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Professor Marcelo de Almeida - Sustentabilidade – aula 1 - Desenvolvimento sustentável: conceitos e objetivos
Desenvolvimento Sustentável: O Brasil e o Mundo
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os conceitos de Desenvolvimento sustentável. 
2. Verificar os objetivos e metas do desenvolvimento sustentável no mundo atual.
Introdução
O rastro deixado pela humanidade sobre a Terra está por toda parte. É particularmente visível e não deixa dúvidas quando observado desde o céu com o efeito smoog nas grandes cidades e chaminés de indústrias esfumaçadas, até a terra firme, com 40% das florestas naturais da superfície do planeta convertidas em áreas de criação de gado e cultivo de agricultura.
As estatísticas de conversão e desmatamento são frequentemente contestadas, pois o falso orgulho nacional quase sempre distorce esses dados para que as coisas pareçam melhores do que na realidade estão, tanto para o público interno como para o externo (Dourojeanni e Pádua, 2007).
Será que através de mudanças nas políticas públicas unidas e a prática do desenvolvimento sustentável poderemos reverter este cenário para melhor um dia?
Então, o mundo dá voltas? E para que continue a dar voltas com as pessoas dentro dele, precisaremos tomar algumas atitudes agora. Essas atitudes têm de estar ligadas a um uso do meio natural sem excessos e com responsabilidade ambiental, para que tenhamos a sustentabilidade dos recursos e a sobrevivência humana, ou seja, o desenvolvimento sustentável.
Mas, o que é desenvolvimento sustentável? Para entendermos o significado de desenvolvimento sustentável, vamos ler uma história: A preocupação com os problemas ambientais ganhou escala e maior repercussão no final da década de 60 e início da década de 70. Tal preocupação parecia ter foco local, e sua solução resumia-se à criação de regulamentações relacionadas ao controle das fontes de poluição. Discussões formais sobre os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento e pela industrialização aconteceram com a criação do Clube de Roma, em 1968, na Itália, formado por cientistas preocupados com os impactos provocados pelo crescimento econômico e com a disponibilidade de recursos naturais do planeta. Foi fundado por Aurélio Peccei, industrial e acadêmico italiano, e Alexander King, cientista escocês (Hernandez, 2009). Esses dois vocábulos (desenvolvimento sustentável) ainda não tinham formado a parceria que hoje se tornou sobejamente conhecida de todos. Isso porque o principal objeto das discussões ocorridas nesse evento estava centrado na defesa do meio ambiente humano, no bojo de um problema global mais amplo: os ditames do modelo de desenvolvimento econômico dos países de Primeiro Mundo. Estes, num determinado estágio de sua industrialização, se viram na perspectiva da escassez dos recursos naturais, surpreendendo-se diante das limitações do meio ambiente no que dizia respeito à destinação final dos rejeitos – sólidos, líquidos e gasosos – tanto do processo industrial quanto dos hábitos de consumo da população (Brunacci e Philippi Junior, 2009).
Ainda segundo os mesmos autores, tal ênfase na defesa do meio ambiente humano, perante a questão ambiental do modelo de desenvolvimento de cunho predatório, foi resultado de um despertar da consciência ecológica em nível global, que buscou além das questões de âmbito local ou regional, as quais, nas décadas de 1950 e de 1960, já incomodavam as agências estatais de controle ambiental das nações industrializadas e incrementavam as atividades dos movimentos ambientalistas. O começo dos estudos do relacionamento entre o meio ambiente e o crescimento econômico foi marcado pelo relatório Os limites do crescimento, escrito por Jay Forrest e Dennis Meadows, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT). O trabalho enfatiza que a exploração e degradação dos recursos naturais limitariam o crescimento da economia mundial. Elaborado pelo Clube de Roma, esse relatório vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre meio ambiente mais vendido da história. Tratava essencialmente de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade. Utilizando modelos matemáticos, o estudo chegou à conclusão de que o planeta Terra não suportaria mais o crescimento populacional por causa da pressão sobre os recursos naturais e energéticos e do aumento da poluição, mesmo considerando o avanço das tecnologias (Hernandez, 2009).
A concepção de desenvolvimento sustentável tem suas raízes fixadas na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, capital da Suécia, em julho de 1972, segundo Brunacci e Philippi Junior (2009).
Segundo Funiber (2009), o termo desenvolvimento sustentável, como é, foi estabelecido pela International Union for The Conservation of Nature (IUCN), embora sua popularidade tenha origem no relatório “Nosso futuro comum” ou relatório Bruntland (WCED, 1987), preparado pela Comissão Bruntland das Nações Unidas, no qual se lê: “O desenvolvimento sustentável satisfaz às necessidades atuais sem comprometer a capacidade de futuras gerações satisfazer suas próprias necessidades”. Vemos que o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em um contexto de crise econômica e da revisão de paradigmas de desenvolvimento. A crise econômica na maior parte do mundo, a instabilidade, o aumento da pobreza, etc., colocavam em dúvida a viabilidade dos modelos convencionais, inclusive, a própria ideia de “desenvolvimento” havia sido sustada das políticas ante a urgente necessidade de estabilizar as economias e recuperar o crescimento econômico (Funiber, 2009). O surgimento da ideia do desenvolvimento sustentável teve repercussões importantes em todos os meios – graças aos esforços da Comissão das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) – devido à necessidade de renovar concepções e estratégias, buscando o desenvolvimento das nações pobres e reorientando o processo de industrialização dos países mais avançados. Outro problema a ser considerado é o da interpretação. Na bibliografia sobre o tema excedem as definições de desenvolvimento sustentável incorretas ou distorcidas que, frequentemente, alteram a ideia original. Por exemplo, uma grande parte da literatura disponível tende reduzir o conceito a uma mera sustentabilidade ecológica ou a um desenvolvimento ecologicamente sustentável, preocupando-se apenas  com as condições ecológicas necessárias para manter a vida humana ao longo das gerações futuras, segundo Bifani (1997 apud Funiber, 2009). Esse enfoque, embora útil, é claramente reducionista, por não considerar as dimensões social, econômica e política do termo. Para concluirmos a aula, vamos atentar para o que coloca Genebaldo Freire Dias (2004): Desenvolvimento ambientalmente sustentável- O desenvolvimento econômico e o bem-estar do ser humano dependem dos recursos da Terra. O desenvolvimento sustentável é simplesmente impossível se for permitido que a degradação ambiental continue.
