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Educação Especial e Inclusiva EDUCAÇÂO ESPECIAL E INCLUSIVA PROFª. M.SC. ANDRÉIA AP. FERRAZ Guia referente à disciplina de Projetos Sociais e Comunitários do curso de Pedagogia da UNIRP – Centro Universitário de Rio Preto, orientado pela Profª Esp. Sandra Regina Domingos de Brito. SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SÃO PAULO – BRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO - UNIRP Halim Atique Junior Reitor Manuela Kruchewsky Bastos Atique Vice-Reitora Anete Maria Lucas Veltroni Schiavinatto Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Agdamar Affini Suffredini Pró-Reitora Acadêmica Almir Pecoraro Pró-Reitor Administrativo e Financeiro Ricardo Costa Gestor de EAD INTRODUÇÃO .............................................................................. 7 CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO À PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................. 9 CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA ............ 35 CAPÍTULO 3 - ENSINANDO E APRENDENDO NA DIVERSI- DADE ............................................................................................. 53 CAPÍTULO 4 - DEFICIÊNCIA FÍSICA ........................................ 81 CAPÍTULO 5 - DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................... 97 CAPÍTULO 6 - DEFICIÊNCIA AUDITIVA ................................... 117 CAPÍTULO 7 - AUTISMO ............................................................. 141 CAPÍTULO 8 - ATENDIMENTO EDCUCACIONAL ESPE- CIALIZADO ................................................................................... 149 CAPÍTULO 9 - FAMÍLIA PARCEIRA DA INCLUSÃO ESCO- LAR ................................................................................................ REFERÊNCIAS ............................................................................ 173 178 INTRODUÇÃO .............................................................................. 7 CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO À PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................. 9 CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA ............ 35 CAPÍTULO 3 - ENSINANDO E APRENDENDO NA DIVERSI- DADE ............................................................................................. 53 CAPÍTULO 4 - DEFICIÊNCIA FÍSICA ........................................ 81 CAPÍTULO 5 - DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................... 97 CAPÍTULO 6 - DEFICIÊNCIA AUDITIVA ................................... 117 CAPÍTULO 7 - AUTISMO ............................................................. 141 CAPÍTULO 8 - ATENDIMENTO EDCUCACIONAL ESPE- CIALIZADO ................................................................................... 149 CAPÍTULO 9 - FAMÍLIA PARCEIRA DA INCLUSÃO ESCO- LAR ................................................................................................ REFERÊNCIAS ............................................................................ 173 178 7 Educação Especial e Inclusiva INTRODUÇÃO Atualmente a sociedade tem vivido um período de transição entre a valoração de velhos conceitos arraigados culturalmente e a construção de novos, mediante mudanças ocorridas devido às tentativas constantes de atender à necessidade social da equivalência de oportunidades para todos os cidadãos, já que a igualdade entre os mesmos é legalmente garantida. Assim sendo, a inclusão de pessoas com deficiência nos diversos contextos sociais cresce tanto quanto as reflexões sobre paradigmas, como o preconceito, a igualdade de direitos e muitos outros. A efetivação da inclusão exige a superação de vários desafios, tais como: estabelecimento de novas formas pedagógicas, capacitação dos professores para saber lidar com diferentes problemáticas, os alunos e a própria criança com deficiência precisa participar ativamente de seu processo de inclusão. A escola, como instituição responsável pela educação formal do indivíduo, deve prepará-lo para conviver de maneira saudável nessa nova sociedade, que se constitui do respeito à diversidade humana. Desse modo, a inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, beneficia a todos os envolvidos nesse processo, pois promove a construção de uma sociedade mais justa. Diante desse contexto, faz-se necessário um estudo aprofundado sobre o assunto, com o objetivo de refletir sobre a proposta da educação inclusiva no âmbito escolar, assim como a mesma pode maximizar o desenvolvimento da pessoa com deficiência, visando não somente o sucesso acadêmico, mas também a autonomia e independência desse aluno. Partindo desse direcionamento, o presente material desenvolve uma apresentação sobre a visão geral das concepções de educação especial numa perspectiva inclusiva, evidenciando seus objetivos e princípios, elucidando os principais aspectos históricos, filosóficos e legais que justificam a radicalidade das mudanças ocorridas no meio educacional e a implantação legal desse norteador do cotidiano escolar. 7 8 Educação Especial e Inclusiva Também, serão apresentadas as principais classificações das deficiências, bem como suas causas, prevenções e caracterizações, a fim de promover uma reflexão sobre as adequações pedagógicas a cada uma delas para promoção educacional plena. Considerando que o alvo desse estudo é a aplicabilidade da educação inclusiva para alunos com as mais diversas deficiências, explicitaremos como deve ser o atendimento educacional especializado para esses educandos, e a importância da parceria entre o professor desse segmento, o professor da sala de aula comum e a família do aluno com deficiência mental. Espera-se que as informações dessa disciplina possam embasar uma reflexão segura, e proporcionar-lhe momentos de reflexão e condições de desenvolver sua prática pedagógica, atendendo à diversidade das necessidades apresentadas por seus alunos. Bom estudo! 8 I – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Mesmo com o desenvolvimento histórico da educação especial no Brasil, com as informações veiculadas pela mídia e com o crescimento da tecnologia e das ciências da saúde, que possibilitam uma melhor qualidade de vida para o ser humano, ainda há um número significativo de pessoas que não tem informação necessária sobre as implicações da deficiência. Isso as impede de ter acesso aos programas e cuidados com a prevenção, o que resulta na marginalização e segregação dessas pessoas, que ficam sem atendimento educacional e com problemas de convivência social. Iniciar um estudo sobre os fundamentos da educação inclusiva, realizando uma retrospectiva histórica acerca da educação especial, nos leva à compreensão dos aspectos políticos e econômicos que justificam as necessidades de transformações para contemplar os direitos individuais da diversidade humana. A filosofia inclusiva permitiu que os programas de educação especial fossem reconhecidos como modalidade do ensino regular. Essa conquista histórica ainda está sendo implementada, mas já permite que pessoas com deficiências participem da comunidade escolar mais próxima de sua residência com os mesmos direitos de outros alunos. Por séculos a humanidade carregou um estigma preconceituoso de incapacidade das pessoas com deficiência, destinando-as ao isolamento social sem reconhecimento de humanidade e cidadania. Acreditava-se que as deficiências eram doenças e que, se não havia cura, então o ideal seria manter as pessoas com deficiência afastadas do convívio comunitário e, em muitas situações, da própria família. Para iniciar nossareflexão sobre a história da educação especial e inclusiva, é interessante analisar alguns conceitos. Também, serão apresentadas as principais classificações das deficiências, bem como suas causas, prevenções e caracterizações, a fim de promover uma reflexão sobre as adequações pedagógicas a cada uma delas para promoção educacional plena. Considerando que o alvo desse estudo é a aplicabilidade da educação inclusiva para alunos com as mais diversas deficiências, explicitaremos como deve ser o atendimento educacional especializado para esses educandos, e a importância da parceria entre o professor desse segmento, o professor da sala de aula comum e a família do aluno com deficiência mental. Espera-se que as informações dessa disciplina possam embasar uma reflexão segura, e proporcionar-lhe momentos de reflexão e condições de desenvolver sua prática pedagógica, atendendo à diversidade das necessidades apresentadas por seus alunos. Bom estudo! 