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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/283733927 Aplicação de concreto permeável na drenagem de zonas urbanas Conference Paper · November 2011 CITATIONS 0 READS 608 6 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Special Better Performance Concrete View project Disaster Risk Management and Resilience View project Alexandre Lorenzi Universidade Federal do Rio Grande do Sul 83 PUBLICATIONS 77 CITATIONS SEE PROFILE Alexandra Cruz Passuello Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 32 PUBLICATIONS 57 CITATIONS SEE PROFILE Luiz Carlos Pinto da Silva Filho Universidade Federal do Rio Grande do Sul 306 PUBLICATIONS 207 CITATIONS SEE PROFILE Josué Argenta Chies Faculdade da Serra Gaúcha 30 PUBLICATIONS 8 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Luiz Carlos Pinto da Silva Filho on 13 November 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 1 APLICAÇÃO DE CONCRETO PERMEÁVEL NA DRENAGEM DE ZONAS URBANAS APPLICATION OF PERVIOUS CONCRETE FOR DRAINAGE OF URBAN AREAS Fabiano Holtz (1), Alexandre Lorenzi (2), Alexandra Passuello (2), Luiz Carlos P. da Silva Filho (3), Roseane Shimomukay (4), Josué A. Chies (4) (1) Mestrando em Engenharia Civil, PPGEC/LEME/UFRGS (2) Doutor em Engenharia Civil, PPGEC/LEME/UFRGS (3) Professor Doutor, PPGEC/LEME/UFRGS (4) Bolsista de Iniciação Científica Av. Osvaldo Aranha, 99 - Térreo - Porto Alegre - RS - e-mail: alexandre.lorenzi@ufrgs.br Resumo Os sistemas de drenagem urbana pluvial têm como objetivo principal direcionar e auxiliar o escoamento do volume de água não absorvido pelo solo após as precipitações atmosféricas, prevenindo desta forma a formação de enxurradas e inundações. Atualmente tem-se verificado uma grande ineficiência das redes pluviais existentes. O problema do colapso do sistema pluvial não está associado a um único fator e sim a uma combinação de vários eventos, como a impermeabilização do solo, provocada pelo crescimento populacional; a desordenada expansão urbana; o descaso com o meio ambiente e aumento da intensidade das precipitações atmosféricas. Em vista disso, é necessário desenvolver novas técnicas construtivas capazes de contribuir na diminuição do escoamento superficial. Os elementos de concreto permeável se constituem em um meio eficaz para contribuir positivamente em importantes questões ambientais e apoiar o crescimento das cidades. Estudos do Grupo de Pesquisa LEME indicam que é viável a aplicação destes elementos de concreto permeável como forma de mitigar os efeitos causados pelos grandes volumes de chuva, principalmente nos grandes centros urbanos. O presente trabalho ilustra a metodologia para o desenvolvimento deste material, além de identificar os principais fatores a serem considerados, tanto na produção do concreto, quanto na aplicação em canteiro de obra. Entretanto, são ainda necessários estudos complementares para efetivar a aplicação desta nova tecnologia. Palavra-Chave: Concreto Permeável, Elementos de drenagem Abstract Urban drainage systems have the main function of direct and assist the flow of rainwater not absorbed by the soil after an atmospheric precipitation, thus preventing the formation of runoff and flooding. The repeated floods registered in many modern cities are clear evidence that current drainage systems are not able to cope with the increasing water flows. This scene is especially true in major population centers like São Paulo, where the amount of rain rushed in just 1 or 2 hours is capable of flooding the city causing huge perturbations for the population. The root of this problem is just associated with a combination of factors. It is necessary to develop new construction techniques to contribute to decrease runoff. The use of pervious concrete is a effective way to positively contribute to this important environmental issue and help support urban growth. Studies by the LEME Research Group have indicated that it is possible to introduce pervious concrete as a way to mitigate rain volume that reaches the traditional drainage system, especially in large urban centers. The LEME group has already developed and tested several permeable