Os recursos da Terra são suficientes para atender às necessidades de todos os seres vivos do planeta se forem manejados de forma eficiente e sustentada. Tanto a opulência quanto a pobreza podem causar problemas ao meio ambiente. 
O desenvolvimento econômico e o cuidado com o meio ambiente são compatíveis, interdependentes e necessários. A alta produtividade, a tecnologia moderna e o desenvolvimento econômico podem e devem coexistir com um meio ambiente saudável.
Desenvolvimento socialmente sustentável- A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentado não é centrado na produção, é centrado nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre. Deve ser equitativo, agradável.
Nenhum sistema social pode ser mantido por um longo período quando a distribuição dos benefícios e custos – ou das coisas boas e ruins de um dado sistema – é extremamenteinjusta, especialmente quando parte da população está submetida a um debilitante e crônico estado de pobreza.
Vemos que há diversas formas de interpretar o conceito de desenvolvimento sustentável, mas todas têm as mesmas características e devem derivar para um consenso quanto ao conceito básico e quanto às estratégias necessárias para sua consecução. De acordo com Ignacy Sachs, a adjetivação deveria ser desdobrada em socialmente inclusivo, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado pelo tempo. Dessa forma, destaca-se que o conceito de desenvolvimento sustentável não é único, mas converge para um consenso. Sua essência é cada vez mais difundida e assimilada pelas organizações, o que possibilita um direcionamento em suas atitudes e na definição de suas estratégias (Hernandez, 2009).
Atividade proposta
. Olhe ao seu redor e reflita sobre ações que poderia tomar para que contribuísse para o desenvolvimento sustentável de seu bairro. Faça uma pesquisa sobre se políticas públicas no seu município incentivam ações que contribuam com as que você poderia tomar para preservar mais o meio ambiente
Assista ao belíssimo vídeo sobre o futuro do homem e da Terra.
 
 Nesta aula, você: 
Identificou os conceitos de desenvolvimento sustentável 
Verificou os objetivos e metas do desenvolvimento sustentável no mundo atual. 
Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos:
- Aspectos do funcionamento das ciências naturais, ciências humanas e degradação socioambiental. 
- A relação da sociedade, impacto ambiental e sobrevivência, às vistas do desenvolvimento sustentável.
Falso 2- verdadeiro 3-verdadeiro
Aula 2: A prática do desenvolvimento sustentável 
Desenvolvimento Sustentável - Vídeo Educacional 
		Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar os aspectos do funcionamento das ciências naturais, ciências humanas e degradação socioambiental. 
2. Relacionar sociedade, impacto ambiental e sobrevivência, às vistas do desenvolvi-mento sustentável. 
3. Reconhecer indicadores de desenvolvi-mento sustentável. 
	
Introdução
Uma sociedade sustentável do ponto de vista ambiental atende às necessidades atuais de sua população em relação a alimentos, água e ar limpos, abrigo e outros recursos básicos sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades. Viver de forma sustentável significa sobreviver da renda natural fornecida pelo solo, pelas plantas, pelo ar e pela água e não exaurir ou degradar as dotações de capital natural da Terra, que fornecem essa renda biológica (Miller Junior, 2007).
Imagine que você ganhou na loteria R$ 1 milhão. Se investir esse dinheiro e obter 10% de juros ao ano, terá uma renda anual sustentável de R$ 100 mil sem exaurir seu capital. Então, qual seria o seu estilo de vida se você gastar R$ 110 mil ao ano?
Se gastar R$ 110 mil ao ano, seu capital acabará em cerca de alguns anos.
Segundo Miller Junior (2007), a lição aqui é conhecida: proteja seu capital e viva da renda que ele oferece. Exaura, desperdice ou esbanje seu capital e você sairá de um estilo de vida sustentável para um insustentável. 
Vamos começar a praticar o desenvolvimento sustentável agora? Vamos?
Níveis de existência físico, biológico e social
Há três níveis ou sistemas distintos de existência que obedecem às suas próprias leis (Dias, 2004). São eles:físico, biológico e social
O planeta físico, sua atmosfera, hidrosfera e litosfera (rocha e solos), que seguem as leis da física e da química.
A biosfera, com todas as espécies de vida, que obedecem às leis da física, química, biologia e ecologia.
A tecnosfera e a sociosfera, o mundo das máquinas e construções criadas pelo homem, governos e economias, artes, religiões e culturas, que seguem leis da física, da química, da biologia, da ecologia e também das leis criadas pelo homem.
Um exemplo de uma lei física seguida por todos os níveis de existência é a lei da entropia – a Segunda Lei da Termodinâmica -, segundo a qual todas as máquinas se desgastam. Um exemplo da lei biológica aplicável a todas as formas de vida é que a composição química e organização de qualquer indivíduo são determinadas pelo código genético encerrado em longas moléculas de DNA dentro de cada célula, segundo o mesmo autor. As leis geradas pelo homem, que regulam sociedades e economias, são muito variáveis de acordo com as circunstâncias e com o tempo. Uma vez que o fenômenos ambientais obedecem às mesmas leis físicas, eles se comportam, em sua maioria, da mesma forma, em qualquer lugar, embora sua complexidade possa levar a enormes variações locais (Dias, 2004).