9 I – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Mesmo com o desenvolvimento histórico da educação especial no Brasil, com as informações veiculadas pela mídia e com o crescimento da tecnologia e das ciências da saúde, que possibilitam uma melhor qualidade de vida para o ser humano, ainda há um número significativo de pessoas que não tem informação necessária sobre as implicações da deficiência. Isso as impede de ter acesso aos programas e cuidados com a prevenção, o que resulta na marginalização e segregação dessas pessoas, que ficam sem atendimento educacional e com problemas de convivência social. Iniciar um estudo sobre os fundamentos da educação inclusiva, realizando uma retrospectiva histórica acerca da educação especial, nos leva à compreensão dos aspectos políticos e econômicos que justificam as necessidades de transformações para contemplar os direitos individuais da diversidade humana. A filosofia inclusiva permitiu que os programas de educação especial fossem reconhecidos como modalidade do ensino regular. Essa conquista histórica ainda está sendo implementada, mas já permite que pessoas com deficiências participem da comunidade escolar mais próxima de sua residência com os mesmos direitos de outros alunos. Por séculos a humanidade carregou um estigma preconceituoso de incapacidade das pessoas com deficiência, destinando-as ao isolamento social sem reconhecimento de humanidade e cidadania. Acreditava-se que as deficiências eram doenças e que, se não havia cura, então o ideal seria manter as pessoas com deficiência afastadas do convívio comunitário e, em muitas situações, da própria família. Para iniciar nossa reflexão sobre a história da educação especial e inclusiva, é interessante analisar alguns conceitos. 1 10 Educação Especial e Inclusiva O surgimento do conceito de inclusão, de acordo com Sassaki (2002), é recente devido à adoção da filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais existentes. Sassaki afirma que, [...] é imprescindível dominarmos bem os conceitos exclusivistas para que possamos ser participantes ativos na construção de uma sociedade que seja realmente para todas as pessoas, independentemente de sua cor, idade, gênero, tipo de necessidade especial e qualquer outro atributo social. (2002, p. 27) Desse modo, a partir de alguns pontos de vista, a educação inclusiva pode ser considerada como: • Capacidade das escolas de atender a todas as crianças, sem qualquer tipo de exclusão. Ou seja, inclusão significa criar escolas que acolham todos os alunos, independentemente de suas condições pessoais, sociais ou culturais. Escolas que valorizem as diferenças dos alunos como oportunidades para o desenvolvimento dos estudantes assim como dos professores, em lugar de considerá-las um problema a resolver. (BRASIL, 2005, p. 35) • Provisão de oportunidades equitativas a todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas, para que eles recebam serviços educacionais eficazes, com os necessários serviços suplementares de auxílios e apoios, em classe adequada à idade, em escolas da vizinhança, a fim de prepara-los para uma vida produtiva como membros plenos da sociedade. (SASSAKI, 2002, p. 122) • Construção de uma escola aberta para todos, que respeita e valoriza a diversidade, desenvolve práticas colaborativas, forma leis de apoio à inclusão e promove a participação da comunidade. (BRASIL, 2004, p. 1) Booth e Ainscow (apud Brasil, 2005. p. 41-42), colocam que as características da educação inclusiva podem ser assim resumidas: • a educação implica em processos para aumentar a participação dos estudantes e reduzir sua exclusão cultural, curricular e comunitária nas escolas locais; • a inclusão implica em reestruturar a cultura, as políticas e as práticas dos centros educacionais, para que possam atender à diversidade dos alunos em suas respectivas localidades; 10 11 Educação Especial e Inclusiva O surgimento do conceito de inclusão, de acordo com Sassaki (2002), é recente devido à adoção da filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais existentes. Sassaki afirma que, [...] é imprescindível dominarmos bem os conceitos exclusivistas para que possamos ser participantes ativos na construção de uma sociedade que seja realmente para todas as pessoas, independentemente de sua cor, idade, gênero, tipo de necessidade especial e qualquer outro atributo social. (2002, p. 27) Desse modo, a partir de alguns pontos de vista, a educação inclusiva pode ser considerada como: • Capacidade das escolas de atender a todas as crianças, sem qualquer tipo de exclusão. Ou seja, inclusão significa criar escolas que acolham todos os alunos, independentemente de suas condições pessoais, sociais ou culturais. Escolas que valorizem as diferenças dos alunos como oportunidades para o desenvolvimento dos estudantes assim como dos professores, em lugar de considerá-las um problema a resolver. (BRASIL, 2005, p. 35) • Provisão de oportunidades equitativas a todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas, para que eles recebam serviços educacionais eficazes, com os necessários serviços suplementares de auxílios e apoios, em classe adequada à idade, em escolas da vizinhança, a fim de prepara-los para uma vida produtiva como membros plenos da sociedade. (SASSAKI, 2002, p. 122) • Construção de uma escola aberta para todos, que respeita e valoriza a diversidade, desenvolve práticas colaborativas, forma leis de apoio à inclusão e promove a participação da comunidade. (BRASIL, 2004, p. 1) Booth e Ainscow (apud Brasil, 2005. p. 41-42), colocam que as características da educação inclusiva podem ser assim resumidas: • a educação implica em processos para aumentar a participação dos estudantes e reduzir sua exclusão cultural, curricular e comunitária nas escolas locais; • a inclusão implica em reestruturar a cultura, as políticas e as práticas dos centros educacionais, para que possam atender à diversidade dos alunos em suas respectivas localidades; • a inclusão se refere à aprendizagem e à participação de todos os estudantes vulneráveis que se encontram sujeitos à exclusão, não somente daqueles com deficiências ou rotulados como apresentando necessidades especiais; • a diversidade não pode ser considerada um problema a resolver, mas sim uma riqueza para auxiliar na aprendizagem de todos; • a educação inclusiva é um aspecto da sociedade inclusiva. Objetivando compreender quais acontecimentosou fatos influenciaram na prática do cotidiano escolar, marcando as conquistas alcançadas pelos indivíduos que apresentam deficiências, é importante que façamos um rastreamento histórico da Educação Especial e Inclusiva, procurando resgatar os diferentes momentos vivenciados. Analisando a sua história, tomando como pontos iniciais países da Europa e América do Norte, podemos identificar quatro estágios no desenvolvimento do atendimento às pessoas que apresentam deficiências (KIRK e GALLAGHER, 1979; MENDES, 1995; SASSAKI, 1997). A primeira fase, marcada pela negligência, na era pré-cristã, havia uma ausência total de atendimento. Os deficientes eram abandonados, perseguidos e eliminados devido às suas condições atípicas, e a sociedade legitimava essas ações como sendo normais. Assim, durante a Idade Antiga, estas eram exterminadas ou, se acreditassem que os deuses poderiam mostrar-se simpáticos a proteção dessas pessoas, isolavam- nas em lugares seguros, porém, sem convívio social. Como exemplo, temos o povo hebreu, que não aceitava a presença de pessoas com qualquer tipo de deficiência nas sinagogas, nem permitiam que essas pessoas recebessem comunhão. Também os espartanos da antiga Roma, que tinham o direito garantido por uma lei1 a rejeitar ou matar filhos com deficiências. Sua eliminação e abandono estavam em consonância com os ideais atléticos, estéticos e de potência de seus soldados. Tal ideal era fundamental para a formação, valorização e reconhecimento do tipo de homem 1 A Lei das XII Tábuas, datada de 450 AC, em sua 4ª Tábua, que tratava do Pátrio Poder e do Casamento, em seu §1 dizia: “É permitido ao pai matar o filho que nasceu disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos”. 11 12 Educação Especial e Inclusiva desejado: o guerreiro. Então, ao nascimento, ocorria a “eliminação” instantânea daqueles que não atendessem aos padrões desejados. Carvalho (1997, p. 15) resgata essa história ao descrever um postulado romano da Antiguidade. Nós matamos os cães danados, porcos? Ferozes e indomáveis degolamos as ovelhas doentes, com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos, mesmo as crianças se forem débeis mentais ou anormais, nós a afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs, aquelas que podem corrompê- las. DICA Os 300 de Esparta. Direção de Rudolph Maté. EUA: 20th Century Fox, 1962. 