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PRECEDENTES DOS TRIBUNAIS 11 Corrigido

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL
MIRALVA SANTOS DE JESUS
TRABALHO DE ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA O PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECENDENTES:
 
SALVADOR
2018
PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL
MIRALVA SANTOS DE JESUS.
TRABALHO DE ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA O PROCESSO NOS TRIBUNAIS E A FORÇA DOS PRECEDENTES:
Artigo apresentado à disciplina Precedentes Judiciais Curso de Pós-graduação de Direito Civil e Processo Civil da Faculdade Estácio Fib, como avaliação da disciplina.
Orientador: Professor Belmiro Fernandes.
PRECEDENTES DOS TRIBUNAIS
Estudo da Súmula n. 299 do STJ:
É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Referência:
CPC, art. 1.102a.
Precedentes:
	
AgRg no REsp 
	399.915-SP 
	(3ª T, 27.06.2002 – DJ 05.08.2002)
	REsp 
	274.257-DF 
	(3ª T, 28.08.2001 – DJ 24.09.2001)
	REsp 
	285.223-MG 
	(4ª T, 26.06.2001 – DJ 05.11.2001)
	REsp 
	300.726-PB 
	(4ª T, 22.03.2001 – DJ 25.06.2001)
	REsp 
	303.095-DF 
	(3ª T, 28.08.2001 – DJ 12.11.2001)
 REsp 419.477-RS (4ª T, 04.06.2002 – DJ 02.09.2002)
RELATÓRIO:
Para um melhor entendimento, se faz necessário elucidar um caso de intepretação operativa. O artigo 700 do CPC/2015 preceitua que a ação monitória será ajuizada com embasamento em “prova escrita”, um termo impreciso que obriga ao juiz proferir uma decisão perante esta dúvida concernente a interpretação. O Superior Tribunal de Justiça instituiu por meio de precedentes que o contrato de abertura de conta corrente seguido de extrato bancário e o cheque prescrito compõem exemplos de prova escrita, até mesmo, sumulando o entendimento (súmula 299). É precisamente nesses casos em que serão solidificados precedentes visando estabelecer a diferença do que é e o que não é uma prova escrita.
A compreensão de que os juízes, por meio da explanação operativa, adicionam ao ordenamento jurídico o teor reconstruído dos textos normativos é de extremada importância para combater a equivocada assertiva de que o Poder Judiciário, com a inclusão de um modelo de precedentes pelo CPC/2105, estaria “legislando”.
FUNDAMENTAÇÃO:
RESUMO DOS RECURSOS REPETITIVOS – CRIAÇÃO DA SUMULA
Fundamentada pelo -AgRg no Resp 399.915-SP,julgado em 05/08/2002,da relatoria do Sr. Ministro Barros Monteiro.
"O Rei dos Esportes Ltda. " propôs ação monitória contra Aécio Flávio de Farias Barros, afirmando ser credor do réu pela importância de R$ 10.820,00 (dez mil oitocentos e vinte reais), representada por seis cheques. Em seus embargos, o réu afirmou que os cheques, por configurarem títulos executivos extrajudiciais, não se prestam ao embasamento da ação monitória.
O MM. Juiz de 1o Grau, certificando que os cheques objeto da monitória não são títulos executivos extrajudiciais, 
"posto que tal executibilidade já se encontra vencida pelo decurso dos prazos dos títulos inclusos", rejeitou os embargos e determinou o prosseguimento da ação.
A Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade de votos, negou provimento ao apelo do réu, em Acórdão assim ementado:
"CHEQUE. Título prescrito. Perda da eficácia executória. Prova hábil. Ação Monitória. Admissibilidade.
- O termo ad quem do prazo prescricional do cheque é de 6 (seis) meses.
Prescrito o titulo, perde a eficácia executória, podendo ensejar a ação monitoria (art.1.102a; do CPC)." (Fls. 57).
 Não sendo acolhidos os declaratórios, o réu apresentou o contemporâneo recurso especial, com fundamento nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, assinalando afronta aos arts. 585, I, e 1.102a do CPC, além de desarmonia jurisprudencial. Confirmou que a ação sugerida precisaria ter sido a execução extrajudicial, uma vez que a prescrição dos cheques não impede o modo da via executiva. Ademais, todos os cheques foram exibidos no banco no do tempo determinado instituído no art. 33 da Lei 7.357/85, o que confirma a sua executividade.
Contra-arrazoado, o recurso foi admitido na origem, subindo os autos a esta Corte.
O apelo especial interposto não é admissível.
Alimenta o recorrente que, a respeito de exibidos os cheques fora do prazo processual, não se deparava inibida a via executiva.
A alegação, porém, não tem como ser resguardada. Primeiro, porque, extrapolado o período de exposição do cheque, advindo a prescrição, perde ele a natureza de execução. Daí a aceitação da ação monitória, visto compor o cheque nessas condições a prova escrita a que menciona o art. 1.102a, do Código de Processo Civil.