ATENÇÃO-Similaridades e diferenças, leis físicas comuns e grande variedade de manifestação dessas leis caracterizam o planeta Terra (Dias, 2011). 
A relação da sociedade, impacto ambiental e sobrevivência, às vistas do desenvolvimento sustentável
A busca de um modelo de desenvolvimento sustentável e de sua consequente implantação já ocorre em algumas décadas, alicerçada na visão crítica da organização da sociedade humana e impulsionada pelos diversos problemas de caráter ambiental e social, tais como o aquecimento global, a ocorrência de grandes desastres ecológicos, a existência de grandes populações que vivem em condições de profunda pobreza e a má distribuição de riqueza natural humana.
Superar os atuais problemas... ... para garantir a própria vida. Neste contexto, o modelo de desenvolvimento sustentável deve ser capaz não só de contribuir para a superação dos atuais problemas, mas também de garantir a própria vida, por meio da proteção e manutenção dos sistemas naturais que a tornam possível. Esses objetivos implicam na necessidade de profundas mudanças nos atuais sistemas de produção, organização da sociedade humana e de utilização de recursos naturais essenciais à vida no planeta, ainda segundo os mesmos autores.
Vemos que a questão do desenvolvimento sustentável está presente em nossa sociedade, representada por um amplo conjunto de discussões e pela produção de textos e projetos, no âmbito internacional e local. Por exemplo, no Brasil, a Constituição de 1988 reflete esse quadro, com a inserção dessa questão em seu art. 225 (Philippi Junior, Malheiros e Aguiar, 2005):
Artigo 225:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Para aprofundarmos o assunto, vamos ler o texto abaixo dos mesmos autores:
O documento do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2011) cita que uma pesquisa do Conselho Internacional de Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI – International Council for Local Environmental Initiatives) revelou que: Até novembro de 1996, mais de 1.800 cidades em 64 países, envolveram-se em atividades de Agenda 21 local – A21L. Entre elas, o ICLEI constatou que: 933 cidades em 43 países já tinham estabelecido um processo de planejamento para o desenvolvimento sustentável, e outras 879 estavam apenas iniciando (p.12).
O setor industrial também demonstra seu interesse nessa questão, refletido pelas mais de 2 mil certificações em Sistemas Integrados de Gestão em todo o país.
A complexidade da questão da sustentabilidade aumenta a necessidade e importância de ações de todos os setores da gestão do meio ambiente para busca de soluções integradas e sustentáveis. O entendimento da existência de limites no que se refere aos padrões de consumo e produção, e a necessidade de promoção de justiça social encerram questões de revisão e mudanças na forma de planejar; do melhor entendimento do funcionamento e da inter-relação dos espaços naturais e antrópicos e da promoção do envolvimento da comunidade no processo de gestão. Portanto o processo de construção do desenvolvimento sustentável deve priorizar estudo e compreensão das questões sociais, econômicas, ambientais, tecnológicas e políticas, presentes na sociedadehumana e no meio ambiente no qual se insere.
 
Diversos trabalhos vêm sendo elaborados no campo do assunto, na busca de princípios metodologias e ferramentas de avaliação. Eles têm como objetivo colaborar para a reversão dos processos de degradação ambiental, consumo elevado de recursos naturais e desigualdade socioeconômica, alcançando assim melhoria da qualidade de vida os seres do planeta de forma sustentável. Degradação ambiental: é a degeneração do meio ambiente, onde as alterações biofísicas do meio provocam uma alteração na fauna e flora naturais, existindo a possibilidade de perda de biodiversidade. A degradação ambiental é normalmente associada à ação de poluição com causas humanas, contudo, no decorrer da evolução de um ecossistema, pode ocorrer degradação ambiental por meios naturais.
É preciso, portanto, contribuir na construção de políticas e processos de planejamento e gestão que direcionem o desenvolvimento em patamares sustentáveis. Aqui, percebe-se que entre os principais problemas no processo de gestão ambiental, se verifica que, em geral, não há um pleno reconhecimento da importâncias das políticas ambientais, como também ocorre um despreparo de órgãos públicos de gestão e sociedade, frente à complexidade dos assuntos ambientais.
Indicadores de desenvolvimento sustentável
É necessário, entretanto, que se busque formas de comunicação desses indicadores, de modo que possam ser compreendidos por todos os atores da comunidade, onde, então, a educação ambiental assume papel vital nesse processo. Para tornar isso possível, será preciso rever formas de comunicação dos indicadores ou mesmo fazer uma reavaliação daqueles atualmente em uso (Philippi Junior, Malheiros e Aguiar, 2005). Para concluirmos a aula: 
Pense que todas as coisas estão conectadas. O mundo é organizado em sistemas que são formados por três componentes: elementos, interconexões e funções. Os sistemas são mais do que a soma de suas partes. São dominados pelas inter-relações e seus propósitos, e organizados segundo uma hierarquia, segundo Dias (2011). Será que ainda podemos ter esperança para a prática do desenvolvimento sustentável na atual cultura social que vivemos, assim preservando o meio para presentes e futuras gerações?
Assista ao vídeo sobre a Prática do Desenvolvimento Sustentável.
Reflita sobre a mensagem que o vídeo nos passa e pense em começar a praticar o desenvolvimento sustentável dentro de sua casa. Isso é possível na sua cultura de vida?
“Meio Ambiente - Educação e Consciência Ambiental”
Leia o texto de Fonseca e Bursztyn sobre Mercadores de moralidade: a retórica ambientalista e a prática do desenvolvimento sustentável.
Nesta aula, você:
Analisou os aspectos do funcionamento das ciências naturais, ciências humanas e degradação socioambiental. 
Relacionou sociedade, impacto ambiental e sobrevivência, às vistas do desenvolvimento sustentável.
Reconheceu indicadores de desenvolvimento sustentável.
Na próxima aula, você verá:
Os aspectos da explosão populacional ao impacto do consumo.
