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PRINCIPIOS GERAIS DOS RECURSOS

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PRINCIPIOS GERAIS DOS RECURSOS
Os recursos dependem de previsão legal, de modo que o rol dos recursos e as hipóteses de cabimento configuram um elenco taxativo.
Não se pode permitir que a via recursal permaneça infinitamente aberta
Equilíbrio entre as garantias do valor justiça e do valor certeza.
Não se exclui porem, a interpretação extensiva da norma processual, nem mesmo a aplicação analógica de certas regras – art.3º CPP
Exemplo recurso em sentido estrito e agravo contra decisões proferidas pelo juiz da execução
Entretanto, sempre estará aberta ao interessado a via das ações autônomas de impugnação, que nesse caso, funcionarão como sucedâneo do recurso
UNIRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES
A REGRA GERAL É QUE A CADA DECISÃO CORRESPONDA UM ÚNICO RECURSO. Atendendo ao princípio, o artigo 593, § 4º do CPP exclui a possibilidade de interposição do recurso em sentido estrito, se da decisão cabe apelação, pois esta absorve aquele.
Há casos, porém, de decisões objetivas complexas, com capítulos distintos, em que entram em jogo diversos requisitos de admissibilidade. Para esses casos, a lei pode prever expressamente o oferecimento de recursos concomitantes e diversos para impugnar a mesma decisão.
Exemplo apelação e protesto por novo júri – artigo 608 do CPP
VARIABILIDADE DOS RECURSOS E PRECLUSÃO CONSUMATIVA
Significa que a interposição de um recurso não liga o recorrente à impugnação, permitindo-se a interposição de outro recurso, se no prazo.
Vários doutrinadores entendem que o princípio não mais vigora em razão do instituo da preclusão consumativa
COMPLEMENTARIEDADE DOS RECURSOS
Pelo princípio poderá o recorrente complementar a fundamentação de seu recurso caso haja integração ou complementação da decisão em virtude de acolhimento de embargos de declaração
FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS
Previsto expressamente no artigo 579 do CPP, pelo princípio da fungibilidade o recurso erroneamente interposto pode ser conhecido por outro, desde que não haja má-fé.
Há, nesse caso, aproveitamento do recurso erroneamente interposto, mediante sua conversão no adequado, em homenagem ao princípio de que o processo não deve sacrificar o fundo pela forma
Observe-se que o princípio da fungibilidade só pode operar quando se trate de recurso sem fundamentação vinculada, não quando se trate de recursos com requisito de admissibilidade próprio, como os recursos especial e extraordinário, por exemplo
DIALETICIDADE DOS RECURSOS
O recorrente deverá declinar os motivos pelos quais pede o reexame da decisão, porque, somente assim, a parte contrária poderá apresentar suas contrarrazões, formando-se o imprescindível contraditório em matéria recursal.
As razões do recurso e as respectivas contrarrazões são, assim, elementos indispensáveis para que o tribunal possa examinar seu mérito. Sua falta acarretará o não conhecimento.
No processo penal, as razões de apelação podem ser oferecidas em primeiro ou segundo grau (art. 600, §4)
DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS
Da própria natureza dos recursos como meio de impugnação voluntários das decisões, deveria decorrer sempre o poder de disposição que sobre eles guardasse o recorrente. A regra de disponibilidade, sofre, porém, exceções no processo penal, em que a relação jurídica de direito material controvertida é de natureza indisponível, havendo limitações à disponibilidade dos recursos quando estejam em jogo os direitos de acusar e defender
Os atos da disposição atinentes aos recursos dividem-se em renúncia e desistência. O primeiro, anterior a interposição, antecipa a preclusão ou o trânsito em julgado, já o segundo, é sempre posterior à interposição, levando à extinção da via recursal
A renúncia ao recurso, pela defesa, pode ser inválida no processo penal. Pelo artigo 577 do CPP o recurso pode ser interposto pelo réu, por seu procurador ou defensor, podendo ocorrer a renúncia pelo réu e a interposição de recurso pelo defensor
O MP não é obrigado a recorrer, mas, por disposição expressa do Código – artigo 576, não poderá desistir do recurso, e, mais, entende-se que o MP não poderá restringir, nas razões de recurso o âmbito deste, fixado na interposição, porque isso implicaria em desistência parcial.
IRRECORRIBILIDADE DAS INTERLOCUTÓRIAS
Diversamente do que ocorre no Processo Civil, em que as decisões interlocutórias são impugnáveis pelo agravo, no processo penal a regra para as decisões proferidas no curso do processo é a sua irrecorribilidade, com as exceções previstas no artigo 581 do CPP e outras expressamente previstas em Lei.
Tratando-se de decisões irrecorríveis, as interlocutórias poderão ser reexaminadas em seu conteúdo por ocasião do recurso, pois não serão atingidas pela preclusão. 
Tratando-se de decisões irrecorríveis, as interlocutórias poderão ser reexaminadas em seu conteúdo por ocasião do recurso, pois não serão atingidas pela preclusão. 