concrete mixes to use in sidewalks and parking lots. This paper illustrates the methodology for developing this material, in addition to identifying the main factors to consider in the production of this type of concrete, and recommendations for on-site application. However, further studies are needed to ensure that this new technology is thoroughly understood. Keywords: Pervious Concrete, Drainage Systems ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 2 1 Introdução O desenvolvimento da sociedade atual propiciou o surgimento de novas técnicas e metodologias que auxiliam o homem na exploração do meio ambiente. Esse processo trouxe sérias conseqüências que causam um grande impacto não só para a natureza, como a própria sociedade. Um dos principais é a alteração provocada pelas drenagens urbanas, principalmente em função do desenvolvimento descontrolado das grandes cidades. À medida que aconteceu o processo de urbanização nos grandes centros urbanos existiu, dentre muitos outros aspectos, a necessidade de gestão das águas pluviais. Este fato levou à construção de grandes galerias e dutos de drenagem. O que se observa é que, em vista do aumento descontrolado das grandes cidades, da impermeabilização do solo e da constante modificação do ambiente natural, esses sistemas não mais comportam as vazões que se formam. Agem simplesmente de forma a transferir o problema de um ponto para outro das cidades. Um ponto significativo para essa questão foi a alteração do meio ambiente em benefício da sociedade, com a alteração dos regimes pluviais, aterramento das áreas de várzea, retirada de cobertura vegetal e a impermeabilização do solo, (Polastre e Santos, 2003). O exame das realidades das grandes cidades mostra que a alteração dos rios urbanos, com retificação e transformação em condutos fechados ou em canais abertos, acabou sendo uma escolha equivocada. Embora essas ações resolvam inicialmente alguns problemas de drenagem, as mesmas acabam por aprisionar e acelerar o fluxo desses tributários, colaborando para agravar o problema sistêmico. Em muitos casos as administrações municipais cobrem os canais, para esconder a geração de esgoto doméstico e de resíduos sólidos na cidade, ou para criar artérias de tráfego, (Höltz, 2011). O processo de impermeabilização do solo faz com que este perca a sua capacidade natural de infiltração. Onde antes as águas percolavam naturalmente no solo, são instalados elementos impermeáveis, tais como lajotas de basalto, concreto asfáltico ou concreto portland. Isso aumenta o volume de escoamento superficial e favorece o rápido transporte das águas para as áreas mais baixas, favorecendo a ocorrência de enchentes. Conforme avança o processo de impermeabilização do solo, nota-se que os impactos sobre o ciclo hidrológico das regiões afetadas vão se agravando. Uma das conseqüências é a redução do nível do lençol freático, que deixa de ser reabastecido pelas chuvas. Outra é a alteração da movimentação do fluxo de água na bacia, (Höltz, 2011). Na sua grande maioria, os planejamentos de construções nas grandes cidades levam mais em consideração o sombreamento dos edifícios e o tráfego de veículos. Não se dá muita atenção à gestão das águas pluviais e do esgoto cloacal, disposto diretamente nos corpos hídricos sem qualquer tratamento. Muitosaspectos acabam contribuindo para uma má gestão urbana das águas pluviais como: desconhecimento da população e de profissionais no desenvolvimento de sistemas de drenagem; desconhecimento do todo, em relação à bacia hidrográfica; e, especulação de grandes empresas, que lucram muito em cima da canalização de canais (Tucci, 2007). ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 3 Em virtude do aumento desordenado dos grandes centros urbanos que necessitam cada vez mais expandir seus limites para atender o crescimento populacional, o impacto no meio ambiente pela geração de resíduos e pela impermeabilização do solo, a grande parte das cidades mundiais chegou a um limite. É preciso reverter esse quadro caótico em que se transformaram as nossas cidades. Uma das alternativas para auxiliar na perda da capacidade natural de percolação do solo são as BMPs (Best Management Practices), consideradas como novos métodos de gestão das águas pluviais. Estes métodos têm como base a criação de microreservatórios de acumulação, filtros biológicos e químicos e um aumento de áreas permeáveis, dispostos de maneira combinada na bacia, de forma a aproximar o comportamento das águas pluviais urbanas às vazões de pré-urbanização. Existe ainda a possibilidade de obter-se uma utilização secundária a essas águas. O ponto principal é tratar dessas águas no local onde elas caem, evitando grandes deslocamentos para outras áreas, bem como a poluição e danos provocados por esta (Polastre e Santos, 2003). Dentro desta nova concepção dos sistemas de gerenciamento das águas pluviais urbanas dos grandes centros urbanos, se insere o concreto permeável. Os pavimentos de concreto permeável tem sido estudados a aproximadamente 20 anos, contudo só recentemente despertou maior atenção em virtude das diretrizes de gestão de águas pluviais mais rigorosas, que inserem o produto como um material de construção sustentável. A utilização de concreto permeável oferece a possibilidade de utilização ambientalmente responsável, reduzindo os custos de construção em vários tipos de projeto, (Huffman, 2005). 2 Concreto Permeável Por definição, o concreto permeável é um concreto que possui um índice de vazios de 15 a 25% do seu total, usando pouca ou nenhuma quantidade de agregado fino na sua pasta, apenas o necessário para manter uma coesão entre os agregados graúdos e a porosidade. Em virtude desta baixa quantidade de agregado miúdo, em função da porosidade, o mesmo apresenta uma baixa resistência à compressão, algo em torno a 5 a 15 MPa. Desta forma, o mesmo vem sendo usado para locais de tráfego leve, tais como: estacionamentos, entradas de garagens, calçadas e outros mais. Ao se optar pela utilização do concreto permeável, existe a possibilidade de uma diminuição da construção de grandes obras de drenagem, permitindo um melhor uso do solo e evitando grandes alterações no meio ambiente (Tennis et al, 2004). Quando se trabalha com este tipo de concreto, a relação a/c aplicada deve ser na faixa de 0,26 a 0,45. Da mesma forma que deverá apresentar uma capacidade de percolação das águas pluviais de 120l/min./m2 a 320 l/min./m2, com uma média de 200l/min./m2 e picos de até 700l/min./m2. Contudo, na sua produção e conseqüente funcionamento é preciso levar em conta dois fatores importantes: a capacidade de percolação do solo abaixo do pavimento permeável e o índice pluviométrico característico da região. Os pontos positivos deste tipo de concreto são: a eliminação dos problemas causados pelas enchentes, evitar a poluição dos corpos hídricos através do carreamento de poluentes, a atenuação dos efeitos do aquecimento global, facilitar a arborização das ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 4 árvores em centros urbanos, a redução dos custos com obras de drenagem, o favorecimento de economias regionais e, além disto, melhora a tração dos carros por conta da sua rugosidade. Como pontos negativos, existe a questão do entupimento dos poros, o que requer uma manutenção anual e uma resistência da população por ser algo novo (Polastre e Santos, 2003). Para a construção de um pavimento permeável, primeiramente deverá ser preparada uma camada de sub-base para absorver as águas pluviais que percolarem através do pavimento. A mistura, o preparo e a colocação do concreto no pavimento devem ser feitos com muito cuidado para evitar sulcos, fissuras e outros danos prejudicando o seu funcionamento. De acordo com Tennis et al. (2004), o transporte do local da produção do concreto permeável até o local da pavimentação não deve exceder em uma hora. Isto se dá pelo fato de que este concreto reage muito mais depressa do que o convencional pela pouca quantidade de água na sua mistura. A concretagem deve ser feita com cuidado, com a checagem da consistência visualmente. A mesma deverá ser contínua em todo o pavimento, devendo-se utilizar uma vibroacabadora para permitir uma melhor acomodação dos agregados (Figura 2.1). Contudo, em virtude do rápido tempo de pega, este processo deverá ser concluído em, no máximo, 15 minutos. Tão logo é finalizada esta etapa, utiliza-se um rolo compressor da largura do pavimento, para evitar danos como abertura de fissuras. Através da utilização do rolo tem-se a garantia de uma maior compactação do pavimento, sem comprometer a permeabilidade. Como o concreto permeável possui um alto índice de porosidade o processo de cura torna-se muito importante de forma a evitar ao máximo uma perda excessiva de água. O processo de cura também deve iniciar logo no término da pavimentação, cobrindo-se a região concretada com um plástico sobre o pavimento durante sete dias. Figura 2.1 – Execução de Pavimento em Concreto Permeável, (Huffman, 2005). ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 5 A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, gerou outra onda de uso de concreto permeável, pois deixou quase toda a Europa com uma grande necessidade de moradias, o que encorajou o emprego de métodos de construção simples e de baixo custo, que nunca tinham sido antes usados. Dentre estes métodos destacou-se o uso do concreto permeável, (Höltz, 2011). Após a Segunda Guerra mundial, a grande demanda por tijolos e matéria-prima para reconstrução da infra-estrutura dos países afetados, associada com a inabilidade da indústria em produzir tijolos com a rapidez necessária, levou à adoção do concreto permeável como material de construção. Isto ocorreu, principalmente, devido à grande disponibilidade de agregados graúdos e à ausência de bons tijolos. Ao longo dos anos, o concreto permeável contribuiu substancialmente para a produção de casas no Reino Unido, Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Escócia, Espanha, Hungria, Venezuela, Oeste da África, meio Leste, Austrália e Rússia (ACI, 2006). Nos dias atuais nos EUA, Europa e Japão existem empresas especializadas no desenvolvimento deste tipo de material, bem como existem normas internacionais do American Concrete Institute, tais como a ACI-522R-06 “Pervious Concrete” e a ACI- 211.3R-02 “Guide for selecting proportions for no-slump concrete”. No Brasil, o uso deste tipo de concreto ainda é bastante restrito às instituições de pesquisa, com pouquíssimos exemplos práticos, como o Parque Tecnológico de Belo Horizonte – BH-Tec, (Polastre e Santos, 2003). Em virtude disto, não existe nenhuma norma nacional que indique como o concreto permeável deverá ser utilizado. Contudo, o concreto permeável vem chamando a atenção em virtude de uma renovação no interesse de melhores métodos de drenagem urbana, como forma de gestão das enxurradas urbanas. Com os problemas das enxurradas agora mais presentes é de suma importância que se busquem alternativas mais sustentáveis para a drenagem urbana. 3 Programa ExperimentalEm virtude de que o concreto permeável ainda não possui uma grande difusão no Brasil como em outros países, pouco se sabe sobre os seus métodos de produção e instalação em pavimentação. Desta forma, fez-se necessário uma investigação quanto ao melhor traço utilizado, vislumbrando-se os melhores resultados em resistência à compressão (MPa) deste concreto, associado a bons resultados de permeabilidade, de maneira a permitir uma rápida percolação da água das chuvas para o lençol freático. Tendo esse objetivo em mente, o programa experimental foi estruturado em várias etapas de maneira a tentar cobrir todo o aspecto de desenvolvimento deste material. As etapas foram as seguintes: a) Investigação do melhor traço através de ensaios de resistência à compressão; b) Escolha do melhor traço e estudo da aplicação da vibração sobre o concreto permeável; c) Comparação dos resultados obtidos entre os cp’s moldados em corpos cilíndricos e extraídos de fôrmas maiores e; d) Realização dos ensaios de permeabilidade. ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 6 Assim, o programa experimental se apresentou conforme ilustrado na Figura 3.1. Figura 3.1 – Fluxograma do Programa Experimental Os ensaios de resistência à compressão foram realizados em uma prensa hidráulica servo-controlada, marca SHIMADZU, com capacidade para 2.000 kN. De acordo com a NBR 5739 (2007), a estrutura de aplicação da carga deve ter capacidade compatível com os ensaios a serem realizados, permitindo a aplicação controlada da carga. A mesma indica, ainda, que o ensaio deve ser realizado, tanto quanto possível, imediatamente após a remoção dos corpos-de-prova do local de cura. Para o ensaio de permeabilidade do concreto tomou-se como base o ensaio descrito em Neithalath et al. (2003). Basicamente o corpo-de-prova cilíndrico foi envolto em uma membrana de látex e inserido no interior do equipamento. Após isto, acoplou-se um tubo de acrílico graduado, colocou-se uma lâmina d’água até a saturação de todo o sistema e, por fim, realizou-se o ensaio. Primeira Etapa Segunda Etapa Terceira Etapa Quarta Etapa Seleção materiais e traços a serem ensaiados Revisão Bibliográfica Análise de traços - brita 1, pedrisco e 7% de agregado miúdo Análise dos efeitos de vibração nos cp’s Análise dos traços - de acordo com a norma ACI522-06 Comparação entre os resultados da resistência à compressão: - cp’s extraídos - cp’s moldados Realização dos ensaios de permeabilidade nos cp’s Análise final dos resultados obtidos ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 7 No ensaio, deve-se contar o tempo (t) que a lâmina d’água demora para percolar de uma altura de 290mm (h1) até a altura de 70mm (h2). Este procedimento deve ser repetido três vezes e, posteriormente, o coeficiente de permeabilidade (k) foi calculado utilizando- se a lei de Darcy: h h A A t l K 2 1 2 1 log (Equação 1) O desenvolvimento do ensaio de permeabilidade utilizado nesse estudo seguiu os mesmos princípios descritos em Neithalath, mas com as seguintes modificações, conforme ilustrado na figura 3.2: a) Reservatório Principal: Tubo de PVC rígido com 97mm de diâmetro interno e comprimento de 200mm com CAP (tampa para cano de PVC) na parte inferior e saída do dreno; b) Reservatório Auxiliar: Tubo graduado em mm, diâmetro interno de 95mm de diâmetro interno por 300mm de comprimento com flange para acoplamento ao reservatório principal; c) Dreno: Saída do reservatório principal com um tubo de PVC com diâmetro interno de 32mm e registro de gaveta com coluna de 10mm acima do corpo-de-prova. Para a execução do ensaio foram necessários os seguintes itens: a) Equipamento para drenagem; b) Membrana de látex com 80mm de diâmetro por 245mm de comprimento; c) Corpo-de-prova; d) Cronômetro; e) Água. A execução do ensaio obedeceu aos seguintes passos: a) Encamisou-se o corpo-de-prova com a membrana látex; b) Introduziu-se o cp no reservatório principal e o restante da membrana látex foi invertida pela parte externa do reservatório; c) Acoplou-se o reservatório auxiliar ao principal; d) Com o registro aberto no dreno, foi colocada água até a saída da mesma pelo ladrão; e) Fechou-se o registro e preencheu-se o reservatório auxiliar; f) Aguardou-se, em média, três minutos para a saturação do cp e, caso necessário, preencheu-se o reservatório auxiliar; g) Abriu-se o registro e disparou-se o cronômetro, travando-se o mesmo quando o nível da água chegou ao inferior; h) Repetiu-se o processo por três vezes em cada cp. Para a seleção dos traços que seriam usados nos ensaios, tomou-se como base a faixa de relação a/c referenciada na norma do ACI 522R-06 (0,26 a 0,45), com variações na relação entre pasta e materiais secos, de forma a determinar o traço que apresente bons resultados de resistência à compressão e permeabilidade. ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 8 Figura 3.2 – Aparelho construído para a medição da condutividade hidráulica Inicialmente foram moldados alguns cps com diferentes traços (1:5, 1:7 e 1:9) sendo que os melhores resultados, como eram esperados, foram encontrados no traço 1:5. Posteriormente, foram realizados ajustes para dar continuidade aos ensaios, sendo que foi inserido no planejamento o traço 1:4 e os cp’s foram extraídos de blocos e não apenas moldados em fôrmas cilíndricas. Os traços utilizados estão nas tabelas 3.1 e 3.2. Tabela 3.1 – Traços concretados para a etapa I Relação pasta/materiais secos (m) Relação água/cimento (a/c) Concreto (Etapa I) Materiais Utilizados Cimento (Kg) Agregado Graúdo (Kg) Água (l) 5 0,26 5,9 29,24 1,53 5 0,30 5,9 29,24 1,77 5 0,35 5,9 29,24 2,06 5 0,45 5,9 29,24 2,65 7 0,26 4,42 30,96 1,15 7 0,30 4,42 30,96 1,33 7 0,35 4,42 30,96 1,55 7 