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DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE PEDRO AFONSO-TO: Subsídios para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico DIAGNOSIS OF SOLID WASTE MANAGEMENT IN THE MUNICIPALITY OF PEDRO AFONSO-TO: Grants for the preparation of the Municipal Plan for sanitation Fernanda dos Santos da Silva1 Jair Martins de Souza Júnior2 Resumo O objetivo desse trabalho foi apresentar um diagnóstico dos resíduos sólidos gerados no município, visando colaborar na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico de Pedro Afonso-TO. Os dados foram obtidos junto aos órgãos responsáveis pela limpeza urbana do município, que realiza o serviço de coleta e transporte do lixo, varrição, limpeza de valetas, bocas de lobo, de terrenos baldios (por solicitação do proprietário), bem como pelo saneamento básico e fiscalização das atividades que envolvem os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), desde a geração até a destinação final. A avaliação decorreu da necessidade de se verificar a realidade da destinação dos resíduos no município com a finalidade de elaborar propostas que contribuam para o saneamento ambiental e na formulação de instrumentos legais de planejamento para um sistema de gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), principalmente pelo desenvolvimento que o município tem apresentando com a vinda de agroindústrias, conseqüentemente aumentando o crescimento populacional e a geração de resíduos. A metodologia utilizada neste trabalho foi, além de pesquisas bibliográficas sobre o assunto, também trabalhos de campo com levantamento de dados primários e secundários. Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Manejo dos Resíduos. Plano Municipal de Saneamento Básico. Aterro Sanitário. Abstract The objective of this work was to present a diagnosis of solid waste generated in the municipality, to collaborate in the preparation of the Municipal Plan for sanitation of Pedro Afonso-TO. The data were obtained from the bodies responsible for the municipality's urban cleaning, which performs the service of collecting and 1 Bacharel em Tecnologia em Gestão Agroindustrial pela Faculdade Rio Sono de Pedro Afonso-TO. E-mail: fernandaeducar@hotmail.com 2 Professor Orientador – Graduado em Administração, Especialista em Comunicação Empresarial em Marketing e MBA em Gestão Empresarial. jairsou@gmail.com 2 transporting the trash, sweeping, cleaning of gullies, mouths of lobo, vacant land (by owner's request), as well as by the sanitation and monitoring of activities involving the municipal solid waste (USW), since the generation until the final destination. The assessment was the need to verify the reality of waste disposal in the municipality with the purpose of preparing proposals that contribute to environmental sanitation and in the formulation of legal instruments of planning for a management system of municipal solid waste (USW), mainly by the development which the municipality has showing with the advent of agribusiness, consequently increasing the population growth and the generation of waste. The methodology used in this work was, in addition to bibliographic research on the subject, also works with primary and secondary data collection. Key-words: Solid Waste. Waste management. Municipal plan of basic sanitation. Landfill. 1 INTRODUÇÃO O crescimento progressivo dos resíduos produzido diariamente, desencadeado pelo crescimento populacional e econômico é uma das grandes questões em debate e motivo de pesquisa por ambientalistas, políticos, sociólogos e sociedade civil. A questão que se debate é o que fazer com os resíduos sólidos produzidos pela sociedade, visto ser este um dos gargalos da administração pública, conforme dados do Relatório Anual do IBGE (2010) que apontam que mais de 50% dos municípios brasileiros não detém políticas públicas voltadas para a questão do lixo, possuindo ações isoladas de coleta, transporte e destino final desses resíduos sólidos, na maioria das vezes, realizados de maneira incorreta. Nesse contexto, o município que realmente queira efetivar na prática as determinações da Lei Federal nº. 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, precisa antes de qualquer ação emergencial, regulamentar a questão dos resíduos sólidos no âmbito da municipalidade. Dessa forma, o diagnóstico da situação é de fundamental importância para implantação ou compreensão do sistema de gestão dos resíduos sólidos de um município. O diagnóstico só pode ser realizado após um bom levantamento de dados, que resultará na possibilidade de se dimensionar os pontos fortes e as falhas existentes no processo, sendo ainda possíveis alguns prognósticos futuros. 