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NOÇÕES DE ECONOMIA
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE ECONOMIA
1. NOÇÕES DE ECONOMIA: 1.1 
MICROECONOMIA: DEMANDA E 
OFERTA: INDIVIDUAL E DE MERCADO. 
ELASTICIDADES-PREÇO: DEMANDA, 
RENDA. TEORIA DO CONSUMIDOR. 
TEORIA DA FIRMA: FUNÇÃO DE 
PRODUÇÃO; PRODUTIVIDADE MÉDIA 
E MARGINAL; LEI DOS RENDIMENTOS 
DECRESCENTES E RENDIMENTOS DE 
ESCALA. EXTERNALIDADES E BENS 
PÚBLICOS. 
No livre mercado, os preços são determinados pela lei da ofer-
ta e da procura. O encontro das duas curvas determina o preço de 
equilíbrio. Nem sempre esse preço permanece neste estado. Exis-
tem forças que podem alterar o preço e/ou a quantidade demanda-
da e ofertada. Muitas vezes, o próprio governo pode agir para for-
çar o equilíbrio no mercado, quer seja subsidiando determinados 
produtos ou, por outro lado, sobretaxando outros.
A decisão de consumir, por parte dos indivíduos, e a de pro-
duzir, por parte das empresas, é constantemente afetada pela lei da 
oferta e da procura.
Decisões do consumidor e a curva de demanda
O objetivo do consumidor é maximizar o seu nível de satis-
fação, ou seu prazer. Para isso, ele precisa escolher que conjunto 
de bens e serviços comprar dentre as diversas opções disponíveis 
no mercado.
O consumidor tem o poder da escolha, que é livre e que se 
limita a sua restrição orçamentária.
Restrição orçamentária
A restrição orçamentária significa que o consumidor pode gas-
tar um total igual ou menor que sua renda – o salário, por exemplo. 
Se for menor, nem toda a renda que ele ganha é consumida e será 
destinada a uma poupança – renda não-consumida chama-se pou-
pança, na economia, para ser utilizada em consumo futuro.
Se o total gasto é maior do que a renda adquirida, ou ele utiliza 
poupanças passadas para complementar a renda que lhe falta, ou 
utiliza empréstimos, contraindo dívidas. Nesse caso específico, a 
necessidade de pagar as dívidas restringirá a capacidade de consu-
mo no futuro. Assim, a restrição orçamentária limita o conjunto de 
bens e serviços que o indivíduo pode adquirir.
Por exemplo, uma família que tem renda de três salários mí-
nimos não conseguirá ter acesso à compra de um carro novo, cujo 
valor é muito alto para a renda dessa família. Nem com financia-
mento isso seria possível, porque a prestação comprometeria toda 
a renda da família e não sobraria para as demais necessidades a 
serem satisfeitas.
O consumo dos diversos produtos resulta em benefícios e cus-
tos. Os benefícios advêm da satisfação gerada pelo consumo. Qual 
seria a satisfação de se beber um copo de água no deserto depois 
de um dia inteiro de caminhada? Os custos correspondem ao preço 
pago pelo produto e ao seu custo de oportunidade (o que o con-
sumidor deixa de adquirir por escolher determinado produto). O 
objetivo do consumidor é maximizar a diferença entre benefícios 
e custos, ao escolher o conjunto de produtos que a sua renda lhe 
permite comprar.
Preço do produto (gráfico de demanda)
Quantas vezes os torcedores iriam ao campo de futebol assis-
tir a uma partida de seu time se o ingresso passasse de R$10,00 
para R$50,00?
Quanto maior for o preço do produto, menos unidades serão 
compradas. Por duas razões importantes: porque isso aumenta o 
custo do consumo e seu custo de oportunidade, ou seja, aquilo que 
o indivíduo deixa de comprar para poder pagar esse aumento pode 
levá-lo a não ter renda suficiente para comprar o produto mais 
caro, levando-o até a compra de bens substitutos.
Tem-se aí a lei da demanda – quando o preço de um produto 
sobe e tudo se mantém constante, cai a quantidade demandada, ou 
o número de unidades compradas do produto. Quando o preço do 
ingresso sobe de R$10,00 para R$50,00, poucas pessoas estão dis-
postas ou podem pagar por esse aumento; conseqüentemente, cai 
a demanda por ingressos e o clube pode ter uma perda na receita 
total se a queda for muito grande.
O gráfico 1 mostra a relação existente entre o preço do pro-
duto e a quantidade demandada. Por causa da lei da demanda, a 
curva tem inclinação positiva, ou seja, um preço maior (ou menor) 
corresponde a uma quantidade demandada menor (ou maior).
Gostos e preferências
Os gostos podem mudar. A moda é o maior exemplo dessa 
mudança. Cada estação tem cores, estilos e acessórios diferentes. 
Quando as pessoas passam a gostar mais de determinado bem, au-
mentam os benefícios com o consumo deste. O consumidor tende 
a comprá-lo mais, mesmo que não haja alteração de preço. A curva 
de demanda se desloca para a direita, de DoDo para D1D1 (gráfico 
2). Aumenta a quantidade demandada do bem porque ele está na 
moda. 
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE ECONOMIA
E, em caso contrário, quando as pessoas deixam de gostar de 
determinado produto, a curva da demanda se desloca para a es-
querda de DoDo para D2D2. Cai a venda do produto porque já 
passou a moda e as pessoas não estão mais interessadas em com-
prar aquele produto. As patinetes são exemplos disso, já que não 
estão mais na moda.
A curva da demanda
A curva da demanda 
desloca-se
para a direita quando:
A curva da demanda 
desloca-se
para a esquerda quando:
A renda aumenta. A renda 
diminui.
O preço do bem substituto 
aumenta. O preço do bem 
substituto cai.
O preço do bem 
complementar cai. O preço 
do bem complementar 
aumenta.
Os gostos deslocam-se a 
favor do produto. Caem as 
preferências pelo bem.
A renda aumenta. A renda 
diminui.
O preço do bem substituto 
aumenta. O preço do bem 
substituto cai.
O preço do bem 
complementar cai. O preço 
do bem complementar 
aumenta.
Os gostos deslocam-se a 
favor do produto. Caem as 
preferências pelo bem.
Bens normais, inferiores, complementares e substitutos.
Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a 
renda dos indivíduos se eleva.
Por exemplo, as pessoas deixam de comer em casa e passam a 
freqüentar restaurantes sofisticados.
•	 Bens inferiores: são aqueles cuja demanda se reduz 
quando a renda dos indivíduos cresce. Por exemplo, as pessoas 
deixam de andar de ônibus e passam a andar de carro.
•	 Bens complementares: são aqueles que são consumidos 
em conjunto. A característica desses produtos é que, quando o pre-
ço de um deles sobe, a demanda do outro cai. Quando aumentam 
os preços dos artigos de tênis, automaticamente cai a procura por 
aulas ou locação de quadras de tênis.
•	 Bens substitutos: são aqueles que, quando o preço de um 
bem sobe, as pessoas substituem por outro, aumentando a deman-
da deste. Quando sobe o preço do café, as pessoas passam a tomar 
chá, por exemplo, aumentando as vendas deste produto.
Decisões do produtor e curva de oferta
O objetivo de toda empresa é maximizar o seu lucro resultante 
da diferença entre a receita total e os custos totais.
LUCRO = RECEITA TOTAL – CUSTO TOTAL
A receita total advém do número de unidades vendidas do 
produto multiplicado pelo seu preço; é também chamado de fatu-
ramento de uma empresa. 
Os custos totais são os gastos totais dispendidos no proces-
so produtivo, como pagamentos da folha de salários, aluguéis do 
imóvel, depreciação, entre outros. Existem empresas cujo objetivo 
principal não é o lucro, são as chamadas empresas sem fins lucra-
tivos, como as ONGs (organizações não governamentais), empre-
sas do governo e instituições filantrópicas (como algumas creches, 
asilos etc.).
Em muitos mercados, o número de produtores é muito grande, 
e nenhum deles pode influir significativamente no preço do bem 
que deseja vender no mercado. É a chamada concorrência perfeita 
(assunto que iremos abordar logo a seguir).
É o caso da indústria têxtil, calçadista, moveleira, de laticí-
nios, entre outras. Como não pode estabelecer o preço do produ-
to, o empresário determina o preço de seus produtos a partir do 
preço praticado no mercado. Quando o preço do produto sobe no 
mercado, os lucros aumentam e os produtores são incentivados a 
produzir e a vender mais. 
A relação entre o preço e a quantidade ofertada é dada pela 
lei de oferta: quando o preço de um bem se eleva, com tudo mais 
permanecendoconstante, a quantidade ofertada do bem também 
aumenta. No gráfico 3, vemos a inclinação positiva, ou seja, um 
preço maior (ou menor) leva a uma quantidade ofertada maior (ou 
menor).
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE ECONOMIA
Muitos fatores podem alterar a quantidade a ser produzida 
pelos empresários. O aumento do preço dos insumos pode invia-
bilizar o lucro do processo produtivo. A redução da quantidade 
produzida desloca a curva da oferta de SoSo para S1S1 (gráfico 
4). Outro fator muito importante diz respeito à mudança tecno-
lógica que pode aumentar a produtividade e reduzir os custos de 
produção, incentivando o empresário a aumentar as quantidades 
ofertadas, deslocando a curva da oferta de SoSo para S2S2 (gráfico 
4). O empresário, quando compra uma máquina que produz mais, 
poderá aumentar a quantidade ofertada, afetando o preço no mer-
cado (os preços caem porque aumenta a oferta do produto).
Preço e quantidade de equilíbrio
Quando juntamos a curva da oferta com a curva da demanda 
(gráfico 5), temos a quantidade de equilíbrio. Quando as duas cur-
vas se encontram, a quantidade demandada é igual à quantidade 
ofertada (Qo). Quando isso ocorre, diz-se que o mercado está em 
equilíbrio – e a quantidade 
Qo é a quantidade de equilíbrio. E, somente em Po, o núme-
ro de unidades que os consumidores querem comprar é igual ao 
número de unidades que os produtores desejam vender. Este é 
exatamente o preço de equilíbrio. O preço de equilíbrio é a repre-
sentação do livre mercado, ou seja, no qual se faz uma negociação 
de preços.O comprador diz quanto quer pagar e o vendedor diz por 
quanto vale a pena vender.