Tratando-se de decisões irrecorríveis, as interlocutórias poderão ser reexaminadas em seu conteúdo por ocasião do recurso, pois não serão atingidas pela preclusão. 
A PERSONALIDADE DOS RECURSOS
A) O recurso aproveita a parte que o interpôs
B) Quem recorreu não pode ter sua situação agravada, senão houver recurso da parte contrária
Impede o REFORMATIO IN PEJUS
O princípio está consagrado na parte final do art. 617 do CPP. 
Reformatio in pejus = diferença para pior entre a decisão recorrida e a decisão do recurso, não podendo a piora ocorrer nem do ponto de vista qualitativo quanto sob o ângulo quantitativo
Reformatio in mellius? Nada diz sobre proibição da reformatio in mellius
Nulidade da sentença e proibição da reformatio in pejus indireta quando o juiz indiretamente acaba provocando situação pior do que já existia. Ex. desconstitui uma sentença, e dá nova sentença com pena maior
DECISÕES SUJEITAS A RECURSO
A Classificação das Decisões Penais
As Decisões e Despachos distinguem-se em Decisões definitivas, interlocutórias mistas e interlocutórias simples ou despachos de mero expediente.
Encontra-se também a denominação de decisão terminativa de mérito indicar a interlocutória mista
 
O Código de Processo Civil distingue as decisões em:
Sentença
Decisão Interlocutória
Despacho
Sentença – ato pelo qual o juiz pões termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa
Decisão interlocutória – ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente
Despacho – todos os demais atos do juiz praticados no processo
Classificação das decisões com base em dois critérios:
A) o de encerrarem ou não o processo
B) encerrando o de fazê-lo ou não com julgamento de mérito
A) Decisões que encerram o processo:
A1- com julgamento de mérito:
- definitivas stricto senso (absolvição ou condenação):
- definitivo lato sensu ou com força de definitiva (impropriamente chamadas interlocutórias mistas ou terminativas de mérito) – ex.: extinção da punibilidade, a que concede o perdão judicial:
A2 Sem julgamento de mérito:
- terminativas ou com força de definitivas – ex.:impronúncia, rejeição da denúncia, reconhecimento da coisa julgada, ausência de condição da ação
B) decisões que não encerram o processo 
B1) decidem o mérito de questões incidentes:
-interlocutórias mistas ou com com força de definitivas (exemplo unificação da pena, livramento condicional)
B2) Decidem questões incidentes de natureza processual:
Interlocutória simples (exemplo decisão de pronúncia, rejeição da coisa julgada)
C) Despachos que determinam a mera movimentação processual - abertura de prazo, designação de dia e hora para prática de atos processuais...
Nessa sistemática há 3 categorias que coincidem perfeitamente com aquelas estabelecidas para o processo civil:
- Sentença definitiva de mérito (absolvendo ou condenando):
- Decisão interlocutória (simples) decidindo questões incidentes de índole processual, e:
- despachos, cuidando de mero expediente.
Restam as denominadas interlocutórias mistas ou sentenças com força de definitivas, nomenclatura aplicável a todas as demais decisões, abrangendo sentenças definitivaslato sensu, as terminativas, as que julgam o mérito de questões incidentais
Restam as denominadas interlocutórias mistas ou sentenças com força de definitivas, nomenclatura aplicável a todas as demais decisões, abrangendo sentenças definitivas lato sensu, as terminativas, as que julgam o mérito de questões incidentais
DECISÕES SUJEITAS A RECURSO
Excluem-se da possibilidade de recurso os despachos, que nem decisões são, não tem por objeto qualquer questão controvertida, tratando-se simplesmente de mero impulso do procedimento.
As decisões interlocutórias simples, em regra são irrecorríveis, com as exceções do artigo 581 do CPP (recurso em sentido estrito) ou das expressamente previstas em leis especiais
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO
Todo recurso, como, aliás, qualquer ato postulatório, está sujeito a exame sob dois aspectos: o primeiro destina-se a aferir se estão satisfeitos os requisitos prévios necessários à apreciação do conteúdo da postulação; o segundo, a examinar os fundamentos desta, para colhe-la ou rejeita-la
Denomina-se juízo de admissibilidade aquele em que se declara a presença ou ausência dos referidos requisitos; se chama juízo de mérito aquele em que se apura a existência ou inexistência de fundamento para o que se postula; no caso dos recursos, a revisão da decisão impugnada, visando a sua reforma, invalidação, esclarecimento ou integração.
Só se passa ao juízo de mérito se o de admissibilidade for positivo; assim, muito embora o juízo de mérito do recurso se revista de maior importância, por dizer respeito ao fundo da impugnação, o de admissibilidade é necessariamente preliminar à questão de mérito: a apreciação desta fica excluída se a primeira for decidida negativamente
Quando a admissibilidade é negada pelo órgão aquém, diz-se que ele não conhece do recurso. No caso contrário que conhece do recurso. Nesse último caso, duas hipóteses podem ocorrer: o órgão ad quem entende que o recurso, além de admissível é fundado, e nesse caso, lhe dá provimento; ou entende que, embora admissível é infundado, e lhe nega provimento.