1 filme (144 min.) Para ilustrar o que acabamos de expor, vale a pena assistir O filme Os 300 de Esparta, que conta a história do Rei Leônidas mostrando, logo em seu início, o rigor da disciplina durante sua infância. Logo na introdução, o narrador apresenta a filosofia espartana e como era conduzida a educação das crianças ditas “normais” para o grupo e as com deficiências. Culturalmente, em Esparta, quando a criança atingia sete anos de idade, era tirada de sua família e iniciava um período de preparação que tinha como objetivo torná-lo cidadão e, para tanto, passava por um longo período de privações. Nesse cenário de rigor, a criança com deficiência não tinha chance de sobreviver e era lançada ao infortúnio e oferecida em sacrifício aos deuses. Fonte:http://br.web.img2.acsta.net/r_160_240/b_1_d6d6d6/medias/nmedia/18/87/76/ 07/19961268.jpg 12 13 Educação Especial e Inclusiva desejado: o guerreiro. Então, ao nascimento, ocorria a “eliminação” instantânea daqueles que não atendessem aos padrões desejados. Carvalho (1997, p. 15) resgata essa história ao descrever um postulado romano da Antiguidade. Nós matamos os cães danados, porcos? Ferozes e indomáveis degolamos as ovelhas doentes, com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos, mesmo as crianças se forem débeis mentais ou anormais, nós a afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs, aquelas que podem corrompê- las. DICA Os 300 de Esparta. Direção de Rudolph Maté. EUA: 20th Century Fox, 1962. 1 filme (144 min.) Para ilustrar o que acabamos de expor, vale a pena assistir O filme Os 300 de Esparta, que conta a história do Rei Leônidas mostrando, logo em seu início, o rigor da disciplina durante sua infância. Logo na introdução, o narrador apresenta a filosofia espartana e como era conduzida a educação das crianças ditas “normais” para o grupo e as com deficiências. Culturalmente, em Esparta, quando a criança atingia sete anos de idade, era tirada de sua família e iniciava um período de preparação que tinha como objetivo torná-lo cidadão e, para tanto, passava por um longo período de privações. Nesse cenário de rigor, a criança com deficiência não tinha chance de sobreviver e era lançada ao infortúnio e oferecida em sacrifício aos deuses. Fonte:http://br.web.img2.acsta.net/r_160_240/b_1_d6d6d6/medias/nmedia/18/87/76/ 07/19961268.jpg Com o advento da idade média surge a igreja cristã, que concebia o homem como imagem e semelhança de Deus. De acordo com Pessotti (1984), nessa era cristã, o tratamento variava segundo as concepções de caridade ou castigo predominantes na comunidade em que o deficiente estava inserido. Nessa época não se aceitava que crianças “imperfeitas” pudessem ser filhos do criador e, por consequência, eram tidas à margem da raça humana por serem consideradas imorais ou pecadoras. Crianças com má formação eram isoladas, menosprezadas e estigmatizadas, chamadas de doentes, loucas, sem possibilidade de conviver com as demais, ou ainda, aproveitados como fonte de diversão, como bobos da corte, como material de exposição, etc/ como na figura a seguir, em que se retrata um dos anões da corte espanhola da época de Velázquez (1644). Com origem na tradição caridosa medieval, as cortes européias do costumavam incorporar pessoas excluídas do contexto social (por deficiências e limitações físicas ou psicológicas), especialmente os anões, para atuarem como truões (palhaços) e bobos da corte. Na rigorosa corte de Felipe IV, estes personagens tinham a liberdade de parodiar sobre os fatos e burlar as regras de etiqueta da época. Como não eram levados a sério, acabavam novamente excluídos e humilhados em suas atuações. 13 14 Educação Especial e Inclusiva O Bobo da Corte Sebastián Morra, 1644 (Diego Velázquez) Fonte: http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/images/vel02.jpg Neste estágio, nos séculos XVIII e meados do século XIX, encontra-se a fase de institucionalização, em que os indivíduos que apresentavam deficiência eram segregados e protegidos em instituições residenciais. No século 18, começaram a surgir instituições para abrigarem as pessoas com deficiência, e também, as primeiras legislações sobre os cuidados a tomar com a sobrevivência e, sobretudo, com os bens dessas pessoas. Influenciados pelo Cristianismo, alguns feudais criaram e mantiveram casas de abrigo onde era ofertada assistência humanitária a esses desfavorecidos. Conventos e asilos, seguidos pelos hospitais psiquiátricos, constituíram-se em locais de confinamento, em vez de locais para tratamento das pessoas com deficiência. Na realidade, tais instituições eram pouco mais do que prisões. A criação de instituições para abrigar pessoas com deficiência, loucos, leprosos e outros doentes significava a materialização das formas mais avançadas de cuidar da nova ordem social. 14 15 Educação Especial e Inclusiva O Bobo da Corte Sebastián Morra, 1644 (Diego Velázquez) Fonte: http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/images/vel02.jpg Neste estágio, nos séculos XVIII e meados do século XIX,encontra-se a fase de institucionalização, em que os indivíduos que apresentavam deficiência eram segregados e protegidos em instituições residenciais. No século 18, começaram a surgir instituições para abrigarem as pessoas com deficiência, e também, as primeiras legislações sobre os cuidados a tomar com a sobrevivência e, sobretudo, com os bens dessas pessoas. Influenciados pelo Cristianismo, alguns feudais criaram e mantiveram casas de abrigo onde era ofertada assistência humanitária a esses desfavorecidos. Conventos e asilos, seguidos pelos hospitais psiquiátricos, constituíram-se em locais de confinamento, em vez de locais para tratamento das pessoas com deficiência. Na realidade, tais instituições eram pouco mais do que prisões. A criação de instituições para abrigar pessoas com deficiência, loucos, leprosos e outros doentes significava a materialização das formas mais avançadas de cuidar da nova ordem social. O terceiro estágio é marcado, já no final do século XIX e meados do século XX, pelo desenvolvimento de escolas e/ou classes especiais em escolas públicas, visando oferecer à pessoa com deficiência uma educação à parte. Nesta época, a institucionalização começou a ser criticamente examinada. Os movimentos culturais e intelectuais estimularam a ciência a pesquisar possíveis causas da deficiência dentro de um espírito humanístico, mais crítico e científico. Assim, iniciou-se um processo de desinstitucionalização e, em seu lugar, o surgimento da normalização. A ideologia da normalização defendia a necessidade de introduzir a pessoa com deficiência na sociedade, procurando ajudá-la a adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana, no nível mais próximo possível do normal. Reconhecia-se que a pessoa diferente tinha o direito à convivência social desde que pudesse ser modificada, ajustada e preparada, funcionando da maneira mais semelhante possível dos demais membros da sociedade. No quarto estágio, no final do século XX, por volta da década de 70, observa-se um movimento de integração social dos indivíduos que apresentavam deficiência, cujo objetivo era integrá-los em ambientes escolares, o mais próximo possível daqueles oferecidos à pessoa normal. Ao se afastar o paradigma da institucionalização e adotar as ideias de normalização, criou-se o conceito de integração, que se referia à necessidade de modificar a pessoa com deficiência, de forma que esta pudesse vir a se assemelhar, o mais possível, aos demais cidadãos, para então poder ser inserida, integrada, ao convívio em sociedade. A manifestação educacional desse paradigma efetivou-se, desde o início, nas escolas especiais, nas entidades assistenciais e nos centros de reabilitação. Por volta da década de 60, esse novo paradigma começou a enfrentar críticas, provenientes da academia científica e das próprias pessoas com deficiência, já organizadas em associações e outros órgãos de representação. Fundamentados no pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo aos recursos disponíveis aos demais cidadãos, se desenvolveu o processo de disponibilização de suportes, 15 16 Educação Especial e Inclusiva instrumentos que garantam à pessoa com deficiência o acesso imediato a todo e qualquer