Se o preço do produto (P1) for superior ao preço de equilí-
brio (Po), tem-se um excesso de oferta, pois, pelo preço (P1), a 
quantidade ofertada (Qs1) é maior do que a quantidade demandada 
(Qd1). Quando isso acontece, os produtores preferem fazer liqui-
dações para não ter seu capital parado em estoques, correndo até o 
risco da obsolescência (depreciação tecnológica – imagine se uma 
loja comprasse uma quantidade enorme de computadores para um 
ano de vendas; com certeza, teria prejuízo, porque, a cada mês, os 
fabricantes lançam computadores mais modernos e mais velozes, 
por isso, o comerciante jamais poderá fazer estoque).
No caso oposto, o preço inicial P2 (gráfico 6) é menor do que 
o preço de equilíbrio (Po). Nesse caso, existe um excesso de de-
manda, ou seja, a quantidade demandada (Qd2) é maior do que a 
quantidade ofertada (Qs2) pelo preço P2. Quando muitas pessoas 
desejam o mesmo produto, ele pode se tornar escasso no mercado 
e a tendência é o preço subir. Quando o dono de um apartamen-
to coloca-o à venda por um preço inferior ao de mercado, muitos 
compradores disputarão a compra do imóvel. Quando o preço de 
um produto está abaixo do preço de equilíbrio, as forças de merca-
do tendem a levá-lo de volta ao equilíbrio.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE ECONOMIA
Mercado de trabalho e salário de equilíbrio
A análise da curva da oferta e da demanda para bens e serviços 
também pode ser utilizada para determinar o preço dos insumos 
empregados no processo produtivo. Um dos mais importantes in-
sumos utilizados no processo produtivo é o salário. Os trabalhado-
res ofertam mão-de-obra no mercado. Quanto maiores os salários, 
mais os trabalhadores estão dispostos a trabalhar. Quando o salário 
é muito baixo, não compensa trabalhar. Portanto, a curva de oferta 
de trabalho tem inclinação positiva. Por outro lado, as empresas 
demandam mão-de-obra. Quanto maior o salário, menos disposi-
ção de contratar trabalhadores elas têm. As empresas, nesse caso, 
preferem substituir trabalhadores por máquinas. Dessa forma, a 
curva de demanda de trabalho apresenta inclinação negativa. O 
encontro da curva de demanda e oferta determina o salário de mer-
cado e o número de pessoas empregadas em equilíbrio (gráfico 5).
Mudanças no equilíbrio
Os autores Eduardo Andrade e Regina Madalozzo (2003) 
apresentam a mudança de equilíbrio no mercado por meio de dois 
exemplos:
Exemplo 1: cidades turísticas.
No período de férias, as cidades turísticas, como Gramado 
(RS), ficam lotadas, principalmente em julho, quando há a ex-
pectativa de neve. Nessa época, todos os restaurantes, hotéis e 
passeios turísticos ficam mais caros, dado o número elevado de 
turistas. Há um excesso de demanda, fazendo com que a curva se 
desloque de DoDo para D1D1; nesse caso, o preço não é mais o 
preço de equilíbrio; o novo preço de equilíbrio passa a ser P1.
Exemplo 2: o dólar.
O dólar pode ser considerado um produto qualquer, portanto, 
sujeito às variações de mercado e cujo preço é determinado pelo 
encontro da oferta e da procura. Durante a guerra entre os EUA e o 
Iraque, no primeiro semestre de 2003, houve uma ameaça concreta 
ao abastecimento de petróleo no mundo. Como o Brasil é impor-
tador de petróleo, ocorreria um aumento na demanda de dólares 
no País, o que, por sua vez, acarretaria o aumento na demanda de 
dólares para essa importação, ou desvalorização, do real.
De outra forma, quando o Brasil aumenta suas exportações, 
aumenta a oferta de dólares no mercado interno, ocasionando uma 
queda no preço, com o novo preço de equilíbrio sendo P1, ou seja, 
ocorre uma valorização do real.
A lei da oferta e da procura é a lei que fundamenta a concor-
rência no mercado capitalista. Cada vez que o governo interfere na 
economia, acaba afetando as livres forças do mercado. A capaci-
dade produtiva das empresas define a oferta dos bens e serviços na 
economia, e a renda das famílias representa a demanda do mercado 
consumidor. As empresas têm sua concorrência ampliada pela glo-
balização da economia, com a abertura dos mercados mundiais. A 
ampliação da concorrência é positiva para os consumidores, por-
que melhora a qualidade e tende a baixar os preços pelo aumento 
do número de competidores.
A Empresa
É o agente econômico que transforma fatores produtivos e 
bens intermédios em bens;
– os bens são o resultado da atividade de produção, i.e., da 
combinação e transformação de fatores e bens intermédios;
– note que os bens intermédios são também o resultado de um 
processo de produção:
• também eles resultam da combinação de fatores e bens in-
termédios.
• O objetivo último da empresa é a maximização do lucro, a 
diferença entre:
– receitas: que resultam da venda dos seus produtos; e
– custos: resultado do consumo dos fatores produtivos e bens 
intermédios utilizados na produção.
Curto prazo
– período de tempo em que a empresa não pode alterar pelo 
menos um dos fatores de produção;
– os fatores cuja quantidade pode ser alterada designam se por 
variáveis; os restantes são fixos.
Longo prazo
– período suficientemente longo para que todos os fatores, in-
cluindo o capital, sejam ajustados;
– no longo prazo, a empresa pode alterar todos os fatores de 
produção e, portanto, a escala de produção.
A Função de Produção
Traduz a relação entre a quantidade máxima de produção que 
pode ser obtida e a quantidade de fatores de produção necessários 
para realizar essa produção;
• A função de produção traduz uma relação ‘física’– não re-
laciona valores, mas quantidades de inputs com quantidades de 
outputs;
• As funções de produção descrevem a forma como uma em-
presa pode produzir o conjunto dos seus produtos e definem-se 
para um determinado nível de conhecimentos tecnológicos e es-
tado da técnica.
• O conjunto das possibilidades de combinação dos fatores 
produtivos designa-se por tecnologia.
Q = f (L , K)
Esta explicitação representa uma simplificação por incluir 
apenas dois fatores produtivos: o capital (K) – físico e não finan-
ceiro – e o trabalho (L)
• facilita a análise sem prejudicar as conclusões; 
– os bens intermédios estão representados apenas indireta-
mente:
• pressupõe-se que são eles próprios função dos fatores de 
produção;
• Produção total:
– quantidade total obtida de um bem, em unidades físicas;
• Produtividade total de um fator de produção v1 (PTv1)ou 
função de produção em período curto:
– quantidade do bem obtida com cada quantidade do fator, 
medidos em unidades físicas, mantendo todo o resto constante;
• Produtividade marginal de um fator produtivo v1 (Pmgv1):
– traduz os acréscimos de produção proporcionados pela in-
trodução no processo produtivo da última unidade de fator variá-
vel, mantendo-se todo o resto constante.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE ECONOMIA
• Produtividade média de um fator de produção v1 (Pmdv1):
– obtém-se dividindo a produção total pela quantidade utiliza-
da do fator de produção.
Propriedades da Função de Produção
monotonia: significa que aumentando a quantidade utilizada 
de um fator produtivo, mantendo o outro constante, o volume de 
produção aumentará (Pmg’s > 0).
rendimentos marginais decrescentes: aumentos sucessivos na 
quantidade de um fator produtivo (mantendo os restantes constan-
tes) implicam aumentos cada vez menores na quantidade produ-
zida.
Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes
Acréscimos sucessivos na utilização de um fator de produção, 
ceteris paribus, conduzem a acréscimos cada vez menores do pro-
duto total.
– não é uma lei universal,mas uma realidade empírica ampla-
mente observada;
• Como evitar os rendimentos marginais decrescentes?
– progresso técnico;
– aumentar a utilização dos restantes fatores de produção.
Isoquanta: função que relaciona as combinações ótimas de 
dois fatores produtivos que permitem alcançar um determinado 
nível de produção
• Mapa de isoquantas: conjunto das isoquantas de um determi-
nado produtor. Corresponde à representação gráfica de uma função 
produção com dois fatores produtivos variáveis.
• Diferenças entre isoquantas e curvas de indiferença:
– cada isoquanta está associada a um número exato de unida-
des de produção;
– assim sendo, enquanto as curvas de indiferença são mera-
mente ordinais, entre isoquantas é possível determinar em quanto 
uma é maior ou menor do que outra.
• As isoquantas são negativamente inclinadas:
– traduz substituibilidade entre os fatores produtivos;
• As isoquantas não se cruzam:
– já que uma determinada combinação de fatores produtivos 
não pode proporcionar dois níveis distintos de produção;
• Quanto mais afastada da origem, maior é a produção asso-
ciada à isoquanta:
– perante rendimentos marginais positivos, maior quantidade 
de ambos os fatores produz necessariamente maior output;
• As isoquantas são convexas
– devido à existência de rendimentos marginais decrescentes 
em ambos os fatores.