3 Todo esse trabalho diagnóstico culminará na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, conforme determina a Lei Federal nº 11.445/07 que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Assim sendo, a pesquisa realizada focalizará a questão da limpeza urbana e o gerenciamento dos resíduos sólidos provenientes dos domicílios, do comércio e da saúde, bem como apresentará dados consistentes para subsidiar o município de Pedro Afonso-TO na formulação do PMSB, na vertente sobre resíduos sólidos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. DEFINIÇÕES A abordagem do tema gestão dos resíduos sólidos no contexto de elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) requer o entendimento de certos termos técnicos que serão utilizados neste estudo. 2.1.1. Resíduos Sólidos Os resíduos, popularmente conhecido como lixo, são definidos pela NBR 10004/2004 como: Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividade da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’ água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004) Consonante a definição apresentada, pode-se afirmar categoricamente que os resíduos são os restos das atividades humanas, que na visão de seus produtores são considerados desnecessários, indesejáveis e passíveis de descarte, ou seja, não serve mais para o consumo humano e nem pode ser reaproveitado. 4 A definição da NBR 10004/2004 explicita que os resíduos podem ser sólidos, que não apresentam composição líquida e nem umidade ou semi-sólidos, com características que envolvem componentes líquidos. No contexto dessa definição, o enfoque desse trabalho será os resíduos sólidos urbanos domésticos, da saúde, da construção civil e dos produzidos nos serviços de limpeza urbana. A definição dos resíduos requer a compreensão de sua classificação, assim sendo, referida norma expõe que os resíduos podem ser classificados de acordo com a sua natureza física (seco e molhado), sua composição química (matéria orgânica e inorgânica) e pelos riscos potenciais ao meio ambiente (perigoso não- inerte e inerte). As características dos resíduos podem ainda variar, segundo ZANTA & FERREIRA (2003), em função de fatores que distinguem as comunidades entre si, como sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, além dos aspectos biológicos e químicos. O conhecimento destas características possibilita umaescolha mais apropriada na seleção de processos de tratamento e técnicas de disposição final a serem utilizadas. 2.1.2. Saneamento Básico e Ambiental A palavra saneamento deriva do verbo sanear, que significa tornar sadio. O saneamento básico envolve, portanto, um conjunto de ações destinadas a tornar e manter o meio ambiente sadio, favorável à saúde e ao bem-estar das pessoas. (LIMA, 1991). O saneamento básico pode ser definido como o conjunto de serviços essenciais à saúde pública e ao bem-estar das pessoas e o saneamento ambiental como o próprio saneamento básico acrescido de ações e atitudes destinadas a recuperar e manter a qualidade do meio ambiente em geral. (LIMA, 1991). A Lei Federal nº 11.445/2007 foi concebida de maneira a atender todas as formas legalmente possíveis de organização institucional dos serviços de saneamento básico, coerente com as múltiplas realidades sociais, ambientais e econômicas do Brasil. Assim sendo, ela define saneamento básico como o conjunto de quatro serviços públicos: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; drenagem 5 urbana; e manejo de resíduos sólidos urbanos (coleta e disposição final do lixo urbano). 2.2 O PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO – PMSB O PMSB é um plano de ação que deverá funcionar como instrumento de desenvolvimento do município na área do saneamento, estabelecendo diretrizes para o saneamento no município, trazendo diversos benefícios à população, melhorando a qualidade de vida. A elaboração do PMSB é obrigatória, conforme a Lei Federal nº 11.445/2007. Ele é necessário para o Município ter acesso a recursos dos programas do governo e representa o planejamento das ações que serão executadas na área do saneamento nos próximos 20 anos. Ele funcionará como um guia para as ações futuras no município, as quais serão definidas com a participação popular, conforme explica (FONSECA, 2005). O PMSB é desenvolvido com a participação da população, para identificar as necessidades e priorizá-las, sendo definido isso com participação popular. São estabelecidas diretrizes que deverão nortear o desenvolvimento do setor de acordo com a escolha conjunta, de acordo com a opção feita para o futuro que quer para o Município com relação ao saneamento básico. O PMSB, conforme definição dada pela Lei Federal nº 11.445/07 para o saneamento básico, engloba o conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. 