A distinção entre conhecimento e provimento dos recursos é relevante: se o recurso não é conhecido, estabiliza-se a decisão do juízo a quo. Mas, se o recurso é conhecido, ainda que improvido no mérito, a decisão do órgão ad quem substitui sempre a decisão impugnada
O não conhecimento do recurso leva à consolidação da coisa julgada no juízo a quo, retroagindo ao momento em que da decisão recorrida se interpôs recurso inadmissível
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO: OBJETO
O juízo de admissibilidade tem por objeto os requisitos necessários para que se possa legitimamente apreciar o mérito do recurso, dando-lhe ou negando-lhe provimento. Esses requisitos nada mais são que os pressupostos e condições necessários ao julgamento de fundo da impugnação, podendo ser analisados em simetria com os pressupostos processuais e as condições da ação. Assim, o juízo de admissibilidade versa sempre sobre questões atinentes à interposição
Por sua vez, objeto do juízo de mérito é o próprio conteúdo da impugnação à decisão recorrida. É possível que o objeto do recurso se circunscreva a uma questão resolvida no juízo a quo como preliminar da questão de mérito, discutindo-se, por exemplo, a presença ou ausência de um pressuposto processual ou de uma condição da ação. Por isso, o mérito do recurso não corresponde ao mérito da causa, podendo versar sobre questões processuais anteriores à decisão ou dela emergentes.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: COMPETÊNCIA
Em princípio, a competência para o primeiro juízo de admissibilidade é do próprio órgão perante o qual se interpõe o recurso. O órgão de interposição não pode indeferir o recurso por entende-lo infundado.
Há limites para a competência do órgão a quo quanto ao juízo de admissibilidade. Em primeiro lugar, circunscreve-se à aferição da existência ou inexistência dos requisitos no momento da interposição do recurso. 
Em segundo lugar, o órgão de interposição não poderá jamais subtrair do órgão ad quem o juízo de admissibilidade – assim, se o sistema não contemplar recurso ou remédio análogo, da decisão que rejeitar o recurso por inadmissível, não poderá ele assim ser declarado pelo órgão a quo.
Assim, a competência do órgão de interposição para o juízo de admissibilidade não exclui a competência do órgão ad quem para a mesma matéria, o juízo de admissibilidade submete-se, em geral, a duplo controle, na instância inferior e na superior.
A competência para o duplo controle de admissibilidade deve ser exercida de ofício. Mas, no órgão ad quem, o juízo de admissibilidade costuma ser implícito, deduzindo-se da circunstância de ter-se passado a examinar o mérito do recurso. Ao contrário, se o juízo de admissibilidade for negativo, a decisão deverá sempre ser explicita e fundamentada.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE – NATUREZA E EFEITOS
A natureza do juízo de admissibilidade é essencialmente declaratória. A existência ou inexistência dos requisitos de admissibilidade é anterior ao pronunciamento e não ocasionado por este.
O efeito geral do juízo de admissibilidade é o de permitir a passagem para o julgamento do mérito, se positivo, ou impedi-la, se negativo.
O juízo positivo de admissibilidade na jurisdição inferior não basta para assegurar ao recorrente o juízo de mérito, porque não fica preclusa a reapreciação da matéria pelo órgão ad quem.
Preclusa a decisão denegatória de admissibilidade a situação equipara-se à que existiria se o recurso não tivesse sido interposto. Recurso inadmissível não obsta a formação da coisa julgada a qual exsurge a partir a partir da sua configuração não a partir da sua declaração.
JUÍZO DE MÉRITO – COMPETÊNCIA E EFEITOS
Como visto, o juízo de mérito do recurso é de competência exclusiva do órgão ad quem.
O órgão ad quem poderá negar provimento ao recurso ou dar-lhe provimento. Nesse último caso, o órgão superior reforma a decisão recorrida ou a anula. 
Reformará a decisão quando reconhecer error in judicando (ou seja, quando a decisão recorrida não aplicou corretamente o direito material).
Reformada a decisão (pelo mérito da causa), o objeto do juízo recursal coincide com o objeto do juízo do grau inferior, e, a decisão colegiada substitui a decisão recorrida, nos limites de conhecimento do órgão da quem.
Por outro lado, a decisão do órgão superior poderá anular a decisão a quo, ao verificar a presença de error in procedendo – decisão recorrida não apreciou corretamente questões processuais.
Nessa hipótese, o julgamento do juízo ad quem não coincide com o da jurisdição inferior nem o substitui: o que existe é a sua cassação para que o próprio órgão a quo profira nova decisão.
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS
Doutrina tradicional – requisitos ou pressupostos;
Modernamente – condições e pressupostos – paralelo com as condições da ação;
	Classificação tradicional
	1 - Pressupostos Objetivos
	2 - Pressupostos Subjetivos
			Pressupostos objetivos:
	A) cabimento:
	B) adequação;
	C) tempestividade;
	D) regularidade procedimental;
	E) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo
			Pressupostos subjetivo
Interesse em recorrer;
B) Legitimação aos recursos.