Alternativas de produção e a curva de possibilidades de 
produção
Todo sistema econômico tem uma capacidade máxima de pro-
duzir bens e serviços. Um dos principais problemas com que se 
defrontam as economias é definir quanto será produzido de cada 
bem e serviço, de modo atender às necessidades da sociedade. Em 
outras palavras, as economias devem definir quais são as combi-
nações das diversas quantidades de bens e serviços que serão pro-
duzidos.Nesse sentido, para que se possa maximizar a produção de 
bens e serviços, os sistemas econômicos devem buscar:(i) decisão 
do que produzir;(ii) escolha das alternativas de produção para a ca-
nalização dos recursos, que dependem das opções sociais ou políti-
cas estabelecidas pela sociedade; e(iii) eficiência máxima e o pleno 
emprego dos recursos de produção.Desse modo, para simplicidade 
de raciocínio, suponhamos, hipoteticamente, uma economia que 
produza apenas dois bens A e B, nas seguintes quantidades, con-
forme quadro abaixo:
Colocando estas quantidades, que formam pares ordenados de 
pontos dados pelas diversas alternativas de produção em um gráfi-
co cartesiano, onde as quantidades do bem A são lançadas no eixo 
das abscissas (eixo X) e as quantidades do bem B são lançadas 
no eixo das ordenadas (eixo Y), temos a seguinte representação 
gráfica:
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE ECONOMIA
Esta curva chama-se curva de possibilidades de produção (ou 
fronteira de produção ou curva de transformação), que indica as 
infinitas combinações possíveis de produção dos bens A e B. Em 
qualquer ponto desta curva uma quantidade produzida de A, cor-
responde a uma quantidade produzida de B. Acurva de possibilida-
des de produção estabelece os níveis máximos de produção desses 
dois bens.Para que uma economia possa operar em qualquer ponto 
sobre a curva de possibilidades de produção é necessário que:(i) 
exista pleno emprego de todos os fatores produção disponíveis. 
Isto significa que não há nenhum fator de produção ocioso, como 
também não é possível agregar mais fatores;(ii) não sejam intro-
duzidas inovações tecnológicas. Ou seja, a economia opera com os 
padrões tecnológicos existentes; e(iii) exista eficiência e eficácia 
no uso dos fatores de produção.Desse modo, uma economia que se 
encontre operando sobre a curva de possibilidades de produção,ao 
se deslocar do ponto A para o ponto B, ou do ponto B para o ponto 
C, e assim sucessivamente até o ponto F, estará deixando de pro-
duzir algumas unidades do bem 
A para produzir mais quantidades do bem B. Em outras pala-
vras, estará transformando o bem A em bem B. Por esta razão, esta 
curva também é conhecida como curva de transformação. Cabe 
ressaltar que, esta transformação não é física, significa apenas que 
se está transferindo recursos ou fatores de produção de um proces-
so produtivo para outro, no caso da produção do bem A para o bem 
B. Outro importante ponto a ser destacado, é que associada a esta 
escolha sobre quantos e quais bens produzir, há uma questão mais 
ampla de eficiência alocativa. Ou seja, uma vez definidas as quan-
tidades e a qualidade dos fatores de produção, é preciso alocá-los, 
isto é, distribuí-los entre os setores produtivos deforma a obter a 
máxima eficiência na quantidade e qualidade dos bens produzidos.
Análise da Curva de Possibilidades de Produção – CPP
A curva de possibilidades de produção pode ser analisada sob 
quatro diferentes aspectos: (i) quanto aos pontos localizados na 
curva; (ii) quanto aos deslocamentos da curva; (iii) quanto aos des-
locamentos diferenciados da curva; e (iv) quanto aos deslocamen-
tos parciais da curva.
Quanto aos pontos na CPP
Suponhamos a curva de possibilidades de produção abaixo, 
com os seguintes pontos:
Análise dos pontos:
• o ponto B representa a produção máxima do bem A e do bem 
B. Neste ponto ou em qualquer outro ponto situado sobre a curva 
de possibilidades de produção, significa que a economia está fun-
cionando com capacidade máxima de produção, sendo que todos 
os fatores de produção estão plenamente ocupados. 
A rigor, os fatores de produção nunca estão 100% plenamente 
ocupados. Em geral, os economistas consideram que uma taxa de 
ocupação acima de 92% a 93% caracteriza a situação pleno em-
prego. O pleno emprego é definido por uma situação em que os re-
cursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados na produção 
de bens e serviços, garantindo desta forma o equilíbrio econômico 
das atividades produtivas. • o ponto A representa uma situação de 
recessão ou de capacidade ociosa. Nem todos os fatores de pro-
dução estão plenamente ocupados, ou seja, existe uma ociosidade 
parcial dos fatores. Em outras palavras, existe um desemprego de 
fatores, como por exemplo, trabalhadores desempregados, má-
quinas paradas e terras não utilizadas. É importante ressaltar que, 
estando a economia em recessão, é possível aumentar a produção 
tanto do bem A quanto do bem B, utilizando os fatores de produ-
ção que estão ociosos. Se isto ocorrer, então o ponto A, onde há 
ociosidade de fatores, se desloca em direção à curva, onde todos 
os fatores estarão plenamente ocupados.
• o ponto O representa uma situação de pleno desemprego de 
fatores. É um estado de limite crítico para a economia, pois nele 
nada se produz, não existindo nenhuma atividade econômica. Te-
oricamente, este ponto é possível de ser atingido, mas na prática, 
uma situação dessa é mais fácil de ocorrer em situações de guerra 
(toda economia fica paralisadaem função das atividades belige-
rantes), e em função de catástrofes naturais (inundação, terremoto, 
vulcões, etc., que destroem completamente a economia).
• o ponto C não existe para essa curva de possibilidades 
de produção, pois não pode ser atingido com o volume de fato-
res existentes. Para que este ponto possa ser atingido, é preciso 
acrescentar alguma quantidade de pelo menos um dos fatores de 
produção. Assim, a produção poderá se expandir, possibilitando o 
deslocamento da curva de possibilidades de produção para níveis 
mais elevados.
Quanto aos deslocamentos da CPP
 A curva de possibilidades de produção pode-se deslocar tanto 
positivamente quanto negativamente. Assim temos:
Deslocamento Positivo:
ocorre quando a curva de possibilidades de produção se afasta 
da origem, significando aumento da capacidade de produção do 
sistema econômico. Os fatores que contribuem para o deslocamen-
to positivo são: (i) crescimento da população qualificada (mão-
-de-obra);(ii) acumulação de bens de capital (edifícios, máquinas, 
equipamentos, etc.); (iii) inovação e/ou melhoria tecnológica; e 
(iv) investimentos na infraestrutura de base do país (estradas, por-
tos, aeroportos,telecomunicações, usinas hidroelétricas, etc.). Em 
termos de representação gráfica, temos:
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE ECONOMIA
Deslocamento Negativo:
ocorre quando a curva de possibilidades de produção se dirige 
em relação à origem, significando diminuição da capacidade de 
produção do sistema econômico. Os fatores que contribuem para 
o deslocamento negativo são: (i) guerras entre os países; (ii) su-
cateamento do parque industrial; (iii) situações climáticas desfa-
voráveis; e (iv) pestes e epidemias. Em termos de representação 
gráfica, temos:
 
Quanto aos deslocamentos diferenciados da CPP
 Suponhamos, hipoteticamente, que os países Alfa e Beta, pos-
suem a mesma capacidade de produção, num ponto específico do 
tempo. Suponhamos ainda, que estes dois países adotem políticas 
diferentes quanto à alocação de fatores de produção para produzi-
rem bens de consumo e bens de capital,conforme demonstrado no 
gráfico abaixo.
Análise dos deslocamentos:
Bens de Consumo: o país Alfa aloca de seus fatores de pro-
dução para produzir bens de consumo o segmento 0Ac, enquanto 
o país Beta aloca 0Bc. Como o segmento 0Ac é maior do que o 
segmento 0Bc, isto significa que o país Alfa destina mais recursos 
para produzir bens de consumo do que o país Beta.
Bens de Capital: o país Beta aloca de seus fatores de produ-
ção para produzir bens de capital o segmento 0Bk, enquanto o país 
Alfa aloca 0Ak. Como o segmento 0Bk é maior do que o segmento 
0Ak, isto significa que o país Beta destina mais recursos para pro-
duzir bens de capital do que o país Alfa.•
Conclusão: como estes dois países estão destinando fatores 
de produção para produzir bens de capital, então, no futuro suas 
economias terão uma capacidade produtiva maior. 
A questão é saber qual dos dois países terá maior expansão na 
sua capacidade de produção, o país Alfa ou o país Beta.Analisando 
o gráfico, observa-se que o país Beta alocou proporcionalmente 
mais de seus fatores de produção para produzir bens de capital do 
que o país Alfa. 
Esta decisão fará com que no futuro, a economia do país Beta 
tenha uma capacidade de produção maior do que a do país Alfa, 
que alocou menos de seus fatores para produzir bens de capital.
Quanto aos deslocamentos parciais da CPP
 Suponhamos que ocorra uma inovação tecnológica na produ-
ção do bem A. Nesse sentido, a capacidade de produção do bem A 
aumenta, provocando um deslocamento da curva de possibilidades 
de produção apenas no ramo que representa o referido bem, con-
forme demonstrado no gráfico abaixo. 
Cabe ressaltar que, se a inovação tecnológica ocorrer em rela-
ção ao bem B, o mesmo deslocamento da curva de possibilidades 
de produção acontecerá, só que neste caso específico, será no ramo 
que representa este bem.
Lei dos rendimentos decrescentes
A lei dos rendimentos decrescentes refere-se à quantidade de-
crescente de produção adicional que se obtém, quando são acres-
centadas, sucessivamente, unidades extras e iguais de um fator 
de produção variável a uma quantidade fixa de um outro fator de 
produção.Cabe salientar que, este fenômeno somente ocorre sobre 
a curva de possibilidades de produção,quando todos os fatores de 
produção estão plenamente empregados. 
Quando a economia está operando com capacidade ociosa é 
sempre possível alocar e incorporar fatores que operem com igual 
ou maior grau de eficiência. Como existe ociosidade, estes fatores 
de produção estariam apenas esperando por uma oportunidade de 
emprego. Com certa frequência vemos na televisão que em mo-
mentos de recuperação econômica, quando se está contratando 
funcionários, muitas empresas dão preferência à ex-funcionários 
que tenham sido demitidos em momentos de crise ou desaqueci-
mento da economia. 
