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AULA 1 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS: Cabe tão somente à UNIÃO, como única fonte de produção, ditar normas gerais de Direito Penal, bem como proibir ou impor determinadas condutas (comissivas ou omissivas), sob a ameaça de sanção. É o que preceitua o art. 22, I da CF/88: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; [...] Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. A lei é a única fonte de cognição do Direito Penal no que diz respeito à proibição ou imposição de condutas sob a ameaça de pena, conforme o princípio da reserva legal, insculpido no art. 5º, XXXIX da CF/88: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Além do art. 1º do Código Penal, senão vejamos: Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Em matéria penal, em nosso regime institucional, não existe outra fonte do direito a não ser a lei. Os costumes, a jurisprudência e a doutrina podem ter influência mais ou menos direta na sanção e modificação das leis, mas não são fontes do Direito Penal. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS: O fato social que contrariar o ordenamento jurídico constitui ILÍCITO JURÍDICO, cuja modalidade mais grave é o ILÍCITO PENAL, que lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade. As infrações aos direitos e interesses do indivíduo assumem determinadas proporções, e os demais meios de controle social mostram-se insuficientes ou ineficazes para harmonizar o convívio social, surge o DIREITO PENAL com sua natureza peculiar de meio de controle social formalizado. CONCEITO DE DIREITO PENAL: Para ZAFFARONI, Direito Penal designa-se – conjunta ou separadamente – duas coisas distintas: 1) o conjunto de leis penais, isto é, a legislação penal e; 2) o sistema de interpretação dessa legislação, ou seja, o saber do Direito Penal. Para Magalhães Noronha, é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. FINALIDADE DO DIREITO PENAL: A finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. A pena, portanto, é simplesmente o instrumento de coerção de que vale o Direito Penal para a proteção dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. Exemplo disso foi a revogação dos delitos de sedução, rapto e adultério, levada a efeito pela Lei nº 11.106/05. Pois a mulher da década de 40, período em que foi editado nosso CP, é completamente diferente daquela que participa da nossa sociedade já no século XXI. Direito Penal tinha por fim proteger direitos subjetivos, pois o delito significa uma lesão de um direito subjetivo alheio. Para Gunther Jakobs (alemão), o Direito Penal não atende a essa finalidade de proteção de bens jurídicos, pois, quando é aplicado, o bem jurídico que teria de ser por ele protegido já foi efetivamente atacado. O que está em jogo não é a proteção de bens jurídicos, mas, sim, a garantia de vigência da norma, ou seja, o agente praticou uma infração penal deverá ser punido para que se afirme que a norma penal por ele infringida está em vigor. DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO: a) PARTE GERAL: art. 1º ao 120; b) PARTE ESPECIAL: art. 121 ao 361. TÍTULOS DOS ARTIGOS: O próprio legislador preocupou-se em informar e tornar os artigos mais inteligíveis, portanto, indica acima dos artigos, uma INDICAÇÃO MARGINAL ou RUBRICA, que aquele artigo seria destinado a tratar da matéria já por ele anunciada. Exemplo, Art. 121, “matar alguém”. O legislador deu a esse crime o nomen iuris de HOMICÍDIO, colocando essa expressão em sua rubrica. APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL: a) O Código Penal Brasileiro disciplina as normas visam tanto definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis. b) Como também criar normas de aplicação geral, dirigidas não só aos tipos incriminadores nele previstos, como a toda a legislação penal extravagante, desde que esta não disponha expressamente de modo contrário, conforme determina o art. 12 do CP, a saber: Art. 12. As regras deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. DIREITO PENAL OBJETIVO: É o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal, v.g., excluindo o crime, isentando de pena. DIREITO SUBJETIVO: É a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário. É o próprio ius puniendi. Quem o exerce? 