recurso da comunidade. A Inclusão Social não é um processo que envolva somente um lado, mas sim um processo bidirecional, que envolve ações junto à pessoa com deficiência e ações junto à sociedade. No âmbito da educação, a opção política pela construção de um sistema educacional inclusivo vem coroar um movimento para assegurar a todos os cidadãos, inclusive aos com necessidades educacionais especiais, a possibilidade de aprender a administrar a convivência digna e respeitosa numa sociedade complexa e diversificada. A convivência na diversidade proporciona à criança com deficiência que tenha necessidades educacionais especiais maior possibilidade de desenvolvimento acadêmico e social. Proporciona ainda, para todos, alunos e professores, com e sem deficiência, a prática saudável e educativa da convivência na diversidade e da administração das diferenças no exercício das relações interpessoais, aspecto fundamental da democracia e da cidadania. A evolução da história levou a humanidade a criar acordos humanitários de respeito e compreensão de todas as raças e credos, assim também o paradigma inclusivo está alicerçado na concepção dos direitos humanos, combatendo de frente todas as armadilhas de uma sociedade excludente. Foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que uniu os povos do mundo todo, percorrendo e influenciando os diversos segmentos da sociedade no reconhecimento de que, como consta em seu Artigo 1º, “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” De forma geral, essa declaração assegura às pessoas com deficiência os mesmos direitos à liberdade, a uma vida digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na vida da comunidade da qual fazem parte. 1.1 O Atendimento à Pessoa com Deficiência no Brasil 16 17 Educação Especial e Inclusiva instrumentos que garantam à pessoa com deficiência o acesso imediato a todo e qualquer recurso da comunidade. A Inclusão Social não é um processo que envolva somente um lado, mas sim um processo bidirecional, que envolve ações junto à pessoa com deficiência e ações junto à sociedade. No âmbito da educação, a opção política pela construção de um sistema educacional inclusivo vem coroar um movimento para assegurar a todos os cidadãos, inclusive aos com necessidades educacionais especiais, a possibilidade de aprender a administrar a convivência digna e respeitosa numa sociedade complexa e diversificada. A convivência na diversidade proporciona à criança com deficiência que tenha necessidades educacionais especiais maior possibilidade de desenvolvimento acadêmico e social. Proporciona ainda, para todos, alunos e professores, com e sem deficiência, a prática saudável e educativa da convivência na diversidade e da administração das diferenças no exercício das relações interpessoais, aspecto fundamental da democracia e da cidadania. A evolução da história levou a humanidade a criar acordos humanitários de respeito e compreensão de todas as raças e credos, assim também o paradigma inclusivo está alicerçado na concepção dos direitos humanos, combatendo de frente todas as armadilhas de uma sociedade excludente. Foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que uniu os povos do mundo todo, percorrendo e influenciando os diversos segmentos da sociedade no reconhecimento de que, como consta em seu Artigo 1º, “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” De forma geral, essa declaração assegura às pessoas com deficiência os mesmos direitos à liberdade, a uma vida digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na vida da comunidade da qual fazem parte. 1.1 O Atendimento à Pessoa com Deficiência no Brasil A história do atendimento à pessoa com deficiência no Brasil foi determinada, pelo menos até o final do século XIX, pelos costumes e informações vindas da Europa. O abandono de crianças com deficiências nas ruas, portas de conventos e igrejas era comum no século XVII, que acabavam sendo devoradas por cães ou acabavam morrendo de frio,fome ou sede. A roda dos expostos Fonte: http://gloriaperez.com.br/wp-content/uploads/2011/05/a-roda-dos-expostos.jpg A criação da “roda de expostos” em Salvador e Rio de Janeiro, no início do século XVIII e, em São Paulo, no início do século XIX, deu início a institucionalização dessas crianças que eram cuidadas por religiosas. De acordo com Mazzotta (1996), historicamente, pode-se dividir a educação especial no Brasil em dois momentos; o primeiro caracterizado pelas iniciativas governamentais isoladas ou particulares que compreendeu os anos de 1854 a 1956; e o segundo caracterizado por iniciativas de âmbito nacional que se desenvolveram a partir de 1957 e se mantiveram até os dias atuais. Segundo o autor, em 1854, ocorreu a fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro, por D. Pedro II. Passados 36 anos Teodoro da Fonseca renomeou o local de Instituto Nacional dos cegos e no ano seguinte, para homenagear 17 18 Educação Especial e Inclusiva uma personagem importante da nossa história, esse lugar é novamente renomeado definitivamente de Instituto Benjamim Constant (IBC). Fachada atual do Instituto Benjamin Constant – IBC Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-U6V3XkPLncI/UPPpjIgkb4I/AAAAAAAAau4/Oyqpk-XepGE/s1600/1saude- ocular-sta-marta-2011-instituto-benjamin-constant.jpg D Pedro II também fundou o Imperial Instituto dos surdos-mudos, local, que posteriormente foi renomeado Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) em 1957, onde se oferecia educação literária e ensino profissionalizante. 18 19 Educação Especial e Inclusiva uma personagem importante da nossa história, esse lugar é novamente renomeado definitivamente de Instituto Benjamim Constant (IBC). Fachada atual do Instituto Benjamin Constant – IBC Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-U6V3XkPLncI/UPPpjIgkb4I/AAAAAAAAau4/Oyqpk-XepGE/s1600/1saude- ocular-sta-marta-2011-instituto-benjamin-constant.jpg D Pedro II também fundou o Imperial Instituto dos surdos-mudos, local, que posteriormente foi renomeado Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) em 1957, onde se oferecia educação literária e ensino profissionalizante. Fachada atual do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES Fonte: http://s0.ejesa.ig.com.br/portal/images/2012-09/1.490868.jpg Ambos foram criados pela intercessão de amigos ou de pessoas institucionalmente próximas ao Imperador, que atendeu às solicitações, dada a amizade que com eles mantinha. Essa prática do favor, da caridade, tão comum no País naquela época, instituiu o caráter assistencialista que permeou a atenção à pessoa com deficiência, no país, e à educação especial, em particular, desde seu início. Após a Proclamação da República, profissionais que haviam ido estudar na Europa começaram a retornar entusiasmados com a ideia de modernizar o País. Em 1906, as escolas públicas começaram a atender alunos com deficiência mental, no Rio de Janeiro. A educação de alunos com deficiências que, tradicionalmente se pautava num modelo de atendimento segregado, tem se voltado nas últimas duas décadas para a Educação Inclusiva. Esta proposta ganhou força, sobretudo a partir da segunda metade da década de 90 com a difusão da conhecida Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que entre outros pontos, propõe que “as crianças e jovens com necessidades 19 20 Educação Especial e Inclusiva educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar...”, pois tais escolas constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos. Sob este enfoque, a Educação Especial que por muito tempo se configurou como um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao atendimento direto dos educandos com deficiências, para atuar como suporte à escola regular no recebimento deste alunado. A Educação Especial se constituiu originalmente como campo de saber e área de atuação a partir de um modelo médico ou clínico. Embora seja hoje bastante criticado, é preciso resgatar que os médicos foram os primeiros profissionais que despertaram a sociedade para a necessidade de escolarização dessa clientela que se encontrava “misturada” nos hospitais psiquiátricos, sem distinção de idade, principalmente no caso da deficiência (FERNANDES, 1999). Sob esse enfoque, a deficiência era entendida como uma doença crônica, e todo o atendimento dirigido a essa clientela, mesmo quando envolvia a área educacional era de cunho terapêutico. A avaliação e identificação eram baseadas em exames médicos e psicológicos, enfatizando o resultado de testes projetivos e de