Isso acontece porque esses ex-trabalhadores além de terem a 
necessária eficiência, evitam uma queda no ritmo de produção das 
empresas.A título de exemplo, suponhamos as seguintes informa-
ções:
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE ECONOMIA
Como se pode observar, ao longo dos sete períodos de produção, o fator de produção terra ficou constante em 150 ha, variando apenas 
o fator mão-de-obra. À medida que a mão-de-obra foi experimentando período após período, sucessivos aumentos de duas unidades adicio-
nais, tanto a produção do bem X quanto à do bem Y foram aumentando, só que a taxas decrescentes. Ou seja, os incrementos verificados na 
produção dos bens X e Y, foram cada vez menores, que é dado pela produção marginal de cada um deles.
Este fenômeno é explicado pela existência no processo produtivo dos bens X e Y, de um fator de produção que ao longo de todo o pe-
ríodo ficou constante, no caso específico, o fator terra. Assim, à medida que o fator mão-de-obra experimentava aumentos iguais, o fator de 
produção terra ia perdendo produtividade, ou seja, a sua capacidade de absorver a mão-de-obra tornava-se cada vez menor.
Custo de oportunidade
Como foi discutido anteriormente, ao se deslocar fatores de produção de uma alternativa de produção para outra, as quantidades adicio-
nais produzidas de um bem serão menores, em detrimento de reduções iguais ou cada vez maiores na produção de outro bem.Esta situação 
permite inferir que, existe um custo cada vez maior medido em unidade do bem que se deixa de produzir, para se obter quantidades adicio-
nais, cada vez menores, do bem que se deseja produzir mais.
Este custo é também conhecido como custo de oportunidade. No exemplo da produção dos bens Ae B, citado anteriormente, significa 
que existe um sacrifício de unidades de produção do bem A, acaba expansão o da produção do bem B. Em outras palavras, o custo de opor-
tunidade significa a renúncia de determinados ganhos.Em nosso cotidiano, nos deparamos com muitas situações práticas e não econômicas 
de custos de oportunidade. Seja o seguinte exemplo.Um indivíduo decide praticar esportes para melhorar seu condicionamento físico. 
Alguns de seus hábitos ou comportamentos ele terá que sacrificar, eliminando-os ou reduzindo-os, significando assim como seu custo de 
oportunidade, como por exemplo:
• o lazer (assistir televisão ou bater papo com os amigos no barzinho, etc.);
• convívio familiar (esposa, filhos etc.);
• atividades culturais (leitura, cinema, teatro, etc.)
• horário de almoço, caso decida praticar esportes entre às 12 e 14h;
• a novela das 8h, se tiver este hábito, e se decidir pela prática de esportes à noite.
A tabela abaixo mostra o custo de oportunidade associado a cada uma das alternativas de produção dos bens Z e W
 
O custo de oportunidade é calculado em termos da quantidade do bem Z, que se deixa de produzir para se obter um acréscimo da 
produção do bem W. Neste exemplo, observa-se que para se produzir as primeiras 20 unidades de W é preciso sacrificar uma unidade do 
bem Z (custo de oportunidade igual a1);em seguida, para se produzir mais 17 unidades do bem W, três unidades do bem Z deixam de ser 
produzidas (custo de oportunidade igual a 3), e assim, sucessivamente. 
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE ECONOMIA
Os acréscimos na produção de W serão sempre decrescentes. 
Assim, nessas circunstâncias os custos sociais, medidos pelo custo 
de oportunidade, serão crescentes.Cabe ressaltar que, se utilizásse-
mos o exemplo da produção dos bens A e B, o custo de oportuni-
dade seria constante, haja vista que os decréscimos na produção do 
bem A, para aumentar a produção do bem B, foram sempre iguais 
a 50 unidades.
O Processo de Produção
Do ponto de vista econômico, produção é o processo pelo 
qual uma empresa transforma os fatores de produção adquiridos no 
mercado de fatores, em produtos ou serviços para serem vendidos 
no mercado de bens e serviços. Nesse sentido, a empresa é uma 
intermediária, haja vista que, compra insumos ou inputs (fatores de 
produção), combinando-os de acordo com o seu processo de pro-
dução, para em seguida vender os seus produtos/serviços ou ou-
tputs no mercado.O processo de produção pode ser caracterizado 
de mão-de-obra intensiva, de capital intensivo e de terra intensiva, 
dependendo do fator de produção utilizado em maior quantidade, 
relativamente aos demais.
Função de Produção
Função de produção é a relação entre a quantidade física de 
fatores de produção e a quantidade física do produto, em determi-
nado período de tempo. Isto é:Quantidade de produto = f (quanti-
dade de fatores de produção)Ou seja: q = f (N, K, T, Mp
Ou seja: q = f (N, K, T, Mp)
Onde: 
• q = quantidade produzida/tempo;
• N = mão-de-obra/tempo;
• K = capital físico/tempo;
• Mp = matérias-primas/tempo; e
• T = área utilizada/tempo
A função de produção supõe que foi atendida a eficiência 
técnica. Ou seja, representa a máxima produção possível, com a 
mão-de-obra, capital e tecnologia utilizados. É importante destacar 
que, o conceito de função de produção é diferente do conceito de 
função de oferta. A função de oferta é um conceito econômico, 
pois relaciona a produção com os preços dos fatores de produção 
(custos); ao passo que a função de produção é um conceito mais 
físico ou tecnológico, haja vista que, se refere à relação entre quan-
tidades físicas de produto e fatores de produção.
Fatores de Produção Fixos e Variáveis no Curto e Longo 
Prazos
Fatores de produção fixos são aqueles que permanecem inalte-
rados, quando a produção varia; enquanto que os fatores de produ-
ção variáveis se alteram, com a variação da quantidade produzida. 
Do ponto de vista econômico, capital físico e as instalações da 
empresa são exemplos de fatores de produção fixo; enquanto que 
mão-de-obra e matérias-primas são exemplos de fatores de produ-
ção variáveis. Por outro lado, curto prazo é o período no qual exis-
te pelo menos um fator de produção fixo; ao passo que longo prazo 
é o período no qual todos os fatores de produção sofrem variação.
Nível de Produção com Fator Variável e Fixo: Análise de 
Curto Prazo
Simplificadamente, suponha uma função de produção ape-
nas com dois fatores de produção: mão-de-obra (variável) e capital 
(fixo). Assim, a função de produção é igual a:q = f(N,K)Como K 
é no curto prazo, o fator de produção fixo ou constante, então a 
função de produção se resume em:q = f(N)Nesse sentido, pode-se 
inferir que o nível de produto varia apenas em função de modifica-
ções no fator de produção mão-de-obra, ceteris paribus.
Produto Total, Produtividade Média e Produtividade 
Marginal
a) Produto Total (PT): corresponde à quantidade total produzi-
da, em determinado período de tempo. Ou seja: PT = q
 
b) Produtividade Média (PMe): é a relação entre o nível do 
produto e a quantidade do fator de produção, em determinado perí-
odo de tempo. Assim, para cada um dos fatores de produção, tem-
-se as seguintes Produtividades Médias: Produtividade Média da 
Mão-de-obra: (é o produto por trabalhador)
Produtividade Média por Capital: 
c) ) Produtividade Marginal (PMg): é a variação do produ-
to, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de 
produção, em determinado período de tempo. Assim, para cada 
um dos fatores de produção, tem-se as seguintes Produtividades 
Marginais:
Produtividade Marginal da Mão-de-obra: 
Produtividade Marginal do Capital: 
Suponhamos o seguinte exemplo:
Nível de Produção a Longo Prazo
A análise da produção a longo prazo considera que todos os 
fatores de produção (mão-de-obra,capital, instalações, matérias-
-primas) variam, não existindo desta forma fatores de produção 
fixos.
Teoria dos Custos de Produção
A curto prazo alguns dos fatores de produção são fixos, inde-
pendentemente do nível de produção,tais como, a planta da empre-
sa e os equipamentos de capital. Os custos de produção são assim 
classificados:
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE ECONOMIA
Custos Totais
a) Custo Variável Total (CVT) : corresponde à parcela do custo que 
varia, quando a produção varia. Em outras palavras, é a parcela dos 
custos da empresa que depende da quantidade produzida. Exem-
plos: folha de pagamentos, despesas com matérias-primas, etc.. Ou 
seja: CVT = f(q)
b) Custo Fixo Total (CFT): corresponde à parcela do custo que 
se mantém fixa, quando a produção varia. Em outras palavras, são 
os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, deprecia-
ção, etc..Ou seja: CFT = constante 
c) Custo Total (CT): corresponde a soma do custo variável 
total com o custo fixo total.Ou seja: CT = CVT + CF
Custos Médios
Correspondem aos conceitos de custos por unidade de pro-
dução.
a) Custo Médio (CMe ou CTMe): corresponde ao custo por 
unidade produzida. Ou seja, é o custo total dividido pela quantida-
de produzida. É também conhecido por Custo Unitário.
Ou Seja: 
b)Custo Variável Médio (CVMe): corresponde ao custo variá-
vel total dividido pela quantidade produzida.
Ou seja: 
c) Custo Fixo Médio (CFMe): corresponde ao custo fixo total 
dividido pela quantidade produzida.
 
Ou seja: 
Daí podemos inferir que: 
Custo Marginal
Corresponde às variações de custo, quando se altera a produ-
ção. O custo marginal (CMg) é o custo de se produzir uma unidade 
adicional do produto.
Ou seja: 
Cabe observar que, como ∆ CFT = 0, então os custos margi-
nais não são influenciados pelos custos fixos, que são invariáveis 
a curto prazo.
Ou seja: 
EXERCÍCIOS:
Prova: CESPE - 2009 - ANTAQ - Especialista em Regulação
1)Uma das características das isoquantas na teoria da produ-
ção é que elas devem ser curvas côncavas em relação à origem dos 
eixos cartesianos. 
( )Certo ( )Errado
Prova: FCC - 2008 - TCE-SP - Auditor do Tribunal de Contas 
2)No curto prazo, admitindo-se uma função de produção con-
tínua, a lei das proporções variáveis e a constância dos preços dos 
fatores de produção, é correto afirmar que: 
a) o custo médio é inicialmente crescente e depois decrescen-
te. 
b) quando o custo marginal começa a aumentar, o mesmo 
ocorre com o custo médio e o custo variável médio. 
c) o custo fixo médio é constante. 
d) a curva do custo marginal intercepta a curva de custo vari-
ável médio no ponto mínimo desta. 
e) o custo variável médio é igual ao custo marginal, qualquer 
que seja a quantidade produzida. 