1) Poder Legislativo, quando cria as figuras típicas; 2) Poder Judiciário, quando, depois do devido processo legal, condenado o agente que violou a norma penal, executa sua decisão. INTERPRETAR significa buscar o preciso significado de um texto, palavra ou expressão, delimitando o alcance da lei, guiando o operador para a sua correta aplicação. A ciência que disciplina este estudo é a HERMENÊUTICA JURÍDICA. A atividade prática de interpretação da lei é chamada de EXEGESE. FORMAS DE INTERPRETAÇÃO: 1) QUANTO À ORIGEM / QUANTO AO SUJEITO QUE A INTERPRETA: Pode ser: a) AUTÊNTICA (ou LEGISLATIVA); b) DOUTRINÁRIA (ou CIENTÍFICA) e; c) JURISPRUDENCIAL. a) AUTÊNTICA / LEGISLATIVA: É aquela de que se incumbe o próprio legislador, quando edita uma lei com o propósito de esclarecer o alcance e o significado de outra. É chamada de INTERPRETATIVA e tem natureza COGENTE, obrigatória, dela não podendo se afastar o intérprete. Por se limitar à interpretação, tem eficácia RETROATIVA (ex tunc), ainda que seja mais gravosa ao réu. Em respeito à força e à autoridade da coisa julgada, por óbvio não atinge os casos já definitivamente julgados. Exemplo: Art. 327 do CP Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Subdivide-se em: a.1) CONTEXTUAL: Editada conjuntamente com norma penal que conceitua, ou seja, se situa no próprio corpo da lei a ser interpretada. a.2) POSTERIOR: Lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. Busca-se, com isso, dirimir a incerteza ou obscuridade de lei anterior. b) DOUTRINÁRIA / CIENTÍFICA (communis opinio doctorum): É a interpretação feita pelos estudiosos, jurisconsultos. Não tem o efeito VINCULATIVO, nem OBRIGATÓRIO, em hipótese alguma. Exemplo: A Exposição de Motivos do Código Penal deve ser encarada como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer parte da estrutura da lei. c) JURISPRUDENCIAL / JUDICIÁRIA / JUDICIAL: É o significado dado às leis pelos juízes de primeiro grau e magistrados que compõem os tribunais, à medida que lhes é exigida a análise do caso concreto. Deve ser ressaltado, contudo, que somente devemosfalar nessa espécie de interpretação com relação àquela que é levada a efeito intra-autos, ou seja, sempre no bojo de um processo judicial. Caso contrário, mesmo que seja procedida pela maior autoridade judiciária, se for realizada extra-autos, sendo documentada, será uma interpretação doutrinária, v.g., palestras ministradas por ministros dos tribunais superiores. Sua reiteração constitui a jurisprudência. Em regra, não tem força obrigatória, salvo em dois casos: 1 – SITUAÇÃO CONCRETA: Em virtude da formação da coisa julgada material. 2 – SÚMULA VINCULANTE: Podendo adquirir, caráter vinculante, dada a possibilidade de edição, pelo STF das súmulas vinculantes, nos termos do art. 103-A da CF/88: Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. OBS: SÚMULAS PERSUASIVAS ou SUASÓRIAS: são as súmulas produzidas pelos tribunais que, embora traduzam as conclusões a respeito de suas reiteradas decisões sobre o mesmo fato, não vinculam os juízes de primeiro grau, os desembargadores ou mesmo os ministros que, atuando naquela Corte Superior de Justiça, a ela não se filiam. 2) QUANTO AO MODO: Pode ser: a) GRAMATICAL; b) TELEOLÓGICA; c) HISTÓRICA; d) SISTEMÁTICA; e) PROGRESSIVA; f) LÓGICA. g) DIREITO COMPARADO a) GRAMATICAL / FILOLÓGICA / LITERAL / SINTÁTICA: É a interpretação que considera o sentido literal das palavras, corresponde a sua etimologia. É a mais precária, em face da ausência de técnica científica. Não se pode, v.g., entender o que venha a ser HOMICÍDIO sem que se conheça o significado da palavra ALGUÉM, contida no art. 121 do CP. b) TELEOLÓGICA / LÓGICA: É a vontade ou intenção objetivada na lei (volunta legis). É mais profunda e, consequentemente, de maior grau de confiabilidade. c) HISTÓRICA: É aquela interpretação que indaga a origem da lei, identificando os fundamentos da sua criação, ou seja, a evolução histórica da lei e do objeto nela tratado. d) SISTEMÁTICO / SISTÊMICA: Conduz à interpretação da lei em conjunto com a legislação que integra o sistema do qual faz parte, bem como com os princípios gerais do direito, e não de forma isolada. Interpreta-o com os olhos voltados para o todo, e não somente para as partes. e) PROGRESSIVA / EVOLUTIVA / ADAPTATIVA: Representa a busca do significado legal de acordo com o progresso da ciência. Busca amoldar a lei à realidade atual. Evita a constante reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade. É o caso do conceito de ato obsceno, diferente atualmente do que era há algumas décadas. f) LÓGICA: Se baseia na razão, utilização de métodos dedutivos, indutivos e da dialética para encontrar o sentido da lei. g) DIREITO COMPARADO: Tratamento do assunto em outros países. 