Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade II NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA E NOÇÃO DE ERROAULA E NOÇÃO DE ERRO Profa. Simone Gonzalez Novas tecnologias em sala de aula Muito tem sido discutido, na atualidade, o papel das novas tecnologias em sala de aula e significado de inclusão digital, considerando-se como sujeito da atividade educacional, tanto o professor quanto o aluno Para ambos as novasquanto o aluno. Para ambos, as novas tecnologias se colocam como instrumentos que exigem mudanças na forma como a atividade de sala de aula acontece. Novas tecnologias em sala de aula Nessa direção, o computador é um dos meios mais significativos na produção do conhecimento. Acredita-se que por meio dele os alunos têm acesso a uma gama de informações antes não disponível e que o trabalho com essedisponível, e que o trabalho com esse instrumento permite o desenvolvimento de habilidades de compreensão e de comunicação motivadoras para o educando. Novas tecnologias em sala de aula Também nessa mesma direção, surgem os estudos voltados ao letramento digital. O que se considera nessa dimensão do conceito de letramento é a necessidade de os indivíduos conhecerem as diferentes linguagensconhecerem as diferentes linguagens oferecidas como instrumentos para a produção do conhecimento, capacitando-se para o trabalho com as práticas socioculturais que as envolvem. Novas tecnologias em sala de aula A esse respeito, observemos o que afirma Bater (1995, apud Marçal, 2000, p.271): “todas as tecnologias possuem vantagens e desvantagens, necessitando, assim, de combinações para que possam tirar delas maiorpara que possam tirar delas maior proveito educativo”. Novas tecnologias em sala de aula Ainda segundo Bater, alguns critérios podem auxiliar na escolha de recursos tecnológicos: acesso às informações; custo e sistemas de suporte ao projeto;custo e sistemas de suporte ao projeto; adequação das propostas pedagógicas; consideração da concepção de interatividade; estrutura organizacional para o uso de atividades síncronas e/ou assíncronas; prudência na escolha de inovações. Interatividade Antes de compreender o que significam as inovações tecnológicas, temos de refletir sobre o que são velhas e novas tecnologias. O atributo do velho ou do novo não está no produto, no artefato em si mesmo ou na cronologia das invençõesmesmo, ou na cronologia das invenções, mas depende da significação do humano, do uso que fazemos dele. (Juliane Corrêa. Novas tecnologias da informação e da comunicação; novas estratégias de ensino/aprendizagem. In: Carla Viana Coscarelliensino/aprendizagem. In: Carla Viana Coscarelli (Org.). Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 44 (com adaptações). Interatividade Relacionando as ideias do fragmento de texto acima à formação e à ação do professor em sala de aula, conclui-se que a) A chegada das inovações tecnológicas à escola torna obsoletos os saberes acumulados pelo professor. b) As inovações tecnológicas no campo do ensino-aprendizagem não garantem inovações pedagógicas. c) A inclusão digital é assegurada quando as escolas são equipadas com computadores e acesso à Internet. d) Os novos modos de ler e escrever no computador devem ser transpostos para a modalidade escrita da língua no espaço escolar. e) O acervo impresso das bibliotecas escolares deve ser substituído por acervos digitais, de maior circulação e funcionalidade. Resposta Alternativa “b”. As inovações tecnológicas no campo do ensino-aprendizagem não garantem inovações pedagógicas. Análise das demais alternativas a) A chegada das inovações tecnológicas à escola torna obsoletos os saberes acumulados pelo professor. c) A inclusão digital é assegurada quando as escolas são equipadas com computadores e acesso à Internet. d) Os novos modos de ler e escrever no computador devem ser transpostos para a modalidade escrita da língua no espaço escolar. e) O acervo impresso das bibliotecas escolares deve ser substituído por acervos digitais, de maior circulação e funcionalidade. Indicações bibliográficas Indicações bibliográficas LEITE, L. S. (org.) Tecnologia educacional. Descubra suas possibilidades na sala de aula. Rio de Janeiro: Petrópolis: Vozes, 2004. LÉVY, P. As tecnologias da Inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 2004. MARÇAL, J. C. “Novas tecnologias da informação e comunicação no contextoinformação e comunicação no contexto da formação continuada à distância”. Perspectiva Ciência da Informação, Belo Horizonte, vol. 5, no 2,p.267-273, jul/dez,2000. Um novo olhar sobre o “erro” Um dos aspectos mais significativos dos estudos linguísticos na atualidade refere- se à educação linguística, que destaca a necessidade de se considerar e respeitar o saber prévio que todo indivíduo tem sobre a língua Nessa direção asobre a língua. Nessa direção, a relevância está na garantia de participação nas situações de comunicação a todos, levando-se em conta a língua em suas diferentes variantes.variantes. Definições de gramática Gramática Normativa Gramática Descritiva Gramática Internalizada Gramática normativa Possenti (2001, p.64-65), ao discutir gramáticas normativas, afirma que correspondem a “um conjunto de regras que devem ser seguidas”, com o propósito de “fazer com que seus leitores aprendam a falar e escreverleitores aprendam a falar e escrever corretamente”. Gramática descritiva Em relação às gramáticas descritivas, Possenti (op cit) considera: “conjunto de regras que são seguidas – orientam o trabalho dos linguistas, cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas” Oas línguas tais como elas são faladas”. O foco está, portanto, naquilo que o falante realmente usa ao produzir enunciados. Gramática internalizada Perini (2002, p.13) considera