 Prova: CESPE - 2009 - ANTAQ - Especialista em Regulação 
3)Encontrada a elasticidade-preço da demanda de um produto 
em determinado nível de preço, é possível afirmar que a elasticida-
de aplica-se para todos os níveis de preço desse produto, uma vez 
que esse parâmetro é uma constante. 
( )Certo ( ) Errado
Prova: FCC - 2008 - TCE-SP - Auditor do Tribunal de Contas 
4)É correto afirmar: 
a) Um aumento no preço do bem Y, complementar de X, des-
locará a curva de demanda de X para a direita. 
b) O gasto total dos consumidores com a aquisição de um 
bem X, cuja curva de demanda é linear, atinge o máximo quando a 
elasticidade-preço da demanda for igual a zero. 
c) O bem X é um bem normal, se a proporção da rendagasta 
em sua aquisição aumenta à medida que diminui a renda do con-
sumidor. 
d) O preço de equilíbrio será 10 em um mercado de concor-
rência perfeita, caso as funções de demanda e oferta sejam dadas, 
respectivamente por:
QD = 800 - 4P (QD = quantidade demandada) 
QO = 400 (QO = quantidade ofertada), 
e) Se a curva de demanda de um bem X for representada pela 
reta QD = 1.000 - 5P, o excedente do consumidor, caso o preço de 
mercado seja 150, é igual a 6.250. 
RESPOSTAS:
1)Errado
2)d
3)Errado
4)E
A Microeconomia é definida como um problema de alocação 
de recursos escassos em relação a uma série possível de fins. Os 
desdobramentos lógicos desse problema levam ao estudo do com-
portamento econômico individual de consumidores, e firmas bem 
como a distribuição da produção e rendimento entre eles. A Mi-
croeconomia é considerada a base da moderna teoria econômica, 
estudando suas relações fundamentais.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE ECONOMIA
As famílias são consideradas fornecedores de trabalho e capi-
tal e demandantes de bens de consumo. As firmas são consideradas 
demandantes de trabalho e fatores de produção e fornecedoras de 
produtos.Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um 
orçamento determinado. As firmas maximizam lucro a partir de 
custos e receitas possíveis.
A microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos 
de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os produtos 
e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos quais 
dispõe determinados indivíduos organizados numa sociedade.
A microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o 
preço dos produtos finais e dos fatores de produção num equilí-
brio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em:
Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do consu-
midor analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as res-
trições quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa 
teoria se determina a curva de demanda.
Teoria da Firma: Estuda a estrutura econômica de organiza-
ções cujo objetivo é maximizar lucros. Organizações que para isso 
compram fatores de produção e vendem o produto desses fatores 
de produção para os consumidores. Estuda estruturas de mercado 
tanto competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa teoria se 
determina a curva de oferta.
Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação de 
fatores adquiridos pela empresa em produtos finais para a venda no 
mercado. Estuda as relações entre as variações dos fatores de pro-
dução e suas consequências no produto final. Determina as curvas 
de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume 
ótimo de oferta.
A Microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação 
de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor 
interagem e decidem qual o preço e a quantidade de determinado 
bem ou serviço em mercados específicos.
Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento 
da Economia como um todo, considerando variáveis globais como 
consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a aná-
lise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de 
bens e serviços (por exemplo, soja, automóveis) e de fatores de 
produção (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos.
A teoria microeconômica não deve ser confundida com a eco-
nomia de empresas pois, tem enfoque distinto. A Microeconomia 
estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do 
preço no mercado, isto é, o preço obtido pela interação do conjunto 
de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um 
dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas, 
que estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil-fi-
nanceira na formação do preço de venda de seu produto, baseada 
principalmente nos custos de produção, enquanto na Microecono-
mia predomina a visão do mercado.
A Teoria do Consumidor, ou Teoria da Escolha, é uma teoria 
microeconômica, que busca descrever como os consumidores to-
mam decisões de compra e como eles enfrentam os tradeoffs* e as 
mudanças em seu ambiente. 
Os fatores que influenciam as escolhas dos consumidores es-
tão basicamente ligados à sua restrição orçamentária e preferên-
cias.
Os principais instrumentos para a análise e determinação de 
consumo são a curva de indiferença e a restrição orçamentária. 
Para a Teoria do Consumidor, as pessoas escolhem obter um bem 
em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe pro-
porciona.
Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situa-
ção em que há conflito de escolha. Ocorre quando se abre mão de 
algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço 
distinto.
EXERCÍCIOS:
COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão Es-
pecializado 
1-Em relação à Teoria do Consumidor, assinale a alternativa 
INCORRETA. 
a) Considerando apenas dois bens e admitindo curvas de indi-
ferença bem-comportadas, o equilíbrio do consumidor sempre irá 
ocorrer quando o valor absoluto da Taxa Marginal de Substituição 
for igual à relação entre os preços dos bens. 
b) O sinal do efeito substituição será sempre oposto ao sinal 
da variação do preço, isto é, se o preço aumentar, o efeito substi-
tuição será negativo. 
c) O sinal do efeito renda será sempre igual ao sinal do efeito 
substituição, de modo que um efeito sempre vai reforçar o outro. 
d) Todo bem de Giffen é, necessariamente, um bem inferior. 
RESPOSTAS:
1) c
2. Teoria da firma. 
A Teoria da Firma é um conceito criado pelo economista bri-
tânico Ronald Coase, em seu artigo The Nature of the Firm, de 
1937. Coase explica que as “firmas” são organizadas para atuarem 
nos mercados, com o objetivo de diminuir os custos de transação 
que são os incorporados por terceiros nas negociações econômicas 
do mercado (custos de informações, custos contratuais etc.). Em 
outras palavras, para o criador dessa Teoria, os agentes econômi-
cos não atuam diretamente no mercado, as empresas são criadas e 
estruturadas para tanto.
Nesse particular, Rachel Sztajn registra que:
“Diferentes técnicas são empregadas pelos agentes econômi-
cos para exercer domínio sobre a informação e o conhecimento 
disseminados em ambiente social que muda rapidamente. Por isso, 
para superar essas dificuldades, reduzir riscos e custos inerentes 
à produção de bens e serviços destinados a mercados, os agentes 
optam por criar uma outra estrutura, destinada a facilitar o tráfico 
negocial, organização essa que é a empresa, estrutura hierárquica 
em que se procura harmonizar esses diversos interesses, ao mesmo 
tempo em que se diminuem custo de transação.” 
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE ECONOMIA
A partir dessa concepção foi construída a Teoria da Firma que 
estuda o comportamento da unidade do setor da produção. Ela pro-
cura explicar a forma de proceder da sociedade empresária quando 
esta desenvolve a sua atividade produtiva, para a produção de bens 
ou de serviços com mais eficiência. O mercado é o ambiente vir-
tual onde acontecem as negociações contratuais, a circulação de 
bens, a celebração de contratos entre sociedades e entre consumi-
dores e sociedades para a aquisição de bens.
Para atuar diretamente no mercado, há logicamente os custos 
de transação. Por isso, depender exclusivamente dele para realizar 
as trocas econômicas não é eficiente; mormente porque há momen-
tos em que haverá escassez de alguns dos necessários fatores de 
produção. Por exemplo, de uma mão-de-obra para se realizar um 
trabalho específico ou de uma matéria-prima especial. Por isso, 
há necessidade de se organizar “firmas”. Nesse contexto, Ronald 
Coase apud Rachel Sztajn explica que:
“[...] firmas, como instituição de aprovisionamento para facili-
tar o fornecimento de bens e serviços nos mercados, são resultado 
da procura de mecanismos de redução dos custos de transação, 
custos estes incorridos para ir ao mercado oferecer ou procurar 
bens e serviços, afirmando que as firmas, empresas “perhaps the 
most important adaptation to the existence of transactioncosts”.
Em outras palavras, Rachel Sztajn destaca que “a firma per-
mite centralizar, organizar a produção, e com isso se reduzem os 
custos de ir a mercados; as firmas crescem, expandem-se, até que 
a economia obtida entre o custo de realizar ou organizar qualquer 
operação internamente seja superior ao custo de realizar a mesma 
operação via mercados”.
Assim, pode-se dizer que há duas opções de se realizar nego-
ciações econômicas: (i) diretamente no mercado e (ii) organizan-
do sociedades empresárias. Nesse particular, Rachel Sztajn expõe 
claramente:
“Quem quer oferecer bens ou serviços no mercado, de forma 
eficiente e lucrativa, pode escolher entre organizar a empresa, isto 
é, organizar a produção, criar vínculos mais ou menos duradouros 
entre trabalhadores e fornecedores de matérias-primas e recursos 
ou recorrer pontualmente ao mercado quando houver necessidades 
de adquirir matérias-primas, contratar mão-de-obra ou qualquer 
dos outros fatores de produção. Essa segunda alternativa é mais 
arriscada do que a primeira, uma vez que não garante estabilida-
de nem regularidade de obtenção, para satisfazer às necessidades 
da produção, de qualquer dos fatores produtivos no mercado. Por 
isso, a doutrina econômica parte da produção, que se desenvolve 
ao longo do tempo, pode variar e resulta do trabalho de organiza-
ção do empresário.” 
De acordo com a Teoria da Firma, a organização de socieda-
des empresárias é necessária para diminuir os custos de transação 
que recaem sobre o empreendedor, em razão das instabilidades e 
imperfeições do mercado. Por meio da criação de sociedades em-
presárias, haverá formações de equipes organizadas (prestadores 
de serviços e fornecedores de recursos) sob o controle de gestão 
de um único empresário, o que ensejará uma produtividade mais 
eficiente.
Isso porque as organizações econômicas estarão centradas em 
contratos de longo prazo, o que gera uma maior estabilidade da 
produção de bens ou serviços. 