		Dada a natureza do direito de recorrer, pode-se estabelecer um paralelo entre as condições da ação e as condições do recurso.
		O recurso não instaura nova relação processual, tratando-se apenas de outra fase da mesma relação aberta com a demanda, mas o direito a fase impugnativa, como desdobramento do próprio direito de ação, também se sujeita a condições de admissibilidade
		Trata-se das mesmas condições exigidas para o exercício do direito de ação:
		A) possibilidade jurídica – aqui entendida como previsão do recurso;
		B) Interesse em recorrer – visto como necessidade mais adequação; 
		C) Legitimação ao recurso;
		Pressupostos recursais para a constituição de uma fase procedimental válida:
Investidura do Juiz;
Capacidade de quem formula o recurso;
Regularidade formal dainterposição;
Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos.
		É para esses requisitos de admissibilidade, compreendendo condições e pressupostos que o juízo de admissibilidade deve atentar.
POSSIBILIDADE JURÍDICA (CABIMENTO)
	A possibilidade jurídica, aplicada aos recursos se identifica com seu cabimento, ou seja, quando a utilização da via recursal é contemplada pelo ordenamento jurídico com meio de impugnação (existe lei dizendo que existe recurso para determinado ato)
LEGITIMAÇÃO PARA RECORRER
	Artigo 577 do CPP traça os limites.
	Importante atentar para a dupla legitimação – réu (tem capacidade postulatória) e advogado (defensor)
INTERESSE:
	A noção de interesse, no processo, repousa sempre, no binômio adequação mais necessidade ou utilidade.
	O recurso interposto deve ser adequado a assegurar a utilidade visada pelo recorrente. Isso importa em que o recorrente lance mão do recurso adequado às hipóteses de cabimento.
NECESSIDADE:
	O interesse necessidade implica a exigência de se lançar mão do recurso para atingir-se o resultado prático que o recorrente tem em vista.
	Suponha-se que o réu tenha reconhecida em seu favor causa extintiva de punibilidade. Nessa circunstância o réu alcançará, sem necessidade de apelar, vantagem prática igual a que poderia esperar do julgamento da apelação. Se não obstante, apela, o recurso deve considerar-se inadmissível, por falta de interesse-necessidade.
UTILIDADE: 
	Deve-se entender a utilidade como proveito que a futura decisão seja capaz de propiciar ao recorrente. Abrange todas as hipóteses, partes, terceiros, MP, ainda que na função de fiscal da lei.
	A ocorrência da utilidade deve ser aferida do ponto de vista prático, processo não pode servir de palco para solução de questões acadêmicas, assim, a primeira conclusão é que se admite recurso, em regra, contra o dispositivo e não contra a motivação (exceção – absolvição), e, a segunda é que é inadmissível razões de impugnação que só atacam a motivação e são incapazes de modificar o dispositivo.
Utilidade em relação ao MP
	Fiscal da Lei
	recorrer em prol da defesa?
	recurso que vise reconhecimento de nulidade relativa que só interesse a defesa?
	Havendo recurso da defesa?
PRESSUPOSTOS:
	Assim como ocorre com o processo em geral, a constituição da relação processual atinente aos recursos também se sujeita a pressupostos necessários para que possa nascer e desenvolver-se validamente.
	Requisitos – evolução - pressupostos
Investidura:
	A investidura do juiz ou tribunal corresponde à sua qualidade de órgão jurisdicional mais do que pressuposto de validade pode ser considerado pressuposto de existência da relação processual (ou da relação procedimental da fase recursal)
	Em que pese assumir menor relevância prática, vez que a a fase de recurso se insere na mesma relação jurídica processual que instaurou originariamente, há a possibilidade do recurso ser direcionado a tribunal constitucionalmente incompetente.
Capacidade processual:
	Para a regularidade da relação recursal, os legitimados aos recursos devem gozar de capacidade processual, que se distingue em: a) capacidade de ser parte, b) capacidade de estar em Juízo, c) capacidade postulatória.
	a) 	é a capacidade jurídica, ou capacidade de gozo, regulada pela lei civil
	 b) capacidade de estar em juízo – diz respeito à aquisição e perda pela pessoa, tanto física como jurídica. 
	c) capacidade postulatória – por direito de postular em juízo entende-se o direito de agir e falar em nome das partes, e, em regra é reservado ao advogado, regularmente habilitado perante a OAB. 
Regularidade formal
	Todo Processo desenvolve-se através da prática sequencial e ordenada de atos processuais rumo a decisão final e definitiva da controvérsia. Os recursos também devem ser interpostos segundo a forma legal, sob pena de não serem conhecidos. A regularidade formal da interposição é pressuposto processual para o conhecimento do recurso, tanto quanto a correta formulação do pedido é pressuposto par a análise deste.
	Todavia, o princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual estas não podem sufocar as finalidades do processo, visto cada vez mais em seu caráter de instrumento posto a serviço do direito material, impõe que a regularidade formal seja entendida de forma elástica e sem rigorismos. E isso vem sublinhado especificamente para os recursos, resguardando-se o princípio maior do duplo grau e do controle das decisões judiciárias.