3 METODOLOGIA O trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica exploratória e análise documental por meio de consultas a documentos municipais, periódicos indexados e outras referências à luz do tema abordado e pesquisas de campo realizadas nas Secretarias Municipais de Infra Estrutura, Meio Ambiente, Saúde, Educação, Finanças, entrevista com a comunidade e empresas e registros fotográficos. 6 Para a realização da pesquisa de campo foi realizada uma amostragem num total 100 (cem) pessoas da comunidade, em diferentes classes sociais, aplicando-se um questionário direcionado com questões abertas e fechadas, possibilitando uma análise geral dos dados, assim como a tabulação de aspectos importantes. 4 RESULTADOS 4.1 GERAÇÃO DE RESÍDUOS Na pesquisa realizada na Secretaria Municipal de Meio Ambiente por meio da aplicação do Questionário II Situação dos Serviços de Limpeza Urbana e Coleta de Lixo, na questão sobre a porcentagem de lixo produzido ou gerado no município coletou-se a informação de que no ano de 2009, a Prefeitura Municipal procedeu à pesagem dos resíduos sólidos domésticos durante uma semana na balança da COAPA, visando à elaboração do projeto do aterro sanitário do município. Segundo documentos apresentados pela Engenheira Ambiental Ana Maria Pereira de Souza, Secretária Municipal de Meio Ambiente, com essa pesagem foi obtido um valor médio de 5.430 kg/dia de resíduos sólidos domésticos ou 165,9 t/mês. Considerando que a população estimada pelo método linear em Pedro Afonso era de 11.022 habitantes em 2009, obteve-se um valor per capta de 0,49 kg/hab./dia. A Prefeitura Municipal não dispõe de informações do quantitativo de resíduos de construção civil, do serviço de limpeza pública (poda varrição, etc.) e nem dos resíduos hospitalares e de serviços de saúde. Os serviços de manejo dos resíduos sólidos em Pedro Afonso-TO são organizados pela Prefeitura Municipal, que por meio da Lei nº 063/2009 de estabelece as responsabilidades e sanções para a forma de acondicionamento, transporte e destinação final. Entendendo que a Prefeitura é constituída de suas secretarias, o Sr, Sebastião Fabrício, Secretário Municipal de Infra Estrutura informou que a responsabilidade pela gestão dos resíduos é compartilhada entre a Secretaria Municipal de Infra Estrutura, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Educação e Secretaria Municipal de Finanças. 7 A Secretaria Municipal de Infra Estrutura é a responsável pelos serviços de Limpeza Urbana, que envolve a varrição, a coleta, o transporte, a poda, capina do mato a margem dos logradouros, a lavagem de feira e a destinação final dos resíduos oriundos desses serviços. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente é responsável pela questão dos resíduos nos aspectos de monitoramento do lixão, fiscalização de possíveis impactos ambientais provocados pela população em relação à destinação do lixo, desenvolvimento de ações preventivas e de conscientização. A Secretaria Municipal de Saúde é a responsável pelos resíduos produzidos no hospital, caso este não tenha incinerador, e nas unidades básicas de saúde, assim como a realização de campanhas para se evitar a proliferação de doenças causadas pelo acondicionamento e destinação inadequada dos resíduos. A Secretaria Municipal de Educação é a parceira de todas as demais secretarias, pois além de desenvolver práticas de Educação Ambiental em seu currículo escolar, apóia e participa na organização de todas as campanhas promovidas pela Prefeitura. A Secretaria Municipal de Finanças é a responsável pelo gerenciamento dos recursos financeiros destinados ao manejo dos resíduos no município de Pedro Afonso-TO, visto que a Prefeitura trabalha com o orçamento centralizado. Os resíduos domiciliares, ou seja, aqueles constituídos de restos de alimentação, invólucros