Por exemplo, contratos de trabalho para a realização de uma 
tarefa bem específica eliminam a dificuldade da sociedade empre-
sária de conseguir encontrar, no mercado, essa determinada mão-
-de-obra.
Assim, percebe-se que a atividade empresa, além de envolver 
o sistema jurídico, no sentido de ser uma atividade econômica or-
ganizada para a prestação ou circulação de bens ou serviços, está 
relacionada com a eficiência da produção, para atingir a redução de 
custos e a maximização de lucros, sendo, portanto, indispensável a 
análise de seu conceito econômico.
EXERCÍCIOS: 
Prova: FUNCAB - 2012 - MPE-RO - Analista 
1-No que se refere às condições das firmas em diferentes tipos 
de estruturas de mercado, análise as alternativas a seguir e assinale 
a correta.
a) O equilíbrio de curto prazo de uma empresa monopolista 
ocorre quando a receita marginal é igual ao custo médio em seu 
ramo descente, fazendo com que o monopolista aufira lucro ao 
longo do tempo. 
b) A posição de lucro máximo de uma empresa monopolista a 
curto prazo está na faixa inelástica da demanda, pois nesta posição 
encontra-se a igualdade entre a receita marginal e o custo marginal. 
c) No modelo clássico de oligopólio, o objetivo de uma firma 
é manter uma margem mais ou menos constante sobre os custos, 
supondo que esta firma determina o preço e que este é determinado 
pela oferta, sem ver a demanda. 
d) Havendo monopólio puro, a demanda para a indústria é 
igual para a empresa monopolista, e, neste caso, se o monopolista 
resolver oferecer mais do seu produto, o preço irá aumentar, em 
função do seu controle de mercado. 
e) A curva de oferta de uma empresa em concorrência perfeita 
é o ramo crescente da curva de custo marginal, a partir do ponto 
em que este custo marginal é maior do que o custo variável médio 
mínimo. 
RESPOSTAS:
1) e
Externalidades 
Bens públicos e quase-públicos não constituem as únicas ex-
ceções que comprometem a validade do Teorema Fundamental da 
Economia do Bem-Estar. A presença de externalidades, outra cate-
goria de falha de mercado, também contribui para explicar porque 
os mercados privados são ineficientes para alocar os recursos. 
Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção 
de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, 
em outros mercados, e esses impactos não são considerados no 
preço de mercado do bem em questão. Note-se que essas exter-
nalidades podem ser positivas (benefícios externos) ou negativas 
(custos externos). 
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE ECONOMIA
O conceito de eficiência no sentido de Pareto, criado pelo eco-
nomista italiano Vilfredo Pareto (1848-1923), refere-se a situações 
em que não é possível melhorar a situação de um agente econômi-
co sem piorar a situação de pelo menos um dos demais agentes. 
Modificações que envolvem melhorias na situação de pelo menos 
um agente econômico sem piorar a dos demais agentes represen-
tam Melhorias de Pareto. Portanto, se uma determinada alocação 
de recursos é eficiente no sentido de Pareto, não é possível fazer 
melhorias de Pareto a partir dessa. 
O Primeiro Teorema Geral da Teoria do Bem –Estar afirma 
que, na ausência de falhas de mercado, alocação de recursos 
produzida pelo equilíbrio competitivo é eficiente, no sentido de 
Pareto.
Assim, por exemplo, uma empresa de fundição de cobre, ao 
provocar chuvas ácidas, prejudica a colheita dos agricultores da 
vizinhança. Esse tipo de poluição representa um custo externo por-
que é a agricultura, e não a indústria poluidora, que sofre os danos 
causados pelas chuvas ácidas. Estes danos não são considerados 
no cálculo dos custos industriais, que inclui itens como matéria-
-prima, salários e juros. Portanto, os custos privados, nesse caso, 
são inferiores aos custos impostos à coletividade e, por conseqüên-
cia, o nível de produção da indústria é maior do que aquele que 
seria socialmente desejável. 
Já a educação gera externalidades positivas porque os mem-
bros de uma sociedade e, não somente os estudantes, auferem os 
diversos benefícios gerados pela existência de uma população 
mais educada e que não são contabilizados pelo mercado. Assim, 
por exemplo, vários estudos, baseados em diferentes metodolo-
gias mostram que a educação contribui para melhorar os níveis de 
saúde de uma determinada população. Em particular, níveis mais 
elevados de escolaridade materna reduzem as taxas de mortalidade 
infantil. Outros trabalhos mostram também que a educação con-
corre para reduzir a criminalidade. Todos esses benefícios indire-
tos da educação por não serem apreçados não são computados nos 
benefícios privados. Portanto, os benefícios sociais são superiores 
aos benefícios privados, que incluem apenas as vantagens pessoais 
da educação, como por exemplo, os salários obtidos em função do 
nível de escolaridade. 
Note-se, ainda, que os produtores podem causar externalida-
des sobre consumidores e vice-versa. Assim, por exemplo, a po-
luição provocada pela indústria de cobre aumenta a incidência de 
tuberculose entre a população. Também, os fumantes contribuem 
para a disseminação de doenças entre os não fumantes (fumantes 
passivos) e, nesse caso, temos a geração de externalidade de con-
sumidores para consumidores. Por fim, o uso de automóveis pri-
vados congestiona o tráfego e contribui para reduzir a velocidade 
do transporte de mercadorias e, portanto, representa um exemplo 
de custos externos para os produtores gerados pelos consumidores. 
 As externalidades levam os agentes, não diretamente envolvi-
dos na atividade geradora da externalidade, a usarem recursos para 
corrigir os efeitos dos custos (benefícios) externos, e isso provoca 
distorções na alocação de recursos. Assim, por exemplo, os custos 
de internações hospitalares, decorrentes de doenças relacionadas 
à poluição, embora representem, efetivamente, gastos para os do-
entes, não são contabilizados nos custos da empresa de fundição 
de cobre. 
Ou ainda, os inúmeros benefícios para a humanidade decor-
rentes da descoberta da vacinacontra a poliomielite não são intei-
ramente apropriados pelo seu inventor, o cientista Dr. Albert Sa-
bin, e dificilmente podem ser apreçados. O Quadro 1 resume esses 
aspectos e define os benefícios e custos privados e sociais. 
Benefícios e Custos Externos (A) Privados (B) 
Sociais [(A)+(B)] 
Benefícios A totalidade dos agentes beneficiados pelas exter-
nalidades positivas não paga por essas vantagens 
Os ganhos são auferidos apenas pelos agentes que os finan-
ciam 
Soma dos benefícios privados e externos 
Custos Os agentes que sofrem as externalidades negativas não 
são compensados 
Os custos são pagos pelos agentes beneficiados 
Soma dos custos privados e externos 
Nesse contexto, como o mercado não é capaz de levar em con-
ta todos os elementos constante, estamos em presença das chama-
das falhas de mercado. O fato de os agentes econômicos ignorarem 
os custos (benefícios) externos, decorrentes de suas decisões de 
produção e/ou consumo e, somente computarem os custos que eles 
desembolsam ou os benefícios que eles auferem, faz com que a 
alocação de recursos, produzida pelo equilíbrio de mercado seja 
ineficiente. Isto porque, no caso das externalidades negativas, os 
custos privados subestimam os custos sociais conduzindo, assim, 
a uma produção maior do que aquela que seria socialmente dese-
jável. No caso das externalidades positivas, como os benefícios 
privados são inferiores aos benefícios sociais, o nível de produção 
correspondente à alocação dos mercados privados ficará aquém 
daquele que seria ótimo, do ponto de vista da sociedade. 
As curvas de oferta e de demanda podem ajudar a analisar o 
impacto das externalidades sobre a atividade econômica. Para tal, 
vamos considerar que o preço representa a disponibilidade a pagar 
pelo bem e, portanto, pode ser visto como o benefício decorrente 
do consumo de uma unidade adicional do bem ou serviço, isto é o 
benefício marginal privado. Podemos, então, renomear a curva de 
demanda de mercado como a curva de benefício marginal privado. 
A curva de oferta envolve os insumos exigidos para a produção 
dos bens e serviços e, portanto, pode ser interpretada como a curva 
de custo privado por unidade produzida (custo marginal). A regra 
de equilíbrio de mercado exige que a oferta seja igual à deman-
da e, portanto, que os custos privados sejam iguais aos benefícios 
privados. 
O custo marginal de um determinado bem corresponde à va-
riação nos custos totais decorrente da decisão de produzir uma uni-
dade adicional desse bem. 
Externalidades Negativas 
Considerar o caso de um bem ou serviço que envolva a gera-
ção de externalidades negativas. Esse é o caso, por exemplo, dos 
custos da empresa de fundição de cobre, que não está levando em 
conta os efeitos negativos da poluição. O custo total dessa ativida-
de, para a sociedade, inclui tanto os custos privados da produção 
de cobre como os danos causados pelas externalidades (custos ex-
ternos) aos agricultores e cidadãos. 
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE ECONOMIA
Nele, para cada nível de quantidade, o custo externo (custo 
associado a externalidade) é acrescentado ao custo privado (CMP) 
para formar o custo social (CMS). Assim, a diferença vertical entre 
as duas curvas representa os custos externos (CE), por unidade 
produzida. 
Externalidades Negativas (Custos Externos) em Mercados 
Competitivos 
As curvas de oferta e demanda consideram apenas os custos e 
benefícios privados excluindo aqueles associados a terceiros. Nes-
se caso, no equilíbrio de mercado, a combinação 
Demanda (Benefício Marginal) 
Custo Marginal Social = 
Custo Marginal Privado + CE C E Preço 
Quantidade 
PM Oferta (Custo Marginal Privado) 
O (custo marginal privado) 
D (benefício marginal privado) 
Eo Po 
Qo 
D (benefício marginal privado) Quantidade 
Preço 
Introdução à Economia preço-quantidade é Pm e Qm. Esse 
equilíbrio não reflete a totalidade dos custos para a sociedade por-
que não considera os custos externos. Quando se contabiliza o 
custo adicional imposto aos agricultores, o preço e a quantidade 
transacionada de cobre deveriam ser, respectivamente, P* e Q*. 