	O artigo 578 do CPP dispõe que o recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante. Mas é copiosa a jurisprudência que deixa claro inexistir forma sacramental para a interposição de recurso, que se considera proposto sempre que se caracterize a clara intenção de recorrer
Tempestividade:
	Diz-se tempestivo o recurso quando oferecido dentro do prazo estabelecido em Lei, sendo o prazo processual uma distância temporal entre os atos do processo, cujos marcos são o início do prazo (dies a quo) e seu término (dies ad quem).
	Os prazos processuais sem geral, e os recursais em particular, sujeitam-se a dois princípios: o da inteireza dos prazos e o de sua interpretação em benefício do recorrente.
	O princípio da inteireza dos prazos indica a necessidade do efetivo conhecimento de seu termo a quo de modo a preservá-lo em sua plenitude.
	O princípio da interpretação em favor do recorrente visa a preservar a garantia do duplo grau e do controle das decisões judiciais, impondo que qualquer dúvida a respeito da tempestividade seja sempre dirimida em favor da admissibilidade, de modo a ser assegurado o reexame da decisão impugnada.
Prazo:
	O prazo para a interposição de cada recurso é previsto na lei processual e são contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo e feriado, salvo casos de impedimento do juiz, força maior ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária
	O termo inicial do prazo vem previsto no artigo 798, § 5º do CPP, correspondendo a:
 	- Intimação;
	- audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
	- dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
	A regra do artigo 798 do CPP diz respeito ao início do prazo, que, não se confunde com o início da contagem do prazo.
	Assim, a teor do artigo 798, § 1º, CPP, não se computa na contagem do prazo o dia de começo, mas se conta o dia do vencimento (regra do início da contagem do prazo).
	Prazos que se iniciarem ou vencerem em sábados, domingos ou feriados serão prorrogados para o primeiro dia útil.
Prazos peremptórios, ônus do recorrente e preclusão temporal
	Os prazos recursais não são apenas contínuos, como ainda peremptórios, a interposição do recurso dentro do prazo representa um ônus para o recorrente e a intempestividade acarreta a preclusão temporal, e, consequentemente o não conhecimento do recurso.
Resumo:
	Condições de admissibilidade:
	a) possibilidade jurídica (cabimento)
	b) legitimação
	c) Interesse em recorrer – necessidade/utilidade
	Pressupostos recursais:
	a) Investidura do juiz ou tribunal
	b) capacidade
	c) regularidade formal da interposição
	d) tempestividade
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
	O Recurso em Sentido Estrito serve, em regra, para impugnação de decisões interlocutórias (arts. 581-592, CPP). Corresponde, em linhas gerais, ao agravo do Código de Processo Civil.
Espécies:
	Há diversas classificações do recurso em sentido estrito.
	Em face do procedimento, há recursos em sentido estrito que sobem em instrumento e outros que são formados nos próprios autos do processo.
	Fala-se também em recurso em sentido estrito pro et contra, nas hipóteses dos incisos IV, V, VIII e IX conjugados com X, XI, XII, XVII, XVIII, XXII e XXIII do art. 581, porque servem para impugnar decisões em sentidos opostos, como, por exemplo, as que concedem ou negam habeas corpus, e, em recursos em sentido estrito secundum eventum litis (581, I, II, III, VII, XIII, XIV, XV, XVI,XIX, XXI e XXIV), que só se prestam à impugnação de determinada decisão e não a decisão contrária – ex.: decisão que não recebe a denúncia.
	Parte da doutrina ainda divide o recurso em sentido estrito em voluntário e necessário. A segunda hipótese trata de reexame necessário e não propriamente recurso.
	Há, ainda, previsão de recurso em sentido estrito em leis extravagantes – juiz absolve ou determina o arquivamento do crime contra a economia popular ou contra a saúde pública (art. 7 da Lei 1.521/51)
Condições:
	O recurso em sentido estrito, além de previsto em leis especiais, é cabível, nos expressos dizeres do art. 581, CPP, de decisão, despacho e sentença, nos casos por ele relacionados.
	Trata-se de imperfeição do Código ao utilizar a palavra “despacho”, vez que se refere nitidamente a ato decisório, e, no rol do art. 581 constam somente decisões.
	Embora se destine principalmente ao ataque de decisões interlocutórias, o recurso em sentido estrito é cabível em relação a várias espécies de decisões: terminativas ou com força de definitivas; que solucionam processo ou procedimentos incidentais, que resolvem questões incidentais de natureza processual. Admite-se até contra o ato judicial de inclusão ou exclusão de jurado da lista geral (inc. XIV), que não se liga diretamente a nenhum processo, destinando-se genericamente a todos os processos do júri que venham a ser instaurados.