diversos, varreduras, folhagens, ciscos e outros materiais descartados pela população diariamente, possui responsabilidade compartilhada. Quanto ao acondicionamento a responsabilidade é do próprio gerador, isto é, do proprietário do domicílio. A coleta e a disposição final são realizadas pela prefeitura municipal de forma gratuita. Os resíduos da construção civil gerados por obras municipais é de responsabilidade da Prefeitura fazer o acondicionamento, a coleta, o transporte e a destinação final . Em relação aos RCC produzidos particularmente é de inteira responsabilidade do gerador, que deve por força da Lei Municipal acondicionar, coletar, transportar e dar a destinação final a esses resíduos. O serviço de limpeza pública que inclui a varrição, poda, capina, lavagem de feiras, coletas dos resíduos domiciliares e do comércio são de responsabilidade da 8 Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Infra Estrutura, que também é responsável pelo transporte e destinação final dos resíduos da limpeza pública. Os resíduos dos serviços de saúde são de responsabilidadeda Secretaria Municipal de Saúde, que realiza a coleta desses resíduos por meio de Agentes da Vigilância Sanitária, uma vez por semana. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS EM PEDRO AFONSO A Prefeitura Municipal de Pedro Afonso-TO, em virtude da elaboração do projeto de construção do aterro sanitário, realizou em 2009, a pesagem dos resíduos sólidos domésticos coletados para fazer uma caracterização gravimétrica dos mesmos e durante uma semana foi realizada a seleção e pesagem de cada tipo de resíduo. Assim sendo, obteve-se a seguinte caracterização descrita na Tabela 1: Tabela 1 – Caracterização dos Resíduos de Pedro Afonso-TO – 2009 Tipo de Material % Do Componente Matéria orgânica 61 Papel e Papelão 9 Plástico 6 Vidro 2 Metais 2 Outros 5 Inertes* 15 Fonte: Prefeitura Municipal de Pedro Afonso-TO, 2009. * – inertes prioritariamente formados por Resíduos de Construção Civil. (RCC) Verificou-se neste estudo dos resíduos produzidos no município que a maior parte, ou seja, 61% são matérias orgânicas como restos de refeições, cascas de frutas, sobras de verduras e restos de plantas. Os resíduos inertes que representam 15% são oriundos essencialmente dos resíduos da construção civil. Papelão, vidro, metais e plásticos como são objetos recicláveis e periodicamente catados pelas pessoas para serem vendidos aos receptadores de materiais reciclados, representam um total de 19%. . 9 Figura 1 – Caracterização dos Resíduos de Pedro Afonso-TO – 2009 Fonte: Prefeitura Municipal de Pedro Afonso-TO, 2009 No que se refere aos materiais recicláveis, à empresa Tocantins Reciclável, única empresa do setor no município que procede ao recolhimento desses resíduos, recolhe aproximadamente 31 (trinta e uma) toneladas de resíduos mensais, conforme informação apresentada na Tabela 2. Tabela 2 – Caracterização dos Resíduos Recicláveis de Pedro Afonso-TO Tipo de Material Componente total (toneladas/mês) Metal (ferro velho) 25 toneladas Alumínio 2 toneladas Vidro 2 toneladas Plástico 1 tonelada Papelão 1 tonelada Fonte: Tocantins Reciclável, 2011 Fazendo-se uma análise das Tabelas 1 e 2, pode-se perceber claramente que o setor de reciclagem é a grande saída para a gestão dos resíduos, pois ficou evidente que a redução na destinação final dos mesmos para o lixão foi minimizada pela atividade de coleta para reciclagem em trono de 19%3, deixando explícito a urgência em se implantar a coleta seletiva. 3 De acordo com o Projeto de Aterro Sanitário para o município de Pedro Afonso, a estimativa de recebimento de resíduos no lixão, para 2009 era de 165.90 toneladas/mês. 10 Na pesquisa de campo aberta realizada por amostragem com 100 (cem) habitantes da área urbana de Pedro Afonso-TO, pode-se constatar que, apesar da Prefeitura informar que atende 90% dos domicílios, a comunidade não consegue perceber na prática essa realidade, conforme demonstra a Figura 2 - Atendimento ao Público. Figura 2 - Atendimento ao Público Fonte: Da autora, 2011. Analisando o gráfico acima se pode dizer que a população requer do poder público maior atendimento em relação à questão da limpeza urbana. Por outro lado, verifica-se que as ações da Prefeitura não são de conhecimento da maior parte da população, necessitando de um melhor trabalho de divulgação. 