Depois, a argumentação do réu é contraditória e prática, ao final, tão-somente ganhar tempo. A sua assertiva feita no sentido de que os cheques continuam
com força executiva apenas robustece a posição do credor que, a prevalecer a
questão invocada pelo réu, passa a dispor de forma efetiva a de títulos executivos extrajudiciais por duas ordens de razões: a) pela natureza própria dos mesmos; b) pela rejeição dos embargos monitórios.
Confirmado está, entretanto, que – segundo a orientação traçada por essa Corte, "é hábil a ensejar a ação monitória o cheque que tenha perdido a natureza executiva em face do transcurso do prazo prescricional." (Resp. n°
173.028-MG, por mim relatado).
Não se conjectura a almejada afronta às normas de lei federal assinalada, nem também o dissídio pretoriano, este último sequer esboçado em face da ausência de cumprimento das regras inscritas nos arts. 541, parágrafo único, do CPC, e 255, § 2º, do RI STJ.
De tudo quanto foi revelado, não conhecendo do recurso.
O STJ firmou entendimento sobre a sumula -299, pacificando entendimento através das decisões por intermédio da ratio decidendi ora em estudo:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA DE CHEQUE PRESCRITO POR AÇÃO MONITÓRIA. PROVA DA ORIGEM DA DÍVIDA PELO CREDOR. DESNECESSIDADE. 1. Na cobrança de cheque prescrito por ação monitória, o credor não precisa provar a origem da dívida. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no REsp: 1424896 SP 2013/0407463-2, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 11/03/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/03/2014)
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.076.290 - SP (2017/0068708-9) RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE AGRAVANTE : PREVIL SERVICOS EIRELI - ME ADVOGADOS : FABIANA DA SILVA MIRANDA COVOLO - SP154399 VICTOR GUSTAVO DA SILVA COVOLO E OUTRO (S) - SP171227 AGRAVADO : PATRICIA MARIE FURUKO ADVOGADO : IÊDA MASCARENHAS DE SOUSA BARBOSA - SP068617 AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS EM AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO. TÍTULO COLOCADO INDEVIDAMENTE EM CIRCULAÇÃO. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO CONHECIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO Trata-se de agravo interposto por Previl Serviços Eireli - ME, desafiando decisão que inadmitiu recurso especial fundamentado no art. 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal, manejado, por seu turno, contra acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo assim ementado (e-STJ, fl. 193): Embargos em ação monitória julgados improcedentes - Cobrança de cheque - Cártula que teve como causa subjacente relação jurídica que não se aperfeiçoou - Título colocado indevidamente em circulação - Embargos acolhidos - Recurso provido. Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (e-STJ, fls. 204-208). Nas razões do especial, a agravante alegou ofensa aos arts. 535, II, e 1.102-A, do CPC/1973; à Súmula 299/STJ; além de divergência jurisprudencial, ao argumento de negativa de prestação jurisdicional. Afirmou que "é desnecessária a indicação ou a comprovação, pelo autor da ação monitória fundada em cheque prescrito, da causa da sua emissão, competindo ao réu o ônus da prova da inexistência do débito" (e-STJ,fl. 215). A decisão agravada (e-STJ, fls. 247-250) inadmitiu o especial aos seguintes fundamentos: por não vislumbrar a apontada violação ao art. 535, II, do CPC/1973; pela incidência do enunciado n. 7 da Súmula do STJ; bem como por ausência de demonstração do dissenso jurisprudencial, nos moldes legais. No agravo (e-STJ, fls. 253-262), afirmou a agravante a presença de todos os requisitos de admissibilidade do especial. Brevemente relatado, decido. Quanto à alegação de violação do art. 535 do CPC/1973, é preciso deixar claro que o acórdão recorrido resolveu as questões deduzidas no processo satisfatoriamente, sem incorrer nos vícios de obscuridade, contradição ou omissão com relação a ponto controvertido relevante, cujo exame pudesse levar a um diferente resultado na prestação de tutela jurisdicional. Desse modo, aplica-se à espécie o entendimento pacífico do STJ segundo o qual "não viola o artigo 535 do Código de Processo Civil nem importa negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota, para a resolução da causa, fundamentação suficiente, porém diversa da pretendida pelo recorrente, para decidir de modo integral a controvérsia posta" (AgRg no AREsp n. 610.500/RJ, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 7/4/2015, DJe 10/4/2015). Certo é que, "em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula", conforme a tese firmada no julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.094.571/SP, de relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão. Entretanto, em se tratando de embargos à monitória, como no presente caso, existe a possibilidade de discussão da causa debendi. Nesse sentido: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AÇÃO MONITÓRIA FUNDADA EM CHEQUE PRESCRITO. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS À MONITÓRIA SUSCITANDO A PERDA DA PRETENSÃO. POSSIBILIDADE. CHEQUES QUE EMBASAM A AÇÃO EMITIDOS ENTRE 30 DE JULHO DE 2000 E 2 DE JANEIRO DE 2001, PARA PAGAMENTO DE MENSALIDADE ESCOLAR. AÇÃO AJUIZADA EM 12 DE MAIO DE 2005. DÉBITOS CONTRAÍDOS NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE 1916, QUE DISPUNHA SER ÂNUA A PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO, TANTO PELO ÂNGULO CAMBIÁRIO QUANTO DA OBRIGAÇÃO SUBJACENTE, REPRESENTADA PELOS TÍTULOS DE CRÉDITO. TEMAS ENFRENTADOS, POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO RESP 1.101.412/SP (SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC/1973), SUFRAGANDO A MESMA TESE CONSUBSTANCIADA NA SÚMULA 503/STJ. 1. Por um lado, é bem de ver que, por ocasião do julgamento do REsp 1.101.412/SP (sob o rito do art. 543-C do CPC/1973), sufragando a mesma tese consubstanciada na Súmula 503/STJ [enunciado aprovado na mesma Sessão de julgamento], foi expressamente ressalvado que é fora de dúvida que não é o tipo de ação - de conhecimento em sua pureza ou monitória - utilizada pelo credor que define o prazo prescricional para a perda da pretensão e, sendo incontroverso que a ação foi ajuizada após o prazo das ações de natureza cambial, evidentemente a pretensão concerne ao crédito oriundo da obrigação causal (negócio jurídico subjacente); todavia, por se tratar de procedimento monitório, não é razoável exigir que o prazo (em abstrato) para ajuizamento dessa ação seja definido a partir da relação fundamental. 2. Por outro lado, como no procedimento monitório há inversão do contraditório, por isso dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula de cheque prescrito, o prazo prescricional para a ação monitória baseada em cheque sem eficácia executiva, é o de cinco anos previsto no artigo 206, § 5º, I, do Código Civil/2002 - a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Porém, nada impede que o requerido, em embargos à monitória, discuta a causa debendi, cabendo-lhe a iniciativa do contraditório e o ônus da prova - mediante apresentação de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. 3. Agravo interno não provido. (AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.452.757/SP, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 18/10/2016, sem grifo no original) Consta do acórdão recorrido (e-STJ, fls. 193-194, sem grifo no original): A teoria da inoponibilidade das exceções pessoais comporta mitigação diante do desvirtuamento do cheque, como título de crédito, o que autoriza em determinados casos a investigação da causa debendi, como ocorre no caso dos autos. (...) O cheque não tem causa. O negócio que o originou foi desfeito. O título foi colocado em circulação para evitar a exceção pessoal. Dessarte, depreende-se que o Colegiado estadual julgou a lide com base no substrato fático-probatório dos autos. A revisão do julgado importa necessariamente no reexame de provas, o que é vedado em âmbito de recurso especial, ante o óbice do enunciado n. 7 da Súmula deste Tribunal. Fica prejudicada a divergência jurisprudencial quando aplicada a Súmula 7/STJ à alínea a, uma vez que as conclusões divergentes decorreriam das circunstâncias específicas de cada processo e não do entendimento diverso sobre uma mesma questão legal. Ante o exposto, conheço do agravo para não conhecer do recurso especial. Publique-se. Brasília, 18 de abril de 2017. MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator.
Portanto, em que incide a súmula 299 do STJ caracteriza o proferido normativo, a mesma não se equivoca com o precedente, haja vista que se aborda a questão de reiteração de um precedente, segundo explana o nobre jurista Fredie Didier Jr. (p. 478), vejamos: a súmula é o enunciado normativo (texto) da ratio decidendi (norma geral) de uma jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente. [1: ]
 Com o advento do Novo Código de Processo Civil, o enunciado a súmula é ajustado como um precedente, coisa que não é.
 Sendo que, o entendimento doutrinário em sua maioria, e também o novo Código de Processo Civil (CPC), abordam o enunciado da súmula como um precedente, o que ficou caracterizado que ele não é. O capítulo que o novo CPC reservou aos precedentes fala muito mais dos enunciados da súmula da jurisprudência dominante do que propriamente de precedentes judiciais.
CONCLUSÂO
Portanto ,analisando a ratio decidendi do precedente consolidado pelo STJ, a causa de pedir na ação monitória escusa o esclarecimento da relação subjacente, não tendo sido feitas as distinções acima assinaladas, por não terem agregado o efeito devolutivo do recurso especial submetido a julgamento. Desta forma, se a ação monitória chegar a ser proposta mediante o período para a ação de cobrança, há de ser feito um distinguishing para afastar a aplicação do precedente, porque, em tal circunstância, será indispensável comprovar, como artifício complementar da causa de pedir, a relação jurídica subjacente ou a causa debendi, já que, nessa hipótese, terá o cheque perdido sua abstração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JÚNIOR, Fredie Didier, Sarno Braga, Paula e Alexandria de Oliveira, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela, Vol. 2. 10. Ed. JusPODIVM, 2015;
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24994321/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1424896-sp-2013-0407463-2-stj. 
http://www.lgg.adv.br/livros_artigos/artigo-dr-mauricio-dantas-goes-e-goes-sumula-nao-e-precedente

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