	Assim como sucede com os demais meios de impugnação, aplica-se ao recurso em sentido estrito a regra da taxatividade, admitindo-se, contudo, interpretação extensiva e integração analógica, cabíveis em normas processuais (art. 3 CPP). O que o princípio impede é ampliar o recurso para situações não incluídas no rol do art. 581
	Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
	I - que não receber a denúncia ou a queixa;
	II - que concluir pela incompetência do juízo;
    	III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
        	IV - que pronunciar ou impronunciar o réu;
        	IV – que pronunciar o réu;
      	V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;           (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
        	VI - que absolver o réu, nos casos do art. 411;           (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
        	VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
	VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
	IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
	X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
	XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
	XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
	XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
	XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
	XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
	XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
	XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
	XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
	XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;
	XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
	XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
	XXII - que revogar a medida de segurança;
	XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
	XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
	Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
	Parágrafo único.  O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação.
	Art. 583.  Subirão nos próprios autos os recursos:
	I - quando interpostos de oficio;
	II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
	III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
	Parágrafo único.  O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
	Art. 584.  Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
	§ 1o  Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.
	§ 2o  O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
	§ 3o  O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.
	Art. 585.  O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a     admitir.
	Art. 586.  O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.
	Parágrafo único.  No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.
	Art. 587.  Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
	Parágrafo único.  O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
	Art. 588.  Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
	Parágrafo único.  Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.
	Art. 589.  Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
	Parágrafo único.  Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
	Art. 590.  Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
	Art. 591.  Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
	Art. 592.  Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.
Condições, interesse e legitimidade:
	Tem ampla legitimidade para o recurso em sentido estrito nos termos do art. 577, o MP, querelante, réu, procurador ou defensor.
	O ofendido, habilitado ou não como assistente do MP, tem legitimidade restrita aos casos expressamente referidos no art. 584, par. 1: impronúncia e decisão que julgar por outro modo extinta a punibilidade. Admite-se ainda a interposição de recurso em sentido estrito com fundamento no inciso XV, quando o juiz não receba a apelação do ofendido ou venha a julgá-la deserta, pois não haveria sentido que pudesse apelar e não lhe fosse garantido o direito de recorrer contra a decisão que não admitisse a impugnação (duplo grau).
	É possível, ainda, a interposição de recurso por pessoas não elencadas no art. 577.
	O jurado excluído da lista anual e que deseje nela permanecer pode, através do recurso em sentido estrito, manifestar sua irresignação com a exclusão, pleiteando o retorno de seu nome a lista.
APELAÇÃO
	A apelação (derivada de appelatio) tem o significado de ação de dirigir a palavra, destina-se a impugnação de sentença, com raízes no direito romano, período imperial,onde era um recurso formulado para o imperador
	Constitui a apelação na atualidade recurso ordinário por excelência, previsto na quase totalidade das legislações modernas, caracterizado por ampla devolução cognitiva ao órgão ad quem. É eficaz instrumento processual para a atuação do princípio do duplo grau de jurisdição.
	Em face do extenso âmbito cognitivo do órgão recorrido, pode este reapreciar questões de fato e de direito, ainda que julgadas anteriormente, mormente em matéria processual penal, onde o mais comum é não haver preclusão; pode também examinar questões ainda não analisadas pelo juiz que estejam compreendidas na abrangência da impugnação. Por isso ocorrente é que as apelações não estejam restringidas por fundamentação vinculada.
	No sistema brasileiro, constitui exceção a apelação das decisões do júri, onde prevalece a preocupação em ser preservada a soberania dos veredictos, e, por conseguinte, só é permitido o recurso nas hipóteses legais e para os fins expressamente previstos.
Espécie:
	 Em face da extensão, a apelação pode ser plena ou parcial. Será plena quando o inconformismo for dirigido contra a totalidade do julgado e será parcial quando for atacada apenas parte da sentença. 
Requisitos:
	Possibilidade jurídica – Juiz singular
	As hipóteses de cabimento de apelação contra decisões do juiz singular estão referidas no artigo 593, incisos I e II do CPP:
 Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:      
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; 
	São consideradas decisões definitivas (latu senso) as resoluções de mérito que encerram o processo, diversas das sentenças condenatórias e absolutórias previstas no inciso I.
	Consideram-se decisões com força de definitiva as que solucionam procedimento e processos incidentais, as terminativas (que encerram o processo sem julgamento de mérito), e, ainda, as decisões que determinam de forma definitiva a suspensão condicional do processo.
	 Nem todas as decisões definitivas ou com força de definitivas, objeto da previsão do artigo 593, II são atacáveis por apelação, havendo casos de recurso em sentido estrito: rejeição da renúncia ou queixa (581, I), acolhimento de exceção de coisa julgada, de ilegitimidade de parte ou de litispendência (581, III), impronúncia (581, IV), extinção da punibilidade (581, X)
	Segundo o art. 593, § 4º do CPP – “quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra”. Por força desse dispositivo deve-se interpor apelação em relação a decisões originariamente impugnáveis mediante recurso em sentido estrito e que constituam capítulos de sentença condenatória.