4.3 DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A destinação final dos resíduos sólidos do município de Pedro Afonso-TO é realizada em um lixão a céu aberto que fica localizado a uma distância de aproximadamente 8 km do centro da cidade. O lixão municipal encontra-se com a sua capacidade de recebimento de resíduos esgotada, necessitando urgentemente da construção do aterro sanitário. O lixão de Pedro Afonso-TO possui uma série de irregularidades, pois se localiza a menos de 200 metros de córregos e área de preservação e também está a menos de 1.500 a 2.000 metros de distância de atividades agrícolas, situação 11 considerada imprópria pelo Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS), enfatizou a responsável pela Secretaria de Meio Ambiente do município. Os resíduos domésticos e os originados nos serviços de limpeza urbana são jogados no lixão. A destinação dos resíduos no lixão é procedida segundo o Secretário de Infra Estrutura pelo aterro dos resíduos, utilizando-se das máquinas da Prefeitura ou pelo processo de queima. 4.4 PROJEÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS O crescimento na geração de resíduos sólidos nos municípios de pequeno porte, como Pedro Afonso-TO, requer vigilância concentrada em suas proporções, bem como absoluta responsabilidade técnica no tocante à sua destinação final de modo a evitar maiores impactos ao meio ambiente e/ou sua degradação. Assim sendo, é necessário que o poder público municipal, responsável pela gestão dos resíduos sólidos realize projeções, em consonância com o aumento populacional, considerando as datas festivas e temporadas de eventos da localidade, para que possa planejar ações que venham reduzir a quantidade de resíduos sólidos. Considerando-se os dados reais da pesagem realizada pela Prefeitura Municipal em 2009 durante uma semana em que foi obtido um valor médio de 5.430 kg/dia, no universo de uma população estimada em 11.022 (onze mil e vinte e dois) habitantes, cujo valor per capta de resíduos sólidos produzido por habitante é de 0,49 kg/hab./dia, a projeção dos resíduos sólidos domésticos para o município de Pedro Afonso-TO, em um período de 10 (dez) anos poderá ser estimada em 6.207 kg/dia, conforme Tabela 3. Deixa-se registrado que a projeção dos resíduos sólidos no município de Pedro Afonso-TO tende a ter uma curva descendente de crescimento, desde que a gestão municipal tome providências no sentido de estabelecer diretrizes eficientes de gestão dos resíduos e adote metodologias e utilize tecnologias adequadas e sistemáticas para tratamento, reutilização e destinação correta dos resíduos. Como será evidenciado na Tabela 3, o crescimento da quantidade de resíduos produzidos tende a manter uma regularidade linear de crescimento, contudo essa projeção só se efetivará na realidade se a tendência populacional se 12 mantiver e a gestão municipal se estagnar e não desenvolver nenhuma ação concreta na gestão de seus resíduos. Tabela 3 - Projeção dos Resíduos Sólidos Domésticos de Pedro Afonso-TO ANO POPULAÇÃO ESTIMADA QUANT. DE RSD KG/DIA PER CAPTA RDS KG/HAB./ DIA 2009* 11.022 5.430 0,49 2010 11.539 5.511 0,48 2011 11.732 5.593 0,47 2012 11.907 5.677 0,47 2013 12.085 5.762 0,47 2014 12.266 5.849 0,47 2015 12.449 5.936 0,47 2016 12.450 6.025 0,48 2017 12.636 6.115 0,48 2018 12.827 6.207 0,48 Fonte: Prefeitura Municipal de Pedro Afonso-TO; * Censo/IBGE/2010 4.5 PROGRAMAS Não existem programas voltados para a gestão dos resíduos sólidos no município de Pedro Afonso-TO, porém há projetos pontuais sobre Educação Ambiental. Evidenciou-se por meio da pesquisa o desenvolvimento de projetos pontuais, assim sendo sugere-se a adoção dos seguintes programas, evidenciando o Projeto do Aterro Sanitário de Pequeno Porte de Pedro Afonso: A construção do aterro sanitário intermunicipal, que inclusive, possui estudos e termo de intenção assinado entre os municípios de Pedro Afonso, Tupirama e Bom Jesus do Tocantins; Implantação de um centrode triagem e compostagem, pois como se evidenciou a maioria dos resíduos produzidos é de origem orgânica; Criar o programa de capacitação de catadores, incluindo o cadastramento, ações especificas a fim de disciplinar a ação dos catadores nas ruas, organização de campanhas para incentivar o trabalho e assim aumentar a renda dos catadores; 13 Criar o Programa de Isenção de impostos para empresas que queiram investir na coleta seletiva e reciclagem; Instituir o Programa de Educação Ambiental, com ações voltadas para a questão dos resíduos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme evidenciado nos estudos bibliográficos e na pesquisa de campo, o manejo dos resíduos sólidos e sua correta destinação final não é tarefa fácil para a administração local, em especial para os municípios de pequeno porte, uma vez que requer tecnologias operacionais de alto custo, sendo que é preciso apresentar projetos junto aos órgãos federais para a liberação de verbas, o que se torna praticamente inviável por não possuir equipe técnica qualificada para a elaboração dos mesmos. Outro fator preponderante para as dificuldades no manejo dos resíduos sólidos nos municípios é a falta de normatização por meio de Leis que regulamentem as atribuições e responsabilidades do poder público e dos cidadãos jurídicos e civis. É inadmissível um município querer gerir os resíduos sólidos baseado no improviso, as palavras de ordem deveriam ser em cada município: planejamento, diagnóstico, previsão orçamentária, diretrizes e programas efetivos e práticos que garantam o manejo correto dos resíduos, possibilitando que este seja transformando em um meio econômico através da coleta seletiva, reciclagem, compostagem e uma forma de preservação do meio ambiente. Na realização da pesquisa de campo se evidenciaram que o município de Pedro Afonso-TO, está despertando-se para cumprir a legislação pertinente a questão dos resíduos, inclusive, realizando ações com o apoio da sociedade civil organizada, como mutirões de limpeza, conscientização ambiental e um tímido projeto de coleta seletiva. Todavia, esse trabalho não surte o efeito desejado, visto que a Prefeitura Municipal realiza o serviço de limpeza urbana sem planejamento, não possuindo registros do quantitativo de resíduos produzidos e nem dados orçamentários do quanto é gasto com esses serviços. 14 Na pesquisa de campo junto à comunidade, verificou-se que apesar da intenção da gestão municipal em realizar um serviço de limpeza urbana adequado a todos, a coletividade na sua grande maioria não aprova a qualidade desses serviços, o que evidencia a necessidade de buscar caminhos alternativos e viáveis para a questão do manejamento dos resíduos no município. Assim sendo, afirma-se positivamente que o caminho ideal é o da parceria com agentes sociais, municípios circunvizinhos, empresas e comunidade. Nesse aspecto, coletaram-se informações precisas de que a Prefeitura Municipal, por meio de consórcio intermunicipal com as cidades circunvizinhas estão planejando em parceria com a Fundação Bunge a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, que prevê a desativação do atual lixão e a construção do aterro sanitário, uma usina de triagem e compostagem, implantação da coleta seletiva e programas de educação ambiental nas escolas. Essa movimentação do poder público e da sociedade organizada demonstra a compreensão de que para atender as legislações vigentes e garantir a limpeza da cidade, o saneamento, melhoria nas condições econômicas e sociais deve ser realizada um correto planejamento que agregue como foco principal o ser humano e o meio ambiente. 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 2004 (NBR 10.004). Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Lei Federal nº 11.445/07 – Estabelece Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico. Casa Civil, Brasília - DF, 2007. BRASIL. Lei Federal nº. 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Casa Civil, Brasília-DF, 2010. BRASIL. Lei Nº. 9.795, de 27 de abril de 1999. Da Educação Ambiental. Casa Civil, Brasília - DF, 1999. 15 FONSECA, Edmilson. Iniciação ao estudo dos resíduos sólidos e da limpeza urbana. João Pessoa: Gráfica e Editora A União, 2005. GOMES, L. P. Estudo da caracterização física e da biodegradabilidade dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários. 1987. 166 f. Dissertação (Mestrado em Hidráulica e Saneamento) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1997. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo/2010. Disponível em: < www.ibge.gov.br >. Acesso em: 05 mar. 2012. LIMA, J. D. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: ABES 2001. PEDRO AFONSO. Lei Municipal nº 63, de 25 de Novembro de 2009. Organização e responsabilidades na geração e manejo dos resíduos sólidos. P.M. 2009. ZANTA, V. M; FERREIRA, C. F. A. Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. In: Resíduos Sólidos Urbanos: Aterro Sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro. ABES, 2003.
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