A questão do consumidor como novo ator social.
Aula 3: Da questão ambiental para o campo do consumo
		Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar os aspectos da explosão populacional ao impacto do consumo.
2. Reconhecer a questão do consumidor como novo ator social. 
	
Introdução
O crescimento populacional vem causando sérios impactos degradadores sobre o meio ambiente neste século. O desenvolvimento da indústria, comércio bem como os diversos ramos do meio rural e urbano são considerados determinantes para as mudanças ambientais (Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável) .
Segundo  o mesmo site, o crescimento populacional ou demográfico vem sendo analisado por cientistas como razão do uso intensivo dos recursos naturais. Os estudos demonstram que os países com um rápido crescimento demográfico vêm enfrentando dificuldades para gerar um desenvolvimento econômico sustentável.
Vamos analisar esse estudo de caso feito por Miller Junior (2007) para começarmos a refletir sobre o processo de:
A Terra está superpovoada? Se estiver, quais medidas devem ser tomadas para diminuir o crescimento populacional? Alguns argumentam que o planeta já está lotado, e em especial os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde taxas de consumo de recursos ampliam o impacto ambiental de cada pessoa. Outros encorajam o crescimento populacional como uma forma de estimular o crescimento econômico.
Alguns consideram qualquer forma de regular a população uma violação de créditos religiosos. Outros veem isso como uma invasão da privacidade e liberdade pessoal para se ter um número de filhos que quiserem. Determinados países em desenvolvimento e alguns membros das minorias de países desenvolvidos consideram o controle populacional uma forma de genocídio, cujo intuito é impedir que sua economia e suas forças políticas cresçam.
Aqueles que propõem a diminuição no crescimento populacional advertem que há duas sérias consequências caso a taxa de natalidade não declinem de forma drástica. Primeira, em algumas áreas, a taxa de mortalidade pode aumentar em razão do declínio das condições da saúde e ambientais (algo que acontece hoje em determinadas regiões da África). Segunda, o uso de recursos e os danos ambientais podem se intensificar conforme mais consumidores aumentam suas já grandes pegadas ecológicas em países desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento, como China e Índia, que estão passando por um rápido crescimento econômico. O aumento da população e o conseqüente crescimento do consumo podem elevar os estresses ambientais, com doenças infecciosas, danos na biodiversidade, desmatamento de florestas tropicais, redução da pesca, escassez de água, poluição dos mares e mudanças climáticas.
Os que defendem esse ponto de vista reconhecem que o crescimento populacional não é a única causa desses problemas. No entanto, eles argumentam que a adição de centenas de milhões de pessoas em países desenvolvidos e de bilhões em países em desenvolvimento só pode intensificar os problemas ambientais e sociais existentes.
Esses analistas acreditam que as pessoas devem ter liberdade de gerar quantos filhos quiserem, mas somente se isso não reduzir a qualidade de vida das pessoas agora e no futuro, seja pelo enfraquecimento da capacidade da Terra de sustentar a vida, seja por rupturas sociais. De acordo com o ponto de vista deles, a limitação da liberdade dos indivíduos – um esforço de proteger a liberdade de outros indivíduos – é a base da maioria das leis nas sociedades modernas.
Continuando nossa discussão, segundo Paul Hawken (2007), os problemas a serem enfrentados são vastos e complexos, mas se resumem a isto: 6,5 bilhões de pessoas estão procriando exponencialmente. O processo de atender a seus desejos e suas necessidades está privando a Terra de sua capacidade biótica 
de produzir vida; uma explosão de consumo por uma única espécie está afetando os céus, a terra, as águas e a fauna. Para discutir a relação entre os homens e o meio ambiente, é fundamental uma reflexão sobre o cenário em que essas questões emergiram: a modernidade. Com o termo modernidade, pretende-se incluir ou definir um processo que se inicia por volta do século XV, na Europa, marcado por profundas transformações em todas as dimensões da vida humana – da produção, da sociabilidade, da representação simbólica do mundo, das relações sociais e de poder -, fenômeno que, ao longo de 500 anos, se estendeu por todo o planeta, transformando os diferentes contextos (físicos e sociais) em que, progressivamente, foi acontecendo (Zioni, 2009). Segundo a mesma autora, esse processo tem maior visibilidade na organização capitalista das relações 
de produção e consumo, mas não pode ser confundido com ela. Ainda que contemporâneos e bastante relacionados, a modernidadenão os reduz ao curso de expansão capitalista, mesmo que esta venha moldando todos os campos da atividade humana. Por modernidade, entende-se algo maior que o ethos 
de uma sociedade marcada pela apropriação privada da produção, pelo uso intensivo de energia e de tecnologia, pela racionalização da vida. Ethos é uma espécie de síntese dos 
costumes de um povo. O termo indica, de maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social (Dicionário Aurélio, 2003). Por modernidade, entende-se, ainda, um projeto histórico de construção e representação da vida social que se desenvolveu a partir de dois pilares: o pilar da emancipação e o pilar da regulação (Santos, 2000 apud Zioni, 2009), projeto esse criador e criatura não só das sociedades modernas e contemporâneas, como também das formas hegemônicas de conhecimento e representação do mundo – social e natural – dessas sociedades, o conhecimento científico, a razão. Não podemos discutir sobre sociedade e meio ambiente e deixar de falar sobre população. O papel dado à população, segundo vários autores, reflete menos conflitos de evidências do que de interpretação da mesma evidência. Os estudos de caso com populações regionais têm sugerido cautela nas associações “população – transformação”. Isso, porém, não solapa o papel da população como importante força indutora de mudanças ambientais, mas acentua seu significado no contexto da organização tecnológica e sociocultural (Dias, 2004).