inteligência, com rígida classificação. De acordo com Glat (1989), a educação escolar não era considerada como necessária, ou mesmo possível, principalmente para aqueles com deficiências cognitivas e / ou sensoriais severas. O trabalho educacional era relegado a um interminável processo de “prontidão para a alfabetização”, sem maiores perspectivas já que não havia expectativas quanto à capacidade desses indivíduos desenvolverem-se academicamente e ingressarem na cultura formal. No Brasil assim como na Europa, os anos 70 representaram a institucionalização da Educação Especial, com a preocupação do sistema educacional público em garantir o acesso à escola aos indivíduos com deficiências. Em sua afirmação prático-teórica, a Educação Especial absorveu os avanços da Pedagogia e da Psicologia da Aprendizagem, principalmente a de enfoque comportamental. O desenvolvimento de novos métodos e técnicas de ensino baseados nos princípios de modificação de comportamento e controle de estímulos permitiu a 20 21 Educação Especial e Inclusiva educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar...”, pois tais escolas constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos. Sob este enfoque, a Educação Especial que por muito tempo se configurou como um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao atendimento direto dos educandos com deficiências, para atuar como suporte à escola regular no recebimento deste alunado. A Educação Especial se constituiu originalmente como campo de saber e área de atuação a partir de um modelo médico ou clínico. Embora seja hoje bastante criticado, é preciso resgatar que os médicos foram os primeiros profissionais que despertaram a sociedade para a necessidade de escolarização dessa clientela que se encontrava “misturada” nos hospitais psiquiátricos, sem distinção de idade, principalmente no caso da deficiência (FERNANDES, 1999). Sob esse enfoque, a deficiência era entendida como uma doença crônica, e todo o atendimento dirigido a essa clientela, mesmo quando envolvia a área educacional era de cunho terapêutico. A avaliação e identificação eram baseadas em exames médicos e psicológicos, enfatizando o resultado de testes projetivos e de inteligência, com rígida classificação. De acordo com Glat (1989), a educação escolar não era considerada como necessária, ou mesmo possível, principalmente para aqueles com deficiências cognitivas e / ou sensoriais severas. O trabalho educacional era relegado a um interminável processo de “prontidão para a alfabetização”, sem maiores perspectivas já que não havia expectativas quanto à capacidade desses indivíduos desenvolverem-se academicamente e ingressarem na cultura formal. No Brasil assim como na Europa, os anos70 representaram a institucionalização da Educação Especial, com a preocupação do sistema educacional público em garantir o acesso à escola aos indivíduos com deficiências. Em sua afirmação prático-teórica, a Educação Especial absorveu os avanços da Pedagogia e da Psicologia da Aprendizagem, principalmente a de enfoque comportamental. O desenvolvimento de novos métodos e técnicas de ensino baseados nos princípios de modificação de comportamento e controle de estímulos permitiu a aprendizagem e o desenvolvimento acadêmico desses sujeitos, até então desacreditados no processo educacional. Glat (1985), coloca o fato de que “O deficiente pode aprender”, tornou-se a palavra de ordem, resultando numa mudança de paradigma do “modelo médico” para o “modelo educacional”. A ênfase não era mais a deficiência intrínseca do indivíduo, mas sim a falha do meio em proporcionar condições adequadas que promovessem a aprendizagem e o desenvolvimento (GLAT, 1985; 1995; KADLEC & GLAT, 1984). Apesar dos avanços, de acordo com Bueno (1993), este modelo não representou garantia de ingresso de alunos com deficiências no sistema de ensino. A Educação Especial funcionava como um serviço paralelo, com métodos ainda de forte ênfase clínica e currículos próprios. As classes especiais implantadas nas décadas de 70 e 80 serviram mais como espaços de segregação para aqueles que não se enquadravam no sistema regular de ensino, do que uma possibilidade para ingresso na rede pública de alunos com deficiências, cuja maioria ainda continuava em instituições privadas. Acompanhando a tendência mundial da luta contra a marginalização das minorias, começou a se consolidar em nosso país, no início da década de 80, a filosofia a Integração e Normalização. A premissa básica desse conceito é que pessoas com deficiências têm o direito de usufruir as condições de vida o mais comuns ou normais possíveis na comunidade onde vivem, participando das mesmas atividades sociais, educacionais e de lazer que os demais (GLAT, 1989; 1995; PEREIRA, 1990). O modelo segregado de Educação Especial passou a ser questionado, iniciando uma busca por alternativas pedagógicas para a inserção de todos os alunos, mesmo os com deficiências severas, preferencialmente no sistema rede regular de ensino, como recomendado no artigo 208 da Constituição Federal de 1988. Assim, foi instituída, no âmbito das políticas educacionais, a Integração. Este modelo, que infelizmente até hoje ainda é o mais prevalente em nossos sistemas escolares, visa preparar alunos advindos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares recebendo, na medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas de recursos ou outras modalidades especializadas. 1.2 Aspectos legais 21 22 Educação Especial e Inclusiva Segundo Mantoan (2003), mesmo quando temos a garantia da lei, ainda é possível conduzir o conceito de diferença para o âmbito do preconceito, inferioridade, exclusão e discriminação, pois é o que tem acontecido ao longo da história em muitas políticas educacionais, que se aproveitam das indefinições da clientela onde está inserida, pouca participação dos pais nos assuntos relacionados à educação, falta de clareza conceitual, desrespeito a determinações constitucionais, interpretações equivocadas da legislação educacional, e acima de tudo, preconceitos, distorcem o verdadeiro sentido da inclusão, reduzindo seu princípio à simples convivência, inserção dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, assim, faz-se necessário que o profissional de educação em especial e toda a sociedade tenha conhecimento dos aspectos legais que justificam a educação inclusiva. Para que o indivíduo, com deficiência ou não, esteja realmente incluído na escola e nos ambientes sociais em geral, as leis constituem um sustentáculo essencial no processo de inclusão das diversidades. No âmbito legal, na Constituição Brasileira de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394 de 1996, o tema da educação especial está representado em forma de regras como o direito de igualdade de todo o cidadão, tendo sido escrita com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (O.N.U.) de 1948. No seu artigo 2º define “os princípios e fins da educação nacional que deve ser igualitária, com respeito à liberdade, garantindo um padrão de qualidade especializado e gratuito a todos, sem exceção”. No Brasil, iniciando nossa análise pela lei maior, a Constituição Federal de 1988, vemos que o direito à educação para todos está garantido. Nela se afirmam as seguintes proposições: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para acesso e permanência na escola; [...] Art. 208. O dever do estado com a educação será efetivado mediante garantia de: 22 23 Educação Especial e Inclusiva Segundo Mantoan (2003), mesmo quando temos a garantia da lei, ainda é possível conduzir o conceito de diferença para o âmbito do preconceito, inferioridade, exclusão e discriminação, pois é o que tem acontecido ao longo da história em muitas políticas educacionais, que se aproveitam das indefinições da clientela onde está inserida, pouca participação dos pais nos assuntos relacionados à educação, falta de clareza conceitual, desrespeito a determinações constitucionais, interpretações equivocadas da legislação educacional, e acima de tudo, preconceitos, distorcem o verdadeiro sentido da inclusão, reduzindo seu princípio à simples convivência, inserção dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, assim, faz-se necessário que o profissional de educação em especial e toda a sociedade tenha conhecimento dos aspectos legais que justificam a educação inclusiva. Para que o indivíduo, com deficiência ou não, esteja realmente incluído na escola e nos ambientes sociais em geral, as leis constituem um sustentáculo essencial no processo de inclusão das diversidades. No âmbito legal, na Constituição Brasileira de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394 de 1996, o tema da educação especial está representado em forma de regras como o direito de igualdade de todo o cidadão, tendo sido escrita com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (O.N.U.) de 1948. No seu artigo 2º define “os princípios e fins da educação nacional que deve ser igualitária, com respeito à liberdade, garantindo um padrão de qualidade especializado e gratuito a todos, sem exceção”. No Brasil, iniciando nossa análise pela lei maior, a Constituição Federal de 1988, vemos que o direito à educação para todos está garantido. Nela se afirmam as seguintes proposições: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para acesso e permanência na escola; [...] Art. 208. O dever do estado com a educação será efetivado mediante garantia de: [...