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Ordem Júridica

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
FACULDADE DE DIREITO 
HERMENÊUTICA JURÍDICA 
PROF. JOSEMAR ARAÚJO – josemar@josemararaujo.com 
FOLHA DE APOIO 05 
 
Ordem Jurídica 
 
É expressão que coloca em destaque uma das qualidades essenciais do 
Direito Positivo, que é agrupar normas que se ajustam entre si e formam um 
todo harmônico e coerente de preceitos. Justamente por ser a ordem 
jurídica um corpo normativo, quando ocorre a incidência de uma norma 
sobre um fato social, ali se encontra presente não apenas a norma 
considerada mas a ordem jurídica, pois as normas, apreciadas 
isoladamente, não possuem vida. A ideia de ordem pressupõe uma 
pluralidade de elementos que, por sua adequada posição ou função, 
compõem uma unidade de fim. 
 
Formação 
 
A ordem jurídica, que é o sistema de legalidade do Estado, forma-se pela 
totalidade das normas vigentes, que se localizam em diversas fontes e se 
revelam a partir da Constituição Federal – a responsável pelas regras mais 
gerais e básicas à organização social. 
 
Harmonia com a Constituição 
 
As demais formas de expressão do Direito (leis, decretos, costumes) devem 
estar ajustadas entre si e conjugadas à Lei Maior. Paulo Nader explica que 
é falsa a ideia de que o legislador entrega à sociedade uma ordem jurídica 
pronta e aperfeiçoada. Ele elabora as leis, mas a ordem fundamental — 
ordem jurídica — é obra de beneficiamento a cargo dos juristas, definida em 
tratados e em acórdãos dos tribunais. 
 
Ordenamento Jurídico 
 
Miguel Reale considera ser um equívoco a redução do ordenamento jurídico 
a um sistema de leis, e até mesmo a um sistema de normas de direito 
entendidas como simples "proposições lógicas". Mais certo seria dizer que o 
ordenamento é o sistema de normas jurídicas in acto, compreendendo as 
fontes de direito e todos os seus conteúdos e projeções: é, pois, o sistema 
das normas em sua concreta realização, abrangendo tanto as regras 
explícitas como as elaboradas para suprir as lacunas do sistema, bem como 
as que cobrem os claros deixados ao poder discricionário dos indivíduos 
(normas negociais). Em definição simplificada, afirma que ordenamento 
jurídico pode ser visto como um macromodelo, cujo âmbito de validade é 
traçado em razão do modelo constitucional, ao qual devem imperativamente 
se adequar todos os modelos jurídicos. 
 
Para ser eficaz, o ordenamento deve ser unitário (com as fontes e normas 
obedecendo a uma hierarquia), coerente (evitando antinomias) e completo 
(evitando as lacunas). 
 
Diferença entre Ordenamento Jurídico e Ordem Jurídica. 
 
Enquanto a ordem jurídica encerra a noção de agrupamento de normas que 
se ajustam entre si e formam um todo harmônico e coerente de preceitos, A 
compreensão de ordenamento jurídico exige que seja examinada a relação 
entre as normas jurídicas e, inclusive, os elementos não normativos 
(definições, critérios classificatórios, preâmbulos, etc.). Nesse sentido, como 
a compreensão do ordenamento jurídico é eminentemente relacional, 
discute-se a unidade e o fundamento do sistema. 
 
 unidade 
 
Costuma-se falar em unidade do ordenamento jurídico porque sendo ele 
estrutura complexa, derivada da necessidade de vários tipos de normas 
jurídicas, se sustenta esse conjunto de normas como um ordenamento, a 
partir de sua unidade ou coesão, garantido com base em uma única norma, 
que Kelsen chamou de norma fundamental. 
 
 coerência 
 
SE é verdade que o ordenamento jurídico é dotado de unidade, ele também 
precisa ser coerente. Há que existir uma correlação coerente entre as 
normas jurídicas. Trata-se de evitar ou resolver as contradições verificadas 
no próprio ordenamento. Essas contradições são chamadas antinomias. 
Normalmente as antinomias revelam três situações: 
Entre uma norma que ordena fazer algo e uma outra norma que proíbe 
fazê-lo. 
 