Segundo o mesmo autor, quando esses estudos foram conduzidos regionalmente e em áreas que exibiam condições socioambientais 
similares, foram encontradas correlações fortes. Muitos estudos comparativos ofereceram evidências estatísticas que sustentavam correlações diretas entre crescimento populacional e desflorestamento. Bilsborrow e Okhoto-Ogendo (1999) citam diversos estudos que comprovaram tais correlações (Brasil, Haiti e Bolívia); entretanto, caracterizam-nas como “casuais”. Um estudo mais acurado foi desenvolvido na Guatemala, e a correlação direta foi estabelecida. No nosso estudo sobre a região de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, em 1996-1999 (Dias, 1999), essa correlação foi muito clara, inclusive com outros vetores sociais, como a violência, o desemprego, o aumento da emissão de gases estufa e outros. O mesmo autor acredita que essa correlação será diminuída com a redistribuição de terras e diminuição do crescimento populacional. Acrescentam uma dura crítica ao governo brasileiro pela sua omissão no “Sexto Encontro Ministerial sobre o Ambiente na América Latina e Caribe” (Brasília, março de 1989), por não fazer constar na “Carta de Brasília” uma palavra sequer sobre crescimento populacional, apesar de tê-lo considerado “of the highest priority”, citam. 
Aqui, cria-se um impasse: Os países ricos criticam os países pobres e em 
desenvolvimento pelo crescimento populacional desregrado. Enquanto os países ricos são criticados por exibirem 
padrões de produção e consumo insustentáveis. Um  outro estudo relevante, buscando a compreensão dessas inter-relações, foi conduzido por Myers (1995 apud Dias, 2004). Esse autor, enfatiza, falando sobre biodiversidade, que existem muitos elos que fazem o quadro muito mais complexo do que uma simples equação população/biodiversidade.
Acrescenta que o crescimento populacional não é o único fator que está produzindo as mazelas ambientais conhecidas, não sendo mais que uma variável dentre as demais. São também importantes os tipos de tecnologia, o suprimento de energia, os sistemas econômicos, as relações comerciais, as persuasões políticas, as estratégias políticas e um conjunto de outros fatores que podem reduzir ou agravar o impacto do crescimento populacional (é óbvio que os padrões de produção e consumo estão por trás disso tudo, via “modelo de desenvolvimento”). 
Esse crescimento passa a ser significativo, em termos de produção de pressão ambiental, quando ele excede à capacidade de oferta de recursos naturais de um país aos seus habitantes ou quando excede a capacidade dos seus planejadores de desenvolvimento. Falando em população, não podemos deixar de entrar no contexto político. A palavra política, derivada do grego polis (cidade), tem sido empregada ao longo do tempo para designar o conjunto de atividades exercidas sobre a vida coletiva, assim como as reflexões sobre essas atividades e a instituição encarregada de sua implementação, o Estado. Atos políticos podem ser definidos como aqueles que dizem respeito à regulação de determinadas ações, que proíbem ou permitem à totalidade dos membros de um grupo, ou parte deles, uma determinada forma de ser. A palavra política, assim, designa não somente atos relacionados à conquista e à manutenção do poder, mas também uma série de atividades inerentes à vida coletiva (Zioni, 2008). Segundo a mesma autora, por poder entende-se a capacidade de, em uma relação social, um indivíduo ou grupo impor sua vontade a outros e, assim, determinar a forma de comportamento dos que se submetem a esse indivíduo ou grupo. Ao longo da história várias formas de conquista e manutenção do poder foram desenvolvidas no interior de diferentes sociedades visto que essa relação assimétrica vincula-se necessariamente a uma desigualdade social preexistente.
O poder econômico repousa na capacidade que a posse dos bens considerados vitais em determinadas situações, confere a quem os possui, no sentido de determinar o comportamento alheio.
O poder ideológico, por sua vez, consiste na propriedade que determinados grupos possuem para criar e difundir valores – que lhes são próprios – para o conjunto da sociedade.
O poder político, enfim, consiste na posse dos instrumentos 
mediante os quais se podem coagir outros indivíduos (Zioni, 2008).
Ainda conforme a mesma autora, nas sociedades antigas, de pouca complexidade tecnológica e/ou posse comunal dos bens de produção, o poder ideológico representava a estratégia predominante de dominação. Nas sociedades modernas, de maior complexidade tecnológica e diferenciação social, o poder econômico passou a impor-se sobre as outras formas; em situações extremas,  passou a ocupar lócus específico dos outros poderes como o Estado (poder político), a arte, a cultura, a ciência, a educação (poder ideológico). Nas sociedades contemporâneas, extremamente complexas, esses três tipos de poderes coexistem e se desenvolvem no sentido de que “fundamentam e mantém uma sociedade de desiguais” (Bobbio e Bovero, 1994 apud Zioni, 2008). Desde o período moderno da história ocidental, a noção de sociedade está compreendida na noção de Estado-Nação, termo que designa um conjunto de indivíduos que compartilham uma identidade cultural e, na maioria das vezes, um espaço geográfico.
O aumento da população e o consequente crescimento do consumo podem causar fenômenos prejudiciais à vida na Terra? Resposta: Elevar os estresses ambientais, com doenças infecciosas, danos na biodiverdidade, desmatamento de florestas tropicais, redução da pesca, escassez de água, poluição dos mares e mudanças climáticas.
Leia o texto de Cintia Panarotto sobre o “Meio ambiente e o consumo sustentável: alguns hábitos que podem fazer a diferença”.
 
 
 
Nesta aula, você: 
Analisou os aspectos da explosão populacional ao impacto do consumo.
Reconheceu a questão do consumidor como novo ator social.
Na próxima aula, você verá:
Educação ambiental como uma ferramenta de auxílio na conscientização da sociedade sobre a necessidade do desenvolvimento sustentável.
Aula 4: Educação ambiental
Os Heróis e Uma vida sustentável- vídeo
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar a questão da educação ambiental como uma ferramenta de auxílio na conscientização da sociedade. 
