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Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário 1. Responsabilidade Civil Ambiental ....................................................................... 2 1.1. Caráter reparador ........................................................................................ 5 1.2. Omissão do dever de fiscalizar da administração pública .............................. 6 1.3. Vedação à denunciação da lide e chamamento ao processo .......................... 6 1.4. Litisconsórcio ............................................................................................... 7 1.5. Inversão do ônus da prova ............................................................................ 7 Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1. Responsabilidade Civil Ambiental Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Em relação a esse último parágrafo, pode ser responsabilidade civil, administrativa ou criminal. Não temos a certeza de qual responsabilidade trata. Pela redação, temos que determinada conduta pode causar responsabilidade civil, administrativa ou penal, então, a mesma conduta pode enseja uma responsabilidade nessas três esferas e são interdependentes. Pode ser que um indivíduo seja responsabilizado na esfera cível, mas não na criminal. A doutrina e a jurisprudência consideram que, por esse parágrafo não apresentar qual o tipo de responsabilidade ambiental que aborda, temos que aquela conduta enseja responsabilidade nessas três esferas, sendo inexistente o bis in idem. Aqui, a responsabilidade ambiental é objeto de competência legislativa concorrente (art. 24, VIII/CF). Alguns conceitos importantes: I. Poluidor: art. 3º, IV, da Lei 6.938/19811: é a pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, diretamente ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Se a pessoa jurídica de direito público estiver explorando de forma direta, será responsável diretamente pelo dano ambiental ensejado pela conduta; mas se estiver explorando de forma direta, mas concedeu uma licença para que aquele empreendedor operasse de forma irregular, dispensando o Eia Rima com seu respectivo relatório ou outros estudos, conforme a atividade que estiver sendo explorada, teremos uma responsabilidade indireta por causa da concessão de uma licença ambiental. Esse caso 1 Institui a política nacional do meio ambiente Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br de Mariana tem uma Ação Civil Pública Ambiental tramitando, em que o MPF inseriu no polo passivo a SAMARCO e a VALE, como também o Ibama e o Estado do MG, alegando que houve uma certa omissão em relação a observar melhor os documentos apresentados pelas pessoas jurídicas de direito privado, por parte do Estado e do Ibama. Além disso, foram omissos em relação a análise dos pressupostos desses documentos e concessão da licença ambiental, sendo responsabilizados pela degradação ambiental que ocorreu no Rio Doce. Isso é importante, pois verifica-se que a administração também pode ser responsabilizada. II. Degradação ambiental: Art. 3º, III da Lei 6.938/1981: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente poluam o meio ambiente. Quem prestará prova da FCC é necessário conhecer determinados conceitos. A responsabilidade civil ambiental SEMPRE será objetiva, em regra, se há um nexo de causalidade entre a conduta do sujeito e o dano ambiental. Imaginemos uma conduta e não temos que verificar se o indivíduo atuou com dolo ou culpa. A conduta ensejou um dano ambiental, temos que verificar se há um nexo de causalidade que ligue aquela conduta ao dano ambiental ocorrido, em regra. Isso porque temos, também, no art. 2º, § 2º do Novo Código Florestal, que fala que as responsabilidades são propter rem, ou seja, são de direito real, que seguirão a coisa, logo não vamos verificar se há nexo de causalidade. Art. 2º. § 2o As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. Imagine que uma pessoa possui uma chácara em São Pedro, que é um local com 20% de área de reserva legal que deve ser constatada na propriedade rural. É necessário ter 20% de vegetação nativa, mas como foi feito uma piscina, tem-se, apenas, 10% dessa propriedade. Essa chácara é vendida em seguida, que continua com seus 10% de área de reserva legal, ainda faltando outros 10% para complementar. Após, o fiscal do Ibama autua esse comprador e passa as informações ao MP gerando uma ação. O que acontece? Vai existir responsabilidade civil desse comprador? De acordo com o Novo Código Florestal, existe uma responsabilidade propter rem, que segue o bem, assim, o comprador será condenado de forma solidária a quem praticou a conduta pelo dano ambiental ocorrido. É o mesmo que ocorre com a hipoteca. Se não paga a casa, aquele que a adquiriu, tornar-se-á o credor daquela hipoteca, por ser um direito real. Por isso, em regra, temos que demonstrar o nexo de causalidade, mas, nesse caso, não há como ser demonstrado. Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br Será objetiva, não sendo verificada atuação com dolo ou culpa ou se foi uma conduta proveniente de caso fortuito e força maior. Isso porque adotamos uma teoria excludente do caso fortuito e força maior que, apesar de existirem, são abarcadas pela responsabilidade, não são excluídas. Conforme foi falado, a responsabilidade será solidária, mas imagine o Rio Tietê em São Paulo, que é poluído por várias indústrias que jogam seus resíduos no curso de água. O MP quer entrar com uma ACP em face dessas empresas. Ele vai demandar a empresa A, a empresa B e a empresa C, e se nenhuma delas demonstrar, no conjunto probatório, que possui uma responsabilidade com aquele dano ambiental, não havendo um nexo de causalidade, elas serão condenadas de forma solidária. Em relação à pessoa jurídica de direito privado, há solidariedade em relação à condenação. O MPexecutará e, se apenas A possuir patrimônio, responderá a toda a dívida em relação ao título executivo judicial, podendo entrar com ação regressiva em face de B e C. Assim, na responsabilidade solidária, pode-se cobrar uma ou todas. Em relação à administração pública, a responsabilidade também será objetiva, independente de ser pessoa jurídica de direito privado ou pública. Importante sempre lembrar que, aqui, é totalmente distinto do direito administrativo. Em relação à omissão, temos a responsabilidade objetiva do ente público. O art. 225, caput fala que é dever do poder público preservar o meio ambiente, logo, se houver uma omissão por parte da administração pública, estaremos falando de um ato omissivo comissivo por ser um dever. A jurisprudência do STJ entende que a responsabilidade, em caso de omissão, será sempre objetiva. Há doutrinadores que dispõem em sentido contrário como Nelson Nery, no entanto devemos pensar no direito ambiental de forma diferente do direito administrativo. A responsabilidade da administração pública, conforme entendeu o STJ, é subsidiária. Numa prova de magistratura houve a cobrança sobre a questão da responsabilidade subsidiária e a VUNESP entendeu que a condenação poderia ser solidária, mas a execução do título executivo judicial, a responsabilidade, seria subsidiária. Imagine o caso da SAMARCO. De acordo com o entendimento da VUNESP, a condenação será solidária e todos eles estarão no polo passivo da tutela coletiva da sentença coletiva. Transitado em julgado, a liquidação, de acordo com a banca, na execução da sentença, a responsabilidade será subsidiária: primeiro será executada a SAMARCO e a Vale por serem pessoas jurídicas de direito privado. Se elas não tiverem patrimônio, há duas opções: pedir a desconsideração da personalidade jurídica adotando a teoria menor ou executar de forma subsidiária a administração pública (o estado do MG e o Ibama). Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br Art. 14, Lei 6.938/1981. § 1º- Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. Aqui, temos a responsabilidade objetiva independentemente da existência de culpa. Temos, inclusive, a possibilidade de legitimação ativa de litisconsórcio ativo entre os dois entes. Cuidado que, em questão da responsabilidade administrativa, não será o MP que terá essa competência, mas a questão do órgão ambiental que deve lavrar o auto de infração e instaurar um processo administrativo. Há algumas peculiaridades faladas pela doutrina minoritária, que afirma que a responsabilidade criminal é objetiva, mas, na verdade, é subjetiva. 