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – atendimento em creches e pré-escolaàs crianças até 5 (cinco) anos de idade. Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-BW79oP0kJOs/UWgEybaB- OI/AAAAAAAABoo/ycxnTz8HXA4/s1600/INCLUS%25C3%2583O.jpg A Constituição Federal do Brasil (1988), garante a todos, o direito à educação, responsabilizando o Estado no dever da oferta e à família no da frequência, garante o direito de igualdade de condições de acesso e permanência na escola de ensino regular, sem nenhum tipo de discriminação, com uma educação voltada para o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania, devendo o Estado ainda oferecer preferencialmente na rede regular de ensino, o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, ou seja, garante a todos não só o acesso à matrícula, mas também o direito a um ensino de qualidade, tornando assim, a escola de ensino regular de todos os alunos, torna direito do cidadão uma escola que atenda às suas 23 24 Educação Especial e Inclusiva necessidades educacionais, ainda que para isso, seja necessário o atendimento educacional especializado. “Quando garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola, a Constituição Federal não usa adjetivos e assim sendo, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência.” (MANTOAN, 2003, p. 23). A Declaração de Salamanca (1994), reafirma o compromisso com a educação para todos, afirmando que as escolas deveriam acolher a todas as crianças e promover um ensino de qualidade para as mesmas, buscando formas para que essa educação seja bem sucedida, e passa a influenciar a construção das políticas públicas inclusivas, convocando os governantes de todo o mundo, a assumirem politicamente a educação de qualidade para todos, com a pedagogia voltada para a criança, assim, considerando as experiências dos países participantes, as resoluções, recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas, e outras organizações intergovernamentais, as propostas, direções e recomendações com origem nos cinco seminários regionais preparatórios da Conferência Mundial, o documento apresenta uma nova estrutura para a educação especial, voltada para a educação inclusiva, observando aspectos, como a filosofia da escola inclusiva, políticas públicas, legislação, políticas educacionais, recrutamento e treinamento de educadores e outros fatores importantes para que a proposta possa ter real sucesso. “A utilização de métodos que contemplem as mais diversas necessidades dos estudantes, inclusive eventuais necessidades especiais, deve ser regra no ensino regular e nas demais modalidades de ensino, como a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional, não se justificando a manutenção de um ensino especial, apartado.” (MANTOAN, 2003, p.24). Na Lei nº. 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu Capítulo V, a Educação Especial, é tida como uma modalidade de educação escolar, que atende os alunos com necessidades educacionais especiais de todos os níveis de ensino, devendo ser oferecida preferencialmente na rede regular, funcionando como apoio, suplementação e complementação, do ensino regular e não substituindo o mesmo, 24 25 Educação Especial e Inclusiva necessidades educacionais, ainda que para isso, seja necessário o atendimento educacional especializado. “Quando garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola, a Constituição Federal não usa adjetivos e assim sendo, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência.” (MANTOAN, 2003, p. 23). A Declaração de Salamanca (1994), reafirma o compromisso com a educação para todos, afirmando que as escolas deveriam acolher a todas as crianças e promover um ensino de qualidade para as mesmas, buscando formas para que essa educação seja bem sucedida, e passa a influenciar a construção das políticas públicas inclusivas, convocando os governantes de todo o mundo, a assumirem politicamente a educação de qualidade para todos, com a pedagogia voltada para a criança, assim, considerando as experiências dos países participantes, as resoluções, recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas, e outras organizações intergovernamentais, as propostas, direções e recomendações com origem nos cinco seminários regionais preparatórios da Conferência Mundial, o documento apresenta uma nova estrutura para a educação especial, voltada para a educação inclusiva, observando aspectos, como a filosofia da escola inclusiva, políticas públicas, legislação, políticas educacionais, recrutamento e treinamento de educadores e outros fatores importantes para que a proposta possa ter real sucesso. “A utilização de métodos que contemplem as mais diversas necessidades dos estudantes, inclusive eventuais necessidades especiais, deve ser regra no ensino regular e nas demais modalidades de ensino, como a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional, não se justificando a manutenção de um ensino especial, apartado.” (MANTOAN, 2003, p.24). Na Lei nº. 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu Capítulo V, a Educação Especial, é tida como uma modalidade de educação escolar, que atende os alunos com necessidades educacionais especiais de todos os níveis de ensino, devendo ser oferecida preferencialmente na rede regular, funcionando como apoio, suplementação e complementação, do ensino regular e não substituindo o mesmo, sendo assim, sua função, passa a ser a de ajudar, apoiar a escola comum, nas peculiaridades da aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais. O projeto, a organização e a prática pedagógica das instituições de ensino devem respeitar a diversidade dos alunos, como elemento principal, integrante e distinto do sistema educacional, e oferecer diferenciações nos atos pedagógicos que contemplam as necessidades educacionais de todos os alunos. Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem se desenvolver isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar as suas finalidades gerais. Conforme define a atual LDB nº 9.394 de 1996, a educação especial é uma modalidade de educação escolar voltada para a formação de pessoas com necessidades educativas especiais, que perpassa, ou seja, deve estar presente em todos os níveis de ensino, como está representada na figura2 a seguir: Fonte: Brasil (2006, p.04) 2 O quadro ilustra como se deve entender e ofertar os serviços de educação especial, como parte integrante do sistema educacional brasileiro, em todos os níveis de educação e ensino”. (Parecer CNE/CEB Nº2/2001) 25 26 Educação Especial e Inclusiva Referentes à educação especial, na LDB, são analisados dispositivos que apontam uma ação mais ligada ao sistema e aos programas do ensino regular. A LDB n. 9394/96 reserva um capítulo exclusivo à educação especial e reafirma o direito à educação pública e gratuita das pessoas com deficiência, com condutas típicas e com altas habilidades. A seguir: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos comdeficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, 26 27 Educação Especial e Inclusiva Referentes à educação especial, na LDB, são analisados dispositivos que apontam uma ação mais ligada ao sistema e aos programas do ensino regular. A LDB n. 9394/96 reserva um capítulo exclusivo à educação especial e reafirma o direito à educação pública e gratuita das pessoas com deficiência, com condutas típicas e com altas habilidades. A seguir: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Nas Leis n. 4.024/61 e n. 5.692/71, não se dava muita importância a essa modalidade educacional. A presença da educação especial na atual LDB certamente reflete um crescimento