Entre certa norma que ordena fazer e outra que permite não fazer. 
Entre determinada norma que proíbe fazer e outra que permite fazer. 
 
Tipos de Antinomias 
 
AS antinomias podem ser aparentes ou reais, reclamando soluções 
diferentes. 
 
Antinomias aparentes - as antinomias aparentes são verificadas sempre 
que as normas conflitantes aplicam-se em âmbitos diferentes, trata-se de 
antinomias que podem ser harmonizadas. 
 
Antinomias reais - as antinomias reais se verificam sempre que constata-
se terem os legisladores manifestado duas vontades contraditórias a 
respeito do mesmo assunto. 
 
Critérios de solução de antinomias reais: 
 
AS antinomias aparentes requerem do intérprete apenas o conhecimento 
dos respectivos âmbitos de incidência das normas em conflito aparente. 
Resta resolver as antinomias reais. Neste caso, podemos mencionar os 
critérios da superioridade, da posterioridade e da especialidade da norma. 
 
Critério da superioridade (ou hierárquico) - as normas jurídicas 
constituem um sistema hierarquizado, existindo entre elas relações de 
superioridade e inferioridade. Tal critério pode ser resumido pelo brocardo: 
lex superior derogat legi inferiori (a norma superior revoga a inferior). 
 
Critério da posterioridade (ou cronológico): - SE as normas jurídicas 
conflitantes possuem a mesma força jurídica, mas foram promulgadas em 
tempos diferentes, prevalece a norma mais nova. Pode o critério da 
posterioridade ser resumido pelo brocardo: Lex posterior derogat priori 
“A lei posterior derroga a anterior). 
 
Critério da especialidade: Entre normas de mesma hierarquia que se 
apliquem ao mesmo tema, prevalece a norma específica, isto é, aquela que 
regulamenta de forma particular determinados casos. Pode ser resumido 
pelo brocardo: lex specialis derogat legi generali (lei especial prevalece 
sobre a lei geral). 
 
Nos casos em que as normas são contemporâneas, do mesmo nível e 
gerais, A solução é confiada à liberdade do intérprete, tendo a possibilidade 
de eliminar a incidência de uma delas ou de ambas, aplicando os princípios 
gerais de direito ou mesmo outras normas que se apliquem ao caso 
concreto sem subverter o ordenamento. 
 
 completude] 
 
Por completude se deve entender a falta de lacunas. Em outras palavras, 
deve haver, no ordenamento jurídico, normas que regulem cada caso 
concreto. Ocorrendo a falta de uma norma, se diz que há lacuna normativa. 
A completude é condição sinequanon nos ordenamentos em que valem as 
seguintes regras: o juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se 
apresentarem a seu exame e deve julga-las com base em uma norma 
pertencente ao sistema. 
 
As Lacunas 
 
A lacuna surge da comparação entre o ordenamento jurídico como ele é e 
como deveria ser, isto é, das lacunas ideológicas (de direito a ser 
estabelecido) para as lacunas reais (do direito já estabelecido). Assim, é 
possível falar da lacuna própria do sistema ou dentro do sistema, ou da 
lacuna imprópria que, deriva da comparação do sistema real com o sistema 
ideal. 
 
O que há em comum entre os tipos próprio e impróprio é que ambos 
designam um caso não regulamentado pelas leis vigentes num dado 
ordenamento jurídico. Se distinguem pela forma através da qual podem ser 
eliminadas: a lacuna imprópria somente pode ser eliminada por meio da 
formulação de novas normas; a lacuna própria, mediante as leis vigentes. 
As lacunas impróprias são completáveis somente pelo legislador; as 
lacunas próprias são completáveis por obra do intérprete. 
 
Heterointegração e Auto-integração 
 
Na solução de certas lacunas, Um ordenamento jurídico pode recorrer a 
dois métodos distintos: heterointegração e auto-integração. O primeiro 
método consiste na integração operada através do recurso a ordenamentos 
diversos e recurso a fontes diversas daquela que é dominante (a Lei). O 
método de auto-regulação apóia-se particularmente na analogia e nos 
princípios gerais do direito, sem a recorrênciaa outros ordenamentos e com 
o mínimo recurso a fontes diversas da dominante. 
 
Fontes 
 
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Bauru: Edipro, 2011. 
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, 
decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2001 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.

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