1.1. Caráter reparador Ela possui um caráter reparador no Brasil. Porém, nos EUA não temos esse caráter, mas sim um caráter sancionador (caso do Golfo do México com a maior condenação a indenização na história mundial), ou seja, é paga uma quantia vultuosa para que se aprenda a lição. Se a pessoa tivesse se adequado às normas e utilizado material novo, não teria prejudicado o meio ambiente, assim, é condenada por uma quantia exorbitante. As pessoas jurídicas de direito privado condenadas na questão do Golfo do México devem pagar uma grande quantia para faculdades estadunidenses para o desenvolvimento de pesquisa no ambiente marinho. Aqui, no caso da Samarco e da Vale, diz-se que o poder judiciário está estudando o caso do Golfo do México, o que seria interessante essa possível mudança de entendimento em relação a responsabilidade civil, pois no país, é mais fácil pagar uma quantia do que se adequar as normas ambientais. Há a possibilidade da administração pública ser poluidora de forma direta ou indireta. Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim, não que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais, haja vista que a responsabilidade civil por dano ambiental prescinde da culpa e revestir a compensação de caráter punitivo proporcionaria o bis in idem (pois, como afirmado, a punição imediata é tarefa específica do direito administrativo e penal). REsp. 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/3/2014. Fonte: Dizer o Direito. Temos apenas um caráter reparador, diferente dos EUA. O STJ entendeu que, no caso completo, a quantia requerida pelo dano, ultrapassava o caráter reparador da responsabilidade civil ambiental, indo para um caráter punitivo, que é objeto do direito administrativo e penal em matéria ambiental. 1.2. Omissão do dever de fiscalizar da administração pública 4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ. 5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta duas exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva do ente público decorrer de expressa previsão legal, em microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3.º, IV, c/c o art. 14, § 1.º). 1.3. Vedação à denunciação da lide e chamamento ao processo Outro julgado importante do STJ é em relação à vedação da denunciação à lide ou chamamento ao processo por conta da celeridade processual. Temos dois pontos importantes a serem estudados. É vedado porque quando permitimos essas duas formas processuais, teremos uma ampliação subjetiva do polo passivo. Isso é importante porque, se tivermos essa ampliação, não teremos celeridade processual. Como é sabido, estamos falando de um bem de direitos humanos de terceira dimensão/geração. É necessário ter uma resposta rápida ao dano Direito Ambiental O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br ambiental causado pela conduta. Vários sujeitos no polo passivo demorariam a dar uma resposta que deveria ser imediata por parte do judiciário. 1.4. Litisconsórcio Outra questão que poderia propiciar é que, trazendo novos indivíduos para a demanda, necessariamente, discutiríamosa possibilidade de eles participarem da lide. Há dispositivo do NCPC nesse sentido. Se há essa abordagem, será discutida a atuação por dolo ou culpa, o que é contrário aos preceitos de responsabilidade civil objetiva ambiental. O litisconsórcio é facultativo tanto no polo ativo, quanto passivo. Há a possibilidade do MPE, MPF e MPT (quando envolver meio ambiente do trabalho) atuarem no polo ativo, devendo demonstrar que há uma necessidade de todos atuarem. Também é possível o litisconsórcio passivo facultativo, como no caso das indústrias ao longo do Rio Tietê, na qual o MPE/SP pode demandar ACP apenas contra A, sendo condenada, mas B e C não estão no polo passivo, podendo entrar com ação regressiva em face das demais. O MPE também pode demandar A e B, deixando C de lado. 1.5. Inversão do ônus da prova Por conta do princípio da precaução, temos a inversão do ônus da prova numa ACP ambiental (art. 6º, CDC). Seguindo o exemplo anterior, tendo sido proposta uma ACP contra A, B e C. Porém, C discorda sobre as alegações do MPE. De acordo com o CDC, não é quem alega que deve provar, porque estamos comparando o meio ambiente com o consumidor, que são hipossuficientes. Aquele que deseja ser excluído do polo passivo da lide, deve trazer um conjunto de provas demonstrando que não é autor do dano ambiental. Então, não caberá ao MPE alegar quem causou o dano. Fazendo uma comparação com execução fiscal, a Fazenda está inserindo na CDA tanto a pessoa jurídica, quanto o sócio da empresa, porque a CDA terá presunção de certeza e liquidez, logo, há uma inversão do ônus da prova. O sócio que foi inserido, deve demonstrar que não houve dissolução irregular da pessoa jurídico, abuso ou qualquer outra coisa que prove que ele deve ser excluído da execução fiscal.
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