3) QUANTO AO RESULTADO: a) DECLARATIVA / DECLARATÓRIA / ESTRITA: É aquela em que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando. Exemplo: Tem-se o art. 141, III do CP Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.” Interpretando o termo VÁRIAS, chegamos à conclusão de que o Código exige, pelo menos, três pessoas. Isso porque quando a lei se contenta com apenas duas ela o diz expressamente, como no caso do art. 155, § 4º. IV do CP. Assim, essa interpretação é meramente DECLARATÓRIA, pois não ampliamos nem restringimos seu alcance, mas declaramos seu conteúdo real. b) RESTRITIVA: A interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto (lex plus dixit quam voluit). A lei disse mais do que desejava (plus dixit quam voluit). Consiste na diminuição do alcance da lei. c) EXTENSIVA: Amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto (lex minus dixit quam voluit). A lei disse menos do que desejava (minus dixit quam voluit). Amplia-se o texto da lei, para amoldá-lo à sua efetiva vontade. Exemplo: 1 – quando a lei proibiu a BIGAMIA, criando, para tanto, o crime previsto no art. 235 do CP, quis, de maneira implícita, também abranger a POLIGAMIA; 2 – Por se tratar de mera atividade interpretativa, buscando o efetivo alcance da lei, é possível a sua utilização até mesmo em relação àquelas de natureza incriminadora. Exemplo disso é o art. 159 do CP, legalmente definido como extorsão mediante sequestro, que também abrange a extorsão mediante cárcere privado. Extorsão mediante sequestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002) Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996) OBS: *em concurso para MP, é sempre de bom tom defender a interpretação extensiva em matéria penal. OBS: O STF, já decidiu sobre a matéria: “O princípio da legalidade estrita, de observância cogente em matéria penal, impede a interpretação extensiva ou analógica das normas penais. RHC 85.217-3/SP, rel. Min. Eros Grau, 1.ª Turma, j. 02.08.2005.” 4) INTERPRETAÇÃO sui generis: Dependendo do conteúdo que complementará o sentido da norma interpretada ela se subdivide em: 4.1) EXOFÓRICA: Ocorre quando o significadoda norma interpretada não está no ordenamento normativo. Exemplo: A palavra “TIPO”, v.g., presente no art. 20 do CP, tem seu significado extraído da doutrina, e não da lei. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 4.2) ENDOFÓRICA: Quando o texto normativo interpretado toma de empréstimo o sentido de outros textos do próprio ordenamento, ainda que não sejam da mesma Lei. Esta espécie está presente na norma penal em branco. 5) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: É o método de interpretação por meio do qual o intérprete, de acordo com uma concepção penal garantista, procura aferir a validade das normas mediante seu confronto com a CF/88. A CF/88 deve informar e conformar as normas que lhe são hierarquicamente inferiores. Esta forma de interpretação é marcada pelo confronto entre a norma legal e a Constituição, aferindo a validade daquela dentro de uma perspectiva garantista, numa filtragem à qual só resistem aqueles dispositivos que não estão em desacordo com os direitos e garantias da Carta Magna. DÚVIDAS EM MATÉRIA DE INTERPRETAÇÃO PENAL Se após utilizar todos os meios citados, ainda pairar a dúvida, qual é o caminho a ser tomado? 1ª corrente: Em caso de dúvida de interpretação, esta deve pesar em PREJUÍZO do agente in dubio pro societate; 2ª corrente: A dúvida deve ser resolvida pelo julgador, podendo ser CONTRÁRIA ou A FAVOR do réu. 3ª corrente: Em havendo dúvida, deve esta ser resolvida em BENEFÍCIO do agente (in dubio pro reo). (É a posição majoritária) OBS: Desde que não seja possível descobrir-se a voluntas legis, deve guiar-se o intérprete pela conhecida máxima: favorablia sunt amplianda, odiosa restringenda. O que vale dizer: a lei penal deve ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao réu, e extensivamente no caso contrário. (NÉLSON HUNGRIA) ANALOGIA Nesse caso não se trata de interpretação, e sim de INTEGRAÇÃO / COLMATAÇÃO DO ORDENAMENTO JURÍDICO. A lei pode ter lacunas, mas não o ordenamento jurídico. Também conhecida como INTEGRAÇÃO ANALÓGICA ou SUPLEMENTO ANALÓGICO, é a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei reguladora de caso semelhante. O art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4657/42), diz: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. No Direito Penal, somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal. ESPÉCIES: 1) ANALOGIA in malam partem: É aquela pela qual aplica-se ao caso omisso uma lei maléfica ao réu, disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida, em homenagem ao princípio da reserva legal. Art. 1º do CP: Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 2) ANALOGIA in bonam partem: É aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível no Direito Penal. 3) ANALOGIA LEGAL / legis: É aquela em que se aplica ao caso omisso uma lei que trata de caso semelhante. 4) ANALOGIA JURÍDICA / juris: É aquela em que se aplica ao caso omisso um princípio geral do direito.