milhões de agentes, é virtualmente impossível que negociações do tipo sugerido por Coase possam chegar a um acordo satisfatório, a custos relativamente baixos. Por fim, o Teorema de Coase supõe que é possível identifi- car a origem dos danos externos e atribuí-losa determinado (s) agente(s). Ele não se aplicaria pois nos casos em que a externalida- de está associada à impossibilidade de exclusão (indivisibilidade) como é o caso, por exemplo, que, dos recursos comunitários e dos bens públicos puros. Os limites das soluções privadas anteriormente discutidas decorrem da presença de vários fatores. Em particular, quando a externalidade envolve bens públicos puros, a impossibilidade de exclusão (e sua indesejabilidade) exige a presença de uma força coercitiva que possa assegurar a provisão do bem ou serviço em questão. Por outro lado, a ausência de direitos de propriedade bem estabelecidos – como é o caso dos recursos comunitários – faz com a solução privada não seja eficiente no sentido de Pareto jus- tificando, assim, a intervenção do estado. Por fim a existência de informação imperfeita e de custos de transação elevados pode, também, inviabilizar a correção das externalidades sem interven- ção do governo. Bens Públicos Os bens públicos puros ou, simplesmente, bens públicos, constituem um exemplo extremo de externalidade. De fato, a exemplo dos recursos comunitários, a propriedade desses bens não pode ser individualizada em razão desse bem ou serviço não ser divisível. Além disso, contrariamente, aos bens privados, o ato de consumir o bem público não reduz a quantidade disponível para o consumo das outras pessoas. Portanto, os bens públicos puros apresentam duas importantes características: o consumo desses bens é não excludente e não rival. Benefício marginal privado de redução de poluição Custo de redução de Poluição Quantidade de redução de poluição Benefício marginal social de redução de poluição B Custo marginal privado de redução da poluição A impossibilidade de exclusão (ou a dificuldade, gerada por custos elevados) implica que os indivíduos não podem ser priva- dos dos benefícios do usufruto do bem e/ou serviço, mesmo se não tiverem contribuído para o seu financiamento. Um exemplo de bem que apresenta essa característica é um espetáculo pirotécnico, que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praças públi- cas. Isto dificulta a provisão privada desse tipo de evento porque a impossibilidade de exclusão impede que sejam cobrados ingressos para financiar os custos, incluindo-se aí os lucros do organizador. Afinal, porque pagaríamos por esse show, se podemos vê-lo gra- tuitamente? Portanto, nenhum empresário privado se interessaria pela sua produção e, então, apesar da forte demanda, o espetácu- lo poderia não ser produzido. A impossibilidade de exclusão, ao inviabilizar o uso do sistema de preço para racionar o consumo, reduz os incentivos para o pagamento voluntário dos bens públi- cos. Essa relutância em contribuir, voluntariamente, para financiar esses bens é conhecida como o problema do “carona” (free rider). A não rivalidade no consumo é outra característica do bem pú- blico. Isto implica que uma vez que o bem está disponível, o custo marginal de provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Consi- dere, por exemplo, o caso do espetáculo pirotécnico. O custo do espetáculo, uma vez determinado, não é alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas decidir vê-lo. Ademais, essa decisão dos turistas em nada reduz o usufruto do evento pelos habitantes locais. Portanto, o custo marginal de provisão do espetáculo para esses espectadores adicionais é zero. Isso representa um franco contraste com os bens privados, que se caracterizam por níveis elevados de rivalidade no consumo. De fato, quando ocupamos um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este lugar deixa de estar disponível para outras pessoas. Outros exemplos de bens públicos puros são o sistema de defesa nacional, o conhecimento científico, um meio ambiente saudável, e governos eficientes. Em comum, esses bens têm o fato de seu consumo ser não excludente e não rival. Bens Quase-Públicos A definição de bem público, anteriormente discutida, não é absoluta, mas varia com as condições de uso, de mercado e com o estado da tecnologia. Vejamos por exemplo, o caso da energia elétrica. Esse serviço, quando usado nos domicílios privados, é um bem eminentemente privado: caso a conta de energia não seja paga, o serviço é suspenso e, portanto, os usuários são excluídos do seu consumo. Por outro lado, trata-se de um bem cujo consu- mo é rival. Quando eu consumo uma determinada quantidade de quilowatts, ela já não mais está disponível para os demais consu- midores. Por outro lado, quando essa energia é usada para iluminar os locais públicos, ela torna-se um bem público puro. Isto porque é impossível excluir alguém do benefício da iluminação pública, além de desnecessário; o custo Introdução à Economia de prover esse serviço para passantes adicionais é zero. Um outro exemplo menos extremo é o caso das estradas de rodagem. Assim, o uso de uma estrada vicinal, semi- deserta, pode ser não rival na medida em que, nela, o tráfego é muito inferior a sua capacidade e, portanto, o custo marginal de utilização por um veículo adicional é muito baixo. Por outro lado, embora seja possível excluir os veículos de seu uso por meio da introdução de um pedágio, provavelmente os custos de instalação e de manutenção desse pedágio serão superiores à arrecadação e, por conseguinte, não valerá a pena introduzi-lo. Porém, quando a estrada é, por exemplo, a Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, além do custo de exclusão ser compensatório, a rivalidade no consumo se expressa por meio do congestionamento. Nesse caso, essa rodovia pode ser vista como um bem privado. Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, apenas parcialmente, as condições de impossibilidade de exclu- são e não-rivalidade no consumo. Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo menos uma dessas características são chamados de bens públicos impuros ou bens quase-públicos. Utilizando o diagrama proposto por Stiglitz (1987), o Gráfico 1 mostra, no eixo horizontal, a possibilidade de exclusão e, no eixo vertical, a rivali- dade no consumo (custo marginal de provisão), torna-se claro que, ao invés de uma separação bem marcada, existe um continuum entre bens públicos e privados. No canto inferior esquerdo desse diagrama, estão os bens públicos puros, para os quais os custos de exclusão são infinitos e não existe rivalidade no consumo. Didatismo e Conhecimento 17 NOÇÕES DE ECONOMIA No canto superior direito encontram-se os bens privados, para os quais a exclusão é possível a baixos custos e o custo marginal de provisão é elevado. Os bens públicos impuros (bens quase-pú- blicos) situam-se entre esses extremos. Bens privados ofertados pelo setor público Bombeiros Via Dutra Defesa Nacional Iluminação pública Estrada Vicinal Rivalidade no consumo Bens Privados Puros Possibilidade de exclusão Assim, serviços de saúde pública, tais como vacina contra doenças infectocontagiosas, beneficiam não somente as pessoas vacinadas, mas a população como um todo, já que previnem o sur- gimento de epidemias. Ademais, o custo marginal da vacinação é positivo e a exclusão de não pagantes é possível. Porém, não é possível excluir dos benefícios aliados à redução das epidemias (nem cobrar por tais benefícios) aqueles que não se vacinaram. Isso torna esses serviços bens públicos impuros e por essa razão, muitos governos mantêm programas gratuitos de vacinação para encorajar, e até mesmo obrigar, a imunização maciça Um outro exemplo de bens quase públicos é o serviço de bom- beiros. Nesse caso, existe, claramente, rivalidade no consumo já que uma equipe que sai para atender uma ocorrência, deixa, ime- diatamente, de estar disponível para outros casos. Portanto, o custo marginal de provisão desse serviço é positivo e pode ser bastante elevado. Porém, na forma atual de moradia, onde parte significati- va das pessoas vive em grandes aglomerações urbanas e em con- domínios verticais, esse serviço apresenta, também, dificuldades
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