	Assim, se pretende o réu investir contra a negação de suspensão da pena privativa de liberdade na sentença condenatória, deverá interpor apelação e não recurso em sentido estrito, que seria, não fosse a sede em que foi emitida a decisão, o recurso apropriado (581 XI).
	Resta salientar que a apelação é também admitida em leis extravagantes. Na grande maioria das vezes, socorre-se o legislador do próprio Código de Processo Penal, que se aplica subsidiariamente, inclusive aos recursos. Há hipóteses, contudo, em que a apelação tem colorido especial, por exemplo na Lei de Imprensa, em que cabe apelação da decisão do juiz singular que rejeita a denúncia ou queixa, enquanto pelo CPP caberia recurso em sentido estrito (581, I)
Lei 5250/1967
 Art . 44. O juiz pode receber ou rejeitar a denúncia ou queixa, após a defesa prévia, e, nos crimes de ação penal privada, em seguida à promoção do Ministério Público.
 § 1º A denúncia ou queixa será rejeitada quando não houver justa causa para a ação penal, bem como nos casos previstos no art. 43 do Código de Processo Penal.
 § 2º Contra a decisão que rejeitar a denúncia ou queixa cabe recurso de apelação e, contra a que recebê-la, recurso em sentido estrito sem suspensão do curso do processo.
	Na Lei 9.099/95 há 3 decisões que podem ser impugnadas por apelação: a que acolhe proposta do Ministério Público de aplicação imediata de pena de multa ou pena restritiva; a decisão de rejeição da denúncia ou queixa e a sentença condenatório ou absolutória. Além destas, admite-se a apelação quando se tratar de decisão definitiva ou com força de definitiva, com base no art. 593, II, CPP, com a suspensão condicional do processo por exemplo (art. 89 da 9.099)
   Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
.......      
        § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
        § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
        § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
Lei 9.099/95    
TRIBUNAL DO JURI
	Os veredictos dos jurados, por representarem a vontade popular, são soberanos segundo o artigo 5, XXXVII. Visando preservar essa soberania, propagou-se também a a idéia da irrecorribilidade dos veredictos, mas vários sistemas, como o português e o brasileiro, admitem, ainda que de forma limitada, a impugnação das decisões do Conselho de sentença.
	No Brasil cabe apelação contra decisões do júri nas hipóteses das alíneas do art. 593, III, sendo possível que o tribunal declare nulidade posterior a pronúncia ( 593, III, a) ou altere a sentença do juiz presidente (art. 593, b e c), mas não lhe é permitido substituir o julgamento popular por outro. Cabe-lhe apenas, quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos, determinar novo julgamento (art 593, III, d e paragrafo 3).
	Há nessa última hipótese verdadeiro juízo de cassação, e, por isso, fala-se em apelação sui generis. 
	Com isso buscou-se solução conciliatória entre dois princípios relevantes: admitiu a impugnação, assegurando assim a a observância do duplo grau de jurisdição, mas só permitiu ao tribunal mandar o réu a novo julgamento, preservando dessa forma a soberania do juri
	Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:             
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:  
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
§ 1o  Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2o  Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
§ 3o  Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
	As apelações do júri são de fundamentação vinculada, e, sendo assim, se a parte invocar uma das alíneas, não pode o tribunal julgar com base em outra. Não pode também o recorrente, após ter restringido na petição a sua impugnação a determinada hipótese, ampliar nas razões o âmbito da devolução do recurso para incluir outra, quando já superado o prazo legal de interposição da apelação. Nada impediria, contudo, à parte de, ainda no prazo, acrescentarà impugnação outra matéria.
Nulidade posterior a pronuncia:
	Caberá apelação se a decisão do júri tiver sido atingida por nulidade posterior à sentença de pronúncia, incumbindo a parte recorrente especificar em que consiste o vício.
Não exclui, evidentemente, nulidade anteriores, caso não tenham precluido.
Exemplo: conexão entre homicídio crime de ação privada, com acusação feita pelo MP, em ambos os casos. 
	É comum a arguição de nulidade por falhas relacionadas com os quesitos.
Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
.....
Parágrafo único.  Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas.
	São, conforme se percebe, três as hipóteses de nulidades:
Deficiência dos quesitos;
Deficiência das respostas;
Contradições entre as respostas dos jurados
Sentença de juiz contraria a dos jurados
	São duas as hipóteses em que é cabível apelação contra a sentença do juiz-presidente: contrariedade à decisão dos jurados ou à lei expressa.
	Ocorrerá a primeira quando houver dissonância entre o que resolveram os jurados e o que constou da sentença. Assim, por exemplo, se os jurados admitiram a prática de homicídio qualificado por motivo fútil e o juiz condenou por homicídio simples.
	Na segunda, a sentença está em conformidade com o veredito popular, mas contrária a lei: a pena fixada é de seis anos de reclusão, por homicídio simples, mas o juiz nega o regime semi-aberto porque a quantidade de pena não permitiria.
Dando provimento à apelação pode o tribunal corrigir a sentença, conformando-a a decisão dos jurados ou a letra da lei.