2. Reconhecer que a educação ambiental é necessária para o desenvolvimento sustentável.
Introdução- A sociedade humana, empurrada por padrões de consumo insustentáveis, impostos por modelos de desenvolvimentoinsanos, completados por um mórbido e renitente crescimento populacional, tornou-se mais injusta, desigual e insensível de poucas décadas para cá. Agora experimenta um profundo colapso de ética e de valores humanísticos, verificável em suas atitudes diárias, permitindo o crescimento da corrupção, a corrosão da democracia e o alargamento do fosso entre ricos e pobres (Dias, 2004).
 Vamos acrescentar a essa fala de Genebaldo Freire Dias todas as alterações ambientais globais, induzidas por dimensões humanas: poluição atmosférica, poluição das águas, dos solos, perda da biodiversidade, entre outros.
Em nenhum período conhecido da história humana, ela precisou tanto de mudança de paradigma, de uma EDUCAÇÃO renovadora, libertadora. Mais do que produzir painéis solares mais baratos, reciclar e dotar os carros de células de combustível, em vez de petróleo, precisamos de um processo mais completo, que promova o desenvolvimento de uma compreensão mais realista do mundo. No século XX, o ser humano involuiu, ética e espiritualmente (Dias, 2004).
O papel da educação ambiental nesse contexto torna-se mais urgente. Precisamos oferecer mais formação. A educação ainda “treina” o estudante, para ignorar as consequências ecológicas dos seus atos.
Vamos nos unir e tentar reverter esse cenário agora?
Educação, do vocábulo latino educere, significa conduzir, liderar, puxar para fora. Baseia-se na ideia de que todos os seres humanos nascem com o mesmo potencial, que deve ser desenvolvido no decorrer da vida. O papel do educador é, portanto, criar condições para que isso ocorra, criar condições para que levem o desenvolvimento desse potencial, que estimulem as pessoas a crescerem cada vez mais (Pelicioni, 2009).
Segundo Paulo Freire, famoso educador brasileiro, hoje reconhecido internacionalmente: ninguém educa ninguém, ninguém conscientiza ninguém, ninguém se educa sozinho. Isso significa que a educação depende de adesão voluntária, depende de quem a incorpora e não de quem a propõe. No Relatório para a UNESCO de 1996, da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, a educação aparece como indispensável à humanidade na construção dos ideais de paz, da liberdade e da justiça social como também para o desenvolvimento contínuo, tanto das pessoas como das sociedades, do século XXI em diante (Pelicioni, 2009). Aqui, vemos que para falar de educação ambiental, temos que admiti-la como processo de educação política que busca formar para que a cidadania seja exercida e para uma ação transformadora, a fim de melhorar a qualidade de vida da coletividade. A abordagem sociocultural permite a ação pró-ativa e transformadora, proposta pela educação ambiental, se efetive, já que implica em formação para uma reflexão crítica (Pelicioni, 2009). A educação ambiental se coloca numa posição contrária ao modelo de desenvolvimento econômico vigente no sistema capitalista selvagem, em que os valores éticos, de justiça social e solidariedade não são considerados nem a cooperação é estimulada, mas prevalecem o lucro a qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em detrimento da maioria da população (Pelicioni e Philippi Junior, 2005).
... pessoas diferentes atribuem diversos significados {à EA}, e também muitos dos que usam o termo não têm certeza do que querem dizer. Parte da confusão emerge da tendência de ministrantes de diversas disciplinas em se apropriar do termo “ambiental” para sua área, qual seja ecologia, geografia, história, arqueologia, arquitetura, planejamento, sociologia ou estudos rurais. Alguns pensam exclusivamente em termos de ambientes naturais, outros em ambiente urbano ou em qualquer estágio do ambiente construído. 
No Brasil, durante a década de 1960, ocorreu uma nova onda de produção legislativa – o novo Código Florestal, a nova Lei de Proteção aos Animais e a criação de vários parques nacionais e estaduais. Entretanto, continuavam não sendo discutidos problemas fundamentais como o estilo de desenvolvimento que o país deveria adotar, a poluição, o zoneamento das atividades urbano-industriais, entre outros. Como observa Drummond (1997):
... a disseminação da consciência ambientalista no Brasil foi muito prejudicada pelos altos e baixos da democratização do país. A ditadura de 1964 desmobilizou a cidadania, resultando numa atuação estatal tímida e particularmente voltada para a preservação do chamado ambientalismo geográfico, naturalista, ou seja, ainda voltado para a criação de áreas naturais protegidas. 
No final da década de 1960, percebemos que a problemática ambiental suscita debates no mundo: A UNESCO (em colaboração com outras entidades) organiza a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, ou simplesmente, a Conferência da Biosfera. Esse evento, em Paris, deu continuidade ao tema da cooperação internacional em pesquisas científicas, que havia sido inicialmente abordado, em 1949, na Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conservação e Utilização de Recursos (Pelicioni, 2009). 
Após Estocolmo e seguindo sua recomendação de número 96, que atribuiu grande importância estratégica à EA, dentro dos esforços de busca da melhoria de qualidade ambiental, foram realizados diversos encontros nacionais, regionais e internacionais, dentro os quais, destacaremos o de Tbilisi, o de Moscou e o do Rio de Janeiro (Brasil). 
Para conhecermos estes encontros, vamos ler as informações de Genebaldo Freire Dias (2004):
Tbilisi, 1977: A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi) foi realizada em Tbilisi na capital da Geórgia, CEI (ex-URSS), de 14 a 26 de outubro de 1977, organizada pela UNESCOA, em cooperação com o Pnuma, e constituiu-se num marco histórico para a evolução da EA.
Até o presente, a Conferência de Tbilisi é a referência internacional para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental. Esta Conferência produziu um documento, publicado em 1980, chamado “Livro Azul”, que até hoje é uma importante fonte de consulta para ações em EA.