0,45 4,42 30,96 1,99 9 0,26 3,54 31,85 0,92 9 0,30 3,54 31,85 1,06 9 0,35 3,54 31,85 1,24 9 0,45 3,54 31,85 1,59 ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 9 Tabela 3.2 – Traços concretados para a etapa II Tipo de Fôrma Relação pasta/ma- teriais secos (m) Relação água/cimento (a/c) Concreto (Etapa II) Materiais Utilizados Pedrisco (Kg) Brita (Kg) Areia (Kg) Cimento (Kg) Água (l) V 4 0,30 102,24 ____ _____ 25,56 7,67 H 4 0,30 99,290 ____ ____ 24,820 7,45 V 4 0,30 _____ 102,24 ____ 25,56 7,67 V 4 0,30 ____ 95,08 7,16 25,56 7,67 V 4 0,30 _____ 104,78 7,89 28,17 8,45 H 4 0,30 ____ 94,07 ____ 23,52 7,06 H 4 0,30 ____ 51,02 3,84 13,17 4,11 H 5 0,30 ____ 48,09 3,62 10,47 3,10 H 5 0,30 103,42 ____ ____ 20,68 6,21 H 5 0,30 ____ 103,42 ____ 20,68 6,21 De uma maneira geral, os resultados preliminares, mostraram uma variabilidade muito grande. Um dos fatores que pode ter contribuído para este fato de que existe uma dificuldade muito grande de moldagem dos cps cilíndricos. Este fato fez com que a pesquisa passasse a trabalhar com cps extraídos de um bloco. É importante salientar que, de acordo com a literatura, o concreto permeável não se comporta estruturalmente da mesma maneira que o concreto convencional. De uma maneira geral, os melhores resultados foram encontradosno traço 1:4 em que os cps foram extraídos e naqueles em que foi aplicada a vibração. 4 Resultados Os resultados de resistência à compressão ficaram na faixa de 2 a 10 MPa, em média. Os melhores resultados da primeira etapa (10 MPa) foram obtidos com o traço 1:5 em massa. O traço 1:7 obteve valores aproximados de 5 MPa e o traço 1:9 obteve valores entre 2 e 3 MPa. Outra questão pertinente foi a aplicação da vibração sobre o concreto permeável, onde os melhores resultados foram aqueles onde algum tipo de vibração foi aplicada. Um fator importante no que se refere à implantação de um pavimento permeável é garantir que, mesmo após a vibração, o concreto tenha permeabilidade suficiente. Para efeito de comparação, quando da análise dos resultados dos ensaios de permeabilidade, tomou-se como base o índice de percolação de um solo com areia grossa (600l/min./m2), de acordo com Pinto (2006). Contudo, dever-se-ia permanecer dentro da faixa mencionada na bibliografia de 120/min./m2 até 320l/min./m2 com picos de até 700l/min./m2. As tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 e as figuras 4.1, 4.2 e 4.3 demonstram a importância da vibração no pavimento, em relação aos índices de permeabilidade. ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 10 Os resultados preliminares indicam que a permeabilidade se encontra muito diversa nos concretos ensaiados, variando entre 100l/min./m2 a 1000l/min./m2, sendo que os maiores índices foram aqueles nos corpos de prova moldados, por conta da dificuldade na confecção dos mesmos e do acomodamento da brita dentro das fôrmas cilíndricas. No caso dos corpos-de-prova extraídos o índice de permeabilidade é menor em função da correta produção dos blocos de concreto, sendo que o índice de permeabilidade ficou em conformidade com o valor máximo encontrado num solo de areia grossa. Outro traço que apresentou bons índices de permeabilidade, em relação à capacidade máxima do solo, foi o vibrado e com a adição de uma pequena porcentagem de agregado miúdo. Quanto a questão da diferença da brita utilizada não foi observado grandes diferenças, o que conduz a conclusão que diferentes tipos de brita podem ser utilizadas em uma pavimentação sem maiores complicações. O fator determinante será a aplicação da vibração sobre o pavimento, para permitir um melhor acomodamento dos agregados, sem comprometer a sua permeabilidade. Tabela 4.1. – Traços 1:4 com 7% de agregado miúdo Tipo cp Vibração Índice de permeabilidade (l/min./m 2 ) Extraído Vibrado com mesa vibratória 338,175 143,451 108,623 Extraído Vibrado com vibrador do tipo agulha 544,072 484,268 465,546 Moldado Vibrado com mesa vibratória 328,549 277,468 305,911 Tabela 4.2. – Traço 1:4 Tipo de cp Tipo de material Vibração Índice de permeabilidade (l/min./m 2 ) Extraído Brita 1 Vibrado 480,10 Moldado Brita1 Vibrado 869,72 Extraído Pedrisco Vibrado 379,29 Moldado Pedrisco Vibrado 537,91 