Erro ou injustiça na aplicação da pena ou da medida de segurança
	Erro existirá quando houver equivoco na estipulação da pena, como por exemplo, se o juiz fixar a pena abaixo do mínimo legal. O mesmo se dará se, em vez de aplicar medida de segurança de internação determinar o tratamento ambulatorial quando esta for inteiramente desajustada ao caso.
	A injustiça ocorrerá quando houver inadequada individualização da pena, em face dos elementos de prova existentes e que servem para a aplicação da pena ou medida de segurança – fixação de pena base elevada sem justa valoração de aspectos favoráveis ao condenado – bons antecedentes e conduta social irrepreensível, por exemplo.
	No julgamento, o tribunal tem poderes para reformar a sentença, corrigindo o erro ou reparando a injustiça.
	Discute-se sobre a possibilidade de reformada sentença quando se trate de circunstância que mude a classificação legal do crime, alterando, por exemplo, o tipo fundamental do delito, tornando-o qualificado ou privilegiado, ou, ainda, em caso de condenação por crime qualificado, afastamento da circunstância qualificadora.
	O STF fixou orientação no sentido de que a qualificadora é elemento do crime e não circunstância da pena, e, assim, se vier a ser acolhida acolhida pelos jurados em contrariedade a prova dos autos, a consequência é a sujeição do réu a novo julgamento popular ( HC 66.334-6-SP).
Decisão dos jurados manifestamente contrária a prova dos autos
	Com isso o legislador permitiu, em caso de decisões destituídas de qualquer apoio na prova produzida, um segundo julgamento. Prevalecerá, contudo, a decisão popular, para que fique inteiramente preservada a soberania dos veredictos, quando estiver amparada em uma das versões resultantes do conjunto probatório.
	A manifesta desconformidade entre o veredicto e a prova pode estar relacionada com qualquer das matérias votadas pelos jurados, digam respeito ao fato criminoso, à autoria, às causas de exclusão da criminalidade ou da ilicitude.
Observe-se que conforme o art. 593, parágrafo 3, não será admitida nova apelação pelo mesmo motivo, entende-se por mesmo motivo a mesma hipótese de cabimento.
Pressupostos:
	Regularidade formal da interposição e tempestividade:
	Quanto a forma de interposição admite-se sua formulação por petição, termo, manifestação oral em plenário ou audiência, privilegiando-se a intenção de recorrer sem apego a rigorismos formais.
	Sobre a tempestividade ressalte-se apenas que o prazo para recorrer é de 5 dias, e, em caso de incerteza quanto a tempestividade, a apelação deve ser aceita.
Procedimento:
	A apelação é dirigida ao tribunal competente para julgar o recurso, mas deve ser submetido ao controle de admissibilidade pelo juízo a quo. Se este não a admitir, caberá recurso em sentido estrito (581, XV). Sendo recebido o apelo, o procedimento deverá ter seguimento, podendo a parte contrária pleitear em preliminar o não conhecimento, o que será apreciado pelo juízo ad quem
	O apelante e o apelado terão o prazo de oito dias para oferecerem razões e contra-razões quando se tratar de crime e dias se contravenção.
As apelações devem ser interpostas no prazo de 10 dias no Juizado Especial, vindo acompanhadas de razões.
EFEITO DEVOLUTIVO E SUSPENSIVO
		A apelação, como todo recurso, devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada e da que pode ser conhecida de ofício.
	O âmbito dessa devolução depende, essencialmente, da extensão da impugnação formulada pelo recorrente, podendo a apelação ser total ou parcial.
	A restrição existente na apelação parcial é relativa à extensão do conhecimento e não à sua profundidade, podendo o tribunal examinar, nos limites da impugnação, aspectos não suscitados pelas partes ou tópicos não apreciados pelo juiz inferior, pode, ainda, produzir prova ou admitir prova nova, desde que observado o contraditório.
	Como muitas vezes há estrita dependência entre vários capítulos de uma sentença, em caso de apelação limitada, pode o tribunal vir a apreciar parte não impugnada, mas que, em face da alteração do julgado, deve necessariamente ser reexaminada.
Para que seja fixado o limite da devolução, deve o apelante indicar a extensão de sua irresignação, sendo que, nada existindo, será considerando ampla a apelação apresentada, transferindo-se ao tribunal o conhecimento de toda a matéria decidida
	Dentro da profundidade da devolução é possível ao tribunal aplicar o art. 383 CPP, dando ao fato definição jurídica diversa da que consta da sentença, não estando autorizado, porém, a agravar a pena quando somente o réu houver apelado (art. 617 CPP). É defeso, contudo, ao tribunal baixar os autos para as providências do art. 384 CPP na forma da Sumula 453 do STF.
	Fala-se que além dos efeitos devolutivo e suspensivo, a apelação contém terceiro efeito, extensivo ou iterativo, pois, consoante o art. 580 CPP, em caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
EFEITO SUSPENSIVO
	A apelação da sentença absolutória não tem efeito suspensivo (art. 596 e 669, II do CPP).
	Por sua vez, a apelação da sentença condenatória tem efeito suspensivo.

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