De uma forma sintética, o documento explica que: Mediante a utilização dos avanços da ciência e da tecnologia, a educação deve desempenhar uma função capital com vistas a criar a consciência e a melhor compreensão dos problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação há de fomentar a elaboração de comportamentos positivos de conduta com respeito ao meio ambiente e à utilização de seus recursos pelas nações. O EA deve dirigir-se a pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação formal e não formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade de por seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa. A EA, devidamente entendida, deveria constituir uma educação permanente, geral, que reaja às mudanças que se produzem em um mundo em rápida evolução. Essa educação deveria preparar o indivíduo, mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos. Ao adotar um enfoque global, sustentado em uma ampla base interdisciplinar, a EA cria uma perspectiva dentro da qual se reconhece a existência de uma profunda interdependência entre o meio natural e o meio artificial, demonstrando a continuidade dos vínculos dos atos do presente com as consequências do futuro, bem como a interdependência entre as comunidades nacionais e a solidariedade necessária entre os povos.
Moscou, 1987: Dez anos depois da Conferência de Tbilisi, trezentos especialistas de cem países e observadores da IUCN, reuniram-se em Moscou, CEI (17 a 21 de agosto de 1987) para o Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais, promovido pela Unesco/ Unep/IEEP, conhecido como o Congresso de Moscou. 
O Congresso objetivou a discussão das dificuldades encontradase dos progressos alcançados pelas nações, no campo da EA, e a determinação de necessidades e prioridades em relação ao seu desenvolvimento, desde Tbilisi. Fez uma análise da situação ambiental global e não encontrou sinais de que a crise ambiental houvesse diminuído. Ao contrário, o abismo entre as nações aumentou e as mazelas dos modelos de desenvolvimento econômico adotados se espalharam pelo mundo, piorando as perspectivas para o futuro. 
Concordou-se que a EA deveria, simultaneamente, preocupar-se com a promoção da conscientização, transmissão de informações, desenvolvimento de hábitos e habilidades, promoção de valores, estabelecimento de critérios e padrões, e orientações para resolução de problemas e tomada de decisões. Portanto, deveria objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivos e afetivos.
Rio-92: A Conferência do Rio, ou Rio-92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced ou Earth Summit), veio contrariar os que gostam de tornar as coisas mais complicadas. Através do capítulo 4, Seção IV da Agenda 21, a Rio-92 corroborou as recomendações de Tbilisi para a EA.
Ficou patente a necessidade do enfoque interdisciplinar e da prioridade das seguintes áreas de programas: Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável.
Aumentar os esforços para proporcionar informações sobre o meio ambiente, que possam promover a conscientização popular.
Promover o treinamento. Mas a Agenda 21, um programa de ação de 800 páginas, não restringe a EA à Seção IV. A EA está presente em quase todos os 39 capítulos do documento, prevendo ações até o século XXI. 
A Rio-92 também endossou as recomendações da Conferência sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia (1990), que incluiu o tratamento da questão do analfabetismo ambiental. Esse tipo de analfabetismo foi classificado como o mais cruel, pernicioso e letal para a perda contínua e progressiva da qualidade de vida no planeta. 
No capítulo 36 da Agenda 21 sugere-se a implantação de Centros Nacionais ou Regionais de Excelência especializados em Meio Ambiente. Para concluir a aula:
 É importante termos a percepção de que a discussão da educação ambiental transcende a educação formal e os próprios encontros especializados no assunto, mas parte também da educação familiar e social. Somente através da união desses fatores é que poderemos ter esperança de que a preservação ambiental, para nosso presente e futuro no planeta, realmente aconteça, assim gerando a tão almejada sustentabilidade.
Mesmo com toda sua capacidade científica e tecnológica disponível, o ser humano ainda tem fortes limitações para previsões. Os prognósticos, em sua maioria falham. O desenvolvimento de armas químicas e nucleares, o surgimento de ameaças globais à estabilidade dos sistemas que asseguram a vida na Terra e um bilhão de pessoas excluídas das benesses alcançadas pela humanidade não foram  previstos por ninguém. Nessa escalada, a história revela momentos de lucidez e brilhantismo da espécie humana, ao lado de episódios desastrosos, bisonhos, inusitados, outros revestidos de uma estupidez absoluta (Dias, 2004).
 
Mas para nossa alegria, os momentos de brilhantismo e lucidez estão, hoje, chamando a atenção para uma reversão de paradigmas e incentivando a reflexão de nosso papel como fator determinante no meio natural. É somente começarmos a listar as reuniões de discussão sobre os modelos de educação que podem transformar os pensamentos e as atitudes.
Com isso liste, de forma cronológica, as principais reuniões e/ou conferências que discutiram a educação ambiental como um fator de desenvolvimento sustentável. 
Escreva aqui a sua resposta.
Keele Conference on Education and Countryside, 1965
- Conferência da Biosfera, 1969
- Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 1972
- A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, 1977
- Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais, 1987
- Rio-92, 1992.
Aula 5: Preocupação mundial
		Ao final desta aula, você irá:
1. Verificar o histórico sobre as conferências internacionais que definiram a sustentabilidade como meta. 
2. Reconhecer a gestão ambiental como principais instrumentos nestes processos. 
	
Introdução
Como podemos relacionar a sociedade e a natureza de uma forma harmônica e não depreciativa?
Esta é uma questão polêmica a qual ainda hoje o homem tem muita dificuldade em responder.
Segundo Hammes (2004), algumas das paisagens mais admiradas são produtos da degradação ambiental ocasionada pela própria natureza. 
A erosão provocada pelos ventos ou pela água contorna esculturalmente as rochas, contribuindo para a formação dos solos. Já, a intervenção nas regiões selvagens pelo ser humano, ocorre à custa de grande prejuízo ecológico.