A falha de mercado fica evidenciada pelo fato de o mercado gerar 
uma superprodução de cobre e avaliá-la a preços inferiores aos 
seus custos totais de oportunidade. 
 Externalidades Positivas 
Em presença de externalidades positivas, os níveis de produ-
ção, associados ao equilíbrio de mercado, são inferiores àqueles 
que seriam socialmente ótimos. Assim, por exemplo, a expansão 
da educação básica gera benefícios para a sociedade que extrapo-
lam os benefícios auferidos pelos estudantes e suas famílias. Esses 
benefícios externos não são considerados na decisão privada de 
freqüentar a escola porque os estudantes não são compensados pe-
las vantagens usufruídas pelo resto da coletividade, decorrente de 
sua decisão de estudar. Em termos do instrumental da oferta e da 
demanda, a curva de benefício marginal para os estudantes situa-se 
abaixo da curva de benefício social e, portanto, o nível de esco-
laridade correspondente ao equilíbrio de mercado, Qm é inferior 
àquele que seria escolhido caso fossem considerados os benefícios 
externos dessa atividade (Q*). 
O Problema dos Recursos Comunitários (The Tragedy of 
Commons) 
Um caso particular de externalidades é aquele que envolve 
os recursos comunitários, cuja propriedade não é individualizada. 
Um exemplo clássico desse problema é o caso dos pássaros silves-
tres, muitos deles, como o galo-de-campina (cardeal do nordeste), 
hoje ameaçados de extinção, em razão de uma caça predatória no 
passado. Para um caçador .
Oferta (custo marginal privado) 
Demanda (benefício marginal privado) 
P* Preço 
Quantidade 
Benefício marginal social = Benefício marginal privado – Be-
nefício de Externalidade (BE) 
Introdução à Economia individual é vantajoso prender um 
desses animais, cujo preço de revenda é elevado. Porém, se todos 
assim o fizerem, este procedimento conduzirá à extinção da espé-
cie. Por outro lado, não adianta muito se um só caçador resolver 
poupá-los porque um pássaro que ele não captura será aprisionado 
por um outro caçador e, portanto, o benefício será ínfimo. 
Nessa situação, torna-se evidente o conflito entre interesses 
públicos e privados já que o benefício marginal privado (preço de 
mercado do pássaro) é superior ao benefício marginal social (que 
deveria levar em conta o impacto sobre o futuro da espécie). Do 
ponto de vista do país, e mesmo dos caçadores como um grupo, a 
estratégia ótima seria limitar a captura para garantir, assim, a exis-
tência dessas aves silvestres. 
A razão do problema aqui é o fato de ninguém deter a proprie-
dade sobre esses animais, sendo assim, considerados um recurso 
“livre” Nesse caso, as pessoas não consideram todos os custos e 
benefícios derivados de suas ações e, portanto, não têm incentivos 
a usar esses recursos de forma eficiente. A propriedade conjunta 
dos recursos conduz, pois, ao seu uso indiscriminado. A solução 
para esse tipo de problema requer que o governo atue como se 
fosse o proprietário desses recursos. Nesse caso, por meio de es-
quemas regulatórios, o governo pode restringir a quantidade de 
aves silvestres que pode ser apreendida evitando, assim, a extinção 
desses animais. 
Soluções para as Externalidades 
A análise desenvolvida nas seções anteriores aponta para a 
existência de distorções na alocação de recursos que geram inefi-
ciências tanto na produção como no consumo. Faz-se, O Governo, 
por meio do IBAMA, tenta solucionar um problema de recursos 
comunitários Estado de São Paulo, Segunda-feira, 10 de março de 
2003 Ibama apreende mais de 300 pássaros em São Paulo .
São Paulo - Fiscais do Ibama, em operação conjunta com a 
Polícia Civil, apreenderam hoje à tarde cerca de 300 pássaros sil-
vestres, em uma residência, na Vila Joanisa, zona sul de São Paulo. 
Entre os animais apreendidos havia pássaro preto grande, galo-de-
-campina, azulão, cardeal, canário-da-terra, coleirinha, pássaro-
-pretoe coleira-do-norte. 
Os fiscais também apreenderam vinte jabutis e quatro sagüis 
na mesma residência. Segundo o fiscal do Ibama, Paulo Sérgio 
Araújo, o responsável pelos animais é João Alves da Rocha, que 
foi multado em R$ 50,0 por animal e irá responder inquérito por 
crime ambiental. 
No último domingo, também na zona sul, sete pessoas foram 
presas acusadas de venda ilegal de aves silvestres, depois da apre-
ensão de 6 canários-da-terra e um pássaro coleirinha pela Polícia 
Ambiental.
Necessário implementar mecanismos capazes de corrigir tais 
externalidades. Essas soluções podem ser públicas e privadas e 
implicam, no jargão dos economistas, a internalizar as externali-
dades. 
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE ECONOMIA
No que se segue abordaremos, as diferentes soluções – priva-
das e públicas – para o problema. 
Soluções Privadas 
O setor privado pode atuar na correção das externalidades. 
Nesse sentido, discutiremos a internalização das externalidades 
por meio de fusões, sanções sociais e pela negociação de Coase. 
• Fusões 
Uma forma clássica de solucionar o problema das externali-
dades consiste na sua “internalização” por meio da coordenação 
das decisões entre as partes envolvidas. Assim, se a empresa de 
fundição de cobre decidisse adquirir o controle das explorações 
agrícolas prejudicadas pela poluição, então, o dano causado pelas 
chuvas ácidas seria agora suportado pela indústria. Nesse caso, os 
custos externos, derivados da produção excessiva de cobre, ao in-
vés de serem transferidos para os agricultores, seriam pagos pela 
nova empresa, composta dos segmentos agrícola e industrial, re-
duzindo, assim, seus lucros. Nessa situação, não há incentivo para 
que a decisão de produzir cobre e/ou bens agrícolas seja feita sepa-
radamente, já que uma influencia a outra. Isto porque a produção 
excessiva de cobre acarretaria uma queda nos lucros e, portanto, 
na oferta do segmento agrícola. Mais precisamente, os responsá-
veis pela nova empresa produziriam cobre até o ponto em que os 
benefícios marginais gerados por essa produção fossem iguais aos 
custos adicionais incidentes sobre suas subsidiárias agrícolas. 
Essa “internalização” das externalidades solucionaria, pois, o 
problema da superprodução de cobre, responsável pela produção 
dos efeitos externos negativos. De fato, a rigor sequer esse pro-
blema seria referido como externalidade já que tratar-se-ia de um 
problema envolvendo a tomada de decisões dentro de uma única 
firma. 
• Sanções Sociais 
Uma outra forma de implementar a “internalização” das ex-
ternalidade pode ser feita por meio de sanções sociais apropria-
das que penalizem os agentes responsáveis pelas externalidades 
negativas e premiem aqueles que geram externalidades positivas. 
Assim, por exemplo, em muitas sociedades, sujar locais públicos é 
considerado um comportamento reprovável e contrário ao exercí-
cio da boa cidadania. Nessas sociedades aprende-se, desde 
Introdução à Economia criança, que embora seja mais fácil 
jogar, por exemplo, cascas de banana e embalagens diversas no 
chão, isto não é aceitável. Deve-se, pois, carregá-las até encontrar 
o cesto de lixo mais próximo. No Japão, pessoas resfriadas que não 
usam máscaras de gaze para proteger os demais do vírus da gripe 
são severamente criticadas. Até mesmo as religiões têm preceitos 
morais que induzem as pessoas a levarem em conta os custos e 
benefícios externos de suas atividades. Isto está bem sumariado na 
regra áurea do cristianismo “Tudo quanto queres que os outros fa-
çam para ti, faze-o também para eles,” incluída nos ensinamentos 
do Sermão da Montanha. 
Essa censura (ou aprovação) social contribui, em muitos ca-
sos, para inibir (estimular) os comportamentos causadores de ex-
ternalidades negativa (positiva) e estimula a adoção de atitudes 
que consideram o bem-estar da coletividade eliminando, assim, as 
ineficiências daí decorrentes. 
• Direitos de Propriedade e o Teorema de Coase 
As externalidades proliferam, particularmente, em situações 
em que os direitos de propriedade não estão bem estabelecidos. 
Esses direitos correspondem ao conjunto de normas ou regras so-
ciais (definidas legalmente, ou não) que restringem as ações indi-
viduais para preservar o bem-estar da comunidade. A existência 
desse sistema de normas permite, pois, à parte lesada recorrer ao 
sistema legal para obter compensação por danos causados por ter-
ceiros. Quanto mais definidos forem esses direitos de propriedade, 
mais a comunidade estará protegida de eventuais efeitos externos 
negativos. Assim, por exemplo, regras claramente estabelecidas na 
convenção de condomínio dos edifícios residenciais, referentes ao 
uso de instrumentos musicais, podem proteger os moradores con-
tra a atividade noturna de um enérgico e insone baterista, mesmo 
talentoso. Por outro lado, quando ninguém detém os direitos de 
propriedade, não existem incentivos para os agentes econômicos 
adotarem comportamentos eficientes, já que não há como puni-
-los pela adoção de atitudes predatórias. No exemplo anterior, uma 
convenção de condomínio pouco clara no tocante ao sossego dei-
xaria os moradores à mercê do jovem músico e/ou transformaria o 
condomínio em um mundo hobbesiano, em que somente os mais 
violentos (ou os mais espertos) conseguiriam calar o importuno 
músico. 
Nesse contexto, a “internalização” das externalidades pode se 
fazer por meio da solução proposta por Coase (1980). Desde que 
os direitos de propriedade estejam bem definidos, independente-
mente de quem os detenha, é possível solucionar o problema das 
externalidades negativas, como as acima exemplificadas, por meio 
da negociação entre as partes envolvidas, sem requerer a partici-
pação de governo, como poder coercitivo. Esse resultado é conhe-
cido como o Teorema de Coase (Ronald Coase (1960)). Ele pode 
ser ilustrado da seguinte forma. Imagine que ao viajar para Paris, a 
companhia área extravia sua 
Introdução à Economia bagagem e só a devolve no Brasil. 