da área em relação à educação geral nos sistemas de ensino. Na Resolução CNE/CEB n. 2/2001, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, consideram-se ajudas técnicas os elementos que permitem compensar uma das limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade. A definição de ajudas técnicas está conceituada no artigo 19, parágrafo único, do Decreto n. 3.298/99. Essa definição, no âmbito pedagógico, relaciona-se com a ajuda que pode ser proporcionada a alunos e professores e está contemplada no Parecer CNE/CEB n. 17/2001, a saber: Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar podem apresentar necessidades educacionais especiais, e seus professores em geral conhecem diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades educacionais que requerem, da escola uma série de recursos e apoios de caráter mais especializados. Mantoan (2003), evidencia a necessidade de as instituições de ensino, eliminarem as barreiras arquitetônicas e pedagógicas para facilitar o desenvolvimento acadêmico dos alunos com deficiência, assim as creches e escolas não podem mais ATENTE-SE A expressão “portador de necessidades especiais”, embora ainda esteja presente nas leis que amparam o aluno com deficiência, precisa ser substituída gradativamente pela expressão mais inclusiva “aluno com necessidades educativas especiais” ou “aluno com deficiência”. 27 28 Educação Especial e Inclusiva recusarem a matrícula de qualquer criança, devido à deficiência, mas favorecerem a estimulação precoce, sem que o aluno tenha prejuízo nos atendimentos clínicos, e para que isso não aconteça, estes devem acontecer se possível no mesmo ambiente, ou serem estabelecidos convênios. O Decreto nº.3.298/99, em seu Capítulo VII, (Da Equiparação de Oportunidades), Seção II (Do acesso à Educação), no Artigo 24, trata das condições que o sistema escolar por obrigatoriedade deve proporcionar ao aluno com deficiência ou necessidades educacionais especiais, bem como, define a educação especial e sua função na rede regular de ensino. Segundo a Convenção da Guatemala, Brasil (2001), que trata-se de um documento criado em maio de 1999, na Guatemala, doqual o Brasil se tornou signatário, sendo aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo nº 198, de 13 de junho de 2001 e promulgado pelo Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República, tornando-se um documento com valor de norma constitucional, define como discriminação qualquer tipo de tratamento desigual baseado na deficiência, que leve à privação ou restrição de qualquer direito, assim como não se caracteriza discriminação, a diferenciação ou preferência voltada para a pessoa com deficiência com a intenção de promover a inclusão, desde que aceita pela pessoa com deficiência e que não limitem em si mesmas o direito à igualdade, assim sempre que for para efetivar um direito, as preferências e diferenciações podem ser aceitas, já a exclusão ou restrição, jamais. Para que a Convenção da Guatemala seja cumprida, não há como continuar existindo espaços específicos para a educação escolar da pessoa com deficiência, como as escolas especiais, já que estas são baseadas nas diferenças observadas na deficiência, caracterizando segregação, discriminação e exclusão. (MANTOAN, 2003). A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ONU (2007), estabelece que deve ser oferecido no ensino regular, o apoio necessário e individualizado para que aconteça um bom desenvolvimento da pessoa com deficiência, onde devem ser construídas estratégias que busquem este objetivo, ou seja, é direito do aluno com deficiência que a rede regular de ensino, em qualquer modalidade, busque recursos que o ofereçam condições de alcançar o máximo sucesso acadêmico possível. 28 29 Educação Especial e Inclusiva recusarem a matrícula de qualquer criança, devido à deficiência, mas favorecerem a estimulação precoce, sem que o aluno tenha prejuízo nos atendimentos clínicos, e para que isso não aconteça, estes devem acontecer se possível no mesmo ambiente, ou serem estabelecidos convênios. O Decreto nº.3.298/99, em seu Capítulo VII, (Da Equiparação de Oportunidades), Seção II (Do acesso à Educação), no Artigo 24, trata das condições que o sistema escolar por obrigatoriedade deve proporcionar ao aluno com deficiência ou necessidades educacionais especiais, bem como, define a educação especial e sua função na rede regular de ensino. Segundo a Convenção da Guatemala, Brasil (2001), que trata-se de um documento criado em maio de 1999, na Guatemala, do qual o Brasil se tornou signatário, sendo aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo nº 198, de 13 de junho de 2001 e promulgado pelo Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República, tornando-se um documento com valor de norma constitucional, define como discriminação qualquer tipo de tratamento desigual baseado na deficiência, que leve à privação ou restrição de qualquer direito, assim como não se caracteriza discriminação, a diferenciação ou preferência voltada para a pessoa com deficiência com a intenção de promover a inclusão, desde que aceita pela pessoa com deficiência e que não limitem em si mesmas o direito à igualdade, assim sempre que for para efetivar um direito, as preferências e diferenciações podem ser aceitas, já a exclusão ou restrição, jamais. Para que a Convenção da Guatemala seja cumprida, não há como continuar existindo espaços específicos para a educação escolar da pessoa com deficiência, como as escolas especiais, já que estas são baseadas nas diferenças observadas na deficiência, caracterizando segregação, discriminação e exclusão. (MANTOAN, 2003). A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ONU (2007), estabelece que deve ser oferecido no ensino regular, o apoio necessário e individualizado para que aconteça um bom desenvolvimento da pessoa com deficiência, onde devem ser construídas estratégias que busquem este objetivo, ou seja, é direito do aluno com deficiência que a rede regular de ensino, em qualquer modalidade, busque recursos que o ofereçam condições de alcançar o máximo sucesso acadêmico possível. Fonte: http://educacaoinclusivaemfoco.com.br/wp- content/uploads/2015/01/Educa%C3%A7%C3%A3o_Inclusiva_e_o_Atendimento_Educacional_Especializa do.jpg Os alunos com necessidades educacionais especiais são aqueles que, conforme a Resolução CNE/CEB n. 2/2001, durante o processo educacional, apresentam: a) dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento, que dificultam o acompanhamento das atividades curriculares e que são compreendidas em dois grupos: - aquelas necessidades não vinculadas a uma causa orgânica específica; - aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; b) dificuldades que demandam a utilização de linguagem e códigos aplicados; c) altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que levam a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. 29 30 Educação Especial e Inclusiva Os profissionais da educação, voltam a realização de seu trabalho ao auxílio desses alunos, e necessitam estar preparados para atuar em classes comuns com os alunos que apresentam alguma deficiência. Assim, nesse sentido, o art. 208 da Resolução CNE/CEB n. 2/2001 apontam como algumas competências necessárias ao professor: - percepção das necessidades educacionais especiais dos alunos; - flexibilização da ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento; - avaliação contínua da eficácia do processo educativo; - atuação em equipe, inclusive com professores especializados em educação especial. O Parecer CNE/CEB n. 17/2001 deixa claro que cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa e às universidades, o desenvolvimento de estudos na busca de melhores recursos para auxiliar/ampliar a capacidade das pessoas com necessidades educacionais especiais de se comunicar, de se locomover e de participar de maneira, cada vez mais autônoma, do meio educacional, da vida produtiva e da vida social, exercendo assim, de maneira plena, a sua cidadania. De acordo com Mantoan (2003), apenas os dispositivos legais deveriam bastar para que qualquer pessoa, com deficiência ou não, tivesse efetivado seu direito ao acesso à sala de aula comum, e a um ensino de qualidade, mas é preciso que os professores exerçam seu poder na escola, demonstrando a toda a sociedade que a inclusão, é uma grande oportunidade de aprendizagem, tanto com relação ao conteúdo acadêmico, quanto na construção da cidadania, para os alunos, a sociedade e a comunidade escolar, descobrirem e demonstrarem suas capacidades e responsabilidades educacionais. 