Extraído Pedrisco Não-Vibrado 698,21 Moldado Pedrisco Não-Vibrado 1153,12 Extraído Brita 1 c/ 7% de areia Vibrado 307,11 Moldado Brita 1 c/7% de areia Vibrado 251,40 ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 11 Tabela 4.3. – Traço 1:5 Tipos de cp Tipo de material Vibração Índice de permeabilidade (l/min./m 2 ) Extraído Brita 1 c/ 7% de areia Não-Vibrado 626,66 Moldado Brita 1 c/ 7% de areia Não-Vibrado 890,36 Extraído Pedrisco Vibrado 524,89 Moldado Pedrisco Vibrado 567,02 Extraído Pedrisco Não-Vibrado 818,33 Moldado Pedrisco Não-Vibrado 746,55 Extraído Brita 1 Vibrado 552,12 Moldado Brita 1 Vibrado 860,15 Extraído Brita 1 Não-Vibrado 678,03 Moldado Brita 1 Não-Vibrado 1343,45 Figura 4.1 – Traço 1:4 - CP’s extraídos ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 12 Figura 4.2 – Traço 1:4 - CP’s moldados 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 M5 NVE Brita 1 areia M5 VE Pedrisco M5 NVE Pedrisco M5 VE Brita 1 M5 NVE Brita 1 Areia Grossa Ín di ce de Pe rm ea bil ida de (l /m in. /m 2) Traços Utilizados Figura 4.3 – Traço 1:5 – CP’s extraídos ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 13 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 M5 NVM Brita 1 areia M5 VM Pedrisco M5 NVM Pedrisco M5 VM Brita 1 M5 NVM Brita 1 Areia Grossa Ín dic e d e P er m ea bil ida de (l /m in. /m 2) Traços Utilizados Figura 4.4 – Traço 1:5 - CP’s moldados 5 Conclusões Em vista de todo esse processo de urbanização e expansão dos grandes centros urbanos é preciso observar a questão da gestão das águas pluviais. Nos dias atuais, em função de uma má gestão das mesmas, inúmeros transtornos são causados à população, tanto em relação aos danos estruturais quanto à proliferação de doenças, tais como a leptospirose. Deve-se levar em conta o impacto causado no meio ambiente pela poluição carreada nos centros urbanos para os corpos hídricos, a modificação do ambiente pela construção de tubulações de drenagem e os custos necessários para estes empreendimentos. Nesse cenário se insere o concreto permeável, como uma alternativa ecologicamente correta e viável, aproximando o ambiente urbano das condições de urbanização. A metodologia desenvolvida nessa pesquisa buscou analisar a viabilidade do concreto permeável. Neste sentido procurou-se conciliar resultados de resistência à compressão com a permeabilidade. No caso da resistência à compressão a aplicação da vibração se mostrou de suma importância para o sucesso do concreto permeável, pois contribuiu com um melhor empacotamento, refletindo-se em melhores resultados de resistência à compressão. ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 14 Já em termos de permeabilidade do concreto, os resultados obtidos mostram todo o potencial do concreto permeável em mitigar o impacto das águas pluviais nos centros urbanos, permitindo uma infiltração no local e eliminando os graves problemas das enxurradas. Todavia é necessário verificar dois parâmetros importantes: a capacidade de percolação do solo abaixo do pavimento e o índice pluviométrico médio da região onde o pavimento será produzido. Estes dois fatores serão preponderantes no momento da tomada de decisão em relação ao tipo de concreto permeável que deverá ser utilizado. Mais pesquisas estão sendo desenvolvidas no sentido de demonstrar todo o potencial de utilização do concreto permeável como um mitigador das enxurradas urbanas, atualmente tão recorrentes em função das mudanças climáticas que afetam o nosso planeta. 6 Referências AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 522R-060: Pervious Concrete. In: MCP 2007 – ACI Manual of Concrete Practice, ACI Committee 522. Detroit: 2006, 25p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaio de compressão de corpos cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007, 4p. HöLTZ, F. C., Uso de Concreto Permeável na Drenagem Urbana: Análise da Viabilidade Técnica e do Impacto Ambiental. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Porto Alegre, BR-RS, 2011. HUFFMAN, D. Understanding Pervious Concrete. The Construction Specifier, Alexandria, EUA, 2005, p. 41-49. NEITHALATH, N. et al. 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