Será que o homem é o grande vilão da alteração maléfica do meio ambiente? Isso tem solução? A gestão ambiental pode ajudar nisso?
Política e o meio ambiente- Para começarmos a falar sobre gestão ambiental, temos, obrigatoriamente, que falar sobre política. Ao instituir uma política ambiental, é necessário que o governo estabeleça os objetivos, defina as estratégias de ação, crie as instituições e estruture a legislação que a contém e que orienta sua aplicabilidade. 
Esse universo de implementação da política constitui o sentido da gestão ambiental. Com isso, a gestão ambiental é, portanto, a implementação pelo governo de sua política ambiental, pela administração pública, mediante a definição de estratégias, ações, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de garantir a qualidade do meio ambiente, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável (Philippi Junior e Maglio, 2009).
Política e o meio ambiente-Segundo os mesmos autores é preciso salientar que existem outras definições para gestão ambiental, mas o conceito original, segundo a Lei 6.938/81, diz respeito à administração, pelo governo, do uso de recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade do meio ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e desenvolvimento social. A Encyclopedia Britannica (1978 apud Verocai, 1997) realça a visão de gestão relacionando-a ao uso racional de recursos naturais: o controle apropriado do meio ambiente físico, para propiciar seu uso com o mínimo abuso, de modo a manter as comunidades biológicas, para o benefício continuado do homem. Já Hurtubia (1980 apud Philippi Junior e Maglio, 2009) coloca a perspectiva da gestão ambiental relacionada ao uso produtivo de recursos naturais em atividades primárias. A tarefa de administrar o uso produtivo de um recurso renovável sem reduzir a produtividade e a qualidade ambiental, normalmente em conjunto com o desenvolvimento de uma atividade.
Suporte dos ecossistemas-Outro enfoque relaciona a gestão ambiental ao conceito de capacidade de suporte dos ecossistemas. Tentativa de avaliar valores-limites das perturbações e alterações que, uma vez excedidos, resultam em recuperação bastante demorada do meio ambiente, e a tentativa de manter os ecossistemas dentro de suas zonas de resiliência, de modo a maximizar a recuperação dos recursos do ecossistema natural para o homem, assegurando sua produtividade prolongada e de longo prazo (Interim Mekong Committee, 1982 apud Philippi Junior e Maglio, 2009). Capacidade de um ecossistema retornar ao seu estado de equilíbrio dinâmico, após sofrer uma alteração ou agressão. 
Gestão ambiental-Numa visão mais moderna, a gestão ambiental desenvolve-se com base na formulação de uma política ambiental, em que estejam definidos os instrumentos de gestão a serem utilizados (controle ambiental, avaliação de impactos ambientais, planejamento ambiental, objetos de conservação ambiental, planos de gestão etc.). Como elementos dessa política, devem ser também definidos os critérios de uso, de manejoe de controle da qualidade dos recursos ambientais (Philippi Junior e Maglio, 2009). Nos últimos anos, o conceito de gestão vem sendo utilizado para incluir, além da gestão pública do meio ambiente, os programas de ação desenvolvidos por empresas e instituições não-governamentais para administrar suas atividades dentro dos modernos princípios de proteção do meio ambiente. Estes podem complementar a ação pública em aspectos não relacionados com a ação normativa e de controle, que é exclusiva da instância governamental. Dessa forma o conceito de gestão ambiental tem evoluído na direção de uma perspectiva de gestão compartilhada entre os diferentes agentes envolvidos e articulados em seus diferentes papéis, segundo os mesmos autores. Gestão ambiental é, portanto, um processo político-administrativo de responsabilidade do poder constituído, destinado a, com participação social, formular, implementar e avaliar políticas ambientais a partir da cultura, realidade e potencialidade de cada região, em conformidade com os princípios de desenvolvimento sustentável.
Qualidade ambiental
A preocupação com a qualidade ambiental vem crescendo com a evolução da sociedade, paulatinamente, à medida que os problemas se tornam cruciais e exigem soluções. Soluções essas que vêm sendo tomadas pelo poder público em seus códigos e nas demais legislações, muitas vezes exigindo intervenções diretas nos diferentes níveis de governo. O conhecimento de situações como essas, não só pelos cidadãos locais, mas especificamente por viajantes de outros estados e países, observa-se no século XIX como a oportunidade de troca de experiências, levando a inovações e ao aperfeiçoamento das tecnologias usuais (Bruno, 2009).
Conforme o mesmo autor, essa troca de experiências ganhou maior amplitude no século XX, destacando-se sua última década, quando as conferências internacionais assumem o papel dos viajantes do século anterior, tornando-se mais que pontos de troca de experiências, à medida que passam a ser também os locais de assinaturas de convenções e de protocolos internacionais. É por esses documentos que os países signatários desses acordos se comprometem com o propósito firme de cuidar do meio ambiente, com a finalidade de criar condições propícias à qualidade de vida de suas populações.
Preservação ambiental
Em sua evolução, a sociedade volta-se globalmente para preservar o meio ambiente em prol das gerações futuras. Com decisões socioeconômicas tomadas em prol da manutenção dos recursos ambientais, as repercussões se fazem sentir especialmente nas atividades urbanas, pois é nas cidades que hoje se concentra a maioria da população mundial, cerca de 80%.Nesse panorama de encontros e discussões sobre o meio ambiente, destaca-se a importância da formação de profissionais que saibam compreender as diferentes dificuldades de suas sociedades, podendo então contribuir com soluções adequadas, não predatórias e voltadas para a conservação, a preservação e o controle dos recursos da natureza (alterado de Philippi Junior, Roméro e Bruna, 2009).
Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, na cidade de Estocolmo e devido a isso é chamada de Conferência de Estocolmo.
	Na próxima aula, você estudará o seguinte assunto: 
Apresentação da trajetória legal e das políticas públicas brasileiras relacionadas à gestão ambiental e à educação ambiental.