30 Os profissionais da educação, voltam a realização de seu trabalho ao auxílio desses alunos, e necessitam estar preparados para atuar em classes comuns com os alunos que apresentam alguma deficiência. Assim, nesse sentido, o art. 208 da Resolução CNE/CEB n. 2/2001 apontam como algumas competências necessárias ao professor: - percepção das necessidades educacionais especiais dos alunos; - flexibilização da ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento; - avaliação contínua da eficácia do processo educativo; - atuação em equipe, inclusive com professores especializados em educação especial. O Parecer CNE/CEB n. 17/2001 deixa claro que cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa e às universidades, o desenvolvimento de estudos na busca de melhores recursos para auxiliar/ampliar a capacidade das pessoas com necessidades educacionais especiais de se comunicar, de se locomover e de participar de maneira, cada vez mais autônoma, do meio educacional, da vida produtiva e da vida social,exercendo assim, de maneira plena, a sua cidadania. De acordo com Mantoan (2003), apenas os dispositivos legais deveriam bastar para que qualquer pessoa, com deficiência ou não, tivesse efetivado seu direito ao acesso à sala de aula comum, e a um ensino de qualidade, mas é preciso que os professores exerçam seu poder na escola, demonstrando a toda a sociedade que a inclusão, é uma grande oportunidade de aprendizagem, tanto com relação ao conteúdo acadêmico, quanto na construção da cidadania, para os alunos, a sociedade e a comunidade escolar, descobrirem e demonstrarem suas capacidades e responsabilidades educacionais. 31 II - A EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – MEC/SEESP (2008), a Educação Inclusiva é um modelo educacional que se fundamenta na concepção dos direitos humanos, que entende igualdade e diferença, como questões impossíveis de serem tratadas fora do contexto social, interligadas entre si, assim, é uma ação política, cultural, social e pedagógica, que defende o direito de todos os alunos aprenderem em conjunto, sem nenhum tipo de discriminação. Deve ser entendida como uma reforma educativa, que visa inovar práticas, para que seja possível desenvolver metodologias que transformem os valores educacionais da escola pública tradicional, e consequentemente, permitam que todos os alunos, independentemente de suas diferenças de capacidade, aprendam juntos. Historicamente a escola, se caracterizou pela visão de que a escolarização era privilégio de poucos, daqueles que se adequavam aos padrões exigidos pela mesma para o desenvolvimento acadêmico, uma forma de exclusão que foi legitimada, pela prática docente e pelas políticas públicas. No entanto com a democratização da escola, ficou muito evidente o contraste entre a inclusão e a exclusão, pois o acesso é permitido para todos, mas os sistemas de ensino, excluem aqueles que não se encaixam nos padrões exigidos, assim o processo de exclusão tem ao longo do tempo categorizado seres humanos, e o processo de ensino, segregando e integrando os alunos com necessidades educacionais especiais, tornando natural o fracasso escolar. O princípio norteador da inclusão é o de que as escolas devem atender todos os alunos indistintamente. Não importando suas condições físicas, mentais, emocionais, sociais, linguísticas ou qualquer outra. (SALAMANCA, 1994) Segundo Mantoan (2003), o rompimento nas bases da estrutura organizacional da escola atual, proposto pela educação inclusiva, é uma forma, de libertá-la, para que todos os seus participantes, possam construir a aprendizagem, interagir na ação 2 32 Educação Especial e Inclusiva formadora, já que o conhecimento, está sendo interpretado de outra maneira, o mundo está sendo compreendido diferentemente, estão sendo contestados os velhos paradigmas dos tempos modernos. A democratização da escola, não a abriu para novas formas de conhecimento, pois deu-se continuidade à massificação do saber, sendo reconhecido apenas o aprendizado valorizado por essa instituição, o que se caracteriza uma das maneiras de exclusão e um grande obstáculo, na inovação da educação, destacando assim, a grande importância de questionarmos o modelo atual de formação acadêmica. Na proposta da Educação Inclusiva, deve-se extinguir a classificação das pessoas em normais e deficientes, iguais e diferentes e do ensino em regular e especial, mas promover uma educação direcionada à cidadania plena, que valoriza a diversidade e livre de preconceitos, em que o sujeito possa desfrutar de autonomia e independência, na vida em sociedade. Fonte: http://www.contrapauta.com.br/wp- content/plugins/doptg/uploads/xBrTGds2DPEQDB3dP8pTwEAWpOk7jqFqkaQsq7Hz5RFnzf2qnqknpBWGj78y 6TH6p.jpg 32 33 Educação Especial e Inclusiva formadora, já que o conhecimento, está sendo interpretado de outra maneira, o mundo está sendo compreendido diferentemente, estão sendo contestados os velhos paradigmas dos tempos modernos. A democratização da escola, não a abriu para novas formas de conhecimento, pois deu-se continuidade à massificação do saber, sendo reconhecido apenas o aprendizado valorizado por essa instituição, o que se caracteriza uma das maneiras de exclusão e um grande obstáculo, na inovação da educação, destacando assim, a grande importância de questionarmos o modelo atual de formação acadêmica. Na proposta da Educação Inclusiva, deve-se extinguir a classificação das pessoas em normais e deficientes, iguais e diferentes e do ensino em regular e especial, mas promover uma educação direcionada à cidadania plena, que valoriza a diversidade e livre de preconceitos, em que o sujeito possa desfrutar de autonomia e independência, na vida em sociedade. Fonte: http://www.contrapauta.com.br/wp- content/plugins/doptg/uploads/xBrTGds2DPEQDB3dP8pTwEAWpOk7jqFqkaQsq7Hz5RFnzf2qnqknpBWGj78y 6TH6p.jpg Segundo Sassaki (2003), o grau de autonomia do sujeito com deficiência não depende apenas do nível de prontidão físico-social do mesmo, mas também da realidade do ambiente em que vive, pois é determinada pela relação dos dois, assim tanto um quanto o outro são passíveis de mudanças ou adequações, para que as barreiras encontradas possam ser minimizadas ou até mesmo eliminadas, ou seja, se em alguns casos, as adaptações são feitas pela pessoa com deficiência, como por exemplo, o uso da lupa, por pessoas com baixa visão, em outras o ambiente é que precisa ser adaptado para que se promova o maior nível de autonomia possível, como, por exemplo a construção de rampas para facilitar o acesso de cadeirantes. A independência é algo que pode ser construída e estimulada, assim o quanto antes a pessoa vivenciar oportunidades que a desenvolvam, melhor será sua vida adulta, pois poderá tomar as decisões adequadas às diferentes situações, já que mesmo não sendo autônoma em determinado ambiente, pode ser independente pedindo a ajuda que a deixará à vontade, em outros poderá agir com autonomia e independência simultaneamente. O termo integração deve ser abandonado, porque trata-se de uma inserção parcial, o aluno, que anteriormente foi excluído pelo sistema, encaminhado apenas para atendimento na Educação Especial, agora é inserido em instituições que oferecem ao mesmo, a oportunidade de frequentar a sala de aula comum e/ou participar de atendimentos educacionais segregados, o que é incompatível com a inclusão, que defende a inserção plena, todos os alunos devem frequentar as salas de aula do ensino regular, que não destina-se a determinado modelo de aluno, mas à todos. (MANTOAN, 2003). Houve um período (passagem do século XX para o século XXI), em que vivíamos uma fase de transição entre a integração e a inclusão. Pode ser considerado natural que por um tempo, os dois conceitos se confundissem na sociedade, mas gradativamente a integração que também se faz necessária, ocuparia menos espaço, enquanto a inclusão cresceria, já que a integração pode ser vista como a inserção da pessoa com deficiência, preparada anteriormente para a convivência social, enquanto na inclusão a sociedade é que se prepara para receber a pessoa com deficiência, o que desafia as práticas educacionais do ensino brasileiro, já acostumado com a integração. (SASSAKI, 2003). 33 34 Educação Especial e Inclusiva Segundo Batista e Mantoan (2007), na educação inclusiva, a adaptação do conteúdo escolar é feita pelo próprio aluno, a adequação intelectual é muito importante tanto para o ensino regular quanto para
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