que “qualquer falante de português possui um conhecimento implícito altamente elaborado da língua, muito embora não seja capaz de explicitar esse conhecimento” Todo falante de umaconhecimento”. Todo falante de uma língua internaliza regras que permitem a ele expressar-se na referida língua, a partir de vocabulários aprendidos em situações sociais de comunicação. Gramática internalizada Com essa visão de gramática, é possível considerar que não há erro linguístico. O que pode ocorrer é um uso da língua mais ou menos adequado ao contexto comunicativo e ao ato da fala. A educação linguística atual A educação linguística atual, se contrapondo à tradicional, que focalizava o sistema linguístico como baseado unicamente no conjunto de normas da língua dominante e culta, deixa de centrar se na língua para centrar se nacentrar-se na língua para centrar-se na linguagem (BECHARA, 2003, p.19). Isso quer dizer que a educação linguística procura formas de considerar todos os recursos da língua capazes de “poder significar”, e não mais aquelessignificar , e não mais aqueles considerados a partir da superioridade de uma dada comunidade linguística. A educação linguística atual Todas as considerações apresentadas mostram a relevância de se repensar o fenômeno da linguagem como se distanciando de preconceitos e discriminações aos quais sempre esteve ligado para assumir seu real papel: o deligado, para assumir seu real papel: o de favorecer as possibilidades de interação linguística a todos os falantes de uma língua. Texto para análise Em relação aos estigmas linguísticos, vários estudiosos contemporâneos julgam que a forma como olhamos o “erro” traz implicaçõespara o ensino de língua. A esse respeito leia a seguinte passagem, adaptada da fala de uma alfabetizadora de adultos, da zona rural, publicada no texto Lé com Lé, Cré com Cré, da obra O Professor Escreve sua História de Maria Cristina de CamposHistória, de Maria Cristina de Campos. Texto para análise “Apresentei-lhes a família do ti. Ta, te, ti, to, tu. De posse desses fragmentos, pedi-lhes que formassem palavras, combinando-os de forma a encontrar nomes de pessoas ou objetos com significação conhecida Lá vieram Totósignificação conhecida. Lá vieram Totó, Tito, tatu e, claro, em meio à grande alegria de pela primeira vez escrever algo, uma das mulheres me exibiu triunfante a palavra teto. Texto para análise Emocionei-me e aplaudi sua conquista e convidei-a a ler para todos. Sem nenhum constrangimento, vitoriosa, anunciou em alto e bom som: “teto é aquela doença ruim que dá quando a gente tem um machucado e não cuida direito”machucado e não cuida direito”. Interatividade Considerando o contexto do ensino de língua descrito no texto acima, analise o seguinte enunciado. O uso de “teto” em lugar de tétano não deve ser considerado desconhecimento da língua porque esse uso revela a gramática interna da aluna. Interatividade a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é justificativa correta da primeira. c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. d) A primeira asserção é uma proposiçãod) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. e) Tanto a primeira asserção como a segunda são proposições falsas. Resposta Alternativa “a”. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. Questão O fenômeno sociolinguístico constituído pela passagem da proparoxítona “tétano” para a paroxítona “teto”, na variedade apresentada, é observado também no emprego de: Questão a) “figo” em lugar de fígado, e “arvre” em vez de árvore. b) “paia” em lugar de palha, e “fio” em lugar de filho. c) “mortandela” em lugar de mortadela, ec) mortandela em lugar de mortadela, e “cunzinha” em vez de cozinha. d) “bandeija” em lugar de bandeja, e “naiscer” em lugar de nascer. e) “vendê” em lugar de vender, e “cantá” em vez de cantarem vez de cantar. Resposta Alternativa “a”. O que ocorre nas palavras ”tétano”, “fígado” e “árvore”, ao se transformarem em “teto”, “figo” e “arvre” é a supressão de sons no interior dos vocábulos, denominada síncope. Esse processo de transformação de proparoxítonas em paroxítonas corresponde à economia da linguagem, acarretando redução da proparoxítona no registro de fala. Análise das alternativas b) Alternativa incorreta. Justificativa O fenômeno que ocorre na mudança das palavras “palha” e “filho” para “paia” e “fio” é denominado vocalização,fio é denominado vocalização, fenômeno fonético que consiste na transformação de consoante em vogal. Análise das alternativas c) e d) - Alternativas incorretas. Justificativa As palavras “mortadela” e “cozinha”, quando transformadas em “mortandela” e “cunzinha” e as palavras “bandeja” ee cunzinha e as palavras bandeja e “nascer”, quando transformadas em “bandeija” e ”naiscer” sofrem o fenômeno denominado epêntese – adição de segmento no meio da palavra. Esse acréscimo, no entanto, não apresenta mudança nos significados das palavras. Análise das alternativas e) Alternativa incorreta. Justificativa As palavras “vender” e “cantar”, quando transformadas em “vendê” e “cantá” sofrem o fenômeno de supressão emsofrem o fenômeno de supressão em final da palavra, denominado apócope. Com a ausência do /r/ final, o som da vogal é prolongado. Indicações bibliográficas BAGNO, M. A norma culta. Língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003. BECHARA, E. Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade? São Paulo: Ática, 2003. LUFT, C. P. Língua e liberdade. São Paulo: Ática, 2003. PERINI, M. A. Sofrendo a Gramática. Ensaios sobre a linguagem. São Paulo: Ática, 2002. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2001. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino da gramática. São Paulo: Cortez, 2006. ATÉ A PRÓXIMA !
Compartilhar