Ao fazê-lo, ela lhe impõe sérios inconvenientes (externalidades 
negativas), particularmente, se a viagem for no inverno. Como a 
convenção da IATA, que rege os transportes aéreos internacionais, 
garante que a companhia aérea deve transportá-lo e a sua bagagem, 
nos limites de peso previamente definidos, fica claro que cabe à 
companhia compensá-lo (definição clara dos direitos de proprie-
dade). A companhia área pode, inicialmente, propor indenizá-lo 
como base no estipulado pela mesma convenção, que na maioria 
dos casos sequer repõe o valor do conteúdo da bagagem. Você de-
cide não aceitar e faz uma contraproposta: ela deve lhe reembol-
sar todas as despesas feitas em Paris para substituir o conteúdo da 
mala e ainda lhe dar duas passagens de cortesia no mesmo trecho. 
Depois de algum tempo de negociação o acordo é fechado, com 
apenas uma passagem áreas de cortesia. Esse exemplo é um caso 
onde o Teorema de Coase se aplica porque os custos de transação 
são baixos, existem apenas duas partes envolvidas e os direitos de 
propriedade estão claramente definidos. 
Porém, esse tipo de solução não funciona bem quando as 
partes envolvidas são numerosas. Para grandes grupos, as difi-
culdades de organizá-los para tomar medidas legais são grandes, 
particularmente, em razão do problema do “carona” (free rider). 
Nesse caso, custos de transação elevados podem comprometer a 
solução de mercado para o problema das externalidades em razão 
da impossibilidade de firmar os contratos estáveis entre aqueles 
que causam e os que sofrem os efeitos externos. 
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE ECONOMIA
Assim, por exemplo, quando as externalidades são provoca-
das por bens (“males”) públicos, como a poluição, que envolvem 
milhões de agentes, é virtualmente impossível que negociações do 
tipo sugerido por Coase possam chegar a um acordo satisfatório, a 
custos relativamente baixos. 
Por fim, o Teorema de Coase supõe que é possível identifi-
car a origem dos danos externos e atribuí-losa determinado (s) 
agente(s). Ele não se aplicaria pois nos casos em que a externalida-
de está associada à impossibilidade de exclusão (indivisibilidade) 
como é o caso, por exemplo, que, dos recursos comunitários e dos 
bens públicos puros. 
Os limites das soluções privadas anteriormente discutidas 
decorrem da presença de vários fatores. Em particular, quando a 
externalidade envolve bens públicos puros, a impossibilidade de 
exclusão (e sua indesejabilidade) exige a presença de uma força 
coercitiva que possa assegurar a provisão do bem ou serviço em 
questão. Por outro lado, a ausência de direitos de propriedade bem 
estabelecidos – como é o caso dos recursos comunitários – faz 
com a solução privada não seja eficiente no sentido de Pareto jus-
tificando, assim, a intervenção do estado. Por fim a existência de 
informação imperfeita e de custos de transação elevados pode, 
também, inviabilizar a correção das externalidades sem interven-
ção do governo. 
Bens Públicos 
Os bens públicos puros ou, simplesmente, bens públicos, 
constituem um exemplo extremo de externalidade. De fato, a 
exemplo dos recursos comunitários, a propriedade desses bens não 
pode ser individualizada em razão desse bem ou serviço não ser 
divisível. Além disso, contrariamente, aos bens privados, o ato de 
consumir o bem público não reduz a quantidade disponível para 
o consumo das outras pessoas. Portanto, os bens públicos puros 
apresentam duas importantes características: o consumo desses 
bens é não excludente e não rival. 
Benefício marginal privado de redução de poluição 
Custo de redução de Poluição 
Quantidade de redução de poluição 
Benefício marginal social de redução de poluição B 
Custo marginal privado de redução da poluição 
A impossibilidade de exclusão (ou a dificuldade, gerada por 
custos elevados) implica que os indivíduos não podem ser priva-
dos dos benefícios do usufruto do bem e/ou serviço, mesmo se 
não tiverem contribuído para o seu financiamento. Um exemplo de 
bem que apresenta essa característica é um espetáculo pirotécnico, 
que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praças públi-
cas. Isto dificulta a provisão privada desse tipo de evento porque a 
impossibilidade de exclusão impede que sejam cobrados ingressos 
para financiar os custos, incluindo-se aí os lucros do organizador. 
Afinal, porque pagaríamos por esse show, se podemos vê-lo gra-
tuitamente? Portanto, nenhum empresário privado se interessaria 
pela sua produção e, então, apesar da forte demanda, o espetácu-
lo poderia não ser produzido. A impossibilidade de exclusão, ao 
inviabilizar o uso do sistema de preço para racionar o consumo, 
reduz os incentivos para o pagamento voluntário dos bens públi-
cos. Essa relutância em contribuir, voluntariamente, para financiar 
esses bens é conhecida como o problema do “carona” (free rider). 
A não rivalidade no consumo é outra característica do bem pú-
blico. Isto implica que uma vez que o bem está disponível, o custo 
marginal de provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Consi-
dere, por exemplo, o caso do espetáculo pirotécnico. O custo do 
espetáculo, uma vez determinado, não é alterado pelo fato de um 
grupo adicional de turistas decidir vê-lo. Ademais, essa decisão 
dos turistas em nada reduz o usufruto do evento pelos habitantes 
locais. Portanto, o custo marginal de provisão do espetáculo para 
esses espectadores adicionais é zero. Isso representa um franco 
contraste com os bens privados, que se caracterizam por níveis 
elevados de rivalidade no consumo. De fato, quando ocupamos 
um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este lugar deixa 
de estar disponível para outras pessoas. Outros exemplos de bens 
públicos puros são o sistema de defesa nacional, o conhecimento 
científico, um meio ambiente saudável, e governos eficientes. Em 
comum, esses bens têm o fato de seu consumo ser não excludente 
e não rival. 
Bens Quase-Públicos 
A definição de bem público, anteriormente discutida, não é 
absoluta, mas varia com as condições de uso, de mercado e com 
o estado da tecnologia. Vejamos por exemplo, o caso da energia 
elétrica. Esse serviço, quando usado nos domicílios privados, é 
um bem eminentemente privado: caso a conta de energia não seja 
paga, o serviço é suspenso e, portanto, os usuários são excluídos 
do seu consumo. Por outro lado, trata-se de um bem cujo consu-
mo é rival. Quando eu consumo uma determinada quantidade de 
quilowatts, ela já não mais está disponível para os demais consu-
midores. Por outro lado, quando essa energia é usada para iluminar 
os locais públicos, ela torna-se um bem público puro. Isto porque 
é impossível excluir alguém do benefício da iluminação pública, 
além de desnecessário; o custo 
Introdução à Economia de prover esse serviço para passantes 
adicionais é zero. Um outro exemplo menos extremo é o caso das 
estradas de rodagem. Assim, o uso de uma estrada vicinal, semi-
deserta, pode ser não rival na medida em que, nela, o tráfego é 
muito inferior a sua capacidade e, portanto, o custo marginal de 
utilização por um veículo adicional é muito baixo. Por outro lado, 
embora seja possível excluir os veículos de seu uso por meio da 
introdução de um pedágio, provavelmente os custos de instalação 
e de manutenção desse pedágio serão superiores à arrecadação e, 
por conseguinte, não valerá a pena introduzi-lo. Porém, quando a 
estrada é, por exemplo, a Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de 
Janeiro, além do custo de exclusão ser compensatório, a rivalidade 
no consumo se expressa por meio do congestionamento. 
Nesse caso, essa rodovia pode ser vista como um bem privado. 
Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, 
apenas parcialmente, as condições de impossibilidade de exclu-
são e não-rivalidade no consumo. Os bens que atendem parcial ou 
totalmente a pelo menos uma dessas características são chamados 
de bens públicos impuros ou bens quase-públicos. Utilizando o 
diagrama proposto por Stiglitz (1987), o Gráfico 1 mostra, no eixo 
horizontal, a possibilidade de exclusão e, no eixo vertical, a rivali-
dade no consumo (custo marginal de provisão), torna-se claro que, 
ao invés de uma separação bem marcada, existe um continuum 
entre bens públicos e privados. No canto inferior esquerdo desse 
diagrama, estão os bens públicos puros, para os quais os custos de 
exclusão são infinitos e não existe rivalidade no consumo. 
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE ECONOMIA
No canto superior direito encontram-se os bens privados, para 
os quais a exclusão é possível a baixos custos e o custo marginal 
de provisão é elevado. Os bens públicos impuros (bens quase-pú-
blicos) situam-se entre esses extremos. 
Bens privados ofertados pelo setor público 
Bombeiros 
Via Dutra 
Defesa Nacional Iluminação pública 
Estrada Vicinal 
Rivalidade no consumo 
Bens Privados Puros 
Possibilidade de exclusão 
Assim, serviços de saúde pública, tais como vacina contra 
doenças infectocontagiosas, beneficiam não somente as pessoas 
vacinadas, mas a população como um todo, já que previnem o sur-
gimento de epidemias. Ademais, o custo marginal da vacinação 
é positivo e a exclusão de não pagantes é possível. Porém, não é 
possível excluir dos benefícios aliados à redução das epidemias 
(nem cobrar por tais benefícios) aqueles que não se vacinaram. 
Isso torna esses serviços bens públicos impuros e por essa razão, 
muitos governos mantêm programas gratuitos de vacinação para 
encorajar, e até mesmo obrigar, a imunização maciça 
Um outro exemplo de bens quase públicos é o serviço de bom-
beiros. Nesse caso, existe, claramente, rivalidade no consumo já 
que uma equipe que sai para atender uma ocorrência, deixa, ime-
diatamente, de estar disponível para outros casos. Portanto, o custo 
marginal de provisão desse serviço é positivo e pode ser bastante 
elevado. Porém, na forma atual de moradia, onde parte significati-
va das pessoas vive em grandes aglomerações urbanas e em con-
domínios verticais, esse serviço apresenta, também, dificuldades

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